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DESCRIÇÃO Aspectos gerais referentes à segurança na Ginástica Artística (GA) e sua relação com o ensino e a prática da modalidade. PROPÓSITO O conhecimento sobre os aspectos que envolvem a segurança na GA é essencial para os profissionais de Educação Física escolherem as estratégias mais adequadas, tanto para prevenção de acidentes quanto para preservação de integridade física e mental dos praticantes. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as estratégias e técnicas para prevenir acidentes na Ginástica Artística MÓDULO 2 Reconhecer as lesões mais comuns na Ginástica Artística e as formas de prevenção MÓDULO 3 Reconhecer as posições corporais básicas da Ginástica Artística e sua aplicação no processo de ensino e aprendizagem INTRODUÇÃO Ao assistir a uma competição de Ginástica Artística (GA) de alto rendimento, tal como Jogos Olímpicos ou Campeonato Mundial, é muito comum as pessoas acharem que esta é uma modalidade perigosa, isto é, que existe grande possibilidade de acidentes e que a GA expõe os praticantes e atletas ao risco de lesões. ALTO RENDIMENTO O termo alto nível ou alto rendimento refere-se ao alto nível de performance esportiva. Como no Brasil não existe uma classificação, consideramos alto nível a performance exigida para competições estaduais ou de maior abrangência. Assim o mais alto nível de competições seriam os Jogos Olímpicos e as que adotam as regras da Federação Internacional de Ginástica – FIG. Este pensamento pode estar relacionado à natureza daquele esporte, que inclui, entre outros fatores, os impactos produzidos no corpo durante os impulsos e aterrissagens, as posições pelas quais o corpo passa durante a realização de diversos movimentos, no ar, de cabeça para baixo etc., e a execução de exercícios complexos nos diferentes aparelhos masculinos ou femininos. No entanto, se pensarmos em nossas atividades da vida diária, veremos que elas também estão associadas a certo grau de risco de acidentes e lesões: atravessar uma rua, subir uma escada ou sofrer um pequeno e inesperado acidente, como torcer o pé ao pisar em uma calçada desnivelada. Desta forma, tanto na ginástica quanto em atividades da vida diária, devemos procurar analisar os riscos que nos rodeiam e tomar precauções e medidas para minimizar nossa exposição a eles. Assim, neste conteúdo, vamos apresentar os aspectos gerais relacionados à segurança nas aulas de Ginástica Artística (GA), e quais métodos ou procedimentos podemos adotar para javascript:void(0) tentar evitar ou minimizar os riscos de acidentes e lesões, tanto no ensino quanto na prática desta modalidade. Por fim, vamos também reconhecer as posições básicas corporais e sua importância para o ensino progressivo e seguro dos fundamentos acrobáticos e coreográficos da Ginástica Artística. PREVENÇÃO DE ACIDENTES Neste módulo, vamos estudar as principais estratégias e técnicas utilizadas para prevenir acidentes na Ginástica Artística (GA). Em qualquer nível de participação na GA, seja educacional, recreativo ou competitivo, a segurança está entre os fatores mais importantes a serem considerados. A segurança deve ser tratada de forma bastante ampla e interdisciplinar, pois tem conexão direta com outros aspectos da GA. Todo professor deve estar consciente da importância da segurança no ambiente em que se dá o processo de ensino e aprendizagem da ginástica, seja na escola, no ginásio esportivo, no clube, na academia etc. Afinal, o que é segurança na GA? É o gerenciamento do risco de acidentes no ambiente ginástico ou espaço gímnico, ou seja, no ambiente em que se dá a aprendizagem da ginástica propriamente dito. MÓDULO 1 Identificar as estratégias e técnicas para prevenir acidentes na Ginástica Artística Considerando a relevância do tema, a Federação Americana de Ginástica sugere as seguintes estratégias para prevenir acidentes e diminuir o índice de lesões na GA (USGF, 2016): NORMAS DE SEGURANÇA E CONDUTA. INSPEÇÃO CONSTANTE DO LOCAL DAS AULAS. PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS AULAS. CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR. INSTRUÇÕES ADEQUADAS AOS PRATICANTES. UTILIZAÇÃO DAS PROGRESSÕES PEDAGÓGICAS. AJUDA MANUAL. UTILIZAÇÃO CORRETA DOS EQUIPAMENTOS E SUA MANUTENÇÃO. SEGURO E LEGISLAÇÃO. Agora, vamos abordar conceitualmente cada uma delas e sua aplicação para as aulas de ginástica artística: NORMAS DE SEGURANÇA E CONDUTA Comportar-se de forma disciplinada nas aulas de ginástica artística é um fator de grande relevância, que interfere na segurança dos próprios alunos, e estes devem ter essa consciência desde o primeiro dia de aula. É importante lembrar que a disciplina pode estar presente nas aulas sem que as aulas percam seu caráter lúdico. Combinados com a ludicidade, aspectos úteis ficam mais agradáveis, tornando mais fácil a aderência à modalidade. No primeiro dia de aula, o professor deve apresentar aos alunos uma lista com as normas de segurança e conduta que devem ser seguidas por todos. Nela estão elencados os cuidados com as instalações, o uso dos equipamentos, a vestimenta correta e o comportamento esperado do aluno. Constantemente, o professor deverá relembrar os alunos sobre todas as regras, de forma verbal, escrita ou com uso de imagens. Demonstrações também podem ser usadas quando se tratar de alguma técnica de aterrissagem, por exemplo. Uma comunicação de forma clara e simples por parte do professor e uma escuta atenta por parte dos alunos ajudarão na compreensão das instruções. É muito importante também ouvir os alunos quanto a suas dúvidas e incertezas, tornando a comunicação multidirecional no processo de ensino e aprendizagem. O aluno deverá conhecer a importância de reportar ao professor qualquer questão que possa interferir no seu rendimento na aula, como doenças, cansaço, inquietações, dores de cabeça etc. Professores, alunos e responsáveis devem conhecer os diferentes aspectos envolvidos em sua participação nas aulas. As informações transmitidas aos alunos, relacionadas a suas responsabilidades, auxiliam na conscientização para participar das aulas. Em geral, crianças são muito ansiosas e querem fazer os exercícios mais difíceis, desafiar-se ou, apenas, mostrar suas capacidades. Aí entra o professor, que deve orientar seus alunos quanto a suas potencialidades e limites evitando que o aluno faça exercícios além de seu nível de aptidão, a fim de impedir lesões, frustrações e medo. Por outro lado, não desafiar o aprendiz pode tornar a atividade monótona e diminuir o interesse na participação. O ideal é que a atividade proposta esteja ligeiramente acima das possibilidades do aluno, tornando a prática desafiadora, mas, ao mesmo tempo, segura. Para isso, o professor deve estar constantemente buscando aprofundar-se nos conhecimentos e atualizar-se de maneira contínua. A proteção do aluno deve ser garantida pelo professor, pelo próprio aluno e pelos pais ou responsáveis, uma vez que esses podem incentivar ou cobrar do aluno que ele acelere seu processo de aprendizagem, desrespeitando o ritmo natural de desenvolvimento da criança. Para ajudar os responsáveis neste processo, o professor pode promover palestras educativas com os responsáveis e os alunos, para explicar sobre o papel e a importância de cada um em uma aprendizagem o mais segura possível. ATENÇÃO Não deve ser permitida a utilização de equipamentos ou do espaço gímnico sem a presença de um professor. Muitos casos de acidentes já foram relatados depois de alunos entrarem em sala antes do professor ou ficarem sem ele na sala após terminar a aula. Ambientes com equipamentos de ginástica devem estar trancados, e a permanência no local deve estar condicionada à presença do professor responsável. javascript:void(0) EQUIPAMENTOS DE GINÁSTICA São aparelhos em que se realizam as provas da GA. Existem também equipamentos auxiliares para a aprendizagem. VESTIMENTA SUGERIDA PARA TREINOS/AULAS Para muitos, pode parecer um capricho, mas a vestimentaadequada do professor e do aluno pode auxiliar na prevenção de acidentes e lesões, assim como na evolução do aluno. Para as competições de Ginástica Artística (GA), a vestimenta para ginastas está descrita nos regulamentos específicos. No entanto, para treinos e aulas, a vestimenta poderá ser adaptada. GINASTAS Aqui nos referimos ao praticante da GA independentemente de seu nível, desde a prática escolar ou recreativa até os níveis competitivos. javascript:void(0) VESTIMENTA PARA O PROFESSOR É aconselhável usar roupas esportivas, com camisas preferencialmente justas ao corpo, evitar o uso de boné, bijuterias e relógio, cuidar para que os óculos estejam bem fixados (se for o caso), e tomar cuidado com unhas grandes e pontiagudas. Para prevenir lesões nos alunos, é importante que calças não tenham enfeites, tais como zíper ou outros adornos, e a boca seja justa para facilitar a locomoção durante os auxílios. Os sapatos adequados são os fechados de sola baixa e antiderrapantes, ou tênis. Muitos ginásios, por questões de higiene, só permitem a entrada de usuários descalços. Professores que, porventura, tenham cabelos longos, é sugerido prendê-los e tirá-los da frente do rosto. VESTIMENTA PARA OS ALUNOS É adequado camisa que permita movimentos, blusa e/ou top confortável, de preferência ajustados ao corpo, ou collant para as meninas e leotard para os meninos. Bermuda ou calça de tecido que permitam movimentar-se. ATENÇÃO Não é aconselhável fazer aula sem camisa. Evitar roupas que tenham capuz, bolsos, zíper, ou que sejam muito largas. As unhas devem estar preferencialmente bem aparadas, os cabelos totalmente presos. Pede-se evitar o uso de boné, presilhas duras, pontiagudas ou que possam causar ferimento. Para prender os cabelos, o preferível é utilizar elásticos, silicones ou “xuxinhas”. Caso o aluno necessite usar óculos de grau durante a aula, estes devem estar bem fixados; Não é permitido usar relógio e bijuterias. É aconselhável o uso de brincos pequenos, que não sejam pendurados. Geralmente, o aluno participa da aula de pés descalços. Sapatilha de ballet não serve para a Ginástica Artística, existem sapatilhas próprias para a modalidade. É importante o professor usar o bom senso para avaliar se seu aluno está adequadamente trajado para a aula. INSPEÇÃO CONSTANTE DO LOCAL DAS AULAS A segurança deve estar em primeiro lugar, e todos os professores que dividem o espaço de aula são responsáveis por manter o ambiente de trabalho seguro, unindo esforços e solucionando qualquer problema que possa ser identificado. Assim, a prevenção torna-se importante aliado nesse processo. Ao chegar no local da aula, faça uma inspeção completa do espaço, do estado de manutenção em que se encontram os equipamentos, bem como da sua posição em relação a outros equipamentos ou paredes, ajudando a minimizar os riscos de acidentes. PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS AULAS Um bom planejamento das atividades refletirá no progresso e na segurança dos alunos. É importante que toda a equipe de professores (quando for o caso) participe do planejamento, que deve ser pensado de forma anualizada, passando pelos semestres, bimestres, até chegar aos menores níveis em que se determinam as atividades semanais e de cada aula. É importante ressaltar que o planejamento não deve ser estático e deverá ser revisado periodicamente de acordo com as necessidades dos alunos. CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR, GINASTAS E RESPONSÁVEIS O processo de educação continuada para professores é um importante meio para auxiliar na tarefa de prevenir acidentes e lesões na ginástica. O professor deve participar de cursos de extensão, pós-graduações, congressos e toda forma de aquisição de conhecimentos para atualizar-se, aperfeiçoar seus planos de aula e experimentar novas metodologias. Assim ele será capaz de capacitar seus alunos e os responsáveis com informações atuais e pertinentes sobre a segurança na Ginástica Artística. INSTRUÇÕES ADEQUADAS AOS PRATICANTES Para que o professor possa instruir corretamente seus alunos quanto aos conteúdos da ginástica, respeitando sua individualidade, é necessário um bom conhecimento dos fundamentos e das suas progressões pedagógicas, da técnica, da execução, das formas de aterrissagem e das ajudas manuais para realização dos exercícios ginásticos. Ainda devemos considerar a preparação correta dos alunos para as aulas, isto é, o estado de prontidão para fazer as atividades específicas da ginástica. Aqui, podemos citar um bom aquecimento prévio e o estado de condicionamento físico e mental em que o aluno se encontra. A aptidão física apropriada é um dos pontos mais importantes para se prevenir lesões. O professor deve conhecer as demandas físicas de cada atividade, para assim adequá-la ao nível de desenvolvimento motor e faixa etária da turma. Até mesmo os fundamentos mais básicos da ginástica exigem um nível de condicionamento físico como pré-requisito para sua realização. Os alunos que estão mais aptos fisicamente estão menos sujeitos aos riscos de se lesionar. UTILIZAÇÃO DAS PROGRESSÕES PEDAGÓGICAS Para tornar o processo de ensino e aprendizagem o mais seguro possível, é necessário conhecer as metodologias de ensino. A metodologia de ensino mais usada na Ginástica Artística (GA) é o método progressivo, que consiste no domínio de alguns pré-requisitos ou elementos prévios antes de passar para aprendizagem de elementos de maior complexidade. Existe um grande número de elementos básicos e ações motoras que o aluno deve aprender antes da execução de exercícios mais difíceis, avançando em uma progressão pedagógica. Evoluir muito rapidamente de um elemento a outro ou pular etapas da aprendizagem anteriores pode trazer consequências nocivas ao aluno em curto, médio e longo prazos (TUROFF, 1991), e, muitas vezes, a dificuldade do aluno em aprender elementos difíceis está relacionada à negligência de algumas etapas prévias. A velocidade, bem como a necessidade de executar mais ou menos elementos prévios, é individual; e é importante que o professor identifique as necessidades de cada aluno. AJUDA OU AUXÍLIO Consiste no auxílio manual dado ao executante pelo professor ou um companheiro, para garantir a integridade física, ou auxiliar na realização de uma tarefa ainda não dominada. Sem dúvida, a ajuda é uma estratégia muito utilizada quando falamos em segurança na GA. A ajuda tem as seguintes funções: Manipular o aluno, auxiliando-o durante um exercício para proporcionar a sensação de realização desse exercício. Prevenir lesões, no caso de o exercício ainda não estar completamente assimilado. Fornecer apoio psicológico, quando o ajudante apenas se coloca ao lado do executante para aumentar sua autoconfiança (TUROFF, 1991). Existem diferentes tipos de ajuda para um mesmo elemento da ginástica. Não existe uma regra, pois o que vai determinar se a ajuda foi ou não eficiente é o grau de proteção oferecido ao aluno, ou o quanto e como essa ajuda contribuiu para a realização da tarefa. ELEMENTO É um componente da atividade ginástica, dos seus fundamentos, desde uma ação motora simples até um elemento específico da modalidade. Algumas vezes, utilizam-se os termos movimento ou exercício com o mesmo sentido. A habilidade de fornecer ajuda ao executante é desenvolvida com a prática. Um elemento deve ser treinado, repetido, várias vezes pelo professor com diferentes corpos (idade, peso, altura, sexo), e diferentes níveis de elementos. Aconselha-se iniciar essa prática com pessoas mais leves e com exercícios básicos e, conforme for adquirindo confiança, ir avançando para exercícios mais difíceis. Quando um professor não tem total confiança para proteger o aluno, ele pode iniciar sua prática em dupla com outro professor mais experiente, até que esteja totalmente preparado para fornecer a ajuda sozinho. Aprender as formas de ajuda, praticá-las e estar bem condicionado fisicamente é fundamental, não só pelo benefício prestado aoaluno, mas também para a proteção do próprio professor. Eventualmente, pode acontecer de um professor se acidentar tentando proteger o aluno durante um exercício. javascript:void(0) Cabe ressaltar que a ajuda deve ser fornecida tão somente até o exercício ser aprendido. A partir daí, o aluno deve executá-lo livremente, ou corre-se o risco de ele criar uma dependência do professor. A comunicação entre o executante e o professor é fundamental para uma ajuda eficiente. Caso contrário, a manipulação pode acabar por prejudicar a performance. Sinais, orientações verbais, gestos ou toques no corpo do aluno podem ajudar a sincronizar o ritmo da ajuda entre o executante e o ajudante. O professor pode falar, por exemplo: um, dois, três e vai! Ou seja, quando ele disser “vai”, o aluno executa o elemento. CINTO DE SEGURANÇA Um recurso muito usado na GA que substitui a ajuda do professor diretamente ao aluno é o cinto de segurança, composto por cabos de aço presos ao teto, cordas, roldanas e o cinto, que é colocado na cintura no executante. Este aparelho serve para manter o aluno por mais tempo no ar antes da aterrissagem, evitando quedas perigosas e melhorando a noção espacial. O cinto é mais usado para aprendizagem de destrezas mais complexas, porém também tem utilidade para acelerar a aprendizagem de exercícios mais simples. Sua confecção é simples, mas sua utilização demanda muito tempo de aula, já que é utilizado com um aluno de cada vez. FOSSO Nos ginásios mais sofisticados, este é um equipamento quase obrigatório. É como se fosse uma piscina, porém o fosso é preenchido com inúmeros blocos de espuma em vez de água. Existem também os fossos que são preenchidos com colchões. Seu tamanho, sua profundidade e localização dependem da organização dos aparelhos no espaço gímnico. A finalidade do fosso é prevenir lesões durante a aprendizagem dos exercícios, diminuir o impacto nas aterrissagens, permitindo que o ginasta possa repetir mais vezes os exercícios sem sobrecarregar tanto o corpo e oferecer segurança psicológica para que ele possa arriscar movimentos novos, já que o risco de se machucar praticamente inexiste. UTILIZAÇÃO CORRETA DOS EQUIPAMENTOS E SUA MANUTENÇÃO Os equipamentos utilizados na GA podem ser “oficiais”, que são homologados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), ou “não oficiais”, nos quais se incluem os fabricados por empresas que não têm o selo da FIG, os artesanais e os manufaturados. Os equipamentos oficiais vêm com seus manuais contendo as formas adequadas de utilização e manutenção, além da garantia de fábrica, logo o professor deverá seguir à risca as orientações da empresa fabricante em suas aulas. Por outro lado, devido ao alto custo e a dificuldades de aquisição dos equipamentos oficiais, pois devem ser importados, o que mais encontramos nos espaços gímnicos do Brasil são equipamentos “não oficiais” e “auxiliares” da aprendizagem. Não existe problema na utilização desses equipamentos, mas a atenção deve ser redobrada, pois na falta de instrumentos normativos que possam garantir a boa e adequada utilização desses equipamentos, a responsabilidade recai sobre os ombros do professor e da instituição que oferece a prática da ginástica. Para minimizar os riscos, é aconselhável adquirir equipamentos “não oficiais” de fabricantes confiáveis, além do conhecimento e da experiência do professor, que são determinantes. Alguns cuidados que aumentam a segurança são: Sempre inspecionar os equipamentos antes de utilizá-los. Posicioná-los no local adequado para a atividade a ser realizada na respectiva aula. Evitar utilizar equipamentos que foram construídos para uma determinada finalidade em qualquer outra diferente daquela. Estar atento às indicações de peso, altura e idade do aluno. Tanto os equipamentos oficiais quanto os não oficiais podem ser fixos ou móveis. Na categoria de equipamentos fixos, encontramos aqueles que são presos ao solo ou parede, ou aqueles que se mantêm sempre no mesmo lugar, por questões de peso e dificuldade de montagem. Todavia, a maioria dos ambientes para prática da GA são utilizados, também, por outras modalidades esportivas ou atividades distintas, logo existe a necessidade de montar e desmontar equipamentos cotidianamente. Para estes locais, a questão mais importante é que todos os equipamentos estejam com colchões de proteção. Os colchões de proteção podem ser de diferentes tipos, tamanhos, formatos, cores, densidades, tecidos, mas o principal é que cada um cumpra a função para a qual foi selecionado. Por exemplo, os colchões mais macios são utilizados para absorver impacto nas aterrissagens, aprendizagem de novos fundamentos, mas podem ser perigosos para aterrissagens com rotação no eixo longitudinal (BESSI, 2016). Outro equipamento que merece destaque no que tange à segurança é o trampolim acrobático, mais conhecido como cama elástica. Indubitavelmente, é o equipamento mais atrativo e prazeroso e se impõe em qualquer espaço de prática da ginástica. Quem não fica eufórico ao ver o popular “pula, pula” e quer subir para experimentá-lo? Então, sem fugir à regra, a utilização desse aparelho só deverá ser permitida sob orientação do professor. Se for possível desarmar o trampolim após seu uso, é o ideal, mas, na impossibilidade, deve-se cobri-lo com algo que impeça sua utilização fora da aula ou sem supervisão, já que este é considerado o equipamento que oferece maior risco de acidentes. SEGURO E LEGISLAÇÃO Neste módulo, não vamos aprofundar nos aspectos jurídicos e legais envolvidos no tema da segurança na GA, mas salientar que uma instituição que promove a ginástica não pode, de forma alguma, negligenciá-los. A contratação de seguro saúde para os participantes também pode ser uma ótima opção para resguardar a instituição e os profissionais de possíveis danos financeiros provenientes de acidentes. O exame médico e liberação do aluno para a prática de atividades físicas são obrigatórios e devem ser solicitados no ato da matrícula, conforme previsto em lei. ESTRATÉGIAS PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA GINÁSTICA ARTÍSTICA A especialista Patrícia Arruda apresentará as estratégias e as técnicas para prevenção de acidentes na ginástica artística. VEM QUE EU TE EXPLICO! Normas de segurança e conduta Ajuda e auxílio Utilização correta dos equipamentos e sua manutenção VERIFICANDO O APRENDIZADO EPIDEMIOLOGIA DAS LESÕES NA GINÁSTICA ARTÍSTICA (GA) Neste módulo, vamos analisar as lesões mais comuns na GA e como preveni-las. A GA é um dos esportes mais antigos e populares do programa olímpico. Caracteriza-se pela realização de movimentos complexos, com apoio ou no ar, e que são executados em diferentes aparelhos. APOIO MÓDULO 2 Reconhecer as lesões mais comuns na Ginástica Artística e as formas de prevenção javascript:void(0) Refere-se a uma situação na qual o aluno se encontra apoiado sobre alguma parte ou em partes do corpo no chão ou em aparelhos da Ginástica Artística. Por exemplo: apoio de mãos, apoio de pés, apoio do quadril. Existem várias formas de participar das aulas de GA: em participação competitiva, educacional, recreativa etc. Embora a competitiva, ou seja, a atuação em competições de alto nível, possa parecer a que mais expõe o praticante ao maior risco de lesões, todas as formas de participação são consideradas por vários autores como bastante seguras. Todavia não se pode eliminar o risco de lesões em nenhuma das formas de participação. ATENÇÃO O risco de lesões parece estar muito mais associado à falta de conhecimento dos professores para ensinar a GA do que à natureza da atividade. Podemos considerar que as lesões fazem parte da essência do esporte e que, muitas vezes, são inevitáveis. Por isso, devemos conhecê- las, para que possamos minimizar os fatores de risco e, por fim, preveni-las. Geralmente, as pessoas envolvidas na GA, sejam professores, ginastas, pais, médicos etc. se veem envolvidos com as seguintes questões: Qual o risco de lesão e como esse risco pode variar de acordo com o tipo físico e nível do ginasta? Quando e onde as lesões mais comuns ocorrem? Qual é a consequência de uma lesão? Quais são os fatores envolvidos no aumento do índice de lesões? Buscar as respostas para essas questões é o objetivo principal dos estudos de epidemiologia das lesões na GA. A epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes da variação das taxas de doenças, lesões e outros estados de saúde em populações humanas para identificar e implementar medidas de prevenção de seu desenvolvimento e de sua propagação. Quando nos referimos a quem é afetado pelas lesões, quando e onde elas ocorrem e o que causa as lesões, estamos nos referindo à epidemiologia descritiva, que é a área onde se encontra o maior número de estudos científicos relacionados à lesão na GA (CAINE; RUSSEL & LIM, 2013). Analisar as lesões na GA tem como objetivo, além da prevenção, adequar as normas e os regulamentos das competições, melhorar os equipamentos e materiais, avaliar e criar técnicas para execução dos movimentos, aperfeiçoar o planejamento de treino e a preparação dos praticantes (SANDS; CAINE; BORMS, 2003). PRINCIPAIS CAUSAS DE LESÃO NA GINÁSTICA ARTÍSTICA IMPACTO COMO FATOR DE RISCO PARA AS LESÕES Um fator determinante das lesões que ocorrem na ginástica são os impactos aos quais o ginasta é submetido durante o treinamento, a aula ou em uma competição. Dentro deste fator, devemos analisar o número de impactos a que o praticante é submetido e qual é a intensidade desses impactos. Apenas para ilustrar, após realizar um duplo mortal para trás, são registradas forças de reação verticais que atingem níveis entre 8,8 e 14,4 vezes o peso corporal do atleta. Imagine a intensidade deste impacto no corpo do ginasta durante a aterrissagem. Através do monitoramento das cargas, como a quantidade de saltos e a intensidade destes, é possível adequar a carga de treinamento e evitar lesões. O feedback do atleta ou do praticante é sempre muito importante, e a execução de movimentos complexos deve ser realizada em estados sem fadiga excessiva ou após períodos adequados de repouso, para que o risco de lesão seja reduzido. EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA COMO FATOR DE RISCO PARA LESÕES Outro fator a se levar em consideração é a evolução da GA nos seguintes aspectos que têm influenciado negativamente o aparecimento de um maior número de lesões: Aumento na frequência, duração e intensidade dos treinamentos. Aumento do número de horas de treinamento semanal dos ginastas (30 a 40 horas ou mais, durante cinco a seis dias da semana por 12 meses ao ano). Maior grau de dificuldade dos elementos a serem realizados no alto nível, e isso afeta as categorias inferiores. Considerando os fatores descritos acima, podemos concluir que o monitoramento das cargas de treino é fundamental para a prevenção de lesões para ginastas de alto nível. Seguindo essa lógica, nos níveis escolares e recreativos, a ginástica se apresenta como atividade bastante segura, pois não são afetadas pelas causas aqui apresentadas. LESÕES MAIS COMUNS NA GINÁSTICA ARTÍSTICA Aqui, não temos a pretensão de esgotar o assunto, mas levar o conhecimento de algumas das lesões encontradas com maior frequência na GA: LESÕES NO TRONCO ESPONDILÓLISE Fratura da parte posterior de uma vértebra da coluna, que pode ser assintomática e evoluir para espondilolistese. Geralmente ocorre nas regiões cervical e lombar, mas também pode aparecer na torácica. ESPONDILOLISTESE Devido a uma espondilólise, pode ocorrer o escorregamento de uma das vértebras sobre outra, que recebe o nome de espondilolistese. LESÕES DO MEMBRO SUPERIOR OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO COTOVELO É uma doença em que os fragmentos do osso ou da cartilagem do cotovelo se soltam e flutuam pela articulação. É muito comum em atletas de ginástica, devido aos apoios e impactos sobre as mãos. LESÕES NO MANGUITO ROTADOR Os músculos do manguito rotador são muito importantes para a estabilidade do ombro. Tendinites e ruptura do tendão são as causas mais frequentes de dor nessa região, normalmente, provocadas por sobrecarga repetitiva ou traumática. LESÕES DOS MEMBROS INFERIORES DOENÇA DE SEVER É uma inflamação da placa de crescimento do osso calcâneo (calcanhar) e aparece em crianças em fase de crescimento, geralmente como consequência de muitos saltos com aterrissagem repetitiva. DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER Inflamação na placa de crescimento abaixo do joelho (tuberosidade da tíbia) que causa dor, e acomete crianças em fase de crescimento. Normalmente, inicia-se de forma gradual, e alivia no repouso. Nos episódios de dor, deve-se evitar principalmente corridas e saltos. RUPTURA DO TENDÃO CALCÂNEO Em geral, a ruptura do tendão calcâneo (tendão de Aquiles) ocorre nos impulsos ou nas aterrissagens da GA, e a causa pode ser uma falha no mecanismo de proteção neuromuscular, fadiga etc. LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES NA GA A identificação das lesões está relacionada à sua localização anatômica, ou à região do corpo que sofreu a lesão, por exemplo: parte superior do corpo, ou partes específicas dele, exemplo: dedos, tornozelo etc. As extremidades inferiores são locais onde a maioria das lesões acontece, devido à quantidade de aterrissagens contidas em aulas ou treinos. A segunda região onde frequentemente acontecem lesões são as extremidades superiores seguidas por coluna e tronco. Um olhar mais específico para essas regiões destaca os joelhos como a articulação que mais sofre lesões, seguida de tornozelos, e depois, da coluna lombar (CAINE, RUSSEL & LIM, 2013). QUANDO OCORREM AS LESÕES NA GINÁSTICA As lesões podem ocorrer de duas formas: gradual ou repentina. LESÃO GRADUAL Essa forma de lesão está relacionada ao efeito cumulativo do estresse excessivo e repetitivo das estruturas anatômicas. Pode traumatizar músculos, tendões, cartilagem, ligamentos, bolsas, fáscia muscular e osso em qualquer combinação. O risco de lesão por excesso de uso – overuse em tradução livre, depende de combinações complexas entre fatores intrínsecos e extrínsecos, que abordaremos mais adiante. O grande problema da lesão gradual é que, na GA, os praticantes começam muito cedo, e os mais talentosos são direcionados para o treinamento. Nesse caso específico, o treinador deve dosar muito bem as cargas de treino para não danificar as placas de crescimento presentes nas epífises ósseas. Já nos níveis educacionais e escolares, é muito mais difícil ocorrer esse tipo de lesão, já que o estudante pratica este tipo de atividade física por poucas horas, o número de repetições é baixo e os elementos são muito básicos, gerando poucos impactos no corpo. LESÃO REPENTINA Essa forma de lesão, também chamada de lesão aguda, é o resultado de um trauma único (lesão traumática), como uma queda, uma batida, um choque contra o aparelho etc. Exemplos comuns são fraturas de punho, as entorses de tornozelo ou o deslocamento de ombro (luxações) (CAINE; RUSSEL & LIM, 2013). CONSEQUÊNCIAS DE LESÕES TEMPO DE RECUPERAÇÃO (FORA DAS AULAS OU TREINOS) É difícil obter dados relativos à quantidade de horas que um ginasta demora para retornar aos treinos, então podemos mencionar alguns exemplos de efeitos psicológicos negativos gerados pelo afastamento das atividades físicas: AUMENTO DA ANSIEDADE FALTA DE MOTIVAÇÃO MEDO TRISTEZA Por esse motivo, o treinador deve manter o ginasta lesionado sempre perto dos companheiros e, se possível, no local de treino o maior tempo possível, além de adaptar atividades para as necessidades do atleta. Portanto, um professor que tem um aluno lesionado deve criar outras formas de participação na aula, com objetivos de manter a motivação e o prazer do aluno. ATENÇÃO É muito importante respeitar os tempos de recuperação de uma lesão. O retorno prematuro às atividades pode resultar numa recuperação parcial que causará frequentes recaídas e pode levar a novaslesões da região "mal" recuperada. Lesões reincidentes podem levar a lesões mais graves. Estudos demonstraram que 41% das lesões que ocorreram na GA necessitam de menos de 8 dias de recuperação (lesões leves); 33% das lesões requerem entre 8 e 21 dias (lesões graves) e, em 26% dos casos, os atletas precisam de mais de 21 dias para se recuperarem (lesões muito graves) (CAINE; RUSSEL, 2013). ABANDONO DA ATIVIDADE Vários estudos demonstraram que a lesão é uma das causas mais significativas para o abandono da ginástica. As lesões a seguir foram as que mais contribuíram para que os ginastas tivessem que se retirar da ginástica (DIXON; FRICKER, 1993): LESÃO CRÔNICA DO MANGUITO ROTADOR (OMBRO) FRATURAS POR ESTRESSE DO OSSO NAVICULAR (TORNOZELOS) RUPTURA DE LIGAMENTOS DO TORNOZELO OU RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR DO JOELHO LESÕES DE MENISCO OSTEOCONDRITE DO COTOVELO FATORES DE RISCO DE LESÕES FATORES INTRÍNSECOS Os fatores intrínsecos são os que estão relacionados às características físicas, motoras e psicológicas do ginasta. Veja abaixo as características físicas que aumentam o risco de lesões: ESTATURA ELEVADA PESO CORPORAL ELEVADO AMADURECIMENTO PRECOCE ALTO PERCENTUAL DE GORDURA ATENÇÃO VELOCIDADE DE CRESCIMENTO: Observe os períodos de alta velocidade de crescimento, pois é o período no qual os ginastas estão mais suscetíveis ao risco de lesões. Veja abaixo as características motoras que aumentam o risco de lesões: Um ginasta que não está apto fisicamente tem mais chances de se lesionar. As seguintes qualidades físicas são fundamentais para uma boa preparação e prevenção de lesões: VELOCIDADE EQUILÍBRIO RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA FLEXIBILIDADE FORÇA MUSCULAR As principais características psicológicas que podem aumentar a risco de lesões dos ginastas são o medo, o estresse e a falta de atenção. Portanto, é papel do treinador, junto ao psicólogo (quando for o caso), trabalhar essas características nos atletas e praticantes. As situações de estresse podem levar a falhas de concentração e, com isso, ao aumento de risco de lesão durante o treino/aula ou até em competições. Vimos, em 2021, a ginasta americana Simone Biles, campeã olímpica no Rio de Janeiro em 2016 e favorita nos Jogos Olímpicos de Tóquio no Japão, ser retirada da competição. A alegação da equipe técnica foi a de que a ginasta estava sob forte pressão emocional e o nível de estresse poderia trazer um risco de acidente e lesões. Assim resolveram poupá-la, abrindo mão da chance de medalhas. Como vimos anteriormente, a segurança do ginasta deve vir em primeiro lugar, e nenhuma decisão, nesse sentido, deve ser contestada. FATORES EXTRÍNSECOS Fatores extrínsecos são os que independem da individualidade biológica do ginasta. Aqui, demonstramos alguns fatores extrínsecos que contribuem para o aumento do índice de lesões. ANOS DE TREINAMENTO O aumento dos anos de treinamento está relacionado ao aparecimento de lesões devido ao aumento da sobrecarga no corpo do ginasta. Quanto mais cedo o ginasta ingressa no treinamento de alto nível, maior é o número de lesões e patologias associadas. Quanto maior o grau de dificuldade dos exercícios, maior será o risco de lesões. Como os exercícios são progressivos em complexidade, quanto maior o tempo de prática, maior a probabilidade de lesão. VARIÁVEIS DO TREINAMENTO As situações de maior risco são aquelas em que o elemento é feito pelas primeiras tentativas sem ajuda. Uma estratégia seria alcançar a automação adequada do gesto técnico antes de solicitar ao ginasta sua realização sem ajuda; nos elementos coreográficos, normalmente não ocorrem lesões. Nos elementos com saltos, em geral, ocorrem muitas lesões. ELEMENTOS COREOGRÁFICOS São componentes da ginástica que podem ser saltos, giros ou passos de dança. ATENÇÃO As maiores lesões acontecem na saída do aparelho. MOMENTOS DA AULA OU DA TEMPORADA Nos primeiros momentos das sessões de treinamento, ocorre o maior número de lesões. Há algumas possíveis explicações para tal fato: javascript:void(0) AQUECIMENTO INADEQUADO. EXECUÇÃO DE ELEMENTOS DE ALTO GRAU DE DIFICULDADE MUITO NO INÍCIO DA SESSÃO. PERÍODOS PRÉ-COMPETITIVOS AUMENTAM O RISCO DE LESÕES DEVIDO AO ESTRESSE FÍSICO E MENTAL. EQUIPAMENTOS A falta de equipamentos apropriados pode ser um fator de risco para o aparecimento de lesões, embora ter um equipamento adequado motiva o treinador a tentar elementos mais difíceis, que, por sua vez, colocam o ginasta em mais situações de risco de lesão. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES NA PREVENÇÃO DE LESÕES SELECIONAR CORRETAMENTE OS CONTEÚDOS A SEREM ENSINADOS Um bom conhecimento dos fundamentos básicos da ginástica inclui o reconhecimento do fundamento e sua estrutura básica; os pré-requisitos e possíveis evoluções; algumas variações da execução; as demandas físicas e psicológicas; os aspectos anatômicos; biomecânicos e fisiológicos; os erros comuns e possíveis correções. Tendo se apropriado dessas informações, o professor vai selecionar quais fundamentos são adequados para cada faixa etária de acordo com o nível de prontidão do aluno para executá- los. Você está preparado para ensinar os fundamentos da GA? Algumas perguntas que você pode fazer para si mesmo podem determinar se você já está pronto para ensinar: Outros pontos importantes: CONHECER AS POTENCIALIDADES, A EXPERIÊNCIA E AS LIMITAÇÕES DOS ALUNOS. CONHECER A FAIXA ETÁRIA, O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTOS FÍSICO, MENTAL E SOCIAL. USAR AS PROGRESSÕES CORRETAS PARA EVOLUIR DOS NÍVEIS BÁSICOS AO AVANÇADO, SEM QUEIMAR ETAPAS, PASSANDO DOS MAIS SIMPLES AOS MAIS COMPLEXOS. VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA SOCORRER SEU ALUNO EM CASO DE LESÃO? Apenas o conhecimento das lesões mais comuns da GA e as formas de preveni-las não é o suficiente para garantir um espaço de aula/treino seguro. A instituição deve ter normas e procedimentos próprios para que o professor possa agir em caso de acidentes com lesão. A melhor forma é criar protocolos de “como” e para “quem” será feito o pedido de socorro urgente, ter acesso fácil a telefones, avisar os responsáveis etc. Outras questões envolvem a capacitação do professor para fornecer o socorro ao aluno, como saber avaliar a gravidade da lesão e quais procedimentos devem ser tomados em situações específicas conforme previsto em lei. É imperativo que o professor conheça a legislação vigente e atue em conformidade com ela, a fim de estar apto a oferecer os melhores procedimentos de socorro ao aluno. PREVENÇÃO DE LESÕES NA GINÁSTICA ARTÍSTICA A especialista Patrícia Arruda apresentará estratégias e técnicas para prevenção de lesões na Ginástica Artística. VEM QUE EU TE EXPLICO! Principais causas de lesão na GA As lesões mais comuns na Ginástica Artística Quando ocorrem as lesões na Ginástica Artística Fatores de risco de lesões VERIFICANDO O APRENDIZADO POSIÇÕES CORPORAIS BÁSICAS DOS EXERCÍCIOS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA (GA) Agora, você vai reconhecer as posições corporais básicas da GA e suas aplicações no método progressivo de aprendizagem, objetivando proporcionar uma aprendizagem segura e livre de lesão. As posições básicas são padrões básicos de movimento adotados pelo corpo durante os exercícios acrobáticos ou coreográficos em apoio, na suspensão ou no ar, em qualquer aparelho da Ginástica Artística. MÓDULO 3 Reconhecer as posições corporais básicas da Ginástica Artística e sua aplicação no processo de ensino e aprendizagem javascript:void(0) SUSPENSÃO Situação que o aluno se encontra suspenso ou pendurado em algum aparelho específico da Ginástica Artística, como nas argolas ou na barra. Vamos conhecer as posições corporais básicas e suas variações: POSIÇÃO ESTICADA OU ESTENDIDA E SUAS VARIAÇÕES Nessa posição, o corpo está totalmente reto, músculos abdominais, glúteos e coxas contraídos, pés em flexão plantar. Os braços podem estar ao longo do corpo, cruzados, acima da cabeça nas acrobaciasou em posição livre para elementos coreográficos. Exemplos de elementos da GA na posição esticada: SALTO VERTICAL MORTAL ESTICADO REVERSÃO PARA FRENTE NA PROVA DE SALTO PARADA DE MÃOS As posições arredondada e arqueada são consideradas variações da posição esticada, pois nenhum elemento da GA é classificado nessas posições. No entanto, a aprendizagem delas é fundamental, porque são ações motoras presentes na maioria dos elementos no solo ou nos demais aparelhos. POSIÇÃO ARREDONDADA Partindo da posição esticada, o ginasta flexiona anteriormente toda a coluna, adotando uma posição curvada anteriormente. javascript:void(0) Importante: Nesta posição, não ocorre a flexão de quadril. POSIÇÃO ARQUEADA É o oposto da posição arredondada. O ginasta faz uma extensão de toda a coluna, adotando a posição curvada (arqueada). POSIÇÃO GRUPADA Posição com o quadril e os joelhos flexionados em ângulo próximo a 90 graus ou menor. Os braços podem estar segurando as pernas abaixo dos joelhos ou na parte posterior da coxa, em elementos acrobáticos. Podemos ver, em algumas acrobacias, o ginasta executar a posição grupada sem segurar as pernas. Nos elementos de dança, a posição dos braços é livre. Encontramos a posição grupada nos seguintes elementos: javascript:void(0) SALTO GRUPADO MORTAL GRUPADO ROLAMENTOS PARA FRENTE OU PARA TRÁS GRUPADOS POSIÇÃO CARPADA Posição com o quadril flexionado e os joelhos estendidos. Nas acrobacias, geralmente, o ginasta segura atrás da coxa, mas também podemos ver a posição carpada sem o uso das mãos. Encontramos a posição carpada nos seguintes elementos: SALTO CARPADO MORTAL CARPADO ROLAMENTOS PARA FRENTE OU PARA TRÁS CARPADO Certamente, você já ouviu falar no “duplo twist carpado”. Esse elemento de altíssimo grau de dificuldade foi criado pelo técnico Oleg Ostapenko e executado pela primeira vez com êxito em competições internacionais da Federação Internacional de Ginástica (FIG) pela ginasta brasileira Daiane dos Santos. Por ter sido a primeira ginasta no mundo a apresentar esse elemento, ele foi batizado no código de pontuação com o sobrenome da ginasta, ou seja, “dos Santos”. Apenas para elucidar, vamos à descrição do duplo twist carpado: consiste na realização de um salto com meio giro no eixo longitudinal seguido de duplo mortal para frente na posição carpada e aterrissagem de pé. Pronto, agora você já entendeu o que é o “dos Santos”. Outros ginastas brasileiros também realizaram elementos pela primeira vez e que foram batizados com seus sobrenomes, como Diego Hypolito, Sergio Sasaki, Arthur Zanetti, Lorrane Oliveira etc. COMO ENSINAR AS POSIÇÕES CORPORAIS BÁSICAS? No processo de aprendizagem, devemos progredir partindo do ensino das posições corporais básicas, fortalecendo a criação de hábitos posturais específicos da modalidade. Inicialmente, elas devem ser executadas de forma estática, valorizando uma boa execução. A partir do momento que o ginasta for capaz de manter essas posições de forma isométrica, ele poderá executá-las de forma dinâmica, primeiro, lentamente e, depois, de forma mais rápida. O professor pode ensinar as posições corporais básicas paralelamente, não havendo ordem de prioridade. Geralmente, inicia-se o ensino no solo, com o aluno deitado. As posições grupada e carpada podem ser ensinadas também com o aluno sentado. A partir daí pode-se utilizar os equipamentos para a realização das posições na suspensão ou apoio. Cabe observar que as posições arqueada e arredondada demandam um certo grau de força, e o professor pode ter que simplificá-las para que o aluno iniciante adote a postura correta. Dependendo da situação, a posição do corpo pode determinar o nível de dificuldade do exercício, pois altera biomecanicamente o mesmo. Por exemplo: SALTO VERTICAL Realizar esse salto na posição esticada é mais fácil do que fazê-lo na posição grupada. MORTAL Realizar esse salto na posição esticada tem um grau de dificuldade maior do que na posição grupada. Em uma competição, os ginastas que realizam exercícios com grau de dificuldade maior recebem mais pontos. POSIÇÕES DAS PERNAS Não menos importante do que o ensino das posições corporais básicas na iniciação da GA é o conhecimento e o ensino das posições das pernas, também muito encontradas em elementos acrobáticos e coreográficos: POSIÇÃO AFASTADA OU ESPACATE Constitui-se pelo afastamento das pernas no sentido lateral ou anteroposterior. Se o afastamento lateral atingir 180 graus, chamamos de espacate lateral ou espacate anteroposterior (afastamento de uma perna para frente e da outra perna para trás). Execução do espacate: Trata-se de uma posição que pode ser realizada, tanto no solo como em saltos aéreos. Apesar de os espacates serem introduzidos nas aulas iniciais, estas são posições que demandam flexibilidade na articulação do quadril. Para desenvolver um espacate, dependendo javascript:void(0) javascript:void(0) da constituição do aluno, pode-se demorar muito tempo, então é aconselhável o afastamento das pernas até o limite da dor, para evitar possíveis lesões. O afastamento pode ir aumentando progressivamente quando houver uma adaptação biológica do aluno. São utilizados vários métodos de treinamento para melhorar a flexibilidade, através de exercícios de alongamento realizados pelo aluno na GA. O professor deve ter esse conhecimento, bem como realizar um aquecimento específico para a articulação do quadril. As sessões de flexibilidade devem acontecer em todas as aulas ou treinos de ginastas, que visam ou não ao alto nível. A preparação dessa capacidade física é essencial para a execução dos movimentos mais complexos e é importante para prevenir de lesões. IMPORTANTE Não é a realização do alongamento antes das atividades que previne lesões, mas o desenvolvimento e a manutenção de bons níveis de flexibilidade por parte do aluno ou do atleta. Assim como as posições corporais básicas, vários elementos da ginástica podem ser realizados com espacates. Por exemplo, uma parada de mãos com espacate ou um salto com espacate. Por essa razão, o professor deve estar atento a erros que são muito comuns neste elemento e corrigi-los. Erros comuns: Joelhos flexionados; Quadril desalinhado; Não executar a flexão plantar dos pés; Tronco inclinado para frente; Postura relaxada de braços e mãos; Ombros desalinhados. POSIÇÃO ALONGÊ A posição alongê não é um elemento. Trata-se de uma posição em pé, que ginastas executam para iniciar ou finalizar um elemento. O início correto e uma boa aterrissagem no alongê ajudam no controle e na consciência corporal, fundamentais na prevenção de lesões. Execução do alongê O executante iniciará a posição em pé com os calcanhares unidos e os pés rotacionados para fora. Posteriormente, afastará um pouco as pernas no sentido anteroposterior, mantendo os pés na mesma posição. O executante irá flexionar ligeiramente o joelho da perna que foi à frente e manter a outra perna estendida, o peso do corpo deverá estar distribuído nas duas pernas, porém com uma carga um pouco maior na perna da frente. O quadril deverá estar alinhado para frente, o tronco ereto e os braços podem estar paralelos, à frente do corpo, ao lado ou acima da cabeça. O alongê é muito utilizado na aterrissagem de acrobacias, principalmente na trave e no solo. VOCÊ SABIA Dois fundamentos básicos bastante conhecidos que podem iniciar e/ou finalizar o alongê são a “parada de mãos” e a “estrela”. POSIÇÃO DAS MÃOS Na Ginástica Artística, muitos elementos são realizados com apoio de uma ou duas mãos no solo ou nos aparelhos. Por se tratar de uma posição incomum no dia a dia, muita atenção deve ser dada ao posicionamento correto no apoio das mãos, a fim de evitar prejuízos à saúde do aluno. Para que a aprendizagem atenda ao aspecto progressivo, o aluno deve se apoiar sobre as mãos primeiramente no solo e depois nos aparelhos. Forma correta de apoio das mãos no solo: MÃOS COM AS PALMAS TOTALMENTE APOIADAS, PARALELAS, COM DEDOS BEM ESTENDIDOS. MÁXIMO DE SEPARAÇÃO DAS MÃOS NA LARGURA DOS OMBROS. NOS APOIOS EM ALTA VELOCIDADE, AS MÃOS PODEM SER GIRADAS INTERNAMENTE, MAS NÃO MAIS DO QUE 15°. PESO UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDO. POSIÇÃO DOS PÉS Existem muitas posições dos pés, porém as básicas utilizadas na iniciação são: pés paralelos e juntos ou levemente separados. Nessa posição, o peso é distribuído uniformemente para uma boa estabilidade, e quando o equilíbrio é necessário. Nas aterrissagens, o peso se desloca ligeiramente para a frente dos pés. POSIÇÕES CORPORAIS BÁSICAS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA A especialista Patrícia Arruda apresentará as posições corporais básicas da Ginástica Artística e suas aplicações no processo de ensino e aprendizagem. VEM QUE EU TE EXPLICO! Posição esticada ou estendida e suas variações, posição arredondada e posição arqueada Posição grupada e posição carpada Posição das pernas, execução do espacate, posição do alongê, posição das mãos, posição dos pés VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A segurança é um dos temas mais importantes quando falamos em ensino e aprendizagem da Ginástica Artística (GA) e de qualquer esporte ou exercício físico. Os professores ou treinadores que vão atuar em qualquer espaço gímnico devem estar comprometidos com a aplicação de todas as estratégias possíveis, a fim de minimizar os riscos de acidente. O conhecimento trazido aqui sobre as possibilidades de prevenir acidentes e evitar lesões na GA não esgota o assunto que, por si só, é dinâmico e está sujeito a ocorrências imprevisíveis. No entanto, foram abordados os aspectos gerais referentes ao tema, o que pode contribuir para nortear as ações de quem se propõe a ensinar ou a praticar a GA. Complementando o aspecto da segurança, foram apresentadas as posições corporais básicas da GA, além de outras posições de pernas, mãos e pés, enfatizando que o ensino da base não pode ser negligenciado em função das expectativas dos alunos de aprender exercícios mais difíceis. PODCAST Agora, a especialista Patrícia Arruda finaliza falando sobre os principais aspectos de segurança e das posições básicas da Ginástica Artística. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BESSI, F. El mundo de la gimnasia artística en teoria y práctica. Buenos Aires: Dunken, 2016. CAINE, D.; RUSSEL, K.; e LIM, L. Handbook of Sports Medicine and Science, Gymnastics. UK, Wiley-Blacwell. 2013. CAMPBELL, R. Injury epidemiology and risk factors in competitive artistic gymnasts: a systematic review. Journal Sports Medicine, 2019. DIXON, M.; FRICKER, P. Injuries to Elite Gymnastics Over 10 Years. Medicine Science Sports Exercise, 1993. PANZER, V. P; WOOD, G. A.; BRATES E Col. Lower extremity loads in landings of elite gymnasts. Biomechanics XI. Amsterdam: Free University Press, 1988. SANDS, W.; CAINE, D.; BORMS, J: Scientific aspects of women's gymnastics. Medicine and Sport Science. Karger, Basel, 2003. TUROFF, F. Artistic gymnastics: A Comprehensive Guide to Performing and Teaching Skills for Beginners and Advanced Beginners. United States: Wm. C. Brown Publishers, 1991. UNITED STATES GYMNASTICS FEDERATION. Gymnastics risk management. USGF, 2016. EXPLORE+ Para saber mais sobre o assunto: Visite o site da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Consulte os livros: BROCHADO, F. A.; BROCHADO; M. M. V. Fundamentos da Ginástica Artística e de Trampolins. São Paulo: Guanabara Koogan, 2019. ROSA, L. H. T. da.; SANTOS, A. P. M. dos. Modalidades esportivas de ginástica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. WERNER, P. H.; WILLIAMS, L. H.; HALL, T. J. Ensinando Ginástica para Crianças. Barueri, SP: Manole, 2015. CONTEUDISTA Andréa João
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