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OS FINS DO DIREITO (PARTE 2)

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OS FINS DO DIREITO (PARTE 2)
	Olá! Bem vindos! 
Nosso quarto tema é “Os fins do Direito” e trataremos aqui da relação entre sociedade, sociologia e Direito, as tensões e intersecções entre esses dois campos. Está curioso? Vamos investigar?
	Segundo Nader, a relação entre a sociedade e o Direito apresenta um duplo sentido de adaptação: de um lado, o ordenamento jurídico é elaborado como processo de adaptação social e, para isto, deve ajustar-se às condições do meio; de outro, o Direito estabelecido cria a necessidade de o povo adaptar o seu comportamento aos novos padrões de convivência. A vida em sociedade pressupõe organização e implica a existência do Direito. A sociedade cria o Direito no propósito de formular as bases da justiça e segurança. Com este processo as ações sociais ganham estabilidade. O Direito, porém, não é uma força que gera, unilateralmente, o bem-estar social. Os valores espirituais que o Direito apresenta não são inventos do legislador. Por definição, o Direito deve ser uma expressão da vontade social e, assim, a legislação deve apenas assimilar os valores positivos que a sociedade estima e vive. O Direito não é, portanto, uma fórmula mágica capaz de transformar a natureza humana. Se o homem em sociedade não está propenso a acatar os valores fundamentais do bem comum, de vivê-los em suas ações, o Direito será inócuo, impotente para realizar a sua missão (NADER, 2002, p. 21).
	Para Lyra, o Direito não deve manter-se aprisionado em um conjunto de normas estatais, isto é, de padrões de conduta impostos pelo Estado, com a ameaça de sanções organizadas (meios repressivos expressamente indicados com órgão e procedimento especial de aplicação). Segundo o autor, é necessário recorrer a visão dialética do Direito defendida Gramsci, que alarga o foco do Direito, abrangendo as pressões coletivas geradas pela organização política de grupos sociais. Segundo Lyra, o Direito autêntico e global não pode ser isolado em campos de concentração legislativa, pois indica os princípios e normas libertadores, considerando a lei um simples acidente no processo jurídico, e que pode, ou não, transportar as melhores conquistas. 
	Segundo Náder, há uma relação de mútua dependência entre sociedade e direito. Para o autor, a causa material do direito está nas relações de vida, nos acontecimentos mais importantes para a vida social. A sociedade, ao mesmo tempo, é fonte criadora e área de ação do Direito, seu foco de convergência. Para o autor, é interessante recorrer à concepção de fatos sociais para compreender melhor essa relação. O autor escreve que existindo em função da sociedade, o Direito deve ser estabelecido à sua imagem, conforme as suas peculiaridades, refletindo os fatos sociais, que significam, no entendimento de Émile Durkheim, "maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se Ihes impõem". Fatos sociais são criações históricas do povo, que refletem os seus costumes, tradições, sentimentos e cultura. A sua elaboração é lenta, imperceptível e feita espontaneamente pela vida social. Costumes diferentes implicam fatos sociais diferentes. Cada povo tem a sua história e seus fatos sociais. O Direito, como fenômeno de adaptação social, não pode formar-se alheio a esses fatos. As normas jurídicas devem achar-se conforme as manifestações do povo. Os fatos sociais, porém, não são as matrizes do Direito. Exercem importante influência, mas o condicionamento não é absoluto. Nem tudo é histórico e contingente no Direito. Falhando a sociedade, ao estabelecer fatos sociais contrários à natureza social do homem, o Direito não deve acompanhá-la no erro. 
	Para Náder, o papel do legislador é semelhante ao trabalho de um sismógrafo, que acusa as vibrações havidas no solo, o legislador deve estar sensível às mudanças sociais, registrando, nas leis e nos códigos, o novo Direito. Pois, para o autor, a missão do direito atualmente não é, como no passado, apenas a de garantir a segurança do homem, a sua vida, liberdade e patrimônio. A sua meta é mais ampla, é a de promover o bem comum, que implica justiça, segurança, bem-estar e progresso. O Direito, na atualidade, é um fator decisivo para o avanço social. Além de garantir o homem, favorece o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da produção das riquezas, o progresso das comunicações, a elevação do nível cultural do povo, promovendo ainda a formação de uma consciência nacional. 
	
	
	REFERÊNCIAS
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do direito. 11ª ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2018. P. 71-102.
LYRA, Roberto Filho. O que é Direito. Coleção Primeiros Passos, nº 62. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MASCARO, Alysson L. A filosofia do direito. 5ª ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2016.
NÁDER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. P. 19-31.
	
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