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09/05/2022 18:00 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 1/36 NORMA E USOS DA LÍNGUANORMA E USOS DA LÍNGUA PORTUGUESAPORTUGUESA ENSINO DE GRAMÁTICAENSINO DE GRAMÁTICA Autor: Me. Nahendi Almeida Mota Revisor : Dr . A ly Dav id Arturo Yamal l Ore l lana IN IC IAR 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 2/36 introdução Introdução Quantas gramáticas existem? O que é gramática normativa? Ensinar gramática ou fazer análise linguística? Quais são as normas da Língua Portuguesa? Essas são algumas das perguntas norteadoras desta unidade. A partir delas, apresentaremos alguns princípios teóricos referentes ao ensino, bem como a relação entre análise linguística e gêneros textuais. Além disso, organizamos o per�l histórico da tradição gramatical e da gramática tradicional, partindo da Grécia Antiga até o que tem sido feito agora no século XXI. Por �m, selecionamos duas, dentre muitas, abordagens sintáticas da atualidade, como forma de introduzir uma temática muito rica dentro dos estudos linguísticos! Bons estudos! 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 3/36 Este tópico foi dividido em dois momentos. No primeiro, serão apresentados alguns conceitos de gramática. No segundo, trataremos das diferenças e semelhanças entre o ensino de gramática e o que se tem chamado de análise linguística. Há mais de uma Gramática? A palavra “gramática”, embora geralmente esteja associada ao conteúdo das aulas de português nas escolas, é um termo que apresenta mais de um signi�cado. Todavia, todos eles estão um pouco relacionados entre si. Consegue pensar em algum(ns)? Irandé Antunes (2007) lista cinco tipos de gramática: (i) conjunto de regras que de�nem o funcionamento de uma língua; (ii) conjunto de normas que regulam o uso da norma culta; (iii) uma perspectiva de estudo dos fatos da linguagem; (iv) uma disciplina de estudo; e (v) um compêndio descritivo-normativo sobre a língua. Gramáticas e AnáliseGramáticas e Análise LinguísticaLinguística 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 4/36 Sírio Possenti (1996), por sua vez, conceitua “gramática” como “conjunto de regras”. Essas regras dividem-se em três tipos: (i) as que devem ser seguidas; (ii) as que são seguidas; e (iii) as que o falante da língua domina. Essas classi�cações estão interligadas, respectivamente, à gramática normativa, à gramática descritiva e à gramática internalizada — e, a cada uma delas, o autor relaciona uma noção de “regra”. Vejamos. As regras, para a gramática normativa, são como regras de etiqueta: devem ser seguidas porque, caso contrário, o falante será avaliado negativamente; já para a gramática descritiva, as regras são como as leis da natureza, pois organizam fatos sem atribuir-lhes juízos de valor; isto é, a gramática descritiva explica o uso da língua. Por �m, a gramática internalizada também apresenta suas regras, as quais expressam conhecimentos linguísticos, também sem cunhar-se em uma postura valorativa. Além disso, acompanhando as gramáticas normativa e descritiva, o autor traz conceitos para “língua” e “erro”. Para a primeira gramática, língua são as formas produzidas por falantes cultos e erro é tudo que difere da variedade padrão. Já a segunda, ao tratar de língua, não desconsidera nenhum dado, seja ele considerado culto ou não, seja da língua oral ou escrita; logo, erro seria apenas construções ou formas que não fazem parte de nenhuma das variantes da língua. Pensando na maneira com que isso in�uencia (ou pode in�uenciar) na postura do(a) professor(a) na sala de aula, é preciso re�etir sobre qual é a abordagem pedagógica mais e�caz para lidar com os desa�os que envolvem o momento em que a norma-padrão se encontra com as diversas variedades: na sala de aula. Portanto, no próximo tópico, faremos algumas considerações acerca do ensino da língua. Análise Linguística: o que é isso? O debate em torno do ensino de português, principalmente do que chamamos de gramática, não é recente. O que ensinar? Ou, talvez mais importante, como ensinar? A partir de vários estudos e re�exão, uma nova 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 5/36 proposta surgiu: a análise linguística. Este termo foi cunhado por Geraldi, em sua obra O texto na sala de aula , de 1984. O autor o de�ne da seguinte maneira: O uso da expressão “prática de análise linguística” não se deve ao mero gosto por novas terminologias. A análise linguística inclui tanto o trabalho sobre questões tradicionais da gramática quanto questões amplas a propósito do texto, entre as quais vale a pena citar: coesão e coerência internas do texto; adequação do texto aos objetivos pretendidos; análise dos recursos expressivos utilizados (metáforas, metonímias, paráfrases, citações, discursos direto e indireto, etc.); organização e inclusão de informações; etc. Essencialmente, a prática da análise lingüística não poderá limitar- se à higienização do texto do aluno em seus aspectos gramaticais e ortográ�cos, limitando-se a “correções”. Trata-se de trabalhar com o aluno o seu texto para que ele atinja seus objetivos junto aos leitores a que se destina (GERALDI, 1984, p. 74). Como podemos notar, o autor, diferentemente do que alguns pregam sobre os linguistas, não defende o �m do ensino de gramática, e sim uma nova maneira de ensiná-la. Mais do que ensinar nomenclaturas vazias, conceitos soltos e palavras descontextualizadas, ele propõe uma abordagem que permita que o aluno, com o auxílio do(a) professor(a), compreenda o funcionamento da língua e, a partir daí, consiga desenvolver suas habilidades de leitura e produção textual. Para que essa proposta �que um pouco mais clara, trouxemos, abaixo, um quadro elaborado por Mendonça (2006). Nele, a autora apresenta as diferenças entre o ensino de gramática (EG) e a prática de análise linguística (AL). Leia-o com atenção e tente pensar em como, na prática, isso pode ser feito. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 6/36 ENSINO DE GRAMÁTICA PRÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA · Concepção de língua como sistema, estrutura in�exível e invariável. · Concepção de língua como ação interlocutiva situada, sujeita às interferências dos falantes. · Fragmentação entre os eixos de ensino: as aulas de gramática não se relacionam necessariamente com as de leitura e de produção textual. · Integração entre os eixos de ensino: a AL é ferramenta para a leitura e a produção de textos. · Metodologia transmissiva, baseada na exposição dedutiva (do geral para o particular, isto é, das regras para o exemplo) + treinamento. · Metodologia re�exiva, baseada na indução (observação dos casos particulares para a conclusão das regularidades/regras). · Privilégio das habilidades metalinguísticas. · Trabalho paralelo com habilidades metalinguísticas e epilinguísticas. · Ênfase nos conteúdos gramaticais como objetos de ensino, abordados isoladamente e em sequência mais ou menos �xa. · Ênfase nos usos como objetos de ensino (habilidades de leitura e escrita), que remetem a vários outros objetos de ensino (estruturais, textuais, discursivos, normativos), apresentados e retomados sempre que necessário. · Centralidade na norma-padrão. · Centralidade dos efeitos de sentido. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 7/36 Quadro 1.1 - Diferenças entre ensino de gramática eanálise linguística Fonte: Mendonça (2006, p. 207). São muitas as diferenças elencadas no quadro, porém vamos destacar apenas algumas delas. A primeira diz respeito à concepção de língua: no EG, a língua é considerada um sistema in�exível e invariável, enquanto na AL ela é compreendida como uma ação interlocutiva. Em outras palavras: uma abordagem entende a língua como um produto; a outra compreende-a como um processo. Outra diferença que merece destaque é a que trata das habilidades. No EG, a habilidade metalinguística é a que prevalece, isto é, a análise de nomenclaturas e conceitos da gramática normativa; já na AL, há um trabalho que relaciona as habilidades metalinguísticas com as epilinguísticas, que dizem respeito ao trabalho funcional que se pode fazer com a língua, observando-a, reconstruindo-a, pensando nos efeitos de sentido que podem ser alcançados por meio de uma ou outra maneira de escrever/falar. · Ausência de relação com as especi�cidades dos gêneros, uma vez que a análise é de cunho estrutural e, quando normativa, desconsidera o funcionamento desses gêneros nos contextos de interação verbal. · Fusão com o trabalho com os gêneros, na medida em que contempla justamente a intersecção das condições de produção dos textos e as escolhas linguísticas. · Unidades privilegiadas: a palavra, a frase e o período. · Unidade privilegiada: o texto. · Preferência pelos exercícios estruturais, de identi�cação e classi�cação de unidades/ funções morfossintáticas e correção. · Preferência por questões abertas e atividades de pesquisa, que exigem comparação e re�exão sobre adequação e efeitos de sentido. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 8/36 Tratar dos efeitos de sentido é pensar também em um outro tópico, no qual a autora coloca, de um lado, o EG, que centraliza seu ensino na norma-padrão, e, do outro, a AL, que tem como centro os efeitos de sentido. Não podemos, contudo, pensar que tirar a norma-padrão do centro signi�que ignorá-la. Muito pelo contrário: trabalhar com os efeitos de sentido é mostrar que não é somente a norma-padrão que serve para a comunicação, a�nal sabemos que nem sempre é necessário segui-la ao pé da letra. Por �m, pensemos o último tópico do quadro: a organização das atividades. No ensino de gramática, preferem-se os exercícios estruturais, isto é, aqueles que pedem ao aluno para preencher espaços e classi�car unidades de uma oração, por exemplo. Na análise linguística, exercícios estruturais não necessariamente deixam de ser feitos, porém eles servem como um suporte, caso necessário, isto é, se o/a professor(a) sentir a necessidade de fazê-los, tendo um objetivo muito claro em mente. O foco, porém, são as questões concernentes à adequação e aos efeitos de sentido. Essas são algumas das diferenças existentes entre o ensino de gramática e a análise linguística. Mas também há semelhanças, não é? A principal delas é que, em ambas, se pretende desenvolver as habilidades linguísticas do aluno, porém uma proposta é mais ampla do que a outra. praticar Vamos Praticar No início desta unidade, foram apresentados os conceitos de “regra”, “língua” e “erro” segundo as gramáticas normativa e descritiva — além de termos tratado, também, da gramática internalizada. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 9/36 a. “Os menino saiu cedo hoje.” b. “*Sua namorado é bonita!” Com base no que você aprendeu, marque a resposta que explica a maneira com que as sentenças seriam avaliadas pela gramática normativa e pela descritiva. a) A gramática normativa classi�ca as duas frases como erradas, enquanto a descritiva entende ambas como corretas. b) As sentenças são consideradas erradas tanto pela gramática normativa quanto pela descritiva. c) As sentenças são consideradas corretas por ambas as gramáticas. d) A gramática normativa desconsidera as duas, enquanto a gramática descritiva considera apenas a frase da letra a. e) A gramática descritiva desconsidera as duas, enquanto a gramática normativa considera apenas a frase da letra a. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 10/36 Como vimos no tópico anterior, o debate em torno do ensino de língua portuguesa ainda é bastante produtivo, uma vez que há diversas opiniões — algumas muito divergentes entre si — sobre como ensinar português. Portanto, neste tópico, desenvolveremos mais re�exões sobre esse assunto, a �m de conhecer os princípios teóricos referentes ao ensino de gramática e, em seguida, identi�car os princípios da análise linguística em gêneros textuais, utilizando como exemplo a “notícia de jornal”. Princípios Teóricos Referentes ao Ensino de Gramática No Tópico 1.1, foram apresentados alguns conceitos de gramática. Com eles, vêm também diferentes abordagens metodológicas. De acordo com Travaglia (2009), o uso da gramática normativa auxilia nas expressões consideradas corretas; com a gramática descritiva, pretende-se expor a estrutura e o funcionamento da língua, isto é, sua forma e função. Além dessas, o autor sugere a abordagem produtiva, aquela que contribuirá para o O Ensino de LínguaO Ensino de Língua PortuguesaPortuguesa 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%3… 11/36 desenvolvimento das habilidades linguísticas do aluno. Nela, as diferentes variedades linguísticas são aceitas, a�nal cada uma delas envolverá sujeitos, situações comunicativas e efeitos. Partindo dessas noções, o autor apresenta quatro abordagens de ensino de gramática, deixando claro que elas não precisam, necessariamente, ser trabalhadas separadamente nas aulas — uma pode complementar a outra. São elas: (i) a gramática teórica; (ii) a gramática normativa; (iii) a gramática de uso; e (iv) a gramática re�exiva. A primeira diz respeito ao trabalho com a nomenclatura, o que envolve classi�cações morfológicas e funções sintáticas, por exemplo. Nela, geralmente, o texto é usado como “pretexto” para se ensinar termos e elementos gramaticais. Na segunda abordagem, como já citado anteriormente, é a norma culta escrita que ganha destaque, já que as outras variedades da língua são desconsideradas. Na terceira, os alunos são orientados a trabalhar com todas as variedades da língua, a culta e as demais, de modo que tal exercício o auxilie no manuseio com a língua em diferentes situações interacionais. Por �m, a gramática re�exiva tem como foco os efeitos de sentido gerados por meio de um ou outro uso e, embora dominar a metalinguagem não seja o objetivo principal, ela pode, sim, fazer parte das atividades. Portanto, a formação do professor deve torná-lo competente tanto para saber quando uma abordagem será melhor do que outra quanto para planejar aulas que não se limitem a apenas uma delas. Pensando nisso, trataremos, no próximo tópico, dos princípios de análise linguística em variados gêneros textuais. Princípios de Análise Linguística em Gêneros Diversos Os Parâmetros Curriculares Nacionais, sejam eles do ensino médio ou fundamental, estabelecem que a leitura, a produção textual e a análise linguística devem ser os pilares do ensino de língua portuguesa, pois essas práticas contribuirão para o desempenho das habilidades linguísticas dos 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 12/36 alunos. Para isso, elas devem ser trabalhadas em diversos gêneros, já que é por meio destes que os falantes se comunicam e colocam a língua em uso. Pensando nisso, Santos, Riche e Teixeira (2012) propuseram algumas atividades de práticas de linguagem associadas a gênerosdiversos. Para este material, selecionamos a explanação de um gênero escrito, a notícia de jornal. Uma Sugestão de Atividade com o Gênero “Notícia de Jornal” Diferentemente da época em que Santos, Riche e Teixeira (2012) publicaram seu livro, atualmente são os jornais on-line os que mais alcançam as pessoas, portanto são eles que receberão destaque aqui. Concordando com as autoras, podemos a�rmar que é possível trabalhar com a leitura e a produção textual com o subsídio do gênero “notícia”, a�nal, é importante que os alunos tenham contato e se familiarizem com ele, sobretudo, para entender os problemas da era digital. Para começo de conversa, o professor deve auxiliar o aluno, com o intuito de fazê-lo identi�car os elementos básicos de uma notícia. Vejamos. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 13/36 Manchete – título principal, de maior destaque, no alto da primeira página de jornal ou revista, alusivo à mais importante dentre as notícias contidas na edição. Título – frase que tem como objetivos básicos dar ao leitor uma orientação geral sobre a matéria que encabeça e despertar o interesse pela leitura. Subtítulo – título secundário, que se segue ao principal e o complementa (“linha �na”). Lide (do inglês lead ) – parágrafo inicial que apresenta as informações essenciais da notícia. Intertítulo – título no interior da notícia que chama a atenção para um aspecto especí�co que será tratado e que organiza as informações em blocos menores. Corpo do texto – deve responder às seguintes perguntas principais: · O que aconteceu? (Fato) · Como aconteceu? (Descrição detalhada do fato) · Com quem aconteceu? (Pessoas envolvidas) · Por que aconteceu? (Causa, motivo, razão) · Onde aconteceu? (Local) · Quando aconteceu? (Tempo) Quadro 1.2 – Elementos básicos da notícia Fonte: Santos, Riche e Teixeira (2012, p. 137). Para um trabalho produtivo, é interessante que sejam feitas atividades pré- textuais, textuais e pós-textuais, envolvendo produção textual, leitura e análise linguística. As atividades pré-textuais podem discutir os objetivos associados à divulgação de uma notícia, os suportes que a divulgam, e, inclusive, uma comparação entre o mundo e a divulgação de notícias antes e depois da Internet. Algumas perguntas podem ser norteadoras desse papo, por exemplo: hoje em dia, 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 14/36 com a rapidez com que as notícias são divulgadas, todas as notícias apresentam esses elementos? Já nas atividades textuais, o professor pode pedir que os estudantes respondam perguntas referentes ao corpo do texto (como as disponíveis no Quadro 2.1) e encontrem informações elementares presentes na notícia, tanto as que serão encontradas no texto em si quanto as encontradas nas imagens que as acompanham, se houver. Além disso, também é possível trabalhar com aspectos gramaticais neste momento, pois, aqui, o aluno irá se familiarizar com as informações que estão sendo transmitidas para ele assim como aprimorar, se esta for uma atividade compatível com o planejamento em torno da notícia, seus conhecimentos acerca de aspectos gramaticais. reflita Re�ita Os “memes” merecem a atenção da escola? A língua tem, como característica intrínseca a ela, a mudança. Além de mudanças semânticas, morfológicas, fonéticas etc., a maneira com que a usamos também sofre alterações oriundas das mudanças sofridas pela sociedade. Antes, nos comunicávamos por meio de cartas, hoje, estas praticamente foram substituídas por e-mails, mensagens enviadas por aplicativos etc. A escola, como uma instituição que precisa preparar o aluno para ser um cidadão ativo, crítico e re�exivo diante da sociedade e suas mudanças, precisa pensar em como lidar com os novos gêneros. Assim, surge a pergunta: trabalhar com gêneros tão recentes, como os “memes”, é necessário? Fonte: Elaborado pela autora. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 15/36 Por �m, serão feitas as atividades pós-textuais, que podem envolver produção textual. Os alunos podem, como sugerem Santos, Riche e Teixeira (2012), criar notícias para serem veiculadas no jornal da escola, e elas podem ser referentes ao cotidiano escolar, a algum �lme assistido em sala ou até a algum livro lido. Dessa forma, a tríplice que sustenta os PCN será atendida: o trabalho com a leitura, a análise linguística e a produção textual. praticar Vamos Praticar Travaglia (2009) desenvolve re�exões acerca de quatro tipos de gramática: a teórica, a normativa, a de uso e a re�exiva — e cada uma delas é associada a uma abordagem de ensino de português. Com base nas suas leituras, escolha a a�rmação que coincide com as a�rmações feitas pelo autor. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação : uma proposta para o ensino de gramática. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2009. a) A gramática teórica enfatiza os efeitos de sentido produzidos por meio dos variados usos da língua, enquanto a gramática normativa trata, preferencialmente, da norma culta da língua. b) A gramática normativa tem como objetivo substituir a maneira que o aluno fala pela norma culta da língua, desconsiderando os contextos reais de uso. c) O trabalho com a gramática re�exiva não pode tratar de aspectos gramaticais nem de metalinguagem. d) Para o autor, as abordagens não devem ser mescladas em uma mesma aula, pois isso atrapalha a compreensão do aluno. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 16/36 e) Com a gramática de uso, o professor elaborará atividades que ajudem os alunos a compreender as variedades da língua, embora sempre a�rmando que a norma culta deve ser utilizada em todas as situações comunicativas. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 17/36 Com este tópico, temos três objetivos: (i) compreender a tradição gramatical e as características da gramática tradicional; (ii) conhecer o percurso histórico dos estudos gramaticais; e (iii) reconhecer as formas de análise sintática do português. A Tradição Gramatical e a Gramática Tradicional Para introduzirmos a temática, vale a pena apresentarmos um trecho de Mattos e Silva (1994, p. 12) acerca do conceito de gramática tradicional. Conforme a autora, a gramática tradicional pretende estabelecer as regras de uma língua e através delas ensinar a língua àqueles que já a dominam. Há uma contradição nessa de�nição: se os aprendizes já dominam a língua, a gramática nada terá a ensiná-los. De fato a gramática tradicional estabelece regras de um predeterminado modelo ou padrão da língua, para aqueles que já dominam Tradição Gramatical eTradição Gramatical e Gramática Tradicional: umGramática Tradicional: um Per�l HistóricoPer�l Histórico 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 18/36 outras variantes dessa língua e também algumas regras daquela variante que é a padrão. A de�nição de gramática tradicional da autora coincide com o que foi apresentado nos tópicos anteriores sobre a gramática normativa, por exemplo. Logo, percebemos que não é somente um autor que trata do assunto e nem mesmo é algo que já está resolvido, dado. Muito ainda precisa ser debatido, mas, para isso, é importante que entendamos qual o percurso trilhado pela tradição gramatical. A gramática tradicional, porém, está cunhada em um uso especí�co da língua — o uso culto, o de grandes escritores, e não aquele falado por todos os seus falantes, com suas diversas variedades. Essa gramática, especi�camente,tem sua origem em Platão e Aristóteles, na Grécia Antiga. Figura 1.1 - Platão Fonte: Mariia Domnikova / 123RF. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 19/36 Figura 1.2 - Aristóteles Fonte: Mariia Domnikova / 123RF. Essa gramática, ainda hoje, é associada ao “dialeto da elite”, da classe dominante, como nos diz Mattos e Silva (1994). Esse seu aspecto suscita vários debates acerca da relação entre língua e poder, que nutrem posturas diversas, como a de pessoas que defendem uma imposição radical da gramática prescritiva, e também a de pessoas que defendem o extremo oposto, a total ruptura com o ensino das regras da gramática normativa. Como um pouco sobre essas posições já foi apresentado em tópicos passados, vamos nos ater, aqui, à apresentação de um breve panorama do per�l histórico dessa tradição, até porque, independentemente da postura adotada pelo professor, é importante estar ciente das escolhas, compreendendo em que elas estão amparadas e quais objetivos se pretendem alcançar com cada uma. Agora, vejamos, a seguir, uma breve apresentação do panorama histórico dessa tradição, tendo como base o per�l histórico elaborado por Mattos e Silva (1994). Para mais detalhes, consulte a obra da autora. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 20/36 Para começar a explanação, Mattos e Silva (1994, p. 15) desenvolve algumas informações acerca do período que se inicia com Platão e vai até Dionísio da Trácia. A autora a�rma o seguinte: As gramáticas tradicionais hoje oscilam entre dois pólos: ou partem da apresentação das funções sintáticas, tratando em seguida das partes do discurso ou classes de palavras; ou partem destas para chegar às suas funções sintáticas. Essas duas direções já se delineavam no século V a.C., tendo predominado a segunda. Quanto ao trabalho de fundamentação dessas gramáticas tradicionais, foram os estoicos que, mais do que discutir o problema �losó�co da origem da linguagem, trataram das regularidades (ou não) existentes na língua. Partindo do trabalho deles, os �lólogos de Alexandria �xaram na tradição gramatical uma “noção” que prevalece até os tempos atuais, o “erro clássico”, que valoriza a língua escrita dos grandes escritores e condena qualquer uso que se diferencie dela. E essa é, portanto, a época que marca a história do que vem a se chamar gramática tradicional. Todavia, ainda no tocante a esse período, vale citar Dionísio de Trácia (séculos II–I a.C.), o responsável pelo que �cou conhecido como a primeira descrição sistemática de uma língua publicada no mundo ocidental. Para ele, a gramática é de�nida como “a arte de escrever”. Apolônio Díscolo (século II d.C.), por sua vez, foi quem elaborou a primeira sintaxe, quando estudou a língua grega. O próximo período descrito por Mattos e Silva (1994) vai da Grécia (com os Alexandrinos) para Roma (com Prisciano), momento muito importante para a gramática tradicional. Nessa época, Varrão, discípulo de gramáticos da escola alexandrina, dá a sua grande contribuição para a área: a aplicação da gramática grega a outra língua, o latim. Além dele, há Prisciano, responsável pela obra na qual encontramos a primeira sintaxe da língua latina; obra tão importante que muitas de suas terminologias ainda estão presentes nas gramáticas tradicionais de hoje. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 21/36 Outra fase bastante importante para os estudos gramaticais diz respeito à Idade Média e ao Renascimento. Mattos e Silva (1994, p. 21) a�rma o seguinte: É um lugar-comum dizer que a Idade Média é a ponte que liga Grécia e Roma ao mundo moderno, isto é, o interregno entre o �m do Império Romano, século V, e os �ns do século XV, momento de abertura da Europa para outros mundos. Vale ressaltar que a própria designação estabelecida pela História — Idade Média — expressa essa concepção. Nesses dez séculos de desorganização e reorganização na Europa Ocidental germinaram novas sementes e cultivaram-se as velhas. São duas as vertentes existentes no período medieval que tratam da língua, sobretudo da constituição de uma teorização sobre ela que se corpori�ca no que é conhecido hoje como gramática tradicional: o prosseguimento do estudo da língua latina, que foi a “língua da cultura” de toda a Europa medieval, e a observação e a análise das línguas que envolviam o mundo românico: célticas, germânicas etc. Citando Kristeva, Mattos e Silva (1994, p. 24-25, grifo da autora) a�rma que o Renascimento orienta de�nitivamente o interesse linguístico para o estudo das línguas modernas, e é marcado profundamente pelo fato de a língua começar a ser trabalhada de modo generalizado como objeto de ensino. Isso decorre da necessidade social de se ensinarem as línguas ‘vulgares’ e não apenas o latim nas escolas da Europa e às novas populações que deveriam ser cristianizadas nos outros continentes. Pode-se a�rmar, em suma, que a re�exão linguística do século XVI liberta-se da limitação de tratar apenas das línguas clássicas para ampliar seu campo de observação e de análise empírica. Além disso, ela desenvolve um discurso pedagógico que objetiva trabalhar a língua como um objeto de estudo e, também, de ensino. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 22/36 Para concluir esse percurso, até o século XX, Mattos e Silva (1994) traz à tona algumas questões ligadas às teorias linguísticas dominantes nas duas metades do século — o Estruturalismo e o Gerativismo —, a �m de mostrar que, embora se oponham e se contraponham, elas são claras em seus objetivos e metodologias, enquanto a gramática tradicional, “base da gramática escolar até hoje, traz em si a soma de vinte e três séculos de tradição e contradição, à qual se acumulam as contradições da atualidade, decorrentes de tentar adaptar à tradição secular as construções da Linguística Moderna” (MATTOS; SILVA, 1994, p. 31). As Formas de Análise Sintática do Português: da In�uência do Modelo Latino até os dias Atuais Neste subtópico, apresentaremos um breve panorama sobre as gramáticas de João de Barros, Jerônimo Soares Barbosa e Celso Cunha e L. F. Lindley Cintra, a �m de sumarizar informações que dizem respeito às formas de análise sintática do português no decorrer dos séculos, até o �m do século XX. Para tanto, nos fundamentamos na resenha de Mattos e Silva (1994). Além disso, ao término da explanação, elencamos algumas gramáticas elaboradas já no século XXI, com perspectivas mais atuais e que descrevem o português brasileiro. João de Barros (1540): a Gramática da Língua Portuguesa Fernão de Oliveira, Pêro de Magalhães de Gândavo, Duarte Nunes de Leão e João de Barros são os quatro gramáticos portugueses quinhentistas. Segundo Mattos e Silva (1994, p. 34), apenas o último da lista trata do que hoje é compreendido com o âmbito da sintaxe. João de Barros de�ne gramática como “vocábulo grego: quêr dizer çiência de letras. E segundo a di�nçam que lhe os gramáticos dérám ; é um modo çerto e justo de falár e escrever, colheito do uso e autoridade dos barões doutos (Barros, 1971:293, grifos nossos)” 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 23/36 (MATTOS; SILVA, 1994, p. 34, grifos da autora) e a divide em Ortogra�a, Prosódia, Etimologia e Sintaxe. Quanto a esta última, seu peso na obra ainda é baixo, resumindo-se a observações sobre concordância e regência — embora seja válido estar ciente de que seus apontamentos estão presentes até hoje na gramática tradicional. Jerônimo Soares Barbosa (1803, 1ª edição de 1822): aGramática Philosophica da Língua Portuguesa Jerônimo Soares Barbosa, ao elaborar sua Gramática philosophica da língua portuguesa, seguiu a proposta da gramática de Port-Royal, desenvolvida na França em 1660. Ele �cou conhecido por inovar não só na teoria e na descrição da língua portuguesa, mas também no seu ensino: nas primeiras, por ter criticado os gramáticos anteriores a ele, por estes terem a gramática latina como modelo para a portuguesa; e, no segundo, por não aceitar que se partisse do latim para ensinar português. Sua gramática, contudo, foi ofuscada pelo crescimento, no �m do século XIX, do estudo da história das línguas e da Filologia e, em meados do século XX, pelo destaque dado ao Estruturalismo, só voltando a receber a devida atenção quando Noam Chomsky, na segunda metade do século XX, declara ter a escola de Port-Royal como sua antecedente histórica. O espaço de sua gramática destinado à Sintaxe mostra que ela ainda se centra na palavra como unidade básica do modelo, e sua classi�cação é bastante complexa, o que gerou a sua não aceitação. Assim, foi mantida a classi�cação da época de Platão. Celso Cunha e L. F. Lindley Cintra (1985): Nova Gramática do Português Contemporâneo Conforme Mattos e Silva (1994, p. 48): Para uma avaliação da Nova gramática do português contemporâneo (1985) devem entrar na argumentação não só os elementos caracterizadores da tradição gramatical do passado, 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 24/36 mas também aqueles das teorias lingüísticas que se constituíram no século XX, a partir do corte epistemológico radical que os estruturalismos, tanto europeu como americano, fazem não só em relação à lingüística historicista do século XIX, mas também em relação à tradição gramatical que se construiu desde Platão e se apresenta, poderíamos dizer, consolidada na gramática de Port Royal. Esse trecho merece destaque porque, com ele, �ca claro que a gramática de Cunha e Cintra foi escrita em um período em que várias teorias linguísticas estavam se consolidando, o que faz com que tal gramática tenha sofrido a in�uência de mais de uma perspectiva. Um dos objetivos dos autores, com essa gramática, foi descrever o português da época na sua forma culta, ou seja, a língua dos escritores portugueses, brasileiros e africanos. Sua preferência, portanto, é a escrita culta literária, o que a conecta ao princípio estabelecido em Alexandria, que trata do que Lyons chama de “erro clássico” da tradição que circunda a gramática. Quanto à sintaxe, os autores a de�nem como “a parte da gramática que descreve as regras segundo as quais as palavras se combinam para formar frases” (MATTOS; SILVA, 1994, p. 60). Com base nessa breve apresentação sobre algumas maneiras de olhar para a gramática do português e sua sintaxe no decorrer da tradição gramatical, podemos perceber o valor atribuído ao que chamamos de gramática tradicional, que se debruça sobre a língua na sua modalidade culta. Além disso, nem sempre houve uma separação clara entre o português europeu e o brasileiro. Mas isso vem mudando agora, no início do século XXI. Abaixo, listamos algumas gramáticas que se destinam a tratar do português vernacular do Brasil. I. Gramática do português brasileiro, de Mário A. Perini; II. Nova gramática do português brasileiro, de Ataliba T. de Castilho; III. Gramática de usos do português, de Maria H. de Moura Neves; 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 25/36 IV. Gramática pedagógica do português brasileiro, de Marcos Bagno. Todas elas, com suas especi�cidades, surgem para dar uma nova direção aos estudos acerca do português brasileiro, uma vez que este ansiava por uma descrição criteriosa e de qualidade. Vale a leitura! saiba mais Saiba mais Para saber um pouco mais sobre algumas das gramáticas que têm como proposta tratar do português brasileiro e sua gramatização, vale a pena ler o artigo abaixo! Nele, as autoras analisam as introduções e os sumários das gramáticas de Castilho (2010) e Bagno (2012), a �m de veri�car a postura dos linguistas, até onde há, de fato, uma ruptura com a tradição gramatical e, também, prospecções acerca de manuais futuros. Fonte: Elaborado pela autora ACESSAR Estudar a história das gramáticas, partindo de séculos atrás até as décadas mais atuais, é uma maneira de entender mais sobre a nossa língua e, também, sobre a nossa própria história, como povo e como país. Por isso, mesmo que não ensinemos todos esses detalhes aos alunos, é interessante que estejamos sempre em contato com essas informações, pois elas auxiliam nosso fazer docente, que deve ser crítico, re�exivo e, mais do que expor regras baseadas na gramática normativa, deve ser aquele que faz o aluno pensar sobre o funcionamento da língua! http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/886 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 26/36 praticar Vamos Praticar Neste tópico, aprendemos um pouco mais sobre a gramática tradicional. Dessa vez, demos ênfase à tradição gramatical e ao seu per�l histórico, com uma breve apresentação de sua história desde a Grécia Antiga. Como base no que você aprendeu sobre o assunto, escolha a sentença em que todas as informações estejam corretas. a) Desde o período da Grécia Antiga, os estudiosos da linguagem direcionam a atenção para os diferentes usos da língua, uma vez que, para eles, as variedades linguísticas faziam parte da cultura de um povo e, portanto, mereciam uma descrição criteriosa, rica em detalhes. b) As classi�cações gramaticais ensinadas na escola, como “substantivo”, “verbo” etc. foram criadas no século XIX, pelos estruturalistas. c) A re�exão linguística do século XVI libertou-se da limitação de tratar apenas das línguas clássicas e ampliou seu campo de observação e de análise empírica, passando a estudar, também, línguas célticas, germânicas etc. d) A primeira gramática da língua portuguesa foi produzida no início deste século, por Ataliba Castilho. e) Lyons, segundo Mattos e Silva (1994), chama de “erro clássico” tudo que diz respeito à Grécia Antiga, pois as re�exões linguísticas dessa época são bastante equivocadas. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 27/36 Neste tópico, apresentaremos duas abordagens sintáticas da atualidade: a Sintaxe Descritiva e a Sintaxe Normativa Tradicional. A partir delas, observamos as relações formais que interligam os constituintes de uma sentença, atribuindo-lhe uma estrutura, bem como as formas de organização das palavras. A Sintaxe Descritiva Perini (2015, p. 185) explica a Sintaxe Descritiva (SD) da seguinte maneira: “não é uma teoria nem um modelo de análise; é uma posição metodológica, válida em princípio para qualquer linguista trabalhando dentro de qualquer dos modelos teóricos do momento”. Em outras palavras: a SD pode auxiliar linguistas de diferentes perspectivas a lidar com seus objetos de pesquisa. O autor acrescenta ainda que ela tem dois objetivos: fornecer um retrato da estrutura da língua em um certo nível de análise e oferecer um instrumento para a testagem de teorias e análises mais aprofundadas. Assim, com A Sintaxe do Português:A Sintaxe do Português: Abordagens da AtualidadeAbordagens da Atualidade 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 28/36 frequência, os descritivistas organizam bases de dados, sejam elas dicionários de valências, listas de classi�cações de palavras etc. Para ilustrar as relações formais e a organização das palavras conforme a SD, trataremos, aseguir, da ordem dos adjetivos. Como se sabe, alguns adjetivos podem ocorrer tanto antes quanto depois do núcleo do sintagma nominal (SN), ao passo que outros só podem ocorrer depois. Vejamos, a seguir, exemplos disponíveis em Perini (2015). a. Um lindo relógio. b. Um relógio lindo . c. Um relógio japonês . d. * Um japonês relógio. Em (a) e (b), percebemos que o adjetivo “lindo” pode vir nas duas posições, mesmo que isso inter�ra no seu valor semântico dentro da sentença, enquanto o adjetivo “japonês” não tem essa liberdade sintática; por isso que em (d) há um asterisco antes da frase — ela é agramatical. Observando esses aspectos, foi provado que adjetivos de proveniência (origem nacional, regional etc.) não podem vir antepostos ao SN. E isso pode ser testado à vontade! e. A mulher brasileira é muito inteligente. f. O povo nordestino é guerreiro. Não é possível inverter essa ordem (“*a brasileira mulher” ou “*o nordestino povo”), e os usuários da língua sabem disso: a ordem �caria estranha e o sentido não seria alcançado pelo ouvinte. Assim, é essa relação entre formas sintáticas e signi�cados que interessa à SD, e por serem relações de caráter geral, e não categórico, elas independem do gênero textual. A Sintaxe Descritiva analisa, portanto, a “estrutura sintático-semântica das línguas naturais, dando preferência a estudos de grande amplitude” (PERINI, 2015, p. 193). Isso posto, é importante que �que claro que a SD evita 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 29/36 generalizações sem antes ter observado um elevado número de dados da língua. A Sintaxe Normativa Tradicional A Sintaxe Normativa Tradicional está inserida no que chamamos de Gramática Tradicional, já discutida em tópicos anteriores: aquela que pode se referir tanto à história dos estudos da linguagem quanto ao conteúdo ensinado na escola, nas aulas de português. Neste subtópico, faremos mais alguns apontamentos concernentes ao ensino e à sintaxe, com ênfase na análise sintática. A análise sintática foi, e talvez ainda seja, um dos principais instrumentos de avaliação do conhecimento em aulas de português. Azeredo (2015, p. 209), como forma ilustrar esse tipo de análise, trata do pronome relativo, aquele que “introduz a oração como um conectivo e ainda participa de sua estrutura exercendo nela uma função sintática (sujeito, complemento)”. Para início de conversa, ele traz quatro exemplos, mas, aqui, abordaremos apenas os dois primeiros, todos conforme o uso padrão formal da língua: a. Feche a gaveta em que (ou na qual ) guardamos os documentos. b. Não me lembro do nome do funcionário a quem entreguei os documentos. Porém essas frases também podem ser formuladas, na fala recorrente, da seguinte forma: c. Fecha a gaveta que a gente guardou os documentos d. Não lembro (d)o nome do funcionário que entreguei os documentos. As regras sintáticas que auxiliaram a formulação de (c) e (d), muito comuns nas falas dos brasileiros, são diferentes das previstas pelo padrão formal. Por isso, o autor a�rma que o “português falado por brasileiros praticamente só possui uma regra de relativização, [...]. A língua que se fala generalizadamente no Brasil não põe preposição antes de pronome relativo” (AZEREDO, 2015, p. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 30/36 211). A Sintaxe Normativa, contudo, segue a�rmando que somente (a) e (b) são legítimas, alegando existir “rigor lógico” que as pre�ra. Esse é apenas um exemplo do que pode e é debatido quando a Sintaxe Normativa e os usos reais se confrontam. Não há, aqui, uma tentativa de substituir os primeiros exemplos pelos segundos, e sim de observar a legitimidade de todos eles e deixar que o usuário da língua decida quando usar uma ou outra forma. praticar Vamos Praticar No Tópico 4, estudamos duas abordagens sintáticas da atualidade: a Sintaxe Descritiva (SD) e a Sintaxe Normativa Tradicional (SNT). Agora, leia as proposições abaixo e selecione a que melhor resume ambas as abordagens, respectivamente: a) A SD tem sua história iniciada na Grécia Antiga e diz respeito à descrição do uso correto da língua, e a SNT é um modelo de análise utilizado por linguistas de diversas perspectivas teóricas. b) A SD é uma posição metodológica e a SNT é a abordagem que defende a variedade da língua. c) Ambas as abordagens trabalham com a língua em uso, isto é, com dados coletados de situações reais de uso da língua, a �m de veri�car e descrever a maneira de falar dos usuários. d) As duas abordagens foram substituídas pela abordagem funcionalista da língua. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 31/36 e) A SD é uma posição metodológica que consegue auxiliar linguistas das mais variadas perspectivas teóricas, e a SNT considera língua apenas o uso culto, ignorando todas as outras variedades existentes. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 32/36 indicações Material Complementar LIVRO Análise e produção de textos Leonor Werneck Santos, Rosa Cuba Riche e Claudia Souza Teixeira Editora: Editora Contexto ISBN: 978-85-7244-718-8 Comentário: A análise linguística, a produção textual e a leitura são as três práticas linguísticas defendidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para que se cumpra o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das habilidades do aluno, tornando-o um usuário e�ciente na sua própria língua. E é com base nessa perspectiva que as autoras deste livro fundamentam os capítulos, pois, em cada um deles, são 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 33/36 desenvolvidos pressupostos teóricos e atividades que seguem as orientações dos PCN. Em síntese: é um livro que consegue alinhar teoria e prática. LIVRO Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho Nome do Autor Editora: Parábola Editorial ISBN: 978-85-88456-61-7 Comentário: Neste livro, Irandé elenca alguns tipos de gramática, re�ete sobre equívocos que circundam a relação entre língua e gramática, explora nomenclaturas e classi�cações, e a necessidade de rever algumas práticas de ensino, e ainda expõe algumas atividades que estão aquém da gramática, �nalizando com uma sugestão de programa que vai muito além da gramática. Esta é uma grande indicação para aqueles que estão sempre preocupados com o tratamento recebido pela gramática nas aulas de português! 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 34/36 FILME Tapete Vermelho Ano: 2006 Comentário: Comentário relacionado à unidade: O personagem principal, junto com a esposa e o �lho, sai da roça onde mora em direção à cidade, a �m de ir ao cinema. Ele leva para a cidade a sua maneira de falar e, por causa disso, acaba sendo estigmatizado. Por meio desse �lme, portanto, é possível notar a relação entre preconceito social e preconceito linguístico. Para assistir ao trailer do �lme, acesse o link, disponível em: TRA ILER 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 35/36 conclusão Conclusão Iniciamos esta unidade apresentando os diferentes tipos de gramática e a sua relação com diversas abordagens do ensino de português, momento em que também foram expostas a prática de análise linguística e as contribuições dos estudos linguísticos para o ensino. No tópico seguinte, organizamos um per�l histórico com informações variadas acerca da históriada tradição gramatical e da gramática tradicional. Para concluir, expusemos duas maneiras, dentre outras possíveis, de tratar da sintaxe: a Sintaxe Descritiva e a Normativa Tradicional, a �m de mostrar que, quando o assunto é língua, um único viés não será su�ciente para abordar tudo. Esperamos que tais leituras tenham sido proveitosas e que tenham atiçado o seu interesse para uma área que ainda carece de muito estudo. referências Referências Bibliográ�cas ANTUNES, I. Muito além da gramática : por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. 09/05/2022 18:01 Ead.br https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=9%2ba%2fHHUVaNO5w%2bW%2bbNwk9A%3d%3d&l=jhxzZ21ofFQXd4RVFkJrzw%3d%… 36/36 AZEREDO, J. C. de. Sintaxe normativa tradicional. In : OTHERO, G. de Á.; KENEDY, E. (Orgs.). Sintaxe, sintaxes : uma introdução. São Paulo: Contexto, 2015, p. 197-216. GERALDI, J. W. O texto na sala de aula . Cascavel: Assoeste, 1984. MATTOS; SILVA, R. V. Tradição gramatical e gramática tradicional . São Paulo: Contexto, 1994. MENDONÇA, M. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto. In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (Org.). Português no ensino médio e formação do professor . São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 199-226. PERINI, M. A. Sintaxe descritiva. In: OTHERO, G. de Á.; KENEDY, E. (Orgs.). Sintaxe, sintaxes : uma introdução. São Paulo: Contexto, 2015, p. 185-195. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola . Campinas: Mercado das Letras, 1996. SANTOS, L. W.; RICHE, R. C.; TEIXEIRA, C. S. Análise e produção de textos . São Paulo: Contexto, 2012. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática . 11. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
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