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FRAMEWORK SBOK W BA 07 26 _v 1. 0 22 © 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Ayron Vinícius Pinheiro de Assunção Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Melillo, Raquel Carnivalle M522f Framework SBOK/ Raquel Carnivalle Melillo. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 103 p. ISBN 978-85-522-1486-1 1. Desenvolvimento ágil de software. 2. Administração de projetos. I. Melillo, Raquel Carnivalle. Título. CDD 658.404 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ 3 3 FRAMEWORK SBOK SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 Visão geral do SBOK 5 Sprint – Ciclo de desenvolvimento do Scrum 21 Papéis no Scrum 39 Artefatos: Product backlog, Sprint Backlog e Burndown Chart 57 Cerimônias: Sprint Planning, Daily Scrum, Sprint Review e Sprint Retrospective Meetings 75 Limitações do SBOK 91 Framework e modelo de implementação 107 44 Apresentação da disciplina O Scrum é uma metodologia ágil amplamente empregada e que se torna cada vez mais popular entre empresas de diferentes setores. Por se tratar de uma metodologia para gerenciamento de projetos, fornece diretrizes para o esforço temporário necessário aos projetos e pode ser aplicada a projetos, programas e portfólios, seja para o desenvolvimento de produtos ou serviços. A metodologia conta com o estabelecimento de princípios fundamentais, como transparência, inspeção e adaptação, em um formato de funcionamento em ciclos iterativos curtos, para que as variáveis que podem afetar os projetos, como restrições de tempo, custos, qualidade, recursos, escopo, além da capacidade da empresa, sejam melhor trabalhadas de maneira a não impactar seu planejamento, sua implementação ou o sucesso da entrega. O intuito fundamental é otimizar as atividades, promover a colaboração entre os membros das equipes que trabalham no projeto para que se sintam motivados, e gerar valor constante ao cliente por meio de entregas sucessivas que o mantêm próximo e mais satisfeito. Para que seja adequadamente compreendida, há um guia fundamental da metodologia Scrum denominado Um guia para o conhecimento em Scrum – Guia SBOK, que foi desenvolvido com o auxílio de profissionais e especialistas em vias de melhor descrever conceitos e o posicionamento metodológico do Scrum, além de servir para consulta durante funcionamento e implementação da metodologia. O Scrum é muito conhecido por sua implementação em projetos de desenvolvimento de softwares, mas atualmente abrange muitas áreas com resultados positivos expressivos. A presente disciplina visa contribuir para o melhor entendimento acerca do Scrum e suas especificidades, trazendo uma discussão sobre seus processos e principais aspectos, de maneira a contribuir para a reflexão de sua abordagem. 55 5 Visão geral do SBOK Autora: Dra. Raquel C. S. Melillo Objetivos • Apresentar a origem do Scrum e sua classificação como método ágil. • Explicar os pilares do Scrum, bem como sua aplicabilidade e o funcionamento geral. • Apresentar a estrutura e organização do SBOK. • Fornecer uma visão geral do Scrum e do SBOK. 66 1. Um guia para conhecimento em Scrum O Guia para o conhecimento das melhores práticas em Scrum, ou do inglês, Scrum Body of Knowledge (SBOK), foi desenvolvido com o intuito de prover diretrizes para a gestão de projetos pela metodologia ágil mais amplamente empregada, o Scrum (SATPATHY, 2016). O modelo foi padronizado para atender a organizações e profissionais que busquem a implementação bem-sucedida do Scrum e é constantemente atualizado para que sirva de referência para aqueles que já têm experiência com a metodologia (SATPATHY, 2016). Você verá, a seguir, como se organiza e se compõe o guia. 1.1 Métodos ágeis e o Scrum O método ágil surgiu com o desenvolvimento de abordagens mais flexíveis e dinâmicas, que empregavam o conceito de equipe que trabalha como uma unidade em busca de um objetivo comum. Sua origem remete ao Japão, na década de 1980, quando Takeuchi e Nonaka implementaram estratégias de gestão mais holísticas que compararam a um jogo de rugby (SUTHERLAND, 2007; SATPATHY, 2016). O rugby é um jogo em que os integrantes se deslocam em campo em conjunto, passando a bola constantemente e realizando formações bem- estruturadas como o Scrum, que pode ser visto na Figura 1, e se refere ao momento de agrupamento dos jogadores para reiniciar o jogo. Figura 1 – Formação do Scrum no jogo de rugby Fonte: Snap2Art_RF/iStock.com. 77 7 A analogia com o jogo de rugby rendeu a denominação da metodologia Scrum, que nasce dos métodos ágeis para a gestão de projetos de desenvolvimento de software. O conceito e a aplicabilidade do Scrum foram desenvolvidos por Ken Schwaber e Jeff Sutherland e apresentados ao público em 1995 na conferência Object-oriented programming, systems, languages & applications (OOPSLA) ocorrida em Austin, Texas (SATPATHY, 2016). Posteriormente, em 2001, face ao sucesso de diversos projetos em que o Scrum foi empregado, mais especialistas que haviam passado a empregá-lo se uniram aos criadores do conceito para estabelecer um documento oficial norteador que denominaram Manifesto ágil (SUTHERLAND, 2007). O Manifesto ágil traz os valores principais que passaram a ser seguidos pelos métodos ágeis, incluindo o Scrum, que, segundo Sutherland (2007), soma foco, energia, clareza e transparência ao sistema de planejamento e implementação de projetos. PARA SABER MAIS O Scrum é apenas uma das abordagens de métodos ágeis, há diversas outras metodologias igualmente flexíveis e dinâmicas que são amplamente empregadas em diferentes tipos de projetos, como Kanban, XP, Lean, FDD, dentre outras. 1.2 Pilares do Scrum O Scrum foi desenvolvido para ser aplicado na gestão de projetos em que suas variáveis fundamentais, os requisitos e a tecnologia não podem ser completamente definidos quando da contratação do mesmo. 88 O ambiente de negócios e as demandas de mercado se intensificam e se tornam cada vez mais complexas, dessa maneira, para que as necessidades do cliente sejam plenamente atendidas, há que se estar preparado para realizar mudanças constantes e resolver impasses decorrentes da aplicação do produto (BISSI, 2004). A solicitação inicial realizada pelo cliente, muitas vezes, não permite uma visão geral do resultado do projeto, mas sim apenas um vislumbre do que deverá ser. Nesse sentido, o Scrum prevê entregas sucessivas que serão testadas e empregadas para verificação da necessidade de alterações, visando atender plenamente às necessidades do cliente final. Dessa forma, em Scrum, as decisões vão sendo tomadas ao longo do processo, que é desmembrado em ciclos curtosdenominados Sprints, com respaldo nas observações e em experimentos, e se baseiam em três ideias principais: transparência, inspeção e adaptação (SATPATHY, 2016). A Figura 2 abaixo apresenta os pilares do Scrum. Figura 2 – Pilares do Scrum Fonte: elaborado pelo autor. 99 9 A transparência permite a criação de uma cultura aberta impulsionada pelo desempenho e se dá pela execução de reuniões sucessivas, pela visão constante de progresso dos componentes e pela abertura de cronograma, requisitos e demais especificidades do projeto a todos. A inspeção ocorre ao longo de todo o processo pelo emprego de feedback constante, sucessivas validações e uso de ferramentas comuns para controle das etapas do processo. Por fim, a adaptação decorre do aprendizado gerado pela transparência e inspeção. A comunicação eficiente e constante que a metodologia proporciona permite a realização de melhorias, seja no próprio processo, seja no resultado ou para minimização de riscos. 1.3 Objetivos do guia SBOK O notório sucesso do emprego de Scrum pelas organizações, resultando em consistente alto retorno sobre investimento (SATPATHY, 2016), fez com que surgisse a demanda por um guia completo. O SBOK foi estruturado de maneira que atenda os que esperam utilizá- lo para projetos de desenvolvimento de produtos e/ou serviços, para emprego na gestão, em melhorias, ou para qualquer outro resultado. Segundo Sutherland (2007, p. 9), o Scrum irá: • aumentar a velocidade do desenvolvimento; • alinhar objetivos individuais e corporativos; • criar uma cultura impulsionada pelo desempenho; • apoiar a criação de valor para os acionistas; • conseguir uma comunicação estável e consistente de desempenho em todos os níveis; • melhorar o desenvolvimento individual e a qualidade de vida. 1010 Para que tais benefícios sejam garantidos, o guia SBOK foi desenvolvido com vistas a ser um guia indispensável para a implementação de projetos Scrum, a ser seguido não apenas pelos profissionais que pretendem conhecer o método, mas também sirva durante o processo para nortear os membros efetivos do projeto. ASSIMILE A metodologia ágil Scrum deve ser transparente, permitir inspeção contínua e adaptação. Para tanto, os aspectos e processos devem ser seguidos com atenção. Nesse sentido, o SBOK auxilia na efetiva implementação da metodologia e manutenção das etapas fundamentais. 2. A estrutura do guia SBOK O guia foi dividido em três áreas: princípios, aspectos e processos, que representam igual importância e interagem para compor a estrutura do Scrum. As áreas são apresentadas em diferentes capítulos, em detalhes. Ao mesmo tempo, o guia se monta com o cuidado de facilitar a aplicação prática ao diferenciar claramente as entradas, ferramentas e saídas, com conteúdo separado para as funções básicas desempenhadas pelo time central do Scrum (SATPATHY, 2016). 2.1 Princípios do Scrum Há seis princípios ou diretrizes fundamentais que devem ser obrigatoriamente respeitados para a aplicação da estrutura do Scrum: Controle de Processos Empíricos, Auto-organização, Colaboração, Priorização Baseada em Valor, Time-boxing, e Desenvolvimento Iterativo (SATPATHY, 2016), vide Figura 3. 1111 11 Figura 3 – Princípios do Scrum Fonte: adaptado de Satpathy (2016, p. 9). Tais princípios garantem a aplicação efetiva do Scrum e são pertinentes a quaisquer tipos de projetos. Os princípios devem ser empregados conforme descrito no guia SBOK sem modificações. Abaixo, a descrição de cada princípio, conforme Satpathy (2016, p. 10): 1. Controle de Processos Empíricos – Esse princípio enfatiza a filosofia central do Scrum com base em três ideias principais: transparência, inspeção e adaptação. 2. Auto-organização – Esse princípio está focado nos colaboradores atuais de uma organização, que entregam significativamente um maior valor quando são auto-organizados e isso resulta em times mais satisfeitos e responsabilidade compartilhada; e em um ambiente inovador e criativo que é mais propício ao crescimento. 3. Colaboração – Esse princípio concentra-se nas três dimensões básicas relacionadas com o trabalho colaborativo: consciência, articulação e apropriação. Também defende o gerenciamento de projetos como um 1212 processo de criação de valor compartilhado, com times trabalhando e interagindo em conjunto para atingirem melhores resultados. 4. Priorização Baseada em Valor – Esse princípio destaca o foco do Scrum em entregar o máximo de valor de negócio possível, durante todo o projeto. 5. Time-boxing – Esse princípio descreve como o tempo é considerado uma restrição limitada em Scrum, e como ele é usado para ajudar a gerenciar o planejamento e a execução do projeto com eficácia. Os elementos de Time-boxed em Scrum incluem os Sprints, as Reuniões Diárias, a Reunião de Planejamento do Sprint e a Reunião de Revisão do Sprint. 6. Desenvolvimento Iterativo – Esse princípio define o desenvolvimento iterativo e enfatiza como administrar melhor as mudanças e criar produtos que atendam às necessidades do cliente. Também delineia as responsabilidades do Dono do Produto e da organização, com relação ao desenvolvimento iterativo. 2.2 Aspectos do Scrum No guia SBOK há cinco capítulos dedicados exclusivamente aos aspectos que devem ser gerenciados durante o projeto Scrum (SATPATHY, 2016). O primeiro trata da Organização, que visa proporcionar a compreensão sobre os participantes do Scrum, seus papéis e responsabilidades. São apresentados os chamados papéis centrais, que se referem aos obrigatoriamente necessários (Dono do Produto, Time Scrum e Scrum Master) para o desenvolvimento do produto e serviço e os papéis não essenciais, que se referem às partes interessadas. Prosseguindo, há o capítulo de Justificativa de Negócio, que ampara os tomadores de decisão no entendimento das necessidades do negócio, tornando o projeto viável. A garantia do sucesso é impossível, mas a estratégia do Scrum é a entrega de resultados antecipada que visa reforçar o valor do projeto a investidores, como apresentado na Figura 4. 1313 13 Figura 4 – Etapas da justificativa de negócio em Scrum Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). ASSIMILE Para que haja entrega de valor nos projetos Scrum, há necessidade de priorizar os requisitos baseados no valor de negócios entregue a clientes e usuários, então, deve-se gerenciar da melhor maneira os riscos e mudanças, de modo que as partes interessadas possam priorizá-los ao final de cada Sprint, assim o valor vai ser gerado pelo desenvolvimento de incrementos utilizáveis de maneira rápida e eficaz. A qualidade, em Scrum, é o aspecto definido “como a capacidade dos produtos em atender aos critérios de aceitação e em alcançar o valor de negócio esperado pelo cliente” (SATPATHY, 2016, p. 14). 1414 A abordagem adotada pelo Scrum é a de melhoria contínua, em que o time central do projeto aprende com a experiência e o engajamento das partes interessadas a manter requisitos constantemente atualizados, incorporando as mudanças necessárias ao longo dos Sprints. A repetição de testes de qualidade e constante análise dos resultados propicia que os defeitos sejam notados mais cedo, podendo ser reparados durante o desenvolvimento do produto. Ao mesmo tempo, a atualização ao longo dos Sprints torna a qualidade inerente ao projeto, o que eleva a probabilidade de atingir os níveis estabelecidos. O próximo capítulo trata da mudança, que é sempre bem-vinda em projetos Scrum. A estrutura e os processos de desenvolvimento do Scrum são projetados para acatar as mudanças de maneira a maximizar os benefícios e minimizar os impactos negativos. As partes interessadas podem mudar de ideia ao longo do projeto, bem como, muito provavelmente, terão dificuldades em definir todos os requisitos no início do mesmo. Por esse motivo, há os Sprints com entregas que são verificadas assim que concluídas, podendo gerar alteração de requisitos. Porfim, o aspecto que fecha esta área do guia é o risco. No Scrum, os riscos que podem contribuir para o sucesso do projeto são as oportunidades e os que podem levar a seu fracasso são as ameaças. Há passos padronizados que devem ser seguidos para gerenciamento dos riscos ao longo de todo o ciclo de vida do projeto. Os riscos devem ser identificados, avaliados e respondidos com base em dois fatores: de probabilidade de ocorrência de cada risco e de impacto potencial em caso de tal ocorrência. Os riscos de alta probabilidade e valor impactante (determinado através da multiplicação dos dois fatores) devem ser tratados antes daqueles com valor relativamente menor. Em geral, uma vez que o risco seja identificado, é importante compreender as suas possíveis causas e os potenciais efeitos caso o mesmo venha a ocorrer (SATPATHY, 2016, p. 15). 1515 15 2.3 Processos do Scrum Os Processos do Scrum se referem às atividades que são desenvolvidas ao longo do projeto e ao fluxo do projeto, conforme Tabela 1, e são apresentados nos últimos cinco capítulos do guia (SATPATHY, 2016). Tabela 1 – Processos do Scrum Fase Processos Iniciar 1. Criar a Visão do Projeto 2. Identificar o Scrum Master e o(s) Stakeholder(s) 3. Formar o Time Scrum 4. Desenvolver os Épicos 5. Criar o Backlog Priorizado do Produto 6. Conduzir o Planejamento da Release Planejar e Estimar 7. Criar as Estórias de Usuário 8. Aprovar, Estimar e Comprometer as Estórias de Usuário 9. Criar as Tarefas 10. Estimar as Tarefas 11. Criar o Backlog do Sprint Implementar 12. Criar os Entregáveis 13. Conduzir a Reunião Diária 14. Refinamento do Backlog Priorizado do Produto Revisão e Retrospectiva 15. Convocar o Scrum de Scrums 16. Demonstrar e Validar o Sprint 17. Retrospectiva do Sprint Release 18. Enviar os Entregáveis19. Retrospectiva do Projeto Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). As fases apresentadas na Tabela 1 descrevem cada processo em detalhe, apontando entradas, ferramentas e saídas, sejam obrigatórias ou opcionais. A primeira fase, Iniciar, contempla a revisão do caso de negócio do projeto para criar a visão que irá inspirar e orientar todo o seu desenvolvimento, a identificação dos interessados e formação do Time Scrum, o Desenvolvimento dos Épicos, que são as Estórias dos Usuários, em itens, a priorização dos épicos para composição do Backlog do Produto, ou seja, a lista de funcionalidades necessárias, e a construção do cronograma de implementação faseado. 1616 Então, em Planejar e Estimar, são criadas as Estórias de Usuários, que são descrições detalhadas das necessidades para o produto, são estimados os esforços necessários para cumprir as funcionalidades descritas, criadas e estimadas as tarefas necessárias, e, por fim, é criado o backlog ou lista de prioridades do Sprint. Planejamento realizado, é o momento da Implementação. Nessa fase, são desenvolvidos os entregáveis, há Reuniões Diárias e preenchimento do Scrumboard para acompanhamento do desenvolvimento do projeto, e há o Refinamento do Backlog Priorizado do Produto para incorporação de mudanças que se fizerem necessárias. Com as entregas prontas, no caso de projetos grandes com vários Times Scrums, são convocadas reuniões, conforme necessário, para acompanhar progressos, dependências e impedimentos dos times. Ao final de cada Sprint, há a demonstração e validação das entregas para garantir a aceitação dos produtos e a Reunião de Retrospectiva, que propicia a discussão sobre o processo em si e possibilidades de melhoria. Finalmente, chega-se à fase de Release ou lançamento, em que há o envio ou a entrega dos resultados às partes interessadas e é realizada a retrospectiva completa do projeto para identificar, documentar e internalizar as lições aprendidas. Note que, por mais que o Scrum seja uma metodologia bastante flexível e que ofereça certa liberdade aos membros efetivos do time de desenvolvimento, há regras claras que devem ser seguidas e há documentação das atividades desenvolvidas. A gestão de projetos no modelo Scrum enfatiza um processo de desenvolvimento em ciclos com contínua melhoria e desempenho avaliado pelo valor do negócio. 1717 17 TEORIA EM PRÁTICA Uma maneira comumente utilizada para apresentar a metodologia Scrum é o treinamento de Scrum com pizzas. Esse método oferece uma boa visão geral do Scrum e certamente fará com que você compreenda bem seu funcionamento. A ideia é introduzir o Scrum em um ambiente descontraído, fora do trabalho, em que os funcionários se engajam para produzir pizzas. Primeiro são organizados times de até sete pessoas e definidos papéis cruciais para dois membros de cada time: de Dono do Produto e Scrum Master. Então, inicia-se o trabalho por Sprints. Cada Sprint nada mais será do que o ciclo necessário de atividades para produção de uma pizza. Todos os componentes do time terão a receita completa, mas cada um receberá uma tarefa específica a entregar, para que o Sprint possa ser finalizado com a entrega de uma pizza que atenda às especificações. O objetivo é que a cada pizza feita haja melhoria na execução, tornando o processo mais ágil e com mais valor agregado: mais recheio, bordas mais crocantes, massa mais bem trabalhada, etc. O aprendizado cria e aperfeiçoa o backlog do produto, ou o banco de funcionalidades e requisitos para a entrega das pizzas. Pense na atividade e correlacione aos conceitos que viu aqui. Como qualidade, mudanças e riscos devem ser tratados para atingir os objetivos do treinamento? Quais fases são fundamentais e como podem ser aplicadas à confecção de pizzas nesse contexto? 1818 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A denominação “Scrum” advém de um posicionamento bem estruturado dos jogadores no rugby, o que foi coerente com a ideia que se buscava passar de trabalho em unidade. A respeito da origem do Scrum, identifique a alternativa correta: a. O Scrum é a definição da metodologia ágil, consiste no único meio eficaz de empregar a metodologia ágil em organizações. b. O Scrum segue os valores da metodologia ágil que foram estabelecidos quando do estabelecimento do Manifesto ágil. c. O método Scrum pressupõe abordagem rígida, hierárquica e bem estruturada. d. O Scrum surgiu no Japão e foi criado para o desenvolvimento de softwares em empresas japonesas. e. O Manifesto ágil é um guia de melhores práticas, também conhecido como SBOK. 2. A metodologia Scrum foi desenvolvida com base em três pilares fundamentais que norteiam seus aspectos e processos para que os objetivos sejam alcançados. Os três pilares são: a. Coerência, precisão e qualidade. b. Eficiência, melhoria contínua e qualidade. 1919 19 c. Transparência, inspeção e adaptação. d. Eficiência, inspeção e precisão. e. Flexibilidade, dinamismo e adaptação. 3. Para que o desenvolvimento de um projeto Scrum seja efetivo, há que se atentar para os processos que serão desenvolvidos, que devem respeitar as fases do ciclo de vida do mesmo. Sobre os processos e fases do projeto, identifique a alternativa correta: a. A etapa de Release se refere à etapa de lançamento, de largada para iniciação do projeto. b. O backlog do produto só pode ser criado após finalizados os backlogs de tosos os Sprints. c. Estórias do Usuário são itens elencados durante a iniciação do projeto. d. As reuniões diárias ocorrem na implementação para acompanhamento do desenvolvimento do projeto. e. A retrospectiva do projeto é realizada no momento de iniciação do próximo projeto. Referências bibliográficas BISSI, W. Metodologia de desenvolvimento ágil. Campo Digital, v. 2, n. 1, 2007. SATPATHY, T. A Guide to the SCRUM BODY OF KNOWLEDGE (SBOKTM Guide). 3rd edition. SCRUMstudyTM, a brand of VMEdu, Inc. 2016. SUTHERLAND, J. et al. The scrum papers: nuts, bolts, and origins of an agile process. Scrum, Inc. Cambridge, 2007. 2020 Gabarito Questão 1 – Resposta: B O Manifesto ágil estabeleceu os valores que são seguidospor todas as metodologias ágeis, incluindo o Scrum. Foi desenvolvido após sucessivas aplicações com resultados positivos das metodologias ágeis, por uma equipe de profissionais com experiência no mercado. Questão 2 – Resposta: C Os três pilares fundamentais do Scrum são transparência dentre todos os envolvidos, a inspeção contínua que propicia ações de melhoria e a adaptação ao possibilitar a incorporação de mudanças. Questão 3 – Resposta: D Durante a implementação, há necessidade de reuniões diárias que irão propiciar o acompanhamento, a transparência e a inspeção das atividades desenvolvidas. 2121 21 Sprint – Ciclo de desenvolvimento do Scrum Autora: Dra. Raquel C. S. Melillo Objetivos • Fornecer uma visão geral do ciclo de desenvolvimento do Scrum. • Explicar o conceito de Sprint e seus diferenciais. • Apresentar os eventos e funcionamento dos Sprints. • Explicar as características dos Sprints e como os aspectos e processos do Scrum são trabalhados nesse formato. 2222 1. O ciclo do Scrum O Scrum é uma metodologia ágil que foi desenvolvida para que os projetos pudessem ser geridos de maneira a suportar adaptações e trazerem resultados rápidos, eficientes e flexíveis, por meio de um processo iterativo e flexível. A estrutura de trabalho provê o ambiente iterativo e flexível ao ser organizada em ciclos curtos e concentrados, os chamados Sprints. O ciclo do Scrum, de maneira resumida como demonstrado na Figura 5, se inicia com a Reunião do Stakeholder para compreender do que se trata o projeto. Então os requisitos e prioridades são listados, descritos em forma de Estórias de Usuários e priorizados pelo Dono do Produto. As Estórias priorizadas são apresentadas ao Time Scrum, durante a Reunião de Planejamento do Sprint. Cada Sprint irá durar entre uma e seis semanas, com Reuniões Diárias curtas, para criar as entregas a serem demonstradas na Reunião de Revisão ao Dono do Produto e Stakeholders. Uma vez aceitas as entregas, o ciclo de Sprint termina com uma Reunião de Retrospectiva do Sprint para discutir possíveis melhorias para o próximo Sprint (SUTHERLAND, 2007; SATPATHY, 2016). Figura 5 – Fluxo do Scrum para um Sprint Fonte: Scrum.org. Disponível em: https://www.scrum.org/resources/ scrum-framework-poster. Acesso em: 18 abr. 2019. https://www.scrum.org/resources/ scrum-framework-poster https://www.scrum.org/resources/ scrum-framework-poster 2323 23 Note que o processo do Scrum é cíclico e iterativo, ou seja, há repetições constantes que são realizadas para produção de cada um dos requisitos ou das funcionalidades necessárias ao projeto. As produções vão sendo realizadas em ciclos curtos, os Sprints, conforme as prioridades definidas, e uma vez validadas, passa-se para a próxima até a finalização do produto como um todo. O processo foi desenhado dessa maneira para que as entregas possam ser testadas e avaliadas conforme os critérios de aceitação e necessidades dos clientes, minimizando a probabilidade de que ao final do projeto o produto não atenda a requisitos e seja invalidado. As reuniões, ao mesmo tempo, foram estabelecidads para que haja acompanhamento constante das ações, metas e dos prazos dentro de cada Sprint. A estrutura bem definida ampara o Time Scrum durante o desenvolvimento. 1.1 Ciclos regulares: Sprint O Sprint é um elemento Time-boxed, ou seja, tem uma restrição limitada de tempo. Segundo Satpathy (2016, p. 33): Isso garante com que os membros do Scrum não usem muito tempo (ou pouco) em um trabalho específico, e não gastem o seu tempo e energia em um trabalho no qual eles tenham pouco conhecimento. Algumas das vantagens de Time-boxing: • Processo de desenvolvimento eficiente. • Redução de despesas gerais. • Alta velocidade para os times. Esse período de tempo delimitado, preestabelecido, pode levar em torno de um mês e irá corresponder ao tempo necessário para que um incremento do produto final, terminado, utilizável e potencialmente lançável seja criado (SUTHERLAND, 2007). 2424 Os Sprints devem ter períodos de duração consistentes ao longo dos esforços de desenvolvimento, de maneira que um novo Sprint deve ser iniciado imediatamente após a finalização do Sprint anterior. Assim se trata de ciclos curtos, que se repetem ao longo do projeto, Figura 5. O tempo restrito do Sprint é fundamental para amparar a gestão, planejamento e execução do projeto de maneira eficaz e eficiente. Segundo Sat pathy (2016), cada Sprint pode ser considerado como um projeto com não mais do que um mês de horizonte. Como projetos, Sprints são utilizados para realizar algo. Cada Sprint tem uma meta do que deverá ser construído, um projeto e um plano flexível que irá guiar a construção, o trabalho e o resultado do incremento do produto. Figura 6 – Ciclos curtos – Sprints Fonte: Maanas/iStock.com. O horizonte de um mês é estabelecido uma vez que, quando os prazos se tornam muito extensos, há possibilidade de haver mudanças nas definições do que está sendo construído, além da possibilidade de aumento de complexidade e dos riscos associados ao projeto. A divisão dos projetos em Sprints, com seus respectivos objetivos, ao mesmo tempo em que limita os períodos de tempo que serão dispendidos a cada atividade, limita e fraciona os riscos e permite maior previsibilidade ao assegurar inspeção e adaptações no progresso, 2525 25 direcionados às metas dos Sprints e não a todo o projeto. Dessa forma, há maior facilidade na absorção de mudanças e na solução de problemas relacionados a aspectos direcionados do projeto, no seu decorrer e não no todo. Vale ressaltar que, para o bom funcionamento do Sprint, há que se atentar para que mudanças que coloquem a meta do Sprint em perigo não sejam realizadas. Muitas necessidades de alterações podem ocorrer, a meta do Sprint, no entanto, deve ser preservada e as mudanças devem ser incorporadas com cautela ou trabalhadas no próximo Sprint. Outra questão fundamental a ser considerada são os padrões de qualidade e critérios de aceitação estabelecidos para as entregas de cada Sprint. Mesmo que haja intervenientes ou quaisquer questões não esperadas ao longo do Sprint, as metas de qualidade não devem ser prejudicadas. Por fim, como durante o desenvolvimento invariavelmente há aprendizado e verificação de possibilidades de melhorias ou adequações, o escopo do Sprint sempre pode ser renegociado e esclarecido entre Dono do Produto e Time Scrum ao longo do processo de desenvolvimento. PARA SABER MAIS O Sprint é um evento do Scrum. Todos os eventos têm prazos delimitados, mas no caso do Sprint, essa questão é levada ainda mais a sério. Uma vez que o Sprint se inicia, sua duração é fixada e não pode ser encurtada ou estendida. Para os demais eventos, no entanto, uma vez que os objetivos foram seguramente atingidos, há possibilidade de finalização (SATPATHY, 2016). 2626 1.2 O diferencial dos ciclos curtos O primeiro ponto a ser destacado é que os pilares do Scrum são empregados e acompanhados a cada Sprint sendo reforçados nos eventos e nas metodologias empregadas. Assim, transparência, inspeção e adaptação estão constantemente presentes na medida que o Time Scrum vai se aproximando da meta, gerando cada vez mais colaboração e confiança. Todas as informações referentes ao projeto e ao andamento das tarefas, como os responsáveis pelas mesmas, status de aceitação das entregas, etc., são dispostas em artefatos como o Scrumboard e o Burn Down Chart que são compartilhados e permanecem disponíveis, gerando um ambiente de trabalho aberto (SATPATHY, 2016). O processo, ao ocorrer em um ambiente aberto e colaborativo, com constante acompanhamento, possibilita maior controle sobre as ações e tarefas. Nesse sentido, a Reunião Diária e a Reunião de Revisão, em que há demonstração e validação das entregas, são momentos importantes que contribuem ao feedback contínuo. Com os feedbacks, as reuniões, o fracionamento de tarefas e a colaboração, as entregasmelhoram progressivamente ao longo dos Sprints. Esse processo de melhoria contínua se dá pelo processo de Refinamento do Backlog Priorizado do Produto. Tais circunstâncias do ambiente de trabalho e do progresso do projeto acabam propiciando maior motivação dos colaboradores, que passam a se sentir em um ambiente de alta confiança com baixo índice de atritos entre os membros do Time Scrum (SATPATHY, 2016). Em adição, as demandas do mercado cada vez mais complexo e competitivo são melhor sanadas se houver um processo contínuo de entregas eficazes que irão manter o cliente por perto (BISSI, 2004). As revisões periódicas e priorização correm nessa direção com o diferencial de que priorizar o backlog do produto faz com que haja entrega antecipada de valor. 2727 27 ASSIMILE O Scrum é um processo de contínuo aprendizado, então os participantes devem ser transparentes em relação às suas dificuldades, às entregas e aos prazos. Vale destacar ainda que quanto mais específica a tarefa a ser realizada, melhor. Tarefas bem direcionadas facilitam a avaliação, o trabalho do profissional responsável pelo seu desenvolvimento e geralmente resultam em entregas mais coerentes. 2. A estrutura do Sprint O Sprint, ao ser analisado de perto, traz um retrato resumido do fluxo do Scrum, ao passo de que envolve as cerimônias, artefatos e papéis do Scrum em suas etapas e processo de desenvolvimento (SATPATHY, 2016). Para que um entregável seja criado, todo o fluxo da metodologia deve funcionar de maneira coordenada, seguindo os critérios, etapas e princípios do Scrum. Não atender a um dos princípios ou deixar de cumprir uma cerimônia pode prejudicar o projeto como um todo ao impedir que todos os benefícios da metodologia possam ser gerados. 2.1 As fases principais e o tempo O Sprint, como já mencionado, tem diversas fases bem distintas e organizadas. O processo se inicia com a Reunião de Planejamento, que é realizada antes do Sprint, como parte do processo de criar o Backlog do Sprint. A reunião é dividida em duas partes (Time-boxed em oito horas para Sprints de um mês): a) definição do objetivo, em que o Dono do Produto explica ao Time Scrum as prioridades ou requisitos do Backlog Priorizado do Produto para que o objetivo do Sprint seja definido; b) estimativa de trabalho: em que se decide como cumprir a meta do Sprint (SATPATHY, 2016). 2828 Então o Sprint propriamente dito se inicia e cada membro do Time Scrum irá trabalhar para desenvolver as tarefas necessárias do Backlog do Sprint, para atender à meta estipulada e criar o incremento do produto ou os Entregáveis do Sprint. Um Scrum Board é utilizado nesse ponto para acompanhar as atividades em desenvolvimento, já os problemas enfrentados vão sendo registrados no Registro de Impedimentos. Diariamente, ao longo do Sprint, são realizadas ainda Reuniões Diárias curtas, Time-boxed em 15 minutos. Nessas reuniões, os membros se reúnem para explicar o que foi realizado, o que está previsto a ser realizado e se há algum impedimento para a tarefa (SATPATHY, 2016). As Reuniões Diárias são parte do processo e ocorrem no início dos turnos para que os membros iniciem o trabalho do dia sabendo a pauta, tendo compartilhado dificuldades ou avanços e fiquem a par do caminhar do Sprint para melhor colaborar para a finalização satisfatória do ciclo. Terminada a reunião, todos voltam aos seus postos e iniciam suas atividades. Findadas as tarefas e o Sprint, com os entregáveis prontos, há a próxima cerimônia que é a Reunião de Revisão do Sprint e consiste na demonstração e validação dos entregáveis do Sprint. Essa reunião é Time-boxed em quatro horas, em que há apresentação dos entregáveis ao Dono do Produto que irá compará-los aos Critérios de Aceitação acordados. Por fim, há a Reunião de Retrospectiva do Sprint que, para Sprints de um mês, é Time-boxed em quatro horas. O Time Scrum, então, se reúne para realizar uma análise e reflexões acerca do trabalho desenvolvido no último Sprint, das ferramentas empregadas, dos sistemas e mecanismos de comunicação e colaboração, dentre outros aspectos (SATPATHY, 2016). Tanto questões positivas quanto negativas são tratadas visando evoluir para o próximo Sprint. 2929 29 Figura 7 – Fases do Sprint e seu tempo Fonte: elaborado pelo autor. Finalizada a Reunião de Retrospectiva, o Dono do Produto, em posse das entradas e novas prioridades que apareceram após o término do Sprint anterior, as incorpora ao Backlog do Produto. Essa etapa de atualização consiste na adição de novos itens, modificação de preexistentes, reordenamento e, se necessário, eliminação de itens (SUTHERLAND, 2007). Uma vez finalizado o processo de atualização das prioridades, o ciclo está pronto para recomeçar com um novo Sprint, vide Figura 7. Os Sprints continuam até que o Dono do Produto chegue à conclusão de que o produto está quase pronto para o lançamento; nesse ponto do projeto, pode haver um Sprint de Lançamento para os retoques e refinamentos finais antes do lançamento propriamente dito, que deve ser planejado, dependendo da natureza do produto e do contrato com o cliente (SUTHERLAND, 2007). 3030 2.2 Aspectos do Sprint O funcionamento em Sprints do Scrum, com o desenvolvimento de incrementos do produto em ciclos curtos bem acompanhados, faz com que defeitos sejam identificados mais cedo, já que os testes de qualidade vão sendo aplicados nos Sprints e não apenas ao final do projeto (SATPATHY, 2016). Outra questão importante em relação à qualidade é que, como há testes por Sprints, ela é avaliada por entregável, sendo inerente a todos os incrementos do produto final, agregando ainda mais valor e garantindo padrões mais elevados de qualidade. Em relação às mudanças, há igualmente uma vantagem em relação ao emprego da gestão por Sprints. Os Sprints iterativos e curtos vão incorporando os feedbacks do cliente para cada incremento desenvolvido (SATPATHY, 2016). Dessa maneira, o cliente acompanha o desenvolvimento e vai refinando o produto final e adequando às suas necessidades por meio das solicitações de adequações ao longo dos Sprints. Os possíveis riscos relativos ao projeto igualmente são melhor trabalhados nos Sprints, uma vez que, com a fragmentação do projeto, as ações de minimização ou aproveitamento e análise de risco são mais factíveis. A estrutura do Scrum é direcionada à entrega máxima de valor em um mínimo período e o desenvolvimento das entregas em um sistema iterativo foi o modelo adotado para que o objetivo se tornasse possível. A ideia é que, em projetos mais complexos, muitas vezes, o cliente pode não conseguir fornecer todos os requisitos logo no início. Dessa forma, o sistema iterativo permite que as alterações necessárias sejam incorporadas com a constante atualização das Estórias de Usuários, que descrevem em detalhes suas necessidades. Essas Estórias de Usuários, no estágios iniciais do projeto, serão mais complexas, com altos níveis de funcionalidades, o que as torna muito dificultosas de serem desenvolvidas em um Sprint, são conhecidas como Épicos (SATPATHY, 2016). 3131 31 O processo de Refinamento do Backlog Priorizado do Produto é progressivo, fragmentando questões complexas a serem desenvolvidas para o projeto, sem deixar de garantir que cada Sprint produza entregáveis que gerem valor ao projeto. A correção de curso, com internalização de mudanças, gerenciamento de riscos e garantia de qualidade, vai sendo realizada a cada Sprint, com o conhecimento progressivo dos membros que vai sendo incorporado de maneira iterativa. A Figura 8 abaixo apresenta a comparação entre modelos tradicionais e o modelo de gerenciamento de projetos por Sprints. Note que, no modelo tradicional cascata, o valor a ser entregue só chega ao cliente no final do projeto, além do mais, a meta é alta desde o início até fim, o que pode contribuir para aumento da pressão sofrida pelos membros da equipe. No modelo com Framework Scrum, note queo valor a ser entregue vai chegando aos poucos ao cliente e diminuindo ao longo do processo de desenvolvimento do projeto, o que traz certa tranquilidade e sentimento de missão cumprida para os membros da equipe de desenvolvimento. O modelo tradicional de gestão de projetos trabalha em situações em que o escopo e os requisitos estão totalmente delineados no início do projeto, de maneira que a experiência demonstra que, muitas vezes, em projetos mais complexos, mesmo com o sucesso de implementação, o cliente pode não sair satisfeito. Para entregar maior valor e atender às necessidades dos clientes em uma realidade cada vez mais complexa, o sistema de Sprints e suas entregas constantes de incrementos utilizáveis, para o Scrum, é a melhor alternativa, já que permite incorporar conhecimento e tomadas de decisões baseadas em dados concretos. 3232 Figura 8 – Comparação entre Scrum e o modelo tradicional Fonte: adaptado de Satpathy (2016, p. 73). ASSIMILE Muitos projetos demandam situações específicas ou são realizados para clientes que solicitam algumas questões estruturais tradicionais. O emprego de Scrum não exclui a possibilidade de emprego de outras metodologias, são os chamados projetos híbridos, muito utilizados em diversos setores e situações de alta complexidade. 3333 33 2.3 Resultados do uso de Sprints Os resultados da implementação de Scrum por diversas organizações foram detalhados, analisados e compatibilizados para verificar a eficácia da metodologia. No processo, os usuários contribuíram para o documento final, que teve como base a análise dos resultados a partir da gestão em ciclos Sprints; a seguir, as respostas dos entrevistados (SUTHERLAND, 2007). Tabela 2 – Resultados do Scrum Item verificado Resultados Produtividade 68% dos entrevistados reportaram que Scrum melhora ou melhora muito; 5% reportaram que o Scrum piorou ou piorou muito; 27% reportaram não terem identificado mudanças com Scrum. A produtividade das equipes aumentou em uma média de 36%. Moral da equipe 52% dos entrevistados reportaram que Scrum melhora ou melhora muito; 9% reportaram que o Scrum piorou ou piorou muito; 39% reportaram não terem identificado mudanças com Scrum. Adaptabilidade 63% dos entrevistados reportaram que Scrum melhora ou melhora muito; 4% reportaram que o Scrum piorou ou piorou muito; 33% reportaram não terem identificado mudanças com Scrum. Prestação de contas 62% dos entrevistados reportaram que Scrum melhora ou melhora muito; 6% reportaram que o Scrum piorou ou piorou muito; 32% reportaram não terem identificado mudanças com Scrum. Colaboração e cooperação 81% dos entrevistados reportaram que Scrum melhora ou melhora muito; 1% reportaram que o Scrum piorou ou piorou muito; 18% reportaram não terem identificado mudanças com Scrum. 85% dos membros dos times disseram que continuariam utilizando o Scrum. Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Sutherland, 2007. Os resultados apresentados na Tabela 2 decorrem de um primeiro esboço dos estudos que demonstram a efetividade da metodologia Scrum, atestada em diferentes projetos e organizações, que embasou a expansão de seu uso no gerenciamento de projetos de variados tamanhos e naturezas. 3434 Note que o maior destaque entre os itens analisados foi a melhoria de colaboração e cooperação entre os membros das equipes. Esse dado está relacionado ao processo aberto, transparente, realizado em ciclos curtos. Os Sprints, quando bem aplicados e seguindo os eventos necessários, promovem maior colaboração e cooperação, uma vez que o alvo a ser atingido está mais próximo. Quando os membros do time de desenvolvimento de determinado projeto trabalham com um alvo distante, o alvo do produto final, pode ser um pouco difícil vislumbrar como aquelas tarefas que estão sendo realizadas os levarão até lá. Nesse contexto, aumentam os conflitos, incertezas e atritos entre os membros da equipe, além disso, a possibilidade de que um esforço de longo tempo pode ter sido em vão, ao ser identificada alguma irregularidade em relação aos critérios de aceitação, gera ansiedade e pode levar a grandes perdas. O trabalho em Sprints traz o alvo mais para perto dos membros do time de desenvolvimento, propiciando que os esforços sejam mais contidos, minimizando grandes perdas e promovendo a colaboração, uma vez que há metas consecutivas de diferentes naturezas, mas que recaem sobre toda a equipe e são acompanhadas por toda ela. Demais itens analisados igualmente demonstram resultados satisfatórios, no entanto, estão ainda muito relacionados à política das empresas, a questões trabalhistas, à natureza do negócio e às metas de produtividade. Concluindo, o Sprint é a célula-base do Scrum, um Sprint resume o funcionamento da gestão em Scrum, portanto, compreender seu funcionamento e seus aspectos primordiais faz com que o Scrum possa ser adequadamente implementado. 3535 35 TEORIA EM PRÁTICA O Sprint ajuda a organizar o desenvolvimento de um projeto ao dividi-lo em tarefas menores que vão sendo cumpridas ao longo de períodos determinados. Esse método contribui para que, desde o início, se tenha uma visão boa de resultados que vão sendo gerados, disciplina o trabalho e pode dar mais segurança ao profissional que periodicamente testa e confirma se está no caminho certo. Na prática, uma maneira bastante eficaz de organizar o Sprint e designar as tarefas a serem desenvolvidas pelos membros do Time Scrum é verificar os requisitos trazidos pelo Dono do Produto, que serão desenvolvidos para aquele Sprint e desmembrá-los em tarefas bem detalhadas (SUTHERLAND, 2007). Então, pode-se montar uma planilha com colunas que contenham informações como: a data do Sprint, o nome da tarefa, o tipo de tarefa, o nome do membro do Time Scrum que será responsável pela tarefa – por exemplo, no caso de um projeto de troca de equipamento, a pessoa X será responsável pelo desenho do projeto, a pessoa Y será responsável pela pesquisa de fornecedores e orçamentos e a pessoa Z irá verificar a possibilidade de adequações em planta –, o status da tarefa e observações. Nesse modelo, cada pessoa atualiza suas informações na planilha, o que possibilita que todos acompanhem o progresso do projeto. O Scrum Master pode acompanhar pela planilha também e melhor se preparar para as reuniões de acompanhamento. O Backlog do Sprint também pode ser colocado em sistemas ou planilhas colaborativas para que um acompanhe o progresso do outro; esse método ajuda a manter a disciplina no Sprint e a colaboração entre os membros da equipe. Há como acrescentar informações, como a ideia que está sendo desenvolvida, o tempo médio de desenvolvimento e dados 3636 como revisão e aprovação. No caso do exemplo, ao verificar que a pessoa X terminou o desenho e este foi aprovado, a pessoa Z pode refinar sua análise de adequações na planta e até chamar X para contribuir. Independente do processo empregado, não se esqueça de deixar no Sprint espaço de tempo para possíveis mudanças e adequações, além disso, em projetos de desenvolvimento ou em que há tarefas nunca desempenhadas, deve-se ter cautela ao definir prazos e talvez seja necessário fragmentar em mais etapas. Faça um teste, monte planilhas que podem ser acessadas pela sua equipe e promova mais colaboração no desenvolvimento de seu projeto. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. O Scrum é uma metodologia ágil que foi desenhada para que projetos complexos fossem contemplados da melhor maneira, entregando valor constantemente ao cliente. Sobre seu funcionamento, identifique a alternativa correta: a. O Scrum é um modelo de gestão de projetos tradicionalmente empregado nas empresas. b. O Scrum ocorre pelo sistema cascata, em que há sucessivas fases durante o projeto até a entrega final do produto. c. O método Scrum envolve o desenvolvimento de um processo flexível e iterativo. d. O Scrum ocorre por Sprints que seguem integralmente o escopo inicial do projeto.3737 37 e. O projeto, para que possa empregar a metodologia Scrum, deve ter todos seus requisitos inicialmente definidos. 2. O Sprint se desenha com base nos pilares do Scrum na medida em que prevê e subsidia: a. Transparência, inspeção e adaptação. b. Eficiência, melhoria contínua e qualidade. c. Flexibilidade, dinamismo e entregas. d. Gestão de riscos, qualidade e precisão. e. Mudanças, riscos e qualidade. 3. O Sprint é um evento Time-boxed do Scrum, que ocorre em ciclos ao longo do desenvolvimento do projeto. Sobre o desenvolvimento do projeto por Sprints, identifique a alternativa correta: a. O Time-boxing pode elevar as despesas gerais, mas é importante para a qualidade das entregas. b. O backlog do produto é desenvolvido durante o Sprint de desenvolvimento. c. Estórias do Usuário embasam as reuniões de retrospectiva do Sprint. d. O funcionamento por Sprints contribui para a alta velocidade dos Times do Scrum. e. A Reunião Inicial do Sprint, ou Reunião de Abertura, é realizada na presença do cliente para confecção do contrato. 3838 Referências bibliográficas BISSI, W. Metodologia de desenvolvimento ágil. Campo Digital, v. 2, n. 1, 2007. SATPATHY, T. A Guide to the SCRUM BODY OF KNOWLEDGE (SBOKTM Guide). 3rd edition. SCRUMstudyTM, a brand of VMEdu, Inc. 2016. SUTHERLAND, J. et al. The scrum papers: nuts, bolts, and origins of an agile process. Scrum, Inc. Cambridge, 2007. Gabarito Questão 1 – Resposta: C A estrutura do Scrum foi desenhada para proporcionar maior flexibilidade à gestão de projetos, e a iteratividade foi a chave que atribuiu tal característica à metodologia. Questão 2 – Resposta: A Os três pilares fundamentais do Scrum são: transparência, assegurada pelo desenvolvimento em ambiente aberto e colaborativo; inspeção, que ocorre durante todos os Sprints na validação e demonstração dos entregáveis; e adaptação, possível após compatibilização das entregas dos Sprints às necessidades do cliente. Questão 3 – Resposta: D Os ciclos curtos para desenvolvimento de incrementos favorecem a maior colaboração e o cumprimento de prazos, o que contrubui para o aumento da velocidade dos times que empregam Scrum. 3939 39 Papéis no Scrum Autora: Dra. Raquel C. S. Melillo Objetivos • Apresentar os principais papéis desempenhados em projetos Scrum. • Explicar os papéis centrais e os não essenciais. • Descrever a equipe do Scrum e suas características. • Fornecer uma visão geral sobre as responsabilidades de cada papel. 4040 1. Diferentes papéis em Scrum A metodologia ágil Scrum designa diferentes papéis para garantir as melhores práticas durante o gerenciamento de projetos. Cada papel pressupõe funções e responsabilidades específicas com o objetivo de propiciar a manutenção dos princípios do Scrum e de sua estrutura ao longo de todo o projeto. O Guia para o conhecimento das melhores práticas em Scrum, ou do inglês, Scrum Body of Knowledge (SBOK), apresenta um “guia de papéis” do Scrum que visa subsidiar a compreensão a respeito das especificidades e dos graus de participação dos envolvidos (SATPATHY, 2016). 1.1 A organização e os papéis no Scrum A definição dos papéis no Scrum é atribuição da organização, primeiro aspecto tratado no guia do Scrum. Nesse tópico, são descritos todos os papéis e detalhadas suas funções para que seja possível manter a estrutura e o desenvolvimento do projeto conforme preceitos da metodologia. Entender os papéis e responsabilidades pode ser a chave para implementação do projeto Scrum (SATPATHY, 2016). Os papéis do Scrum são divididos em duas categorias principais, a primeira categoria comtempla os chamados Papéis Centrais. Dentre os Centrais há três papéis principais (SUTHERLAND, 2007): Dono do Produto, Scrum Master e Time Scrum. Os referidos papéis se trata dos obrigatoriamente necessários para produzir o produto do projeto, responsáveis pelo sucesso de cada Sprint e do projeto como um todo (SATPATHY, 2016). Segundo Bissi (2007), os papéis centrais tratam da equipe que atua efetivamente no projeto e deve haver excelente entrosamento de seus membros. Ressalta-se ainda que não deve haver autoridade de um papel sobre o outro (SATPATHY, 2016). 4141 41 Segundo Satpathy (2016), os papéis são: • O primeiro papel é o do Dono do Produto, quem representa a voz do cliente e tem como responsabilidade traduzir e coordenar as necessidades do cliente e cuidar pela manutenção da justificativa de negócio, sempre com o objetivo de alcançar o maior valor de negócio para o projeto. • O Scrum Master, por sua vez, irá atuar como facilitador, de modo a tornar o ambiente de trabalho propício para que o Time Scrum finalize o projeto. Seu objetivo é assegurar a implementação dos processos do Scrum, atentando-se para que impedimentos ou problemas sejam sanados, de maneira colaborativa, para que todos os envolvidos cooperem para as melhores práticas do Scrum. • Por fim, o Time Scrum se caracteriza como o grupo de pessoas que terá a responsabilidade de efetivamente desenvolver as entregas do projeto. É importante que compreendam os requisitos que o Dono do Produto especificou, atentem para as orientações e contem com o apoio do Scrum Master, e trabalhem de maneira auto-organizada para criação do produto. A Figura 9 apresenta como os três papéis centrais se relacionam. O papel do cliente foi inserido apenas para melhor contextualização das atividades. 4242 Figura 9 – Papéis centrais no Scrum Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). PARA SABER MAIS O guia SBOK traz um tópico que aborda as teorias mais populares de RH e as relaciona aos Projetos Scrum. Vale consultar para que sirva de amparo no momento de definir modelos de liderança, lidar com conflitos e estabelecer melhores práticas de gestão de pessoas. A segunda categoria de papéis do Scrum trata dos Papéis Não Essenciais, e se refere aos papéis que não são obrigatoriamente necessários ao projeto, mas que devem ser considerados (SATPATHY, 2016). Podem incluir interessados sem papel formal no projeto ou quaisquer parceiros que poderão contribuir para seu desenvolvimento. Dentre os Papéis Não Essenciais, segundo Satpathy (2016), estão: 4343 43 • Os Stakeholders, termo que inclui diversos possíveis influenciadores do projeto – como os clientes, os usuários e os patrocinadores – que podem interagir com o Time Central do Scrum e contribuir para o desenvolvimento do mesmo. • O Scrum Guidance Body, que pode se referir a um conjunto de documentos ou especialistas que atuam no amparo e na orientação dos papéis centrais durante a definição de objetivos relacionados a qualidade, regulamentações governamentais, segurança e demais fatores-chave da organização. • Os fornecedores podem ser necessários na medida em que pode haver produtos e ou serviços que não pertencem às competências essenciais da organização do projeto. • Há ainda a possibilidade de haver um Dono do Produto Chefe, necessário em projetos maiores, esse papel terá como responsabilidade facilitar o trabalho dos Donos dos Produtos e manter a justificativa do negócio. • Por fim, o Scrum Master Chefe, como no caso do Dono do Produto Chefe, irá atuar em projetos grandes, que exigem diferentes Times Scrum. Sua atividade principal será voltada a coordenar as atividades relacionadas ao Scrum. 1.2 Auto-organização O Scrum trabalha com Times auto-organizados (SCHWABER, 2004; BISSI, 2007; SUTHERLAND, 2007; SATPATHY, 2016). Para tanto, a liderança deve ser direcionada à obtenção de resultados, focando nas necessidades do Time Scrum. Satpathy (2016, p. 27) salienta as características da auto-organização: • Comprometimento da equipe e propriedade compartilhada. • Motivação, o que resulta em um nível melhor de desempenho do time. • Ambiente inovador e criativo favorável ao crescimento. 4444 A auto-organização não significa liberdade total, significa que, em vez de uma gestão que pressione a equipe a trabalhar para asentregas, há possibilidade de o time selecionar e organizar seu próprio trabalho e se auto-organizar por meio de comunicação estreita e acordos mútuos (SUTHERLAND, 2007). Uma vez definida a Visão do Produto, são identificadas as pessoas que irão assumir os papéis centrais. Estas irão atuar diretamente com os stakeholders para aperfeiçoar requisitos, adquirindo experiência e conhecimento, fundamentais para todo o planejamento do projeto (SATPATHY, 2016). As regras do Scrum são simples e direcionam os envolvidos para que se auto-organizem de maneira a desenvolver as tarefas com vistas a inspeções contínuas, possibilidade de adaptações e emergência de ideias inovadoras e criativas (SUTHERLAND, 2007). Com isso, há maior sucesso na entrega de resultados tangíveis, solução de problemas ou discrepâncias e no aprimoramento das tarefas. O formato foi pensado para que o máximo de valor seja agregado ao produto, possível graças a um ambiente de trabalho que contribua para satisfação e espírito de equipe dos membros. Entende-se que a autonomia pode melhorar a qualidade de trabalho dos Times e aumentar a retenção de funcionários (SUTHERLAND, 2007). 1.3 Colaboração Neste ponto, há que se destacar a importância de que o ambiente também promova a colaboração entre os membros dos Times, de modo que possam interagir em conjunto com os stakeholders na criação e validação dos projetos, de maneira a atingir seus objetivos (SATPATHY, 2016). Abaixo estão relacionadas as dimensões do trabalho colaborativo: • Consciência – Os indivíduos que trabalham juntos precisam estar cientes do trabalho um do outro. 4545 45 • Articulação – Os colaboradores devem dividir o trabalho em unidades, dividir as unidades entre os membros do time, e em seguida, assim que o trabalho for concluído, devem reintegrá-lo. • Apropriação – Adaptação de tecnologia para a própria situação; a tecnologia pode ser usada de uma maneira completamente diferente do que esperado originalmente. (SATPATHY, 2016, p. 29) Como pode ser observado na Figura 10, entende-se que a colaboração minimiza a necessidade de mudanças em decorrência de requisitos mal esclarecidos, que há identificação e tratamento mais eficiente dos riscos, que o Time tem possibilidade de atingir seu verdadeiro potencial e que as lições aprendidas em conjunto promovem e asseguram a melhoria contínua. Figura 10 – Os benefícios da colaboração em Scrum Fonte: SATPATHY, 2016. 4646 ASSIMILE Para que o Time atinja o máximo de colaboração e se auto- organize, é fundamental investir na boa comunicação. Para tanto, uma boa estratégia é manter os membros do Time localizados em um mesmo ambiente, o que beneficia tanto a comunicação formal quanto informal. 2. As responsabilidades dos papéis principais O Dono do Produto O Dono do Produto é a figura de ligação entre stakeholders e Time Scrum ao representar os interesses dos primeiros e garantir que sejam comunicados de maneira clara para o Time Scrum. Requisitos de funcionalidades serão o foco do trabalho, originando os Critérios de Aceitação, que devem ser acompanhados para que sejam cumpridos (SATPATHY, 2016). Segundo Sutherland (2007), esse papel é responsável por definir as funcionalidades e as datas das entregas das mesmas, pela rentabilidade do produto, por priorizar as funcionalidades para agregar valor ao produto, bem como pelas mudanças de funcionalidades e suas prioridades, e ainda é encarregado de aceitar ou rejeitar as entregas em acordo com os Critérios de Aceitação. O papel do Dono do Produto tem como objetivo garantir que seja entregue valor ao cliente. Por esse motivo, é fundamental ter bom conhecimento e compreensão sobre necessidades e prioridades dos stakeholders, o que é traduzido em Scrum como a Voz do Cliente, e sobre as necessidades e forma de trabalho do Time Scrum (SATPATHY, 2016). 4747 47 Scrum Master O Scrum Master é o chamado “líder servidor” do Time Scrum, considerando seu modelo de liderança que promove o ambiente leve e colaborativo. É o papel encarregado de moderar e facilitar a interação do time, agindo como motivador e mentor do mesmo (SATPATHY, 2016). Esse papel foi criado para assegurar que o time seja funcional e produtivo; viabilizar a cooperação de todos, independente de papéis e funções, e remover barreiras; assegurar que o processo seja seguido em todas as suas etapas e eventos; e ainda para atuar na organização de todas as reuniões (SUTHERLAND, 2007). Conforme salientam Bissi (2007) e Satpathy (2016), o Scrum Master é responsável por garantir que o time tenha um ambiente de trabalho produtivo, tomando decisões rápidas, protegendo o time de influências externas, removendo quaisquer obstáculos que poderiam desacelerar ou mesmo parar o projeto em pontos críticos, e aplicando os princípios, aspectos e processos do Scrum. Time Scrum Finalmente, como explica Satpathy (2016), o Time Scrum pode ser entendido como o Time de Desenvolvimento, como os responsáveis pelo desenvolvimento do produto, serviço ou de outro resultado esperado para o projeto. Importante destacar que o Time Scrum deve ter em torno de sete membros – se houver mais membros do que se possa gerir em Scrum, devem ser separadas equipes, e cada equipe Scrum irá atuar em uma área específica do projeto –, que irão selecionar a meta do Sprint e especificar as entregas para desenvolvimento das atividades necessárias; os membros têm liberdade para atingir as metas do Sprint, obviamente dentro dos limites das diretrizes do projeto; auto- organizam-se e a seu trabalho; e apresentam prévias ao Dono do Projeto (BISSI, 2007; SUTHERLAND, 2007). 4848 Trata-se de um grupo de indivíduos que trabalham à sua maneira, no tempo designado para os Sprints, com base nas Estórias de Usuário do Backlog do Sprint e de modo a criar as entregas para o projeto (SATPATHY, 2016). Na Tabela 3, abaixo, há um resumo das responsabilidades de cada um dos papéis ao longo dos processos do Scrum. Tabela 3 – Resumo das responsabilidades de cada papel previsto no Scrum Processos Dono do Produto Scrum Master Time Scrum Identificar o Scrum Master e o(s) Stakeholder(s) • Definir Visão • Criar Orçamento • Identificar Stakeholders • ---- Formar o Time Scrum • Finalizar Scrum Master • Identificar Stakeholders • Facilitador • Disponibilizar Recursos • Fornecer Inputs Desenvolver o(s) Épico(s) • Determinar Membros • Desenvolver Planos • Facilitador • Garantir Compreensão Criar o Backlog Priorizado do Produto • Priorizar Itens • Definir Critérios Aceitação • Ajudar Dono do Produto • Compreender as Estórias Conduzir o Planejamento da Release • Criar Cronograma • Ajudar a Determinar Duração Sprint • Coordenar Criação do Cronograma • Determinar Duração Sprint • Concordar com Duração dos Sprints • Esclarecer Dúvidas Criar as Estórias de Usuário • Criar as Estórias • Definir Critérios Aceitação • Facilitador • Fornecer Inputs Aprovar, Estimar e Comprometer as Estórias de Usuário • Aprovar Estórias • Facilitar o Time Scrum • Facilitador • Estimar Estórias • Comprometer Estórias para o Sprint Criar as Tarefas • Explicar Estórias para o Time Scrum • Criar Lista de Tarefas • Facilitador • Desenvolver Lista de Tarefas Estimar as Tarefas • Orientar Time Scrum • Facilitador • Estimar Esforços 4949 49 Criar o Backlog do Sprint • Esclarecer Requisitos para o Time Scrum • Criar Backlog do Sprint • Facilitador • Desenvolver Backlog do Sprint • Desenvolver Gráfico BurnDown Criar os Entregáveis • Esclarecer Requisitos para o Time Scrum • Dar Suporte • Documentar Desenvolvimento • Criar Entregáveis • Identificar Riscos • Atualizar Registros Conduzir a Reunião Diária • ---- • Garantir Atualização de Registros • Atualizar Registros • Discutir Problemas • Identificar Riscos • Submeter Solicitações de Mudança Refinamento do Backlog Priorizado do Produto • Refinar o Backlog • Facilitador • Participar das Reuniões Convocaro Scrum de Scrums • ---- • Discutir Resolver Problemas • Fornecer Inputs Demonstrar e Validar o Sprint • Aceitar/Rejeitar Entregáveis • Dar Feedback • Atualizar Planos • Facilitador • Demonstrar Entregáveis Envio dos Entregáveis • Ajudar a Implantar a Release • ---- • ---- Retrospectiva do Sprint • Participar da Reunião • Garantir Ambiente Ideal para Sprints Seguintes • Identificar Oportunidades de Melhorias Retrospectiva do Projeto • Participar da Reunião • Representar Time Central • Participar da Reunião Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). 2.1 Seleção de pessoal e tamanho do Time Scrum Selecionar o pessoal que irá atuar no projeto Scrum requer atenção a algumas habilidades e competências necessárias para que as atividades e responsabilidades esperadas de cada papel possam ser exercidas de maneira adequada. Vide Figura 11, abaixo. 5050 Figura 11 – Habilidades e competências para cada papel central Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). Deve-se atentar ainda para que o Time Scrum trabalhe em alto nível de colaboração para maximizar a produtividade, de modo que a mínima coordenação seja necessária, e que seja composto de seis a dez membros para que seja grande o suficiente para garantir os conjuntos de habilidades adequadas, mas pequeno o suficiente para facilitar a colaboração (SATPATHY, 2016). 2.2 Projetos, Programas, Portfólios e os papéis no Scrum Há que se definir as diferenças entre Projetos, Programas e Portfólios para que se possa explicar a atuação dos papéis centrais do Scrum em cada situação. Abaixo, a citação traz as definições: Projeto – Um projeto é um empreendimento colaborativo com o objetivo de criar novos produtos ou serviços, ou para entregar resultados conforme definido na Declaração da Visão do Projeto. Os projetos são geralmente afetados por restrições de tempo, custo, escopo, qualidade, pessoas e capacidades organizacionais. O objetivo do time do projeto é o de criar entregas conforme definido no Backlog Priorizado do Produto. 5151 51 Programa – Um programa é um grupo de projetos relacionados, com o objetivo de entregar resultados de negócio, conforme definido na Declaração da Visão do Programa. O Backlog Priorizado do Programa incorpora os Backlogs Priorizados dos Produtos para todos os projetos do programa. Portfólio – O portfólio é um grupo de programas relacionados, com o objetivo de entregar resultados de negócio, conforme definido na Declaração da Visão do Portfólio. O Backlog Priorizado do Portfólio integra os Backlogs Priorizados dos Programas para todos os programas do portfólio. (SATPATHY, 2016) Nesse sentido, os papéis descritos até o momento são direcionados ao desenvolvimento de projetos. Em Programas e Portfólios, haverá papéis adicionais essenciais para articular os trabalhos. Os papéis se referem, no caso dos Programas, ao Dono do Produto do Programa e ao Scrum Master do Programa, que irão desenvolver funções semelhantes às do Dono do Produto e do Scrum Master, porém, atendem às necessidades do Programa ou da empresa, em vez de atender às necessidades de um único Time Scrum (SATPATHY, 2016). Concluindo, o mesmo ocorre com os Portfólios, em que há Dono do Produto do Portfólio e o Scrum Master do Portfólio, papéis semelhantes aos dos Projetos, mas que irão se concentrar em atender às necessidades do Portfólio ou da empresa (SATPATHY, 2016). ASSIMILE “Os problemas e questões enfrentados quando se utiliza o Scrum dentro do Programa ou Portfólio, envolvem principalmente a coordenação entre vários times. Podendo levar ao fracasso se não for cuidadosamente gerenciada. As Ferramentas utilizadas para a comunicação precisam ser dimensionadas para corresponderem às exigências dos times envolvidos no programa ou portfólio” (SATPATHY, 2016). 5252 2.3 Responsabilidades gerais A Tabela 4 apresenta o resumo das responsabilidades gerais de cada papel do Scrum, incluindo os papéis centrais que atuam em Programas e Portfólios. Tabela 4 – Papéis do Scrum Papéis Responsabilidades Scrum Guidance Body • Estabelecer as diretrizes e as medidas gerais para as descrições dos papéis pelos membros do Time Scrum. • Atuar como consultores de projetos em diferentes níveis para toda a organização. • Entender e definir os níveis adequados de agrupamento, de papéis e de reuniões para os projetos Scrum. Dono do Produto do Portfólio • Definir os objetivos estratégicos e as prioridades para os Portfólios. Scrum Master do Portfólio • Resolver os problemas e coordenar as reuniões para os Portfólios Dono do Produto do Programa • Definir os objetivos estratégicos e as prioridades para os Programas. Scrum Master do Programa • Resolver os problemas e coordenar as reuniões para os Programas. Stakeholder(s) • Clientes, usuários e patrocinadores. • Interagir frequentemente com o Dono do Produto, Scrum Master e com o Time Scrum e fornecer Inputs e facilitar a criação das entregas do Projeto. Dono do Produto • Criar os requisitos iniciais gerais do Projeto e manter o Projeto em andamento. • Nomear as pessoas adequadas para os papéis de Scrum Master e Time Scrum. • Fornecer os recursos financeiros para o início do Projeto e durante o seu andamento. • Determinar a Visão do Projeto. • Avaliar a viabilidade e garantir a entrega do produto ou serviço. • Garantir a transparência e clareza dos itens do Backlog Priorizado do Produto. • Decidir o conteúdo mínimo para release comercial. • Fornecer os Critérios de Aceitação para as Estórias de Usuário a serem desenvolvidas em um Sprint. • Inspecionar as entregas. • Decidir a duração do Sprint. 5353 53 Scrum Master • Garantir que os processos do Scrum sejam corretamente seguidos por todos os membros do time, incluindo o Dono do Produto. • Assegurar que o desenvolvimento do produto ou serviço ocorra sem problemas e que os membros do Time Scrum tenham todas as ferramentas necessárias para a realização do trabalho. • Supervisionar a Reunião de Planejamento da Release e agendar as outras reuniões. Time Scrum • Assumir a responsabilidade coletiva e garantir que as entregas do Projeto sejam criadas de acordo com os requisitos. • Garantir ao Dono do Produto e ao Scrum Master que o trabalho alocado será realizado de acordo com o plano. Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). TEORIA EM PRÁTICA O papel do Scrum Master, muitas vezes, pode não ser muito fácil de se desenvolver, já que envolve orientar, direcionar e manter a equipe na estrutura do Scrum, sem que haja interferência hierárquica ou afete a organização colaborativa do time. Na prática, o Scrum Master deve se atentar para que seja possível: manter o foco nas entregas, eliminando possíveis distrações da equipe; antever impedimentos para finalização dos entregáveis; cumprir promessas; e estabelecer um bom relacionamento com o Dono do Produto. Tais conquistas apenas serão possíveis uma vez que o Scrum Master estabeleça uma boa relação de confiança com a equipe, tenha entendimento a respeito das tarefas que estão sendo desenvolvidas e acompanhe o trabalho de perto. Uma boa maneira de realizar o acompanhamento é aproveitar as reuniões diárias com perguntas certeiras e prestar atenção ao que é falado e aos detalhes do desenvolvimento. 5454 O direcionamento é dado durante as reuniões e no acompanhamento do preenchimento de boards com as informações do andamento do projeto. A colaboração e a confiança se estabelecem uma vez que há um bom relacionamento, transparente e com comunicação e assistência constante. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A metodologia ágil Scrum designa diferentes papéis para garantir as melhores práticas durante o gerenciamento de Projetos. A respeito dos papéis do Scrum, identifique a alternativa correta: a. O cliente é um papel central, obrigatoriamente necessário para o desenvolvimento do Projeto. b. O Scrum Master é a voz do cliente, ele trata diretamente com o clientesobre os requisitos do Projeto. c. O Dono do Produto nada mais é do que o cliente do projeto, quem solicita determinado produto. d. O Time Scrum deve ter de seis a dez membros para que contemple as habilidades necessárias e seja colaborativo. e. O Stakeholder não é contemplado dentre os papéis do Scrum, que enfoca apenas nas equipes de desenvolvimento. 5555 55 2. Os papéis do Scrum são divididos em duas categorias principais, a primeira categoria contempla os chamados papéis centrais. Os três papéis são: a. Cliente, Usuário e Time Scrum. b. Cliente, Dono do Produto e Time Scrum. c. Stakeholders, Clientes e Usuários. d. Stakeholders, Time Scrum e Dono do Produto. e. Dono do Produto, Scrum Master e Time Scrum. 3. Programas e Portfólios têm papéis específicos em adição aos papéis designados para o desenvolvimento dos Projetos. Sobre os papéis e suas responsabilidades, identifique a alternativa correta: a. O Dono do Produto do Programa é responsável por coordenar os Times Scrum dos diferentes projetos para que se atentem à estrutrura do Scrum. b. O Scrum Master do Portfólio tem responsabilidades semelhantes ao Scrum Master de Projetos, mas atende às necessidades do portfólio ou da empresa. c. O Dono do Produto do Portfólio atua como líder na orientação do negócio, responsável por coordenar as reuniões do Scrum. d. O Scrum Master do Portfólio é selecionado dentre um dos Scrum Master do Projeto, que irá receber mais atribuições. e. O Scrum Master do Programa atua no lugar do Scrum Master do Projeto, criando eventos únicos para minimizar perda de tempo. 5656 Referências bibliográficas BISSI, W. Metodologia de desenvolvimento ágil. Campo Digital, v. 2, n. 1, 2007. SATPATHY, T. A Guide to the SCRUM BODY OF KNOWLEDGE (SBOKTM Guide). 3rd edition. SCRUMstudyTM, a brand of VMEdu, Inc. 2016. SCHWABER, K. Agile project management with Scrum. Redmond: Microsoft press, 2004. SUTHERLAND, J. et al. The scrum papers: nuts, bolts, and origins of an agile process. Scrum, Inc. Cambridge, 2007. Gabarito Questão 1 – Resposta: D Clientes e Stakeholders são papéis não essenciais; dentre os papéis centrais estão o Dono do Produto, que é a voz do cliente, e o Scrum Master, que orienta os Times Scrum que são compostos de aproximadamente sete membros que devem ter as habilidades necessárias ao projeto sem comprometer o ambiente colaborativo. Questão 2 – Resposta: E Os três papéis centrais são os obrigatoriamente necessários para desenvolver o projeto e contemplam: Dono do Produto, Scrum Master e Time Scrum. Questão 3 – Resposta: B Os Donos do Produto e Scrum Masters, sejam do Projeto, Programa ou Portfólio, têm responsabilidades semelhantes. A diferença é que ao atuar em Programas e Portfólios, passa-se a atender às necessidades do Programa ou Portfólio em vez das necessidades específicas do Time Scrum. 5757 57 Artefatos: Product backlog, Sprint Backlog e Burndown Chart Autora: Dra. Raquel C. S. Melillo Objetivos • Apresentar os principais artefatos do Scrum. • Explicar como os artefatos são criados. • Descrever os artefatos e suas características. • Destacar as principais ferramentas e os critérios empregados. 5858 1. Artefatos do Scrum O Scrum tem como uma de suas peculiaridades o estabelecimento de ferramentas de apoio que auxiliam a estruturação do projeto e norteiam as atividades em direção aos pilares do Scrum: transparência, inspeção e adaptação (SUTHERLAND, 2007). Tais ferramentas de apoio constituem os chamados artefatos, que foram projetados especificamente para maximizar a transparência das informações, beneficiando a compreensão geral acerca dos mesmos e do projeto (SCHWABER; SUTHERLAND, 2017). 1.1 Product Backlog O Product Backlog corresponde, basicamente, a uma listagem ordenada (Figura 11) das funcionalidades, dos requisitos necessários para o desenvolvimento do produto. O Dono do Produto é responsável pelo Product Backlog no que se refere a conteúdo, priorização, disponibilidade e refinamento, detendo a palavra final a esse respeito perante o Time Scrum (SCHWABER & SUTHERLAND, 2017). Figura 11 – Priorização do Product Backlog Fonte: elaborado pelo autor. 5959 59 Importante esclarecer que o Product Backlog nunca está completo, pelo contrário, está em constante evolução, seja por conta da necessidade de mudanças com o surgimento de novos requisitos ou por conta de uma alteração técnica a ser implementada (SCHWABER, 2004). O dinamismo do referido artefato permite a evolução do projeto para que o produto final seja mais apropriado, competitivo e tenha maior valor agregado. Todas as características, funcionalidades, os requisitos, além de melhorias e correções necessárias, entram na listagem e são organizados mediante atributos de: descrição – que incluem a descrição de testes de comprovação da finalização dos mesmos – ordem, complexidade, estimativa e valor (SCHWABER, 2004; SCHWABER; SUTHERLAND, 2017). Manter a organização do Product Backlog é um dos maiores desafios do Scrum, principalmente por conta da complexidade necessária para cumprimento das Estórias de Usuário – forma em que são descritos os requisitos – e da dificuldade de priorização (SCHWABER, 2004). Pode-se dizer que o Product Backlog é um artefato vivo, uma vez que os requisitos nunca param de sofrer mudanças mesmo depois que o produto é inserido no mercado, já que, quando comercializado, será colocado em uso, irá ganhar valor e gerar feedbacks que, juntamente às condições de mercado e tecnológicas, podem impulsionar alterações nos requisitos das próximas versões (SCHWABER; SUTHERLAND, 2017). O processo de criação do Product Backlog priorizado envolve entradas, ferramentas e gera resultados e saídas, bem definidos, vide Tabela 5 abaixo. 6060 Tabela 5 – Criação do Product Backlog Entradas Ferramentas Saídas 1. Time Central do Scrum 2. Épico(s) 3. Personas 4. Stakeholder(s) 5. Declaração da Visão do Projeto 6. Backlog do Produto do Programa 7. Requisitos de Negócio 8. Solicitações de Mudança Aprovadas 9. Riscos Identificados 10. Contratos Aplicáveis 11. Recomendações do Scrum Guidance Body 1. Métodos de Priorização da Estória de Usuário 2. Workshop de Estórias de Usuário 3. Planejamento ou Valor 4. Técnicas de Avaliação de Risco 5. Estimativa do Valor do Projeto 6. Métodos de Estimativa da Estória de Usuário 7. Expertise do Scrum Guidance Body 1. Backlog Priorizado do Produto 2. Critério de Pronto Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Satpathy (2016). O Dono do Produto é responsável pelo Product Backolog, conforme já descrito, e para que a priorização seja possível, há necessidade da mobilização de alguns fatores e ferramentas. É fundamental que o Time Central do Scrum, constituído pelo Time Scrum, Scrum Master e Dono do Produto, participe do processo e tenham em mãos: os Épicos, que são Estórias de Usuário grandes e não refinadas; a Declaração da Visão do Projeto, que explica as necessidades do negócio e a demanda que originou o projeto; o Backlog do Produto do Programa, se envolver projetos coordenados; as mudanças aprovadas; os riscos relacionados ao projeto; leis, regulamentos, recomendações, demais informações e contratos aplicáveis (SATPATHY, 2016). 6161 61 Para a entrada do processo de criação do Product Backlog Priorizado, ainda participam stakeholders e é importante considerar as Personas, personagens fictícios altamente detalhados que representam a maioria dos usuários do produto, visando que o Time compreenda as necessidades e os objetivos do projeto, bem como os requisitos do negócio de maneira geral, envolvendo todos os levantamentos adquiridos com o usuário ou cliente (SATPATHY, 2016). PARA SABER MAIS Para realizar o levantamento de informações, necessidades e preferências dos usuários ou clientes, são válidas diversas ferramentas de apoio. Dentre as mais comumente empregadas estão: Questionários, Sessões JAD, Análise da Gap, Análise SWOT
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