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Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 1 Glândula Suprarrenal Anatomia As suprarrenais/adrenais são 2 glândulas endócrinas que se localizam na região superior de cada rim anatomicamente as suprarrenais apresentam algumas diferenças na aparência externa: ✓ Suprarrenal direita: possui formato piramidal, está em uma posição mais alta que a esquerda, encontra-se posteriormente a veia cava inferior e ao lobo direito do fígado e anteriormente ao pilar direito do diafragma. A região anterior possui duas faces uma média que é estreita e vertical que se encontra posterior a veia cava inferior e uma lateral que é triangular e fica em contato com a área do fígado. Sua borda medial se encontra no gânglio celíaco direito e com a aa. Frênica inferior direita ✓ Suprarrenal esquerda: formato semilunar e é achatada anteroposteriormente, se encontra no pilar esquerdo do diafragma separados por fáscia e tecido conjuntivo e e como é moldada pelo polo superior do rim sua face medial é conexa e lateral é concava. A área inferior se relaciona a aa. Esplênica e com o pâncreas, região medial encontra-se com o gânglio celíaco esquerdo e com as aa. Frênica inferior esquerda e gástrica além disso mantem relação com o estomago e o baço. Histologia Córtex adrenal: parte mais volumosa, se encontra na periferia da glândula, produz hormônios esteroides → contém muito reticulo endoplasmático liso. Não armazena seus produtos em grânulos os hormônios são sintetizados e liberados nos capilares. Subdividida em 3 zonas: ✓ Zona glomerulosa: mais externa, logo abaixo da capsula de tecido conjuntivo e é formada por células colunares ou piramidais. Produz os mineralocorticoides – Aldosterona ✓ Zona fasciculada: é a mais extensa, composta por células poliédricas. Produzem glicocorticoides – Cortisol ✓ Zona reticulada: é a menor e mais interna, formada por células arredondadas produz andrógenos adrenais – desidroepiandrosterona (DHEA) e androstenediona Medula adrenal: se situa centralmente e é formada por células poliédricas dispostas em cordoes arredondando sustentados por uma rede de fibras reticulares que formam o parênquima. Produzem catecolaminas – epinefrina e norepinefrina Fisiologia Tirosina (precursor) → sofre hidroxilação da tirosina hidroxilase → produção de di-hidroxifenalina (DOPA) → DOPA DOPA → enzima aminoácido aromático descarboxilase → dopamina → vesícula de secreção Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 2 Na vesícula de secreção → enzima dopamina B- hidroxilase → converte dopamina em norepinefrina Mecanismo de ação e regulação das catecolaminas: ✓ São hormônios que atuam na resposta rápidas ao estresse agudo (exercícios, hipoglicemia, hemorragia – hipovolemia) ✓ Sinalização simpática através dos centros autonômicos do hipotálamo e tronco encefálico → recebem sinais do córtex cerebral → sistema límbico entra em ação → Sinal simpático descendente ( regula a secreção desses hormônio) → neurônios pré-ganglionares simpáticos secretam Acetilcolina (ACh) → ACh se liga aos receptores nicotínicos das células neurais → aumento da atividade das enzimas que promovem a síntese hormonal ✓ Após secreção → norepinefrina e epinefrina se ligam a receptores adrenérgicos alfa (alfa1 e alfa 2) e beta ( B1, B2 e B3) todos acoplados a proteína G Efeitos fisiológicos e metabólicos das catecolaminas: ✓ Lembrando que a medula adrenal é diretamente inervada pelo sistema nervoso autônomo → resposta rápida ✓ Resposta ao exercícios – semelhante a resposta de luta e fuga ✓ Respondem a demanda aumentada dos músculos cardíacos e esquelético e mantem o suprimento de glicose para o cérebro → glicogenólise, gliconeogênese e estímulo a secreção de glucagon (agindo em receptores de B2) e inibição de insulina (agindo em receptores alfa2). Além disso aumentam o trabalho cardíaco, fazem broncodilatação e diminuem a motilidade de TGI ✓ Após sua ação → são degradadas → pelas enzimas monoamina oxidase (MAO) e catecol1-O- metiltransferase (COMT) sendo que a norepinefrina degrada pelo COMT e MAO e as catecolaminas pelo COMT Colesterol → enzima colesterol éster hidrolase → convertido em colesterol livre para ser armazenado Colesterol → enzima colesterol desmolase no interior da mitocôndria → convertido em pregnenolona → transportado para o REL Zona fasciculada: produção de glicocorticoides ✓ Pregnenolona sai da mitocôndria → REL → sofre ação da 3 beta hidroxistesteroide desidrogenada (3B-HSD) → convertido em progesterona → convertido em 17-hidroprogesterona , 11- desoxicortisol e cortisol Zona reticulada: produção de andrógenos ✓ 3B-HSD → pregnenolona → formação de 17-hidroxipregnolona → desidroepiandrosterona (DHEA) → deidropiandrosterina sulfatada (DHEAS) ou em androstenediona → esteroides sexualmente ativos como a testosterona e diidrotestorena Zona glomerulosa: produção de mineralocorticoides ✓ CYP17 → forma 17-hidrozipregnolona → precursores para formação de cortisol e andrógenos ✓ Aldosterona sintetase (CYP11B2) → forma aldosterona Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 3 Aldosterona: ✓ Segue no sangue ligado a proteínas de transporte, a proteína ligadora de corticosteroide e a albumina → meia vida curta (20 minutos) ✓ Chega na célula alvo a aldosterona entra na célula e se liga ao receptor mineralocorticoides → dissociação das proteínas chaperonas ligadas ao receptor, translocação nuclear, dimerização e ligação aos elementos de resposta a mineralocorticoide → regulam a expressão de genes específicos ✓ Regulação da secreção da aldosterona: sua regulação está ligada ao controle das concentrações de eletrólitos no LEC, do volume sanguíneo e da pressão arterial e de outras funções renais. ✓ O que aumenta a produção de aldosterona Aumento da concentração de potássio no sangue Aumento na concentração de angiotensina II Diminuição do sódio extracelular Acetilcolina Cortisol: ✓ Em sua maior parte, é transportado no sangue ligado a globulina ligadora de corticosteroide (CBG) ou transcortina e o restante é ligado a albumina → meia vida de 70 minutos Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 4 ✓ Metabolismo do cortisol é realizado no fígado: O cortisol pode ser inativado reversivelmente para cortisona através da enzima 1 1 13-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (1 1 13-HSD2) e essa inativação é revertida pela 1113- hidroxiesteroide desidrogenase tipo 1 (1 1 13-HSDl) que converte novamente cortisona em cortisol. Esse efeito de inativação reversível é importante para evitar ação mineralocorticoide do cortisol, principalmente sobre a pressão arterial. ✓ Ações fisiológicas do cortisol: O cortisol é um hormônio sistêmico, atuando em diversos sistemas e funções do nosso organismo. Ele é essencial à manutenção da vida, uma vez que é liberado frente a qualquer situação de alarme/estresse físico ou neurogênico para manter ativas as funções mais vitais, por isso é conhecido como o "hormônio do estresse' ✓ Efeitos no metabolismo: Efeito na glicose: por ser um hormônio ligado a eventos de estresse seu maior objetivo é fornecer energia suficiente par aos órgãos mais nobre – cérebro por isso ocorre uma tendencia a hiperglicemia. Aumenta a glicose sérica através do estímulo da gliconeogênese (formação de nova glicose a partir de aminoácidos e outras substâncias) hepática por meio do aumento da atividade das enzimas hepáticas responsáveis por esse processo, mobilização de aminoácidos a partir dos tecidos não hepáticos como o musculo, isso provoca a redução da utilização de glicose pelas células por meio da menor expressão de GLUT4 principalmente nos músculos esqueléticos e no tecido adiposo A exposição prolongada e excessiva desses hormônios, eleva os níveis de glicose sanguínea aoponto de provocar indiretamente a elevação da insulina plasmática que, entretanto, não consegue diminuir a glicemia, já que se sabe que os glicocorticoides diminuem a sensibilidade dos tecidos à insulina. Essa condição é conhecida como diabetes adrenal Diminuição da síntese de proteínas (reduz formação de RNA): estimulando a proteólise o que aumenta os aminoácidos livres no sangue isso reduz os depósitos de proteínas em todas as células do organismo – exceto no fígado onde elas são aumentadas para o processo de gliconeogênese. Pode causar fraqueza muscular intensa devido ao intenso catabolismo proteico sobretudo nos músculos esqueléticos resultando em redução da massa muscular induzido pelo excesso de cortisol Metabolismo de lipídeos: o cortisol mobiliza ácidos graxos do tecido adiposo através do estímulo a lipólise isso aumenta a concentração de ácidos graxos libres e consequentemente sua utilização como fonte de energia. Lembrando que o excesso de cortisol circulante pode levar a obesidade: quando o cortisol está elevado cronicamente ele sinergiza com a insulina e provoca lipogênese e a adiposidade abdominal e das vísceras e perda de tecido adiposo nas extremidades visto que os adipócitos periféricos são menos sensíveis a insulina e respondem mais aos efeitos de outros hormônios lipolíticos facilitados pelo cortisol. Além disso os glicorticoides causam aumento de apetite e retenção de líquido ocasionando edema e aumento de peso Efeitos sobre o sistema imunológico: quando temos um processo de inflamação crônica o medicamento utilizado é o corticoide! Isso se deve ao efeito imunossupressor e anti-inflamatório do cortisol. A inflamação faz parte da resposta ao estresse, mas quando ela é exacerbada causa lesões significativas, por isso o cortisol tem papel fundamental na manutenção da homeostasia do sistema Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 5 imune. Portanto, o cortisol, junto com as catecolaminas, estimulam a produção de citocinas anti-inflamatórias e suprime a produção das pró-inflamatórias; inibe a ação da fosfolipase A2 (enzima envolvida na produção dos mediadores inflamatórios prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos);diminui a liberação de enzimas proteolíticas por estabilizar as membranas lisossomais. Além disso, reduz a produção e circulação dos linfócitos T; e inibe a migração dos leucócitos e a liberação de interleucina-1 (envolvida na febre), bem como a atividade dos neutrófilos, apesar de estimular sua liberação pela medula. Efeito sobre os rins: cortisol pode se ligar ao receptor mineralocorticoide e ter uma ação semelhante à da aldosterona, todavia nos rins há a expressão da enzima 11B-HSD2 que inativa o cortisol convertendo-o em cortisona e impedindo sua ação. Se a concentração de cortisol aumenta, essa enzima pode ficar saturada e surge o que se chama de "hiperaldoteronismo aparente" (os efeitos da aldosterona estão aumentados, sem a elevação real desse hormônio), levando a hipertensão e hipocalemia que causa fraqueza muscular por hiperpolarizar a membrana celular tornando mais difícil sua estimulação. Além disso o cortisol atua favorecendo a diurese, já que suprime a secreção e ação do hormônio antidiurético (ADH) Efeitos cardiovasculares: presença do cortisol contribui para acentuar os efeitos das catecolaminas, por isso aumenta o débito cardíaco e pressão sanguínea. Também está envolvido no estímulo à síntese de eritropoietina, hormônio produzido pelos rins que estimula a síntese de glóbulos vermelhos pela medula óssea. Como a maioria dos efeitos do cortisol demanda utilização de oxigênio, essa ação sobre as hemácias contribui para maior transporte e disponibilidade de 02. Dessa forma o excesso de cortisol pode causar Policitemia e a falta, portanto, anemia. Efeitos sobre o sistema reprodutor e na vida fetal: O cortisol diminui a função reprodutora, já que ela demanda muita energia do organismo. Porém é de fundamental importância para o desenvolvimento adequado do Sistema Nervoso Central, retina, pele, Trato Gastrointestinal e pulmões, onde induz a maturação das células pneumócitos tipo 2 que são produtoras do surfactante (substância necessária para diminuição da tensão superficial dos pulmões permitindo a respiração ao nascimento). Efeitos sobre os ossos e tecido conjuntivo: Os glicocorticoides atuam na concentração de cálcio sérico. Eles diminuem a reabsorção intestinal e renal de cálcio causando redução do cálcio no sangue. Por conta disso, a secreção do paratormônio é estimulada, o que ocasiona aumento da retirada do cálcio dos ossos para o sangue por estimulação da reabsorção óssea. Somado a isso, o cortisol inibe diretamente a ação regenerativa dos osteoblastos, por isso a exposição crônica aos glicorticoides proporciona o desenvolvimento da osteoporose ✓ Regulação da produção e secreção de cortisol: o processo de síntese do cortisol é regulado pelo eixo Hipotálamo·Hipófise-Adrenal (HHA). O hipotálamo, sob estímulo de estresses neurogênico (medo), ou sistêmicos (hemorragia, hipoglicemia, trauma, calor ou frio intensos, cirurgias e infecções), secreta o Hormônio Liberador de Corticotropina ('CRH). Esse chega na adenohipófise e induz a secreção do Hormônio Adrecorticotrófico (ACTH), que por sua vez vai Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 6 agir na zona fasciculada da adrenal, através do receptor melanocortina 2 (MCR2) e estimular a produção e secreção do cortisol e de andrógenos. Entretanto, a liberação do CRH também é influenciada pelo núcleo supra·quiasmático que regula sua secreção de acordo com o ritmo diário, tornando essa secreção pulsátil. Ele aumenta durante a madrugada e as primeiras horas da manhã e diminui progressivamente durante o dia até o anoitecer. Ao ser liberado, o cortisol vai promover seus efeitos fisiológicos e vai atuar por meio de feedback negativo no hipotálamo e na hipófise para diminuir a secreção de CRH e ACTH, reduzindo, portanto, sua própria liberação. Contudo, os andrógenos não realizam esse feedback. O uso prolongado de corticoides também pode provocar uma Síndrome de Cushing com os mesmos sintomas apresentados por Dona Anita. Além disso, a presença do corticoide pode interferir no eixo Hipotálamo·Hipófise-Adrenal, de modo que esse corticoide sintético atua pelo feedback negativo e induz a redução na síntese e liberação de cortisol, que pode causar uma insuficiência adrenal no indivíduo. Correlações Clínicas: ✓ Apesar dos hormônios serem produzidos no mesmo local o estímulo para sua produção são diferentes: 1) Mineralocorticoides: o estímulo principal é aldosterona, o sistema RAA estimula a síntese de aldosterona assim como hipercalcemia (excesso de potássio no sangue). A aldosterona reabsorve Na+ causando uma maior reabsorção maior de água 2) Hormônios Glicocorticoides e Androgênios: eixo hipotálamo → hipófise → adrenal ✓ Colesterol origina progesterona: progesterona serve para a manutenção do corpo lúteo, sendo que nos 3 primeiros meses a placenta não nutre o feto quem nutre é a progesterona ✓ Pacientes com doenças renais e hepáticas: diminuem a produção de proteína e doenças reais elimina mais os hormônios porque eles se tornam hidrossolúveis ✓ Feocromocitoma: tumor na medula adrenal que secreta muita adrenalina o excesso de adrenalina causa arritmia, hipertensão, taquicardia sendo que o tratamento é a remoção da Fisiologia III – Sistema Endócrino Gabriela Monari T6 7 adrenal causando um hipoadrenalismo (todos os hormônios da adrenal diminui) sendo necessário suplementação hormonal ✓ Distúrbios de glicocorticoides estão relacionados com a pigmentação de mucosa: mucosa com pigmentação enegrecida causado pelo hiportisolismo de adrenal devido ao feedback negativo ✓ Giba: acúmulo de gordura localizada na região posterior do pescoço ✓ Hipercotisolismo:conjunto de sinais e sintomas desencadeados pelos níveis aumentados de glicorticoides principalmente o cortisol na corrente sanguínea
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