Buscar

Anemias: Definição e Características

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Anemias 
DEFINIÇÃO ANEMIA 
A OMS define a anemia como um estado 
caracterizado pela diminuição dos níveis de 
hemoglobina no sangue, que pode ser causada 
por uma redução do número de hemácias ou do 
teor celular de hemoglobina. 
ANEMIA FERROPRIVA 
A anemia ferropriva é consequência do defeito de 
produção dos eritrócitos de um indivíduo 
causada por deficiências quantitativas do ferro, 
que é um metal essencialmente necessário para 
a produção adequada de hemoglobina, que, por 
sua vez, é transportadora de oxigênio. 
Os limites mínimos de hemoglobina permitidos, 
ao nível do mar, são: 14 g/dL (homens), 12 g/dL 
(mulheres) e 11 g/dL (crianças e grávidas). 
A deficiência do ferro, caracterizada por longos 
períodos de balanço negativo, pode levar ao 
esgotamento das reservas orgânicas, que 
evoluem com déficit de produção de 
hemoglobina, o que as tornam pequenas 
(microcíticas) e demasiadamente descoradas na 
região central (hipocrômicas) evidenciando a 
baixa saturação de hemoglobina. 
 
Metabolismo do Ferro 
O ferro é absorvido pelo epitélio duodenal. 
(A) Uma vez dentro do eritrócito, o ferro pode ser 
estocado como ferritina sendo perdido nas fezes 
pela descamação das células do epitélio 
intestinal ou pode ser transportado para a 
corrente sanguínea através de uma proteína 
chamada ferroportina. 
(B) Eritrofagocitose por macrófago do sistema 
reticuloendotelial e reciclagem do ferro 
proveniente das hemácias fagocitadas. 
(C) O fígado atua como fonte de produção do 
principal transportador de ferro na circulação 
(transferrina). 
(D) O ferro é captado pelo eritroblasto através do 
receptor da transferrina (TFR1) para a síntese de 
hemoglobina/hemácias. 
 
PRINCIPAIS CAUSAS 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
CARACTERÍSTCAS CLÍNICAS 
Os principais sintomas são encontrados nas 
anemias em geral e estão relacionados à 
deficiência da oxigenação dos tecidos, 
especialmente o cérebro e o coração. Além dos 
sintomas que podem ocorrer em todo tipo de 
anemia, na anemia ferropriva podem surgir 
sintomas mais ou menos típicos, como: 
- Geofagia: Vontade incontrolada de comer 
terra e barro, farináceos, gelo, papel, etc; 
- Disfagia intensa (síndrome de plummer-
vinson); 
- Diminuição da libido em homens e mulheres; 
- Amenorreia. 
CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS 
Depleção de Ferro: Redução das reservas 
(ferritina sérica) chamada de deficiência pré-
latentes, sem redução dos níveis de ferro sérico 
(ferro circulante). 
Deficiência Latente: Ocorre quando são 
esgotadas as reservas de ferro, mas o nível de 
hemoglobina permanece acima do limite inferior 
do normal de acordo com a idade e o gênero. 
Estágio Lactente: Caracterizado por algumas 
alterações bioquímicas no metabolismo do ferro, 
principalmente a redução da saturação da 
transferrina, assim como um aumento na 
capacidade total de ligação de ferro (CTLF). 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é realizado a partir dos resultados 
do hemograma completo. 
 
ANEMIA MEGALOBLÁSTICA 
As anemias megaloblásticas envolvem a síntese 
inadequada do DNA eritrocítico nas primeiras 
fases de evolução celular, sendo que esse defeito 
está relacionado diretamente com a deficiência 
de vitamina B12 e/ou ácido fólico, os quais 
podem ocorrer devido à várias etiologias. 
Neste tipo de anemia, os megaloblastos 
caracterizam-se por seu grande tamanho 
associado a alterações típicas na cromatina 
celular, uma vez que estas alterações 
morfológicas expressam a alteração bioquímica 
correspondente à síntese retardada do DNA. 
Além disso, a síntese de RNA permanece 
inalterada, embora a divisão celular esteja 
comprometido devido ao comprometimento do 
DNA. 
Assim, os componentes citoplasmáticos, 
especialmente a hemoglobina, são sintetizados 
em quantidades excessivas devido à demora 
entre as divisões celulares. O resultado é uma 
célula maior do que o normal, com núcleo 
imaturo, cromatina reticulada e citoplasma mais 
maduro, caracterizando o assincronismo de 
maturação núcleo/citoplasmático típico da 
anemia megaloblástica. 
PRINCIPAIS CAUSAS 
1. Reticulocitose: resposta à perda de sangue e 
à hemólise; 
2. Insuficiência da medula óssea: aplasia 
medular e mielodisplasia; 
3. Doença hepática; 
4. Toxicidade: álcool e agentes quimioterápicos; 
5. Doenças da tireoide; 
6. Deficiências de vitaminas: deficiência de folato 
e vitamina B12. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
O quadro clínico inclui cansaço, palidez cutânea 
acentuada, além de sintomas neurológicos e 
associados a mobilidade, como: 
- Presença de Sinal de Babinsky; 
- Sensações parestésicas em MMII e mãos 
(neuropatia periférica); 
- Dificuldade para locomoção; 
- Perturbação mental mais ou menos 
acentuadas (alucinações e até demência) 
- Perturbações esfincterianas. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Sinal de Babinsky 
Refere-se ao sinal de reflexo plantar patológico, 
quando há extensão do hálux, sendo que este é 
uma reação normal em crianças até dois anos. 
No entanto, em adultos, indica lesão neurológica, 
sendo que quando observado em apenas um dos 
membros, indica que somente um hemisfério 
cerebral foi lesionado. 
CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS 
Anemias Macrocíticas Megaloblásticas: 
Elevação do VCM (acima de 100 no início, 
atingindo 150 quando o quadro clínico está 
evidente), pancitopenia não linear, ou seja, uma 
linhagem que pode ser mais afetada que a outra. 
Anemias Macrocíticas Não Megaloblásticas: O 
VCM dificilmente ultrapassa 100, devendo ser 
reportado dupla população eritróide, uma 
macro e outra normocítica. O CHCM se mantém 
normal, pois não há problemas na síntese de 
hemoglobina nos percussores eritróides. Há 
elevação da HCM, pois eritrócitos grandes e de 
concentração de hemoglobina normal, são 
pesados. Além disso, identifica-se presença de 
neutrófilos segmentados hiperlobulados. 
Presente em casos, como aplasia de medula, 
hepatopata e hipotireoidismo. 
 
Outras características: 
- Elevação acentuada de LDL (lactato 
desidrogenase) devido ao metabolismo da 
glicose, sendo pouco específico; 
- Elevação acentuada de lisoenzima (enzima 
proveniente da degranulação dos 
granulócitos); 
- Diminuição de folato sérico (ácido fólico); 
- Diminuição de cobalamina sérica (vitamina 
B12). 
ANEMIA DE DOENÇAS CRÔNICAS 
A anemia de doenças crônicas é decorrente de 
estados infecciosos crônicos, doenças 
inflamatórias ou neoplásicas, que interferem no 
metabolismo do ferro, na produção de 
eritropoietina e/ou na resposta medular a este 
hormônio. 
Caracteriza-se pela baixa produção de 
eritropoietina (EPO) com menor resposta dos 
percussores eritróides medulares à EPO e desvio 
cinético do ferro, o qual é retido nos macrófagos 
com consequente diminuição do ferro sérico e da 
saturação da transferrina. Em geral, esse tipo de 
anemia de manifesta entre 1-2 meses após a 
doença de base. 
Todo processo inflamatório crônico pode 
aumentar a síntese e a liberação de citocinas 
endógenas que, por sua vez, induzem alterações 
do metabolismo do ferro e diminuição da síntese 
de hemoglobina. Com essa dificuldade de 
mobilização do ferro, a eritropoiese é 
prejudicada. Isso acontece devido à 
hiperatividade do sistema mononuclear 
fagocitário desencadeado por processo 
infeccioso, inflamatório ou neoplásico. 
MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS 
 
Efeitos de Citocinas Inflamatórias sobre a 
Eritropoiese: 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
 
PRINCIPAIS CAUSAS 
1. Infecções Crônicas (fungicas, bacterinas ou 
virais): tuberculose, bronquilectasia, abcesso 
pulmonar, pneumonia, endocardite, miocardite, 
osteomielite, meningite, doença inflamatória 
pélvica, infecção pelo HIV e parvovírus B19. 
2. Doenças Inflamatórias Crônicas: artrite 
reumatoide, febre reumática, lúpus eritematoso 
sistêmico, doença de Crohn e sarcoidose. 
3. Doenças Neoplásicas: linfoma, mieloma 
múltiplo ecarcinoma. 
4. Intoxicação pelo chumbo. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
Geralmente, manifesta-se como anemia leve a 
moderada e os sintomas mais críticos presentes 
são aqueles relacionados à doença de base e 
não à anemia propriamente dita. 
Quando há sintomatologia relacionada à 
anemia, estes geralmente se desenvolvem em 
torno de 90 dias, sendo que usualmente não 
progridem e se normalizam com o tratamento da 
doença de base. 
CARACTERÍSTICAS LABORATORIAIS 
- RDW geralmente normal ou apenas 
levemente aumentado; 
- Queda da hemoglobina a níveis não tão 
baixos (8,5 g/dL); 
- Acantócitos podem ser notados quando há 
uremia em função de problemas renais; 
- Ferro sérico e percentual de saturação de 
transferrina baixos; 
- Ureia geralmente superior a 40 mg/dL; 
- Ferritina sérica elevada. 
CARACTERÍSTICAS HEMATOLÓGICAS 
- Oligocitemia (baixa quantidade de células 
hematopoiéticas); 
- Baixa quantidade de hemoglobina e 
diminuição do ferro plasmático; 
- Baixa capacidade de saturação do ferro; 
- Microcitose e hipocromia em alguns casos; 
- Reação de Perls na medula óssea que 
demonstra a presença de ferro nos 
macrófagos. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Na presença de um processo inflamatório 
crônico, a dosagem de ferritina pode variar, 
dando valores às vezes elevados. A dosagem de 
proteína C reativa é importante no diagnostico 
da anemia que acompanha essas inflamações. 
Além disso, a medida do TFR (receptor de 
transferrina) não costuma ser alterada na 
presença de inflamação, daí o seu valor no 
diagnóstico diferencial entre anemia ferropriva e 
anemia de doenças crônicas, em especial nos 
casos com ferritina alta. 
 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS 
As anemias hemolíticas caracterizam-se por 
sinais de destruição excessiva de eritrócitos 
acompanhados de sinais de resposta medular. 
É evidenciada pela presença de reticulocitose e, 
eventualmente de eritroblastos circulantes 
(células eritroides nucleadas mais jovens que os 
reticulócitos). 
Sob condições máximas de estímulo, a medula 
óssea é capaz de aumentar sua produção em 6-
8 vezes, sendo que a hiperplasia dos eritrócitos é 
a principal alteração evidenciada na medula 
óssea decorrente da hemólise. Assim, é possível 
compensar encurtamentos da vida média dos 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
eritrócitos para 15-20 dias, sem desenvolvimento 
de anemia – estado hemolítico compensado. Já, 
quando a taxa de destruição é muito elevada e 
excede a capacidade compensatória da medula 
– anemia hemolítica. 
Além disso, ao lado dos sinais de resposta 
medular, existem os sinais de destruição 
excessiva dos eritrócitos, que podem ocorrer no 
interior dos macrófagos teciduais 
(extravascular) ou na circulação (intravascular). 
PRINCIPAIS SINAIS 
- Hiperbilirrubinemia 
- Elevação da desidrogenase lática (DHL) sérica 
- Redução da haptoglobina sérica 
- Sinais de hemólise intravascular: 
hemoglobinemia, hemoglobinúria e 
hemossidenúria. 
1. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS 
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA 
(HPN) 
É uma doença clonal, adquirida, da célula-
tronco hematopoiética, caracterizada por 
hemólise intravascular, fenômenos trombóticos e 
graus variáveis de insuficiência medular. 
Decorrente da ausência de uma âncora de 
glicosilfosfatidilglicana (GPI), causada por uma 
mutação no gene PIG-A, localizado no braço 
curto de cromossomo X. Esta âncora liga várias 
moléculas à superfície celular, como CD55 e CD59, 
que são proteínas que protegem as células da 
lise induzida pelo complemento. Quando 
ausente, particularmente a do inibidor da 
formação do complexo de ataque à membrana 
(CD59), leva à sensibilidade aumentada das 
células HPN à lise mediada pelo complemento. 
Ou seja, isto leva à hemólise intravascular, 
contribuindo para a tendência à trombose que 
estes pacientes apresentam. 
Os mecanismos que levam ao desenvolvimento 
de HPN são pouco claros. Acredita-se que só 
ocorrem em pessoas com predisposição para a 
doença. No entanto, para o seu desenvolvimento 
é necessário pelo menos dois eventos: (1) 
mutação somática na célula-tronco afetando o 
gene PIG-A e (2) seleção favorável do clone HPN 
para permitir sua proliferação preferencial sobre 
a hematopoese residual. 
O quadro clínico é variável, dependendo do 
tamanho do clone anormal e da intensidade da 
insuficiência medular. Além disso, pode ser 
encontrado quadros de hemoglobinúria após o 
sono e trombose venosa, a qual acomete sítios 
nobres (território mesentérico e supra-hepático). 
Quando associado à aplasia medular, 
geralmente os clones de células HPN são 
pequenos, predominando sintomas de 
insuficiência medular. 
Em relação ao quadro laboratorial, quando 
associados à presença de grandes clones, 
existem sinais típicos de hemólise intravascular 
com reticulocitose, aumento de DHL e de 
bilirrubina indireta, associados ou não a graus 
variáveis de leucopenia e plaquetopenia. 
Já, nos casos associados à aplasia medula, os 
reticulócitos estão discretamente aumentados, 
refletindo um encurtamento da vida média dos 
eritrócitos, embora o número absoluto de 
hematócrito estejam baixos, refletindo a 
insuficiência medular. 
O diagnóstico só é confirmado por meio de testes 
específicos. O método de escolha laboratorial é a 
pesquisa da expressão de moléculas CD55 e CD59 
na superfície dos eritrócitos ou, 
preferencialmente, dos granulócitos, pela técnica 
de citometria de fluxo. O clone HPN se caracteriza 
por ausência ou redução destas moléculas. 
2. ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS 
A gravidade da anemia varia não apenas entre 
as diferentes doenças, mas também entre os 
pacientes com a mesma doença. Na maioria 
delas, a anemia é moderada e, devido à 
cronicidade do quadro, é relativamente bem 
tolerada. 
As características clínicas podem incluir: 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
- Icterícia 
- Crise aplásica 
- Esplenomegalia 
- Colelitíase 
- Úlceras de perna 
- Anormalidades esqueléticas 
DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO-
DESIDROGENASE (G6PD) 
A 6GPD é uma enzima integrante do shunt das 
pentoses ou via da hexose monofosfato. É 
importante na manutenção dos níveis de 
glutationa reduzida, que protege a hemácia de 
danos oxidativos. Esta enzima age sobre o 
substrato glicose-6-fosfato, gerando NADPH, 
que age como cofator da glutationa-redutase na 
geração de glutationa reduzida e, esta, por sua 
vez, detoxifica peróxido de hidrogênio, mantendo 
a célula protegida. 
Na deficiência de G6PD, por bloqueio desse 
mecanismo protetor, a hemoglobina pode se 
tornar oxidada, se desnaturar e formar 
corpúsculos de Heinz; os quais lesam a 
membrana eritrocitária levando à retirada das 
hemácias da circulação pelo baço. 
Essa doença é herdada e está ligada ao 
cromossomo X. As enzimas mutantes 
apresentam diferentes graus de atividade e, 
portanto, o quadro clínico depende disso. Assim, 
quanto menor a atividade enzimática, maior a 
intensidade do quadro clínico. É a doença 
metabólica eritrocitária mais comum. 
Mais frequentemente, causa um quadro de 
anemia hemolítica ocasional, episódica e aguda 
relacionada a fatores precipitantes como 
infecções ou ingestão de substâncias oxidantes. 
Mais raramente, pode provocar quadro de 
anemia hemolítica crônica; sendo que o quadro 
vai depender do tipo de mutação presente no 
gene da G6PD. 
A anemia hemolítica aguda pode ocorrer após o 
contato com uma série de fármacos e drogas, 
que incluem derivados de sulfa, antimaláricos, 
antibióticos e analgésicos. O quadro clínico 
geralmente é de início súbito, com palidez, 
icterícia e urina escura, podendo ser 
acompanhado por dor abdominal ou lombar. 
O hemograma revela anemia (queda de 
hemoglobina de 3-4 g/dL), reticulocitose, células 
fragmentadas, microesferócitos e células 
mordidas (bite cells). Além disso, o quadro 
hemolítico em geral é autolimitado, melhorando 
sem tratamento em alguns dias.A anemia hemolítica não esferocítica congênita é 
uma forma mais rara de deficiência de G6PD. 
Esta não requer fator precipitantes, cursando 
com hemólise constante e anemia. Nos casos 
graves de ocorrência neonatal, pode ser 
necessária exsanguineotransfusão e transfusões 
de sangue podem ser necessárias ao longo da 
vida, além de suplementação com ácido fólico. 
 
ANEMIA FALCIFORME HOMOZIGÓTICA 
A anemia falciforme é a doença hereditária 
monogênica mais comum do Brasil, sendo mais 
comum em indivíduos de etnia negra. 
Esta é causada por uma mutação de ponto (GAG 
à GTG) no gene da globina beta da 
hemoglobina, originando uma hemoglobina 
anormal – denominada hemoglobina S (HbS) – 
ao invés da hemoglobina normal – hemoglobina 
A (HbA). Essa mutação leva à substituição de um 
ácido glutâmico por uma valina na posição 6 da 
cadeia beta, com consequente modificação 
físicoquímica na molécula da hemoglobina. Em 
determinas situações, estas moléculas podem 
sofrer polimerização, com falcização das 
hemácias, ocasionando encurtamento da vida 
média dos glóbulos vermelhos, fenômenos de 
vasooclusão e episódios de dor e lesão de 
órgãos. 
Em geral, os pais são portadores assintomáticos 
de um único gene afetado (heterozigotos), 
produzindo HbA e HbS, transmitindo cada um 
dele o gene alterado para a crianca, que assim 
recebe o gene anormal em dose dupla 
(homozigoto SS). 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
A principal característica é a sua variabilidade 
clínica, uma vez que alguns pacientes têm um 
quadro de grande gravidade e estão sujeitos a 
inúmeras complicações e frequentes 
hospitalizações, enquanto outros apresentam 
uma evolução mais benigna, em alguns casos 
quase assintomática; sendo que essa 
variabilidade varia de acordo com fatores 
hereditários e fatores adquiridos. Entre os fatores 
adquiridos mais importantes destaca-se nível 
socioeconômico, com consequentes variações 
nas qualidades de alimentação, de prevenção de 
infecções e de assistência médica. 
Ainda, existem três características 
geneticamente determinadas que possuem 
importância na gravidade da evolução clínica: 
(1) níveis de hemoglobina fetal (HbF); (2) 
concomitância de alfa-talassemia; (3) haplótipos 
associados ao gene da HbS. à Os níveis de HbF 
estão inversamente associados com a gravidade 
da doença. 
De modo geral, além da anemia crônica, as 
doenças falciformes caracterizam-se por várias 
complicações que podem afetar quase todos os 
órgãos e sistemas, com expressiva morbidade, 
redução da capacidade de trabalho e 
expectativa de vida. O quadro clínico pode incluir 
episódios de dores osteoarticulares, dores 
abdominais, infecções, enfartes pulmonares, 
retardo do crescimento e maturação sexual, AVC 
e comprometimento crônico de múltiplos órgãos, 
sistemas ou aparelhos. 
Devido ao encurtamento da vida média das 
hemácias, tem-se hemólise crônica, a qual se 
manifesta por palidez, icterícia, elevação dos 
níveis de bilirrubina indireta, do urobilinogênio 
urinário e do número de reticulócitos. 
Frequentemente, a contínua e elevada excreção 
de bilirrubinas resulta em formação de cálculos 
de vesícula contendo bilirrubinato. Entretanto, os 
pacientes não costumam apresentar 
esplenomegalia, diferentemente de outros tipos 
de anemias hemolíticas, pois repetidos episódios 
de vasooclusão determinam fibrose e atrofia do 
baço. A destruição do baço é a principal 
responsável pela suscetibilidade aumentada de 
infecções graves (septicemias), sendo estas a 
primeira causa de morte em crianças menores de 
5 anos. 
O diagnóstico dessa hemoglobinopatia é 
dividido em testes de triagem que são utilizados 
para fazer um pré-diagnóstico desta patologia, 
tais como: hemograma, teste de falcização, teste 
de solubilidade, dosagem de hemoglobina fetal e 
hemoglobina A2, focalização isoelétrica, 
imunoensaio e triagem neonatal. O diagnóstico 
confirmatório é realizado pela detecção de HbS 
e da sua associação com outras frações, assim, 
a técnica mais eficaz é a eletroforese da 
hemoglobina em acetato de celulose ou em 
agarose, com pH variando entre 8 e 9. 
Em relação ao hemograma: 
- Hemoglobina com formato de foice 
(drepanocitose = drepanócitos); 
- Tipo normocítico-normocrômica, podendo se 
tornam até macrocítica; 
- Alto grau de anisocitose e poiquilocitose; 
- Elevação RDW; 
- Normalidade da CHCM; 
- Elevação de leucócitos (relação com as crises 
de hemólise ou infecções); 
- Elevação de plaquetas (relação com a atrofia 
do baço). 
Por ser uma patologia hereditária, quanto maior 
for o nível de HbS no sangue, maior será a 
probabilidade dessa doença se tornar mais 
grave. 
Diferenciação dos principais genótipos de HbS:

Outros materiais