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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Síndromes demenciais ALTERAÇÃO COGNITIVA OU COMPORTAMENTAL que: INTERFERE COM A VIDA (ATIVIDADES DIÁRIAS, TRABALHO, ETC)! Não é só perda da memória! Podemos ter uma demência com memória normal, mas com algum outro comprometimento cognitivo. PIORA PROGRESSIVAMENTE! Não existe demência aguda! DEMÊNCIA AGUDA = DELIRIUM! É importante descartar falseadores (distúrbio hidroeletrolítico, sepse, etc). Outro diagnóstico diferencial é a depressão! DEMÊNCIA PESSIMISTA = DEPRESSÃO! DOENÇA DE ALZHEIMER Conceitos: - Causa mais comum (>50% dos casos); - Estabelecimento de MORTE NEURONAL que geralmente se inicia no HIPOCAMPO (área relacionada com a memória). - Déficit de ACETILCOLINA (por isso o tratamento é com colinérgicos). - Depósito de proteína AMILOIDE (especialmente beta A-42) em grande quantidade formando as conhecidas PLACAS SENIS. - Depósito de proteína TAU que forma os chamados EMARANHADOS NEUROFIBRILARES. FATORES DE RISCO: Idade >60 anos História familiar; Fator genético: alelo E4 da apoproteina E; Estilo de vida sedentário; Atividade intelectual baixa; Síndrome de Down: costumam demenciar em idades menores. QUADRO CLÍNICO: Evolução em 10 ANOS (insidiosa) - COMPROMETIMENTO DE MEMÓRIA + OUTRO DEFÍCIT - Costuma iniciar com AMNÉSIA ANTERÓGRADA (fatos recentes); - Evolui com AFASIA (linguagem), APRAXIA (execução de tarefas), AGNOSIA (reconhecimento), DESORIENTAÇÃO (social/corporal). - IMOBILIDADE/INCONTINÊNCIA O paciente costuma morrer de complicações da imobilidade (TEP, broncoaspiração, sepse). DIAGNÓSTICO: - Para ter 100% de certeza: biopsia cerebral (não existe na prática). - O diagnóstico é ESSENCIALMENTE CLÍNICO! - Descartar condições reversíveis (hipotireoidismo, deficiência de B12, neurossífilis, demência relacionada ao HIV, tumores cerebrais, intoxicações crônicas). Quais os achados no exame de imagem? RNM: ATROFIA CORTICAL HIDROCEFALIA COMPENSATÓRIA OU EXVACUM (ventrículos dilatam para ocupar o lugar da atrofia) PET: HIPOPERFUSÃO TEMPORAL E PARIETAL. RACIOCÍNIO DIAGNÓSTICO (1) CARACTERIZAR PERDA COGNITIVA: - MINI-MENTAL, DESENHO DO RELÓGIO, FLUÊNCIA VERBAL; (2) AFASTAR FALSEADORES (3DS DO ESQUECIMENTO): - Droga: benzodiazepínicos.. - Delirium: sepse, fase aguda de IAM.. - Depressão: tristeza, pessimismo... (3) EXCLUIR CAUSAS REVERSÍVEIS: - LABORATORIAIS: FUNÇÃO RENAL E HEPÁTICA, TSH, B12 (alterações neurológicas), CA, VDRL, HIV. - NEUROIMAGEM: TC OU RM (excluir hematoma subdural, hidrocefalia) 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 TRATAMENTO: Tenho que aumentar a acetilcolina! Anticolinesterásicos de ação central: para a fase mais INICAL DONEPEZIL: 5 A 10mg/dia em uma tomada; RIVASTIGMINA: 6 a 12mg/dia em duas tomadas (tem adesivo transdérmico também); GALANTIMINA: 16 a 24mg/dia em duas tomadas, ou dose única utilizando capsula de liberação prolongada. Antagonista do receptor NMDA do glutamato: para as fases mais MODERADAS-AVANÇADAS MEMANTINA: 5 a 20mg/dia; Se eu antagonizo o glutamato, eu diminuo a toxicidade! Obs: alguns autores dizem que a VITAMINA E pode ser utilizada de forma benéfica nas fases inicias da doença; DEMÊNCIA VASCULAR CONCEITO: - É A SEGUNDA MAIOR CAUSA DE DOENÇA; - DOENÇA ATEROSCLERÓTICA + FATORES DE RISCO (HAS, DM, dislipidemia, tabagismo). FORMAS CLÍNICAS: CORTICAL VASOS CALIBROSOS (MULTI-INFARTO) - Presença de doença aterosclerótica; - Evolução SÚBITA, mas em DEGRAUS (cada AVE prévio vai levando a uma piora). - ALTERAÇÕES FOCAIS no exame neurológico, decorrentes de AVE PRÉVIO. SUBCORTICAL VASOS PERFURANTES (INFARTO LACUNAR OU DOENÇA DE BISWANGER) - Quadro MAIS BRANDO. - Apresenta DESORIENTAÇÃO, DISTURBIOS COMPORTAMENTAIS (agressividade, euforia), DISFONIA, DISFAGIA e DIFICULDADE DE DEAMBULAÇÃO. - Degeneração de substancia branca periventricular, processo conhecido como LEUCOARAIOSE; - Evolução mais ARRASTADA; DIAGNÓSTICO: EXAME DE IMAGEM + QUADRO CLÍNICO TRATAMENTO: - TRATAR FATORES DE RISCO (HAS, DM, dislipidemia, tabagismo): principal. - PRESCREVER AAS; - Anticolinesterásicos: secundário, não funciona muito bem. DEMÊNCIA COM CORPÚSCULOS DE LEWY SÍNDROME PARKINSONIANA + DEMÊNCIA + ALUCINAÇÕES VISUAIS - Caráter FLUTUANTE da consciência (melhora-piora- melhora-piora). DIAGNÓSTICO: Presença de corpúsculos de Lewy no histopatológico; - Diagnóstico essencialmente CLÍNICO. TRATAMENTO: RIVASTIGMINA: Antipsicóticos e antidepressivos podem ser necessários. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL OU DOENÇA DE PICK DEMÊNCIA + ALTERAÇÃO DO COMPORTAMENTO (desinibição sexual, agressividade, antissocial) - Alteração inicial do comportamento (antes da demência); - Acomete pacientes mais jovens e com história familiar positiva. DIAGNÓSTICO: - Quadro clínico + neuroimagem; - Imagem: ATROFIA FRONTOTEMPORAL + DILATAÇÃO VENTRICULAR COMPENSATÓRIA. SÍNDROME PARKINSONIANA SINAIS CARDINAIS + ACHADOS NÃO MOTORES É uma síndrome EXTRAPIRAMIDAL (“refina o movimento”); Córtex pré-motor: inibido pelo estriado (acetilcolina); Estriado: inibido pela substância negra (dopamina); O que acontece? - Redução da DOPAMINA. Consequência? - Estriado extremamente ativado (aumento de ACETILCOLINA) > córtex pré-motor muito inibido (sinais cardinais). QUADRO CLÍNICO: SINAIS CARDINAIS: - TREMOR DE REPOUSO (inicialmente assimétrico e unilateral). Diagnóstico diferencial: Tremor ESSENCIAL: postural, rápido, bilateral. Tratado com betabloqueador. Exemplos: situações adrenérgicas (susto). Tremor CEREBELAR: intencional, dismetria (“imperfeição na realização de um movimento”). - BRADICINESIA (movimentos lentos, com dificuldade para inicia-los). - INSTABILIDADE POSTURAL (deambula com tendência cair para frente “na busca do seu centro de gravidade”). - RIGIDEZ PLÁSTICA (“roda denteada”). Diagnóstico diferencial: Rigidez ELÁSTICA na síndrome piramidal (“sinal do canivete”). ACHADOS NÃO- MOTORES: - ALTERAÇÃO OLFATÓRIA; - DISAUTONOMIA (alterações FC, hipotensão postural); - ALTERAÇÕES DE HUMOR/COGNIÇÃO (Parkinson pode levar a demência). - SEBORREIA (é comum desenvolver dermatite seborreica). - DISTÚRBIOS DO SONO; - SÍNDROME ÁLGICA; Principal causa? DOENÇA DE PARKINSON Outras causas? Parkisonismo secundário: - Drogas: metoclopramida, flunarazina haloperidol (drogas antagonistas dopaminérgicas). - Damage (dano): AVE, trauma, hidrocefalia. - Degenerativa: Lewy, paralisia supranuclear. O que realizar em casos de dúvida? TRATAR - Se responder: doença de Parkinson! - Se não responder: pensar em outras causas; DOENÇA DE PARKINSON - DEGENERAÇÃO DA SUBSTÂNCIA NEGRA (reduz dopamina); TRATAMENTO: Padrão: Levodopa/Carbidopa 2 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 - 50 mg de L-Dopa e 50 mg de carbidopa – Sinemet® ou de benserazida – Prolopa®) - Maior eficácia na bradicinesia, rigidez e instabilidade postural, sendo menos eficaz no tremor. - O seu efeito torna-se cada vez menor após os primeiros 3 anos de tratamento. - Efeitos adversos: náuseas, taquicardia, hipotensão, agitação, discinesias e o “fenômeno liga-desliga”; Outros: - PRAMIPEXOL (agonista dopaminérgico - retarda o uso de levodopa) - SELEGINA (inibidor da MAO-B - neuroprotetor), - AMANTADINA (bloqueia a receptação de serotonina - usado quando a discinesia se torna importante). - BIPIRIDENO (anticolinérgico - paciente jovens com tremor predominante.); Casos refratários: ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PRODUNDA (ECP): como se fosse um marca- passo.
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