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Bioquímica Deygiane Xavier Oxidação de Aminoácidos e Ciclo da Ureia PAPEL DO GLUTAMATO O papel é concentrar todas as reações de transaminação na formação de um único aminoácido. Então acima temos um aminoácido qualquer que vai sofrer uma transaminação, ou seja, vai transferir seu grupamento amina para um α-Cetoglutarato o qual vai ser transformado no aminoácido glutamato. E o aminoácido será transformado em α- Cetoácido. Essas reações acontecem em praticamente todos os tecidos. Então, o glutamato é uma forma comum de recepção do grupamento amina. DESAMINAÇÃO OXIDATIVA Esse glutamato terá que ser transferido para a mitocôndria, onde vai acontecer as reações de síntese da ureia. No processo de síntese da ureia o glutamato terá que doar seu grupamento amina e essas reações de doação são chamadas de desaminação oxidativa. Que acontece por meio da enzima glutamato desidrogenase (GDH). Enzima glutamato desidrogenase (GDH): Ela é expressa em praticamente na mitocôndria de todos os tecidos. Promove reação reversível; Especifica para o glutamato Coenzima NAD+/NADP+ Bioquímica Deygiane Xavier Alta atividade Enzima alostérica – regulada pelo nível energético da célula. REAÇÃO DA GLUTAMATO DESIDROGENASE Ela produz uma reação onde o glutamato aminado é desaminado dando origem ao α- Cetoglutarato e eliminando NH4 + que vai entrar no ciclo da ureia, mas a glutamato desidrogenase também pode promover a reação onde o α-Cetoglutarato reagem com a NH4 + formando o glutamato. O sentido em que a reação será conduzida irá depender do nível energético da célula. Se a célula está com baixo nível energético, o próprio ADP estimula a glutamato desidrogenase a desaminar o glutamato produzindo α-Cetoglutarato e NH4 + (amônia). Isso acontece porque o α- Cetoglutarato é um dos intermediários do ciclo de Krebs, o qual pode entrar no ciclo e auxilia-lo a produzir mais energia. Entretanto, se os níveis energéticos estiverem alto, o ATP age no sitio alostérico da enzima, estimulando a enzima a aminar o α-Cetoglutarato, já que ele está em excesso. Isso irá produzir o glutamato e eliminar o excesso de amônia. FONTES DE NH3 A glutamina é outra forma de transportar amônia. Ela acontece em todos os tecidos, o glutamato transporta amônia basicamente dentro do hepatócito. TOXIDADE DA AMÔNIA Sabemos que a amônia é toxica, por este motivo é tão importante que nosso corpo a elimine. O processo de eliminação pode acontecer por: 1. Aminação redutiva do α-Cetoglutarato; 2. Conversão do glutamato em glutamina. Então com já vimos, o α-Cetoglutarato juntamente com a NH4 + se transforma em glutamato. O glutamato pode seguir dois caminhos: 1. Pode seguir como fonte para a síntese de GABA; Bioquímica Deygiane Xavier 2. Ou pode seguir como fonte para a síntese de glutamina. A amônia tem como principal toxidade o coma neuronal. Se houver grande concentração de amônia, mais amônia irá reagir com o α- Cetoglutarato o que vai ocasionar redução na síntese de ATP. Esse ATP é importante para a transmissão neuronal e para o processo de manutenção do potencial de membrana dos neurônios ou da despolarização necessária para a função neuronal. Essa é uma das razões de toxidade da amônia. Outra razão é que quanto mais amônia, menos glutamato é formado e, portanto haverá diminuição na síntese de GABA. O GABA é um dos principais neutransmissores inibitórios. E, além disso, também haverá a diminuição do próprio glutamato que é um neurotransmissor excitatório. Neutransmissores são mensageiros químicos que são liberados pelos neurônios. Ele garante que a informação seja levada a uma célula receptora. PRINCIPAIS FORMAS DE TRANSPORTE DA AMÔNIA Então uma das principais formas de transportar amônia é a glutamina que vem de todo metabolismo tecidual dos aminoácidos. Então todos os aminoácidos depois que passam pelo processo de transaminação formam o glutamato e o glutamato necessariamente forma glutamina para transportar os grupamentos amina para o fígado. Outra forma de transporte é a alanina. Ela vem do metabolismo do músculo em exercício e leva o grupamento amina para o fígado. TRANSPORTE DE AMÔNIA PELA GLUTAMINA E ALANINA O Glutamato sobre a ação da glutamina sintase vai formar o y-glutamilfosfato, onde será adicionado um grupamento amônia formando assim a glutamina. A glutamina vai então transportar amônia de todos os tecidos para o fígado, o qual vai liberar os grupamentos amônia para formação da urina. Já músculo irá utilizar a alanina para transportar o grupamento amônia. As Bioquímica Deygiane Xavier proteínas musculares vão liberar aminoácidos que depois de oxidados vão liberar amônia que tem por produto final o glutamato. Neste caso, o glutamato não vai se transformar em glutamina. O glutamato vai sofrer o processo de transaminação formando a alanina e restaurando o α- Cetoglutarato. A alanina irá transportar o grupamento amina até o fígado onde a alanina sofre novamente um processo de transferência de grupamento amina para o α-Cetoglutarato que se transforma em glutamato, restaura o piruvato que entra na gliconeogênese para formar glicose. A glicose vai até o músculo que é oxidado até piruvato pela glicólise gerando, portanto energia. Esse ciclo (em rosa) é chamado de ciclo da Alanina. É importante, pois libera energia para o músculo e o libera da toxicidade da amônia. AMÔNIA NO FÍGADO A amônia chega ao fígado através da alanina muscular que depois foi convertida em glutamato, chega também através de aminoácidos hepáticos que sofreram o processo de transaminação formando também o glutamato e chega também através da glutamina dos tecidos extra- hepáticos. O glutamato e a glutamina conseguem atravessar a matriz mitocondrial. Dentro da matriz mitocondrial todos eles se convertem em glutamato. A glutamina também pode liberar o grupamento amina por uma desaminação. O glutamato libera o grupamento amina e forma o α- Cetoglutarato. A amônia sofre uma reação pela ação da enzima carbomoil-fosfato sintase I e vai dar origem ao carbamoil-fosfato que vai reagir com a ornitina para formar a citrulina, a qual vai completar o ciclo da ureia fora da mitocôndria. Então ela será transportada para o citosol. No citosol, a citrulina vai utilizar mais uma molécula de ATP para se transformar em citrulil-AMP, o qual vai reagir com o aspartato que está levando mais um grupamento amina. Essa reação irá produzir o arginina-succinato, que vai Bioquímica Deygiane Xavier sofrer uma cisão e liberar o fumarato e a arginina. A arginina, por sua vez, vai sofrer uma nova cisão liberando a ureia e restaurando a ornitina que entra novamente na membrana mitocondrial. UREIA A ureia possui dois grupamentos aminas, um que veio do aspartato e o outro que veio da amônia que veio dos diversos aminoácidos da oxidação. CARBAMOILFOSFATO SINTASE I Uma das enzimas do ciclo, a enzima cabamoilfosfato sintase I é a enzima regulatória do ciclo. É regulatória, pois promove a reação limitante da velocidade do ciclo. • Reação limitante da velocidade do ciclo • 1º enzima da via; • Enzima mitocondrial; • Essencial para a síntese da ureia; • Usa amônia como doador de nitrogênio;• Ativada por N-acetilglutamato. SÍNTESE DE N-ACETILGLUTAMATO O aumento da NH3 tem como consequência o aumento de glutamato. Com o aumento de glutamato aumenta também a concentração de arginina (produzida a partir do glutamato) que é uma molécula na N- acetilglutamato sintase a qual transforma Acetil CoA glutamato em N-acetilglutamato o qual aumenta a atividade da carbamoil fosfato sintase I. BICICLETA DE KREBS O ciclo da ureia tem uma relação intima com o ciclo de Krebs, o que se convencionou chamar de bicicleta de Krebs. O carbamoil-fosfato que foi sintetizado a partir do ciclo da ureia se liga a ornitina Bioquímica Deygiane Xavier formado a citrulina, como vimos anteriormente. A citrulina juntamente com o aspartato forma o arginino-succinato, o qual vai ser quebrado liberando a arginina e o fumarato. O fumarato irá sofrer um processo de síntese de malato o qual vai retornar a mitocôndria e entrar no ciclo de Krebs. O malato entra no ciclo de Krebs que forma aspartato o qual sai da mitocôndria para reagir com citrulina e formar a arginino- succinato. Então de certa forma o ciclo da ureia alimenta o ciclo de Krebs quando produz malato. E o ciclo de Krebs alimenta o ciclo da ureia quando sintetiza aspartato e é isso que chamamos de bicicleta de Krebs. Essa bicicleta é útil para produção de energia. BALANÇO ENERGÉTICO DO PROCESSO O ciclo da ureia precisa de 4 moléculas de ATP para funcionar. Então 4 reações do ciclo precisam de ATP para serem impulsionadas. Uma dessas reações que é a produção de fumarato que vai o ciclo de Krebs que produz malato e ao produzir oxaloacetado produz também uma molécula de NADH que produz aproximadamente 3 ATP. Então do ciclo da ureia que precisa de 4 ATP, já forma um composto que vai sintetizar 3 ATP, então na verdade o balanço energético do ciclo da ureia é de apenas 1 ATP. DEFICIÊNCIA DAS ENZIMAS DO CICLO DA UREIA Pode haver deficiência das enzimas que participam do ciclo metabólico, o que pode causar diversos transtornos metabólicos. A deficiência da carbamoil-fosfato sintase é chamada de hiperamonemia congênita do tipo I, pois haverá uma acumulo de amônia, pois essa enzima é responsável pela síntese da carbamoil-fosfato. Já vimos que o acumulo de amônia é altamente toxico para os neurônios. Pode haver também a deficiência de ornitina transcarbamoilase, chamada de hiperamonemia congênita do tipo II que é Bioquímica Deygiane Xavier responsável pela síntese da ornitina, vai haver acumulo de amônia. Pode haver acumulo de citrulina que é a citrulinemia que é causada pelo acumulo da argininosuccinato sintetase. Temos também: Acidúria argininossuccinica argininosuccinato Arginemia arginase Qualquer um desses acúmulos pode gerar toxicidade cerebral, mas o principal é o acumulo de amônia.
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