Buscar

TCC KLESSIO ABNT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO 
 
KLESSIO MARCELO BETTINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DANO MORAL NO DIREITO AUTORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Profº Drº Sang Duk Kim 
SÃO PAULO 
2013 
 
 
FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO 
 
 
Klessio Marcelo Bettini 
RA: 203851 
 
 
 
 
 
 
 
O DANO MORAL NO DIREITO AUTORAL. 
 
 
 
 
 
Trabalho realizado para cumprir 
exigência da disciplina TCC II, do curso 
de Direito das Faculdades Integradas 
Rio Branco, sob orientação do Profº. Drº. 
Sang Duk Kim. 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2013 
KLESSIO MARCELO BETTINI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DANO MORAL NO DIREITO AUTORAL 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
_________________________ 
 
 
__________________________ 
 
 
__________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2013 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse grande acontecimento à 
minha família que me auxiliou muito durante esses longos 
cinco anos, que em momento algum mediram esforços 
para realização desta nova graduação. 
 
Dedico também este trabalho a todos que 
compartilharam comigo o desafio do curso de Direito, 
compartilhando os mesmos sonhos e as mesmas 
esperanças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus acima de tudo, porque me deu força e saúde para enfrentar todas as 
dificuldades a qual poderia me deparar, que iluminou e abençoou meu caminho. 
 
As pessoas mais importantes de minha vida, minha esposa e minhas três 
filhas, que o amo muito e que fazem parte dessa trajetória, sem a força e o apoio 
deles não teria chegado ate aqui, obrigado pelo amor, carinho e paciência. 
 
Aos diretores da empresa Microservice Tecnologia Digital da Amazônia Ltda., 
que sempre acreditaram no meu potencial e que ajudaram financeiramente de modo 
a tornar possível a realização deste curso de graduação, sendo que, sem eles, não 
haveria a possibilidade de poder cursar um novo curso de graduação, dada a monta 
que seria empregada. 
 
A todo o corpo docente do curso de direto das Faculdade Integradas Rio 
Branco, profissionais de alto gabarito que não medem esforços para atender aos 
alunos nas mais diversas questões, tanto em questões da vida acadêmica, mas não 
limitada a esta, participando, inclusive de soluções de cunho pessoal de alunos, o 
que demonstra um comprometimento não só entre aluno e professor, mas um 
vínculo muito mais abrangente que nos faz perceber que além de aproveitar 
conhecimento, podemos contar com eles o que nos faz sentir além de tranquilos em 
relação ao que é estudado, mas também á vontade para colocar problemas e 
estabelecer amizade. 
 
Em especial ao professor Antônio Carlos Malheiros, guerreiro por natureza, 
que muito ajudou no âmbito pessoal. 
 
Professor Sang Duk Kim, pela orientação, pela prontidão, respeito e acima de 
tudo por acreditar na minha capacidade. 
 
 
 
Agradeço também a alguns professores em especial, além do meu orientador, 
aqueles que foram muito importantes para o meu aprendizado e crescimento a Drª. 
Janaina, Drª Arianna e o Professor Luís Gabriel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O Direito Autoral, que é o direito sobre a criação intelectual, que possuem os 
autores, compositores, artistas, músicos, diretores, roteiristas, engenheiros civis e 
arquitetos, quando utilizados ilicitamente, ou seja, sem a devida autorização, possui 
características indenizatórias em duas esferas: a material que é o lucro que o autor 
deixou de auferir com a utilização e a imaterial que vem a ser o dano moral que o 
autor sofreu em decorrência da utilização ilícita. 
 
Ao autor, cabe o direito à exploração econômica, que corresponde ao direto 
matéria, e é direito do autor o de vincular a obra à sua identidade, fazendo com que 
o seu nome seja creditado em sua obra ou em material que a acompanhe. 
 
No tocante ao dano moral, trata-se de um dano presumido “damnum in re 
ipsa”, ou seja, é um pressuposto de que houve um determinado evento danoso em 
esfera material, já se considera presente a ofensa à moral da vítima, portanto, se 
houve um dano material, paralelamente e inequivocamente ocorrera também o a 
ofensa moral. 
 
O Aspecto moral do direito autoral já é tratado desde a Convenção de Berna 
em 1886, sendo o Brasil signatário do referido documento. 
 
A legislação específica no Brasil, atualmente, é a Lei nº 9.610/98 que 
normatiza tecnicamente o dano moral do autor. 
 
No artigo 24 da Lei nº 9.610/98 são elencados taxativamente os direitos 
morais de autor, quais sejam: o direito de reivindicar, a qualquer tempo, a 
paternidade da obra; o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado 
ou anunciado como sendo o do autor, na utilização de sua obra, o de conservá-la 
inédita; o de assegurar-lhe a integridade; opondo-se a quaisquer modificações, ou à 
prática de atos que, se qualquer forma, possa prejudicá-la, ou atingi-lo, como autor, 
em sua reputação ou honra; o de modificá-la antes ou depois de utilizada; o de 
retirá-la de circulação, ou de lhe suspende qualquer forma de utilização já 
 
 
autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem em afronta à sua reputação 
e imagem; o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre 
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico 
ou assemelhado, ou audiovisual, preservar a sua memória. 
 
Quanto à obra audiovisual, embora o artigo 25 trate que o exercício dos 
direitos morais caiba exclusivamente ao diretor, não podemos esquecer que o 
roteirista possui um papel importante na elaboração de roteiro, não podendo ser 
deixado de lado, ou pelo menos, não deveria. 
 
Os direitos morais de arquitetos e engenheiros, são ditados no art. 26, onde a 
estes são defeso repudiar, durante a execução ou após a conclusão da construção, 
a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu consentimento, onde o 
proprietário responderá pelos danos causados após tal repúdio. 
 
Os direitos morais são inalienáveis e irrenunciáveis, dados os caráteres de 
personalidade, perpétuo, impenhorável, inexpropriável, absoluto e extrapatrimonial. 
 
Há que se destacar que o dano moral deve ser cuidadosamente avaliado pelo 
magistrado, uma vez que pode ocorrer o enriquecimento sem causa, comum 
conhecido das ações que pleiteiam o dano moral. 
 
Não basta se ter um direito pressuposto, mas deve-se considerar as 
constantes variáveis que devem ser consideradas para aferir a indenização, tais 
como, capacidade financeira do agente, extensão do dano causado, prejuízo moral 
que o autor experimentou, entre outros. 
 
Quanto à jurisprudência, destacam-se duas vertentes onde a menos aceita 
traz que como pessoa pública que geralmente o artista é, nem sempre caberá o 
dano moral, porém, a segunda vertente, em sua maioria esmagadora, não vê o 
porque não indenizar o autor, haja vista a característica de presunção da violação 
em se tendo comprovado o dano material. 
 
 
 
Por fim, o dano moral, ao rigor da Lei, e à luz da grande maioria da doutrina, 
será sempre devido, quando comprovado o dano material, o que resta saber é o 
quantum, pois o magistrado terá que realizar uma profunda análise para agir com 
justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Dano Moral. Direito Autoral. Autor. Extrapatrimonial. 
 
 
ABSTRACT 
 
The Copyright, which is the right on the intellectual creation, becomes the right 
of the authors, composers, artists, musicians, directors, writers, civil engineers and 
architects, when used illegally or without permission, has two characteristics 
indemnity spheres: the material that is the profit that the author no longer receives 
using his work and immaterialthat becomes the moral damage that the author 
suffered as a result of misuse . 
 
The author, it is the right of economic exploitation, which is the direct field, and 
is the author's right to link the work to its identity, making his name be credited in his 
work or materials that accompany the product. 
 
Regarding the damage, it is presumed harm "damnum in re ipsa", ie , it is an 
assumption that there was a particular event occurred in the material sphere, already 
considered this a moral offense to the victim too, so if there was damage, and 
unmistakably parallel also occurred a moral offense. 
 
The moral aspect of copyright is already taken since the Berne Convention in 
1886 , and Brazil is a signatory of the document . 
 
The specific legislation in Brazil is currently the Law No. 9.610/98 that 
regulates technically the damage of the author. 
 
Article 24 of Law No. 9.610/98 are listed exhaustively the moral rights of the 
author, which are: the right to claim, at any time, the authorship of the work , to have 
his name, pseudonym or conventional sign displayed or announced as the author, 
the use of his work, to keep it unpublished, to ensure its integrity; opposing any 
changes, or acts that, if any way can harm it, or hit him as the author in his reputation 
or honor, to modify it before or after use, to remove it from circulation, or it suspends 
any use as permitted when the circulation or use imply in outrage reputation and 
image, to have access to rare and unique example of the work , when he is lawfully 
 
 
in the possession of another person, for the purpose of, through photographic or 
similar process, or audiovisual preserve their memory. 
 
Regarding audiovisual works, while Article 25 of Law 9.610/98, the exercise of 
moral rights can be only and exclusively claimed by the director of the work, but we 
can’t forget that the script writer has an important role in the development of the work 
and could not be left out, or at least should not. 
 
The moral rights of architects and engineers are dictated in art. 26, where they 
are repudiating closed during the execution or after completion of construction, 
architectural design authorship changed without his consent, where the owner liable 
for damages after such rejection. 
 
Moral rights are inalienable and indispensable, by the characteristics of it 
personality, perpetual, not extendible, not expropriatable, absolute and immaterial. 
 
It is worth noting that the damage should be carefully evaluated by the 
magistrate, as may occur unjust enrichment, common known litigations that look for 
moral damages. 
 
Do not just have a right assumption, but one must consider the constant 
variables that must be considered to assess the damages, such as, financial agent, 
extent of damage, moral damage that the author experienced, among others. 
 
About the jurisprudence, two aspects stand out where the less accepted as a 
person who brings public usually the artist is not always fit the damage, but the 
second part, in overwhelming majority do not see why not indemnify the author, 
considering the characteristic of presumption of damage is having proven by the 
material damage. 
 
Finally, the moral damage, at the rigor of the law, and in light of the vast 
majority of the doctrine, will always result when proven pecuniary damage, the 
 
 
question is what is the quantum, because the judge will have to conduct a thorough 
analysis to act with justice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
KEYWORDS: Moral Damage. Copyrights. Author. Immaterial. 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 
1. Conceitos ............................................................................................................. 3 
1.1Dano Moral ......................................................................................................... 3 
1.2. Direito Autoral ................................................................................................... 5 
2. A Origem do Direito Autoral ................................................................................. 6 
3. A Criminalização da Ofensa ao Direito Autoral .................................................... 8 
4. Os Direitos Morais de Autor – Direitos de Personalidade .................................... 8 
5. Métodos de Avaliação do Dano Moral ................................................................. 9 
6. Critérios Para Avaliação dos Danos Morais ....................................................... 10 
7. O Dano Moral No Direito Autoral ........................................................................ 11 
7.1 O termo “dano moral” no direito do autor ......................................................... 11 
7.2. O dano moral no direito autoral no direito positivo: ......................................... 12 
8. A Jurisprudência acerca do dano moral no direito autoral ................................. 17 
8.1. O lado mais fraco da jurisprudência ............................................................... 18 
8.2. A teoria do dano moral presumido (in re ipsa) ................................................ 20 
8.3. O entendimento do STJ: ................................................................................. 20 
8.4. Relatórios, Votos e Acórdãos sobre o tema: ................................................... 22 
9. CONCLUSÃO .................................................................................................... 43 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .................................................................. 45 
10.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA: .......................................................................... 45 
10.2. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: ............................................................. 46 
 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O direito autoral, regido atualmente pela Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 
1998, tem sua origem no Brasil desde sua independência, fixando-se o direito 
exclusivo dos autores de reproduzir sua obra já na Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil de 24 de fevereiro de 1891. 
 
Houve grandes inovações na regulamentação do direito autoral no Brasil ao 
decorrer do tempo, sendo que a Lei atual traz no bojo do seu artigo 24 e seguintes, 
os casos em que os danos morais ocorrem, o que é demasiadamente subjetivo, 
tornando-se difícil ao magistrado o papel de julgar se é o caso de dano moral e 
ainda mensurar o valor do dano causado à moral do autor. 
 
A abrangência do dano moral na Lei dos Direitos Autorais, por ter uma 
característica tão subjetiva que leva a uma ampla gama de interpretações do que é 
de direito ao autor em relação ao referido dano, que se faz necessário exaurir todas 
as fontes de informações de modo a trazer o caso concreto à sua realidade jurídica 
uma vez que a justiça deve tomar a devida cautela de não conceder direitos 
excessivos, o que, consequentemente, poderia vir a configura-se enriquecimento 
sem causa. 
 
Devem ser analisadas diversas variáveis para que seja determinado o valor 
indenizatório. 
 
A maioria da doutrina entende o dano moral no direito autoral como um direito 
presumido, à luz da violação comprovada do direito autoral no tocante ao direito 
material. 
 
Contudo, deve-se ter em mente que hoje em dia as demandas judiciais 
utilizam-se dos danos morais, com o intuito de obter enriquecimento sem causa, 
uma vez que “não custa pedir”. 
 
2 
 
 
 Daí a responsabilidade do magistrado para fazer justiça e não simplesmente 
aplicar o direito. Aplicar o direito pode ser relativamente fácil, mas fazer justiça com o 
direito que se tem, pode se tornar uma tarefa extremamente complicada.3 
 
1. Conceitos 
 
Antes de aprofundarmos no assunto do dano moral no direito autoral, cabe 
identificar e conceituar o que é dano moral e o que vem a ser direito autoral. 
 
1.1Dano Moral 
 
A Constituição Federal, no bojo do Artigo 186, traz o dano moral como ilícito 
civil: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” 
 
Ruy Trindade, Desembargador, em seu texto na Revista dos Tribunais afirma 
que dano moral "é a sensação de abalo a parte mais sensível do indivíduo, o seu 
espírito" (RT 613/184). 
 
Na mesma vertente, Wilson de Melo Silva sintetiza que "dano moral é o 
conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico"1. 
 
Arnoldo Wald, professor, diz que "Dano é a lesão sofrida por uma pessoa no 
seu patrimônio ou na sua integridade física, constituindo, pois, uma lesão causada a 
um bem jurídico, que pode ser material ou imaterial. O dano moral é o causado a 
alguém num dos seus direitos de personalidade, sendo possível à cumulação da 
responsabilidade pelo dano material e pelo dano moral"2. 
 
Na visão de Carlos Alberto Bittar, "são morais os danos e atributos valorativos 
(virtudes) da pessoa como ente social, ou seja, integrada à sociedade (como, v.g., a 
honra, a reputação e as manifestações do intelecto)"3. 
 
 
Maria Helena Diniz define o dano moral como “a lesão de interesses não 
patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato lesivo.”4 
 
1
 Silva, Wilson de Melo. O dano Moral e sua Reparação, Editora Forense, RJ, 1993, p. 13 
2
 Wald, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais, SP, 1989, p. 407 
3
 Bittar, Carlos Alberto. Tutela dos Direitos da Personalidade e dos Direitos Autorais nas Atividades 
Empresariais, Revista dos Tribunais, SP, 1993, p. 24 
4 
 
 
Trata-se de um dano presumido “damnum in re ipsa”, ou seja, suponha-se 
que houve um determinado evento danoso em esfera material, seja por ação ou por 
omissão, onde esteja presente o nexo causal e a culpa, já se considera presente a 
ofensa à moral da vítima, se assim a Lei determinar, portanto, se houve um dano 
material, paralelamente e inequivocamente ocorrera também o a ofensa moral. 
 
O dano moral é um prejuízo civil não patrimonial que merece ser reparado 
pecuniariamente. Nota-se que é na verdade uma negativa do dano material, ou seja, 
dano extra patrimonial ou dano não material, de modo que pode ser caracterizado 
como tudo aquilo que gera constrangimento ou ferimento à alma humana, à 
personalidade propriamente dita, fazendo com que o indivíduo que teve seu direito 
ferido, sinta-se profundamente abalado com a consequência dos atos ou omissões 
de quem lhe deu causa. 
 
Dano moral, portanto, merece sua reparação, porém, como veremos mais 
adiante, deve ser corretamente aferido, de modo a evitar o chamado enriquecimento 
sem causa. 
 
Na atualidade, o dano moral possui notória característica de tentativa de 
enriquecimento sem causa, basta verificar-se petições iniciais que verifica-se, muito 
embora o dano moral esteja previsto , o condão do enriquecimento sem causa é 
flagrante. 
 
 
 Em inúmeros casos onde o dano moral faz parte do pedido, em verdade, não 
se trata de dano moral, mas apenas um mero aborrecimento, decorrente de 
dissabores da vida moderna. 
 
 
 
 
4DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva. São Paulo. 1998. p. 81 
5 
 
1.2. Direito Autoral 
 
O Direito Autoral tem por objeto regular juridicamente a relação entre o criador 
e sua própria obra, seja ela científica, artística ou literária, bem como a possibilidade 
de explorá-la economicamente. 
 
Eliane Y. Abrão, conceitua o direito autoral da seguinte forma: “...direitos 
autorais podem ser entendidos e explicados como um instituto composto por uma 
dupla ordem de direitos: uma, fundamental da pessoa, de características morais, 
baseadas em sua personalidade, e no exercício da liberdade de expressão, e 
características patrimoniais, baseadas em relações de caráter real e obrigacional, de 
uso e goza das obras intelectuais materializadas...”5 
 
Nas palavras de Carlos Alberto Bittar, “Direito de Autor ou Direito Autoral é o 
Ramo do Direito Privado que regula as relações jurídicas, advindas da criação e da 
utilização econômica de obras intelectuais estéticas e compreendidas na literatura, 
nas artes e nas ciências.”6 
 
O direito autoral surge no ato da criação de uma obra, seja ela literária, 
artística ou científica. Juridicamente, é o ramo do Direito Privado que regulamenta 
relações advindas da exploração econômica de obras intelectuais. Tais relações 
podem ser a veiculação ou apresentação da obra ao público ou ainda sua 
comercialização através de suportes materiais diversos, bem como por meios 
digitais. É o direito que tem aquele que produziu ou criou aquela obra, com o intuito 
de explorá-la economicamente ou mantê-la inédita. Isso quer dizer que não significa 
que o autor não possui direito autoral se sua obra não for divulgada. O autor tem o 
direito de que sua obra permaneça num “estado de hibernação” que permita que a 
mesma não seja divulgada, podendo ser explorada no momento em que assim o 
desejar. 
 
 
5 ABRÃO, Eliane Y. Direitos de Autor e Direitos Conexos, 1ª Ed. Ed. do Brasil, São Paulo. 2002. p. 
26 
6 BITTAR, Carlos Alberto – Direito de Autor 2ª Ed. – Ed. Forense. São Paulo, p.19 
6 
 
Ressalta-se que o direito autoral é um direito de propriedade, advindo do 
intelecto do autor, sendo tratado como um patrimônio em que o autor pode fruir ou 
não, como melhor lhe convier. Daí a necessidade de proteção jurídica, vez que o 
autor sendo um profissional artista, literário ou cientista viverá da exploração 
econômica de sua criação, sem que outros tomem para si o que não lhe é de direito. 
 
Além da exploração econômica, que pode o autor fruir, há também o direito 
de vincular a obra à sua identidade, tendo seu nome creditado em sua obra ou em 
material que a acompanhe. 
 
Podemos citar como exemplos de obras literárias os livros, revistas e 
periódicos; como obras artísticas podemos citar as músicas ou canções, os filmes, 
as pinturas, desenhos não industriais, esculturas, fotografias, projetos de arquitetura; 
como obras científicas, podemos citar as teses, pesquisas descritas, bulas 
medicinais, demonstrações escritas e relatos. 
 
2. A Origem do Direito Autoral 
 
 No tocante ao direito autoral, desde os primórdios o homem já registrava 
desenhos em figuras rupestres, que são aquelas pinturas nas paredes de cavernas. 
Era uma forma de contar e guardar a história, ou deixar ali sua marca. Os primeiros 
registros da existência dos direitos autorais aparecem na Roma e Grécia Antigas, 
onde se obrigava a depositar os textos de modo a preservar a memória histórica da 
civilização, bem como de forma arcaica surgem a cobrança em peças teatrais7. 
 
 Em 1455, com a invenção da tipografia móvel, na imprensa de Gutemberg, 
surgiu uma preocupação com relação às cópias reprográficas. Tal preocupação 
levou a monarquia a conceder certos privilégios aos editores da época, ou seja, 
estes poderiam imprimir, publicar e comercializar qualquer obra autorizada pela 
monarquia, porém o autor não auferia lucros com a publicação de sua obra, bem 
como o fato da monarquia autorizar a publicação era uma excelente modalidade de 
censura. 
 
7
 ABRÃO, Eliane Y. Direitos de Autor e Direitos Conexos, 1ª Ed. Ed. do Brasil, São Paulo. 2002. p. 27 
7 
 
 
 Em 10 de abril de 1710 foi promulgado o Estatutoda Rainha Ana, 
considerada a primeira norma a reconhecer ao autor seu direito de propriedade. 
Nessa norma surge pela primeira vez o termo anglo-saxão “copyright”. 
 
 Oitenta anos depois, os Estados Unidos da América, de maneira pioneira 
promulgou Lei Federal sobre o tema em 31 de maio de 1970. 
 
 Carlos Alberto Bittar em seu Livro Direito de Autor8, destaca o 
“...assentamento dos direitos de personalidade (e, ao mesmo tempo, do aspecto 
moral do direito de autor), definitiva foi a jurisprudência francesa que, em caso 
célebre (arrêt Rosa Bonheur, de 04/07/1865) reconheceu como legítima a recusa de 
um pintor em entregar obra encomendada e paga (retrato de dama), decidindo no 
conflito entre a obrigação precípua e o direito de personalidade, pela prevalência do 
segundo, sufragando, assim, a tese de que o direito do encomendante cedia à 
defesa do direito pessoal do artista, com a conversão da obrigação em perdas e 
danos (decisão logo seguida por outras: Whistler, Camoin Roualt, Bonnard e 
Picabia).” 
 
 As convenções internacionais e logo após o regulamento interno dos países, 
viriam consagrar os direitos de personalidade. Não é possível deixar de citar a 
Convenção de Berna de Setembro de 1886, como um marco na perpetuação do 
direito autoral em nível internacional visando proteger as obras Artísticas e 
Literárias. 
 
 No Brasil, a Lei que merece destaque na proteção dos direitos autorais é a Lei 
nº 5.988 de 14 de dezembro de 1973, que foi a primeira Lei que dividia o direito 
autoral do direito industrial. 
 
 A Lei que normatiza os direitos autorais atualmente é a Lei nº 9.610 de 1998, 
que trouxe maior proteção aos direitos autorais e é considerada uma das mais 
protetivas normas do mundo na matéria. 
 
8
 BITTAR, Carlos Alberto. Direito de Autor. Ed. Forense Universitária, 2ª Edição. Rio de Janeiro. 1994. 
p. 2 
8 
 
 
 Não se pode deixar de citar dentro da definição de direitos autorais, os 
direitos conexos, que nada mais são do que os mesmos direitos autorais do criador 
da obra, mas estendidos não somente ao criador, mas também ao intérprete, ao 
músico, ao arranjador, ao regente, ao corista, ao produtor fonográfico (empresa ou 
pessoa física que produz o material fonográfico ou audiovisual; gravadora; selo, 
produtora de cinema), e produtor musical ou diretor. 
 
 Na prática do mercado, existe ainda uma denominação dos direitos conexos 
de intérpretes, produtores fonográficos e produtores musicais ou diretores de 
cinema. Tal denominação recebe o nome de direitos artísticos, ou seja os direitos 
autorais ou conexos das pessoas acima citadas são recebem o nome de direitos 
artísticos. 
 
 Quanto aos músicos, arranjadores, regentes e coristas utiliza-se a 
denominação direitos conexos, propriamente dita. 
 
3. A Criminalização da Ofensa ao Direito Autoral 
 
Há que se destacar que além do âmbito civil no tocante à proteção dos 
direitos autorais, o Brasil adota, como na maioria dos países que protegem e direito 
autoral e combatem a pirataria, a proteção na esfera Penal, criminalizando o uso 
indevido de obras intelectuais protegidas, de modo a coibir a prática da referida 
utilização, sendo que somente pode ser utilizada uma obra com a devida 
autorização por parte do seu autor. 
 
 Tal criminalização é tipificada nos artigos 184 a 186 do Código Penal, com 
redação dada pela Lei nº 10.695 de 2003. 
 
4. Os Direitos Morais de Autor – Direitos de Personalidade 
 
 São direitos morais do autor: o direito a permanência da sua obra como 
inédita, o direito de que seu nome esteja sempre vinculado à sua obra, o direito à 
9 
 
oposição de qualquer modificação da obra original, bem como outras disposições 
normatizadas em legislação específicas. 
 
 Os direitos morais autorais, são inerentes à personalidade do autor, de modo 
que são indisponíveis, intransmissíveis, inalienáveis, irrenunciáveis, inexpropriáveis 
e imprescritíveis, assim dada a sua qualidade personalíssima, tal direito somente 
caberá à pessoa do seu criador. 
 
 A Constituição já trazia em seu bojo a proteção ao direito moral, porém 
somente quando surge o Código Civil, Lei 10.406 de 2002, passou-se a ter 
normatizada a questão nos artigos 11 a 21, mas para o direito autoral a alínea c , 
inciso I do artigo 46 da Lei 9.610 de 1998, já garantia aquele direito. 
 
5. Métodos de Avaliação do Dano Moral 
 
 Em que pese o dano moral ser inerente ao prejuízo pessoal do lesado, há 
métodos que podem ser utilizados na avaliação dos danos morais experimentados. 
 
 O primeiro é o método subjetivo que deve apreciar o caso concreto de modo a 
avaliar o quão satisfeito ficará a pessoa que teve o seu direito lesado, na busca dos 
prejuízos reais. 
 
 
 O segundo é o método objetivo que apreciam em abstrato baseando-se em 
padrões jurídicos pré-estabelecidos, tais como o grau de conhecimento do homem 
médio, dados estatísticos, tabelas, decisões judiciais semelhantes em sua natureza, 
etc. 
 
 
 Há também um método híbrido que mescla parte do método subjetivo e parte 
do método objetivo, porém, não se pode esquecer de nenhum dos critérios de cada 
método quando se aplica o modelo híbrido, haja vista o caráter complexo da aferição 
do dano moral, levando em conta, principalmente, o grau de culpa do causador do 
referido dano e até da participação da própria vítima no que veio a culminar no dano. 
10 
 
 
6. Critérios Para Avaliação dos Danos Morais 
 
 Ao analisar o tema da avaliação dos danos morais, autores como Aparecida 
Amarante, Caio Mário da Silva Pereira, Carlos Alberto Bittar e João Casillo, elencam 
uma gama de critérios para sua aferição. 
 
 Nesse sentido, torna-se claro a necessidade de valer-se dos dois métodos, o 
subjetivo e o objetivo para que ao final, possa haver uma satisfação por parte da 
vítima. 
 
 A combinação de métodos irá exigir muito trabalho do judiciário, na pessoa do 
juiz, principalmente, bem como dos advogados que deverão apresentar as provas e 
formar o convencimento do magistrado. 
 
 Assim, demonstra-se o que ocorre na jurisprudência, faz-se a prova do dano e 
aplica-se ao caso concreto, ajustando-se da maneira mais adequada a este. 
 
 Ao magistrado cabe estabelecer o perfil da vítima, analisando o caso concreto 
considerando os métodos subjetivos e objetivos, sem esgotamento nestes, dado o 
seu poder de ajustar ao caso, considerando o princípio da equidade. 
 
Ao juiz cabe visualizar o cenário do caso concreto para que ocorram a 
satisfação do dano, bem como sua prevenção, com caráter preventivo e pedagógico, 
sendo que na esfera satisfativa, o método objetivo será de grande valia onde será 
verificada a experiência da vítima diante da violação, bem como, da mesma forma, 
será avaliada as condições não somente financeira, mas da extensão do dano 
provocado possíveis lucros auferidos, mas ainda não limitada a tais característica 
de quem o tenha violado a fim de que seja justamente a prevenção de nova lesão e 
de forma pedagógica para que desestimule a futura lesão por quem quer que seja. 
 
11 
 
Como bem coloca Sérgio Severo “Trata-se, pois, da utilização de um amplo 
espectro de critérios, determinados por métodos objetivos e subjetivos, para a busca 
da satisfação mais próxima do interesse lesado.”9 
 
Por fim, o que ocorre é que não se deve apenas basear-se em uma tabela 
para verificar o quantum financeiro que caberia ao lesado, mas sim todas as 
questões que envolvem casos semelhantes e o caso concreto, daí a dificuldade de 
se fazer justiça e passar segurança jurídica necessária a formação jurisprudencial. 
 
 
7. O Dano Moral No Direito Autoral 
 
7.1 O termo “dano moral” no direito do autor 
 
O termo foi utilizado pela primeira vez por André Morillot em 1872, com intuito 
de indicar prerrogativas que possui a personalidade do autor sobre sua obra 
intelectual10.Vale ressaltar que existem autores que preferem o termo direito pessoal do 
autor, ou direito imaterial, haja vista o sentido restrito que a palavra moral possui em 
nosso ordenamento jurídico, contudo, tal terminologia direito moral de autor, 
consagra-se universalmente, desestimulando tentativas de mudança em relação ao 
termo. 
 
A diferença entre o termo moral aqui utilizado é que no dano moral tradicional 
o sentido está vinculado a vexame, dor, sentimento de tristeza, humilhação e 
sofrimento. O que se vê, em verdade no dano moral do direito autoral quando a lei o 
menciona se refere àquele direito decorrente da manifestação da sua personalidade, 
que emana do seu espírito de criador, não levando em conta a questão econômica. 
 
 
 
 
9
 SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais, Saraiva. São Paulo. 1996. p. 231 
10 PIMENTA, Eduardo. Código de Direitos Autorais, Lejus. São Paulo. 1998. p.28 
12 
 
7.2. O dano moral no direito autoral no direito positivo: 
 
Cite-se, para iniciar o assunto no direito positivo do Dano Moral no Direito 
Autoral, o inciso 2 do artigo 11bis da Convenção de Berna: 
 
“2) Compete às legislações dos países da 
União regular as condições de exercício dos 
direitos constantes do parágrafo 1 do presente 
Artigo, mas tais condições só terão um efeito 
estritamente limitado ao país que as tiver 
estabelecido. Essas condições não poderão, em 
caso algum, afetar o direito moral do autor, ou o 
direito que lhe pertence de receber remuneração 
equitativa, fixada, na falta de acordo amigável, pela 
autoridade competente.” 
 
Nota-se que não é de hoje que se pretende proteger o direito moral no direito 
autoral, haja vista que a Convenção de Berna surge em 9 de setembro de 1886, 
completada em Paris a 4 de maio de 1896, revista em Berlim a 13 de novembro de 
1908, completada em Berna a 20 de Março de 1914, revista em Roma a 2 de Junho 
de 1928, em Bruxelas a 26 de Junho de 1948, em Estocolmo a 14 de Julho de 1967 
e em Paris a 24 de Julho de 1971. 
 
Em 14 de dezembro de 1973 foi sancionada a Lei nº 5.988 que regularia os 
direitos autorais. 
 
Nas disposições preliminares, artigo 21, a Lei trazia que cabia ao autor a 
titularidade dos direitos morais e patrimoniais sobre a obra intelectual que produziu. 
Os artigos 25 a 28 da referida Lei não mudaram significativamente em relação à 
atual legislação (arts 24 a 27), sendo assim falaremos somente sobre a legislação 
atual. 
 
13 
 
Com a leitura da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 que veio atualizar e 
consolidar a proteção no tocante aos direitos autorais e direitos conexos, é possível 
verificar no artigo 22 que são garantidos ao autor os direitos morais bem como os 
patrimoniais referente a obra por este criada. Já no artigo 24 são elencados 
taxativamente os direitos morais de autor, quais sejam: o direito de reivindicar, a 
qualquer tempo, a paternidade da obra; o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal 
convencional indicado ou anunciado como sendo o do autor, na utilização de sua 
obra, o de conservá-la inédita; o de assegurar-lhe a integridade; opondo-se a 
quaisquer modificações, ou à prática de atos que, se qualquer forma, possa 
prejudicá-la, ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; o de modificá-la 
antes ou depois de utilizada; o de retirá-la de circulação, ou de lhe suspende 
qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização 
implicarem em afronta à sua reputação e imagem; o de ter acesso a exemplar único 
e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim 
de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar a 
sua memória. 
 
Corrobora o artigo 28 que dá ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e 
dispor da sua obra, seja ela científica, artística ou literária. 
 
Por fim, o artigo 29 limita a utilização por parte de terceiros à autorização 
expressa e prévia do autor da obra, em qualquer modalidade de uso. 
 
Dada tal redação por parte do legislador, não resta dúvida de que um só fato 
gerador pode dar causa ao dano moral e ao dano patrimonial, o que significa dizer, 
por exemplo, que caso uma obra lítero musical seja fixada em fonograma sem a 
prévia e também expressa autorização por parte do autor da obra musical, termos 
uma gravação ilícita da referida obra, sendo a infração desdobrada nos dois campos 
do direito do autor, cabendo indenizá-lo por dano moral e também por dano material. 
 
Assim, pressupõe-se que pode haver uma condenação cumulada por dano 
moral e por dano material, se pedidos, como pode ser que o magistrado julgue pela 
procedência apenas do dano moral ou apenas do dano material. O juiz deverá 
14 
 
avaliar a matéria, levando em consideração a natureza das conseqüências 
decorrentes da infração que foi praticada e também deverá avaliar a natureza da 
obra tutelada em que o ilícito foi praticado. 
 
Conforme ensina Yussef Said Cahali, “A cumulatividade das indenizações 
ocorre, via de regra, quando, além da utilização não consentida da obra para fins 
publicitários ou de fins lucrativos, são ofendidos igualmente outros direitos da 
personalidade, especialmente em casos de omissão do nome do autor na obra 
reproduzida, contrariedade à reprodução na forma utilizada, modificações não 
consentidas; não se excluindo, portanto, a concessão apenas de danos morais.”11 
 
Nesse sentido, se uma obra foi utilizada ilicitamente, provocando os danos 
materiais, e, não veiculado o nome do autor, por exemplo, caberá a indenização 
também pelos danos morais, e, se no mesmo caso o autor tenha autorizado a 
utilização da obra naquela modalidade, mas não teve seu nome veiculado, poderá o 
magistrado atribuir somente a condenação pelos danos morais sofridos. 
 
Além dos danos morais já explanados anteriormente ao falarmos do artigo 24 
da Lei 9.610 de 1998, cabe destacar o que a lei traz na sequência. 
 
No próprio artigo 24, temos três parágrafos que merecem destaque pois estes 
vêm delinear situações atinentes ao domínio público, bem como aos incisos I, IV, V 
e VI do referido artigo: 
 
“§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores os direitos a que 
se referem os incisos I a IV.” 
 
Quando o autor falece, cabe aos sucessores reivindicar a autoria da obra a 
qualquer tempo, bem como assegurar-lhe sua integridade, a fim de que não se 
prejudique a reputação ou honra do autor. 
 
 
11 CAHALI, Yussef Said. Dano Moral, 3ª Edição, Revista dos Tribunais, São Paulo, 2005. p. 663 
15 
 
“§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria da obra caída em 
domínio público.” 
 
Passado o prazo de proteção legal da obra, o Estado é responsável por 
defender a integridade e a autoria da obra caída em domínio público. 
 
“§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a 
terceiros, quando couberem.” 
 
Se o autor resolver alterar a sua obra ou ainda retirá-la de circulação em caso 
de afronta à sua reputação, porém, se for lícita a utilização, o terceiro de boa fé 
deverá ser indenizado pelo autor da referida obra, não podendo simplesmente e 
arbitrariamente fazê-lo. 
 
Quanto ao artigo 25, o mesmo traz uma questão que implica na conhecido 
dilema dos roteiristas, que são equiparados a autores: 
 
“Art. 25. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos morais sobre 
a obra audiovisual.” 
 
Neste artigo, em particular, o legislador preferiu seguir uma tradição que, no 
decorrer do século XX, erigiu o diretor como a supremacia quase que absoluta no 
cinema e, consequentemente, no audiovisual. Entretanto, tem que ser ponderado 
que o autor-roteirista, sem sombra de dúvida, deveria ser equiparado ao diretor no 
âmbito do dano moral, assim destaca-se o texto colhido soo sítio de internet da 
Associação dos Roteiristas:“Mesmo no cinema, é preciso abrir a possibilidade 
de que o os direitos morais pertençam ao autor-roteirista, 
porque muitas vezes um filme pouco mais é do que seu 
roteiro. 
 
16 
 
Nossa proposta não é que os direitos morais 
passem a pertencer ao autor-roteirista, em detrimento do 
diretor. Achamos que a lei deve prever que este privilégio 
deva ser obrigatoriamente pactuado entre as partes, na 
elaboração do contrato. 
 
Desta forma, primeiro se torna obrigatório, 
inelutável mesmo, a assinatura de um contrato prévio ; 
além disso, fica definitivamente excluída a possibilidade 
de uma pessoa jurídica reivindicá-los, porque o direito 
moral é pessoal e inalienável ; também fica garantida 
maior força aos autores na hora de negociar contratos, 
onde o costume tem sido a cessão total de todos os 
direitos e o poder do contratante é infinitamente maior que 
o dos autores.”12 
 
O próximo artigo não é ligado à música, filme ou afins, mas diz respeito a 
engenharia civil, em seu projeto arquitetônico: 
 
“Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado 
sem o seu consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.” 
 
E o parágrafo único continua: 
 
“Parágrafo único: O proprietário da construção responde pelos danos que 
causar ao autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do 
projeto repudiado.” 
 
Uma coisa que pouca gente sabe é que ser proprietário de um imóvel, não lhe 
dá o direito de fazer quaisquer alterações na construção sem a prévia e devida 
autorização do arquiteto ou engenheiro, porque o projeto arquitetônico é protegido 
pela Lei 9.610/98 e caberá indenização por dano moral, pelo proprietário do imóvel, 
 
12
 http://www.artv.art.br/index.php/posicao-da-ar/5-defesa-do-direito-autoral-posicao-da-
ar?showall=&start=3 
17 
 
em caso de violação de direitos autorais por intermédio de repúdio a ser promovido 
pelo engenheiro ou arquiteto. 
 
O próximo artigo é um dos mais importante no tocante ao dano moral no 
direito autoral, senão o mais importante: 
 
“Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.” 
 
O direito moral é dotado de determinadas características, vez que é um 
direito: 
a) personalíssimo do autor de obras intelectuais e somente este 
poderá exercê-lo; 
b) Irrenunciável que significa dizer que ao autor não cabe desprezar os 
direitos morais a ele inerentes; 
c) imprescritível porque pode ser reclamado através do poder 
judiciário a qualquer tempo; 
d) perpétuo (incessante) de caráter eterno; 
e) inalienável já que o autor mesmo cedendo seus direitos 
patrimoniais conserva seu direito moral; 
f) impenhorável ou inexpropriável dada a própria característica que 
possui de ser inalienável; 
g) absoluto já que é oponível erga omnes; 
h) extrapatrimonial porque não comporta uma quantificação em 
pecúnia. 
 
8. A Jurisprudência acerca do dano moral no direito autoral 
 
 A partir de agora, vamos verificar como a jurisprudência trata da questão do 
dano moral no direito autoral, onde temos uma corrente mais fraca que aceita que 
muitas vezes pode ocorrer apenas o dano no âmbito material e uma outra corrente 
mais fortalecida que traz o dano moral como presumido, conforme a letra da Lei. 
 
 
18 
 
8.1. O lado mais fraco da jurisprudência 
 
Yussef aceita a indenização autoral patrimonial sem a inclusão do dano 
moral, ao citar a decisão da 3ª Câmara do TJSP, Relator Alfredo Migliore, 
06.06.2000, RT 782/238 e JTJ 233/81: “A publicação em revista semanal de trecho 
de diário pertencente a ex-presidente da República falecido, sem autorização de 
seus familiares, enseja indenização, a título de direitos autorais, aos herdeiros do de 
cujus, ainda que se trate de obra de acentuada importância histórica, pois era direito 
da família mantê-la inédita e sem publicação. No entanto, é indevida indenização a 
título de dano moral, se o periódico em momento algum mostrou fatos ou atos 
desairosos ao finado ex-presidente, pois, em se tratando de pessoa pública, 
verdadeira personalidade histórica, a preservação do direito à intimidade é bastante 
atenuada, não podendo seus herdeiros impedir a divulgação de fatos verdadeiros”. 
 
Observa-se nesta lógica utilizada por Yussef, o acerto da 3ª Câmara do TJSP, 
que ruiu com a possibilidade do enriquecimento sem causa que assombra o dano 
moral e desmistificou a linha de que o dano material no direito autoral está 
paralelamente relacionado ao dano moral, ou seja, se há dano material, há também 
o dano moral. Tal situação pode ocorrer como também pode não ocorrer. 
 
Desta feita, podemos tirar como lição que o artista também é pessoa pública e 
que o dano moral nem sempre caberá. Iniciais promovidas por autores e intérpretes, 
geralmente enaltecem o artista como pessoa pública e de sucesso, e que o Réu no 
processo maculou sua moral. Pode ser que não seja bem por aí. Muitas vezes pode 
o Autor estar tentando apenas enriquecer sem justa causa, enquanto sua moral está 
absolutamente preservada, e em verdade, em seu mais profundo âmago, ele não dê 
a mínima importância pelo fato, mas como a Lei traz à baila o direito de ser 
indenizado moralmente, o Autor o faz, não por ter sofrido qualquer situação de 
âmbito pessoal que ensejasse ser indenizado por dano moral, mas tão somente por 
estar o dano moral inserido na letra da Lei e a isso dá-se o nome de enriquecimento 
sem causa. 
 
19 
 
Há que se destacar que muitas vezes o juiz condena o infrator do dano 
autoral em danos morais de caráter pedagógico, o que significa dizer que visa fazer 
com que o infrator do direito autoral não se sinta à vontade para voltar a fazê-lo, ou 
seja, reincidir. Contudo, devem ser observadas algumas questões como qual seria o 
cuidado demonstrado com os direitos autorais por parte do infrator, ou seja, deve ser 
verificado se este demonstra tomar os devidos cuidados para o tratamento correto 
dos direitos autorais, se costuma obter regularmente autorizações, se costuma 
realizar pagamentos a título de direitos autorais e foi este um caso isolado que não 
tinha a intenção de prejudicar o autor, mas por algum equívoco deixou de dar a 
devida atenção ao caso. 
 
Se o infrator for aquele que jamais pede autorização, não mostra interesse em 
estar em dia com a legislação autoral, não tem como comprovar que regularmente 
possui um acompanhamento nas questões autorais, esse sim merece ser 
penalizado em caráter pedagógico, mas se o infrator for aquele que sempre pediu as 
devidas autorizações, comprovou ter uma rotina de cuidados com os direitos 
autorais e comprova pagar regularmente direitos autorais, e comprova que havia 
interesse do autor na negociação a que se tratava, não merece este ser penalizado 
por questões de mera formalidade. 
 
Aguiar Dias lembra da responsabilidade do autor de provarem seu Livro 
Responsabilidade Civil: "o que se verifica, em matéria de responsabilidade, é o 
progressivo abandono da regra actori incumbit probatio, no seu sentido absoluto, em 
favor da fórmula de que a prova incumbe a quem alega contra a normalidade, de 
que é válida tanto para a apuração de culpa, como para a verificação de 
causalidade. À noção da normalidade se juntam, aperfeiçoando a fórmula, as de 
probabilidade e de verossimilhança que, uma vez que se apresentem em grau 
relevante, justificam a criação das presunções de culpa"13 
 
Assim, o dano moral presumido faz com que não seja comprovada a 
responsabilidade civil do dano moral, uma vez este ser dado como positivo no caso 
da ocorrência do dano material. 
 
13
 Responsabilidade Civil, tomo I, p. 115 
20 
 
 
8.2. A teoria do dano moral presumido (in re ipsa) 
 
 Antônio Houaiss autor do Dicionário da Língua Portuguesa traz o significado 
da palavra presumido como: “1.Deduzido por hipótese; suposto 2. vaidoso; 
arrogante.”14 
 
Nesse sentido a presunção de dano moral significa a suposição de sua 
existência, a dedução hipotética de sua presença. 
 
Via de regra, para que aconteça a configuração do dano moral se faz 
necessária prova da conduta, o dano propriamente dito e estar presente o nexo 
causal. 
 
Excepcionalmente o dano moral é presumido, o que significa dizer que sua 
reparação é independente da comprovação do enorme abalo psicológico sofrido 
pela pessoa da vítima. 
 
A exemplo de dano moral in re ipsa podemos citar o decorrente da inscrição 
indevida em cadastro de inadimplentes, uma vez que esta presumidamente causa 
lesão a dignidade da pessoa humana, tão como em sua honra subjetiva, quanto 
perante a sociedade. 
 
8.3. O entendimento do STJ: 
 
Resp 718618 RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. REGISTRO NO 
CADASTRO DE DEVEDORES DO SERASA. EXISTÊNCIA DE OUTROS 
REGISTROS. INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. A existência de registros de outros 
débitos do recorrente em órgãos de restrição de crédito não afasta a presunção de 
existência do dano moral, que decorre in re ipsa, vale dizer, do próprio registro de 
fato inexistente. Precedente. Hipótese em que o próprio recorrido reconheceu o erro 
em negativar o nome do recorrente. Recurso a que se dá provimento. 
 
14 HOUAISS, Antônio. Mini Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Objetiva, São Paulo, 2012. p. 
626 
21 
 
 
O que se vê é que o julgador se restringiu em citar a possibilidade via 
precedentes do dano moral in re ipsa, nota-se que uma vez reconhecido o fato 
danoso, conforme o caso acima, não são necessárias maiores delongas, pois é uma 
tradição jurisprudencial. 
 
A exemplo da visão doutrinária podemos citar os ensinamentos do mestre 
CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA15 que esclarece que ao punir o infrator por um 
fato de ofensa a um bem jurídico imaterial da vítima, trazer ao ofendido uma 
reparação em dinheiro não fará com que o dano seja totalmente reparado, mas 
servirá como um meio de oportunamente para satisfazer-lhe o dano experimentado 
de ordem moral ou intelectual, não em sua plenitude, mas pura e simplesmente 
amenizando tal amargura que a ofensa lhe trouxe, portanto, correto afirmar que o 
dano moral nestes casos dispensam a prova , apenas deve ser verificado o quantum 
que deve ser indenizado. 
 
Em se tratando de jurisprudência, um exemplo é o Acordão TJ-PR - 8758932 
PR 875893-2 (Acórdão) (TJ-PR)A, que vai até além do dano moral e estende ao 
dano material do direito autoral a indenização in re ipsa: “APELAÇÃO CÍVEL 1 E 2 - 
RESPONSABILIDADE CIVIL - DIREITOS AUTORAIS - VIOLAÇÃO - DIVULGAÇÃO 
NÃO AUTORIZADA DE OBRA FOTOGRÁFICA - ILÍCITUDE INCONTROVERSA 
NOS AUTOS - DIREITO AUTORAL ASSEGURADO CONSTITUCIONALMENTE E 
POR LEI ESPECÍFICA A MATÉRIA - LEI 9.610 /98 - OBRA DE CUNHO 
INTELECTUAL - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - DANO IN RE IPSA - 
QUANTUM RAZOÁVEL E ADEQUADO A SITUAÇÃO EM COMENTO - MANTIDO - 
DANOS MATERIAIS - RECONHECIDOS - OBRA DE AUTORIA QUE CONSTITUI 
BEM PATRIMONIAL - UTILIZAÇÃO DA IMAGEM QUE DEVE SER 
RECOMPENSADA - PREJUÍZO QUE DEVE SER APURADO DE ACORDO COM O 
ART. 103 DA LEI 9.610 /98 - COMPROVADO - APOSTILA REVENDIDA 
NACIONALMENTE A TODOS OS COLÉGIOS CONVENIADOS À REDE DOM 
BOSCO - ÔNUS SUCUMBÊNCIA READEQUADO RECURSO DE APELAÇÃO 1 
DESPROVIDO E E RECURSO DE APELAÇÃO 2 PARCIALMENTE PROVIDO 1 - O 
 
15
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil, Forense. São Paulo. 2000. p. 315/316 
22 
 
uso indevido da obra intelectual fotográfica porque não autorizado expressamente 
pelo autor e a divulgação mesmo que em material didático, de grande circulação, 
afronta as regras previstas no art. 29, incisos I e II; e art. 79 § 1º da Lei de Direitos 
Autorais . 2- O caso dos autos diz com a hipótese de tutelabilidade do direito à 
imagem, por isso o dever legal de reparar decorre do próprio uso indevido do direito 
personalíssimo. O dano consiste na utilização indevida da imagem com fins 
lucrativos, dispensando-se, deste modo, a demonstração do prejuízo material ou 
moral, apurando-se o valor indenizatório com base no art. 103 da lei 9.610 /98. 3- O 
dano moral deve ser considerado in re ipsa, por conta disto, dispensa-se a sua 
efetiva comprovação. Entende-se suficiente a demonstração do ato ilícito e do nexo 
de causalidade, pois o dano moral deflui como conseqüência natural do ilícito 
(Precedentes do STJ).” 
 
O citado artigo de lei, a saber o art. 103 da lei 9.610 de 1998, traz em seu 
texto o seguinte: "Art. 103. Quem editar obra literária, artística ou científica, sem 
autorização do titular, perderá para este os exemplares que se apreenderem e 
pagar-lhe-á o preço dos que tiver vendido.” 
 
Em sequencia o Parágrafo único complementa: “Não se conhecendo o 
número de exemplares que constituem a edição fraudulenta, pagará o transgressor 
o valor de três mil exemplares, além dos apreendidos.” 
 
Tal redação traz demonstra a força que possui a legislação autoral com 
relação ao dano material, e quanto aos danos morais, enquanto presente o fato 
danoso na esfera material, são verificáveis de plano, ou seja, são indiscutíveis. 
 
8.4. Relatórios, Votos e Acórdãos sobre o tema: 
 
Nesta parte do trabalho vamos transcrever alguns julgados de modo a 
verificar, na prática, como é trabalhada a questão em nossos tribunais. 
 
Tribunal de Justiça de Santa Catarina - TJSC 
Apelação Cível n. 2006.036415-3, de Blumenau 
23 
 
Relator: Des. Edson Ubaldo 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
UTILIZAÇÃO DE MATERIAL FOTOGRÁFICO SEM MENÇÃO À REAL AUTORIA, 
TAMPOUCO AUTORIZAÇÃO DO FOTÓGRAFO. VIOLAÇÃO AOS DIREITOS 
AUTORAIS. LEI N. 9.610/98. DANO MORAL VERIFICADO. SENTENÇA MANTIDA. 
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n. 2006.036415-
3, da comarca de Blumenau (2ª Vara Cível), em que é apelante Diretório Central dos 
Estudantes da FURB - DCE e apelado Rogério José Cioffi Pires: 
 
ACORDAM, em Primeira Câmara de Direito Civil, por votação unânime, 
conhecer do recurso e negar-lhe provimento. Custas legais. 
 
RELATÓRIO 
 
Rogério José Cioffi Pires ajuizou ação de indenização por danos morais em 
face do Diretório Central de Estudantes da FURB, sob a alegação de que as fotos 
que havia tirado no evento de posse do então presidente da entidade ré, o 
acadêmico Amarildo Kniess, teriam sido publicadas sem a sua autorização. 
 
Sustentou, além de não ter sido indagado acerca da autorização para a 
publicação do material, terem as fotografias sido creditadas em nome de outra 
pessoa. Discorreu sobre a proteção aos direitos autorais dada pela Lei n. 9.610/98 e 
ao direito de imagem preconizado pela Constituição Federal. Requereu, a final, a 
concessão dos benefícios da gratuidade da justiça e a condenação do réu ao 
pagamento de 400 (quatrocentos) salários mínimos a títulos da danos morais (fls. 
02/11). 
 
Foi deferida a gratuidade judiciária (fl. 27). 
 
24 
 
Em contestação, o réu suscitou as preliminares de ilegitimidade passiva ad 
causam, de impossibilidade jurídica do pedido e ausência de interesse processual. 
No mérito, arguiu que as fotografias foram cedidas a título gratuito, bem como teriam 
sido publicadas única e exclusivamente com o intuito de ilustrar a situação narrada 
no informativo, não visando a obtenção de lucro, requerendo por isso a 
improcedência dos pedidos iniciais (fls. 30/47). 
 
Houve réplica (fls. 53/55). 
 
Saneado o feito, foi designada audiência de instrução e julgamento, ocasião 
em que, além de restar inexitosa a tentativa de conciliação, foram ouvidas uma 
testemunha do autor e outra do réu (fls. 79/83). 
 
Apresentadas as alegações finais, sobreveio aos autos a sentença, na qual o 
MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cívelda Comarca de Blumenau, Dr. Jorge Luis Costa 
Beber, julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando o réu ao 
pagamento de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a título de danos morais ao autor, com 
a incidência de correção monetária desde o arbitramento e juros legais de 1% (um 
por cento) ao mês desde a ilicitude. Ainda condenou o réu a arcar com as custas do 
processo e honorários advocatícios, fixados em 15% (quinze por cento) sobre o 
valor da condenação, forte na disposição do artigo 20, §3º, do Código de Processo 
Civil (fls. 84/90). 
 
Inconformado com o veredicto, o réu interpôs recurso de apelação. Afirmou 
que não restaram caracterizados os pressupostos ensejadores da responsabilidade 
civil, sendo que a própria testemunha arrolada pelo autor não teria deixado claro o 
nexo causal, bem como qual o dano em tese suportado. Reeditando a 
argumentação expendida na contestação, disse: apenas ter utilizado ingenuamente 
das fotografias que dispunha em acervo a fim de ilustrar um mero informativo 
universitário e de circulação restrita; que a reprodução e veiculação de fotografias, 
atualmente, encontra-se extremamente facilitada por conta do avanço tecnológico. 
Além disso, que é associação sem fins lucrativos, de utilidade pública, atuante na 
25 
 
defesa dos estudantes universitários. Sendo assim, requereu a total reforma da 
sentença e, alternativamente, a minoração do quantum indenizatório (fls. 99/109). 
 
Foram apresentadas contrarrazões (fls. 118/120). 
 
Os autos ascenderam a esta Corte. 
 
É o relatório. 
 
VOTO 
 
Cuida-se de apelação cível interposta contra a sentença que, em ação de 
indenização por danos morais ajuizada por Rogério José Cioffi Pires em face do 
Diretório Central de Estudantes da FURB, julgou procedente o pedido articulado na 
inicial, a fim de condenar o réu ao pagamento de importância pecuniária a título de 
reparação moral ao autor. 
 
Satisfeitos os requisitos de admissibilidade, conhece-se do recurso. 
 
De plano, compete esclarecer que, no presente caso, não se trata de discutir 
culpa por parte da apelante, mas sim de reconhecer disposição constitucional 
preconizada pelo artigo 5º, XXVII: "aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo 
tempo que a lei fixar". 
 
Por sua vez, a Lei n. 9.610/98, que tratou de atualizar, alterar e consolidar a 
legislação sobre direitos autorais no país, atribuiu à reprodução fotográfica a 
natureza jurídica de obra intelectual, reconhecendo sobre ela os direitos de seu 
autor: 
 
Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas 
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido 
ou que se invente no futuro, tais como: 
26 
 
 
(...) 
 
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao 
da fotografia; [não grifado no original] 
 
Da mesma forma, o artigo 24 prescreve como sendo direito moral do autor o 
de reivindicar a autoria da obra, bem como o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal 
convencional indicado ou anunciado na utilização de sua produção autoral, sendo 
que a utilização da obra por terceiros, não fosse isto, ainda se vincula à prévia e 
expressa autorização, de acordo com o artigo 29, ambos da Lei. n. 9.610/98. 
 
Ou seja, o autor de fotografias tem direito ao reconhecimento da paternidade 
da sua obra, tanto que o artigo 108, caput, da lei específica, também impõe a quem 
a divulgue a obrigação de mencionar a autoria, sob pena de responder por danos 
morais e ser obrigado a efetuar a devida divulgação: 
 
Art. 108. Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual, 
deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal 
convencional do autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está 
obrigado a divulgar-lhes a identidade da seguinte forma: 
 
I - tratando-se de empresa de radiodifusão, no mesmo horário em que tiver 
ocorrido a infração, por três dias consecutivos; 
 
II - tratando-se de publicação gráfica ou fonográfica, mediante inclusão de 
errata nos exemplares ainda não distribuídos, sem prejuízo de comunicação, com 
destaque, por três vezes consecutivas em jornal de grande circulação, dos 
domicílios do autor, do intérprete e do editor ou produtor; 
 
III - tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na 
forma a que se refere o inciso anterior. [não grifado no original] 
 
27 
 
Nesse sentido, colhe-se da jurisprudência do STJ: 
 
DIREITO AUTORAL. OBRAS FOTOGRÁFICAS PUBLICADAS SEM 
INDICAÇÃO DE AUTORIA. DANO MORAL. EXTENSÃO DO CONSENTIMENTO 
DO AUTOR DA OBRA. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07. 
 
[...] 
 
4. A simples circunstância de as fotografias terem sido publicadas sem a 
indicação de autoria - como restou incontroverso nos autos - é o bastante para 
render ensejo à reprimenda indenizatória por danos morais. (REsp 750822 / RS 
2005/0080987-5. Rel. Min. Luis Felipe Salomão. Órgão Julgador: Quarta Turma, j. 
em 09/02/2010) 
 
Ainda, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. 
DANOS IMATERIAIS E MATERIAIS. DIREITOS AUTORAIS. PUBLICAÇÃO DE 
FOTOGRAFIA SEM AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. [...] 4. O uso indevido da obra 
intelectual fotográfica porque não autorizado expressamente pelo autor e a 
divulgação em revista de grande circulação afronta as regras previstas nos art. 29, 
incisos I e II; e art. 79 caput e § 1º da Lei dos Direitos Autorais. [...] 6. O dano moral 
deve ser considerado in re ipsa, por conta disto, dispensa-se a sua efetiva 
comprovação. Entende-se suficiente a demonstração do ato ilícito e do nexo de 
causalidade, pois o dano moral deflui como conseqüência natural do ilícito 
(Precedentes do STJ). 7. A verba indenizatória deve ser fixada em conformidade 
com os critérios objetivos e subjetivos do caso concreto, observados os parâmetros 
adotados pela jurisprudência desta Câmara, e as do STJ, mas, essencialmente, 
deve buscar a compensação da vítima, evitando enriquecê-la indevidamente. No 
caso dos autos, à vista de todos estes critérios, impõe-se o arbitramento dos danos 
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Rel. Iris Helena Medeiros Nogueira, j. em 
15/02/2006) 
 
28 
 
No caso em tela, além de as fotografias terem sido publicadas no informativo 
veiculado pelo apelante sem menção à real autoria ou autorização do apelado, estas 
ainda foram creditadas a uma terceira pessoa, o fotógrafo Caco Waldrich, situação 
que só vem a agravar o uso indevido de obra alheia. 
 
Ora, não há que prosperar a tese defendida pela apelante, de que o apelado 
é funcionário contratado da FURB e de que se eximiria de quaisquer 
responsabilidades tão-somente por utilizar material disponibilizado em acervo da 
universidade. Sabe-se que um Diretório Central de Estudantes é entidade com 
personalidade jurídica própria, sendo seus deveres e/ou responsabilidades 
independentes da entidade de ensino. 
 
Da mesma forma, o fato de as fotografias terem sido publicadas em jornal de 
restrita circulação - o ambiente universitário - e de distribuição gratuita, não tem o 
condão de afastar o dano moral, que existe in re ipsa. Haveria relação, todavia, com 
o dano patrimonial, que não é objeto da presente lide, conforme especificado pela 
procuradora do autor quando da audiência de conciliação, instrução e julgamento (fl. 
79): 
 
A doutora procuradora do autor esclareceu que a pretensão deduzida na 
inicial envolve tão-somente pedido de indenização de danos morais, não havendo 
danos materiais a serem indenizados, justo que sequer foram especificados, 
ressaltando que a expressão danos patrimoniais colocada juntamente com o pedido 
de indenização por danos morais foi involuntária. 
 
Em relação ao quantum indenizatório, evidenteé que deve ser estabelecido 
de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto, levando em conta o grau 
de culpa daquele que causou o dano; as condições pessoais e econômicas das 
partes envolvidas; a intensidade do sofrimento psicológico gerado; a finalidade 
admonitória da sanção, para que a prática do ato ilícito não se repita; e o bom senso 
para que a indenização não seja extremamente gravosa, gerando enriquecimento 
sem causa ao ofendido, nem irrisória, sendo incapaz de propiciar a compensação e 
de minimizar os efeitos lesivos infligidos. 
29 
 
 
No caso em análise, sem dúvida, há que se considerar o direito que o 
apelante tem sobre as criações autorais, bem como a função didática a ser cumprida 
pela indenização fixada pela violação ao referido direito. Contudo, a capacidade 
econômico-financeira do sujeito lesante, importante ator na defesa dos interesses 
estudantis, entidade comumente desprovida de maiores recursos financeiros, indica 
a necessidade de fixação de um quantum comedido. 
 
Sob este prisma, e levando-se em conta que os parâmetros indenizatórios 
fixados por esta Câmara têm sido em patamares bem superiores ao do caso em 
tela, deve-se avaliar que o juízo a quo, quando da estipulação do valor da 
indenização, bem sopesou os princípios da razoabilidade e da reprovabilidade, 
tendo fixado o montante indenizatório em R$ 4.000,00 (quatro mil reais), valor que 
merece ser mantido. 
 
Permanece inalterado, ainda, o ônus de sucumbência imposto na sentença, 
cuja exigibilidade fica suspensa em virtude do deferimento ao apelante dos 
benefícios da justiça gratuita (artigo 12 da Lei 1.060/1950). 
 
Por todo o exposto, vota-se no sentido de conhecer do recurso e negar-lhe 
provimento, mantendo-se hígida a sentença objurgada por seus bem lançados 
motivos. 
 
DECISÃO 
 
Ante o exposto, a Primeira Câmara de Direito Civil decidiu, à unanimidade, 
conhecer do recurso e negar-lhe provimento. 
 
O julgamento, realizado no dia 22 de junho de 2010, foi presidido pelo Exmo. 
Sr. Des. Carlos Prudêncio, com voto, e dele participou a Exma Sra. Desa. Denise 
Volpato. 
 
Florianópolis, 25 de junho de 2010. 
30 
 
 
Edson Ubaldo 
Relator 
 
Neste julgado, é possível verificar que não obstante ao fato de se tratar de 
entidade que é carente de capacidade econômico-financeira, bem como ser 
importante ator na defesa dos interesses estudantis, não conseguiu afastar a 
condenação, sento entendido que o dano moral ocorreu e merece ser reparado, 
sendo as questões financeiras e o cunho educativo ter sido considerado tão 
somente para a fixação do quantum indenizatório. 
 
Registro: 2013.0000636561 
ACÓRDÃO 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0188006-
02.2011.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ARLINDO 
RIBEIRO RODRIGUES (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado DOMINGOS ODONE 
DISSEI. ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São 
Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de 
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. 
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL 
BRANDI (Presidente) e LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 16 de outubro de 2013 
 
WALTER BARONE 
 
RELATOR 
 
VOTO Nº 3418 
Apelante(s): ARLINDO RIBEIRO RODRIGUES 
Apelado(s): DOMINGOS ODONI DISSEI E OUTRO 
Comarca: São Paulo 2ª Vara Cível 
Juiz: Renato Acácio de Azevedo Borsanelli 
 
31 
 
DIREITO AUTORAL. Ação visando à rescisão de contrato verbal e 
pagamento de remuneração pela autoria de obra literária encomendada e 
indenização por danos morais decorrentes do lançamento sem a devida revisão 
gramatical e de editoração. Improcedência. Confirmação. Ausência de comprovação 
da existência de contratação do autor, inexistência de elementos de convicção 
suficientes para que se possa imputar responsabilidade aos réus pela remuneração 
reclamada ou custeio da produção editorial. Danos morais não caracterizados 
Ausência de conduta lesiva Inexistência de responsabilidade contratual ou 
extracontratual - Sentença mantida. Recurso não provido. 
 
Trata-se de recurso de apelo interposto contra a r. sentença de fls. 157/159, 
de relatório adotado, que julgou improcedente ação de rescisão contratual c.c. 
indenização por violação de direitos patrimoniais e morais de autor de obra literária, 
condenando o autor no pagamento das custas, despesas processuais e honorários 
advocatícios de 10% do valor da causa, observadas as disposições do art. 12, da Lei 
nº 1.060/50. 
 
Inconformado, apelou o autor, sustentando, em síntese, cerceamento de 
defesa por ter havido pedido expresso de produção de provas e, mesmo assim, foi 
prontamente julgada a ação no estado em que se encontrava. Afirma ter a 
coapelada admitido a contratação, que, ao contrário do entendimento adotado na 
sentença, considera fartamente demonstrada nos autos, inclusive o dano moral 
experimentado pela ausência de revisão gramatical e adequada editoração da obra, 
comprometendo a boa reputação do autor e implicando responsabilidade solidária 
dos réus pela devida compensação (fls. 166/188). 
 
Recurso tempestivo, regularmente processado, com resposta do corréu e 
isento de preparo. 
 
É o relatório. 
 
O recurso não merece provimento. 
 
32 
 
Não se vislumbra a ocorrência do cerceamento de defesa e o julgamento 
antecipado da lide se deu com sustento no disposto no Artigo 130 que autoriza o 
julgador a indeferir provas desnecessárias ao julgamento da causa. Na hipótese dos 
autos a negativa dos requeridos acerca da existência do contrato em questão 
autorizou o julgamento do feito, já que pelo valor do contrato impossível sua 
comprovação através de prova testemunhal, ainda mais a se considerar a ausência 
de início de prova escrita. 
 
O autor ingressou com “ação de rescisão contratual cumulada com 
indenização por violação aos direitos patrimoniais e morais de autor de obra literária” 
sustentando ter sido convidado pelo Diretor Executivo da Editora Jornalística Bairros 
Unidos Ltda. para que escrevesse a biografia de Osvaldo Giannotti, falecido O autor 
ingressou com “ação de rescisão contratual cumulada com indenização por violação 
aos direitos patrimoniais e morais de autor de obra literária” sustentando ter sido 
convidado pelo Diretor Executivo da Editora Jornalística Bairros Unidos Ltda. para 
que escrevesse a biografia de Osvaldo Giannotti, falecido alegada, podendo-se 
depreender, deles, que houve, tão somente, apoio dos corréus na divulgação da 
obra. Se esse apoio foi além disso, a ponto de envolver remuneração do autor, no 
percentual de 10% do valor total do projeto e custeio das verbas de revisão, 
editoração, impressão e divulgação, não há provas neste sentido. Aliás, como bem 
observado na sentença, “parece inverossímil que as partes tenham estipulado que a 
remuneração do autor seria de 10% quando os livros foram doados ou vendidos pelo 
preço simbólico de R$ 1,99” (fls. 158vº). 
 
E demonstrar, por perícia ou testemunhas, “os atos de produção intelectual do 
autor (entrevista, pesquisa, confecção de texto, etc), de revisão, edição e 
diagramação de livro, as responsabilidades de cada profissional envolvido nas 
etapas essenciais da produção desse tipo de obra” (fls. 142/143) não era 
necessário, pois a autoria e as etapas normais de produção da obra nunca foram 
questionadas. Imprescindível era demonstrar a obrigação dos réus para com o autor, 
o que, repita-se, não houve. 
 
33 
 
Tal conclusão também afasta, por consequência, o alegado dano moral e a 
responsabilidade pela respectiva indenização, já que impossibilitada a imputação de 
responsabilidade aos réus pelos erros gramaticais e de editoração verificados no 
livro. 
 
Para a configuração da responsabilidade pelo pagamento de verba 
indenizatória extracontratual devem ficar demonstrados os requisitos legais exigidos,entre eles a conduta lesiva, o resultado danoso e o respectivo nexo de causalidade. 
Não há como impor aos requeridos a prática de qualquer ato capaz de causar danos 
ao autos, pois conforme já reconhecido não se demonstrou a obrigação dos 
requeridos quanto à revisão da obra, o que afasta a possibilidade de imposição do 
ônus de indenizar. Por outro lado, a responsabilidade contratual também não se 
evidenciou nos autos, pois não comprovada a relação obrigacional. Desta forma, foi 
bem afastado o dever de indenizar. Ante o exposto, pelo meu voto, NEGA-SE 
PROVIMENTO ao recurso. 
 
WALTER BARONE 
 
 Relator 
 
É possível verificar neste Acórdão que não é tão simples ludibriar a justiça ou 
tentar fazer com que se julgue sem a devida comprovação do ilícito. O autor não 
conseguiu comprovar a obrigação dos réus, e, como o direito não socorre a quem 
não toma os devidos cuidados, o juiz julgou antecipadamente a lide e o tribunal o 
acompanhou, não refazendo a decisão. Mesmo que o autor tivesse razão deveria ter 
tomado as providências que comprovassem a relação de obrigação e não o fez. 
 
Registro: 2013.0000111364 
ACÓRDÃO 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0179275-
22.2008.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado 
MICROSERVICE TECNOLOGIA DIGITAL DA AMAZÔNIA LTDA, são 
34 
 
apelados/apelantes IVAN GUIMARÃES LINS, VITOR MARTINS e MULTIMEDIA 
GROUP PROMOÇÕES LTDA. ACORDAM, em 1ª Câmara de Direito Privado do 
Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento 
ao agravo retido e aos recursos de apeção. V.U.", de conformidade com o voto do 
Relator, que integra este acórdão. 
 
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PAULO 
EDUARDO RAZUK (Presidente) e LUIZ ANTONIO DE GODOY. São Paulo, 5 de 
março de 2013. Claudio Godoy 
 
RELATOR 
 
Assinatura Eletrônica 
 
APELAÇÃO CÍVEL 
Processo n. 0179275-22.2008.8.26.0100 
Comarca: São Paulo 
Apelante/Apelada: MICROSERVICE TECNOLOGIA DIGITAL DA AMAZÔNIA 
LTDA. 
Apelante/Apelada: MULTIMEDIA GROUP PROMOÇÕES LTDA. 
Apelante/Apelados: IVAN GUIMARÃES LINS e VITOR MARTINS 
Juiz: Gilson Delgado Miranda Voto n. 4.400 
 
 Direito autoral. Replicação de DVD contendo músicas compostas pelos 
autores sem sua autorização. Ausência de prescrição diante da suspensão do prazo 
pela apuração dos fatos no juízo penal (art. 200 do CC). Empresa ré com vasta 
experiência no mercado e que, nesta condição, depois de exigir garantia de 
autorização autoral, replicou a fita matriz de gravação sem receber documento 
escrito que tivesse sido subscrito pelos autores. Litisdenunciada, distribuidora do 
produto, que encomendou a reprodução, responsável regressiva. Danos materiais e 
morais bem arbitrados. Sentença mantida. Recurso de agravo retido e apelações 
desprovidos. 
 
35 
 
Cuida-se de recursos de apelação interpostos contra sentença que julgou 
parcialmente procedentes o pedido inicial e a denunciação da lide, para condenar a 
ré e, regressivamente, a denunciada, ao pagamento de indenização de R$ 
31.646,91, pelos danos materiais, e R$ 31.646,91, pelos danos morais resultantes 
da violação de direitos autorais dos artistas demandantes. Sustenta a ré, em sua 
insurgência, depois de reiterar retido insistindo na ocorrência de prescrição, ter 
atuado penas na replicação do DVD em que contidas as músicas dos autores, não 
em sua produção ou distribuição. No mais, assevera que recebeu autorização do 
produtor e do distribuidor para replicar cerca de seis mil unidades do DVD contendo 
músicas dos autores, por isso que revelada a cautela que se lhe era de exigir, 
certificando-se acerca da autorização e recebimento de direitos autorais, não tendo 
praticado nem coonestado qualquer tipo de fraude que, se ocorrida, não lhe pode 
ser atribuída. Acentua, ainda, que não comprovados os danos morais, ademais 
arbitrados em valor excessivo e com correção monetária e juros de mora que não 
observaram a previsão da Súmula 362 do STJ. Por fim, requer a condenação da 
denunciada também nas custas e honorários advocatícios. 
 
Os autores, de seu turno, também apresentaram recurso (fls. 1076/1092), 
sustentando que foram produzidos 40.796 DVS pelo réu, não apenas 6.081, como 
considerado pela sentença, destarte fazendo jus à indenização por danos materiais 
no valor de R$ 405.104,95, subsidiariamente argumentando que ao menos as cópias 
apreendidas não podiam ser olvidadas na fixação das perdas e danos. Insistem na 
majoração também da indenização por danos morais, diante de sua consolidada 
carreira musical e do porte da empresa apelada, ademais do papel punitivo da 
condenação. 
 
Houve apelação, por fim, da litisdenunciada Multimedia Group Promoções 
Ltda. (fls. 1095/1104), igualmente arguindo prescrição, ilegitimidade passiva e a 
necessidade de sucessiva denunciação da lide à casa de espetáculos Tom Brasil, 
única responsável por eventuais danos sofridos pelos autores. Afirma ter atuado de 
boa-fé, acreditando havida autorização para produção e comercialização do DVD. 
Subsidiariamente, sustenta que as indenizações são excessivas, devendo ser 
minoradas sob pena de enriquecimento ilícito dos autores. 
36 
 
 
Recursos regularmente processados, sem resposta. 
 
É o relatório. 
 
Em primeiro lugar, não há prescrição a reconhecer. 
 
É que aplicável à espécie o artigo 200, do Código Civil. Conforme tive ocasião 
de salientar em outra sede (A prescrição e a decadência no novo CC. In: Revista de 
Direito e Legislação. v. 4. 2005. p. 20-21), a potencial repercussão penal do fato 
ilícito não acarreta, de per si, impedimento ao próprio início do lapso prescricional 
civil, como se fosse necessário aguardar a verificação sobre se alguma ação penal 
foi ajuizada e, a rigor, até o término da prescrição penal, só então se iniciando a civil. 
Segundo se entende, de resto como expresso no preceito citado, havendo apuração 
no juízo penal, o prazo não corre. Portanto, tendo-se iniciado seu curso, ele se 
suspende com a instauração da ação penal. Ou seja, nem se obsta o início do curso 
do prazo da prescrição e nem, ao revés, se prorroga o seu término. Apenas o 
interregno deixa de correr até solução da lide penal. 
 
No caso, concluído o inquérito policial nº 140/03 (fls. 48/199), o Ministério 
Público ofereceu denúncia em 28.8.2006 (fls. 46/47), recebida, mas extinta a 
punibilidade do acusado Solon Siminovichi em 15.1.2007 diante de seu falecimento 
(fls. 794), sendo esse, pois, o último ato no procedimento criminal. Deste modo, 
suspenso o curso do prazo prescricional do recebimento da denúncia até a extinção, 
proposta esta demanda em 6.8.2008, não transcorrido o lapso temporal de três 
anos, nos termos do art. 206, § 3º, V, do Código Civil. 
 
Nem cabe argumentar a despeito, de fato, da posição que em contrário 
alhures se sustenta (por todos: Maria Luciana Podval e Carlos José de Toledo. O 
impedimento da prescrição no aguardo da decisão do juízo criminal. In: Prescrição 
no novo CC. Coord.: Mirna Cianci. Saraiva. p. 128-130; STJ, Resp. n. 1.131.125, j. 
03.05.2011) com a desnecessidade de se aguardar a apuração penal para o 
ajuizamento da ação indenizatória. Não é apenas disso que se trata. O preceito do 
37 
 
artigo 200 tem, ademais da questão, é certo, da identificação da autoria, evidente 
intuito de otimização do sistema, desde que, havida condenação criminal, a 
sentença se liquida e executa no cível, assim sem necessidade da ação de 
conhecimento (ver, a respeito, por exemplo: Gustavo Tepedino; Heloísa Helena 
Barboza; Maria Celina Bodin de Moraes. CC interpretado. Renovar. v. I. p. 376). 
 
Daí a razão de se estabelecer a suspensão para exercício desta pretensão 
enquanto a ação penal não se decide, mesmo, portanto, que a vítima desde logo 
tenha condições de propor a demanda reparatória. Pode fazê-lo, mas pode optar por 
aguardar o desfecho do processo

Continue navegando