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Marcas discursivas do sujeito APRESENTAÇÃO Para tratar sobre marcas discursivas do sujeito, deve-se observar que a categoria de sujeito, nas teorias linguísticas, é elaborada por uma teoria específica, a Análise de Discurso, pois é esta a linha de estudos que atenta para o papel constitutivo do sujeito em relação aos discursos que circulam socialmente. Sujeito e sentido constituem-se juntos, conforme Pêcheux, pois só é possível interpretar a partir da materialidade discursiva, ou seja, no momento em que um discurso é produzido. Na teoria discursiva não há como afirmar a neutralidade de um sujeito em relação ao que diz, pois sempre restarão marcas discursivas que determinam a posição do sujeito em relação ao que ele diz. Também não há como se pensar em total controle do sujeito sobre aquilo que diz, pois essa linha de estudos também trabalha com um sujeito dotado de inconsciente, ou seja, não totalmente consciente de tudo o que faz e diz. Outra noção que não pode ser pensada a partir dessa teoria é a liberdade do sujeito, pois o sujeito sempre fala de um lugar social específico que determina sua filiação ideológica. Desse modo, sempre há marcas que podem ser intradiscursivamente ou interdiscursivamente relacionadas ao sujeito, marcas essas que serão encontradas na materialidade do discurso. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer alguns exemplos de como analisar discursos em busca das marcas discursivas do sujeito. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a implicação da noção de sujeito e sentido, na teoria do discurso, para a análise das marcas discursivas. • Analisar o funcionamento das formações imaginárias de Pêcheux (1997) em análises discursivas de exemplos. • Identificar marcas do posicionamento do sujeito em relação à determinada formação discursiva. • Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado DESAFIO Pêcheux vai buscar, na teoria lacaniana do imaginário, fundamento para descrever o funcionamento da produção de sentido sobre os discursos. Ele afirma (1997, p. 82): o que funciona nos processos discursivos é uma série de formações imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. Neste jogo das formações imaginárias, o sujeito é levado a acreditar que o que diz é seu, ou seja, que é senhor do seu próprio dizer, assim, ele é levado a ocupar o seu lugar em um dos grupos ou classes de uma determinada formação social. A ideia de liberdade, portanto, trata-se de uma "ilusão" necessária para que o sujeito não perceba seu assujeitamento ideológico. Você está ministrando aulas de Análise de Discurso, no curso de publicidade e propaganda, e tem que explicar como funciona a teoria das formações imaginárias na formulação de um anúncio. Solicite para que os alunos assistam ao vídeo da Campanha Criança e Adolescentes, veiculado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e publicado em 23 de fevereiro de 2017, e expliquem como se dá o jogo entre as "formações imaginárias" nesse gênero discursivo, de que modo o lugar definido para o consumidor de determinado produto é materialmente marcado no discurso publicitário. Clique e veja o vídeo para realizar a sua análise. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! INFOGRÁFICO No poema "Limpeza pública”, de Luís Fernando Veríssimo, pode-se perceber o posicionamento do sujeito através das marcas discursivas que atualizam a posição-sujeito de quem produziu esse texto. Você pode notar, ao longo do poema, marcas discursivas, ou seja, palavras, expressões, afirmações que indicam o posicionamento do sujeito do discurso quanto ao conteúdo desse dizer. O poeta fala da poesia, em seu poema, do fazer poético, portanto, trata daquilo que lhe é mais próximo: sua própria escrita, tecendo comentários elogiosos ao seu fazer. Clique no infográfico para saber quais são e onde estão as marcas discursivas no poema. Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Pode-se dizer que buscar as marcas discursivas do sujeito em uma discursividade específica é fazer uma análise do modo como quem produz um discurso está se posicionando em relação àquilo que é dito/escrito. Na prática de análise discursiva, costuma-se perguntar: Como foi possível que determinado discurso viesse a ser produzido? Especificamente busca-se saber: quem produziu esse discurso e qual sua posição em relação ao tema tratado? A quem foi dirigido esse discurso e por quê? Em que condições sociais e históricas esse discurso foi produzido? Qual é a relação entre esse discurso e a formação ideológica dominante da sociedade na qual ele circula? Essas e muitas outras questões podem ser feitas de uma perspectiva discursiva, dependendo da investigação que o analista pretende produzir sobre um discurso tomado como objeto. Para conhecer, mais leia o capítulo Marcas discursivas do sujeito, do livro Linguística Avançada. Boa leitura. Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado LINGUÍSTICA AVANÇADA Debbie Mello Noble Priscilla Rodrigues Simões Laís Virginia Alves Medeiros Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 N747l Noble, Debbie Mello. Linguística avançada / Debbie Mello Noble, Priscilla Rodrigues Simões, Laís Virginia Alves Medeiros ; revisão técnica: Laís Virginia Alves Medeiros. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 146 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-144-0 1. Linguística avançada. I. Simões, Priscilla Rodrigues. II. Medeiros, Laís Virginia Alves. III. Título. CDU 81’33 Revisão técnica: Laís Virginia Alves Medeiros Mestra em Letras – Estudos da Linguagem: Teorias do Texto e do Discurso Bacharela em Letras – Habilitação Tradutora: Português e Francês Linguística Avançada_Iniciais_Impressa.indd 2 14/09/2017 10:55:53 Marcas discursivas do sujeito Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a implicação da noção de sujeito e sentido, na teoria do discurso, para a análise das marcas discursivas. Analisar o funcionamento das formações imaginárias de Pêcheux (1997) em análises discursivas de exemplos. Identi� car marcas do posicionamento do sujeito em relação à deter- minada formação discursiva. Introdução Para tratar deste tema, você deve observar que a categoria de sujeito, nas teorias linguísticas, é elaborada por uma teoria específica, a Análise de Discurso (AD) – ela é a linha de estudos que atenta para o papel constitu- tivo do sujeito em relação aos discursos que circulam socialmente. Sujeito e sentido constituem-se juntos, conforme Pêcheux, pois só é possível interpretar a partir da materialidade discursiva, ou seja, no momento em que um discurso é produzido. Na teoria discursiva não há como afirmar a neutralidade de um sujeito em relação ao que diz, pois sempre restarão marcas discursivas que determinam a posição do sujeito em relação ao que ele diz. Também não há como se pensar em total controle do sujeito sobre aquilo que diz, pois a AD também trabalhacom um sujeito dotado de inconsciente, ou seja, não totalmente consciente de tudo o que faz e diz. Outra noção que não pode ser pensada a partir dessa teoria é a liber- dade do sujeito, pois o sujeito sempre fala de um lugar social específico que determina sua filiação ideológica. Desse modo, sempre há marcas que podem ser intradiscursivamente ou interdiscursivamente relacio- nadas ao sujeito, marcas essas que serão encontradas na materialidade do discurso. Neste texto, você vai conhecer alguns exemplos de como analisar discursos em busca das marcas discursivas do sujeito. Linguística Avançada_U4_C10.indd 117 14/09/2017 11:01:54 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Sujeito e sentido na análise de discurso A noção de sujeito na análise de discurso, proposta por Pêcheux, trata-se de um lugar determinado na estrutura de uma formação social, ou seja, a categoria do sujeito só existe no âmbito social. Pêcheux (1997, p. 164), ao propor “[...] uma teoria da subjetividade (de natureza psicanalítica) [...]”, lembra-nos de que o sujeito é também dotado de inconsciente. Essa característica faz com que ele atue sob duas ilusões: ser a fonte de seu dizer e ser responsável pelo que diz, isto é, todo o sujeito imagina que o que diz se origina em si mesmo (pela sua vontade de dizer algo) e que somente a ele pode ser imputada a responsabilidade pelo seu dizer. No entanto, sob a perspectiva discursiva, não há sujeitos autônomos que fazem escolhas de acordo com sua vontade, a determinação da vontade é pura ilusão, pois todo o sujeito está submetido à ordem ideológica e ao inconsciente. Henry (1997) diz que sujeito e sentido constituem-se mutuamente, indicando, assim, que o sentido não está no sujeito, mas na relação entre o discurso do sujeito e outros discursos oriundos da formação discursiva (FD) com a qual o sujeito se identifica. Essa identificação está presente no jogo dos imaginários, processo em que o sujeito atribui a si e ao seu interlocutor o lugar social que cada um ocupa em relação à sociedade em que estão inseridos. Não há, portanto, um sujeito intencional que decide sobre seus atos de forma livre e individual, mas um sujeito constituído no corpo social, que age de acordo com a ideologia que o determina. Segundo Orlandi (2002, p. 49), o sujeito do discurso tem essa peculiaridade de, ao mesmo tempo, ser sujeito de e estar sujeito a. Ao dizer que o sujeito é sujeito de a autora está se referindo ao desejo inconsciente que o constitui, e estar sujeito a representa a submissão desse sujeito à ideologia através de sua relação constitutiva com a língua e com a história, pois ele “[...] é afetado por elas [...]” ao produzir sentidos. Assim, nessa teoria, não temos nem a hipertrofia do sujeito, caracterizada por concepções que consideram o sujeito centrado, inteiro; nem sua completa submissão, pois ele não é só reprodutor de sentidos na medida em que é capaz de alterar sentidos e produzir o novo. Marcas discursivas do sujeito118 Linguística Avançada_U4_C10.indd 118 14/09/2017 11:01:54 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce As “formações imaginárias” em Pêcheux Pêcheux (1997, p. 82) vai buscar na teoria lacaniana do imaginário fundamento para descrever o funcionamento da produção de sentido sobre os discursos, ele afi rma: “[...] o que funciona nos processos discursivos é uma série de formações imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro [...]”. Neste jogo das formações imaginárias (conforme você pode ver na Figura 1), o sujeito é levado a acreditar que o que diz é seu, ou seja, que é senhor do seu próprio dizer. Assim, ele é levado a ocupar o seu lugar em um dos grupos ou classes de uma determinada formação social. A ideia de liberdade, portanto, trata-se de uma “ilusão” necessária para que o sujeito não perceba seu assujeitamento ideológico. Figura 1. Jogo dos imaginários. Fonte: Sousa (2012, p. 64). Na tirinha da Turma da Mônica, apresentada na Figura1, você pode ver como se dá o jogo dos imaginários que Pêcheux elabora para mostrar como o sujeito sempre enuncia a partir da imagem projetada do seu interlocutor. No primeiro quadrinho da tira, a personagem Mônica parece estar feliz, pois expressa um sorriso e, também, um pouco envergonhada devido ao que tem a dizer para o personagem Cebolinha. Podemos entender que essa atitude, bem como a escolha das palavras “certas” para formular seu discurso nessa situação, se sustentam na expectativa de Mônica sobre a possibilidade de Cebolinha sentir ciúmes dela, caso ela namorasse com outro garoto, pois, no seu imaginário, Cebolinha poderia ocupar a posição de namorado dela. No entanto, no segundo quadro da tirinha, a expressão facial de Mônica muda totalmente para uma expressão de frustração ou indignação, que se dá 119Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 119 14/09/2017 11:01:54 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado diante da reação de Cebolinha que foi contrária àquela esperada por ela. Em vez de lamentar a possível “perda” de Mônica para outro menino, lamenta pelo suposto menino, demonstrando que ele sequer pensava na possibilidade de ocupar a posição de namorado de Mônica, até mesmo porque revela em seu discurso que essa seria uma condição que o deixaria “tliste”. A frustração da personagem é tão evidente que ela sequer responde a Cebolinha, o que pode indicar que a reação dele foi totalmente inesperada em relação ao sentido que Mônica pretendia produzir com seu dizer, isto é, provocar ciúmes no amigo. Nessa breve análise foi explicitado um dos modos de funcionamento do jogo dos imaginários, a partir do qual o sujeito enuncia produzindo projeções de seu interlocutor que nem sempre correspondem ao esperado, como aconteceu com a personagem Mônica. Conclui-se, assim, que não há determinação do sujeito sobre o sentido de seu dizer, pois ainda que possa ser formulado de acordo com o suposto sentido que se pretende produzir, não há garantias que o efeito de sentido produzido corresponda àquele idealizado pelo sujeito que enuncia. A produção de sentido de um discurso depende sempre do outro que o interpreta, e não somente daquele que o profere. Marcas discursivas Pode-se dizer que buscar as marcas discursivas do sujeito em uma discursivi- dade específi ca é fazer uma análise do modo como quem produz um discurso está se posicionando em relação àquilo que é dito/escrito. Na prática de análise discursiva, costuma-se perguntar: como foi possível que determinado discurso viesse a ser produzido? Especifi camente, busca-se saber quem produziu esse discurso e qual sua posição em relação ao tema tratado, a quem foi dirigido este discurso e por quê, em que condições sociais e históricas este discurso foi produzido e qual é a relação entre este discurso e a formação ideológica dominante da sociedade na qual ele circula. Essas e muitas outras questões podem ser feitas de uma perspectiva discur- siva, dependendo da investigação que o analista pretende produzir sobre um discurso tomado como objeto. Você deve lembrar que cada analista só pode analisar aquilo que lhe inquieta ou motiva enquanto sujeito e, por isso, um mesmo discurso analisado por diferentes sujeitos (com diferentes perguntas e motivações) também pode ser interpretado de maneiras distintas. Nessa teoria, não há nem o primado do sujeito nem o primado do sentido, isto é, nem o sujeito e nem as linguagens são determinantes para a produção de um sentido exato, ou correto, tudo depende do ponto de vista de quem empreende Marcas discursivas do sujeito120 Linguística Avançada_U4_C10.indd 120 14/09/2017 11:01:54 FranciscoRealce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce a análise e das leituras que esse sujeito será capaz de mobilizar sobre o objeto discursivo. Sobre a relação entre sujeito e sentido, lemos em Henry (1997, p. 139-140) que: Enunciar que a apropriação do conceito [...] implica uma noção de forma- -sujeito equivale a fazer do sentido um efeito ao mesmo tempo ideológico e subjetivo. Considerar assim o sentido indica que ele não pode estar relacionado com a forma-sujeito “indivíduo-sujeito”, ser procurado nas palavras, no texto ou no discurso de um indivíduo, mas na relação desse texto [...] com outros textos, outras palavras, outros discursos, relação na qual esse sentido se constitui enquanto efeito ideológico. Ao mesmo tempo, essas relações com outros textos [...] não se dão com quaisquer textos. O sentido, portanto, como efeito ideológico, não seria originado por um ato individual de utilização da língua por um sujeito para expressar determinado sentido que lhe convém. A interpretação de um texto, de palavras, ou imagens utilizadas por um sujeito na formulação de seu discurso será feita por outro sujeito, que, neste processo de produção de sentido, deve perceber a relação mantida entre esse discurso com outros textos, palavras ou discursos que com ele dialogam e que podem estar, ou não, inseridos na mesma formação discursiva (FD). Nos estudos enunciativos, fala-se sobre a “função responsiva” do discurso, para indicar que todo o discurso está inserido em uma cadeia de discursos que o antecederam e que ajudam a situar um discurso em relação ao sentido que sobre ele pode, ou deve ser produzido. Na teoria do discurso, esse fun- cionamento é teorizado por meio da noção de ordem do discurso, que seria uma continuidade de discursos que se encadeiam sem um limite final ou início definido. Se pensarmos nos variados gêneros discursivos (orais, escritos e não ver- bais), é possível lembrar que eles têm uma estrutura própria que já indica seu modo de interpretação. Uma notícia de jornal, por exemplo, responde a um padrão que determina o tipo de linguagem, as informações e o modo narrativo que serão empregados em sua formulação, pois são previamente determinados (social e historicamente). Assim, também ocorre com uma receita médica, cujo texto deverá versar sobre a prescrição e a posologia de determinado medicamento, utilizado como tratamento de um problema de saúde específico e para um sujeito específico. O texto narrativo, o poema, a carta, a piada, o recibo, o artigo científico e tantos outros gêneros de discursos trazem, em sua 121Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 121 14/09/2017 11:01:54 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado Francisco Realce Francisco Realce estrutura, marcas que situam o sujeito, tanto sobre o modo de apresentação ao qual deve obedecer sua formulação como ao modo de interpretação mais apropriado para determinado gênero de discurso. Observe a tirinhas da Turma da Mônica, nas Figuras 2, 3 e 4, e relembre o que leu até aqui sobre as marcas discursivas do sujeito. Figura 2. Magali. Fonte: Sousa (2012, p. 19). Na tirinha, que intitulamos Magali, temos uma ação que é marcada pela expressão facial da personagem Mônica, desde o primeiro quadrinho, que passa de tranquila para preocupada e, depois, surpresa. No terceiro quadro, Mônica revela verbalmente sua angústia à Magali – que permanece serena ao longo de todos os quadros. Não só o que Mônica diz em seu discurso, mas também o modo como ela diz, com expressão de surpresa, indicam que ela atua sobre o pré-construído de que Magali não é capaz de passar dois quadrinhos sem comer. Essa expectativa de Mônica se deve à característica mais marcante da personagem Magali, que é ser uma menina comilona e, por isso, aparecer comendo nos quadrinhos é uma regularidade que reforça essa característica. O humor, entretanto, não se dá a partir da frustração da expectativa de Mônica pela atitude de Magali nos dois primeiros quadrinhos, ao contrário, no mesmo momento em que Mônica expressa sua aflição, Magali aparece comendo um sanduíche, confirmando a expectativa da amiga e levando o leitor a reconhecer a marca característica de Magali nas histórias da Turma da Mônica: estar sempre comendo. Marcas discursivas do sujeito122 Linguística Avançada_U4_C10.indd 122 14/09/2017 11:01:58 Figura 3. Cascão. Fonte: Sousa (2012, p. 56). Na Figura 3, que intitulamos Cascão, as amigas Mônica e Magali imaginam à qual raça de cachorro gostariam de pertencer, caso fossem cachorros. Ao verem o personagem Cebolinha, elas supõem jocosamente também uma raça para ele, a partir da identificação com seu cabelo. No entanto, ao se referirem ao Cascão, não expressam verbalmente a raça que elas estavam atribuindo a esse personagem, pois, a partir da atitude de Cascão (que aparece mexendo em uma lixeira) tanto as amigas como o leitor podem interpretar que a raça atribuída ao Cascão seria a de vira-lata (expressão comumente utilizada para se referir a animais sem uma raça definida). Note que essa interpretação só é possível por meio do reconhecimento de uma regularidade discursiva do personagem Cascão, que é a aversão à água. Figura 4. Mônica. Fonte: Sousa (2012, p. 51). Na Figura 4, que intitulamos Mônica, a personagem sorridente dirige a um espelho a reiterada pergunta dos contos de fadas no primeiro quadrinho. 123Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 123 14/09/2017 11:02:10 A resposta do espelho, no segundo quadrinho, leva à mudança de expressão facial e corporal de Mônica, que parece incomodada com o imaginário do espelho sobre ela. No entanto, advertindo-a de que “[...] dá azar quebrar espe- lhos!”, o espelho retoma uma marca da personagem: reagir de forma violenta sempre que é contrariada. A advertência também indica que a resposta do espelho não coincidiria com a expectativa de Mônica ao lançar a pergunta. Ao mesmo tempo, essa resposta, junto à reação de Mônica de não reconhecer um traço característico de sua subjetividade, a agressividade, geram o efeito de humor da tirinha. Note que cada personagem da Turma da Mônica é caracterizado de modo a se diferenciar dos demais, mas personagens de histórias em quadrinho não têm uma existência na realidade empírica, sua existência é ficcional, embora suas marcas discursivas sejam passíveis de serem analisadas, pois há uma materialização desses personagens e de suas características no plano da linguagem dos quadrinhos por meio de um discurso que pode ser analisado. Analisar marcas discursivas do sujeito significa analisar tudo o que é material- mente produzido para gerar interpretações. Como já foi dito, o sentido de um discurso depende de um sujeito que o interprete e, assim, com ele estabeleça uma relação dialógica. Exemplo de análise das marcas discursivas do sujeito no artigo A memória na cena do discurso Indursky (2011), no artigo A memória na cena do discurso, propõe uma análise discursiva tomando o discurso do descobrimento do Brasil como uma forma- ção discursiva. A partir do recorte de uma materialidade verbal, a Carta de Caminha (1500) ao rei de Portugal, informando a respeito do descobrimento do Brasil; da representação pictórica da Primeira Missa no Brasil na tela de Victor Meirelles (1861), apresentada na Figura 5, que retoma uma cena da carta de Caminha; de uma marchinha de carnaval, intitulada História do Brasil, composta por Lamartine Babo (1934); e de um cartoon de Uberti (2000), intitulado A Primeira Árvore, que é uma manipulação sobre a pintura de Meirelles, a autora produz uma análise contrastiva entre as diferentes obras para explicitar o posicionamento do sujeito em relaçãoao imaginário sobre o descobrimento do brasil apresentado em cada uma delas. Marcas discursivas do sujeito124 Linguística Avançada_U4_C10.indd 124 14/09/2017 11:02:10 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Você encontra a Carta de Caminha no link ou no código a seguir (CAMINHA, 1500): https://goo.gl/PgLjok Figura 5. Primeira missa no Brasil, na tela de Victor Meirelles (1861). Fonte: Meirelles (1861). A autora faz sua análise em três tempos. O primeiro deles é a apresentação da obra de Meirelles (1861), para remeter o primeiro e segundo planos da tela Primeira missa no Brasil a sequências discursivas de referência recortadas da Carta de Caminha (1500). Sequências estas que estabelecem um “lugar de memória”, para que Meirelles pudesse produzir sua paráfrase pictórica da primeira missa rezada no Brasil por meio de sua tela. Indursky (2011, p. 75) diz que essa tela representa o imaginário no Brasil sobre a “descoberta”, apresentada como um discurso que se inscreve no “regime de repetibilidade”, gerando a regularização de saberes que passaram a fazer parte da “memória coletiva” (HALLBAWACS, 1950) nacional devido a sua repetição ao longo do tempo. 125Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 125 14/09/2017 11:02:11 Segundo a autora, os livros didáticos consolidaram esse imaginário, pos- sibilitando o jogo de repetição discursiva, até sua cristalização em redes de memória atualizadas em redes discursivas de formulações (INDURSKY, 2011, p. 76). No entanto, o sentido não só se repete, ele também se desloca. Pêcheux (2015), no texto Papel da Memória, diz que a memória não é um espaço regularizado, mas um espaço móvel de contradição, disjunção e retomadas. O interessante, como Indursky (2011, p. 77) explicita, é perceber que, mesmo após 300 anos, um discurso pode se inscrever na mesma formação discursiva sustentada pela mesma matriz de sentido, produzindo um efeito de retorno, ainda que as posições-sujeito tenham se alterado ao passar dos tempos. No segundo tempo da análise, o objeto discursivo analisado é uma marchinha de carnaval, História do Brasil, composta por Lamartine Babo (1934), na qual há o retorno do discurso do descobrimento consolidado pelos livros didáticos; mas, diferentemente destes, a música produz deslizamentos na interpretação do evento. Ao dizer que “Cabral inventou o Brasil”, em vez de “descobriu o Brasil”, tradicionalmente repetido em livros didáticos. Babo parece não se inscrever na mesma posição sujeito de Meirelles quando este produziu sua tela. No link ou no código a seguir, você pode ouvir a marcha de carnaval História do Brasil, de Lamartine Babo (1934): https://goo.gl/3ZPqkg A partir da palavra “inventou” (INDURSKY, 2011, p. 78) outros sentidos podem ser produzidos sobre o evento histórico do descobrimento, além daqueles possíveis com base no discurso fundador. O discurso ao qual a marchinha remete é o mesmo e, inclusive, está filiado a mesma formação discursiva, o que surgiu de novo foi um deslocamento com relação à posição-sujeito frente ao discurso fundador, gerando, no interior de uma mesma FD (a do discurso do descobri- mento) duas posições, uma de identificação com o discurso do descobrimento; e outra de contra identificação com relação a este discurso, questionando os saberes dominantes da FD do descobrimento (INDURSKY, 2011, p. 79). Marcas discursivas do sujeito126 Linguística Avançada_U4_C10.indd 126 14/09/2017 11:02:11 Francisco Realce Francisco Realce Resumindo, há um efeito de identificação do sujeito com os saberes da FD do descobrimento, quando tomamos os posicionamentos de sujeito evidenciados na Carta de Caminha e na tela Primeira missa no Brasil. Essas discursividades, carta e tela, atuam como pré-construídos desse discurso dominante, o discurso do colonizador do Brasil, o mesmo reproduzido através dos livros didáticos nas escolas do país. No entanto, o posicionamento da marchinha de carnaval questiona os saberes da FD do descobrimento, possibilitando que novas redes de sentido atravessem o discurso fundador. Assim, percebe-se que o trabalho da memória pode tanto fazer retornar como emergir novos sentidos. No terceiro tempo da análise, Indursky apresenta uma nova rede de saberes a respeito do discurso do descobrimento, a partir de um material que reproduz a exposição de cartoon em comemoração aos 500 anos do “descobrimento”, do qual ela recorta um cartoon de Uberti (2000). Nesse cartoon, o autor renomeia a obra Primeira missa do Brasil, de Meirelles, como A Primeira Árvore, desencadeando uma nova rede de sentidos que pode se relacionar ao discurso da devastação das florestas, iniciado pela retirada de madeira para a produção da cruz da primeira missa. Uberti fez, além da alteração do título da obra de Meirelles, a introdução de uma motosserra na cena, a qual aparece na mão de um português, que antes segurava um chapéu (INDURSKY, 2011, p. 81-82). Nas redes de memória atu- alizadas pela contradição posta no discurso de Uberti sobre a primeira missa, emerge a extinção do pau-brasil, a extorsão das riquezas naturais brasileiras, dos minerais de nosso solo, das nossas florestas e da fauna. Instituir uma nova rede de sentidos, produz o deslizamento dos saberes do discurso fundador do colonizador, que faz do “descobrimento” um evento memorável, para um discurso do brasileiro que conhece as consequências negativas do processo de coloniza- ção, ou seja, estabelece outra formação discursiva. Segundo Indursky (2011), essa interpretação do cartunista produz uma tensão, que resulta na desidenti- ficação dessa posição sujeito com relação à FD do discurso do descobrimento, identificando-se, a partir dos saberes que mobiliza, com outra memória: aquela que instaura a ruptura com o discurso regularizado, estabilizado. A análise de Indursky sobre a substituição do chapéu por uma motosserra explicita o processo, denominado por Pêcheux (1997) “ponto de encontro entre uma atualidade e uma memória”, pois no cartoon é proposto um des- locamento temporal que tira o sujeito português, situado no século XVI, de cena para trazê-lo ao século XX (ano 2000), apresentando outra FD: a do discurso pós-colonialista (INDURSKY, 2011, p. 84). Pela atualização presente da memória do descobrimento, o sujeito reorganiza (questionando; criticando; polemizando; denunciando) os saberes da FD do discurso do 127Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 127 14/09/2017 11:02:11 Francisco Realce descobrimento, propondo outra FD, da qual derivam novas redes de saberes. Indursky (2011) chama atenção para o caráter heterogêneo da memória que não corresponde apenas a uma FD, mas aponta para diferentes regiões do interdiscurso. Assim, é possível que uma memória, por mais regularizada que seja, faça ecoar saberes não coincidentes. A autora faz uma retomada dos posicionamentos de sujeito analisados, nas diferentes materialidades, com relação à FD observada, de modo que a Carta de Caminha e a tela Primeira missa no Brasil de Meirelles estão em posição de identificação com a FD do descobrimento. A marchinha de Babo apresenta uma posição de contra identificação, pois ainda está nessa FD. No entanto, o cartoon de Uberti instaura uma nova rede de saberes, atuali- zando a memória do descobrimento, mas reorganizando seus saberes derivando para outra interpretação, outro efeito de sentido com base na posição sujeito do brasileiro que não se identifica e nem se contra identifica com a FD do descobrimento, pois se desidentifica dessa FD, ainda que a retome, para che- gar a outro recorte do interdiscurso. Indursky (2011, p. 86) resume: “Não dá para interpretar uma atualidade sem mobilizar a memória.”. A repetibilidade, portanto, não é da mesma ordem, como explicitou a análise, pois, assim como promove a regularização dos saberes, possibilita deslocamentos desses saberes, ou seja, sua desregularização por meio da produção de sentidosoutros. Não existe uma categoria única que pode assumir a função de marca discursiva – ela pode ser tanto um verbo ou um adjetivo como uma imagem, de acordo com os exemplos analisados. Você pode ver outra análise discursiva acessando o link ou o código a seguir (SIMÕES, 2015): https://goo.gl/J8PYC7 Marcas discursivas do sujeito128 Linguística Avançada_U4_C10.indd 128 14/09/2017 11:02:12 Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Realce Francisco Sublinhado 129Marcas discursivas do sujeito Linguística Avançada_U4_C10.indd 129 14/09/2017 11:03:05 BABO, L. História do Brasil. [S.l.: s.n.], 1934. Música. Disponível em: <https://www.va- galume.com.br/lamartine-babo/historia-do-brasil-marchacarnaval.html>. Acesso em: 31 ago. 2017. BENITZ, J. A. Game of Thrones para adultos. São Paulo: Observatório da Imprensa, 2017. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/dilemas-contemporaneos/ game-of-thrones-para-adultos/>. Acesso em: 21 ago. 2017. CAMINHA, P. V. A carta de Caminha. Rio de Janeiro: Educação Pública, 1500. Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0015.html>. Acesso em: 31 ago. 2017. HENRY, P. Os fundamentos teóricos da “Análise Automática do Discurso” de Michel Pêcheux (1969). In: GADET, F.; HAK, T. (Org.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas: UNICAMP, 1997. INDURSKY, F. A memória na cena do discurso. In: INDURSKY, F.; MITTMANN, S.; FER- REIRA, M. C. L. (Org.). Memória e história na/da análise do discurso. Campinas: Mercado de Letras, 2011. p. 67-89. MEIRELLES, V. Primeira missa no Brasil. 1861. 1 original de arte. Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/09/primeira-missa.jpg>. 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Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Neste vídeo, você vai ver uma análise das marcas discursivas do sujeito em um artigo de opinião. A partir de um excerto do artigo “Cena de sangue num bar”, de Álvaro Pereira Júnior, são identificadas algumas marcas discursivas que sublinham o posicionamento do autor do artigo quanto ao tema tratado em seu texto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Na Turma da Mônica há uma marca discursiva que remete ao personagem Cebolinha. Assinale a alternativa em que é apresentada a principal marca subjetiva desse personagem: A) Aversão à água. B) A troca do “r” pelo “l”. C) O interesse por planos infalíveis. D) O uso da expressão "sô". E) Grande apetite. 2) Nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, é reiterada uma marca discursiva da personagem Mônica, cujo reconhecimento é necessário a fim de que o leitor entenda o efeito de humor causado pelo coelho que aparece nas historinhas. Assinale a alternativa em que essa marca subjetiva relacionada ao coelhinho é apresentada: A) Ter dentes grandes. Francisco Realce B) Usar a força para obter o que deseja. C) Grande apetite. D) Trocar o “r” pelo “l”. E) Aversão à água. 3) No trecho a seguir, extraído de um artigo de opinião, um comentário marca a posição-sujeito do autor desse artigo quanto ao posicionamento sustentado pelo autor de um artigo publicado na Folha de São Paulo: "Recentemente, foi publicado um artigo na Folha de São Paulo chamando, por tabela, de idiota quem gosta de Game of Thrones. Para desqualificar qualquer um que goste dessa série, recorre a uma obra intitulada Crônicas Saxônicas, que ele compara e diz ser Game of Thrones para adultos. Típico de intelectual que quer se mostrar culturalmente superior." Qual é o posicionamento do autor do trecho em relação à posição sustentada pelo autor do artigo da Folha de São Paulo a respeito da série Game of Trones? A) Contrário. B) Favorável. C) Imparcial. D) Neutro. E) Indiferente. 4) Pêcheux formula a noção de formações imaginárias a partir de um conceito desenvolvido por qual psicanalista? Francisco Realce Francisco Realce A) S. Freud. B) D. Winnicott. C) M. Klein. D) C. G. Jung. E) J. Lacan. 5) "Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda." (Luís Fernando Veríssimo, em "O gigolô das palavras". Porto Alegre: L&PM, 1982.) Neste trecho, Luís Fernando Veríssimo mostra qual posicionamento quanto à obediência de regras gramaticais por parte dos escritores? Assinale a alternativa CORRETA: A) Imparcial. B) Favorável. C) Contrário. D) Indiferente. Francisco Realce Francisco Realce E) Indeciso. NA PRÁTICA As marcas discursivas do sujeito podem ser encontradas em todos os gêneros do discurso, elas podem ser verbais ou não verbais, pois assim como os signos linguísticos, as formas, as cores e as imagens podem também auxiliar na interpretação de determinado material simbólico. O gênero publicidade traz, em geral, essas materialidades funcionando de forma conjunta quando, por meio do uso de signos verbais e/ou não verbais, produz uma narrativa dirigida a determinado leitor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Saiba mais sobre as marcas discursivas do sujeito na tese de Doutorado sobre Rumor(es) e Humor(es) na circulação de hashtags do discurso político ordinário no Twitter, de Juliana da Silveira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia o artigo de Elaine de Moraes Santos sobre A produção de um efeito de copresença Lula-Dilma no discurso político-midiático de semanários brasileiros em 2010, onde aborda a questão de pressupostos teórico-metodológicosda Análise do Discurso (AD) de linha francesa. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Argu(meme)ntando Argumentação, discurso digital e modos de dizer Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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