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1 INTRODUÇÃO As proteínas são polímeros de aminoácidos, e são recicláveis, elas podem vir da dieta e são digeridas pelas enzimas liberando aminoácidos. Além disso, há as proteínas endógenas, que são aquelas que sofrem proteólise pelo nosso corpo para serem melhor aproveitadas como aminoácidos. Basicamente temos 20 aminoácidos para formar as proteínas, dentre esses temos os naturais (nosso organismo produz), e os essenciais (nosso corpo não produz, e se você não consumir você fica prejudicado). O esqueleto carbônico dos aminoácidos pode servir para a síntese de glicose ou glicogênio, respiração celular e síntese de ácidos graxos. O grupo amino vai para o ciclo da ureia, ou utilizados na síntese de compostos nitrogenados não proteicos (como T3 e T4). Os aminoácidos são divididos em glicogênicos e cetogênicos, os glicogênicos são aqueles que no fim vão virar glicose, e os cetogênicos são aqueles que no fim vão virar acetoacetato, e depois vão se transformar em corpos cetônicos. OBS: A LEUCINA E LISINA SÃO OS DOIS AMINOÁCIDOS EXCLUSIVAMENTE CETOGÊNICOS. DIGESTÃO INTRACELULAR DAS PROTEÍNAS As proteínas podem ser degradadas dentro da célula por 3 caminhos principais: 1. Via lisossomo. 2. Via Proteossomo. 3. Via Autofagia. Na primeira, temos como exemplo as proteínas que são englobadas pela célula, por exemplo a proteína que carrega o colesterol até as células, quando o colesterol vai ser englobado, acaba que essa proteína vai junto, ou seja, ela é degradada pela ação do lisossomo. Na segunda temos uma via um pouco mais complexa, mais ela é responsável por degradar as proteínas que não foram produzidas corretamente (e podem se relacionar com doenças neurodegenerativas) e proteínas reguladora. Esse processo consome energia e a proteína precisa ser marcada para que seja degradada, ou seja, é adicionada uma proteína chamada ubiquitina em uma lisosina da proteína, e assim ela é marcada. Após esse processo, ela é encaminhada para o proteassomo, que é como se fosse um tubo, por onde a proteína passa e é clivada, liberando aminoácidos. O terceiro processo ela não deu muitos detalhes não, ela só falou que existia. TRANSAMINAÇÃO Ocorre com um certo grupo de aminoácidos e é quando eu pego um grupamento amino de uma aminoácido e transfiro para o alfa-cetoglutarato (lembrar que ele é um intermediário do ciclo de Krebs), formando um glutamato e um alfa-ceto-ácido (esse alfa-ceto-ácido pode equivaler ao piruvato, ao oxalacetato, depende do aminoácido que utilizamos como substrato). Quem faz esse processo de transaminação é uma enzima chamada de amino-transferase, essa enzima possui uma coenzima que é o piridoxalfosfato (PLP), que vai ser responsável por receber o grupamento e amino e transportar para o alfa-cetoglutarato (ela é derivada da vitamina B6). EXEMPLO: Numa reação de transaminação da alanina, o que forma é o glutamato e o piruvato (que é o alfa-ceto-ácido correspondente a transaminação da alanina. A amino-transferase que faz essa reação recebe o nome do aminoácido também, então fica alanina amino-transferase, que é bem conhecida como TGP. Outro exemplo que é bom citar é o do aspartato, ou seja, o aspartato é transaminado pela aspartato amino- transferase, também conhecida como TGO, e essa reação gera um oxalacetato (que é o alfa-ceto-ácido correspondente) e glutamato. OBS: TGO e TGP são enzimas muito presente no hepatócito, quando pedimos exame laboratorial para averiguar os níveis dessas enzimas no sangue e elas são encontradas em grande quantidade, é necessário estar ligado na relação disso com lesões hepáticas, ou seja, se meu hepatócito esta morrendo, ele se desfaz e libera o seu conteúdo citoplasmático, ou seja, ele libera essas enzimas no sangue (mas não eram para estar lá), por isso podemos relacionar níveis elevados de TGP e TGO no sangue com lesões hepáticas. A transaminação é uma reação reversível, ou seja, dependendo da demanda do organismo vamos ter mais piruvato ou mais alanina, utilizando como exemplo a transaminação da alanina em piruvato e glutamato. DESAMINAÇÃO Significa tirar o grupamento amino, quem sofre essa ação é o glutamato. A enzima que faz isso é a glutamato-desidrogenase, e no final forma um alfa- 2 cetoglutarato, sendo que esse glutamato pode vir tanto da transaminação de um determinado aminoácido, ou da proteólise de uma proteína. Nesse processo temos uma redução de NAD+, ou seja, forma um NADH (essa enzima também pode usar o NADP+ para liberar o H+, ou seja, pode liberar um NADPH). Além disso, o grupo amino retirado do glutamato é liberado na forma de amônia, ou seja, NH3. OBS: É importante lembrar que essa reação de Desaminação acontece dentro da mitocôndria, e isso pe importante, pois, nesses processo há a liberação de amônia, que é muito tóxica, então concentramos a amônia em um lugar bem menor, que é dentro da mitocôndria. AMINOÁCIDOS QUE VEM DA DIETA As proteínas da dieta começam a ser quebradas pelas pepsinas e os aminoácidos são absorvidos no intestino delgado, esses aminoácidos são transportados para o figado, onde serão processados. É importante dizer que junto desses aminoácidos da dieta, proteínas internas do figado também são degradadas no hepatócito. Quando chegam no fígado sofrem a reação de transaminação que libera um alfa-ceto-ácido correspondente ao aminoácido degradado e um glutamato, essa reação é executada pela amino- transferase com presença da coenzima PLP. Depois disso o glutamato entra na mitocôndria, onde sofre a reação de Desaminação pela ação da glutamato-desidrogenase, onde há a liberação de amônia e de NADH ou NADPH, liberando um alfa- cetoglutarato, que é um intermediário do ciclo de Krebs, que acontece dentro da mitocôndria, e olha só!, ele já está dentro da mitocôndria, que incrível não é mesmo! PROTEÍNAS DOS TECIDOS EXTRA- HEPÁTICOS Elas são degradadas no citoplasma da célula e se sofrerem todo esse processo idêntico vão liberar amônia, porém o clico de conversão da amônia em ureia só acontece no figado, então tem que acontecer alguma coisa na reação de Desaminação, para que o grupo amino não seja liberado na forma de amônia e se ligue a outra molécula para chegar no figado e o processo ser realizado certinho. Duas moléculas são importantes nesse processo, a glutamina (possui vantagem sobre o glutamato, pois consegue fazer com que dois grupos amino se liguem a ela, fazendo com que o transporte desses grupos amino para o fígado seja mais compensatório) e a alanina (que é uma molécula que faz esse transporte de grupos amino, só que ela está relacionada particularmente ao músculo). Então, depois dos aminoácidos passarem pela transaminação, há a formação do glutamato e de um alfa-ceto-ácido correspondente ao aminoácido degradado. Esse glutamato sofre ação da enzima glutamina- sintetase, que adiciona um grupo amino na sua cadeia lateral, mas, para isso consome 1 ATP, formando a glutamina. A glutamina é levada para o fígado pelo sangue, e quando chega no fígado sofre a ação da enzima glutaminase, dentro da mitocôndria, liberando um glutamato e uma amônia (essa amônia vai para o ciclo da ureia). Depois, esse glutamato é desaminado pela glutamato- desidrogenase, liberando a segunda amônia (que vai para o ciclo da ureia) e o alfa-cetoglutarato (esse vai para o ciclo de Krebs). Quando falamos da alanina, temos que estar ligados em um processo integrado: As proteínas do musculo formam aminoácidos, e esses aminoácidos sofrem o processo de transaminação, 3 liberando glutamato no citoplasma das células musculares. Quando em contração, o músculo está consumindo glicose e liberando muito piruvato, ou seja, o piruvato fica em excesso. O piruvato em excesso com a presença de glutamato acaba por geraruma reação mediada pela alanina amino-transferase, que transfere o grupo amino para o piruvato, formando alanina, e o glutamato é convertido em alfa-cetoglutarato. Essa alanina cai na corrente sanguínea e chega até o fígado, onde vai sofrer ação da alanina amino- transferase, só que ao contrário, ela vai transferir o grupamento amino da alanina para um alfa- cetoglutarato, que vai gerar no final um piruvato e um glutamato. O glutamato entra na mitocôndria para fazer todo aquele ciclo e a amônio conseguir chegar no ciclo da ureia. O piruvato no figado entra na via de gliconeogênese, formando glicose, e essa glicose volta a corrente sanguínea para chegar no musculo, para suprir as celulas de energia durante a contração muscular (que já estava acontecendo, por isso tinha o excesso de piruvato, e por isso a reação ocorreu). Esse ciclo torna viável e menos perigoso o transporte dos grupamentos amino, que seriam tóxicos ao tecido muscular, até o figado, que consegue dar um jeito nisso. OBS: Fenilcetonúria é a deficiência da fenilanina hidroxilase, que converteria a fenilanina em tirosina, como não faz isso, há um aumento da concentração de fenilanina. Esse aumento na concentração de fenilanina provoca a ativação da enzima fenilanina amino-transferase, que transfere esse grupamento amina para um piruvato, formando alanina e um fenilpiruvato. Esse fenilpiruvato compete com o piruvato para entrar na célula, isso prejudica a respiração celular da célula e a capacidade de ela formar ATP, o que é prejudicial a saúde. Fazendo com que as pessoas fiquem com retardamento mental e uma pigmentação deficiente. Detectada no teste do pezinho. CICLO DA UREIA É o processo no qual a amônia, que no nosso corpo é obtida por meio do processo de degradação de proteínas e aminoácidos, é convertida em ureia (que é a principal forma de excreção de compostos nitrogenados nos humanos). A produção da ureia acontece no figado, mas a sua excreção é nos rins. O glutamato (que pode ser produto da proteólise ou de uma transaminação), entra na mitocôndria e sofre a ação da glutamato-desidrogenase, liberando o íon amônio e um alfa-cetoglutarato. Não se pode esquecer que o íon amônio também pode ser originado da glutamina, que primeiro libera o seu primeiro amônio por ação da glutaminase, e depois o segundo pela ação da glutamato-desidrogenase. O íons amônio se associa com o bicarbonato, por meio da ação da enzima carbamoil-fosfato sintetase 1, reação essa que custa 2 ATP, formando o carbamoil-fosfato. Essa enzima carbamoil-fosfato-sintetase 1 é a reguladora do processo, ou seja, se ela estiver ativa, o ciclo da ureia está funcionando perfeitamente, agora, se ela estiver inibida, o ciclo da ureia também fica inibido. A molécula que influencia positivamente essa enzima é o N-acetilglutamato, que é formado a partir do excesso de glutamato, ou seja, o excesso de glutamato modula positivamente o ciclo da ureia. Esse carbamoil-fosfato se liga com a ornitina, formando citrulina. A citrulina reage com o aspartato, formando arginino- succinato, essa reação consome 1 ATP. A arginino-succinato acaba sendo quebrada, liberando um fumarato e virando arginina. A arginina é hidratada por uma enzima, e depois disso há a formação de ureia e ornitina a partir dessa hidratação. A ornitina volta para o ciclo para ser reutilizada, se juntar com o carbamoil-fosfato, para formar a citrulina e voltar tudo de novo. OBS: O mesmo fumarato que foi produzido no ciclo da ureia é aquele utilizado no ciclo de Krebs para a formação de ATP. No fim do ciclo da ureia, há o consumo de 4 ATP, quando a bicicleta de Krebs está “desligada”. BICICLETA DE KREBS Lembrar que o arginino-succinato vai formar a arginina e liberar um fumarato. Esse fumarato vira malato (isso pode ocorrer tanto no citoplasma quanto na matriz mitocondrial, mas falando de bicicleta de Krebs, essa formação do malato a partir do fumarato acontece no citoplasma) que depois vira oxalacetato, por ação da enzima malato- desidrogenase, nessa reação há a redução de um NAD+, ou seja, produz 1 NADH. 4 Esse oxalacetato vai sofrer o processo de transaminação e virar aspartato, que vai entrar na via de formação da arginino-succinato, que vai regenerar o fumarato, quando ela virar arginina. Esse NADH vai para a cadeia transportadora de elétrons gerando 2,5 ATP, ou seja, ao mesmo tempo que a ureia consume ATP, ele induz a formação de ATP. DEFEITOS NAS ENZIMAS DO CICLO DA UREIA Não há a conversão do íon amônio em ureia, ou seja, causando uma hiperamonemia. Então, alguém com um defeito nas enzimas não pode ter uma dieta rica em proteína, pois, uma dieta rica em proteína, aumentaria a sua taxa de desaminação, que aumentaria a sua quantidade de íons amônio, e como você não consegue dar conta disse, há uma aumento da concentração disso, causando uma hiperamonemia. A hiperamonemia pode estar relacionada com a cirrose (tem a morte dos hepatócitos que fazem o ciclo da ureia, ou seja, defeito no ciclo) e hepatite (consiste na inflamação dos hepatócitos, ou seja, eles acabam perdendo sua função, causando prejuízo no ciclo da ureia). OBS: A amônia é muito tóxica pois é bem solúvel, além disso, ela pode se juntar com o alfa-cetoglutarato, formando glutamato, e depois se juntar com o glutamato formando glutamina, isso pode levar a uma desregulação na celula, fazendo com que ela ganhe água por osmose, fique maior, o que ocasiona edemas cerebrais e cefaleias. COFATORES DE DEGRADAÇÃO São coenzimas, ou seja, cofatores da ação enzimática. PLP: É o piridoxil-fosfato, ele é a coenzima da amino- transferase que realiza a transaminação, é um transportador intermediário de amino, e é derivado de vitamina B6. Biotina: Atua na descarboxilação em presença de CO2. Tetrahidrofolato: Este vem da vitamina B9, faz a transferência de carbonos e é dependente de NADPH. Tetrabiopterina: participa das reações de oxirredução e vem do GTP, faz a transformação da fenilanina em tirosina junto com a enzima fenilanina amino- transferase. SAM: transfere grupo metil. AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA Esses aminoácidos não vão diretamente ao fígado eles passam 1º pelo tecido muscular, pois a enzima que os degrada é exclusiva do tecido muscular. BCAA= Aminoácidos de cadeia ramificada, e como exemplo temos a valina, leucina e isoleucina. A aminotransferase específica de aminoácidos de cadeia ramificada é exclusiva do tecido muscular, por isso, eles precisam primeiramente passar no músculo, para que o seu grupamento amina seja transferido para outra molécula, através de transaminação. Depois da reação de transaminação, são liberados glutamato e alfa-ceto-ácidos, esses últimos vão para o fígado para serem degradados. Quando chegam no figado, eles são descarboxilados pela ação da enzima descarboxilase de aminoácidos de cadeia ramificada. Dependendo do aminoácido, no final do processo ele vai formar succinil-CoA ou corpos cetônicos. DOENÇAS Doença do xarope de boldo: é causada pela deficiência da descarboxilase de aminoácidos de cadeia ramificada, que como não funciona, não degrada os alfa-ceto-ácidos, ou seja, há um acúmulo de alfa-ceto-ácidos, que podem gerar problemas neurológicos e crises epiléticas. O tratamento é feito por meio do controle alimentar, é evitar a ingestão de alimentos que contenham muitos aminoácidos de cadeia ramificada e ingestão rigorosa de alimentos energéticos, para evitar o jejum prolongado. BIOSSÍNTESE DE AMINOÁCIDOS Todos os aminoácidos são derivados de intermediários da glicólise, do ciclo de Krebs ou da via das pentoses- fosfato. O nitrogênio entra nessas vias por meio do glutamato ou da glutamina (lembrar de todo o processo da transaminação, ou do porquê a glutamina tem preferência e tals). Osaminoácidos são divididos em não essenciais, que são aqueles que o nosso corpo produz, e os essenciais, que não produzimos e necessitamos adquirir por meio da dieta. A regulação dessa síntese é mediada pelos seus próprios produtos, ou seja, é um mecanismo de retroalimentação. 5 ALGUMAS MOLÉCULAS DERIVADAS DE AMINOÁCIDOS Melanina: é derivada da tirosina. Na fenilcetonúria não há a produção dessa tirosina por problema na enzima, então, há problemas de pigmentação na fenilcetonúria. Óxido Nítrico: Ele é produzido a partir da arginina, que vem por meio do ciclo da ureia e ele participa da coagulação sanguínea. Creatina: ele é produzida a partir de uma glicina e uma arginina, ela pode ser fosforilada, formando a fosfocreatina, que tem a capacidade de converter ADP em ATP, aumentando a capacidade muscular em exercícios intensos e vigorosos. Glutationa: participa do processo de detoxicação do nosso corpo, já que atua sobre os radicais livres. HEME: É convertida em biliverdina, e bilirrubina (essa segunda por ação da GBT) gerando bilirrubina conjugada, que vai para o intestino na composição da bile, Mas ela pode ser convertida em bilirrubina não conjugada também. Icterícia neonatal é causada pois os fígados dos bebês não estão completamente desenvolvidos, então a GBT não consegue executar o seu papel 100%, então há um acúmulo de bilirrubina não conjugada, sendo tóxico, e o tratamento é fototerapia. Acúmulo de bilirrubina conjugada significa um problema na excreção.
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