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Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 1 Patologia do Sistema Cardiovascular - O sangue chega no coração pelo lado direito, através da veia cava, passa pelo átrio direito e ventrículo direito (separados pela válvula tricúspide) – diástole (preenchimento de sangue; acontece nos dois átrios ao mesmo tempo); sístole (contração para o átrio esvaziar e o sangue passar para o ventrículo) *Ao mesmo tempo que o átrio está fazendo a sístole, o ventrículo está fazendo diástole - Do ventrículo direito o sangue vai para o pulmão, através da artéria pulmonar, e agora o sangue, oxigenado, volta para o coração atráves das veias pulmonares - Do átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo (separados pela válvula mitral/bicúspide), e volta para o corpo através da artéria aorta Quando ocorre alguma alteração do sistema cardiovascular, pode ocorrer uma alteração momentânea (aumento de frequência cardíaca por demanda de algum tecido por ex) *O objetivo do sistema cardiovascular é manter o débito cardíaco Para manter o débito cardíaco o coração pode fazer uma vasodilatação com hipertrofia, aumento de FC, aumento da RVP (resistência vasoperiférica/vasconstrição periférica – para aumentar a pressão), redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos vitais (encéfalo, rins), policitemia (aumento da quantidade de células de hemácias – pois o organismo vai entender que está faltando oxigênio e vai aumentar a quantidade de hemácias) *Se esses mecanismos funcionarem eles restauram a função cardíaca, se não, começam a acontecer alterações clínicas O animal está com uma IC, o SNA vai estimular o aumento da FC, vasoconstrição para tentar aumentar a pressão e consequentemente o débito cardíaco - Se diminuir o fluxo sanguíneo (débito cardíaco cair), o rim é um dos primeiros órgãos a ser afetado – hipóxia renal > ativa o aparelho justaglomerular > estimula a produção de renina > conversão do angiotensinogênio em angiotensina > ação no córtex adrenal > produz aldosterona (que faz vasconstrição periférica, aumenta a reabsorção de sódio de dentro do túbulo pro vaso – água para tentar aumentar a pressão e o débito) - Se a função cardíaca for restaurada = feedback negativo - Se a função cardíaca não for restaurada, o estímulo continua – a vasoconstrição periférica contínua resulta em menos sangue no tecido, causando hipóxia; vai ocorrer a retenção de líquido dentro do sistema cardiovascular (edema) - a bomba principal do SC (coração) não estará funcionando adequadamente, o líquido irá extravasar Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 2 *Ciclo vicioso de descompensação cardíaca = IC congestiva Dilatação cardíaca - Sobrecarga de volume – ou por estar chegando maior fluxo de sangue, ou por não estar conseguindo sair - Aumenta a câmara – distende; a luz vai estar aumentada e a parede vai muito fina - Endocardiose - quando a válvula mitral não fecha direito porque está degenerada, então o sangue do AE passa para o VE, e quando o VE contrai (sístole) para mandar o sangue para a aorta, uma parte desse sangue volta para o átrio - Defeito do septo interatrial – o sangue chega no lado esquerdo, que contrai, uma parte do sangue vai para a aorta e a outra volta para o VD (que está recebendo sangue que está vindo da circulação venosa + o que está voltando = sobrecarga de volume) *GERALMENTE DOENÇAS CRÔNICAS Hipertrofia cardíaca Aumento do tamanho da célula (o coração depois do nascimento NÃO sofre mais hiperplasia – aumento da quantidade de célular – mas pode hipertrofiar) Átrio não hipertrofia, somente o ventrículo Existem dois tipo: CONCÊNTRICA e EXCÊNTRICA Concêntrica – para o centro/luz; olhando o coração de fora, não estará com a circunferência maior - Ocorre quando há sobrecarga de PRESSÃO (aumenta a força de contração) Quando ocorre esse mecanismo? Quando é necessário passar o sangue por uma resistência – o animal tem uma doença pulmonar e está faltando hipertensão pulmonar, fazendo vasoconstrição das arteríolas (capilares pulmonares), consequentemente o VD vai ter que fazer mais força para contrair e mandar sangue para o pulmão – PNEUMONIA Excêntrica – sobrecarga de volume (parece muito com a dilatação) - O coração ou a câmara onde está acontecendo a hipertrofia aumenta - É uma hipertrofia pois a célula está aumentada radialmente – crescimento da parede é para fora - A espessura da câmara é praticamente a mesma de um coração normal – não fica fina como na dilatação cardíaca – mas a área/tamanho fica maior - Tem o mesmo mecanismo da dilatação cardíaca O coração pode ficar insuficiente por alterações na sístole (insuficiência de miocárdio - não consegue contrair por uma sobrecarga de volume ou de pressão) e na diástole (alterções de miocárdio, doenças do pericárdio – um animal com hipertrofia concêntrica por ex não consegue fazer diástole) Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 3 Síndrome de insuficiência cardíaca ou descompensação NA VETERINÁRIA É MAIS COMUM A IC CONGESTIVA - CRÔNICA SÍNCOPE - Forma aguda – rara/pouco diagnosticada em animais - Colapso, perda de consciência, grande alteração de FC e pressão sanguínea, morte inesperada - Arritmias, necrose massiva do miocárdio INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA - Caracterizada pela congesto/hiperemia passiva do sistema VENOSO – o coração não consegue passar o sangue venoso e começa a ter acúmulo - É crônica – vai acontecendo aos poucos - Pode ser secundária a uma lesão em outro órgão – lesão pulmonar afeta o fluxo venoso do lado direito; lesão renal... - Cardiopatias, doenças pulmonares, renais e vasculares Ex: O animal tem uma lesão no ventrículo direito, o sangue vai ter dificuldade de sair PARA O pulmão – diminui oxigenação, o animal pode ficar cianótico – o fluxo fica mais lento no ventrículo, átrio, veia cava... = hiperemia passiva/congestão na veia cava; diminui o DC Ex2: Com uma lesão no ventrículo esquerdo, o sangue arterial não vai conseguir sair DO pulmão, ficando retido; acúmulo retrógrado – hiperemia passiva no pulmão = aumento de pressão hidrostátca = edema pulmonar; também ocorre a diminuição do DC Lado direito – baço, fígado e rim (ficam aumentados, vermelho escuro e flui muito sangue ao corte); jugular aumentada Lado esquerdo – pulmão EDEMA Lado direito – ascite/hidroperitônio (as veias que drenam o peritônio vão desembocar em outras veias que desembocam na veia cava), hidrotórax, subcutâneo, hidropericárdio... Lado esquerdo – edema pulmonar FÍGADO NOZ-MOSCADA – característica da IC principalmente direita (sangue venoso acumulando – pobre em oxigênio, gera uma hipóxia na região centrolobular e consequentemente necrose, o que gera o aspecto noz-moscada) *Tríade portal – artéria hepática (traz sangue da aorta) = o sangue oxigenado vai da região periportal para o centro do lóbulo, sendo Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 4 assim, quando o DC cai, a última região a receber sangue oxigenado é a região centrolobular = hipóxia = necrose *A hiperemia passiva acontece na veia cava e em todas a veias que desembocam nela (as veias centrolobulares vão se bifurcando para sair na veia hepática e depois veia cava) *Quando a veia cava tem congestão, a veia hepática também fica congesta, e consequentemente o fígado, então o aspecto noz-moscada acontece por que o fígado está vermelho escuro (congesto) mas é possível ver a região centrolobular por conta da necrose Anomalias do desenvolvimento *Defeitos genéticos, exposição na prenhez a agentes químicos, físicos, toxinas ou deficiência nutricional DEFEITO NO FECHAMENTO DOS SHUNTS FETAIS - PersistênciaDucto Arterioso (PDA) O ducto arterioso é uma estrutura embrionária e fetal (conecta a artéria aorta com a veia pulmonar, pois no feto o pulmão não é funcional - não precisa ir tanto sangue para o pulmão - então o sangue passa da artéria pulmonar direto para a aorta e vai para a circulação sistêmica) Depois que o animal nasce esse ducto não tem finalidade e se fecha, mas nos casos de PDA isso não acontece Como a pressão da aorta é maior que a da pulmonar, quando esse ducto não se fecha, uma parte do sangue que iria para circulação sistêmica volta para o pulmão através da artéria pulmonar Qual o problema de se ter um ducto/orifício ligando a aorta com a artéria pulmonar? O pulmão vai receber mais sangue do que o normal (hiperemia ativa que gera uma hipertensão); secundário a hipertensão pulmonar pode-se desenvolver um edema Isso pode gerar consequências para o lado esquerdo – o excesso de sangue que vai para o pulmão vai para o lado esquerdo, o que pode acarretar numa sobrecarga de volume = hipertrofia excêntrica ou dilatação cardíaca **Quando o fluxo de sangue faz a mudança de direção – artéria aorta > artéria pulmonar – pode ocorrer um aneurisma - Defeito dos septos Não fechamento do septo atrial – o fluxo do lado esquerdo tem pressão maior, então uma parte do sangue que está no AE passa para o VE e a outra volta para o AD *Acontece uma sobrecarga de volume no lado esquerdo = dilatação cardíca Com a dilatação do AD, o VD pode ter uma sobrecarga de volume também = hipertrofia excêntrica Ex: não houve sobrecarga de volume no VD, mas o pulmão também está recebendo mais sangue – na necropsia do animal é encontrado dilatação do AD e hipertrofia concêntrica do VD, como identificar a hipertrofia do ventrículo? Ele ta fazendo mais força para o sangue passar pelo pulmão (se o pulmão está recebendo mais sangue ele pode ficar hipertenso = VD terá que fazer mais força para contrair = hipertrofia concêntrica) Não fechamento do septo ventricular – assim como no atrial, o sangue também vai Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 5 ser “empurrado” para o lado direito = dilatação OBSTRUÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO - Estenose subaórtica Defeito nas válvulas semilunares (localizadas no início das artérias – pulmonar e aórtica) – impedem o sangue que saem dos ventrículos de retornarem para eles Um anel que se forma abaixo ou na própria válvula causa uma estenose (diminuição) da luz – impede que a válvula movimente Os ventrículos iram fazer mais força para contrair (sístole) = sobrecarga de pressão = hipertrofia concêntrica Ex: animal fez hipertrofia do VE por ter uma estenose da válvula subaórtica – isso pode gerar um acúmulo de sangue no AE pois, o VE estará hipertrofiado e o sangue que vem das veias pulmonares não conseguirão passar do AE para o VE = dilatação do átrio **Pode causar secundariamente uma hiperemia passiva/congestão das veias pulmonares e pulmão = congestão e edema pulmonar *No caso da válvula aórtica, o mais comum é que o anel se forme abaixo dela - subaórtica Se a estenose for na válvula pulmonar, haverá hipertrofia concêntrica do VD - Tetralogia de Falot 4 alterações no mesmo animal – 3 primárias e 1 secundária A alteração secundária vai ser a hipertrofia concêntrica do VD – compensatória por conta da estenose da válvula pulmonar *Dextroposição da aorta – ao invés da aorta estar mais posicionada na parte interna do VE, ela vai estar no meio (próximo ao septo) – vai receber sangue dos dois lados do coração (por conta do defeito do septo ventricular) *Cansaço fácil, crescimento retardado, cianose, policitemia (por conta da hipóxia excessiva – a estenose da válvula pulmonar cria uma resistência da passagem do sangue pobre em oxigênio para o pulmão, onde acontece a troca de CO2 por O2, assim o animal tem deficiência de oxigenação dos ventrículos) MAL POSICIONAMENTO DOS GRANDES VASOS - Persistência do arco aórtico direito (PA) Arcos aórticos – estruturas que dão origem a aorta Existem dois arcos – o direito e o esquerdo – e depois que originam a aorta eles involuem O arco aórtico direito ao não involuir, passa por cima da traqueia e do esôfago e estrangula – vai desenvolver megaesôfago pois a ração que o animal ingere vai acumulando e o esôfago vai distendendo/distendendo *Clinicamente o animal vai ter regurgitação – quando se tem um filhote que regurgita, uma das principais causas é a persistência do arco aórtico *É possível retirar cirurgicamente Alterações do pericárdio Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 6 ATROFIA SEROSA DA GORDURA Lesão de pouco significado mas pode dar uma indicação da doença que o animal está tendo Animais que passam por desnutrição, doenças metabólicas que usam o tecido adiposo como fonte energética... *Pode acontecer em qualquer lugar que tenha tecido adiposo, não só no coração HIDROPERICARDIO Acúmulo de líquido – pode ser translúcido, amarelado ou avermelhado (pode ser por embebição hemoglobulínica – em animais que foram descongelados por ex, por pequenos focos de hemorragias - não a ponto de formar um coagulo) Pode ter a presença de fibrina *Edema De que lado seria a IC para ter hidropericárdio? DIREITO – pois a drenagem do saco pericárdio desemboca na veia cava *Hidropericárdio pode ser causado por - neoplasias, hipoproteinemia (lesão glomerular com perda de proteína), doença hepática crônica (não está produzindo proteína), IR (aumento de ureia = vasculite = aumento de permeabilidade vascular), hipertensão vascular (IC secundária), lesões vasculares... HEMOPERICÁRDIO Acúmulo de sangue; pode ser encontrado coágulos (com exceção dos animais que foram congelados e descongelados) Tamponamento cardíaco – quando acumula alguma substância de uma forma abrupta no saco pericárdio; coração não consegue fazer diástole (principalmente os átrios) = IC aguda = morte súbita Quando o acúmulo acontece de pouco em pouco, dá tempo dos mecanismos compensatórios agirem e os sinais clínicos aparecerem – vasoconstrição periférica, hipertrofia concêntrica O que pode causar hemopericárdio? Geralmente neoplasias cardíacas (hemangiossarcoma – comum em cão no AD – pode romper e causar sangramento), doenças que fazem vasculite, em equinos – ruptura de base de aorta em cavalos atletas (lesão prévia ou hipertensão – o animal morre por conta da ruptura da aorta, não necessariamente pela ruptura da aorta) PERICARDITE Por onde podem chegar agentes para fazer pericardite? Por via hematógena, penetração por corpo estranho, inflamação de tecido adjacente (pulmão – pleurite, pneumonia grave...) Pode ser: pericardite purulenta (presença/predomínio de pus) ou pericardite fibrinosa/fibrinopurulenta (mistura de fibrina com pus) – caracterização morfológica A fibrinosa pode ser por agentes virais/bacterianas – Streptococcus suis (aspecto pão com manteiga) FIBRINOSA PIF – peritonite infecciosa felina causada pelo coronavirus – apesar do nome ser peritonite ela causa inflamação de qualquer serosa (não só do peritônio – pericárdio, meninge...) Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 7 *Mycoplasma sp – começa com pleurite e pneumonia e secundariamente leva a pericardite *Doença de Glasser (suínos) – “PIF” dos suínos; acúmulo de fibrina no pericárdio, peritônio, meningite, artrite... *Retículo Pericardite Traumática (clássica de bovinos) – saco pericárdio fica grosso, pode aderir ao coração Acontece por um objeto perfurante (arame, prego...) – se deposita no fundo do retículo e durante a movimentação rumina, pode ter perfuração do retículo, do diafragma e esse objeto perfurante chegar próximo ou no pericárdio (dependedo tamanho do objeto) Perfuração + bactérias do TGI = grande granuloma que vai pegar o retículo, diafragma e o coração (pericárdio), e vai formando um material cheio de fibrina e pus, deixando a região muito inflamada Ao falar de inflamação do saco pericárdio, é necessário lembrar que ele pega o coração como um todo – não afeta só um lado, afeta o funcionamento do coração todo = IC bilateral Pensando em bovinos com IC congestiva, quais serão os sinais clínicos? IC direita - jugular aumentada, edema de barbela, edema de peito, ascite; IC esquerda – congestão e edema pulmonar *O acúmulo de líquido NÃO acontece por sepse, acontece pelo aumentado da pressão hidrostática pela IC PERICARDITE CONSTRITIVA Quando o animal não morre, tenta se recuperar e progride para uma forma mais crônica Saco pericárdio vai ficando espessado/grosso, pode sofrer um processo de fibrose e fica aderido ao coração O coração não consegue fazer diástole, e para tentar manter o DC sem o enchimento da câmara, o organismo estimula o aumento de FC = sobrecarga de pressão = hipertrofia concêntrica secundária ao aumento de carga (nos gatos pode acontecer por causa da PIF – não morre na forma aguda, foi ficando crônica = fibrose pulmonar, fibrose pericárdica = hipertrofia) Alterações do endocárdio Parte interna que reveste as câmaras É o endocárdio que forma as válvulas atrioventriculares e semilunares Essa camada do endocárdio é igual um endotélio – a parte externa tem célula endotelial (mesma camada que continua com os vasos) ENDOCARDIOSE **Não causa inflamação, é uma degeneração da válvula Ocorre SOMENTE em cães – predominantemente de raças de pequeno porte (gatos também sofrem de degeneração das válvulas, porém de outro tipo) Nesse caso é um tipo de material muito específico que se deposita É uma lesão de PROGRIDE – não melhora/só piora *É MAIS COMUM NA MITRAL A função da válvula atrioventricular é não deixar que volte fluxo do ventrículo para o átrio, sendo assim, quando começa a ocorrer Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 8 o acúmulo de uma substância que não é normal dali (fazendo com que ela fique espessada – ela tem que ser fina e transparente pois é uma membrana), ela começa a ficar opaca, esbranquiçada, e vai começar a encurtar – quando o coração começa a fazer a sístole do VE para mandar o sangue para a aorta, uma parte vai voltar para o AE (refluxo – é o sopro que aparece na ausculta = barulho do sangue voltando = quanto maior o barulho, provavelmente pior a degeneração) *Essa alteração pode levar a uma insuficiência valvular e o animal pode ter uma IC por conta disso – uma das principais causas de IC esquerda em cães de pequeno porte **Por fora, o endotélio da válvula não está lesionado, só por dentro Se está ocorrendo um refluxo importante do ventrículo para o átrio, o que pode acontecer com o átrio? Ele vai dilatar – dilatação atrial ENDOCARDITE **INFLAMAÇÃO DO ENDOCÁRDIO Pode ser no endorcárdio mural (parede do ventrículo) ou na válvula (nos folhetos - 90% das vezes) Grande parte delas são causadas por bactérias vindas de locais que já tem processo inflamatório (periodontite por ex) As bactérias se aproveitam de lesões no endotélio – algumas não precisam de ter lesão, ela mesma consegue lesionar o endotélio = não precisa de lesão prévia (depende da bactéria) – se tem uma lesão endotelial, tem plaquetas e tem proteína da cascata de coagulação - formando um trombo, e as bactérias vão estar no meio = trombo séptico por bactéria = forma o que é chamado de vegetação (massa irregular na área em que a bactéria está se acumulando junto com plaquetas, proteínas da cascata, células inflamatórias...) É um trombo cheio de bactérias... pode causar quais consequências no lado direito (tricúspide)? A válvula pode não aguentar o peso e romper, pode não conseguir fechar = refluxo, ou pode ter uma vegetação tão grande que vai interromper completamente a passagem de sangue = acúmulo de sangue no átrio, pode causar um êmbolo (tromboembolo cheio de bactérias vai para o pulmão = pneumonia embólica), pode obstruir o vaso levando ao infarto... E se acontecer do lado esquerdo (mitral): o embolo vai para a circulação, podendo cuasar infarto, esplenite (inflamação do baço), pode ir pro rim (nefrite embólica, glomerulonefrite bacteriana embolica) Da onde pode as bactérias podem vir para chegar no coração? Umbigo em filhotes (onfalite – principalmente em animais de produção), tromobose venosa (alguns medicamentos podem causar lesão, cateter contaminado, dermatite grave – celulite, lesão de dente, sinusite...) *Em bovinos as bactérias se originam geralmente de abcessos hepáticos – principalmente em animais com ruminite, mastite *Em suínos a porta de entrada mais comum é cutânea *Em cavalos a porta de entrada mais comum é respiratória Alterações do miocárdio Pode ter inflamação (miocardite) e lesões necróticas (primariamente) Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 9 A necrose geralmente está associada a causas tóxicas Antibióticos ionóforos (utilizado em ração para controle de microbiota ruminal): fazem necrose tubular (renal/nefrótica); a principal necrose causada por antiobióticos é a necrose de músculo (cardíaco e esquelético) – animal tem dificuldade de andar e as vezes não consegue nem ficar em pé - Podem ser utilizado para monogástrico (dosagem muito menor) – não se pode pegar a mistura que tem antibiótico ionóforo de um boi e dar para um cavalo = intoxicação = necrose dos músculos, inclusive o cardíaco = morte por IC, ou de pneumonia por aspiração (necrose de esôfago = não consegue deglutir direito) **Se tiver necrose muscular esquelética grave qual doença renal pode ocorrer? Quando tem necrose muscular ocorre a liberação de mioglobina = necrose tubular por pigmentos Deficiência de Vit E e selênio (antioxidantes): são importantes para tirar radical livre que em excesso na célula causa necrose Antraciclina (medicamentos quimioterápicos); rodentecida (veneno para rato) que contém tálio – cães Intoxicação por gossipol (componente da semente de algodão): é utilizado para fazer ração – em excesso também faz necrose muscular (geralmente em suínos) Deficiência de Taurina em gatos (aminoácido essencial para gato): necrose muscular Causas infecciosas: miocardite Plantas tóxicas: necrose muscular **SE NÃO TIVER HEMORRAGIA A NECROSE É BRANCA MIOCARDITES INFECCIOSAS Também vai ter necrose por agentes infecciosos/processo inflamatório Sistêmicas ou extensão de lesões no endocárdio e pericárdio Supurativa – muitos neutrófilos Necrotizantes – geralmente causadas por protozoários (não tem tanta inflamação mas tem muita necrose); é possível ver o protozoário na necrose Linfocítica – geralmente causada por vírus (o miocárdio tem as artérias coronárias – vasos – muitos vírus causam vasculite, então se tem vasculite desses vasos, acaba tendo inflamação no miocárdio) Necrotizante hemorrágica – Clostridium *Corpúsculo de inclusão intranuclear visto na microscopia = parvovírus = miocardite linfocítica viral CARDIOMIOPATIAS 3 tipos – dilatada (mais comum em cães), hipertrófica e a restritiva *Podem ser primárias ou secundárias Primárias quando tem uma mutação gênica induzindo a doença (cardiomiopatia dilatada canina e Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 10 cardiomiopatia hipertrófica felina em algumas raças predispostas por ex) Secundárias Ex: quando o animal tem hipertireoidismo (aumento da tireoide e dos hormônios produzidos por ela), os hormônios produzidos por ela estarão sendo secretados em maior quantidade, acelerando o metabolismo e, consequentementea frequência e a força de contração = hipertrofia concêntrica = cardiomiopatia hipertrófica secundária ao hipertireoidismo Ex2: quando o animal tem deficiência de Taurina, leva a necrose do miocárdio e consequentemente a dilatação do coração (principalmente em gatos) – o animal não come ração (come comida normal) e não é suplementado e tem uma cardiomiopatia dilatada, qual a causa da cardiomiopatia dilatada nesse caso? A deficiência de Taurina (não é genética – primária – e sim secundária) Ex3: quando o animal tem hipertensão sistêmica (ele tem IR e é hipertenso) e é descoberto uma cardiomiopatia hipertrófica do lado esquerdo = cardiomiopatia secundária à hipertensão *Para dizer que uma cardiomiopatia é primária, tem-se que eliminar todas as hipóteses dela ser por uma hipertrofia ou dilatação Cardiomiopatia dilatada Coração aumentado, globoso (o ápice também fica arredondado), flácido e pálido As câmaras ficam aumentadas e a parede fina (ocorre o estiramento das fibras) Por conta do estiramento das fibras, o coração não consegue mais fazer a sístole (contração) – desordem da função sistólica Canina (genética = primária) – ocorre em cães de grande porte e gigante, machos (porque é uma doença ligada ao cromossomo x e recessiva) Felina (muito rara – geralmente associada a deficiência de taurina = secundária) Que síndrome o animal com cardiomiopatia dilatada pode ter? IC uni ou bilateral **Líquido com espuma ao abrir a traqueia (necropsia) = congestão e edema pulmonar - a parede do ventrículo vai estar muito fina e não fará sístole (fibras atrofiadas) = acúmulo de sangue no átrio e no ventrículo Nesses animais, se a lesão no lado direito for grave, ele pode desenvolver: - Edema: ascite, hidrotórax, subcutâneo... - congestão da veia cava e de todas as veias que desembocam nela = aumento de pressão hidrostática = edema - Órgãos aumentados e fluindo sangue ao corte (por conta da congestão) - Clinicamente o animal vai apresentar cansaço, cianose, edemas visíveis... *Microscopicamente vai apresentar muito tecido adiposo, e a fibra muscular cheia de ondulação (por conta do estiramento) Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 11 Cardiomiopatia hipertrófica Concêntrica (a luz diminui) = desordem da função diastólica Causas: hipertensão, hipertireoidismo, má formação da válvula aórtica (congênita) *Raças de gatos mais predispostas, animais de meia idade, machos Por que o animal desenvolve isso? É uma mutação que estimula a produção de proteínas a mais nas fibras cardíacas, e essas fibras começam a aumentar - quando o DNA transcreve para produzir proteína, a proteína – distrofina (uma das proteínas que foram o músculo cardíaco) - é produzida em excesso, então a célula aumenta de tamanho = hipertrofia concêntrica NÃO É CONGÊNITO A hipertrofia concêntrica do lado esquerdo vai gerar o que para o coração? DILATAÇÃO ATRIAL ESQUERDA – sangue não consegue passar do AE para o VE e fica retido isso gera uma hipóxia das células endoteliais que revestem o átrio (a direção do fluxo leva a hipóxia dessas células); o sangue que está tentando entrar pelas veias pulmonares vão sofrer uma resistência = sangue precisa fazer força para conseguir entrar dentro do átrio = turbilhonamento = lesão na parede do vaso/endotelial = trombo no átrio *Trombo no VE pode virar tromboembolo, que vai para aorta, e os gatos (anatomicamente) tem uma área na aorta abdominal que bifurca para artéria ilíaca (que irriga os membros pélvicos), ocorrendo anóxia, paralisia e cianose nos M. pélvicos; também tem edema pulmonar e congestão *50% dos animais cardiomiopatia hipertrófica felina podem desenvolver trombo atrial (não é todo animal que desenvolve) e desses 50%, só metade desenvolve o tromboembolismo da aorta abdominal caudal *Clinicamente o animal vai começar a arrastar os membros pélvicos – pode ser confundida com lesão medular ou trauma *Microscopicamente, os animais que tem cardiomiopatia hipertrófica genética apresentam uma desorganização do miocárdio (fibras em vários sentidos) *Em cães geralmente é secundária Cardiomiopatia restritiva É UMA DOENÇA DE GATOS **Fibrose no endocárdio – é chamada de restritiva pois a fibrose restringe o movimento de diástole do coração (pode haver ligação de uma parede com a outra; não consegue abrir para encher a câmara) Endocárdio fica mais pálido pela fibrose *Frequentemente se encontra uma hipertrofia associada, mas é diferenciada da cardiomiopatia hipertrófica felina por conta da fibrose Aumento do AE, VE espessado Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 12 Neoplasias do coração Primárias, metastáticas – linfoma (linfoma também pode ser primário), Leucose enzoótica bovina (doença viral causada por retrovírus; infiltra no miocárdio – IC congestiva – e abomaso – não faz digestão) QUIMIODECTOMA: é uma neoplasia das células quimiorreceptoras que ficam no início da aorta ou na carótida *Vai comprimindo a aorta/carótida e o animal desenvolve uma IC *Pode desenvolver hipertrofia excêntrica – acúmulo de sangue no átrio (sobrecarga de volume); poderia ser concêntrica *São células que detectam a tensão de CO2 e O2 que está saindo do coração *Neoplasia neuroendócrina – células que possuem funções endócrinas, nervosas.. Benigno: Adenoma; maligno: Carcinoma *Muito comum em raças braquiocefálicas – provavelmente pelo estímulo respiratório HEMANGIOSSARCOMA: no átrio direito = IC direita = congestão dos órgãos = edema = fígado noz-moscada (congestão = hipóxia centrolobular = necrose = fígado noz- moscada) Alterações dos vasos O vaso é muito parecido com o coração pois também tem 3 camadas – túnica íntima (onde passa o sangue – revestida por endotélio), túnica média (músculo liso) e túnica adventícia (tecido conjuntivo) *Na artéria a túnica média vai ser maior ALTERAÇÕES QUE SE PODE TER NO VASO - Aneurisma Enfraquecimento e dilatação da parede do vaso *Mais comum em artéria mas pode ocorrer em veia *Pode romper Pode estar associada a deficiência de cobre – o cobre é um cofator que ajuda na enzima para formar colágeno (e o colágeno é importante para parede vascular) *PARASITAS que migram pela parede vascular - Ruptura Podem ocorrer secundárias a aneurismas, trauma, inflamação/micose das bolsas guturais (saco próximo a faringe que ajuda na umidificação do ar em equinos – pode ser secundário a garrotilho), espontânea (quando não é possível detectar uma causa)... - Hipertrofia A hipertrofia da túnica média é como se fosse a hipertrofia concêntrica do coração – geralmente ocorre quando há aumento de pressão Hipertrofias artérias podem estar associadas a casos de hipertensão – sistêmica, pulmonar... Pulmão hipertenso – o lado direito do coração vai dilatar ou hipertrofia excêntrica (sobrecarga de volume – não consegue mandar o sangue para o coração e ele fica acumulado); existe a possibilidade de fazer hipertrofia concêntrica também – vai fazer mais força para mandar sangue para um Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 13 região que já está hipertensa e com vasoconstrição ***Hipertrofia concêntrica é a mais comum Aelurostrongylus abstrusus, Drofilaria immits... Doença das alturas = hipertrofia de vasos; doença de bovinos *Doença do edema (suínos) – causada pela toxina da E. coli; faz tanta vasculite que o animal tem edema generalizado; microscopicamente é encontrada necrose fibrinoide de pequenas artérias *Necrose fibrinoide – em cima da parede do vaso acumula fibrina (por causa do aumento da permeabilidade vascular) *Em suínos a deficiência de Vit E e selênio causa vasculite com hemorragia – doença do coração de amora(acúmulo líquido – hidrotórax, morte súbita – o animal não faz IC congestiva) - Arterite de artéria mesentérica (equino) Formação de trombo; pode virar tromboembolo = vai parar em outros vasos = múltiplas áreas de infarto = necrose (intestino) - Calcificação (distrófica ou metastática) A parede do vaso não faz vasodilatação e nem vasoconstrição – fica estática = compromete a função - Aterosclerose Rara em animais – está associada a doenças metabólicas Ex: hipotireoidismo – metabolismo menor, metabolismo de lipídeos menor... *Animais que recebem dieta muito rica em gordura Patologia das veias Vasculite em veias = Flebite Infecção sistêmica – Salmonela e PIF Injeção intra-venosa – solução irritante, solução na parede, trauma) *Animal teve uma lesão grave do membro (processo inflamatório grave) e como a veia é muito superficial pode fazer flebite ***VEIAS NO COMPLEXO UMBILICAL EM FILHOTES – PRINCIPALMENTE EM ANIMAIS DE FAZENDA Inflamação do complexo onde tem a veia e o umbigo = ONFALOFLEBITE **O umbigo tem a veia e um ligamento que vai direto no fígado – quando se tem uma inflamação e presença de bactérias no umbigo, a primeira porta de entrada vai ser o Emilly Marques Sabino Leal Universidade Vila Velha 14 FÍGADO (formação de abcessos hepáticos com áreas de necrose hepática) Veia hepática > veia cava > circulação ***Bovinos adultos confinados (sistema intensivo) geralmente usam muito o TGI, então pode ocorrer abcessos hepáticos e trombose da veia cava secundários à RUMINITE
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