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Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA GIULIANO CECCHETTINI – FATEC DE FRANCO DA ROCHA Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Energia e Eficiência Energética Felipe Bergmann Mário Ribeiro da Silva BIOMASSA: Resíduos da Plantação de Soja FRANCO DA ROCHA 2022 Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha Felipe Bergmann Mário Ribeiro da Silva BIOMASSA: Resíduos da Plantação de Soja Relatório Técnico apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Energia e Eficiência Energética da Fatec Franco da Rocha, orientado pelo Prof. Júlio Cezar Ferreira Macedo, como requisito para a disciplina Projeto Biomassa. FRANCO DA ROCHA 2022 Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha RESUMO Esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica dos autores da área de conhecimento e visa discorrer sobre o potencial de aproveitamento de resíduos vegetais provenientes das culturas de cultivo de soja, no Brasil. Tais resíduos possuem grande interesse no aproveitamento para geração de energia através da biomassa, dada a grande disponibilidade desse material nas áreas de cultivo. Este trabalho verifica as questões mais pertinentes relacionadas ao ciclo de processamento, tratamento e emprego dessa biomassa e faz uma análise geral da viabilidade econômica, social e ambiental acerca do assunto, para fornecer os elementos básicos sobre o assunto e suas particularidades. Palavras-chave: Biomassa. Soja. Resíduos. Potencial. Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- 12 Princípios da Química Verde....................................................15 Figura 2- A importância da biomassa............................................................18 Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Análise Elementar.................................................................................12 Tabela 2 – Rotas Tecnológicas para a produção de Biocombustíveis...................13 Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BEN – Balanço Energético Nacional CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias EUA – Estados Unidos da América PCI – Poder calorifico inferior tep – tonelada equivalente de petróleo UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos TWh – Tera Watts hora Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha LISTA DE SÍMBOLOS kg - Quilograma MJ/kg - Mega Joules por Quilograma Kg/ha - Quilograma por hectare Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Franco da Rocha SUMÁRIO 1 Introdução teórica ................................................................................................ 9 1.1 Objetivos ...................................................................................................... 10 1.2 Justificativa ................................................................................................... 10 1.3 Metodologia de Pesquisa ............................................................................. 11 2 Características gerais físico-químicas da biomassa de soja .............................. 12 2.1 Rotas de produção de biocombustíveis e principais produtos derivados da biomassa ............................................................................................................... 13 2.2 Área de cultivo da biomassa ........................................................................ 18 2.2.1 Capacidade produtiva no Brasil ............................................................. 19 2.2.2 Produção de soja no mundo .................................................................. 20 3 conclusão ........................................................................................................... 21 9 1 Introdução teórica A matriz energética mundial baseia-se fortemente na dependência de combustíveis fosseis (Petróleo, gás e carvão mineral). No ano de 2017, cerca de 79,7% do consumo mundial de energia, foi proveniente dessas fontes e cerca de 2,2% de origem nuclear, consumo este que representa um aumento anual de 2% na média dos últimos 20 anos. EUA, China e Índia somados correspondem por cerca de 70% do consumo médio mundial de energia (REN21, 2019). Esse cenário de dependência dessa matriz, requer mudanças para meio alternativos de geração e combustíveis provenientes de diferentes fontes, pelo fato da diminuição das reservas de combustíveis fósseis, pela questão ambiental e a questão geopolítica. Um ponto muito importante nessa conjectura é a flutuação dos preços dos combustíveis fosseis no mercado internacional, marcado por disputas territoriais regionais, por fatores políticos e instabilidade social e econômica nos países produtores, o que gera incertezas e instabilidades tanto de preço quanto de oferta nos mercados consumidores, como visto no ano de 2022 com a disputa entre Rússia e Ucrânia. Países como EUA, Índia, China e Japão sofrem grandes abalos em decorrência desse processo, o que reflete na economia mundial, provocando extasses e aumento dos preções de combustíveis e consequentemente todos os produtos em cadeia. Fatores esses que provocam mais instabilidades sociais e políticas e agravam a pobreza e a fome no mundo mais especificamente em países em desenvolvimento como no caso o Brasil, que entra em um processo de inflação, e afetando a economia como um todo. As matrizes energéticas renováveis apresentam diversas vantagens sobre essa problemática acerca dos combustíveis fosseis, pois apresentam caracterizas peculiares e regionalizadas com o fogo na geração descentralizada, na questão ambiental e a flexibilização dos sistemas de produção e distribuição de modo mais otimizado e racional. As energias renováveis sobretudo a Biomassa, possui ainda uma pequena participação na matriz energética mundial, em 2017 representavam cerca de 18,1% do total (REN21,2019), correspondendo apenas 10% efetivamente de energias renováveis – sustentável, (50% biomassa moderna, 35% hidráulica e 15% eólica, solar 10 e oceânica, sendo os 8% restantes provenientes de biomassa tradicional, vinda de desmatamentos de florestas em países em desenvolvimento, não sendo sustentável. No Brasil as energias renováveis possuem um percentual maior de participação que a média mundial, de acordo com o BEN de 2017, cerca de 12% da oferta interna foi oriunda da matriz hidráulica e aproximadamente 25% de biomassa (cana de açúcar – gerando etanol e eletricidade por meio do bagaço de cana entre outros) e 5,9% das demais renováveis chegando a um total de 43% de renováveis na matriz nacional. A bioenergia na matriz nacional assume um importante papel, econômico, estratégico e ambiental. A bioenergia é definida como a energia proveniente da biomassa, sendo a biomassa toda a matéria de origem vegetal encontrada ou gerada pelo homem e ou animais, (resíduos urbanos, rurais, florestais, agroindustriais). Em muitos países a biomassa destaca-se por ser um agente de acesso à energiae descentralizador da matriz, principalmente em países em desenvolvimento ou em países com pouca reserva ou estrutura de recursos para geração de energia e distribuição em redes. 1.1 Objetivos Geral: O objetivo deste trabalho é fazer uma breve análise dos conceitos que norteiam o aproveitamento dos resíduos do cultivo de soja como biomassa para geração de energia. Específicos: ▪ Conceituar o que é biomassa; ▪ Demonstrar alguns pontos que justificam o emprego da biomassa; ▪ Desenvolver uma argumentação técnica demonstrando a viabilidade do emprego desse recurso, no que tange aspectos estratégicos e ambientais. 1.2 Justificativa Em decorrência dos aumentos dos combustíveis no mercado internacional em 2022 e da crise hídrica no cenário nacional de 2021, se faz necessário o emprego da diversificação da matriz energética, que além da questão estratégica também precisa oferecer no que tange a sustentabilidade para ser competitivo no mercado. Frente a essa problemática, tem-se como solução, a busca por fontes e recursos alternativos de energia, para compor uma matriz energética descentralizada 11 e ajustada a necessidades regionais ou mesmo particulares a um determinado meio fabril, com o objetivo de diminuir a dependência da matriz central e das flutuações dos preços do mercado de energia. Diante do exposto, este trabalho se justifica como um fator contribuinte para a compreensão da biomassa que com o correto emprego pode fornecer um meio gerador de energia renovável e estratégico. O Brasil como maior produtor de soja do mundo possui os meios para o emprego dessa matéria prima, além de servir para dar destinação ecológica a essa matéria orgânica que sobra da colheita da soja 1.3 Metodologia de Pesquisa O levantamento se estendeu às informações sobre o tema em artigos periódicos, teses, dissertações, em sites de pesquisa como o Scielo e Google Acadêmico, portanto é uma pesquisa bibliográfica. Tal pesquisa baseia-se em análise bibliográfica e utiliza-se de conceitos dos autores e pesquisadores da área. Observou-se uma série de documentos acerca do tema, onde houve uma seleção e leitura de diversos artigos e outras publicações disponíveis, fazendo uma análise meticulosa sobre o assunto em questão. Foram utilizadas também, citações em artigos semelhantes para compor a análise de forma sistemática, com o objetivo de compor o teor técnico deste trabalho. 12 2 Características gerais físico-químicas da biomassa de soja Na análise elementar são determinados os teores de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N), enxofre (S) e cinzas dos materiais, dos quais os elementos de maior contribuição para o poder calorífico são o carbono e o hidrogênio (DIONIZIO, 2017). Os valores das características físico-química apresentados, são do farelo de soja, pela dificuldade de encontrar informações especificas sobre os resíduos produzidos na cultura da leguminosa. Tabela 1 – Análise Elementar Carbono (%) Hidrogênio (%) Oxigênio (%) PCI (MJ/Kg) Farelo Soja 45,6 5,67 42,21 18,51 Fonte (PEREIRA, 2014). A principal finalidade dos grãos de soja é para a destinação de ração/farelo animal e para produção de óleo de soja. Na fabricação de ração/farelo, não há praticamente nenhum resíduo do grão, contudo para o óleo de soja por ter os grãos triturados e esmagados gera-se a massa de soja que também pode ser destinada a fabricação de ração animal. Os resíduos da cultura de soja estão apenas na forma de palha proveniente da colheita. Os resíduos associados à produção da soja ocorrem durante o processo de colheita, pois os grãos são extraídos junto com a palha, composta de folha, caule, talos e cascas, sendo esta palha descartada na própria lavoura de soja. Um ponto importante a destacar é que a palha é um resíduo importante ao replantio de soja, pois o mesmo serve como proteção ao solo. O potencial calorifico da palha de soja é de 3487 kcal / kg (Cardoso, 2012). o auto apresenta uma análise sobre a safra de 2009/2010 sendo 68,7 milhões de toneladas, o Brasil poderia ter gerado 278,61 TWh o equivalente a 23,96 milhões de tep, no quadro de 40% de aproveitamento e 15% de umidade o que reflete proporção de 2,5 toneladas de casca/palha para cada tonelada de grão de soja. Com os dados da safra 2020 sendo uma produção de 135,409 milhões de toneladas dados do CONAB tem-se uma ideia do potencial de exploração dessa fonte, mantendo as condições seria cerca de 47,22 tep. 13 2.1 Rotas de produção de biocombustíveis e principais produtos derivados da biomassa Diversas rotas tecnológicas de produção de biocombustíveis a partir de materiais lignocelulósicos, nome dado para um conjunto de macromoléculas orgânicas complexas constituídas muitas vezes de pectinas, ligninas, hemicelulose e celuloses as quais podem estar ligadas ou não entre si (DICIONÀRIO INFORMAL, 2022), se baseiam em processos bioquímicos, ou seja, processos de conversão que utilizam microrganismos ou enzimas como catalisadores (EPE, 2019). Tabela 2 – Rotas Tecnológicas para a produção de Biocombustíveis Matéria Prima Nome da Rota Produtos Vegetais não lenhosos, Resíduos Orgânicos. Fermentação Etanol. Vegetais Lenhosos. Gaseificação, Pirólise, Processo mecânico, Combustão direta, Liquefação, Fermentação. Etanol, Metanol, Lenha, Carvão, Gás combustível. Resíduos orgânicos. Biodigestão, Gaseificação, Combustão direta, Liquefação, Fermentação, Pirólise. Biogás, Gás combustível, Metanol, Carvão, Calor, Comb. liquida, Etanol. Biofluídos. Craqueamento, Esterificação Biodiesel. Fonte: (Autores, 2022). Conforme discutido no aprendizado nas aulas da disciplina de biomassa, Professor Ms. Júlio Cezar Ferreira Macedo, as rotas para produção de biocombustíveis são: ✔ Fermentação – é uma via anaeróbica (não requer oxigênio) para a quebra da glicose, nesse processo o amido da biomassa fragmentada, através da ação da hidrólise ácida ou enzimática forma os açúcares, que com o processo de levedura é convertido em etanol. ✔ Gaseificação - O processo começa no gaseificador onde o combustível (biomassa e outros) é colocado em contato com o oxigênio e vapor iniciando o processo de gaseificação, produzindo, dessa forma, o gás de síntese que pode ser queimado diretamente ou usado como um combustível para motores a gás e turbinas a gás. O produto gerado também pode ser utilizado como matéria-prima na produção de produtos químicos como o metanol. 14 ✔ Pirólise - A pirólise é definida como um processo de decomposição térmica (aproximadamente 500ºC) da biomassa na presença controlada de oxigênio e que tem como produtos compostos o bio-óleo, briquetes e biogás. ✔ Processo mecânico - A extração mecânica foi o primeiro processo desenvolvido para extrair óleo de uma semente oleaginosa, este método é o processo mais comum, e mais utilizado em grande parte do mundo. Nesse processo a produção do óleo, gera resíduo sólido que é utilizado para alimentação de animais. ✔ Combustão direta - O processo de combustão consiste na transformação da energia química existente na biomassa em calor. Apesar da praticidade, o processo de combustão direta tende a ser bastante ineficiente. ✔ Liquefação - A transformação da biomassa, em produtos majoritariamente líquidos recebe o nome de liquefação. A liquefação pode ser direta ou indireta. Esta última consiste em produzir gás de síntese, CO + H2, por gaseificação e, com catalisador, transformá-lo em metanol ou hidrocarboneto. Já o processo direto se dá em atmosfera redutora de hidrogênio ou mistura de hidrogênio e monóxido de carbono, sendo, portanto, uma forma de pirólise. ✔ Biodigestão - É o processo de decomposição da matéria orgânica através da ausência de oxigênio. As vantagens da Biodigestão é o reaproveitamento do resíduo orgânico,a produção de fertilizantes e biogás. ✔ Craqueamento – É o processo que consiste na quebra das moléculas do óleo e gordura, levando à formação de uma mistura de compostos químicos com propriedades muito semelhantes às do diesel de petróleo, mistura essa que pode ser usada diretamente em motores convencionais do ciclo diesel. ✔ Esterificação - As reações de esterificação ocorrem entre um ácido carboxílico e um álcool, formando um éster e água. Uma finalidade muito importante do uso das reações com ácidos carboxílicos é na produção de biodiesel, esse combustível limpo foi desenvolvido para substituir o nocivo óleo diesel, proveniente do petróleo ou então para formar uma mistura com este combustível fóssil a fim de amenizar os impactos ambientais causados pelas substâncias residuais dos combustíveis poluentes. Conforme a Professora Dra. Queli Almeida do departamento de química da UFRJ, o avanço tecnológico em (P&D) pesquisa e desenvolvimento na área de química, busca cada vez mais, encontrar soluções para a produção dos 15 biocombustíveis utilizando o conceito de química verde para desenvolver novas rotas menos agressivas ambientalmente no processo de transformação da biomassa em produtos como o biodiesel e outros biocombustíveis. A química verde é a criação, desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos a fim de reduzir e eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas (LENARDÃO et al, 2003). Com a utilização da metodologia com as novas rotas baseadas na química verde, esperam-se vantagens sobre as metodologias tradicionais, porém devem atingir os mesmos níveis de eficácia gerando menor quantidade de resíduos químicos para posterior tratamento, (ALMEIDA, 2021). Figura 1- 12 Princípios da Química Verde Fonte: (ALMEIDA, 2021 – Feito por Anastas e Warner em 1998). ✔ Prevenção: Evitar a produção de resíduo é melhor do que tratá-lo ou “limpá-lo” após sua geração. ✔ Economia de Átomos: Deve-se procurar desenhar metodologias sintéticas que possam maximizar a incorporação de todos os materiais de partida no produto. ✔ Síntese de Produtos Menos Perigosos: Sempre que praticável, a síntese de um produto químico deve utilizar e gerar substâncias que possuam pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente. 16 ✔ Desenho de Produtos Seguros: Os produtos químicos devem ser desenhados de tal modo que realizem a função desejada e ao mesmo tempo não sejam tóxicos. ✔ Solventes e Auxiliares mais Seguros: A utilização de substâncias auxiliares como os solventes, os secantes e os agentes de purificação precisam ser evitados ao máximo; quando inevitável a sua utilização, estas substâncias devem ser inócuas ou facilmente reutilizadas. ✔ Busca pela Eficiência de Energia: Os impactos ambientais e econômicos causados pela geração de energia utilizada em um processo químico precisam ser considerados. É necessário o desenvolvimento de processos que ocorram à temperatura e pressão ambientes. ✔ Uso de Fontes Renováveis de Matéria-Prima: O uso de biomassa como matéria-prima deve ser priorizado no desenvolvimento de novas tecnologias e processos. ✔ Evitar a Formação de Derivados: Processos que envolvem intermediários com grupos bloqueadores, proteção/desproteção, ou qualquer modificação temporária na molécula por processos físicos e/ou químicos devem ser evitados. ✔ Catálise: O uso de catalisadores deve ser escolhido em substituição aos reagentes estequiométricos. ✔ Produtos Degradáveis: Os produtos químicos precisam ser projetados para a biocompatibilidade. Após sua utilização não deve permanecer no ambiente, degradando-se em produtos inóculos. 17 ✔ Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição: O monitoramento e controle em tempo real, dentro do processo, deverão ser viabilizados. A possibilidade de formação de substâncias tóxicas deverá ser detectada antes de sua geração. ✔ Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes: A escolha de substâncias, bem como sua utilização em um processo químico, deve procurar a minimização do risco de acidentes, como vazamentos, incêndios e explosões (ALMEIDA, 2021). Segundo (ALMEIDA, 2021), quando se trabalha na produção do biodiesel utiliza-se o princípio da química verde relacionado ao uso de fontes renováveis de matéria prima e esse princípio diz que: Sempre que for economicamente viável, a utilização de matérias primas renovável deve ser escolhida em detrimento de fontes não renováveis. Segundo (ALMEIDA, 2021), hoje a biomassa é a maior contribuinte para a energia renovável. A biomassa é rica em açucares, fenóis, pectina, colágeno, celulose, substâncias fundamentais para a produção do biodiesel, combustível sólido, bioadesivos que são produtos de maior valor, gerados através dos resíduos de matéria prima com a soja e outros. 18 Figura 2- A importância da biomassa Fonte: (ALMEIDA, 2021). 2.2 Área de cultivo da biomassa A soja cultivada sofre influência do meio ambiente, é uma planta herbácea (oleaginosa) incluída na classe Magnoliopsida (Dicotiledônea), ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, gênero Glycinel (COLEN et al, 2019). O aproveitamento do resíduo da soja para fins energéticos ou bioprodutos, novos produtos industriais proporcionam ao país benefícios tecnológicos, econômicos e ambientais e pode ser uma forma de reduzir a pressão sobre os recursos naturais intensamente explorados, se tornando uma matéria-prima na produção de novos materiais de alto desempenho e uma aplicação comercial/industrial promissora. O Mato grosso é líder nacional na produção do grão, a safra 2020/21 proporcionou a produção de 35,947 milhões de toneladas numa área de plantio igual a 10,294 milhões de hectares, seguido do Rio Grande do Sul com 20,164 milhões de toneladas de produção, Paraná com 19,872 milhões de toneladas produzidas, e Goiás que produziu 13,720 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2022). Na região de Matopiba formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a soja produzida representa 11% da produção nacional (EMBRAPA, 2018). 19 2.2.1 Capacidade produtiva no Brasil A capacidade produtiva total do Brasil depende de vários fatores regionais, sazonais e econômicos nacionais e internacionais, em função disto somente é possível verificar de modo objetivo a produção média e anual divulga sobre estudos de produtividade, abaixo podemos encontrar alguns dados importantes acerca dessa produção nacional: Soja no Brasil (maior produtor mundial do grão) Produção: 135,409 milhões de toneladas Área plantada: 38,502 milhões de hectares Produtividade: 3.517 kg/ha Fonte: CONAB (Levantamento de 05/2021) Mato Grosso (maior produtor brasileiro de soja) Produção: 35,947 milhões de toneladas Área plantada: 10,294 milhões de hectares Produtividade: 3.492 kg/ha Fonte: CONAB (Levantamento de 05/2021) Paraná Produção: 19,872 milhões de toneladas Área plantada: 5,618 milhões de hectares Produtividade: 3.537 kg/ha Fonte: CONAB (Levantamento de 05/2021) Rio Grande do Sul Produção: 20,164 milhões de toneladas Área plantada: 6,055 milhões de hectares Produtividade: 3.330 kg/ha Fonte: CONAB (Levantamento de 05/2021) Goiás Produção: 13,720 milhões de toneladas Área plantada: 3,694 milhões de hectares Produtividade: 3.714 Kg/ha Fonte: CONAB (Levantamento de 05/2021) 20 2.2.2 Produção de soja no mundo Abaixo temos uma estimativa da produção mundial de soja e com destaque ao segundo maior produtor mundial: Soja no mundo Produção: 362,947 milhões de toneladas Área plantada: 127,842 milhões de hectares Fonte: USDA (08/06/2021) Soja nos EUA (segundo produtor mundial do grão) Produção:112,549 milhões de toneladas Área plantada: 33,313 milhões de hectares Produtividade: 3.379 kg/ha Fonte: USDA (08/06/2021) 21 3 Conclusão Com base no exposto o potencial energético da biomassa tem possibilidade de amplo crescimento podendo aumentar a sua participação na matriz nacional e mundial, com os devidos investimentos e avanços tecnológicos no setor tornar-se-á uma fonte alternativa a matriz fóssil hoje em fase de declínio devido a não descoberta de novas reservas e em contexto a questão ambiental. A palha de soja objeto direto da pesquisa possui um grande potencial no cenário nacional justamente pelo fato do Brasil ser o maior produtor mundial e dispor de condições favoráveis para ampliar a produção, gerando como ainda mais resíduos para geração de biomassa derivada dessa cultura. Questões logísticas e tecnológicas precisam ser amplamente avaliadas a fim de aumentar a viabilidade do emprego desses resíduos e melhoria na eficiência para gerar a destinação correta dos resíduos e controle das emissões e agentes poluentes provenientes da cultura da soja e dos impactos ambientas provocados pelos resíduos da colheita. A exploração da biomassa desempenha um importante papel descentralizador na matriz energética e fomenta a destinação racionalizada de recursos que poderiam se perder ou mesmo provocar degradação ambiental devido à decomposição excessiva de material orgânico no ambiente. A biomassa no cenário nacional desempenha uma importante participação, porém centrada na sua maioria em empresas privadas que fazem esse aproveitamento energético. Investimentos e incentivos governamentais poderiam ampliar o acesso a essa forma de geração e por consequência tornar a biomassa mais participativa na geração de energia elétrica e combustível, até mesmo barateando o valor, porque pode contribuir para a diminuição da dependência das fontes energéticas fósseis e dos reservatórios hídricos. 22 REFERÊNCIAS BOING, Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil, Disponível em: https://fapesp.br/publicacoes/plano-de-voo-biocombustiveis-brasil-pt.pdf - Acesso em 20 mar. 2022. LENARDÃO, E. J. - Os 12 princípios da química verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa, Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/XQTWJnBbnJWtBCbYsKqRwsy/?format=pdf&lang=pt - Acesso em 20 mar. 2022. ALMEIDA Queli; kamp Monique, Novas Rotas para a Produção de Biocombustíveis, Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tgSwJlQf8qs – Acesso em 20 mar. 2022. COLEN G. N. et al, Rotas Tecnológicas Empregadas no Aproveitamento de Resíduos da Indústria da Soja, Disponível em: https://revistas.ufpr.br/rber/article/view/57694 - Acesso em 19 mar. 2022. EMBRAPA, Soja em números (safra 2020/21), Disponível em: https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos - Acesso em 22 mar. 2022. EMBRAPA, Soja produzida no Matopiba, Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/33775633/soja-produzida-no- matopiba-representa-11-da-producao-nacional - Acesso em 22 mar. 2022. DIONIZIO, A. F., Aproveitamento Energético de Resíduos Agroindustriais no Distrito Federal – Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/23254/1/2017_AlineFaleiroDionizio.pdf - Acesso em 25. mar. 2022. PEREIRA, T. V., Caracterização Física Térmica de Biomassa Local – Disponível em: http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/393.pdf - Acesso em 22.mar.2022. https://fapesp.br/publicacoes/plano-de-voo-biocombustiveis-brasil-pt.pdf https://www.scielo.br/j/qn/a/XQTWJnBbnJWtBCbYsKqRwsy/?format=pdf&lang=pt https://www.youtube.com/watch?v=tgSwJlQf8qs https://revistas.ufpr.br/rber/article/view/57694 https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/33775633/soja-produzida-no-matopiba-representa-11-da-producao-nacional https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/33775633/soja-produzida-no-matopiba-representa-11-da-producao-nacional https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/23254/1/2017_AlineFaleiroDionizio.pdf http://eventos.ufgd.edu.br/enepex/anais/arquivos/393.pdf
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