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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6572-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 7 2 1 Código Logístico 59123 M ETODOLOGIA DO EN SIN O DE GIN ÁSTICA CLAU DIN AR A BOTTON DAL PAZ IESDE BRASIL 2019 Metodologia do ensino de ginástica Claudinara Botton Dal Paz © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: OSTILL is Franck Camhi/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P368m Paz, Claudinara Botton Dal Metodologia do ensino de ginástica / Claudinara Botton Dal Paz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019. 94 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6572-1 1. Ginástica - Estudo e ensino. 2. Educação física - Estudo e ensino. 3. Esportes escolares. I. Título. 19-60871 CDD: 613.7 CDU: 613.71 Claudinara Botton Dal Paz Mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Deficiência Intelectual pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI). Graduada em Educação Física pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Tem experiência como professora na rede pública, como coordenadora de curso de graduação em Educação Física e como docente no ensino superior, em cursos de Educação Física e Pedagogia. Sumário Apresentação 7 1 Introdução à ginástica 9 1.1 História da ginástica 9 1.2 Ginástica geral e sua importância 14 2 Modalidades da ginástica competitiva 19 2.1 Ginástica rítmica 19 2.2 Ginástica artística 28 2.3 Ginástica acrobática 36 3 Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica 43 3.1 Capacidades físicas empregadas na ginástica 43 3.2 Elementos ginásticos básicos 46 4 A ginástica na Educação Física escolar 61 4.1 A ginástica na escola segundo a BNCC e os PCNs 61 4.2 Aspectos didáticos e metodológicos para o ensino da ginástica 66 5 Técnicas e atividades de ginástica nas aulas de Educação Física 73 5.1 Atividades práticas para educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental 73 5.2 Atividades práticas para anos finais do ensino fundamental e ensino médio 83 Gabarito 91 Apresentação A ginástica, um dos conteúdos da disciplina de Educação Física, conforme figura-se nos documentos legais, precisa ser desenvolvida na escola durante as diferentes etapas da educação básica, de acordo com os objetivos de cada uma delas. Embora, ao pensar em ginástica, seja comum associá-la aos Jogos Olímpicos, há modalidades competitivas e não competitivas, as quais podem ser trabalhadas na escola, com possibilidades de adaptação. Idealizada para subsidiar a metodologia do ensino de ginástica, esta obra versa sobre esse esporte, sua história e suas características. Assim, apresenta as modalidades competitivas: ginástica rítmica, artística e acrobática; e a não competitiva: ginástica geral ou ginástica para todos, modalidade possível de ser praticada em diferentes faixas etárias. Destacam-se, também, as capacidades físicas e os elementos ginásticos básicos para o conhecimento e desenvolvimento desse conteúdo nas aulas de Educação Física. Tais elementos são importantes para a prática de todas as modalidades da ginástica. Já as capacidades físicas auxiliam no desenvolvimento das habilidades motoras dos alunos, necessárias à prática das mais diversas modalidades esportivas. As orientações da BNCC e dos PCNs, que embasam a presença do conteúdo de ginástica nas escolas, também são abordadas nesta obra, bem como os aspectos didáticos e metodológicos, considerando a progressão, os meios e métodos, os quais possibilitarão o aprendizado dos alunos. Por fim, esta obra apresenta técnicas e atividades que podem ser realizadas nas diferentes etapas da educação básica: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio, demonstrando algumas adaptações com relação ao espaço e aparelhos disponíveis para a prática. Desse modo, esta obra objetiva evidenciar e compartilhar os benefícios da ginástica aos alunos no ambiente escolar. Se trabalhada de maneira consciente e criativa, a ginástica proporciona prazer e motivação aos estudantes, os quais podem levar para a vida adulta práticas que preservem sua saúde e bem-estar. Esperamos que a presente obra contribua sobremaneira para a aquisição do conhecimento dos futuros profissionais de Educação Física. Bons estudos! 1 Introdução à ginástica Começaremos este capítulo com um breve histórico sobre a ginástica, apontando os acontecimentos que influenciaram a expansão dessa modalidade no mundo, bem como os principais autores e obras que colaboraram para o reconhecimento da prática em diferentes países, enaltecendo seus objetivos e contribuições para a formação do ser humano. Em seguida, apontaremos como a ginástica surgiu no Brasil, além da origem das primeiras sociedades ginásticas no território brasileiro. A segunda seção deste capítulo apresentará as características da ginástica geral e sua importância para o desenvolvimento corporal. Então, vamos iniciar nosso estudo sobre a ginástica? 1.1 História da ginástica A origem da ginástica nos remete a tempos muito antigos, uma vez que se relaciona aos cuidados do ser humano com o seu corpo a fim de manter e melhorar sua saúde. O termo ginástica existe há muitos anos e, segundo Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), significa atividade física, educação física e ginástica terapêutica. Para Publio (1998), as expressões educação física, esportes e ginástica se confundem com frequência na linguagem dos filósofos e pedagogos, o que é justificado por historiadores pelo fato de a ginástica ter se originado em um passado muito distante. O movimento sempre exigiu do homem domínio do seu corpo e, para isso, era importante exercitar-se, sendo a ginástica uma possibilidade. Com relação à prática da ginástica na Antiguidade e sua importância para o desenvolvimento dos seres humanos, Publio afirma que alguns evocam a acrobacia praticada em todas as épocas, no mundo inteiro. Outros mencionam a condição física julgada necessária em todos os tempos. Os prudentes preceitos chineses, as experiências dos egípcios, os vestígios da América do Sul o demonstram. A importância da antiguidade grega é admitida por todos. As teorias de Platão (428-348), as de Aristóteles (384-322) ou as de Galeano (132-201), entre outros sábios não podem ser ignoradas. (PUBLIO, 1998, p. 21) Jerônimo Mercurialis, autor da obra De Arte Ginástica, publicada em 1569, contribuiu com informações teóricas sobre a história dos gregos e dos romanos. Tuccaro escreveu um livro sobre exercícios acrobáticos praticados na época em que trabalhava na corte do imperador da Alemanha, Maximiliano II, por volta de 1535 (PUBLIO, 1998). No século XVIII, alguns autores pontuaram as bases pedagógicas da ginástica, como o pedagogo suíço Pestalozzi, que introduziu práticas de ginástica nas escolas, e Rousseau, filósofo Vídeo Metodologia do ensino de ginástica10 genovês que viu, em sua obra Emílio (1762), a necessidade de associar a educação física à educação moral e intelectual das crianças (PUBLIO, 1998). Ainda sobre Rosseau, os seus princípios traziam a concepção do homem como um ser universal, liberado e pleno, tiveram grande influência nos educadores da época e, particularmente, nas primeiras sistematizações sobre Educação Física. […] Sugere que é preciso deixar a criança correr, gritar, fazer, trabalhar, enfim, deixá-la ser de vigor e prontamente o será de razão. (SOARES, 1994, p. 50 apud BREGOLATO, 2008, p. 84) Nesse mesmo século, houve grande valorização e incentivo à prática da ginástica, e isso ocorreu principalmente na Europa, com a criação de escolas e programas,mas limitava-se a escolas privadas e à área militar (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Esse expressivo aumento da prática da ginástica partiu de contribuições de várias pessoas, como Guts Muths (com sua obra Ginástica para Juventude, de 1793), Basedow, Ling, Eiselen e Jahn (PUBLIO, 1998; BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Entre os diversos autores, temos Johann Friedrich Ludwig Christoph Jahn como destaque, pois ele difundiu e possibilitou a prática da ginástica ao povo, fazendo com que ela deixasse de ser exclusividade das instituições privadas de ensino (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). A ginástica pedagógico-didática, fundamento da ginástica educativa, foi introduzida por Guts Muths, contudo, Jahn merece o mérito pela propagação de sua prática em aparelhos como barras, cavalos e arcos pelo mundo inteiro (PUBLIO, 1998). Filho de um pastor protestante, Jahn nasceu no ano de 1778, em Lanz, uma aldeia de Brandemburgo (norte da Alemanha). Iniciou seus estudos em Teologia em 1796 e, depois, em História e Linguística. Nessa época, começou a trabalhar na sua obra Costumes Alemães, na qual ressalta a importância da resistência corporal com a prática de uma ginástica patriótica (PUBLIO, 1998). Na década seguinte, acontece a Batalha de Jena, que representou um marco para a história da ginástica. Em 1806, a Prússia1 havia sido invadida pelas tropas francesas no conflito, após o rei Frederico Guilherme III anunciar o rompimento com a França e exigir a retirada das tropas do território prussiano. Napoleão, no comando de 200 mil soldados, derrotou as tropas prussianas, o que deixou o Império Alemão em choque diante do desastre acontecido (PUBLIO, 1998). Segundo Bregolato (2008, p. 16), “a derrota vergonhosa dos prussianos na Batalha de Jena influenciou muito as atitudes do professor Jahn, que resolveu incitar a mocidade prussiana para se preparar fisicamente a fim de expulsar o exército invasor”. Teórico nacionalista alemão e homem político, Jahn, denominado o “pai da ginástica”, foi o inventor do termo turnen (praticar ginástica) e autor do livro Die Deutsche Turnkunst (A ginástica alemã, 1816), em parceria com Eiselen (PUBLIO, 2005). O turnen tinha um objetivo moral para Jahn, uma vez que as metas que as atividades precisavam atender eram “autoconfiança, autodisciplina, independência, lealdade e obediência a uma ordem estabelecida” (PUBLIO, 1998, p. 29). 1 Prússia era um estado-membro do Império Alemão na época. Introdução à ginástica 11 Baseado nos princípios de Pestalozzi, Jahn “convence a juventude alemã a praticar a ginástica; ele queria fornecer a eles um ideal heroico, o gosto pelo esforço, pelo risco, o hábito da obediência voluntária, o senso das antigas tradições de nação” (PUBLIO, 1998, p. 22). Segundo Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), Jahn trabalhou como professor em duas instituições de Berlim: o Berlinisch-Köllnisches Gymnasium e o Plamanns Anstalt. Os seus alunos de Plamanns faziam excursões com seu professor nos dias livres, saindo dos portões da cidade para exercitar e jogar nos campos e nadar no canal. Essa atividade de lazer se tornou hábito. Outros interessados do Gymnasium aderiram às atividades físicas de Jahn, que aconteciam regularmente às quartas e sábados, à tarde, na Hasenheide (campo dos coelhos), um parque que existe até hoje. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 1) Jahn, que lecionava na floresta de Hasenheide, inaugurou nesse local, em 1811, o primeiro espaço para a prática da ginástica alemã ao ar livre, denominado Volkspark Hasenheide (PUBLIO, 2005). Nele, existiam três campos destinados à prática da ginástica, que foram sendo construídos em função do aumento do número de adeptos e eram chamados de primeiro, segundo e terceiro Turnplatz (PUBLIO, 1998). Nesses campos havia diversos aparelhos de ginástica – barras, cavalos, traves de equilíbrio, escadas para escalar, entre outros. De acordo com Fernando Brochado e Monica Brochado (2005), os primeiros aparelhos de ginástica foram feitos pelos ginastas e pelo próprio Jahn, sendo eles mesmos os responsáveis pela manutenção dos aparelhos e pela confecção de novos. Como havia poucos equipamentos, muitas atividades se restringiam a corridas e jogos pelos campos de Hasenheide. De acordo com Publio (1998), Janh percebeu, com base nessa realidade, que o homem precisava de habilidades como agilidade, coragem e perseverança. Quando criou um programa de educação física para os meninos da Alemanha, objetivava a formação de homens sociais, independentes e adoradores da liberdade. Para Jahn, isso seria possível fortalecendo os grupos de músculos degenerados do corpo, libertando os homens dos obstáculos naturais do meio ambiente, que os deixavam frágeis, que enfraqueciam seus músculos e, consequentemente, o seu vigor mental. (PUBLIO, 1998, p. 30) A libertação da Prússia do poderio napoleônico ocorreu em 1815, e a participação de Jahn na preparação e na luta pela revanche foi decisiva. A obra A ginástica alemã é um relatório das experiências práticas realizadas na floresta de Hasenheide. Nesse livro, os autores citam que caminhar, correr, saltar, lançar, sustentar-se são exercícios que nada custam, que podem ser praticados em toda parte, gratuitos como ar. Isso o Estado pode oferecer a todos: para os pobres, para a classe média e para os ricos, tendo cada um sua necessidade. (JAHN, 1816 apud PUBLIO, 2005, p. 16) A publicação é dividida em cinco partes e, nelas, são descritos os exercícios ginásticos realizados no campo de Hasenheide. A primeira parte do livro contém exercícios de ginástica detalhados, como correr, caminhar, saltar ou pular, balançar, exercícios em barra fixa, exercícios em barras paralelas, escalar, arremessar, puxar e empurrar, levantar, carregar, alongar, lutar, exercícios Metodologia do ensino de ginástica12 com arco e com cordas longas e curtas para pular, além de vários tipos de acrobacias e proezas. A segunda parte do livro descreve os jogos de forma minuciosa, incluindo os jogos folclóricos, e relata ainda que, após praticá-los, os alunos tomavam banho, o que os permitia aprender a nadar. A terceira parte “esclarece sobre o planejamento de playground (pequeno e grande)” (PUBLIO, 1998, p. 43). A quarta parte do livro é “inteiramente dedicada a método e gerenciamento. São discutidos tópicos como: o Professor, uniformes, reuniões, horários, cuidados com aparelhos, disciplina e outros. As qualificações de um Professor são expostas magistralmente” (PUBLIO, 1998, p. 43). O capítulo final contém uma história sobre a educação física até aquele tempo, elucidando os exercícios também por meio de desenhos e figuras. Observando o conteúdo encontrado no livro, percebe-se que Jahn introduziu, no parque, um grande número de aparelhos já conhecidos, adaptando-os e, assim, criando outros. Entre esses aparelhos, podemos citar as barras horizontais paralelas e fixas e os cavalos (PUBLIO, 1998). Para o mesmo autor, Jahn era um inventor de sistemas. Ao mesmo tempo em que estava ciente da necessidade de organizar qualquer material, sentia instintivamente o perigo da mecanização desse material. No início, “turnen” incluiu toda a atividade física com possibilidades educacionais, especialmente jogos. Jahn percebeu que as formas já conhecidas não satisfaziam à juventude moderna. Ele estava procurando uma atividade que não pudesse ser facilmente estereotipada ou mecanizada, mas sim algo que tivesse que ser criado todo o tempo. Dessa diligência resultaram exercícios e aparelhos modernos. (PUBLIO, 1998, p. 44, grifos do original) Após a revanche contra a França, Jahn começou a desenvolver as sociedades de ginástica. As pessoas gostavam das demonstrações dos atletas, o que fez aumentar cada vez mais o número de praticantes. Contudo, Jahn passou a ser malvisto e tornou-se alvo de perseguições políticas devido ao fato de o turnen ser considerado revolucionário e demagógico (PUBLIO, 2005). O campo de ginástica era uma atração em Berlim,e Jahn, excelente orador com seus discursos nacionalistas, chegou a ser investigado “em função da linguagem ofensiva que utilizava” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 5). O governo considerava suas atitudes perigosas, grosseiras e histéricas. Por ter sido acusado de conspiração contra o governo, a prática da ginástica foi proibida nos campos de Hasenheide – trata-se do chamado Bloqueio Ginástico. Porém, mesmo com o bloqueio, muitos ginastas se encorajavam a utilizar os campos para a prática, o que obrigou o governo a colocar esses lugares sob vigilância do Estado (PUBLIO, 1998). Acusado de conspiração, Jahn foi preso em 1819, e o Bloqueio Ginástico, mantido de 1820 a 1842, provocou a prática da ginástica dentro de salões e a emigração de ginastas para diferentes lugares do mundo (PUBLIO, 1998). Jahn foi solto em 1825, porém foi obrigado a se mudar de Berlim e proibido de ter contato com jovens. Em 1840, Frederico Guilherme IV, sob orientação de seus ministros, honrou o pedagogo com a Cruz de Ferro, salientando a importância dos exercícios corporais para a educação Introdução à ginástica 13 de jovens. O Bloqueio Ginástico terminou em 1842, e a ginástica se propagou em toda a Alemanha, nas escolas e nos parques, sendo realizada também em ambientes fechados (PUBLIO, 1998). Com base nesses acontecimentos, podemos entender como ocorreu a propagação da ginástica no mundo. Mesmo sendo praticada em diferentes países europeus e somando outras pessoas que contribuíram para seu legado, como Ling na Dinamarca e Amoros na França, Jahn é considerado o pai da ginástica e é referenciado em todos os livros que tratam desse tema. Ele morreu em 15 de outubro de 1852 em sua casa, que ficava em Freyburg, Alemanha, deixando seu legado para a ginástica na forma de livros que foram usados por muitos seguidores e propagadores de seus métodos mundo afora (PUBLIO, 2005). Na Europa, o primeiro registro de agremiação nacional de ginástica aconteceu em 1832, na Suíça, enquanto o Bloqueio Ginástico estava em vigor na Alemanha. Em seguida, foram criadas federações na Alemanha, em 1860, e na Bélgica, em 1865, entre outras (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Nicolas J. Cupérus, um belga que dedicou sua vida à área da educação física, convidou, em 1881, representantes das diversas federações nacionais europeias a participarem de um encontro realizado por ocasião do Festival Federal de Ginástica, por ele organizado em Liége, Bélgica. Ali, com a presença de representantes holandeses, franceses e belgas, foi fundado o “Comitê Permanente das Federações Europeias de Ginástica”, também denominado de Federação Europeia de Ginástica, tendo como primeiro presidente o próprio Nicolas Cupérus. A partir de 1921, passou a se denominar Federação Internacional de Ginástica, tendo ainda, até 1924, Cupérus como presidente. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 6-7) A ginástica foi introduzida no Brasil pelos imigrantes alemães nas regiões de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul a partir de 1824. Esses estados fundaram sociedades ginásticas que “tinham a finalidade inicial de servir como ponto de reunião e apoio aos imigrantes, passando a seguir e desenvolver atividades de lazer e também atividades gímnicas propriamente ditas” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 6). Publio (1998) informa que a primeira e mais antiga sociedade de ginástica do Brasil é a Sociedade Ginástica de Joinville, fundada em 16 de novembro de 1858 em Joinville, Santa Catarina. Chamada inicialmente de Colônia de Dona Francisca, a cidade recebeu os primeiros imigrantes em 1851. Em 1858, eles fundaram a sociedade a fim “de conservar e aprimorar a força física da juventude e, ao mesmo tempo, cultivar uma harmonia social, junto com recreação útil” (PUBLIO, 1998, p. 177). A partir da fundação dessa sociedade, muitas outras foram criadas, principalmente no sul do país, onde se encontrava a maioria dos imigrantes alemães. Contudo, também foram criadas sociedades no Rio de Janeiro e em São Paulo (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005). Podemos destacar a Sociedade Ginástica Porto Alegre, fundada em 1867, e, após 15 anos, a criação de uma sociedade de ginástica em São Leopoldo (PUBLIO, 1998). Os alemães criaram muitas sociedades de ginástica, que permaneceram com suas características próprias até 1938, ocasião em que, por força do Decreto-Lei n. 383 (BRASIL, 1938), foram nacionalizadas. Metodologia do ensino de ginástica14 1.2 Ginástica geral e sua importância A Educação Física escolar é um componente curricular que atende aos propósitos pedagógicos educacionais. Tem como objeto de estudo a cultura corporal do movimento humano, que pode ser concebida por meio de diferentes modalidades, dentre as quais está a ginástica, cujas origens vimos na seção anterior. A ginástica é um dos conteúdos da Educação Física escolar e está contemplada nos documentos que norteiam a educação, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Enquanto conteúdo escolar, a ginástica deve promover o desenvolvimento do aluno de maneira integral, pois, além de promover o desenvolvimento motor, pode-se, por meio da execução dos movimentos, estimular a autoestima, quando o aluno obtém progresso na execução da tarefa; a cognição, quando se estimula o aluno a criar e realizar sequências e rotinas de exercícios; a sociabilidade, quando ele interage com outros colegas; bem como o respeito e a solidariedade, pois, na ginástica, frequentemente um precisa do outro, o que também fortalece vínculos afetivos. Existem diferentes modalidades de ginástica que podem ser incorporadas às aulas de Educação Física, dentre as quais estão a artística, a acrobática, a rítmica e a geral. Nesta seção, será abordada a ginástica geral; as demais modalidades serão estudadas em outro capítulo. Segundo Publio (1998), a ginástica geral compreende todas as formas de atividade física sem finalidades competitivas, sendo um espaço oportuno para o desenvolvimento de qualquer ação motora que objetive o bem-estar dos praticantes. “O contexto no qual a Ginástica Geral se difundiu no Brasil mostra uma grande influência das práticas gímnicas esportivas, em especial a Ginástica Artística e a Ginástica Rítmica, com muitas manifestações atuais da Ginástica Acrobática” (TOLEDO; SCHIAVON, 2008, p. 228). Para as autoras, poder sair das regras rígidas das modalidades competitivas trouxe muita leveza e diversidade, o que até então não havia sido mostrado pelos ginastas de competição. Ginastas que não queriam deixar de praticar a modalidade, mas não estavam mais satisfeitos nas modalidades competitivas, passaram a treinar para apresentar-se. A descontração trazida pela ginástica geral abriu portas à criatividade dos integrantes, o que antes não era permitido pelas regras restritas das modalidades. Surgiram, então, os grupos que foram buscar, fora do ambiente competitivo, uma mescla de atividades em busca do prazer e da beleza da apresentação – o que caracteriza a ginástica geral. Assim, por não ter caráter competitivo, essa modalidade é também chamada de ginástica para todos, pois pode ser adaptada conforme as potencialidades de cada um. O conceito estabelecido pela Federação Internacional de Ginástica (FIG, 1993) define Ginástica Geral como a parte da Ginástica que está orientada para o lazer, que oferece um programa de exercícios com características especiais, adequadas para todas as idades. Desses exercícios, as pessoas participam principalmente pelo prazer que sua prática proporciona, a qual: desenvolve a saúde, a condição física e a interação social, contribuindo também para o bem-estar físico e psicológico. (RINALDI; PAOLIELLO, 2008, p. 23) Vídeo Introdução à ginástica 15 Com base no exposto, pode-se afirmar que todos os alunos podem participar da ginástica geral nas aulas de Educação Física. Segundo Stanquevish e Martins (2006), essa categoria surgiu como uma opção contrária às modalidades competitivas, quetêm como prioridade o rendimento, tornando-se, assim, elitistas. As modalidades competitivas envolvem uma complexidade maior na execução dos movimentos, e isso é possível para poucos, principalmente nas aulas, o que constantemente torna as modalidades competitivas excludentes. Garanhani (2010) explicita que a Educação Física escolar se apresenta como um conteúdo de caráter formativo, capaz de oportunizar ao aluno vivenciar atividades motoras de locomoção, manipulação e equilíbrio, apresentando variadas formas de movimento com e sem o uso de materiais. Gallardo (2008) aborda a ginástica geral com sentido pedagógico como sendo um espaço de vivência de valores humanos; esse espaço oportuniza a apropriação de manifestações da cultura corporal que o grupo considera relevante. Além disso, a prática de ginástica geral da escola pode ser expandida para a comunidade, promovendo-se a interação entre escola e comunidade. Segundo Fiorin-Fuglsang e Paoliello (2008), para a Federação Internacional de Ginástica, o mais importante é que as pessoas participem em grande número dos eventos de ginástica geral, priorizando, em vez da qualidade técnica, a interação e o prazer de praticar. Mesmo não sendo uma modalidade competitiva, a ginástica geral é apresentada em um evento mundial que ocorre a cada quatro anos: o Gymnaestrada. Para Santos e Santos, os objetivos da ginástica geral são Oportunizar a autossuperação individual e coletiva, sem parâmetros comparativos com outros; oportunizar o intercâmbio sociocultural entre os participantes ativos ou não; manter e desenvolver o bem-estar físico e psicossocial; promover uma melhor compreensão entre os indivíduos e o povo em geral; oportunizar a valorização do trabalho coletivo, sem deixar de valorizar a individualidade nesse contexto. (SANTOS; SANTOS, 1999 apud STANQUEVISH; MARTINS, 2006, p. 98) Cabe ressaltar que a ginástica geral, por permitir que cada um execute os movimentos de acordo com seus limites e potencialidades, apresenta-se como via de acesso à inclusão, possibilitando a participação de pessoas com deficiência. Além disso, essa modalidade oportuniza a interação social, o que contribui sobremaneira para a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Para Gaio (2002, p. 147 apud GAIO; BASTOS, 2010, p. 319), “ao se dar oportunidade às pessoas deficientes de realizar diversas práticas corporais, elas se descobrem como corpos úteis e como talentos corporais, aceitando suas limitações e acreditando nas suas potencialidades”. Chaparim (2008) atribui significados à ginástica geral, os quais são o desenvolvimento individual, a caracterização da ginástica geral e os elementos de formação humana. O desenvolvimento individual está relacionado à evolução do ser humano no aspecto corporal, cognitivo, na ampliação do conhecimento e como perspectiva de um futuro melhor. Sobre a caracterização da ginástica geral, a autora aponta que essa categoria possui atividades variadas, a oportunidade de se apresentar em público e o prazer relacionado à prática da modalidade. Quanto aos elementos de formação humana, salienta o ambiente acolhedor dessa prática, o aumento das amizades, o diálogo, a solidariedade, a socialização e as atitudes positivas Metodologia do ensino de ginástica16 no que tange às práticas pedagógicas. Esses significados possibilitam a inclusão e contribuem de maneira muito significativa para a formação de crianças e adolescentes (CHAPARIM, 2008). Como a ginástica geral é um fenômeno sociocultural, a definição da Federação Internacional de Ginástica permite que essa modalidade englobe manifestações corporais que não se enquadram em outras categorias, incluindo jogos e atividades de característica local, regional e folclórica (BORTOLETO, 2008). Além disso, na ginástica geral, são utilizados diferentes materiais que podem, inclusive, ser alternativos ou reciclados. As possibilidades de movimentos são inúmeras e dependem da criatividade e do que o grupo pretende expressar. Sborquia (2008, p. 149) explicita que “a utilização de temas na construção coreográfica possibilita ao sujeito a expressão de suas reflexões e sentimentos por meio de gestos e ações, em torno dessa temática”. Com relação à criatividade, a autora enfatiza que, na ginástica e na dança, a fantasia se materializa na medida em que é compartilhada com mais pessoas. Com base nessas afirmações, podemos entender as belas apresentações que podem ser criadas e performadas na ginástica geral. Não obstante, a ginástica geral enquanto prática escolar visa, por meio de sua realização, proporcionar a apropriação de um repertório motor amplo aos alunos, tendo como objetivo promover o aprimoramento de capacidades físicas e habilidades importantes para o desenvolvimento deles. A ginástica geral, também conhecida como ginástica de demonstração, sempre esteve presente no espaço escolar, inclusa nos festivais de ginástica promovidos na escola, e o seu objetivo principal é a demonstração dos trabalhos produzidos na instituição (GALLARDO, 2008). Com isso, entende-se que o resultado do trabalho produzido nas aulas de Educação Física pode ser demonstrado por meio de apresentações da ginástica geral. Como diz Bortoleto (2008, p. 174), “a Ginástica Geral caminha para que todos os conteúdos da cultura corporal, independentemente do enfoque trabalhado, se unam e convirjam em um único sentido: o de mostrar o melhor de cada um, de cada grupo, suas particularidades e sua peculiar forma de mostrar a ginástica”. Sendo assim, essa modalidade proporciona o trabalho e o convívio em grupos, a superação de dificuldades por meio da cooperação entre os participantes, bem como estimula o desenvolvimento de potencialidades e capacidades motoras dos indivíduos. Considerações finais Encerramos este capítulo concluindo que, apesar de a história da ginástica remontar a tempos antigos, a Alemanha, especificamente na figura de Friedrich Jahn, foi responsável pela disseminação mundial da ginástica como prática esportiva, mesmo que essa prática tivesse, inicialmente, o objetivo de defender o país alemão. Por meio da obra de Jahn, A ginástica alemã, e devido à emigração de alemães durante o Bloqueio Ginástico, essa prática chegou a outros países, incluindo o Brasil. Na segunda seção, pudemos entender que a ginástica geral – ou ginástica para todos – é uma possibilidade de atividade física a ser desenvolvida nas aulas de Educação Física, e que, além de ser agradável para os participantes, auxilia no desenvolvimento do ser humano e contribui para as suas relações sociais. Introdução à ginástica 17 Ampliando seus conhecimentos • HISTÓRIA da Ginástica (Parte 1). 2016. 1 vídeo (15 min.). Publicado pelo canal Swen Sports. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MRsoG4c4NOw. Acesso em: 25 nov. 2019. Apesar de o título remeter à história da ginástica, o vídeo fala sobre a ginástica para todos, ou ginástica geral, mostrando fotos do evento Gymnaestrada, que acontece a cada quatro anos. Também, traz um depoimento da ginasta Daiane dos Santos sobre os benefícios da ginástica para todos e como começou a sua carreira. O ponto alto do vídeo são os elementos da ginástica geral, com demonstração dos movimentos básicos e mais argumentos sobre a importância dessa modalidade para o corpo. • QUITZAU, E. A. Da ‘Ginástica para a juventude’ a ‘A ginástica alemã’: observações acerca dos primeiros manuais alemães de ginástica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 37, n. 2, p. 111-118, abr./jun. 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/ science/article/pii/S0101328915000293. Acesso em: 25 nov. 2019. Esse artigo descreve os elementos de dois manuais importantes para a história da ginástica: a obra Ginástica para juventude (1793), de Guts Muths, e A ginástica alemã, de Friedrich Jahn, escrita em 1816, momento em que se iniciaram as primeiras formas de exercícios físicos de forma sistematizada. A autora faz uma aproximação entre os dois manuais, mostrandosuas similaridades e descrevendo argumentos que justificam a importância da prática da ginástica. Atividades 1. Quem foi o grande precursor da ginástica e qual é sua obra de maior destaque? 2. Qual é a importância da Batalha de Jena na história da ginástica? 3. O que caracteriza a ginástica geral? Referências BORTOLETO, M. A. C. Uma reflexão sobre o conceito de técnica na ginástica geral. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. BRASIL Lei n. 383, de 18 de abril de 1938. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 abr. de 1938. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-383-18-abril- 1938-350781-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 25 nov. 2019. BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e aluno. v. 2. São Paulo: Ícone, 2008. BROCHADO, F. A.; BROCHADO, M. M. V. Educação Física no ensino superior: fundamentos de ginástica artística e de trampolins. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Metodologia do ensino de ginástica18 CHAPARIM, F. C. A. S. Ginástica geral com adolescentes em situação de risco social. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. FIORIN-FUGLSANG, C. M.; PAOLIELLO, E. Possíveis relações entre a ginástica geral e o lazer. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. GAIO, R.; BASTOS, L. de S. C. Ginástica especial para os diferentes: reconhecendo limites e descobrindo possibilidades. In: GÓIS, A. A. F.; GAIO, R.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. GALLARDO, J. S. P. A Educação Física escolar e a ginástica com sentido pedagógico. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. GARANHANI, M. C. Saberes da ginástica na educação escolar. In: GAIO, R.; GÓIS, A. A. F.; BATISTA, J. C. de F. (org.). A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. PUBLIO, N. S. Evolução histórica da ginástica olímpica. Guarulhos, SP: Phorte, 1998. PUBLIO, N. S. A origem da ginástica olímpica. In: NUNOMURA, M.; NISTA-PICCOLO, V. L. (org.). Compreendendo a ginástica artística. São Paulo: Phorte, 2005. RINALDI, I. P.; PAOLIELLO, E. A ginástica geral nos cursos de formação profissional de licenciatura em Educação Física. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. SBORQUIA, S. P. Construção coreográfica: o processo criativo e o saber estético. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. STANQUEVISH, P.; MARTINS, M. T. B. Ginástica geral: uma reflexão sobre formação e capacitação profissional. In: GAIO, R.; BATISTA, J. C. (org.). Ginástica em questão. São Paulo: Tecmed, 2006. TOLEDO, E. de; SCHIAVON, L. M. Ginástica geral: diversidade e identidade. In: PAOLIELLO, E. (org.). Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. 2 Modalidades da ginástica competitiva Após apresentarmos a história da ginástica e a modalidade de ginástica geral, vamos conhecer modalidades competitivas que estão inseridas nos jogos olímpicos e em eventos nacionais e internacionais organizados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) ou pelas federações e confederações dos países. As modalidades aqui apresentadas possuem requisitos de maior complexidade na execução dos movimentos: são realizadas em aparelhos com medidas oficiais; há movimentos específicos que precisam ser seguidos e são avaliados por uma banca de juízes, os quais julgam a classificação dos ginastas. Essas modalidades são a ginástica rítmica, a ginástica artística e a ginástica acrobática. Vamos conhecê-las? 2.1 Ginástica rítmica A ginástica é um dos conteúdos da Educação Física escolar, amparado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). De acordo com os PCNs, as ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água. (BRASIL, 1997, p. 37) Conforme a BNCC, a ginástica é um dos seis eixos temáticos da Educação Física, ou seja, é um conteúdo a ser trabalhado na educação básica. Para o ensino nos anos iniciais, o documento orienta que se desenvolva a ginástica geral; já para os anos finais, ressalta-se a importância do trabalho da ginástica para o condicionamento físico e conscientização corporal (BRASIL, 2018). Entendendo que a ginástica geral abrange o trabalho de elementos ginásticos existentes nos diferentes tipos de ginásticas, usando ou não materiais, devemos conhecer os tipos de ginástica. Os tipos de ginásticas existentes são: de competição, como ginástica rítmica, ginástica artística e ginástica acrobática; de condicionamento, como as aeróbicas e localizadas; e de conscientização corporal. Nesta seção, apresentaremos uma forma de ginástica competitiva, a ginástica rítmica (GR), modalidade olímpica que, no âmbito competitivo, é praticada por pessoas do sexo feminino e pode ser desenvolvida no âmbito escolar com os diferentes sexos. Vídeo Metodologia do ensino de ginástica20 Apesar de ser uma modalidade competitiva, sua prática não pode ser excluída do âmbito escolar, ou seja, deve ser desenvolvida em escolas da educação básica e em escolas especializadas em ginástica, bem como ser realizada também por pessoas do sexo masculino1. No ambiente escolar, a vivência da GR para ambos os sexos pode ser muito motivadora e diferenciada, pois os meninos, “culturalmente”, são estimulados somente para a prática dos esportes coletivos com bola ou para esportes individuais de lutas ou do atletismo. […] A vivência destes fundamentos pelo público masculino é uma oportunidade de “quebrar” a concepção de que a ginástica, e em especial a rítmica, “é coisa de menina”. (TOLEDO, 2016, p. 150) A ginástica rítmica nasceu vinculada à estética e à beleza, sendo que essas concepções estão implícitas na avaliação. O aspecto da beleza foi herdado da ginástica grega, sendo relacionado à ginástica europeia no Renascimento. Ficou suscetível a áreas que iam ao encontro de sua essência estética, como a música e a dança. Em sua origem, não possuía caráter competitivo. Utilizando-se do método sueco, a ginástica rítmica teve influência do mestre de dança francês Jean-Georges Noverre, no final do século XVIII, o qual enfatizava a arte de se expressar por meio da ginástica. Além de Noverre, Delsarte, Laban, Isadora e Elisabeth Duncan, Dalcroze e Medau também foram professores que contribuíram para a sistematização da ginástica com aparelhos manuais e acompanhamento rítmico, incluindo a expressividade das ginastas e os elementos de dança (TOLEDO, 2016). – Em 1965, a FIG distingue a ginástica artística da ginástica moderna; – A ginástica possui um caráter competitivo, é regulamentada e denominada pela FIG como Ginástica rítmica moderna em 1972; […] – Em 1975, a FIG denomina esta modalidade como ginástica rítmica desportiva; – Em 2000, ela passa a ser denominada ginástica rítmica pela FIG. (TOLEDO, 2016, p. 152) Conforme Toledo (2016), não se sabe ao certo como a ginástica rítmica chegou ao Brasil, contudo, entende-se que teve seu começo com a chegada dos imigrantes alemães ao país. Embora os alemães praticassem prioritariamente a ginástica de Friedrich Jahn, existem registros de prática da ginástica sueca. Após essa contextualização, abordaremos a seguir as características que definem a ginástica rítmica, o que envolve a forma de praticá-la e os aparelhos utilizados. 2.1.1 Características da ginástica rítmicaUma prova oficial de ginástica rítmica é realizada em um tablado que mede 13 por 13 m, “mas qualquer sala, quadra ou pátio, com um espaço livre, pode ser utilizado para a prática, desde que preserve a segurança dos praticantes” (TOLEDO, 2016, p. 151). 1 Há registros de prática competitiva de ginástica rítmica por pessoas do sexo masculino no início deste século. No Brasil, a Liga Nacional de Esportes Acrobáticos e Ginástica Geral já realiza competições de GR para universitários (TOLEDO, 2016). Modalidades da ginástica competitiva 21 A ginástica rítmica pode ser praticada de duas formas: individual ou em conjunto. A sua característica principal é combinar elementos corporais com movimentos utilizando aparelhos manuais. “Possui uma exigência técnica corporal apuradíssima que se apresenta aliada ao manejo de seu corpo a aparelhos específicos: a corda, o arco, a bola, as maças e a fita” (LAFFRANCHI; LOURENÇO, 2010, p. 129). Esses aparelhos (Figura 1) precisam estar sempre em movimento durante a realização dos exercícios, e esses movimentos precisam ser em diferentes planos, direções e sentidos, da forma mais variada possível (LEBRE; ARAÚJO, 2006). Figura 1 – Aparelhos da ginástica rítmica m ih m ih m al /S hu tte rs to ck Fita Arco Bola Corda Maças Cada aparelho possui características e técnicas específicas, que estão descritas a seguir. Corda Sendo um dos primeiros aparelhos introduzidos na iniciação esportiva da ginástica rítmica, o manuseio da corda apresenta exigências básicas de coordenação, o que faz as crianças desenvolverem um rápido aprendizado e aquisição de repertório motor. Observa-se o aumento da coordenação motora geral e específica do praticante com relação ao aparelho (Figura 2). Ta ty an a Vy c/ Sh ut te rs to ck Figura 2 – Ginasta com o aparelho corda Metodologia do ensino de ginástica22 Bola A bola (Figura 4) é um aparelho muito conhecido, feito de borracha com textura áspera ou lisa. Oficialmente, ela precisa pesar entre 300 e 400 gramas e possuir aspecto opaco ou brilhante. A bola é um material de maior familiarização das crianças antes mesmo de elas terem contato com a ginástica rítmica, contudo, apresenta poucas variações de possibilidade de trabalho. O seu diâmetro pode variar entre 18 e 20 cm. Maças As maças (Figura 5) consistem em um “aparelho composto por um par idêntico, confeccionado de madeira, borracha ou microfibra, de formato muito específico, semelhantes às claves de malabaristas” (TOLEDO, 2016, p. 155). As maças possuem três partes: a cabeça (a “bolinha” menor de uma das extremidades), o pescoço (parte do meio mais fina) e o corpo (parte maior e arredondada da outra extremidade). Mesmo sendo usadas em par, são consideradas apenas um aparelho. No entanto, por serem duas, a dificuldade de manuseio é maior. Elas podem variar de 40 a 50 cm de comprimento. Ch es te r-A liv e/ Sh ut te rs to ck Figura 5 – Ginasta com o aparelho maças A corda é um aparelho flexível que possui quase o dobro da altura da atleta e espessura de 12 mm. O comprimento da corda é medido com a ginasta segurando com os pés o centro da corda no chão e cada extremidade com uma mão: a corda estendida verticalmente precisa alcançar a altura dos ombros, conforme Figura 3. Nas suas extremidades, possui um nó para melhorar a empunhadura dos praticantes. Figura 3 – Medição da corda TR M K/ Sh ut te rs to ck Ch es te r-A liv e/ Sh ut te rs to ck Figura 4 – Ginasta com o aparelho bola Modalidades da ginástica competitiva 23 Arco O arco (Figura 7) é um aparelho que pode ser encontrado com facilidade nas escolas e permite um grande repertório de movimentos. Os arcos utilizados nas escolas podem ser de “70 a 80 cm de diâmetro, enquanto na competição, os arcos devem ter entre 80 e 90 cm de diâmetro” (LEBRE; ARAÚJO, 2006, p. 95). O bambolê, como é chamado popularmente, faz parte de cultura dos alunos e sua rigidez facilita o domínio do aparelho pelos praticantes. Eles podem ser de plástico, microfibra, madeira ou metal. Agora que já conhecemos os aparelhos, vamos conhecer as habilidades e os movimentos corporais utilizados quando se pratica a ginástica rítmica. No sentido amplo da GR, podemos citar duas características dessa prática: A contribuição para o desenvolvimento físico, de diferentes habilidades motoras e capacidades físicas, nas quais destacamos: saltos, giros, equilíbrio, ondulação, coordenação (óculo-manual, fina, grossa), flexibilidade, força e agilidade; e a sua contribuição para o desenvolvimento rítmico, estético e artístico, ressaltando-se o processo criativo, a fluência do movimento, a expressividade durante a prática e o encantamento por aquilo que se vive corporalmente. (TOLEDO, 2016, p. 151) Fita A fita (Figura 6) é um aparelho flexível, pois é feito com tecido, que pode ser cetim ou seda e possui 7 cm de largura e de 5 a 6 m de comprimento. O tecido, em sua extremidade, é preso em uma haste de 35 cm denominada estilete. Para prender o tecido no estilete, é utilizado um girador e um gancho, que não permitem que as duas partes se enrolem. A fita é um dos aparelhos que produz os movimentos estéticos mais admirados pela maioria dos espectadores da ginástica rítmica. Sua leveza e maleabilidade proporcionam criatividade nos movimentos, fazendo com que a fita expresse uma verdadeira obra de arte ao ser movimentada. Figura 6 – Ginasta com o aparelho fita m ar in a_ en o1 /S hu tte rs to ck Ch es te r-A liv e/ Sh ut te rs to ck Figura 7 – Ginasta com o aparelho arco Metodologia do ensino de ginástica24 Alonso (2011) traz, em formato de quadro, as habilidades motoras de locomoção e de equilíbrio, bem como as habilidades manipulativas que se realizam com os aparelhos na GR, conforme podemos verificar no Quadro 1. Quadro 1 – Habilidades motoras Habilidades motoras de locomoção Habilidades motoras de equilíbrio Habilidades motoras manipulativas com arco, corda, bola, maças e fita Correr Andar Saltar Saltitar Rolamento do corpo Alongar Balançar Apoios invertidos Equilibrar sobre os pés, joelhos e quadril Girar o corpo sobre seu próprio eixo Lançar Pegar Receber Rolar a bola e o arco Quicar a bola Rotação do arco Equilibrar o arco e a bola sobre os pés e as mãos Girar a corda Balancear os aparelhos Fonte: Alonso, 2011, p. 54. Com relação aos elementos corporais, Lebre e Araújo (2006) afirmam que a GR tem como essência a coordenação de movimentos corporais com o manejo de aparelhos manuais. Para os autores, os elementos corporais são a base da ginástica rítmica, e sua importância é tanta que eles definem o valor da dificuldade dos elementos que as ginastas realizam. Os elementos estão agrupados em: saltos, equilíbrios, pivots e elementos de flexibilidade e ondas. Além desses, existem os deslocamentos, balanços e outros. Alonso (2011) classifica os elementos corporais em dois grupos: os fundamentais e os outros, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Classificação dos grupos de elementos corporais Elementos corporais Grupos fundamentais Saltos Pivot Equilíbrio Flexibilidade/ondas Outros grupos Saltitos Deslocamentos variados (passos rítmicos e formas de andar) Balanceamentos e circunduções Giros Fonte: Alonso, 2011, p. 80. Os elementos corporais apresentados são realizados concomitantes ao manejo dos aparelhos manuais oficiais descritos anteriormente: a corda, o arco, a fita, a bola e as maças. Segundo Lebre e Araújo (2006, p. 6), “cada um dos aparelhos tem um grupo de elementos de técnica corporal considerado fundamental, o que significa que os exercícios devem incluir maioritariamente, elementos desse grupo”. Desse modo, com a corda são realizados saltos; com a bola, elementos de flexibilidade; com as maças, o equilíbrio; e com a fita, os pivots. Já com o arco, os elementos devem ser realizados em número equilibrado. A seguir, serão apresentados alguns dos movimentos que podem ser realizados com os respectivos aparelhosmanuais da GR. Modalidades da ginástica competitiva 25 Com relação aos movimentos realizados com arco (Figura 8), de acordo com Alonso (2011, p. 83), os elementos técnicos são: “rolamentos sobre o corpo e o solo; rotação ao redor de uma mão ou de uma parte do corpo, ao redor de um eixo do arco; lançar e recuperar com rotações do arco e no plano oblíquo; passagens através do arco; elementos por cima do arco”. Quanto aos manejos, apresentam-se em “balanceio; circunduções; e movimento em 8” (ALONSO, 2011, p. 83). Na Figura 9, podemos ver um dos movimentos realizados com a bola. Os elementos técnicos com esse aparelho, são: lançamentos, recuperações, quicadas, rolamentos livres sobre o corpo e sobre o solo. Os manejos envolvem “impulsos; balanceios; circunduções; movimento em 8; inversões com ou sem movimentos circulares dos braços (com a bola em equilíbrio sobre uma das mãos); rotações da mão em torno da bola; e pequenos rolamentos e rolamentos acompanhados” (ALONSO, 2011, p. 84). Figura 8 – Movimento realizado com arco Ph ot oS to ck 10 /S hu tte rs to ck Ph ot oS to ck 10 /S hu tte rs to ck Figura 9 – Movimento realizado com bola Na Figura 10, vemos um dos movimentos realizados com a corda. Nesse aparelho, os elementos técnicos consistem em “salto e saltitos por dentro da corda aberta segura pelas duas mãos; lançar e recuperar (corda aberta segura pela ponta ou corda aberta segura pelo meio); escapadas de uma das Metodologia do ensino de ginástica26 pontas; rotação da corda”. Os manejos incluem “balanceios; circunduções; movimento em 8; véus e espirais” (ALONSO, 2011, p. 83). Alonso apresenta os elementos técnicos e manejos realizados com maças (Figura 11). Nos elementos técnicos, temos: pequenos círculos; molinetes; lançamentos e recuperações com ou sem rotação das maças durante o voo do aparelho (uma ou duas), lançamentos assimétricos e recuperações; batidas; movimentos assimétricos. Nos manejos, temos: impulsos; balanceios e circunduções dos braços; impulsos; balanceios e circunduções do aparelho; movimentos em 8; rotação livre das maças; rolamentos das maças. (ALONSO, 2011, p. 85) Figura 10 – Movimento realizado com corda Di eg o Ba rb ie ri/ Sh ut te rs to ck Figura 11 – Movimento realizado com maças ka ta to ni a8 2/ Sh ut te rs to ck Já na Figura 12, temos a apresentação de um dos movimentos realizados com fita, cujos elementos técnicos abrangem “serpentinas; espirais; espirais no solo; lançamentos e recuperações; lançamento boomerang; escapadas; passagem através ou sobre a fita com todo o corpo ou uma Modalidades da ginástica competitiva 27 parte” e os manejos, “impulsos; balanceios; circunduções; movimento em 8; movimento em 8 no solo (desenho sobre a superfície do solo); rotação do estilete em torno da mão; rolamento do estilete em uma parte do corpo” (ALONSO, 2011, p. 86). Figura 12 – Movimento realizado com fita ka rn iz z/ Sh ut te rs to ck Esses são os movimentos praticados atualmente, porém, a ginástica rítmica vem evoluindo com frequentes mudanças técnicas e com muitas outras possibilidades para a sua prática. Consequentemente, evolui o código de pontuação, que busca acompanhar as novidades dessa modalidade. Embora esse código ainda tenha caráter subjetivo, busca-se cada vez mais a objetividade na forma de avaliar a GR, isso em contexto mundial. Nessa perspectiva, no ciclo atual, para se chegar à nota final em Ginástica Rítmica, ou seja, aquela nota que a ginasta ou o conjunto obterá após a sua apresentação e que fatalmente, será utilizada como instrumento para a sua classificação, é necessário a soma de três quesitos básicos nessa modalidade: dificuldade (dividido em dificuldade corporal e dificuldade de aparelho); artístico (composição de base, acompanhamento musical e coreografia) e execução. (LOURENÇO, 2010, p. 118, grifos do original) Uma composição (provas individuais ou em conjunto) expressa um discurso motor que vem acompanhado por uma música. Essa composição precisa possuir elementos básicos comuns: o nível de dificuldade, o aspecto artístico e a execução. Por dificuldade, entende-se o máximo do valor técnico que o movimento executado poderá atingir, ou seja, refere-se à combinação de elementos corporais com elementos dos aparelhos, podendo ocorrer de forma isolada ou em combinações2. O componente artístico e o de execução são os mais explorados no processo de iniciação e relacionam-se à escolha da harmonia dos elementos corporais e dos aparelhos, ao acompanhamento musical e às variações na ocupação do espaço e da composição. 2 Uma combinação refere-se a dois ou mais elementos realizados em sequência; por exemplo: lançar uma bola e fazer um rolamento antes de recuperá-la. Metodologia do ensino de ginástica28 Para a FIG (2009 apud ALONSO, 2011 p. 81), “a composição deverá mostrar ao espectador a ideia do tema, a partir da relação do acompanhamento musical com a comunicação não verbal, traduzida em um máximo de expressividade e emoção”. A GR faz parte das modalidades olímpicas e é praticada em muitos países do mundo. Como dito anteriormente, a nível competitivo, ela é praticada exclusivamente por indivíduos do sexo feminino, mas no âmbito escolar ou em competições locais, é praticada por ambos os sexos. Isso pode ser visto como aspecto positivo, pois, de acordo com o exposto no decorrer do capítulo, podemos afirmar que a ginástica rítmica contribui para o desenvolvimento físico e motor dos indivíduos que a praticam independentemente de serem do sexo feminino ou masculino. 2.2 Ginástica artística A origem da ginástica artística (GA) remonta a tempos antigos, com registros de egípcios, gregos e romanos sobre acrobacias naturais que eram apresentadas em feiras e circos. Ao longo dos tempos, essas acrobacias eram inseridas em rituais de dança. A ginástica surge com as acrobacias e os malabarismos realizados pelos bobos da corte para entreter a realeza. Os acrobatas também se exibiam em feiras, em circos e na corte, apresentando movimentos de maneira livre, irreverente e ousada e levando divertimento para o povo. Podemos observar alguns movimentos, datados de 1851, na Figura 13. Figura 13 – Ilustração das práticas ginásticas em 1851 pi o3 /S hu tte rs to ck Apesar de seus movimentos terem se originado em tempos antigos, a ginástica artística, também conhecida como ginástica olímpica, é uma modalidade competitiva que surgiu no início do século XVIII, quando Friedrich Ludwig Jahn construiu os primeiros aparelhos nos campos de Vídeo Modalidades da ginástica competitiva 29 Hasenheide nos arredores de Berlim, Alemanha. Os primeiros aparelhos eram improvisados em galhos de árvores e influenciaram os que temos na ginástica atual. Cada aparelho de ginástica artística tem uma origem histórica e, nesta seção, vamos conhecê-los; eles são usados em competições por todo o mundo. De acordo com Publio, os aparelhos de ginástica Olímpica são seis para o sexo masculino (solo, cavalo com arções, argolas, salto sobre o cavalo longitudinal, barras paralelas e barra fixa) e quatro para o sexo feminino (salto sobre o cavalo transversal, paralelas assimétricas, trave de equilíbrio e solo com acompanhamento musical). (PUBLIO, 1998, p. 303) Concordando com Publio (1998), Nunomura et al. (2016) confirmam essa divisão dos aparelhos em femininos e masculinos, acrescentando a nova nomenclatura dada para o salto sobre o cavalo que mudou, em 2001, para salto sobre a mesa. Esses aparelhos são divididos em masculinos e femininos para a realização de provas competitivas, mas podem ser trabalhados nas escolas sem distinção, uma vez que a execução de seus fundamentos desenvolve aspectos físicos importantes para as fases de desenvolvimento das crianças. Para Nunomura et al., é importante ressaltar que os aparelhos oficiais são utilizados para o treinamento de alto nível e nas competições oficiais, mas eles podem ser substituídos ou adaptados para o contexto da iniciaçãoem academias, escolas e demais instituições que não visam ao alto rendimento. (NUNOMURA et al., 2016, p. 212) As competições de GA são realizadas de três formas: por equipes, individual geral e individual por aparelho. Podemos observar os aparelhos femininos (mesa de salto, paralelas assimétricas e trave de equilíbrio) na Figura 14 e os masculinos (argolas, barra fixa, cavalo com alças e paralelas simétricas) na Figura 15. Além desses, há também o solo, que pode ser utilizado por ambos os sexos. Figura 14 – Aparelhos femininos de ginástica artística IE SD E Br as il S/ A Mesa de salto Paralelas assimétricas Trave de equilíbrio Fonte: Nunomura et al., 2016, p. 216. Metodologia do ensino de ginástica30 Figura 15 – Aparelhos masculinos de ginástica artística IE SD E Br as il S/ A Cavalo com arções Argolas Paralelas simétricas Barra fixa Fonte: Nunomura et al., 2016, p. 216. A seguir, apresentamos as características e principais regras de cada aparelho. Solo De origem grega, a prova de solo surgiu de movimentos livres realizados pelos calistênicos, em que kallos significa beleza e sthenos significa “exercícios para o desenvolvimento muscular e bem-estar” (PUBLIO, 1998, p. 306). O solo é uma prova feminina e masculina, contudo, na prova feminina, a ginasta realiza sua série com música, enquanto na masculina, a série é executada sem. A prova de solo é realizada em um espaço delimitado (Figura 16), um tablado de 12 metros de lado com um metro de moldura, para proteção do ginasta, ficando suas dimensões um quadrado de 14 × 14 metros, embora a parte utilizada seja de 12 × 12 metros. O tablado deve ser utilizado pelo ginasta em toda sua extensão, sob pena de penalização. Para o sexo feminino o exercício dever ter o acompanhamento musical, que pode ser realizado por um só instrumento ou até orquestrado, sendo proibido o canto. (PUBLIO, 1998, p. 307) Modalidades da ginástica competitiva 31 Caso o ginasta pise fora do tablado, ocorre a perda de pontos na sua avaliação. Figura 16 – Tablado para prova de solo Po lh an se n/ Sh ut te rs to ck Os movimentos feitos na prova de solo precisam ser executados perto e longe do solo, em passagens com grandes deslocamentos ou sem deslocamento. A mudança entre elementos acrobáticos e de dança deve ser harmoniosa e corresponder ao caráter da música. A coreografia deve expressar a personalidade, o estilo, a idade e o tipo físico da ginasta. A apresentação deve ser artística, com originalidade, estilo pessoal e elegância. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 148) A série de uma prova de solo inicia no primeiro movimento do ginasta. A duração de uma prova de solo feminina não pode ultrapassar 90 segundos e o último movimento deve coincidir com o final da música. Para os homens, a série não pode ultrapassar 70 segundos. Uma série de solo precisa ter acrobacias diversificadas como mortais, rolamentos e paradas de mão, e a área do tablado precisa ser utilizada em sua totalidade. Cavalo com alças Considerado o mais antigo aparelho de ginástica, o cavalo tem sua origem em Roma em 375 d.C., quando os romanos o utilizavam para exercícios de cavalaria. Mais recentemente, nos parques de Jahn em 1811, havia “cavalos chamados de cavalos de saltos, usando os arções” (PUBLIO, 1998, p. 303). O cavalo possui 105 cm de altura (do colchão de aterrissagem) e duas alças com 12 cm de altura e 34 mm de diâmetro, colocadas à distância de 40 a 45 cm uma da outra. O cavalo mede 160 cm de comprimento e 35 cm de largura. Podemos ver o cavalo com alças na Figura 17. Metodologia do ensino de ginástica32 Figura 17 – Cavalo com alças Po lh an se n/ Sh ut te rs to ck Prova exclusivamente masculina, no cavalo com alças permite-se “impulsos à parada de mãos, com pernas unidas ou afastadas, mas eles devem ser executados no impulso, sem interrupção do movimento ou utilização evidente da força. Não são permitidos elementos de força ou estáticos” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 151). Além desses, há movimentos em forma de pêndulo em diferentes apoios, seja nas alças, seja no próprio corpo do cavalo. Argolas A prova das argolas é, também, exclusivamente masculina. Elas precisam estar suspensas a 2,60 m do chão, possuem diâmetro de 18 cm e a distância entre elas é de 50 cm. Essa prova apresenta como característica elementos de impulso, de força e estáticos, em quantidade equivalente. Os elementos devem passar pela suspensão, apoio e parada de mãos. Deve predominar a execução com braços estendidos. Os cabos das argolas não devem balançar nas posições estáticas, ou ser cruzados durante a execução de algum elemento. Eles também não podem ser tocados por qualquer parte do corpo do ginasta. O ginasta deve iniciar a sua série em suspensão, perfeitamente parado. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 151) Figura 18 – Ginasta em prova com argolas sp or tp oi nt /S hu tte rs to ck Modalidades da ginástica competitiva 33 Na Figura 18, um ginasta executa um movimento em uma prova com argolas. É possível perceber que esse aparelho exige bastante os membros superiores do corpo. Salto sobre a mesa O salto sobre a mesa é uma prova masculina e feminina e, para ambas as categorias, o ginasta possui um espaço de 25 m para realizar a corrida de aproximação ao aparelho, podendo ser reduzido conforme preferência do atleta. A mesa para salto feminina deve estar a 125 cm do chão, e a masculina a 135 cm. O cavalo tem 1,60 metro de comprimento e nas competições femininas ele é colocado transversalmente, à altura de 1,20 metro, e no masculino é colocado longitudinalmente, ao sentido de corrida e a 1,35 metro de altura. A corrida masculina para o salto sobre o cavalo não pode ultrapassar 25 metros e, embora no feminino não haja uma distância, na prática também é utilizada essa distância de 25 metros. Em ambos os sexos, os colchões de aterrissagem devem ter 20 cm de espessura. (PUBLIO, 1998, p. 302) Inicialmente, o salto era realizado sobre o cavalo3 utilizando um trampolim que não possuía molas. Mais tarde, foram acrescentadas molas, o que possibilitou aos ginastas a execução de saltos mais difíceis e melhores. Após a corrida de preparação, os ginastas impulsionam-se no trampolim que fica posicionado à frente da mesa (Figura 19). Essa impulsão é realizada com os pés antes do toque na mesa de salto, o qual só pode ser realizado com as mãos. O trampolim com molas é um equipamento adicional que auxilia na propulsão do atleta para a entrada na mesa de salto. Figura 19 – Mesa de salto Po lh an se n/ Sh ut te rs to ck O impulso no trampolim pode ser realizado de frente ou de costas para o aparelho seguido do toque com as duas mãos sobre a mesa. A queda é feita com os dois pés de frente ou de costas para o aparelho. 3 Publio (1998) utiliza a expressão salto sobre o cavalo, mas devemos lembrar que essa expressão mudou para salto sobre a mesa em 2001. Metodologia do ensino de ginástica34 Barras paralelas As barras paralelas (Figura 20) foram inventadas por Jahn em 1812 a fim de fortalecer os braços e “facilitar os exercícios de apoio para a realização do volteio4 no carneiro” (PUBLIO, 1998, p. 305). As barras precisam estar 180 cm acima da superfície do colchão e a distância entre elas varia entre 42 e 52 cm, podendo ser ajustada individualmente conforme preferência do ginasta. As barras possuem 3,5 m de comprimento e espessura de 41 a 51 mm de diâmetro. Figura 20 – Barras paralelas ve rs h/ Sh ut te rs to ck Uma prova de barras paralelas apresenta impulsos e voos realizados em transições entre apoio e suspensão. Também possui elementos estáticos que demonstram o domínio das posições do corpo do ginasta. Barra fixa A barra fixa (Figura 21) é uma prova que existe apenas na categoria masculina. A barra possui diâmetro de 28 mm e fica a 260 cm do colchão no chão. A série precisa ser dinâmica e realizada com fluência e é composta por impulsos e balanços. “Deve incluir elementoscom giros, voos, elementos executados próximo ou longe da barra, em tomadas variadas” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 153). 4 Volteio é nome dado a uma série de exercícios realizados em cavalo a galope. Hoje é uma modalidade de competições individuais e por equipes, com exercícios livres e obrigatórios (NUNOMURA, 2016). Al ex B og at yr ev /S hu tte rs to ck Figura 21 – Ginasta subindo na barra fixa com auxílio de seu treinador Modalidades da ginástica competitiva 35 O ginasta pode iniciar sua série com um salto até a barra com auxílio ou não do treinador. Esse salto até a barra pode ser feito com uma pequena corrida ou partindo de uma posição estática, contudo, as pernas precisam estar unidas e estendidas quando o ginasta deixa o solo. Paralelas assimétricas A prova realizada nas barras paralelas assimétricas é uma prova feminina. “A barra baixa se encontra a 166 cm e a alta a 246 cm do chão. A distância entre as barras pode ser adaptada individualmente, variando entre 130 e 180 cm” (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 145). É permitida a utilização de uma prancha para a entrada no aparelho, sendo que este deve ser totalmente utilizado, com movimentos acima, abaixo, entre as barras, e por fora das mesmas, que demonstrem grande amplitude nos balanços e voos, mantendo a postura ideal em cada tipo de posição. A série deve ser dinâmica, sem qualquer tipo de pausa. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 146) Figura 22 – Ginasta nas paralelas assimétricas sp or tp oi nt /S hu tte rs to ck Na Figura 22, vemos a ginasta executando um movimento nas paralelas assimétricas. Trave de equilíbrio A trave de equilíbrio (Figura 23) também é uma prova exclusivamente feminina. A trave mede 5 m de comprimento e 10 cm de largura, ficando a 120 cm de altura do chão. A duração da série não pode ultrapassar 90 segundos, porém se ocorre uma queda, o tempo no chão não é somado ao tempo da prova. Metodologia do ensino de ginástica36 Figura 23 – Trave de equilíbrio ve rs h/ Sh ut te rs to ck A prova da trave de equilíbrio possui as seguintes características: Para a entrada no aparelho, é permitida a utilização da prancha de salto. Se a ginasta não realiza a entrada após a primeira corrida de aproximação mas não toca a prancha, o aparelho ou passa por baixo da trave, ela pode fazer nova corrida de entrada, sem perder pontos. […] a série deve ser composta por elementos acrobáticos, como paradas, rolamentos, reversões e mortais, e de dança, como saltos, giros, equilíbrios e ondas corporais. (BROCHADO, F.; BROCHADO, M., 2005, p. 146-147) A prova na trave pode ter duração de até 90 segundos. Se a ginasta cair, o cronômetro é pausado, voltando a ser acionado quando a série se reinicia. Encerramos aqui as apresentações dos aparelhos, nas quais observamos características e algumas exigências das provas oficiais. Porém, os aparelhos podem ser adaptados com materiais alternativos, desde que ofereçam segurança aos praticantes, sendo utilizados para o ensino da modalidade de ginástica artística em âmbito da educação básica ou de escolas esportivas. 2.3 Ginástica acrobática A ginástica acrobática, assim como outras modalidades da ginástica, teve muitas fases no decorrer do tempo (sempre praticada com diferentes intuitos e sendo precursora de diversos esportes). Com relação à prática no Brasil, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e a Liga Nacional de Desportos Acrobáticos e Ginástica Geral (Lindagg) são as duas principais entidades responsáveis pela organização dessa modalidade (MERIDA, 2016). Como conteúdo da Educação Física escolar, a ginástica acrobática tem muitas possibilidades para o desenvolvimento dos alunos. Para Bregolato (2008, p. 100), “com as vivências da ginástica formativa desenvolve-se naturalmente as chamadas qualidades físicas como: resistência geral, coordenação, velocidade, equilíbrio, força, flexibilidade e ritmo”. Além disso, a ginástica é praticada por no mínimo duas pessoas, o que favorece o aprimoramento das relações interpessoais, Vídeo Modalidades da ginástica competitiva 37 incentivando elementos como a confiança e a responsabilidade, uma vez que um precisa do outro para fazer os movimentos, como podemos observar na Figura 24. Figura 24 – Ginastas executando um movimento de ginástica acrobática Sv et la na L az ar en ka /S hu tte rs to ck A ginástica acrobática possui bases, intermediários e volantes. Segundo Merida (2016), as bases suportam e projetam, os intermediários ajudam a suportar e projetar ou executam posições intermediárias e o volante, ou top, é o ginasta que é suportado ou projetado pela base ou intermediário e fica no topo das pirâmides, como podemos ver na Figura 25. Em provas oficiais, a ginástica acrobática é praticada em cinco provas: pares femininos, pares masculinos, pares mistos, trios (somente ginastas do sexo feminino) e quartetos (somente ginastas do sexo masculino). Para a autora, fora do contexto competitivo, são feitas pirâmides humanas, como apresentação, e podem ser realizadas por qualquer número de atletas, independentemente do sexo, idade ou estatura. Isso favorece a inclusão, elemento bastante presente e necessário na Educação Física escolar. Com relação à inclusão, Bregolato (2008), explicita que as pessoas não devem rotuladas para serem iguais, nem serem despojadas de seu estilo próprio, de suas manifestações corporais ou mesmo serem discriminadas por suas características físicas. A autora também diz que a escola pode contribuir para que as pessoas possam expressar sua maneira de ser. Nesse contexto, a ginástica acrobática tem elementos que favorecem diferentes características físicas e psicológicas. Kr ug lo v_ O rd a/ Sh ut te rs to ck Figura 25 – Grupo de ginastas formado por base, intermediários e volante Metodologia do ensino de ginástica38 Na ginástica acrobática, tratando-se de provas oficiais, as séries estáticas e dinâmicas têm duração máxima de dois minutos e trinta segundos, não sendo estipulado limite mínimo. Para séries combinadas, o limite é de três minutos. Essa modalidade possui grupos de exercícios obrigatórios, sendo que o tumbling (exercícios acrobáticos), a flexibilidade, o equilíbrio e os elementos coreográficos devem ser executados individualmente durante as séries. Nos exercícios estáticos, os ginastas permanecem em contato durante todo o tempo de duração da figura, que consiste em três segundos. Já os exercícios dinâmicos precisam demonstrar fases de voo, lançamentos e recepções. Os exercícios combinados compreendem uma série de elementos individuais e exercícios estáticos e dinâmicos. Desse modo, diferentemente de outras modalidades, a ginástica acrobática não utiliza aparelhos, sendo necessárias capacidades e habilidades físicas e socioafetivas, pois envolve confiança e responsabilidade durante a execução dos exercícios. Além disso, deve ser incentivada a criatividade dos alunos, pois a modalidade permite uma variedade de elementos técnicos. Um deles, que se entende por monte, é um elemento técnico no qual o ginasta sobe sobre o parceiro, em uma fase de voo ou mantendo contato com os segmentos do parceiro. Já o desmonte é o elemento técnico em que o ginasta perde o contato com o parceiro. No desmonte, deve-se reduzir ao máximo o risco de quedas. Para isso, mesmo não sendo avaliadas nas competições, as pegas e os suportes são fundamentais para a boa execução e segurança dos ginastas (MERIDA, 2016). Confira, nas figuras a seguir, as técnicas de pegas e de suporte. IE SD E Br as il S/ A Figura 26 – Pega de punhos Fonte: Merida, 2016, p. 184. IE SD E Br as il S/ A Figura 27 – Pega de mãos ou pega simples Fonte: Merida, 2016, p. 184. Nas Figuras 26 e 27, vemos a pega de punhos e a pega de mãos ou pega simples. De acordo com Merida, Pega de punhos: é uma pega muito segura e evita que as mãos escorreguem. Por isso, é utilizada, principalmente, quando os ginastas se seguramcom apenas uma das mãos, porém, existem várias utilizações para esta pegada. Utilizam-se mãos homônimas. Pega de mãos ou pega simples: amplamente utilizada quando o volante está posicionado à frente do base, de lado ou de costas para ele, e quando está posicionado atrás do base. (MERIDA, 2016, p. 184) IE SD E Br as il S/ A Figura 28 – Pega frontal Fonte: Merida, 2016, p. 185. IE SD E Br as il S/ A Figura 29 – Pega facial ou pega transversa Fonte: Merida, 2016, p. 185. Modalidades da ginástica competitiva 39 Conforme Merida, as técnicas da Figuras 28 e 29 são: Pega frontal: utilizada quando volante e base estão frente a frente e utilizam mãos homônimas para se segurarem. Pega facial ou pega transversa: utilizada quando volante e base estão frente a frente e utilizam mãos não homônimas para se sustentarem. (MERIDA, 2016, p. 185) IE SD E Br as il S/ A Figura 30 – Aperto de mãos Fonte: Merida, 2016, p. 185. IE SD E Br as il S/ A Figura 31 – Pega pé/mão Fonte: Merida, 2016, p. 185. As técnicas das Figuras 30 e 31 são: Aperto de mãos: utilizado nas figuras em que os ginastas se encontram lado a lado, frente a frente ou quando o volante se movimenta para trás do base. Utilizam-se mãos homônimas. Pega pé/mão: o apoio da mão deve ocorrer na curvatura dos pés, entre a ponta e o calcanhar, servindo de suporte ou de impulsão para o volante. (MERIDA, 2016, p. 185) IE SD E Br as il S/ A Figura 32 – Pega de braços Fonte: Merida, 2016, p. 186. IE SD E Br as il S/ A Figura 33 – Pega de cotovelos Fonte: Merida, 2016, p. 186. As técnicas de pega e suporte descritas por Merida e apresentadas na Figuras 32 e 33 são: Pega de braços: os ginastas seguram-se mutuamente pelos braços, sendo que o base segura o volante pela parte interna do braço e o volante pela externa. Pega de cotovelos: os ginastas seguram-se mutuamente pelos cotovelos, o base segura o volante pela parte externa do braço e o volante pela interna. (MERIDA, 2016, p. 186) Metodologia do ensino de ginástica40 IE SD E Br as il S/ A Figura 34 – Pega de estafa Fonte: Merida, 2016, p. 186. IE SD E Br as il S/ A Figura 35 – Pega entrelaçada Fonte: Merida, 2016, p. 186. Finalmente, nas Figuras 34 e 35, são apresentadas as técnicas: Pega de estafa (técnica de lançamentos): esta pega auxilia a impulsão dos ginastas para executar exercícios dinâmicos, lançamentos para mortais e piruetas. O base, com as mãos sobrepostas, impulsiona o volante. Pega entrelaçada (técnica de lançamentos): utilizada em trios e quartetos para executar exercícios dinâmicos e lançamentos para mortais e piruetas. (MERIDA, 2016, p. 186) As pegadas são importantes para a realização dos elementos da ginástica acrobática. Esses elementos são executados em trios ou pares e também são importantes na construção das pirâmides. Considerações finais Neste capítulo, foram apresentadas as modalidades de ginásticas competitivas rítmica, artística e acrobática. Foi possível conhecer suas especificidades, que compreendem características das provas, elementos corporais e aparelhos utilizados. Todas as modalidades, além do caráter competitivo, podem ser trabalhadas na Educação Física escolar como um dos conteúdos preconizados pelos documentos que norteiam a educação nacional, a exemplo dos PCNs e da BNCC. Assim, as modalidades aqui apresentadas consistem em vias de desenvolvimento para os alunos e são utilizadas para compor eventos escolares e olímpicos. Ampliando seus conhecimentos • TUDO sobre a Ginástica Rítmica Individual. 2018. 1 vídeo (3 min.). Publicado pelo canal GRítmiKa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xo0qyzeIZ84. Acesso em: 25 nov. 2019. Esse vídeo traz as características da ginástica rítmica com demonstrações de movimentos realizados por atletas da modalidade com seus aparelhos. Traz, também, de maneira resumida, as regras da modalidade com elementos obrigatórios e informações sobre como funciona a pontuação dos ginastas. Modalidades da ginástica competitiva 41 • MERIDA, F. et al. Redescobrindo a ginástica acrobática. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p. 155-180, maio/ago. 2008. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/ article/view/5755/3362. Acesso em: 25 nov. 2019. Os autores desse artigo buscam aprofundar o conhecimento referente à ginástica acrobática, abordando a evolução dessa modalidade no mundo, suas características e princípios pedagógicos para o ensino da modalidade. Atividades 1. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a GR e a GA? 2. Explique de que forma a GA pode ser realizada no âmbito escolar, considerando a dificuldade de se adquirir aparelhos oficiais. 3. Discorra sobre a prática da ginástica acrobática. Referências ALONSO, H. Pedagogia da ginástica rítmica: teoria e prática. São Paulo: Phorte, 2011. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília, DF: Secretaria de Educação Fundamental, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_ site.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019. BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e aluno. São Paulo: Ícone, 2008. BROCHADO, F. A.; BROCHADO, M. M. V. Educação Física no ensino superior: fundamentos de ginástica artística e de trampolins. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. LAFFRANCHI, B. E.; LOURENÇO, M. R. A. Ginástica rítmica: da iniciação ao treinamento de alto nível. In: GAIO, R; GÓIS, A. A.; BATISTA, J. C. de F. B. (org.). Ginástica em questão: corpo e movimento. São Paulo: Phorte, 2010. LEBRE, E.; ARAÚJO, C. Manual de ginástica rítmica. Porto: Porto Editora, 2006. LOURENÇO, M. R. A. O inconstante código de pontuação da ginástica rítmica. In: PAOLIELLO, E.; TOLEDO, E. de (org.). Possibilidades da ginástica rítmica. São Paulo: Phorte, 2010. MERIDA, F. Fundamentos da ginástica acrobática. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos da ginástica. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016. NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016. NUNOMURA, M. et al. Os fundamentos da ginástica artística. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016. PUBLIO, N. S. Evolução histórica da ginástica olímpica. Guarulhos, SP: Phorte, 1998. Metodologia do ensino de ginástica42 SAWASATO, Y. Y.; CASTRO, M. de F. de C. A dinâmica da ginástica olímpica (GO). In: GAIO, R.; GOIS, A. A.; BATISTA, J. C. F. A ginástica em questão: corpo e movimento. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. TOLEDO, E. de. Fundamentos da ginástica rítmica. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016. TOLEDO, E. et al. Fundamentos da ginástica para todos. In: NUNOMURA, M. (org.). Fundamentos das ginásticas. 2. ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2016. 3 Capacidades físicas e elementos básicos da ginástica A primeira seção deste capítulo aborda as capacidades físicas empregadas na prática esportiva da ginástica, destacando as principais capacidades que precisam ser desenvolvidas nos ginastas pelos profissionais da área de educação física e devem ser trabalhadas nas aulas. Essas capacidades podem ser desenvolvidas por meio de diferentes atividades e exercícios e a aquisição delas varia de acordo com a especificidade da prova e a individualidade do aluno. Na segunda seção, destacamos os elementos ginásticos básicos, bem como fundamentos específicos de cada prova. O bom condicionamento físico e a consciência das capacidades físicas de cada um, além de prevenir lesões, são fundamentais para a aprendizagem dos elementos ginásticos e sua posterior realização pelos alunos/atletas. Portanto, temos conteúdo fundamental para a formação do professor de
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