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DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL AMEBÍASE E GIARDÍASE- TUT 05 ⏩ 01: AMEBÍASE ★ É uma infecção cujo agente causal – Entamoeba histolytica – é um dos protozoários mais conhecidos; ★ O parasito pode colonizar o lúmen intestinal do indivíduo acometido de maneira assintomática, como ocorre em 90% dos casos, ou pode se manifestar de maneira mais grave, levando a grande instabilidade orgânica; ★ Sabe-se que a colonização da E. histolytica é maior no ceco, cólon ascendente, cólon descendente e reto; → EPIDEMIOLOGIA: ★ Aproximadamente 10% da população mundial está infectada com o complexo E. histolytica/dispar (OMS); ★ 90% dessas infecções são assintomáticas e provavelmente causadas pela E. dispar e 10% das infecções possivelmente causadas pela E. histolytica; ★ Maior prevalência em países pouco desenvolvidos, por está associado com sistema de saneamento e tratamento de água defasados; ★ No Brasil, 8% das infecções causadas por protozoários foram pela E. dispar e E. histolytica; → CICLO DE VIDA: ★ O ciclo da E. histolytica é monoxênico, ou seja, possui apenas o hospedeiro definitivo; ★ HUMANO: o parasito desenvolve-se quando o indivíduo ingere cistos maduros presentes em água, alimento e mãos sujas ou até pelo sexo anal/oral; Os cistos são resistentes ao suco gástrico, e somente no intestino delgado começam a sofrer modificações, mais especificamente na região ileocecal. Nesse local, ocorre o processo de desencistamento, favorecido por temperatura compatível e meio anaeróbio. O metacisto sofre, então, diversas divisões celulares, formando quatro e, DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL posteriormente, oito trofozoítos metacísticos uninucleares. Chegando ao intestino grosso, essas estruturas se desenvolvem e originam os trofozoítos, que ali permanecem aderidos. Por um processo ainda não muito bem esclarecido, tais formas sofrem desidratação, formando os pré-cistos. Por último, esses agentes recém-formados secretam uma membrana cística, dando origem ao cisto, que será eliminado nas fezes, continuando o ciclo: ❖ ( CISTO → METACISTO → TROFOZOÍTO → PRÉ-CISTO); ★ → FISIOPATOLOGIA: ★ A infecção provocada pela cepa invasiva pode cursar com quadro assintomático em cerca de 10 a 40% dos casos de infecção; Um dos fatores que diferencia a cepa patogênica da não patogênica é a presença da lectina de aderência (que serve para aderência e reconhecimento), encontrada na superfície da cepa patogênica; ★ O contato do agente etiológico (por meio da lectina) com a superfície epitelial leva à citólise, processo no qual as membranas epiteliais são destruídas e, os restos celulares fagocitados pela E. histolytica, mais precisamente pelos seus trofozoítos, dando início a um processo de ulceração. Ocorre, então, um afastamento das células, formando um espaço intercelular denominado foco de adesão. Assim, ocorre uma degradação de elastina, colágeno e fibronectina; O processo inflamatório estabelecido e intensificado na região infectada atrai ainda mais células imunes, como neutrófilos, macrófagos, e eleva a produção de citocinas como interleucina 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), aumentando ainda mais o processo ulcerativo DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL da parede intestinal. Esse processo contínuo e invasivo pode permitir aos trofozoítos alcançaremos vasos sanguíneos e acometer órgãos como fígado e pulmão; → QUADRO CLÍNICO: ★ É condicionada a fatores que envolvem a virulência do agente etiológico associada à resposta do indivíduo infectado (principalmente a sua resposta inata), o que pode resultar em uma doença intestinal ou extraintestinal, além da infecção assintomática, que corresponde a 80 a 99% dos casos; ★ Os sintomas que aparecem com maior frequência são: disenteria, enterorragia, tenesmo, dor abdominal em cólica, perda de peso, anorexia, náuseas, vômitos e mal-estar geral; Se não tratada, pode cursar com complicações como perfuração intestinal, peritonite, apendicite e hemorragias; ★ Se afetar o fígado: pode causar abscessos e lesões difusas. Clinicamente, o paciente apresenta-se com icterícia, hepatimetria alterada e sintomas inespecíficos, como febre, náuseas e vômitos; ★ Se afetar o pulmão: pode ocorrer a denominada amebíase pleuropulmonar, caracterizada por dor torácica, tosse e expectoração com cheiro e odor de “molho de tomate”, chocolate ou até mesmo gelatina, podendo ocorrer também derrame pleural; → DIAGNÓSTICO: ★ A pesquisa de trofozoítos e cistos nas fezes continua sendo o método mais empregado para o diagnóstico. Para aumentar a sensibilidade do exame, é preconizada a coleta múltipla de fezes, ou seja, obtenção de material fecal em pelo menos 3 dias diferentes; ★ Para diagnóstico de amebíase extraintestinal, exames sorológicos e de imagem; → TRATAMENTO: ★ Para as formas não invasivas, os fármacos são os derivados da dicloroacetamida (teclozana e etofamida); ★ Já os pacientes com doença invasiva devem ser tratados com associação dos fármacos de ação intraluminal e tissular. Acrescenta-se um derivado nitroimidazólico (metronidazol, tinidazol, ornidazol, secnidazol ou nitazoxanida); DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL ★ Recomenda-se o uso de metronidazol na dose de 500 a 750 mg, de 8 em 8 horas, durante 5 a 10 dias, e, para crianças, 35 a 50 mg/kg/dia durante 10 dias; ➢ MECANISMO DE AÇÃO: Esse medicamento age de forma local através do dano oxidativo ao DNA celular, Quando ativado, liga-se ao DNA do protozoário, interrompendo sua cadeia respiratória, o que o leva à morte. Esse medicamento é rapidamente absorvido, distribuindo-se amplamente, sendo metabolizado pelo fígado e excretado pelos rins e vias biliares; → PROFILAXIA: ★ Devem ser pautadas nos pilares da educação em saúde, diagnóstico e tratamento dos infectados, e políticas públicas de controle e saneamento básico; ★ Devem ser ressaltadas as medidas de saneamento básico, as quais são essenciais para impedir o estabelecimento do ciclo biológico do parasito; ⏩ 02: GIARDÍASE ★ É causada por um protozoário flagelado denominado Giardia lamblia, é uma das principais parasitoses encontradas em todos os países (subdesenvolvidos e desenvolvidos), principalmente naqueles de clima tropical e subtropical; ★ O parasito pode habitar o intestino delgado de mamíferos; → EPIDEMIOLOGIA: ★ É uma doença mais prevalente em países subdesenvolvidos e de clima tropical e subtropical; ★ Acomete desde crianças a adultos, mas tem como predomínio a faixa etária entre 8 meses e 10 a 12 anos (PELA FALTA DE HÁBITOS DE HIGIENE); ★ No Brasil, a prevalência de tal enfermidade é de 4 a 30%; → CICLO DE VIDA: ★ O parasito G. intestinalis apresenta um ciclo monoxênico, ou seja, há apenas um hospedeiro definitivo. O ciclo inicia-se, principalmente, pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados, e um número limitado de cistos (cerca de 10 a 100) é suficiente para causar doença; DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL ★ O processo de desencistamento inicia-se no estômago, devido ao estímulo do baixo pH; no entanto, esse processo se completa no duodeno e no jejuno, os quais serão colonizados pelos trofozoítos, que estão em constante multiplicação (por divisão binária). Posteriormente, ocorre outro processo, o de encistamento, que pode ter início no baixo íleo, embora considere-se que o principal sítio seja o ceco. Depois disso, os trofozoítos são recobertos por membrana resistente, que seria secretada pelo parasito e que tem quitina em sua composição. Os cistos são resistentes, o que faz com que possam sobreviver em ambientes hostis, como água fria e variações na temperatura. Além disso, são eliminados em grande quantidade pelas fezes, o que pode corroborar seu poder infectante; ★ → FISIOPATOLOGIA: ★ A patogenia da doença envolve algumas características, dentre elas: o número de parasitos presentes no intestino delgado, o tipo de cepa do protozoário e a interação do protozoário com outros microrganismos e a resposta imune; ★ Verificam-se algumas mudanças, principalmente na arquitetura da mucosa, que pode encontrar-se normal ou apresentar-se com atrofia parcial ou totaldas vilosidades. Também é possível ocorrer hiperplasia das criptas, o que pode reduzir a superfície disponível para absorção dos nutrientes. Tais fatores estariam relacionados com o processo inflamatório provocado pelo protozoário; ★ O conjunto dessas reações levam ao edema da mucosa e à contração dos músculos lisos, o que culmina no aumento da motilidade intestinal, que explicaria também o DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL aumento da renovação dos enterócitos. Sendo assim, as vilosidades ficam compostas de células imaturas, causando dificuldades de absorção e diarreia; → QUADRO CLÍNICO: ★ Após um período de incubação, que varia de 5 a 25 dias (média de 7 a 10 dias), a sintomatologia da doença pode surgir de maneira abrupta ou gradual e permanecer por um longo período de tempo, caracterizando doença crônica; ★ A doença crônica está mais relacionada a complicações como a síndrome de má absorção que, ao afetar crianças, pode influenciar negativamente em seu processo de desenvolvimento, levando a graves deficiências nutricionais; ★ O principal sintoma ligado a essa enfermidade é a diarreia, a qual pode ser aguda e autolimitante, com duração de poucos dias, ou ter caráter crônico. Normalmente, a diarreia é do tipo aquoso, explosiva e com odor fétido, podendo ser acompanhada de gases e distensão abdominal. A forma disentérica, caracterizada pela presença de muco e sangue nas fezes, raramente acontece. A diarreia aguda da giardíase pode confundir-se com as diarreias bacterianas e virais; contudo, na giardíase, a doença tem maior duração, além de provocar perda de peso; ★ Pode apresentar outros sintomas menos comuns, dentre eles perda de peso, flatulência, náuseas, anorexia, fadiga, calafrios, esteatorreia, plenitude gástrica pós-prandial, eructações e anemia, além do surgimento de uma síndrome pseudo ulcerosa caracterizada por epigastralgia ou pirose, que melhora com a ingestão de alimentos e reaparece com o jejum; → DIAGNÓSTICO: ★ Pesquisa de cistos ou trofozoítos nas fezes; coleta do fluido duodenal e biopsia duodenal por meio de endoscopia; pesquisa de antígenos nas fezes por meio da técnica de ELISA; detecção do ácido desoxirribonucleico (DNA) em amostra de fezes pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR); imunosseparação magnética acoplada à imunofluorescência (IMS-IFA); e outros métodos complementares; DANILO ALMEIDA P4 UNIT-AL → TRATAMENTO: ★ Se faz, na maioria das vezes, com o uso de nitroimidazólicos, entre eles: secnidazol, metronidazol( 5 mg/kg/dia, VO, 3 vezes/dia por 5 dias para crianças e 250 mg, VO, 3 vezes/dia, por 5 dias para adultos) e tinidazol; ★ O uso de nitroimidazólicos durante o primeiro trimestre de gravidez é contraindicado, por atravessarem a barreira placentária. Também são contraindicados em nutrizes, por deixarem o leite materno com sabor amargo, provocando recusa dos lactentes. Deve-se, também, orientar os pacientes que estão em uso de nitroimidazólicos para que não façam uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento, pelo risco de efeito dissulfiram-like (antabuse); ★ Deve-se ter o cuidado de hidratar corretamente o paciente, além de fornecer informações sobre a dieta, já que que alguns alimentos podem aumentar o peristaltismo, como aqueles ricos em fibras, fato que intensifica o quadro diarreico. → PROFILAXIA: ★ Deve-se ter como medidas de controle e prevenção: saneamento básico adequado, com a utilização de água tratada ou fervida para que ocorra a eliminação de eventuais cistos de G. intestinalis; correta higiene pessoal, já que é possível a contaminação de pessoa a pessoa quando há grandes aglomerações; lavagem adequada de alimentos; e diagnóstico e tratamento precoces do paciente e de possíveis animais domésticos infectados, com o intuito de interromper a cadeia de transmissão; ★ Em casos de surtos da doença, a notificação imediata à vigilância epidemiológica é fundamental. REFERÊNCIA: SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo. Parasitologia - Fundamentos e Prática Clínica. Grupo GEN, 2020.
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