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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 1- PRINCIPAIS ETIOLOGIAS DO AVCI E TRATAMENTO A NÍVEL AMBULATÓRIAL (INCLUINDO METAS TERAPÊUTICAS PARA FATORES DE RISCO- HAS, DM. DLP). AVE ISQUÊMICO O AVE isquêmico se manifesta pela súbita instalação de um deficit neurológico focal persistente, como consequência a uma isquemia seguida de infarto no parênquima encefálico (cérebro, diencéfalo, tronco ou cerebelo). É decorrente da oclusão aguda de uma artéria de médio ou pequeno calibre. Esta oclusão, na maioria das vezes, é do tipo embólica (trombo proveniente de local distante que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria), mas também pode ser trombótica (trombo formado na própria artéria envolvida no AVE). Existem dois tipos de AVE isquêmico embólico: • Cardioembólico: a fonte emboligênica é o coração, na maioria das vezes com fibrilação atrial (trombo no AE), seguida pelo IAM de parede anterior (trombo no VE) e pelas cardiomiopatias dilatadas (trombo em VE e/ou AE); • Ateroembólico: é o AVE isquêmico típico dos pacientes hipertensos. A fonte emboligênica geralmente é uma placa aterosclerótica instável (com trombo) na carótida comum ou bifurcação carotídea ou na artéria vertebral O AVE trombótico mais comum é o AVE lacunar (20% dos AVE isquêmicos), definido por infarto de tamanho inferior a 2 cm (0,2 a 15 mm³), causado pela oclusão de pequenas artérias perfurantes cerebrais, que nutrem o tálamo, a cápsula interna e os gânglios da base, ou dos ramos arteriais que irrigam o tronco cerebral. Essas pequenas artérias desenvolvem uma lesão obstrutiva chamada lipo- hialinose (espessamento hialino da camada média), que pode precipitar a trombose in situ. O AVE trombótico de artérias de médio calibre é raro, sendo o mais clássico o AVE pontino extenso pela trombose da artéria basilar. Suspeita-se de AVE trombótico em médias artérias na síndrome do “AVE em evolução” (o deficit neurológico se desenvolve de forma subaguda). Um percentual dos AVE isquêmicos, embora tenha quadro clínico idêntico aos AVE embólicos (deficit focal de instalação súbita), possui ecocardiograma transtorácico sem cardiopatias emboligênicas e Doppler de carótidas/vertebrais normal, não podendo ser classificado como cardioembólico ou ateroembólico. Este é o AVE criptogênico! Sugere-se que muitos desses casos sejam decorrentes de embolia paradoxal através do forame oval patente. Abordagem na Prevenção Secundária: A abordagem vai depender da causa... Preciso de 3 exames para diferenciar: ECG, ECO e DUPLEX SCAN DE CARÓTIDAS E VERTEBRAIS. EMBÓLICO (45%) É um evento mais súbito e máximo desde o início! - Cardioembólico: FA (!), IAM... - Arterioembólico Conduta? - Anticoagulação plena - Se extenso: aguardar 14 dias TROMBÓTICO (35%) É um evento mais gradual, que piora ao longo das horas! - Artérias perfurantes (lacunar, < 2cm) - Artérias de grande e médio calibre - Principal fator de risco: HAS Conduta? - AAS 100 – 300mg/dia ou clopidogrel 75mg/dia, - Estatina: m pacientes com AVCI ou AIT com hipercolesterolemia (alvo LDL < 100mg/dL). Em pacientes com alto risco vascular, o alvo é de LDL < 70mg/dL - Anti-hipertensivo: Pressão-alvo a ser atingida: 120/80mmHg. A primeira escolha é diurético ou a combinação de diurético e inibidor da enzima conversora de angiotensina (Ieca). - Endarterectomia (!), angioplastia (benefício se estenose > 70% ou > 50% em homens); OBS: A glicemia deve ser normal ou próxima do normal (alvo de hemoglobina glicosilada ≤ 7%) 2- ESTUDAR DROGAS DE PRIMEIRA ESCOLHA PARA HAS E DM; 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 TRATAMENTO HIPERTENSÃO “Levar em consideração a PA sistólica ou diastólica? A que estiver PIOR!” PRÉ-HIPERTENSÃO - SOMENTE MEV! ↓PESO (MEDIDA MAIS EFICAZ) ATIVIDADE FÍSICA 30M/DIA DIETA DASH REDUÇÃO DE SÓDIO < 2G). - Se alto risco, idoso frágil, idade > 80 anos: MEV + MONOTERAPIA HAS ESTÁGIO I - MONOTERAPIA Se HAS estágio I SEM OUTRO FATOR DE RISCO = PODE FAZER 3-6 MESES DE MEV ANTES DE ENTRAR COM REMÉDIO! Se alto risco/síndrome metabólica = É VÁLIDO ENTRAR DIRETO COM 2 DROGAS! HAS ESTÁGIO II/III: - 2 DROGAS (ASSOCIAÇÃO) HAS sistólica isolada: - DEPENDE DA PA SISTÓLICA Escolhendo a Droga... Drogas de 1ª linha: TIAZÍDICO BLOQUEADOR DO CANAL DE CÁLCIO IECA/BRA Drogas de 2ª linha: BETABLOQUEADOR: deve ser prescrito somente para pacientes que tem outra doença que justifique o uso do BB (ICC, coronariopata, enxaqueca) CLONIDINA (efeito sedativo, bom para urgência hipertensiva) HIDRALAZINA METILDOPA ALISQUIRENO (inibidor direto da renina) ALFABLOQUEADOR (bom para HPB) ESPIRONOLACTONA HIDRALAZINA Indicações Específicas: IECA/BRA JOVENS, BRANCOS NEFROPATAS, DM, ICC, IAM PRÉVIO, HIPERURICEMIA (principalmente losartan) TIAZÍDICOS NEGROS, IDOSOS OSTEOPOROSE BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO NEGROS, IDOSOS FA, DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA Efeitos Adversos... IECA/BRA IRA, ↑K: não usar se creatinina > 3 (contraindicação relativa), K > 5,5 ou estenose bilateral de artérias renais. ANGIOEDEMA: os dois podem causar TOSSE: só IECA (por aumento de bradicinina) TIAZÍDICOS 4 HIPO: volemia, natremia, CALEMIA, magnesemia 3 HIPER: glicemia, lipidemia, uricemia (não usar se gota) Obs: CLORTALIDONA é o melhor tiazídico! BLOQUEADOR DO CANAL DE CÁLCIO Dipinas (vasosseletivas): CEFALEIA, EDEMA E MMII Diltiazem, verapamil (cardiosseletivas): BRADIARRITMIAS TRATAMENTO DIABETES Escolhendo o tratamento... - Estágio 1: METFORMINA (500 a 2250mg/dia, começando com baixas doses devido efeitos gastrointestinais) Reavaliar com Hb glicada a cada 3-6 meses. Se > 7: - Estágio 2: METFORMINA + 2ª DROGA (“decisão entre médico e paciente”) Doença ateroscleróTIDA: TIDA (análogo GLP1) Doença do RIM ou IC: floZIN (inibidor SGLT2) Obesidade, hipoglicemia: análogo GLP1 ou inibidor SGLT2. Evitar sulfonilureia Custo é importante: sulfonilureias e pioglitazona 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Reavaliar com Hb glicada a cada 3-6 meses. Se > 7: - Estágio 3: METFORMINA + 3ª DROGA (escolher de acordo com os mesmos critérios). Reavaliar a cada 3-6 meses com Hb glicada. Se > 7: - Estágio 4: INSULINA BASAL (NPH NOTURNA 10U = BEDTIME) Suspender sulfonilureia Aumentar progressivamente a dose (NPH 2x/dia + regular 3x/dia) até chegar a insulinização plena Quando começar DIRETAMENTE com insulina? - HIPERGLICEMIA FRANCA (HbA1C > 10%, glicemia > 300, sintomas) - GRAVIDEZ - ESTRESSE (cirurgia/infecção/internação) - DOENÇA RENAL/HEPÁTICA AVANÇADA - USO DE CONTRASTE IODADO Quando se inicia a insulina, podemos MANTER A METFORMINA, mas devemos SUSPENDER A SULFONILUREIA. 3 - CONCEITUAR E CLASSIFICAR AS CRISES EPILÉTICAS (MOTORAS E NÃO MOTORAS); Conceitos: - 2 OU MAIS CRISES NÃO PROVOCADAS EM INTERVALO > 24H - 1 CRISE NÃO PROVOCADA COM CHANCE DE RECORRÊNCIA > 60% - CRISES EPILÉPTICAS DE REPETIÇÃO, MAS SEM RELAÇÃO COM HIPONATREMIA, DROGAS, ENCEFALITE, ETC. Etiologia: Primária/Criptogênica: não foi evidenciada lesão estrutural Secundária a doenças/lesões prévias Possui DISTRIBUIÇÃO BIMODAL = CRIANÇA e IDOSO Neonatal: anóxia periparto, doenças congênitas 3 meses - 5 anos: convulsão febril 5 - 12 anos: genética (normalmente crises de bom prognóstico) Adultos: TCE, neurocisticercose Idoso: AVE, principalmente isquêmico (é o que + cai em prova) CLASSIFICAÇÃO (ILAE-2017): INÍCIO FOCAL (1 hemisfério): - Focal perceptiva (simples): sem perda da consciência - Focal disperceptiva (complexa): com perda de consciência - Focal evoluindo para tônico-clônica bilateral (generalização 2ª) INÍCIO GENERALIZADA(2 hemisférios): - Motora: mioclônica, tônico-clônica, atônica... - Não motora: ausência Crise de Ausência - Início: 3-12 anos, com pico entre 5-8 anos - Também conhecida como “pequeno mal” ou “ausência infantil” - A criança “apaga” e depois volta - Baixo rendimento escolar - Grande fator desencadeante: HIPERVENTILAÇÃO, PRIVAÇÃO DE SONO - Diagnóstico: EEG COM PONTA-ONDA DE 3HZ - Prognóstico: excelente - Tratamento: etossuximida, valproato, lamotrigina - NÃO USAR: carbamazepina, gabapentina, vigabatrina Crise Atônica - PERDA DO TÔNUS MUSCULAR - Muito associada a quedas - Pode ser deflagrada por sustos Crise Mioclônica - Crise generalizada em que pode haver MANUTENÇÃO DA CONSCIÊNCIA, mesmo sendo uma crise generalizada. Crise Tônico-Clônica - “GRANDE MAL” - COMEÇA TÔNICA (PACIENTE “DURO”) E DEPOIS FICA CLÔNICA (ABALOS CORPORAIS GENERALIZADOS) - Pode haver sialorreia, liberação esfincteriana 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - Período pós-ictal: demora uns 30 minutos para o paciente voltar ao normal (tempo de recuperação neuronal) - Qualquer crise pode terminar como uma tônico clônica generalizada! 4 - ESTUDAR AS INDICAÇÕES DE TRATAMENTO PROFILÁTICO PARA EPILEPSIA; Estado de Mal Epiléptico > 5 MINUTOS OU > 2 CRISES SEM RECUPERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA ENTRE ELAS Tipos: - Status epileptics CONVULSIVO (tônico-clônico) - Status epilepticus NÃO CONVULSIVO (ausência, focal, confusão mental...) Tratamento: - NÃO SE ESQUECER DO BLS - 1º: GLICOSE 50% + TIAMINA IV (se não conhecer o caso. Pode fazer mesmo se não for a causa caso não saiba a história) - 2º: DIAZEPAM IV (01 AMPOLA 10MG) OU RETAL Obs: não fazer pela via IM! A absorção é errática! Obs: se não houver melhora em 5-8 minutos, pode tentar o diazepam novamente! Se não melhorar... - 3º: FENITOÍNA (HIDANTAL) IV 20MG/KG Obs: se não melhorar com a fenitoína, repetir com metade da dose! Se não melhorar... - 4º: FENOBARBITAL IV 20MG/KG Obs: se não melhorar com o fenobarbital, repetir com metade da dose também! Se não melhorar... - 5º: ANESTESIA COM MIDAZOLAM, PROPOFOL OU FENOBARBITAL IV (paciente intubado) 6- ABORDAR OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PARA AS CAUSAS DE CRISES EPILÉTICAS (FEBRE, HIPOGLICEMIA, INFECÇÕES, ETC...); Crise Febril - 6 MESES ATÉ 5 ANOS - CRISE TCG OU CLÔNICA DE CURTA DURAÇÃO (< 15 minutos) - NÃO SE REPETE EM 24 HORAS - FEBRE ALTA E/OU QUE AUMENTA RAPIDAMENTE - Pós-ictal marcado por alteração do nível de consciência, mas breve - Se for diferente do citado acima: CRISE FEBRIL ATÍPICA - Punção lombar somente se: < 6 meses, dúvida, não vacinados para haemofilos ou pneumococo entre 6-12 meses (considerar), em tratamento com antibiótico - Tratamento: diazepam, se crise - Profilaxia contínua: fenobarbital ou valproato - Profilaxia intermitente (se doente): diazepam ou clobazam - Risco maior de epilepsia se: história familiar de epilepsia, crise focal ou com alteração neurológica - Maior risco de recorrência se: < 1 ano, crise em febre baixa, crise com < 24h de febre 7- DESCREVER O TRATAMENTO PARA CRISE FOCAL E GENERALIZADA; QUAL DROGA COMEÇAR? Ausências » etossuximida ou valproato. Ausências + tônico-clônica generalizada » valproato. Tônico-clônica generalizada » carbamazepina, fenitoína, valproato, lamotrigina, topiramato. Focal perceptiva ou disperceptiva » carbamazepina, fenitoína, valproato, lamotrigina, levetiracetam. Focal evoluindo para tônico-clônica bilateral (incluindo epilepsia do lobo temporal) » carbamazepina, fenitoína, valproato. Mioclônica » valproato, lamotrigina. Espasmos infantis » ACTH ou vigabatrina. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 OBS: A LAMOTRIGINA é a droga de primeira escolha em TODOS os tipos de crise convulsiva. O ÁCIDO VALPROICO também, exceto nas crises focais. ATENÇÃO: carbamazepina, oxcarbazepina e fenitoína podem PIORAR crises de ausência, mioclônicas, tônicas e atônicas!!! 8- ABORDAR O TRATAMENTO DAS CEFALEIAS PRIMÁRIAS Enxaqueca (Migrânea) Conceitos: - 2ª cefaleia primária mais comum - “Cérebro hiperexcitável” - Mais comum em MULHERES e com HISTÓRIA FAMILIAR POSITIVA Clínica: É uma dor de origem VASCULAR: - PULSÁTIL E LATEJANTE - Unilateral - Piora com o movimento - Forte e incapacitante - Dura de 4-72 horas Também existem SINTOMAS ASSOCIADOS: - NÁUSEAS e vômitos (diagnóstico diferencial de dor abdominal recorrente principalmente em crianças) - FOTO E FONOFOBIA Tipos: Enxaqueca CLÁSSICA: - COM AURA (sinal neurológico focal): escotomas, paresias, plegias, parestesias Enxaqueca COMUM: - SEM AURA Tratamento: Abortivo: - TRIPTANOS: escolha para crises moderadas- graves. São agonistas serotoninérgicos 5HT1 (exemplos: sumatriptano, rizatriptano) - ANALGÉSICOS E AINE são opções para casos leves-moderados (cuidado com o abuso de analgésicos = o limite máximo para tratamento de crise de enxaqueca é de 2 doses por semana) - METOCLOPRAMIDA nos casos de náuseas e vômitos E nos casos refratários/falha terapêutica? - DEXAMETASONA: reduzir a recorrência (usar sempre em associação - CLORPROMAZINA (agonista dopaminérgico) - Outros: LASMIDITAN (agonista serotoninérgico seletivo. Indicado para cardiopatas, que apresentam risco com vasoconstrição periférica), ANTAGONISTAS CGRP (rimegepant e ubrogepant). Profilático: Quando? - Se MAIS DE 3-4 CRISES POR MÊS! Como? - BETABLOQUEADOR: escolha (exemplos: atenolol, propranolol) - Antidepressivos (exemplos: amitriptilina, venlafaxina) - Bloqueador do canal de cálcio de ação central (ex: flunarizina) - Anticonvulsivantes (exemplos: valproato, topiramato) - BCC: flunarizina - Antagonista do receptor CGRP: erenumabe, fremanezumabe, rimegepant, atogepant Obs: se a princípio um medicamento não der certo, pode haver a associação entre duas classes distintas. Cefaleia Tensional Conceitos: - É a cefaleia primária mais comum - Leve predomínio em mulheres Clínica: Características da dor: - OPRESSIVA (“em peso”, “em aperto”) - BILATERAL - Leve-moderada e que não incapacita - Dura de 30 minutos a 7 dias - Desencadeante: estresse Sintomas associados: 6 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - Hiperestesia e hipertonia da musculatura pericraniana - Pode ocorrer foto ou fonofobia Tratamento: Abortivo: - ANALGÉSICOS E AINES (: paracetamol 650 a 1.000 mg com ou sem cafeína, dipirona 500-1.000 mg, diclofenaco potássico 50-100 mg, ibuprofeno 200- 800 mg) Profilático: Quando? - Mais de 15 Dias de crises por mês por > 3 meses! Como? - AMITRIPTILINA 10MG AO DEITAR/NORTRIPTILINA Cefaleia em Salvas Conceitos: - Rara, porém mais comum em HOMENS JOVENS - Associada ao ETILISMO Clínica: Características da dor: - Dor “em facada” INSUPORTÁVEL - Sempre UNILATERAL/PERIORBITÁRIA - Dura de 15-180 minutos - Caráter “em salvas”: “aparece, fica um período e some”, até 8x ao dia e desaparece por semanas - Desencadeantes: etilismo, histamina e nitroglicerina - NÃO TEM AURA! Sintomas associados: - HIPEREMIA CONJUNTIVAL, LACRIMEJAMENTO, CONGESTÃO NASAL, SUDORESE FACIAL, MIOSE, PTOSE E EDEMA PALPEBRAL Diagnóstico: - Nos casos do primeiro episódio, como pode se assemelhar a uma cefaleia secundária, é importante a REALIZAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES (mesmo sendo uma cefaleia primária). Tratamento: Abortivo: - MÁSCARA DE OXIGÊNIO por 20-30 minutos, em paciente sentado e com tronco fletido para frente - Opções: Sumatriptano 6mg SC/intranasal, Zolmitriptano intranasal Profilaxia: Quando? - A partir da 1ª crise! Como? - VERAPAMIL 160-960 mg/dia, dividida em 2-3 doses. - VALPROATO DE SÓDIO: 1-2g/dia. - Opções: prednisona (ciclo de 10 dias) 9- DISCUTIR DIANOSTICOS E DIFERENCIAISDAS SINDRONES DEMÊNCIAS E TRATAMENTO DE ALZHEIMER. SÍNDROMES DEMENCIAS ALTERAÇÃO COGNITIVA OU COMPORTAMENTAL que: INTERFERE COM A VIDA (ATIVIDADES DIÁRIAS, TRABALHO, ETC)! Não é só perda da memória! Podemos ter uma demência com memória normal, mas com algum outro comprometimento cognitivo. PIORA PROGRESSIVAMENTE! Não existe demência aguda! DEMÊNCIA AGUDA = DELIRIUM! É importante descartar falseadores (distúrbio hidroeletrolítico, sepse, etc). Outro diagnóstico diferencial é a depressão! DEMÊNCIA PESSIMISTA = DEPRESSÃO! DOENÇA DE ALZHEIMER Conceitos: RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO (1) CARACTERIZAR PERDA COGNITIVA: - MINI-MENTAL, DESENHO DO RELÓGIO, FLUÊNCIA VERBAL; (2) AFASTAR FALSEADORES (3DS DO ESQUECIMENTO): - Droga: benzodiazepínicos.. - Delirium: sepse, fase aguda de IAM.. - Depressão: tristeza, pessimismo... (3) EXCLUIR CAUSAS REVERSÍVEIS: - LABORATORIAIS: FUNÇÃO RENAL E HEPÁTICA, TSH, B12 (alterações neurológicas), CA, VDRL, HIV. - NEUROIMAGEM: TC OU RM (excluir hematoma subdural, hidrocefalia) 7 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - Causa mais comum (>50% dos casos); - Estabelecimento de MORTE NEURONAL que geralmente se inicia no HIPOCAMPO (área relacionada com a memória). - Déficit de ACETILCOLINA (por isso o tratamento é com colinérgicos). - Depósito de proteína AMILOIDE (especialmente beta A-42) em grande quantidade formando as conhecidas PLACAS SENIS. - Depósito de proteína TAU que forma os chamados EMARANHADOS NEUROFIBRILARES. FATORES DE RISCO: Idade >60 anos História familiar; Fator genético: alelo E4 da apoproteina E; Estilo de vida sedentário; Atividade intelectual baixa; Síndrome de Down: costumam demenciar em idades menores. QUADRO CLÍNICO: Evolução em 10 ANOS (insidiosa) - COMPROMETIMENTO DE MEMÓRIA + OUTRO DEFÍCIT - Costuma iniciar com AMNÉSIA ANTERÓGRADA (fatos recentes); - Evolui com AFASIA (linguagem), APRAXIA (execução de tarefas), AGNOSIA (reconhecimento), DESORIENTAÇÃO (social/corporal). - IMOBILIDADE/INCONTINÊNCIA O paciente costuma morrer de complicações da imobilidade (TEP, broncoaspiração, sepse). DIAGNÓSTICO: - Para ter 100% de certeza: biopsia cerebral (não existe na prática). - O diagnóstico é ESSENCIALMENTE CLÍNICO! - Descartar condições reversíveis (hipotireoidismo, deficiência de B12, neurossífilis, demência relacionada ao HIV, tumores cerebrais, intoxicações crônicas). Quais os achados no exame de imagem? RNM: ATROFIA CORTICAL HIDROCEFALIA COMPENSATÓRIA OU EXVACUM (ventrículos dilatam para ocupar o lugar da atrofia) PET: HIPOPERFUSÃO TEMPORAL E PARIETAL. TRATAMENTO: Tenho que aumentar a acetilcolina! Anticolinesterásicos de ação central: para a fase mais INICAL DONEPEZIL: 5 A 10mg/dia em uma tomada; RIVASTIGMINA: 6 a 12mg/dia em duas tomadas (tem adesivo transdérmico também); GALANTIMINA: 16 a 24mg/dia em duas tomadas, ou dose única utilizando capsula de liberação prolongada. Antagonista do receptor NMDA do glutamato: para as fases mais MODERADAS-AVANÇADAS MEMANTINA: 5 a 20mg/dia; Se eu antagonizo o glutamato, eu diminuo a toxicidade! Obs: alguns autores dizem que a VITAMINA E pode ser utilizada de forma benéfica nas fases inicias da doença; DEMÊNCIA VASCULAR CONCEITO: - É A SEGUNDA MAIOR CAUSA DE DOENÇA; - DOENÇA ATEROSCLERÓTICA + FATORES DE RISCO (HAS, DM, dislipidemia, tabagismo). FORMAS CLÍNICAS: CORTICAL VASOS CALIBROSOS (MULTI-INFARTO) - Presença de doença aterosclerótica; - Evolução SÚBITA, mas em DEGRAUS (cada AVE prévio vai levando a uma piora). - ALTERAÇÕES FOCAIS no exame neurológico, decorrentes de AVE PRÉVIO. SUBCORTICAL VASOS PERFURANTES (INFARTO LACUNAR OU DOENÇA DE BISWANGER) - Quadro MAIS BRANDO. - Apresenta DESORIENTAÇÃO, DISTURBIOS COMPORTAMENTAIS (agressividade, euforia), DISFONIA, DISFAGIA e DIFICULDADE DE DEAMBULAÇÃO. - Degeneração de substancia branca periventricular, processo conhecido como LEUCOARAIOSE; - Evolução mais ARRASTADA; DIAGNÓSTICO: EXAME DE IMAGEM + QUADRO CLÍNICO TRATAMENTO: - TRATAR FATORES DE RISCO (HAS, DM, dislipidemia, tabagismo): principal. - PRESCREVER AAS; - Anticolinesterásicos: secundário, não funciona muito bem. DEMÊNCIA COM CORPÚSCULOS DE LEWY SÍNDROME PARKINSONIANA + DEMÊNCIA + ALUCINAÇÕES VISUAIS 8 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - Caráter FLUTUANTE da consciência (melhora-piora- melhora-piora). DIAGNÓSTICO: Presença de corpúsculos de Lewy no histopatológico; - Diagnóstico essencialmente CLÍNICO. TRATAMENTO: RIVASTIGMINA: Antipsicóticos e antidepressivos podem ser necessários. DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL OU DOENÇA DE PICK DEMÊNCIA + ALTERAÇÃO DO COMPORTAMENTO (desinibição sexual, agressividade, antissocial) - Alteração inicial do comportamento (antes da demência); - Acomete pacientes mais jovens e com história familiar positiva. DIAGNÓSTICO: - Quadro clínico + neuroimagem; - Imagem: ATROFIA FRONTOTEMPORAL + DILATAÇÃO VENTRICULAR COMPENSATÓRIA. SÍNDROME PARKINSONIANA SINAIS CARDINAIS + ACHADOS NÃO MOTORES É uma síndrome EXTRAPIRAMIDAL (“refina o movimento”); Córtex pré-motor: inibido pelo estriado (acetilcolina); Estriado: inibido pela substância negra (dopamina); O que acontece? - Redução da DOPAMINA. Consequência? - Estriado extremamente ativado (aumento de ACETILCOLINA) > córtex pré-motor muito inibido (sinais cardinais). QUADRO CLÍNICO: SINAIS CARDINAIS: - TREMOR DE REPOUSO (inicialmente assimétrico e unilateral). Diagnóstico diferencial: Tremor ESSENCIAL: postural, rápido, bilateral. Tratado com betabloqueador. Exemplos: situações adrenérgicas (susto). Tremor CEREBELAR: intencional, dismetria (“imperfeição na realização de um movimento”). - BRADICINESIA (movimentos lentos, com dificuldade para inicia-los). - INSTABILIDADE POSTURAL (deambula com tendência cair para frente “na busca do seu centro de gravidade”). - RIGIDEZ PLÁSTICA (“roda denteada”). Diagnóstico diferencial: Rigidez ELÁSTICA na síndrome piramidal (“sinal do canivete”). ACHADOS NÃO-MOTORES: - ALTERAÇÃO OLFATÓRIA; - DISAUTONOMIA (alterações FC, hipotensão postural); - ALTERAÇÕES DE HUMOR/COGNIÇÃO (Parkinson pode levar a demência). - SEBORREIA (é comum desenvolver dermatite seborreica). - DISTÚRBIOS DO SONO; - SÍNDROME ÁLGICA; Principal causa? DOENÇA DE PARKINSON Outras causas? Parkisonismo secundário: - Drogas: metoclopramida, flunarazina haloperidol (drogas antagonistas dopaminérgicas). - Damage (dano): AVE, trauma, hidrocefalia. - Degenerativa: Lewy, paralisia supranuclear. O que realizar em casos de dúvida? TRATAR - Se responder: doença de Parkinson! - Se não responder: pensar em outras causas; DOENÇA DE PARKINSON - DEGENERAÇÃO DA SUBSTÂNCIA NEGRA (reduz dopamina); TRATAMENTO: Padrão: Levodopa/Carbidopa 2 9 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - 50 mg de L-Dopa e 50 mg de carbidopa – Sinemet® ou de benserazida – Prolopa®) - Maior eficácia na bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, sendo menos eficaz no tremor. - O seu efeito torna-se cada vez menor após os primeiros 3 anos de tratamento. - Efeitos adversos: náuseas, taquicardia, hipotensão, agitação, discinesias e o “fenômeno liga-desliga”; Outros: - PRAMIPEXOL (agonista dopaminérgico - retarda o uso de levodopa) - SELEGINA (inibidor da MAO-B - neuroprotetor), - AMANTADINA (bloqueia a receptação de serotonina - usado quando a discinesia se torna importante). - BIPIRIDENO (anticolinérgico - paciente jovens com tremor predominante.); Casos refratários: ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PRODUNDA (ECP): como se fosse um marca- passo.
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