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Sistem� Endócrin� Glândulas endócrinas e os hormônios secretados por elas Eixo hipotalâmico-hipofisário O hipotálamo é uma estrutura do SNC que está envolvida numa série de processos fisiológicos como o controle da temperatura e ingestão alimentar. Apresenta agrupamentos neuronais que, em conjunto, constituem o controle da função endócrina do hipotálamo. A eminência mediana hipotalâmica é o ponto de convergência e integração final de informações criadas em diferentes regiões do organismo. Essas informações, após um ajuste fino, são passadas para a glândula hipófise através de mecanismos que envolvem a liberação de hormônios específicos. O hipotálamo e a hipófise formam uma unidade que exerce controle sobre a função de várias glândulas endócrinas (suprarrenal, gônadas, tiroide). O controle que o sistema nervoso exerce sobre o sistema endócrino e a modulação que o sistema endócrino faz com o SNC constitui os principais mecanismos reguladores de, basicamente, todos os processos fisiológicos. No hipotálamo existem neurônios peptidégicos que são responsáveis por liberar hormônios peptídicos. Os produtos da secreção se neurônios peptidégicos são peptídeos liberadores ou inibidores dos hormônios da adenohipófise (atuam estimulando ou inibindo a liberação de hormônios pela adenohipófise) e os peptídeos neuro hipofisários como ADH e OXH que são secretados por neurônios hipotalâmicos e armazenados na neuro hipófise. Os peptídeos neuro hipofisários são sintetizados por neurônios hipotalâmicos específicos localizados em dois grupos hipotalâmicos: supraópticos e paraventriculares que enviam feixes nervosos para a neuro hipófise. Sistema porta-hipotálamo-hipofisário Esse sistema é responsável pelo transporte de hormônios do hipotálamo para a adenohipófise. Na eminência mediana e nas porções mais superiores da haste hipofisária percebe-se uma rede de capilares que formam grandes alças que penetram na eminência mediana até proximamente do líquor do terceiro ventrículo permitindo a troca de moléculas entre eles. Hipófise Nos humanos, a hipófise se divide em adenohipófise e neurohipófise. Adenohipófise: é responsável pela secreção dos hormônios ACTH (Adrenocorticotrófico), LH (Luteinizante), FSH (folículo estimulante), GH (hormônio do crescimento, TSH (tireoestimulante) e Prl (prolactina). Neurohipófise: essa divisão não produz hormônios, e sim os armazena. A neurohipofise armazena hormônios produzidos pelo hipotálamos, são eles: ADH (antidiurético) e OXH (ocitocina) Glândula pineal Essa glândula está associada à função de controle das variáveis fisiológicas em meios noturnos e diurnos. Sabe-se que a produção hormonal se dá quando há uma diferença de iluminação ambiente. O hormônio envolvido é a melatonina. Glândula tireóide Ela age na função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins. Interfere, também, no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes; na regulação dos ciclos menstruais; na fertilidade; no peso; na memória; na concentração; no humor; e no controle emocional. É fundamental estar em perfeito estado de funcionamento para garantir o equilíbrio e a harmonia do organismo. Comparada a outros órgãos do corpo humano é relativamente pequena ela. É responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), que atuam em todos os sistemas do nosso organismo. Quando a tireoide não está funcionando adequadamente pode liberar hormônios em excesso (hipertiroidismo) ou em quantidade insuficiente (hipotireoidismo). Sua atividade, isto é, a produção e a liberação dos hormônios, é controlada pela hipófise, através de uma substância conhecida como TSH, hormônio estimulante da tireoide. Pâncreas endócrino O pâncreas possui dois tipos principais de células: · Células exócrinas. A maioria das células do pâncreas forma as glândulas e os ductos exócrinos. As glândulas exócrinas produzem as enzimas pancreáticas que são liberadas no intestino para a digestão dos alimentos. · Células endócrinas. As células endócrinas constituem uma porcentagem muito menor das células no pâncreas. Essas células produzem os hormônios, insulina e glucagon, que regulam os níveis de glicose e os liberam diretamente no sangue. Os tumores neuroendócrinos de pâncreas começam nas células endócrinas. As células exócrinas e as endócrinas do pâncreas formam tipos completamente diferentes de tumores, por isso é importante distinguir os cânceres de pâncreas exócrinos e endócrinos, uma vez que eles têm fatores de risco e causas distintos, diferentes sinais e sintomas, são diagnosticados por meio de exames diferentes, são tratados de forma diferente e têm diferentes prognósticos. Tireóide (anatomia, fisiologia, morfologia, histologia, embriologia e correlações anatomoclínicas) Anatomia: a tireoide é um órgão com formato de borboleta e tem uma coloração que vai do vermelho ao marrom. Apresenta dois lobos (direito e esquerdo) e um istmo que une os dois lobos. Está localizado na região antero-inferior do pescoço, entre o segundo e o terceiro anel traqueal. A irrigação se dá através da artéria tireóidea superior e inferior (derivada da carótida externa) e é inervada pelo nervo laríngeo recorrente. A drenagem venosa se dá através das veias tireóideas superiores, médias e inferiores. Apresenta gânglios simpáticos cervicais superiores, médios e inferiores. São vasomotores. Histologia: é revestida por uma cápsula fibrosa de tecido conjuntivo frouxo que envia septos ao interior da glândula e divide cada lobo em lóbulos de tamanhos variados. É uma glândula endócrina derivada do endoderma. Histologicamente ela é formada por milhares de folículos tireoidianos (unidade funcional da tireóide), esses folículos são formados por tecido epitelial simples chamado tireócitos dentro desses folículos é possível encontrar um líquido gelatinoso chamado colóide constituído de glicoproteínas. Outras células encontradas na tireoide são as células parafoliculares ou células C que formam certos agrupamentos isolados que formarão a calcitonina. Fisiologia: Ela vai produzir hormônios e secretá-los no sangue. Os hormônios secretados são a tetraiodotironina (T4) e a triiodotironina (T3) que atuam no metabolismo do corpo. O T4 é produzido em maior quantidade, porém é menos potente que o T3. Mas por que que o T4 é produzido em maior quantidade sendo que é menos potente? O t4 é convertido perifericamente em t3 por desiodases específicas para tironina. Existem 3 tipos de desiodases. O tipo 1 está presente em tecidos com alto fluxo sanguíneo (fígado, rins e músculo esquelético), o tipo 2 está presente no cérebro e mantém a concentração de t3 mesmo quando o t4 está baixo. A tipo 3 é inativante, converte t4 em t3 reverso, a forma inativa do t3. O estímulo para a secreção pode ser pelo frio, onde o hipotálamo libera TRH, chega na hipófise que libera TSH que vai estimular a produção de t3 e t4. Para que ocorra a síntese desse hormônio, é necessário o iodo. A tireoglobulina é iodada formando monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT). MIT+DIT= T3 DIT+DIT=T4 Após serem produzidas, t3 e t4, caem na corrente sanguínea e se conectam a proteínas plasmáticas produzidas pelo fígado, globulina ligadora de tiroxina (TGB) e transtirretina (TTR) e albumina. Isso aumenta a meia vida do hormônio evitando sua saída pela urina além de servir como reservatório no sangue. Ao chegar no tecido alvo, o t4 se converte em t3 para entrar na célula e atuar. Os hormônios tireoidianos têm efeito sistêmico agindo em quase todas as células do corpo e aumentam o metabolismo. A grosso modo, os hormônios tireoidianos vão aumentar o funcionamento de todas as células. No metabolismo basal aumenta o consumo de O2 e produção de calor. Quanto aos carboidratos, existe um maior metabolismo de carboidratos (glicólise e gliconeogênese) além de aumentar a atividade das mitocôndrias Quanto aos lipídios, ocorre a lipólise e a diminuição do colesterol plasmático porque aumentareceptores de LDL. Quanto a proteínas, aumenta o anabolismo e aumenta muito mais o catabolismo O Sistema respiratório se dá com o aumento da frequência respiratória, a ventilação por minuto e a produção de vasopoietina renal. No sistema circulatório, aumenta o fluxo e débito cardíaco, frequência cardíaca e volume de ejeção, força de contração cardíaca e promove vasodilatação periférica. Na musculatura esquelética acontece o aumento fisiológico do tórax e desempenho muscular. No sistema nervoso autônomo, ele atua em sinergia com as catecolaminas e pode causar tremores nas extremidades. No sistema nervoso central promove o desenvolvimento do SNC do feto e criança, causando um brotamento de direcionamento dos axônios, formação de sinapses e migração celular. No adulto aumenta o estado de alerta e responsividade, memorização, vivacidade, fome e audição. Glândulas paratireoides As paratireoides são 4 pequenas glândulas presentes atrás da tireóide e sua função principal é controlar os níveis de cálcio no sangue através da produção do hormônio paratormônio (PTH). Quando tem uma produção excessiva de PTH, os níveis de cálcio no sangue sobre, causando uma hipercalcemia (normalmente ocorre por meio de hiperplasias benignas ou tumores benignos e raramente por câncer maligno), se não for tratado, pode causar osteoporoses, fraturas e cálculos renais. Essa glândula detecta não somente alterações nos níveis de cálcio, mas também a diminuição nesta relação. O cálcio é importante para o bom funcionamento do organismo, ele está presente 98% nos ossos e 2% nos fluidos extracelulares. Tem como função ser componente da matriz mineral óssea, contração muscular, liberar vesículas sinápticas, servir de potencial de ação nas células dos nodos sinoatrial e atrioventricular e das outras células miocárdicas, manutenção do potencial de repouso membranar e servir de segundo mensageiro intracelular. Histologicamente falando, essas glândulas apresentam dois tipos de células: células principais cuja função é secretar paratormônio e as células oxifílicas cuja função é desconhecida. O paratormônio é um hormônio antagônico à calcitonina, juntos eles mantêm a taxa de cálcio no sangue em equilíbrio. Quando a concentração de cálcio no sangue aumenta, aumenta também a secreção de calcitonina que favorece o depósito de cálcio nos ossos, a diminuição da reabsorção de cálcio nos rins e a queda da concentração de cálcio no sangue. Quando a concentração de cálcio no sangue diminui, o paratormônio vai atuar nos osteoclastos que vão reabsorver a matriz óssea solubilizando o cálcio, desta forma, os intestinos e rins vão reabsorver esse cálcio elevando sua concentração no sangue. Ao contrário da secreção de outros hormônios, a produção do PTH não depende do controle hipofisário porque existe um mecanismo de controle direto que atua como um medidor de cálcio. Esse controle é dinâmico visto que a meia vida plasmática do PTH é de meia hora. Homeostase do cálcio Quando ocorre uma hipocalcemia (diminuição do cálcio no sangue), as glândulas paratireoides são estimuladas e liberam PTH. O PTH aumentado vai atuar no tecido ósseo favorecendo uma reabsorção óssea. Vai atuar nos rins favorecendo um aumento da excreção renal de fósforo e um aumento da produção de 1,25 dihidroxivitamina D (vit. D) que garante o aumento da reabsorção renal de cálcio bem como os aumentos da absorção intestinal de cálcio e reabsorção óssea. Quando ocorre uma hipercalcemia (aumento de cálcio no sangue), o PTH vai cair e a calcitonina vai subir. A calcitonina vai atuar no tecido ósseo diminuindo a reabsorção óssea. Funções do paratormônio Nos ossos, o PTH vai atuar na destruição do tecido ósseo estimulando osteoclastos e inibindo osteoblastos. Nos rins, o PTH vai atuar nos túbulos renais onde circula a urina primária. Vai atuar estimulando a reabsorção de cálcio filtrado além de estimular a reabsorção de fósforo também. No tubo digestivo, o PTH vai favorecer a reabsorção de cálcio presente nos alimentos. Mas essa ação não é direta e necessita da atuação da vitamina D a nível renal (visto que a ativação da vitamina D aumenta a absorção intestinal de cálcio). Alterações da paratireoide Alguns fatores, como tumores e a retirada cirúrgica, podem desencadear alterações no funcionamento da glândula paratireóide, causando a sua hiperfunção ou hipofunção: Hiperfunção (hiperparatireoidismo): caracterizada pela secreção persistente do paratormônio e pelo aumento da concentração de cálcio no sangue. É assintomática na maioria dos casos, no entanto, geralmente causam o enfraquecimento dos ossos, os cálculos renais e outros desequilíbrios que podem até levar à morte; Hipofunção (hipoparatireoidismo): caracterizada pela redução da secreção do paratormônio e pela diminuição da concentração de cálcio no sangue. Os principais sintomas são cãibras, fraqueza muscular, tontura e tetania (contrações involuntárias do músculo que podem até causar a morte do indivíduo). “A queda do nível sanguíneo de cálcio quando as paratireoides são removidas acidentalmente durante uma intervenção cirúrgica na glândula tireóide causa câimbras ou contrações musculares, o que é denominado tetania. Quando isso ocorre, a terapia de reposição hormonal é necessária pelo resto da vida do indivíduo” Porque a hipocalcemia leva a contrações musculares espontâneas? Os baixos níveis de cálcio no fluido extracelular aumentam a permeabilidade das membranas neuronais ao sódio, provocando uma despolarização progressiva das membranas celulares, o que aumenta a possibilidade do efeito de contração dos potenciais de ação. Pâncreas endócrino Integração metabólica O metabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas tem influência da alimentação e dos períodos de jejum. Logo após a alimentação, a maior parte dos carboidratos, aminoácidos e triglicerídeos vindos da dieta, são levados ao fígado pela veia porta. A maior parte dos triglicerídeos, portanto, percorrem outro caminho: eles migram pelo sistema linfático e caem na circulação sistêmica podendo ser metabolizados no fígado ou captados pelo tecido adiposo. De modo geral, a concentração desses nutrientes é regulada principalmente pelo fígado. Em períodos de jejum, a degradação de glicogênio, a proteólise e a lipólise são responsáveis por garantir o aporte energético do corpo. Hemácias Nas hemácias, cuja função principal é o transporte de oxigênio, a sua função estaria prejudicada se não tivesse um aporte energético. Portanto, existe um metabolismo por detrás. O metabolismo das hemácias é predominantemente anaeróbico, sem aparato mitocondrial para sua oxidação, ou seja, as hemácias dependem das vias glicolíticas anaeróbicas. O consumo de glicose por essas células se dá de forma constante através de receptores GLUT 1 sem depender de insulina. Nessa via, a glicólise culmina na produção constante de lactato que é captado pelo fígado. O lactato produzido pelas hemácias é convertido em glicose pela gliconeogênese hepática e é uma das fontes de manutenção da glicemia em jejum. Cérebro O cérebro não tem qualquer reserva energética e por isso, independente do estado nutricional, é necessário que haja um suprimento de glicose constante para esse tecido. Os transportadores de glicose no sistema nervoso central são as GLUT 1 e GLUT 3 que trabalham independentemente de insulina e juntos, garantem uma alta captação de glicose nesse tecido. Situações de hipoglicemia causam perturbações no funcionamento do sistema nervoso porque os ácidos graxos não são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e portanto, não suprem a demanda energética. Fígado No fígado o transporte de glicose se dá através da GLUT 2 que mantém a concentração de glicose nos hepatócitos na mesma proporção que na corrente sanguínea. Porém a glicose só poderá ser usada no fígado se fosforilada através da enzima glicoquinase. Os hepatócitos conseguem utilizar outras fontes para gerar energia, e só utilizama glicose quando os níveis de insulina e glucagon estiverem suficientemente altos para ativar a via glicolítica. O alto aporte de glicose junto com a presença de insulina também vai garantir a produção de glicogênio e o fígado, nesse momento, passa a ser um armazenador de glicose. Caso contrário, o fígado fará o oposto: será um liberador de glicose. No jejum, haverá um predomínio de glucagon e a glicogenólise será ativada e o fígado começará a liberar glicose na forma de glicogênio. Como o glicogênio é uma reserva limitada, após muitas horas de jejum, o fígado inicia a gliconeogênese. A gliconeogênese ocorre no fígado sob ação do glucagon e é simultânea a glicólise hepática. Músculos A captação de glicose se dá pelos receptores GLUT 4 (os mesmos que aparecem no tecido adiposo) e que dependem da insulina. A insulina aumenta o número de receptores GLUT 4 expostos nas membranas celulares dos músculos e do tecido adiposo porque estimula a mobilização destes receptores dos locais de armazenamento e sua migração para a membrana plasmática. A insulina atua nos músculos inibindo a degradação proteica e favorecendo sua síntese. Relação entre nutrientes e o jejum Após uma alimentação rica em carboidratos, o hormônio glucagon (antagônico à insulina) tem sua secreção inibida pela própria insulina. À medida que a glicemia normaliza os níveis basais de insulina são regulados e quando a glicemia começa a cair, os níveis de glucagon se elevam. Os tecidos alvo do glucagon são fígado e tecido adiposo. No fígado, o glucagon estimula basicamente a gliconeogênese e a glicogenólise para a manutenção da glicemia, ou seja, tem efeito inibitório sobre a glicólise e a glicogênese. No tecido adiposo, o glucagon estimula a lipólise gerando acido graxo e glicerol que será usado como fonte de energia alternativa por alguns tecidos. Isso é importante porque o fígado utiliza esses substratos para garantir a gliconeogênese e também consome glicerol para a nova produção de glicose. Quando o jejum é prolongado, existem modificações metabólicas que ocorrem em função da secreção de outros hormônios que contribuem para a homeostase da glicose. Os níveis de hormônios adrenérgicos aumentam a lipólise gerando ácido graxo e glicerol e o metabolismo basal cai causando uma menor liberação de T3 e T4. Isso favorece a maior oferta de glicose para tecidos que utilizam exclusivamente a glicose como hemácias e cérebro. Em casos de jejum mais prolongado ainda, uma quantidade maior de corpos cetônicos é produzida no fígado a partir do acetil-CoA vindos da beta-oxidação dos ácidos graxos, esses substratos serão utilizados pelos músculos e progressivamente serão utilizados pelas células nervosas como substrato energético, porém, somente em casos extremos esse processo ocorrerá. Insulina e glucagon A insulina e o glucagon são hormônios produzidos e liberados pelo pâncreas e são responsáveis pela regulação do metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e das proteínas. Os dois hormônios têm funções antagônicas: enquanto a insulina desempenha papel importante no armazenamento de energia, o glucagon determina uma elevação da quantidade de fontes de energia no sangue para serem usadas pelas células do corpo. A insulina diminui a quantidade de glicose, aminoácidos e ácidos graxos do sangue, enquanto o glucagon promove um aumento dos mesmos; ao mesmo tempo em que a insulina aumenta a quantidade de glicose, aminoácidos e ácidos graxos no fígado, músculos e tecido adiposo respectivamente, enquanto o glucagon determina uma redução desses. Havendo durante o jejum uma pequena quantidade de substratos e de insulina circulando no sangue, porém uma grande concentração de glucagon, ocorre um período de catabolismo, durante o qual as reservas de energia do corpo são quebradas e disponibilizadas às células para serem utilizadas. Assim, na tentativa de fornecer glicose ao cérebro e aos outros tecidos que dessa dependem e abastecer outros tecidos de corpos cetônicos advindos dos ácidos graxos, acontece uma troca de substratos entre o fígado, os músculos, o tecido adiposo e o cérebro. Fisiologia do pâncreas O pâncreas tem suas funções digestivas (suco pancreático) e secreta dois hormônios importantes, a insulina e o glucagon, responsáveis pela regulação do metabolismo da glicose, lipídeos e proteínas. O pâncreas é formado por dois tipos principais de tecidos: ácinos (secretam suco digestivo no duodeno) e as ilhotas de Langerhans (com suas células alfa, beta e delta que secretam insulina e glucagon). As células beta das ilhotas, constituem 60% de todas as células e secretam insulina e amilina (hormônio liberado junto com a insulina porém sua função não é bem definida). As células alfa secretam glucagon e as células delta secretam somatostatina. As interrelações com essas células nas ilhotas permitem a comunicação intercelular e o controle direto da secreção de alguns hormônios. A insulina inibe a secreção de glucagon, a amilina inibe a secreção de insulina e a somatostatina inibe a secreção de insulina e glucagon. A secreção de insulina está relacionada com o excesso de energia. No caso de excesso de carboidratos, a insulina faz com que sejam armazenados na forma de glicogênio principalmente nos músculos e no fígado. O que não for possível armazenar na forma de glicogênio, é convertido em gordura e armazenado no tecido adiposo sob estímulo da insulina. A insulina é um hormônio proteico A sinalização intracelular da insulina começa com sua ligação a um receptor específico de membrana, uma proteína com atividade quinase intrínseca (composta por duas subunidades a e duas subunidades B) que atua como uma enzima alostérica, na qual a subunidade a inibe a atividade tirosinoquinase da · A ligação da insulina à subunidade a permite que a adquira atividade quinase, levando à alteração conformacional e à autofosforilação do receptor nas subunidades em múltiplos resíduos de tirosina, o que aumenta ainda mais a sua atividade quinase. Glândula suprarrenal Ana����a: Também chamadas de adrenais, são duas glândulas localizadas nos pólos superiores de cada rim, logo, são retroperitoneais e estão separadas por uma lâmina de tecido conjuntivo. As glândulas são cobertas por uma cápsula de tecido adiposo. A suprarrenal direita tem formato piramidal, posição apical e se relaciona com o pilar direito do diafragma, a veia cava inferior e o fígado. A suprarrenal esquerda tem formato de meia lua, posição medial e se relaciona com o baço, estômago e pilar esquerdo do diafragma. Vas����ri��ção: As suprarrenais são irrigadas pelas artérias suprarrenais superiores, suprarrenais médias e suprarrenais inferiores. São drenadas pela veia suprarrenal direita que desemboca na cava inferior e pela suprarrenal esquerda que desemboca na veia renal. Inervação: é inervado pelo plexo suprarrenal. His����gi�: Essas glândulas são órgãos encapsulados revestidos por tecido conjuntivo denso e divididas em córtex e medula. O córtex tem origem do celoma e a medula tem origem do neuroectoderma. O córtex possui células secretoras de esteróides e é dividida em zonas: glomerulosa (células piramidais que produzem mineralocorticóides- aldosterona), fasciculada (células dispostas em cordões retos e regulares, células poliédricas que produzem glicocorticóides- cortisol) e reticulada (células dispostas em cordões irregulares) A medula adrenal não é dividida em zonas, apresenta células poliédricas e cordões sustentados por fibras reticulares além de células neurais cromafins (produz catecolaminas). Produz adrenalina e noradrenalina. Fis���o���: Produção hormonal da medula adrenal- a medula produz catecolaminas através da tirosina que tem uma síntese relativamente simples. A tirosina primeiramente é hidroxilada e convertida em di-hidroxifenilalanina (DOPA), a DOPA é convertida em dopamina que será convertida em norepinefrina e posteriormente em epinefrina. Essa única via de produção é capaz de formar todas as catecolaminas. A medulaé inervada diretamente por fibras do sistema nervoso autônomo e isso torna a resposta adrenomedular muito rápida já que não necessita da ação de outro hormônio estimulador (como no caso do córtex). Quando há estímulo para a liberação das catecolaminas, como dor, ansiedade, hipovolemia ou hipoglicemia, ocorre a liberação da acetilcolina pelos terminais nervosos que vai estimular tanto a liberação de catecolaminas na forma de neurotransmissores nos gânglios como na forma de hormônios pelo estímulo da medula adrenal. A medula adrenal não é um tecido essencial à vida porque existem outras fontes de catecolaminas presentes no corpo como o sistema nervoso simpático. Produção hormonal do córtex adrenal- O hipotálamo recebe um estímulo para liberar CRH (hormônio liberador de corticotrofina), esse age na hipófise estimulando a liberação de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) que estimula o córtex da glândula adrenal a liberar seus hormônios. O córtex adrenal vai produzir hormônios esteróides. O precursor de todos os hormônios esteróides é o colesterol, uma parte é produzida pelas células e outra vem do LDL já que as células do córtex são abundantes para receptores de LDL. Esse colesterol será captado e convertido em colesterol livre pela enzima “colesterol éster hidrolase” e então é armazenado. Para início da formação dos hormônios, o colesterol é transportado para a mitocôndria, e lá é convertido em pregnenolona pela enzima “colesterol desmolase” ou CIP11A1, essa enzima está presente em todas as camadas do córtex. Depois, essa pregnenolona sai da mitocôndria e vai para o REL (essa etapa é limitante, então todas as camadas terão a produção de pregnenolona a partir do colesterol). Na zona fasciculada, que originam glicocorticóides, existem duas vias de produção: principal e paralela. A via principal é o que forma o cortisol. A pregnenolona sai da mitocôndria e vai para o REL onde é convertida em progesterona pela enzima “3 beta hidroxi esteroide desidrogenase” ou 3beta HSD. Depois, essa progesterona é convertida em 17 hidroxi progesterona pela enzima “17 alfa hidroxilase” ou CYP 17. A 17 hidroxi progesterona se converte em 11 desoxi cortisol e volta para a mitocôndria. Na mitocôndria, vai sofrer ação da enzima “11 beta hidroxilase” gerando o cortisol. Na via paralela também ocorre a conversão de pregnenolona em progesterona, mas agora, essa progesterona vai ser convertida em 11 desoxi corticosterona (DOC), depois a enzima “11 beta hidroxilase” vai converter em corticosterona (um tipo de glicocorticoide menos potente que o cortisol. Na zona reticulada, a principal produção é de andrógenos, então a via de formação é outra. Colesterol, é convertido em pregnenolona, que é convertida em 17 hidroxi pregnenolona que, por sua vez, é convertido em desidro-epi-androsterona (DHEA) e essas conversões são feitas pela enzima CYP 17. A DHEA vai ser convertida em andros-tenendiona e DHEAS (DHEA sulfatada). Esses dois produtos vão se tornar estrógenos e andrógenos a partir da conversão periférica desses produtos, esse processo também ocorre na zona fasciculada só que com menos importância. Os andrógenos da adrenal começam a ser produzidos no início da puberdade num processo chamado adrenarca e vai contribuir para o aparecimento das características sexuais. Na zona glomerulosa, ocorre a produção exclusiva de mineralocorticóides sendo a aldosterona o principal deles. Por que a produção é exclusiva? Para formar o cortisol, precisa ter hidroxi-progesterona e para formar andrógenos precisa ter hidroxi-progesterona e hidroxi-pregnenolona. Para esses produtos serem formados a partir da progesterona e da pregnenolona precisa da ação da enzima CYP17 ou alfa hidroxilase. Nessa zona, não existe essa enzima, então não tem como produzir cortisol ou qualquer tipo de andrógeno. Além disso, a zona glomerulosa não existe a 11 beta hidroxilase (enzima que converte desoxi-cortisol em cortisol e DOC em cortisona). Essa zona existe apenas uma enzima exclusiva que é a “aldosterona sintase” que catalisa as reações até chegar na aldosterona. O colesterol é convertido em pregnenolona, ela é convertida em progesterona através da 3 beta HSD. Depois é convertido em 11-desoxi-corticosterona (DOC), se tivesse a enzima 11 beta hidroxilase o DOC poderia ser convertido em cortisol, mas como não tem essa enzima nessa zona, isso não ocorre. A partir daqui, as reações são catalisadas pela aldosterona sintase e então DOC vira corticosterona que vira hidroxi-corticosterona que por fim, se converte em aldosterona. Ações ��� h���ôni�� �� co��� Aldosterona: é um mineralocorticóide atua nos rins e tem como funções básicas regular as concentrações de sódio, potássio e água na medida em que reabsorve sódio e água atuando nas células principais dos túbulos renais e secreta potássio e hidrogênio, tendo papel principal na regulação arterial e homeostasia do corpo. Na zona glomerulosa, onde é produzido esse hormônio, quase não é influenciada pelo ACTH. Os responsáveis por influenciar essa zona são os sistemas renina angiotensina aldosterona e a concentração de potássio sanguíneo. O sistema renina angiotensina aldosterona funciona da seguinte forma: quando há uma queda da pressão arterial, o rim libera um hormônio chamado renina que vai converter o angiotensinogênio presente no fígado em angiotensina 1, que sofre ação da enzima conversora de angiotensina produzida nos pulmões se transformando em angiotensina 2 que promove a vasoconstrição e estimula a zona glomerulosa a liberar aldosterona que retém sódio e água aumentando a pressão arterial. A concentração de potássio sanguíneo vai influenciar. Quando há muito potássio, a secreção de aldosterona aumenta justamente para secretar mais potássio e voltar a concentração normal. O contrário também ocorre, se diminui potássio aldosterona também diminui para poupar o potássio. A aldosterona é tão importante, que se tivermos uma deficiência desse hormônio, haverá um acúmulo de potássio e uma perda acentuada de sódio e água. Isso reduz a volemia e a pessoa evolui pro choque. Quando isso ocorre, deve-se administrar mineralocorticoide para reverter o quadro. A aldosterona é carregada na corrente sanguínea por proteínas plasmáticas (albumina e proteína ligadora de corticosteróide), ao chegar na célula alvo, a aldosterona vai passar pela membrana plasmática e agir dentro da célula se ligando a um receptor específico de mineralocorticoide. Esse receptor também tem afinidade por glicocorticóide (cortisol) que vai ter ação mineralocorticoide. Cortisol: é um glicocorticóide transportado no sangue pela globulina ligadora de corticosteróide (CBG). Quanto ao metabolismo, é o fígado que promove a inativação e conjugação com o sulfato para facilitar a excreção renal. O cortisol é o principal glicocorticóide e a cortisona é o menos potente e o cortisol pode ser convertido em cortisona e então inativado, quem faz essa conversão é a enzima “11 beta hidroxi esteroide desidrogenase tipo 2” a tipo 1 faz a conversão reversa de cortisona em cortisol. Isso ocorre em tecidos que expressam receptores de glucocorticoides como SNC, fígado, tecido adiposo e pele. A 11 beta hidroxi esteroide desidrogenase tipo 2 está presente nos rins e ela é importante para impedir a atividade mineralocortical do cortisol, ou seja, impede que o cortisol se ligue ao receptor da aldosterona e simule seu efeito, evitando um possível aumento da pressão arterial. O cortisol, como é um glicocorticóide, vai atuar em células que têm receptores de glicocorticóides. Nesse caso, é um tipo genômico, ou seja, que regula a transdução gênica. Quando o hormônio não está presente o receptor fica no citoplasma ligado a um receptor chamado chaperonas moleculares. Quando o cortisol entra na célula e se liga ao receptor, ocorre uma dissociação dessas proteínas. O complexo cortisol receptor vai para o núcleo, ocorre uma dimerização e ligação aos elementos de resposta a glicocorticoides que promove um aumento da transcrição dos genes alvo, ou vaiinibir a transcrição como é o caso de proteínas inflamatórias. Quando o hormônio se liga ao receptor, ele induz uma resposta causando um efeito fisiológico e o cortisol tem amplo efeito agindo em vários sistemas. É amplamente caracterizado como hormônio do estresse porque ele é mais liberado em situações de estresse físico e emocional e ativa a resposta física que prepara o corpo para essas situações de modo que as pessoas não conseguiriam viver sem o cortisol porque ninguém conseguiria sobreviver a qualquer infecção por mais leve que fosse e nem mesmo a diferentes situações de estresse. Ações no metabolismo- regula a glicose sanguínea aumentando sua concentração (estimula gliconeogênese), diminui a captação de glicose pelas células (diminui expressão de GLUT 4), em condições de estresse ele sinergiza com o glucagon promovendo a lipólise, gliconeogênese e glicogenólise (oferta ácidos graxos livres como fonte de energia). Quando o cortisol se eleva de forma crônica, devido a uma patologia como a síndrome de Cushing, ele sinergiza com a insulina em níveis elevados de glicose e promove a obesidade (excesso de gordura no tórax e face). Ações no Sistema cardiovascular- o cortisol tem efeitos que favorecem a ação das catecolaminas fazendo o coração trabalhar mais (aumenta débito cardíaco e pressão sanguínea), além de aumentar a produção da eritropoietina (hormônio produzido pelos rins que age estimulando a medula óssea vermelha a produzir células vermelhas), assim, se falta cortisol, a pessoa pode apresentar anemia. Ações anti inflamatórias e imunossupressoras- a inflamação acaba sendo uma resposta ao estresse e se não for controlada pode causar sérios danos, dessa forma o cortisol tem papel importante no controle da homeostase imune. Ele inibe a produção de citocinas pró inflamatórias e estimula a produção das anti-inflamatórias. Inibe a fosfolipase A2, uma enzima responsável pela produção de leucotrienos e prostaglandinas, substâncias responsáveis pelos sinais inflamatórios como dor, edema e acúmulo de células de defesa. Além disso, estabiliza as membranas lisossomais impedindo as enzimas proteolíticas que contribuem para o edema local, inibem a migração de leucócitos, diminuem a atividade fagocítica dos neutrófilos, diminui a circulação de linfócitos T circulantes e é por isso que os análogos do cortisol (corticóides) são usados farmacologicamente para conter a inflamação e provocar imunossupressão em casos de transplante, por exemplo. Mas, ele não prejudica a produção de anticorpos pelos linfócitos B. Ações no tecido conjuntivo- inibe a produção de fibroblastos, inibe a formação de colágeno causando a pele fina e escamosa (estrias). Regulação da produção de cortisol: se dá pelo eixo hipotálamo hipófise adrenal. O medo, por exemplo, que é uma forma neurogênica de estresse, estimula a liberação de CRH pelo hipotálamo. O CRH também é liberado em ritmo diário que determina a concentração diária de cortisol (aumenta no final da madrugada e nas primeiras horas do dia pois o corpo entende é uma forma de estresse e diminui durante o dia até o anoitecer). O CRH na hipófise, estimula a secreção de ACTH, que age na zona fasciculada no receptor melano-cortina 2 e induz a produção de cortisol e andrógenos. O cortisol vai produzir todos os efeitos já discutidos e o sistema de feedback negativo à hipófise e ao hipotálamo e os andrógenos, não realizam o feedback.
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