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SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 5ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2021 REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA FÁBIO ROBERTO DIAS – 2021/2020/2019 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73s Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de riscos rurais e equipamentos rurais / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Fábio Roberto Dias. -- 5.ed. -- Rio de Janeiro: ENS, 2021. 93 p.; 28 cm 1. Seguro rural. 2. Equipamentos rurais. I. Dias, Fábio Roberto. II. Título. 0021-2557 CDU 368.5(072) SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 1. UMA BREVE VISÃO DO AGRONEGÓCIO 8 INTRODUÇÃO 9 SEGURANÇA ALIMENTAR 10 AGRONEGÓCIO 12 Os Principais Segmentos do Agronegócio 12 Importância do Agronegócio 13 Oportunidades 13 Pontos Fortes do Agronegócio Brasileiro 13 Pontos Fracos do Agronegócio Brasileiro 14 O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO 15 CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL 17 FIXANDO CONCEITOS 1 18 2. CRONOLOGIA NO SETOR DE SEGURO RURAL 21 INTRODUÇÃO 22 CRONOLOGIA 23 Receitas do FESR 24 FIXANDO CONCEITOS 2 30 3. POLÍTICA AGRÍCOLA 32 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) 33 Missão 33 Uma Parceria Histórica com o Agronegócio 33 IMPORTÂNCIA DO MAPA 34 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA 34 FUNÇÕES DA EMBRAPA E DA CONAB 35 FIXANDO CONCEITOS 3 37 4. RISCO RURAL 39 INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL 40 OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL 41 Mensuração do Risco 41 Produção 42 Distribuição dos Prêmios 43 Sinistralidade do Seguro Agrícola 44 CONCEITOS 45 Rural e Agrícola 45 Custeio, Produção, Rendimento e Índice 45 Safra e Safrinha 46 Zoneamento Agrícola 46 RISCOS 48 Riscos Não Correlacionados 49 Riscos Correlacionados 49 Riscos Intermediários 50 PREMISSAS 50 Redução do Risco 50 Reconhecimento de Riscos Não Seguráveis 51 Resseguradores 51 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DO RISCO 52 Diversificação 52 Franquia 53 Redução do Prêmio 53 Cosseguro 53 Resseguro & FESR 54 Consórcio 54 NORMAS QUE ATUALMENTE REGEM O SEGURO RURAL 55 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS LINHA DO TEMPO DO SEGURO RURAL NO BRASIL 57 FIXANDO CONCEITOS 4 58 5. RAMOS DO SEGURO RURAL 62 INTRODUÇÃO 63 MODALIDADES DO SEGURO RURAL 64 Seguro Agrícola 64 Seguro de Granizo x Seguro Multirrisco 64 Seguro de Animais 68 Seguro Pecuário 68 Seguro Aquícola 68 Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários 69 Seguro de Penhor Rural 69 Seguro de Florestas 71 Seguro de Vida do Produtor Rural 72 FIXANDO CONCEITOS 5 73 6. OS DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO 76 INTRODUÇÃO 77 GARGALO LOGÍSTICO 77 SISTEMA TRIBUTÁRIO 78 CONTROLE SANITÁRIO 79 INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE 79 PESQUISA & DESENVOLVIMENTO (P&D) 80 FIXANDO CONCEITOS 6 81 7. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS 83 CONTEXTO HISTÓRICO 84 FIXANDO CONCEITOS 7 88 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS ESTUDOS DE CASO 90 GABARITO 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 8 UNIDADE 1 ■ Compreender a importância do agronegócio brasileiro, reconhecendo suas características mercadológicas e seus pontos fracos e fortes, bem como delinear os principais segmentos do setor. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE 01 Uma BREVE VISÃO do AGRONEGÓCIO ⊲ INTRODUÇÃO ⊲ SEGURANÇA ALIMENTAR ⊲ AGRONEGÓCIO ⊲ O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO ⊲ CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 9 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO O Brasil tem uma inegável vocação agrícola e já é o segundo maior expor- tador agrícola do mundo. Isto posto, é fácil perceber que o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil, conforme a Embrapa, ocupa com a produção agrícola em torno de 7,8% de suas terras, sendo 65.913.738 hectares. O agronegócio é, hoje, a principal locomotiva da economia brasileira e res- ponde por um em cada três reais gerados no país. O Brasil situa-se, no contexto mundial atual, como celeiro mundial em termos de agronegócio. O país possui 22% das terras agricultáveis do mundo, além de elevada tecnologia utilizada no campo, fazendo do agronegócio brasilei- ro um setor moderno, eficiente e competitivo no cenário internacional. Temos acompanhado o esforço do Governo Federal, por meio do Minis- tério da Agricultura, no sentido de consolidar a agricultura brasileira como setor estratégico moderno e competitivo. Para isso, o governo brasileiro vem lutando, por meio de participação nos fóruns internacionais, pelo acesso ao mercado e redução dos subsídios. Você sabe o que o Brasil ganha com isso? Muita coisa. A segurança ali- mentar é, por exemplo, uma questão estratégica que afeta diretamente a Comentário Medidas para o Brasil ter maior produção agrícola: ■ Adoção de créditos com juros fixos. ■ Investimento em pesquisa. ■ Fortalecimento da defesa agropecuária. ■ Melhoria da infraestrutura de transporte, portos e armaze- nagem. ■ Modernização do parque de máquinas e implementos agrícolas. 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS população brasileira. Temos, hoje, alimentos de qualidade, ofertados durante todo o ano, e com um custo que não vem sofrendo aumentos significativos nos últimos anos. Esta é uma das contribuições importan- tes do agronegócio brasileiro, com impactos diretos na inflação, na estabilidade econômica e, consequentemente, no bolso do consumidor. Somam-se a este quadro, o saldo positivo da balança de pagamentos e o impacto do setor no interior do país, gerando mais empregos e renda. A maioria dos seus cinco mil municípios, que representam 89% do total dos municípios brasileiros, é altamente dependente do agronegócio. O setor do agronegócio precisa aproveitar o momento positivo para consoli- dar sua imagem na sociedade, por meio de um plano de comunicação bem estruturado. O maior beneficiário não será o próprio setor, mas sim a socie- dade, que estará assegurando as bases do desenvolvimento sustentável. SEGURANÇA ALIMENTAR O conceito de segurança alimentar foi consolidado na Cúpula Mundial de Alimentação, em 1996, na cidade de Roma, na qual os representantes de vários países, inclusive do Brasil, estiveram reunidos e elaboraram um Pla- no de Ação da Cúpula Mundial da Alimentação, o qual previu que há “segu- rançaalimentar quando as pessoas têm, a todo o momento, acesso físico e econômico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares, a fim de levarem uma vida ativa e sã”. O art. 6º da Constituição Federal de 1988 prevê, na sua atual redação, o seguinte: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdên- cia social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Portanto, o direito à alimentação é um direito fundamental. Além disso, tal direi- to é entendido pela comunidade internacional como Direito Humano, de modo que, dentro do contexto dos direitos sociais, a segurança alimentar deve ser assegurada, sobretudo para que prevaleça a dignidade da pessoa humana. Por essa razão, o agronegócio brasileiro está inserido no contexto da segurança alimentar em tal magnitude, que, ao se tratar de desenvolvi- mento do setor, não há a menor dúvida de que existe a necessidade de maior controle e fiscalização dos produtos utilizados como insumos e dos produtos finais, tanto para consumo interno, como para exportações, man- tendo assim soberania e a sustentabilidade alimentar do País. 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS O conceito de segurança alimentar relaciona-se também com aspectos macroeconômicos, sobretudo no que concerne à inflação, a qual retira o poder de compra e restringe o acesso aos produtos. Desse modo, asse- gurar padrões estratégicos de segurança alimentar é interagir, construtiva- mente, com variáveis econômicas, políticas públicas, subsídios, proteções aos riscos, políticas sociais e agrárias, e zoneamentos agroclimáticos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem como missão o desenvolvimento de políticas agrícolas que promovam a segu- rança alimentar brasileira. Em 16 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Alimen- tação. A data foi criada para colocar na pauta das autori- dades a importância de assegurar a alimentação adequa- da como um direito humano. No Brasil, as políticas públicas voltadas a esse objetivo são estruturadas no âmbito do Sistema Nacional de Seguran- ça Alimentar e Nutricional (SISAN). O Sisan foi criado em 2006 pela Lei 11.346 para disciplinar a atuação do Poder Público com participação da socieda- de organizada, além de desenvolver e implementar pla- nos, programas e ações, com o intuito de assegurar o direi- to à alimentação. A norma estabelece o dever de o Poder Público “adotar as políticas e ações que se façam necessárias para pro- mover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população”. Nessa responsabilidade, estão não apenas o Executivo Federal, mas outros entes da Federação, como instituições públicas estaduais e municipais. A lei desenhou a estrutura institucional do sistema a partir do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão voltado ao debate das diretrizes do siste- ma, sendo composto por: Representações da sociedade e da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutri- cional, instância de reunião dos órgãos do Governo Federal voltada à integração das políticas públicas da área. Fonte: Agência Brasil 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS AGRONEGÓCIO O agronegócio envolve toda a cadeia produtiva e de comercialização dos alimentos e fibras. ALCANCE DO AGRONEGÓCIO INSUMOS PRODUÇÃO COMERCIALIZAÇÃO C O N S U M ID O RFertilizantes Agricultura & Pecuária Atacadistas Sementes Cooperativas Herbicidas Agroindústria & Energia Exportadores Defensivos Varejistas — Os Principais Segmentos do Agronegócio O quadro a seguir indica os principais segmentos do agronegócio. SEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO ANTES DA PORTEIRA DENTRO DA PORTEIRA DEPOIS DA PORTEIRA MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA AGROINDÚSTRIA (PROCESSAMENTO) DISTRIBUIÇÃO Sementes Produção animal Indústria alimentar C O N S U M ID O R E S Comércio atacadista Calcário Lavouras permanentes Indústria de bebidas Refeições industriais Fertilizantes Lavouras temporárias Couro e calçados Fast-food Rações Horticultura Têxtil e confecções Lojas de conveniência Defensivos Fruticultura Papel e celulose Restaurantes, hotéis Fármacos Veterinários Silvicultura Madeira e móveis Super/ hipermercados Combustíveis Extração vegetal Álcool carburante Mercearias Tratores Borracha natural Bares Colheitadeiras Fumo e cigarros Padarias Implementos Óleos e essências Açougues Equipamentos Feiras e sacolões Máquinas Exportação Motores Inseminação Artificial Ordenha mecânica Equipamentos de frio SERVIÇOS DE APOIO 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Importância do Agronegócio O Agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia: ■ Representou 21% do PIB brasileiro (2018). ■ Comporta 37% dos empregos. ■ US$ 1 milhão investidos na agropecuária equivale à geração de 202 empregos (IBGE). É também o maior gerador de divisas do país: ■ Gerou saldo comercial de US$ 75,5 bilhões em 2019. ■ Correspondeu a 43,2% do total das exportações brasileiras no mesmo ano. — Oportunidades O agronegócio brasileiro é muito competitivo e oferece grandes oportunidades: ■ Aumento da produção, que garante o desenvolvimento do setor. ■ Maior oferta de empregos e aumento de renda. ■ Maior produção de alimentos e fibras. ■ Aumento nas exportações. ■ Maior produção de energia a partir de biocombustíveis. — Pontos Fortes do Agronegócio Brasileiro ■ Disponibilidade de terras e clima favorável. ■ Recursos humanos qualificados. ■ Capacidade de gestão. ■ Estrutura de comercialização. ■ Potencial para bioenergia. ■ Desenvolvimento tecnológico (diferencial). 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CERRADO – DISPONIBILIDADE DE TERRAS (MILHÕES DE HECTARES) Área Total: 204 Área Agricultável: 137 Pastagem: (35) Culturas Anuais: (10) Culturas Perenes e Florestas: (2) Área Disponível: 90 Fonte: MAPA/SPC Fonte: MAPA/SPC – www.agricultura.gov.br — Pontos Fracos do Agronegócio Brasileiro ■ Logística (transporte, armazenagem, portos). ■ A questão social. ■ Desenvolvimento da biotecnologia. ■ Ação proativa e profissionalização em negociações internacionais. ■ Políticas públicas. 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO VITÓRIA PONTA DA MADEIRA SANTARÉM ITACOATIARA SANTOS BOLÍVIA ARGENTINA PARAGUAI PARANAGUÁ S.F. DO SUL RIO GRANDE LOGÍSTICA ATUAL Ferrovias Hidrovias Portos Nova fronteira agrícola Fonte: MAPA/SPC – www.agricultura.gov.br O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO O agronegócio no Brasil contribuiu com 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2018, a maior participação em 13 anos, de acordo com esti- mativa feita pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS O Brasil detém terras abundantes, planas e baratas, com uma reserva de 90 milhões de hectares; dispõe de produtores rurais experientes e capa- zes de transformar essas potencialidades em produtos comercializáveis; detém um estoque de conhecimentos e tecnologias agropecuárias, trans- formadoras de recursos em produtos. Por qualquer ângulo que se analise o mercado, o tamanho que o Brasil adquiriu no campo do agronegócio é impressionante. Estes são pontos que reforçam a importância do agronegócio no Brasil, além de sua grande competitividade, utilização de alta tecnologia e gera- ção de empregos e riquezas para o país. Feitas estas considerações, parece racional acreditar positivamente no futuro da produção brasileira. No caso da soja, podemos dizer que o Brasil é o único país capaz de prover o esperado aumento da demanda mundial, por possuir mais de 60milhões de hectares de terras aptas para a produ- ção de grãos. Quanto ao mercado externo, o agronegócio participa com 43,2% das exportações brasileiras. Em 2018, as exportações totais foram de US$ 239,26 bilhões, e o agronegócio respondeu por US$ 103 bilhões, gerando um significativo saldo positivo na balança comercial agropecuária. A pauta de exportações é diversificada, abrangendo café, soja, carnes, fumo, suco de laranja, cacau, açúcar e álcool, frutas, flores, hortaliças, madeira, móveis e compensados, couros e peles, entre outros produtos. Entre os principais obstáculos à ampliação das exportações estão: ■ O protecionismo dos países desenvolvidos. ■ O custo Brasil e as deficiências da política comercial brasileira. ■ A falta de promoção e de marketing dos produtos brasileiros. ■ A falta de tradição dos empresários. Os principais destinos das vendas brasileiras são: China, União Europeia, Estados Unidos, Turquia e Hong Kong. 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL O crédito rural procura estimular os investimentos rurais, garantir o valor de custeio da produção e comercialização e, consequentemente, favorecer o setor rural, responsável pela produção de alimentos. Além disso tudo, ele permite o desenvolvimento de tecnologias que irão promover a melhoria da produtividade e o aumento da produção de alimentos. O crédito rural pode ser solicitado por produtores rurais ou empresas agrope- cuárias de pesquisa, de produção de mudas e sementes, de inseminação artificial para bovinos, de serviços mecanizados e outras empresas com fina- lidade comercial. Com o crescimento da demanda do consumidor por alimen- tos produzidos de forma mais saudável e com garantia de qualidade, recente- mente as instituições financeiras de crédito rural iniciaram suas operações junto à atividade específica da agricultura orgânica. As operações de crédito são segmentadas em duas atividades principais: agrícola, quando relacionadas ao plantio de culturas perenes e temporárias; e pecuária, quando associadas à criação de bovinos, caprinos, aves e outros animais. Além da divisão por atividade, cada operação de crédito está asso- ciada a uma das finalidades: custeio, investimento e comercialização. As exigências para a obtenção do crédito rural variam de acordo com a instituição financiadora.Algumas exigências são comuns, como: ■ A idoneidade do tomador. ■ A elaboração de planos ou projetos com orçamentos. ■ A capacidade de execução. ■ Um cronograma de desembolso e reembolso do dinheiro tomado. Comentário Vantagens competitivas do Brasil Atualmente, as lavouras ocupam 64 milhões de hectares, a pecuária 220 milhões, e as florestas cultivadas abrangem 7 milhões de hectares. Em termos de piscicultura, o Brasil dispõe da maior reserva de água doce do mundo e de uma das maiores costas marítimas. Saiba mais Sugestão de leitura Crédito Rural https://www.gov.br/agricultura/pt-br https://www.gov.br/agricultura/pt-br 18 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 1 Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta. 1. São considerados insumos na cadeia produtiva do agronegócio: ( ) Fertilizantes. ( ) Atacadistas. ( ) Sementes. ( ) Defensivos. Agora assinale a alternativa correta: (a) F, F, F, F. (b) V, V, F, F. (c) V, F, V, F. (d) F, F, V, F. (e) V, F, V, V. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 2. Podemos considerar pontos fortes do agronegócio brasileiro o(a)(s): I) Disponibilidade de terras e clima favorável. II) Recursos humanos qualificados. III) Capacidade de gestão. IV) Logística (transporte, armazenagem, portos). Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I e III são proposições verdadeiras. (b) Somente II e III são proposições verdadeiras. (c) Somente II e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II e III são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III e IV são proposições verdadeiras. 19 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Correlacione os itens a seguir e depois marque a alternativa correta. 3. O agronegócio envolve toda a cadeia produtiva e de comercialização dos alimentos e fibras. Associe insumo, produção e comercialização aos itens a que se referem: 1) Insumo. 2) Produção. 3) Comercialização. ( ) Herbicidas. ( ) Fertilizantes. ( ) Agricultura e pecuária. ( ) Atacadistas. ( ) Cooperativas. Agora assinale a alternativa correta: (a) 1, 1, 1, 2, 2. (b) 1, 1, 2, 3, 3. (c) 1, 2, 1, 2, 2. (d) 2, 2, 1, 1, 1. (e) 2, 2, 2, 1, 1. Marque a alternativa correta. 4. Com relação à importância do agronegócio, podemos dizer que: (a) É um dos setores mais dinâmicos da economia. (b) Tem inexpressiva participação no PIB brasileiro. (c) Concentra-se fortemente nas cidades. (d) Depende exclusivamente da indústria. (e) Gera poucos postos de trabalho. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 5. São pontos fracos do agronegócio brasileiro: I) Logística (transporte, armazenamento, portos). II) Potencial para bioenergia. III) A questão social. IV) Desenvolvimento da biotecnologia. 20 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente I e II são proposições verdadeiras. (c) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, III e IV são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III e IV são proposições verdadeiras. Marque a alternativa correta. 6. Em relação à segurança alimentar no contexto do agronegócio brasilei- ro, podemos afirmar que: (a) A segurança alimentar é considerada uma necessidade desvincu- lada de aspectos econômicos como a inflação e o preço final pago pelo consumidor brasileiro. (b) O agronegócio brasileiro desenvolve-se no sentido quantitativo da produção agrícola, desconsiderando a qualidade e o controle sani- tário dos alimentos produzidos. (c) O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA – tem como missão o desenvolvimento de políticas agrícolas que promo- vam a segurança alimentar brasileira. (d) O consumo interno brasileiro de produtos agrícolas apresenta tendên- cia de queda quando se assegura a segurança alimentar à população. (e) A disponibilidade de terras e a diversidade de climas do território brasileiro comprometem a segurança alimentar da população. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 21 UNIDADE 202 ■ Reconhecer cronologicamente toda a história do seguro rural no Brasil, considerando as características e as particularidades da CNSA, do FESR, do Proagro, da COSESP e do PSR. TÓPICOS DESTA UNIDADE CRONOLOGIA no SETOR de SEGURO RURAL Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ INTRODUÇÃO ⊲ CRONOLOGIA ⊲ COMPANHIA NACIONAL DE SEGURO AGRÍCOLA (CNSA) ⊲ FUNDO DE ESTABILIDADE DO SEGURO RURAL (FERS) ⊲ COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO (COSESP) ⊲ PROGRAMA DE GARANTIA DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA (PROAGRO) ⊲ PROAGRO MAIS ⊲ PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR) ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 22 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO O seguro é uma das mais antigas instituições idealizadas pelo Homem para lidar com eventos incontroláveis, de maneira a reduzir a incerteza ou o ris- co presente no mundo real. A maioria dos riscos apresenta consequências econômicas, e são esses riscos e suas consequências que interessam ao mercado segurador. Diversos mecanismos no seguro surgiram com o objetivo de reduzir o ris- co, por exemplo: diversificação, autosseguro, reservas de crédito, investi- mentos em redução da perda ou mecanismos baseados na pulverização do risco pelo mercado. Entretanto, restam ainda muitas formas de perdas econômicasque não podem ser evitadas, como a maior parte das ques- tões climáticas. Quando falamos de clima, existem situações cuja probabilidade de perda ou dano não pode ser reduzida. Tendo em vista esse problema, a transfe- rência desse risco (ou parte dele) por meio da contratação de um seguro é uma das formas mais eficientes de proteção. Atualmente, o seguro se encontra difundido no mundo todo e em diversos setores da economia, entre eles, o setor agropecuário. 23 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CRONOLOGIA 1954 – Criação da CNSA – Cia Nacional de Seguro Agricola Em 1954 o Governo Federal elaborou instrumentos legais, possibilitando a criação da Companhia Nacional de Seguro Agricola (CNSA), visando fomen- tar o desenvolvimento do Seguro Agricola no pais. A CNSA era uma empresa de economia mista, cujas ações pertenciam ao Banco do Brasil (sócio principal, com cerca de 45%), seguradoras privadas (20%) e autarquias federais (35%). A CNSA não executou projeto algum. 1966 – Regulamentação do Seguro Rural Houve, entre outras mudanças a regulamentação do Seguro Rural, por meio do Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, representaram as primeiras tentativas de estruturação desse mecanismo no pais. Essa norma criou o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), que tem por fim equilibrar o mercado de Seguro Rural, minimizando os prejuízos das seguradoras em caso de sinistros abrangentes, como secas e geadas, e sua administração fica sob a responsabilidade da ABGF - Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias, desde de novembro de 2015. De acordo com essa sistemática, as seguradoras que operam com Seguro Rural devem, obrigatoriamente, contribuir para o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), em função do resultado positivo em cada exercício nas modalidades garantidas pelo Fundo, segundo os seguintes percentuais: I) Seguros Agrícola, Pecuário, Aquícola e de Florestas – 30%. II) Seguro de Penhor Rural – 50%. Em caso de sinistros catastróficos abrangente, o FESR cobre o prejuízo causa- do pelo elevado numero de indenizações concentradas que devem ser pagas. As sociedades seguradoras e os Resseguradores recuperam do FESR a parcela de seus sinistros retidos quando esta se situa entre 100% e 150% dos prêmios puros ou é superior a 250% dos prêmios puros. A faixa de 150% a 250% pode ser amparada por um contrato de resseguro, uma vez que não e coberta pelo FESR. Para fins de calculo de recuperação, são considerados créditos aos prê- mios ganhos as comissões de resseguro recebidas pelas sociedades seguradoras nas operações garantidas pelo FESR. 24 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Receitas do FESR As receitas do FESR têm as seguintes origens: ■ Excedentes do Maximo admissível tecnicamente como lucro nas operações de Seguros Agrícola, Pecuário, Aquícola, de Florestas e Penhor Rural. ■ Credito especial da União, quando necessário, para a cobertura de deficiência operacional verificada no exercício anterior. Atualmente, o FESR não atende as necessidades do mercado de seguro rural, uma vez que este não e reconhecido como mecanismo garantidor do equilíbrio das carteiras das seguradoras. As razoes para isso estão no fato de que o fundo tem dificuldades de pagamento das coberturas em virtude de contingenciamentos de recursos e da falta de previsão orçamentária por parte do Governo Federal. Trata-se de problemas que transcendem aspectos jurídicos e dizem respeito a confiabilidade, a tempestividade das coberturas, a adequação das faixas de cobertura e ao modo de participa- ção e contribuição das seguradoras, as quais o consideram apenas como um limitador de lucratividade da operação no seguro rural. São essas as deficiências que justificam a criação do Fundo de Catástrofe da Lei Complementar no 137/2010, com o objetivo de substituir o FESR. Contudo, apesar de necessária, a regulamentação avança com lentidão pelo Governo Federal. Permanecem pendentes, para a regulamentação, as definições de mecanismos de garantia de pagamento no prazo que res- guarde a eficiência do novo fundo; os limites de cobertura; como será a participação e a contribuição das entidades privadas do mercado de segu- ros e do próprio Governo Federal, assim como a constituição e criação do fundo com a origem de recursos, dentre outros aspectos. 1969 – Criação da Companhia de Seguros do Estado de Sao Paulo (COSESP) Operava basicamente, em Sao Paulo e no Parana e representou um dos poucos exemplos de sucesso nesse segmento. E a seguradora com a mais longa historia de Seguro Agricola no pais, com uma experiência única no ramo, sendo uma empresa de economia mista. No início, as operações da COSESP eram amparadas pelo governo do Esta- do de Sao Paulo. Atualmente, tal respaldo e buscado com o FESR e o mer- cado ressegurador. A longevidade dessa companhia deve-se, em grande parte, a fatores como a limitação geográfica de sua atuação e a inexistência de coberturas amplas em regiões onde as lavouras apresentassem riscos que a empresa não tivesse condições de avaliar com segurança. 25 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Com base nessa política de atuação, que perdurou por 27 anos, a segura- dora decidiu expandir-se, passando a abranger um maior numero de cul- turas, riscos e regiões. Em termos gerais, a experiência da COSESP apre- senta como características principais, forte base agronômica, alto custo operacional e alta sinistralidade. A seguradora já não vinha operando de forma significativa desde 2004, quando sofreu grandes prejuízos pela sinistralidade, e recentemente o governo do Estado de São Paulo conseguiu autorização da Assembleia Legislativa do Estado para a venda da seguradora. 1973 – Criação do Proagro - PROGRAMA DE GARANTIA DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA Em 1973, foi criado o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO), que tinha por objetivo eximir o produtor das obrigações finan- ceiras do credito rural, caso houvesse quebra de produção em decorrência de eventos naturais. O Proagro possui duas modalidades: 1) o PROAGRO, atende aos demais agricultores. Algumas regras são diferentes em cada uma das modalidades; 2) o PROAGRO Mais, atende aos agricultores familiares do Pro- grama Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O Programa foi instituído pela Lei no 5.969/1973, com a finalidade de eximir o produtor rural do valor correspondente ao credito de custeio contrata- do por intermédio do agente financeiro, o que o tornava uma espécie de “Seguro de Credito”, protegendo mais os agentes financeiros do que os produtores. Alem disso, por se tratar de um programa de Governo, não estava sujeito as demais regras do Seguro Rural. Historicamente, o PROAGRO foi alvo de denuncias de fraude, alem de ser financeiramente inviável, uma vez que o volume total de prêmios arreca- dado, na grande maioria dos anos, era insuficiente para cobrir os custos das indenizações, havendo necessidade de aporte financeiro. Alem disso, devido a dificuldade de fiscalização e aos constantes entraves burocráti- cos, um grande número de indenizações não foi honrado, o que levou o programa ao descrédito. A partir de 1995, após sua reformulação, os preços cobrados aos agriculto- res e as coberturas do programa passaram a ser calculados com base no zoneamento agricola. Isso permitiu a regionalização das datas de plantio e a consequente redução e diferenciação, por cultura, do valor do premio. 26 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A motivações para a criação do Proagro A criação do PROAGRO foi motivada pelos seguintes fatos: ■ Ausência de um mecanismo de proteção contra perdas da pro- dução agropecuária decorrentes de causas naturais fortuitas, com consequente descapitalização e crescente endividamento dos produtores. ■ Fracasso na implantação da CompanhiaNacional de Seguro Agri- cola (CNSA). A Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA), criada em 1954 e extinta em 1966 sem ter conseguido sequer emi- tir uma única apólice. ■ Existência de modelos, em outros países, onde o governo conce- de créditos ou assume despesas advindas de perdas de produção. ■ Necessidade de institucionalizar um mecanismo de garantia das operações de credito rural que pudesse ser usado em substituição as garantias reais ou fidejussórias usualmente exigidas pelo siste- ma bancário. A administração do PROAGRO cabe ao Banco Central do Brasil, segundo normas aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e os recur- sos financeiros eram provenientes da taxa do adicional (premio), fixada na média 1% ao ano (dependendo da cultura) sobre o saldo devedor do empréstimo rural (custeio e investimento), de verbas do Orçamento da União e de outros recursos alocados. A Lei Agricola (Lei no 8.171/1991), regulamentada pelo Decreto no 175/1991 e pela Resolução no 1. 855/1991, instituiu o Conselho Nacional de Políti- ca Agrícola e modificou as regras do programa (fase a partir da qual se denomina PROAGRO NOVO), com destaque para a possibilidade de se enquadrar em atividades não financiadas e a restrição de o enquadramen- to aplicar-se apenas as operações de custeio (exclusão das operações de investimento). Essa regulamentação traduziu a preocupação em tornar o PROAGRO autossuficiente, de forma que os adicionais arrecadados em cada safra suportassem as despesas apuradas no mesmo período. No que se refere as fontes de recursos, passou-se a considerar os resulta- dos das aplicações financeiras dos saldos existentes, e a participação do Tesouro Nacional ficou limitada aos casos em que a disponibilidade do pro- grama não fosse suficiente para cobrir os prejuízos, quando da ocorrência de adversidades climáticas generalizadas. Nesse sentido, foram elevadas as alíquotas dos adicionais, e as normas do PROAGRO foram simplificadas com o claro objetivo de reduzir custos. 27 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A adesão ao PROAGRO é facultativa, e, atualmente, as alíquotas do adicio- nal variam de acordo com a atividade (de 1,2% para o custeio pecuário até 11,7% para o custeio do cultivo de sequeiro do arroz, feijão, aveia, centeio, cevada, trigo e triticale, etc.). Porém a contratação é permitida apenas aos produtores rurais que Nos empreendimentos em que não for prevista a prestação de assistência técnica, as alíquotas são acrescidas de dois pon- tos percentuais, por serem considerados de maior risco. Em função do desempenho do produtor, a cobertura do PROAGRO, quan- do devida, corresponde a, no mínimo, 70% e, no máximo, 100% do limi- te de cobertura (calculado excluindo-se dos recursos comprovadamente aplicados, financiados e próprios, as perdas não amparadas e as receitas produzidas pelo empreendimento). Os eventos causadores de perdas são comunicados formalmente pelo produtor ao agente do programa, responsável pela solicitação de pericia, que executada por empresas de assistência técnica, profissionais autôno- mos ou pertencentes ao próprio quadro da instituição financeira. Cabe ao agente examinar o pedido de cobertura, avaliando-o no prazo de 15 dias uteis, contados do recebimento do laudo pericial. O produtor não satisfeito com a decisão tem o direito de recorrer a Comissão Especial de Recursos (CER), a quem compete julgar, em única instancia administrativa, os recursos interpostos ao PROAGRO. Proagro Mais Criado em 2004, um desmembramento do programa principal voltado para a agricultura familiar. Ele atende os participantes do Programa Nacio- nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que são os agri- cultores, pescadores, aquicultores e silvicultores que faturaram até R$ 360 mil nos últimos 12 meses, diferente do Proagro que os contratantes devem ser aqueles que investem até 300 mil de custeio. O beneficiário do Proagro Mais, além das garantias do Proagro, também tem direito a enquadrar um valor a título de garantia de renda mínima. Esse valor está vinculado ao orçamento de custeio da lavoura e busca garantir a subsistência do pequeno agricultor em caso de perdas de receitas. 2002 – PSR – Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural Em 2002, o Congresso Federal apresentou projeto, dispondo sobre a sub- venção econômica ao prêmio do Seguro Rural, que foi convertido na Lei 10.823, de 19 de dezembro de 2003. A finalidade do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural é dar apoio aos produtores rurais que desejam proteger suas lavouras contra riscos climáticos adversos. 28 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Por meio da subvenção o Governo Federal apóia financeiramente àqueles produtores que contratarem essa modalidade de garantia, arcando com parcela dos custos de aquisição do seguro. O percentual de subvenção pago pelo Governo Federal varia de 20% a 40% de acordo com as priorida- des da política agrícola formulada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As modalidades de seguro rural amparadas pelo PSR são agrícola, pecuária, florestas e aquícola. A finalidade do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural é dar apoio aos produtores rurais que desejam proteger suas lavouras contra riscos climáticos adversos. Por meio da subvenção o Governo Federal apóia financeiramente àqueles produtores que contratarem essa modalidade de garantia, arcando com parcela dos custos de aquisição do seguro. Abaixo seguem tabelas atuais dos percentuais concedidos. Importante salientar que a cada ano estes percentuais e limites podem sofrer altera- ções, como tem ocorrido desde sua implantação. 29 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A SUBVENÇÃO PARA O ANO DE 2021 SEGUE OS SEGUINTES LIMITES E PERCENTUAIS DE SUBVENÇÃO MODALIDADES DE SEGURO GRUPOS DE ATIVIDADES TIPOS DE COBERTURA TIPO DE PRODUTO PERCENTUAL DE SUBVENÇÃO LIMITE ANUAL AGRÍCOLA Soja Riscos Nomea- dos Multirisco Custeio/Produtivi- dade/ Receita 20% R$ 48.000,00 Grãos de verão Riscos Nomeados Custeio/Produtivi- dade 20% Custeio/Produtivi- dade 25% Multirrísco Receita 30% Grãos de inverno Riscos Nomeados Custeio/Produtivi- dade 35% Multirrísco Custeio/Produtivi- dade/ Receita 40% Frutas, Olerícolas, Cana-de-açucar e Café - - 40% FLORESTAS Silvicultura (florestas plantadas) - - 40% R$ 24.000,00PECUÁRIO Aves. bovinos, bubalinos, caprinos, equinos, ovinos e suínos AQUICULTURA Carcinicultura, maricultura e piscicultura SEGURO PARAMÉTRICO PARA AS MODALIDADES AGRÍCOLAS, FLORESTAS, PECUÁRIO E AQUÍCOLA 20% Observar a modalidade VALOR MÁXIMO DE SUBVENÇÃO (CPF/ANO) R$ 120.000,00 Grãos de verão: algodão, amendoim, arroz, fava, feijão 1ª safra, girassol e milho 1ª safra Grãos de inverno: aveia, canola, cevada, centeio, feijão 2ª safra, milho 2ª safra, sorgo, trigo e triticale Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 30 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta. 1. Sobre o PROAGRO podemos afirmar que: (a) A adesão ao PROAGRO é facultativa, e, atualmente, as alíquotas do adicional variam de acordo com a atividade. (b) Tem atuação sobre catástrofes generalizadas. (c) Com a extinção da CNSA, criou-se o PROAGRO Novo. (d) Trata-se do maior programa de seguro privado já operado no país. (e) Utiliza experiências apenas de seguradoras nacionais. 2. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. I) Em 1966, é criado o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), e extinta a Companhia Nacional de Seguro Agrícola. II) A Companhia Nacional de Seguro Agrícola foi criada em 1954, como uma empresa de economia mista, para fomentar o desenvolvimento do Seguro Agrícola no país. III) O FESR foi criado para dar suporte financeirosempre que o sistema tivesse prejuízos. IV) Inicialmente, a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo foi criada para operar nos estados de São Paulo e Paraná. V) O FESR tem, como uma de suas fontes de receita, um percentual dos resultados superavitários das operações de seguro nos Ramos Agrícola, Pecuário, Aquícola, de Florestas e Penhor Rural. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (c) Somente I, II e V são proposições verdadeiras. (d) I, II, III e IV são proposições verdadeiras. (e) I, II, III e IV são proposições falsas 31 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Marque a alternativa que preencha corretamente as lacunas. 3. O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO) foi ins- tituído pela Lei nº 5.969/1973, com a finalidade de eximir o produtor rural do cumprimento de obrigações financeiras relativas a operações de cré- dito __________________, quando da ocorrência de perdas das recei- tas esperadas, em consequência de fenômenos __________________, pragas e doenças que atingissem bens, rebanhos e plantações. (a) financeiro / sazonais. (b) industrial / ocasionais. (c) comercial / artificiais. (d) rural / artificiais. (e) rural / naturais. Marque a alternativa correta. 4. Para que as seguradoras possam ter a garantia do Fundo de Estabili- dade do Seguro Rural, é preciso que elas operem com alguns ramos de seguro. Um deles é o: (a) Seguro de Automóvel. (b) Seguro Incêndio. (c) Seguro Aeronáutico. (d) Seguro de Vida. (e) Seguro Pecuário. Analise se as proposições a seguir são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta 5. Em relação ao Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), pode-se afirmar que suas receitas têm as seguintes origens: ( ) Excedentes do máximo admissível tecnicamente como lucro nas operações de Seguro Agrícola, Pecuário e outros. ( ) Crédito especial da União, quando necessário, para cobertura de deficiência operacional verificada no exercício anterior. ( ) As receitas dos Seguros de Vida realizados no campo. ( ) As receitas provenientes dos lucros dos Seguros de Crédito à Exportação. Agora assinale a alternativa correta: (a) V, F, F, F. (d) V, V, V, V. (b) V, V, F, F. (e) F, V, V, V. (c) V, V, V, F. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 32 UNIDADE 303 AGRÍCOLA ■ Reconhecer as funções do Ministério da Agricultura, considerando as políticas agrícolas do setor. TÓPICOS DESTA UNIDADE POLÍTICA Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) ⊲ IMPORTÂNCIA DO MAPA ⊲ A ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA ⊲ FUNÇÕES DA EMBRAPA E DA CONAB ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 33 UNIDADE 3 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) — Missão Formular e implementar políticas para o desenvolvimento do agronegó- cio, integrando os aspectos de mercado, tecnológicos, organizacionais e ambientais para o atendimento aos consumidores do país e do exterior, promovendo a segurança alimentar, a geração de renda e emprego, a redução das desigualdades e a inclusão social. — Uma Parceria Histórica com o Agronegócio A missão institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento (MAPA) é de estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do agronegócio, com o objetivo de atender ao consumo interno e formar excedentes para exportação. Isso tem como consequên- cia a geração de emprego e renda, a promoção da segurança alimentar, a inclusão social e a redução das desigualdades sociais. Para cumprir sua missão, o MAPA formula e executa políticas para o desenvol- vimento do agronegócio, integrando aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais para o atendimento aos consumido- res brasileiros e ao mercado internacional. A atuação do ministério baseia-se na busca de sanidade animal e vegetal, na organização da cadeia produtiva do agronegócio, na modernização da política agrícola, no incentivo às expor- tações, no uso sustentável dos recursos naturais e no bem-estar social. A infraestrutura básica do MAPA é formada pelas áreas de política agrícola (produção, comercialização, abastecimento, armazenagem e indicadores de preços mínimos): ■ Produção e fomento agropecuário. ■ Mercado, comercialização e abastecimento agropecuário. ■ Informação agrícola, defesa sanitária (animal e vegetal). ■ Fiscalização dos insumos agropecuários. ■ Classificação e inspeção de produtos de origem animal e vegetal. ■ Pesquisa tecnológica, agrometeorologia, cooperativismo e asso- ciativismo rural. ■ Eletrificação rural. ■ Assistência técnica e extensão rural. Importante O Ministério possui uma extensa ramificação de empresas que dão suporte às suas ações. São exemplos de empresas vinculadas ao MAPA: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre outras. 34 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Uma das inovações da atual gestão do MAPA foi a criação de câmaras setoriais das diversas cadeias produtivas do agronegócio (carne, leite, avicultura, açúcar e álcool, fruticultura, entre outras). Elas reúnem repre- sentantes do Governo e do setor privado para debater e propor políticas públicas para o agronegócio brasileiro. O Ministério da Agricultura também é responsável pela agropecuária e pelo agronegócio no Brasil em nível federal. Ser responsável pela agricultura sig- nifica entender como é a dinâmica desse setor no Brasil, quais as potenciali- dades, quais as principais barreiras enfrentadas pelos produtores e quais as consequências ambientais e sociais decorrentes dessa produção para o país. IMPORTÂNCIA DO MAPA O Ministério da Agricultura é importante, pois o setor agropecuário tem alta representatividade na economia do país. O Brasil possui uma das áreas mais agricultáveis do mundo, e as condições climáticas e territoriais, como vimos anteriormente, nos dão grande vantagem e capacidade de produção. Além da produção para o mercado interno, desta- ca-se a posição do Brasil em fornecer alimentos para grande parte do mundo. No que diz respeito aos produtos agrícolas, nós exportamos muito mais do que importamos, logo, esse setor tem importante contribuição para o equilíbrio da balança comercial. A ESTRUTURA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA) Responsável por acompanhar a saúde animal e a sanidade vegetal dos produtos, por meio de fiscalização, monitoramento e rastrea- mento, tanto para a produção interna quanto para os produtos a serem exportados. Por meio de prevenção e controle, busca-se erradicar doenças animais e pragas vegetais. 35 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Secretaria de Política Agrícola (SPA/MAPA) Responsável por formular políticas agrícolas e de segurança alimen- tar a serem desenvolvidas pelo governo federal e por avaliar os resul- tados das políticas econômicas adotadas pelo Ministério para o setor. Secretaria de Relações Internacionais do Agronegó- cio (SRI/MAPA) Responsável por representar o Brasil em órgãos e acordos inter- nacionais relacionados ao agronegócio, promover os produtos brasileiros no exterior, atrair investimentos estrangeiros e realizar cooperação técnica com outros países. Secretaria da Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo (SMC/MAPA) Responsável pelas ações de promoção e apoio ao pequeno e médio produtor rural por meio de ações de educação e qualifica- ção rural, estímulo ao cooperativismo e ao associativismo, assistên- cia técnica e extensão rural, boas práticas e desenvolvimento rural. Instituto Nacional de Meteorologia(INMET/MAPA) Responsável por elaborar e implementar pesquisas agrometeoro- lógicas e de acompanhamento de mudanças climáticas, além de divulgar avisos sobre as condições climáticas e ambientais. FUNÇÕES DA EMBRAPA E DA CONAB Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Seu papel é atuar no fomento da agricultura e pecuária por meio da gera- ção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias para o setor. A EMBRAPA se tornou reconhecida internacionalmente pela excelência em ciência e tecnologia, servindo como modelo para outros países. As tecnologias desenvolvidas pela EMBRAPA ao longo desses anos contribuí- ram para que o Brasil se tornasse o 2º produtor de soja no mundo bem como para os aumentos significativos na oferta de carne bovina e frango no país. 36 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) A CONAB conta com mais de 90 unidades armazenadoras de alimentos no país para estocar produtos agrícolas e garantir o suprimento da população. Como atua no território, serve como um braço do Ministério da Agricultura no fornecimento de informações que ajudam na tomada de decisão de políticas públicas do Governo Federal como, por exemplo, sobre produção, previsão de safra, custos de produção, armazenamento e estoques. O trabalho da CONAB contribui para garantir renda ao produtor rural, segu- rança alimentar e nutricional à população e regularidade no abastecimento de produtos. 37 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 3 1. Marque a alternativa que preencha corretamente as lacunas: A missão institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- cimento (MAPA) é: “estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do _____________, com o objetivo de atender ao con- sumo interno e formar excedentes para ____________________. (a) agronegócio / exportação. (b) setor industrial / importação. (c) setor pesqueiro / exportação. (d) comércio / importação. (e) setor automotivo / exportação. 2. Marque a alternativa correta. Com relação ao desenvolvimento do agronegócio em bases sustentáveis, pode-se afirmar que: (a) Decorre exclusivamente de investimentos financeiros. (b) A utilização de tecnologia avançada supre todas as necessidades. (c) Resulta da sinergia de mudanças tecnológicas e político-institucionais. (d) Resulta da vontade política da sociedade como um todo. (e) Decorre de um perfeito acompanhamento das variações climáticas. 3. Marque a alternativa correta. No que diz respeito ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimen- tos (MAPA), é correto afirmar que: (a) O Brasil mais exporta do que importa alimentos. (b) O agronegócio brasileiro ainda é incipiente e precisa se desenvolver. (c) Os produtores rurais brasileiros são iniciantes no que tange às lavou- ras. (d) O MAPA não tem estrutura adequada para atender ao mercado. (e) O Ministério da Agricultura é um órgão sem importância para o país. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 38 UNIDADE 4 ■ Compreender as características e os conceitos inerentes aos riscos seguráveis do segmento rural, bem como suas premissas e os mecanismos de transferência de riscos, considerando todas as diretrizes e as peculiaridades do setor. TÓPICOS DESTA UNIDADE ■ Entender como funciona a proteção e a operação dos seguros dos ramos rurais, utilizando como base as condições vigentes. RISCO 04 RURAL Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL ⊲ OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL ⊲ CONCEITOS ⊲ RISCOS ⊲ PREMISSAS ⊲ MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DO RISCO ⊲ NORMAS QUE ATUALMENTE REGEM O SEGURO RURAL ⊲ LINHA DO TEMPO DO SEGURO RURAL NO BRASIL ⊲ FIXANDO CONCEITOS 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 39 UNIDADE 4 INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL Em todo o mundo, o Seguro Rural é um dos mais importantes instrumen- tos de política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adversos, sendo indispensável à estabilidade da renda dos produtores, à geração de empre- go no campo e ao desenvolvimento tecnológico rural. É uma atividade abrangente, que cobre não só a agricultura, mas também a ati- vidade pecuária, o patrimônio do produtor rural, seus produtos, o crédito para comercialização desses produtos, além do Seguro de Vida dos produtores. No Brasil, esse seguro cumpre um importante papel social e econômico, pois: ■ Freia o êxodo rural, permitindo a continuidade das atividades do trabalhador rural, devido à indenização recebida em caso de sinis- tro, o que propicia a realização de investimentos produtivos. ■ Minimiza a inadimplência do produtor rural com as instituições financeiras que concedem o crédito rural, porque, mesmo com a ocorrência do sinistro, haverá recursos para saldar a dívida adqui- rida. Com isso, o custo do crédito fica reduzido para o produtor, alavancando a produção agrícola brasileira. 40 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL O Seguro Rural, mais especificamente o Seguro Agrícola, é o ramo de seguro sujeito ao maior número de riscos e é o de maior dificuldade de precificação. O Seguro Rural possui peculiaridades que o diferem dos demais ramos de seguros. A principal delas é a ocorrência cíclica dos eventos meteoro- lógicos, que variam no decorrer dos anos. Com isso, para a precificação correta desse tipo de seguro e para a mensuração do risco, não bastam conhecimentos estatísticos e atuariais, mas há, também, a necessidade de utilização de pesquisas agronômicas. — Mensuração do Risco A mensuração do risco é muito difícil, no Brasil, pela falta de informações históricas. Por isso, atualmente, utilizam-se experiências dos ressegurado- res internacionais instalados no país. Esta prática, contudo, reduz a preci- são na taxação das apólices, devido à utilização de experiências de outros países. Atualmente, esse problema vem sendo reduzido com a utilização de dados agrícolas e climáticos, pelos órgãos de pesquisa/pesquisadores, e o desen- volvimento de pesquisas sobre riscos agrícolas nas universidades. Além disso, a SUSEP passou a solicitar dados estatísticos relativos a cada ano-calendário para que seja possível acompanhar o resultado das carteiras de Seguro Rural e verificar se as taxas estão adequadas aos riscos assumidos. O Seguro Rural exige grandes investimentos por parte das seguradoras para que tenham condições técnicas de operar no ramo. Tanto na acei- tação do risco quanto na liquidação de sinistro, algumas culturas neces- sitam de inspeções individuais, acarretando o deslocamento de técnicos das seguradoras, instaladas nos grandes centros, para lugares longínquos, onde se encontram os objetos segurados. Por esse motivo, são poucas as seguradoras que operam esse seguro. Para viabilizar suas operações, a maioria das seguradoras contrata empre- sas especializadas na aceitação e liquidação de Seguros Rurais, o que pode tornar os prêmios do seguro superiores aos níveis aceitáveis pelo produtor. Conclui-se, com isso, que a extensão territorial do Brasil impõe um custo operacional muito alto às sociedades seguradoras. Saiba mais O Seguro Rural difere de outros Ramos, como Vida, Saúde, Roubo, Incêndio e Colisão, pois, nestes últimos, os sinistros podem ser eventos independentes. Ou seja, a ocorrência de um sinistro não altera as probabilidades atribuídas à ocorrência de outros. Por exemplo, o fato de um segurado ter falecido não altera a probabilidade de que um outro venha a falecer também. Já o mesmo não ocorre no Seguro Rural, no qual o fato de um segurado, por exemplo, ter sua lavoura atacada por certa praga aumenta a probabilidade de que a lavoura de um vizinho venha a ser atacada pela mesmapraga. Isto também ocorre com outros tipos de eventos danosos, como seca, chuva excessiva, granizo, geada. 41 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Produção A produção do Seguro Rural (prêmios) vem crescendo em grande escala, como podemos observar no gráfico a seguir. 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 PRÊMIO EMITIDO SEGURO RURAL – BRASIL (2005-2019) EM MILHÕES DE REAIS 269,4 452,8 328,6 779,3 1.022,9 1.022,9 1.246,0 1.471,3 2.329,2 2.894,0 3.271,4 3.642,6 4.124,6 4.594,5 5.310,8 2017 2018 2019 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP – 2018. No entanto, tal crescimento ainda é pequeno se olharmos o desempenho do agronegócio. Quando comparamos os prêmios arrecadados com o Seguro Rural com os do mercado segurador nacional como um todo, verificamos uma pequena participação desse seguro, como observamos no gráfico a seguir. Portanto, ainda existe um grande potencial de crescimento. 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 4,00% 3,50% 3,00% 2,50% 2,00% 1,50% 1,00% 0,50% 0,00% 0,28% 0,15%0,20% 0,21% 0,27% 0,33% 0,33% 0,43% 0,61% 0,63% 0,68% 0,77% 0,67% 1,09% 1,14% 1,19% 1,03% 1,67% 1,96% 3,42% 3,76% 4,10% 4,27% 4,73% 0,74% PARTICIPAÇÃO DO SEGURO RURAL NO MERCADO DE SEGUROS (1995-2019) 5,00% Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do entro de Estatística da SUSEP- 2019. 42 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Distribuição dos Prêmios A distribuição dos prêmios por região, no ano de 2019, deu-se da forma apresen- tada na tabela a seguir DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS POR REGIÃO (2019) REGIÃO % DO PRÊMIO Sul 38,55 Sudeste 27 Centro-Oeste 24,81 Nordeste 5,89 Norte 3,75 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP (2019). O Rio Grande do Sul foi o estado que mais arrecadou prêmios em 2019, com 18,73% do total, seguido do Paraná, com 16,38%, e de São Paulo (SP), com 15,12%. Estes três estados juntos representam 50,23% de todo o prêmio emitido no Seguro Rural anualmente. Analisando a produção do Seguro Rural por modalidade, em 2019, a modalidade com maior volume de prêmio foi o Seguro Agrícola (englo- bando as operações com e sem participação do FESR). A segunda modalidade, em volume de prêmio, foi o Penhor Rural. Essas duas modalidades juntas representam mais de 69% de todo o segmento de Seguros Rurais, como mostra a tabela a seguir. PRODUÇÃO DO SEGURO RURAL POR MODALIDADE (2019) RAMO PRÊMIO DIRETO (R$) % 1101 / 1102 – Seguro Agrícola 2.410.934.592 45,40 1162 / 1163 – Penhor Rural 1.285.920.645 24,21 1198 – Seguro de Vida do Produtor Rural 1.165.780.518 21,95 1130 – Seguro Benf. e Prod. Agropecuários 408.127.550 7,68 1107 / 1108 – Seguro Florestas 21.707.888 0,41 1164 – Seguros Animais 12.024.080 0,23 1103 / 1104 – Seguro Pecuário 6.328.201 0,20 1105 / 1106 – Seguro Aquícola 0 0,00 1109 – Seguro da Cédula do Produto Rural 0 0,00 Totais 5.310.823.473 100,00 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisiona- dos do Centro de Estatística da SUSEP ( janeiro a dezembro de 2019). Saiba mais Sugestão de leitura Distribuição de Prêmios www.susep.gov.br http://www.susep.gov.br 43 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Sinistralidade do Seguro Agrícola A tarifação do Seguro Agrícola é muito difícil no Brasil, por falta de dados estatísticos e estudos climáticos. Portanto, pode haver uma grande varia- bilidade nas sinistralidades, dependendo das ocorrências cíclicas dos eventos meteorológicos, como podemos observar na tabela a seguir. Esse é um dos principais motivos de as seguradoras necessitarem de que haja a cobertura de resseguradores e do FESR para comercializar o Seguro Agrícola. VARIAÇÃO DE SINISTRALIDADE ANO SINISTRALIDADE 1995 77 1996 80 1997 46 1998 156 1999 62 2000 117 2001 69 2002 227 2003 25 2004 267 2005 365 2006 29 2007 45 2008 40 2009 79 2010 6,5 2011 45 2012 83 2013 37 2014 18 2015 89 2016 76 2017 44 2018 50 2019 54 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP – 2019. 44 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CONCEITOS Começando pelo conceito de que o bem segurado pode englobar desde a vida e o patrimônio do produtor rural até a safra, temos que ter em mente que, no Seguro de Safra, o bem não é sempre o mesmo e que, no risco rural, lida-se com a chance ou probabilidade de consequências desfavoráveis sobre organismos vivos expostos a céu aberto, sobre os quais o produtor não tem controle. — Rural e Agrícola No Brasil, sempre foi relativamente confusa a terminologia das atividades que, direta ou indiretamente, exercem o papel de seguro para a ativida- de agropecuária. É muito comum que muitos agricultores façam confusão entre o Seguro Rural Privado e os programas governamentais, destacan- do-se, entre eles, o PROAGRO. O conceito de Seguro Rural Privado, tal qual é utilizado hoje em dia, con- sidera-se tratar do seguro operacionalizado por seguradoras, nas áreas de Seguro Agrícola, Seguro de Penhor Rural, Seguro Pecuário, Seguro de Florestas e outras modalidades previstas, mas pouco exploradas. A atividade do PROAGRO, que, por muitos, é considerada como Seguro Rural Governamental (Agrícola), não deve ser entendida como Seguro Rural do ponto de vista legal. A nova classificação dos ramos de seguros, determinada pela SUSEP, pre- vê a existência do Grupo 11 (Rural/Animais), que abrange todos aqueles seguros direcionados à agricultura e à pecuária. O Seguro Agrícola, por sua vez, é tão somente um dos ramos participantes do grupo. — Custeio, Produção, Rendimento e Índice Como o mercado está mudando, novas transações deverão exigir desenhos alternativos na transferência de riscos e compensação de prejuízos. Embora já existam várias formas de comercialização, as que se encontram mais pre- sentes no mercado são: ■ Seguros de Custos (ou de Custeio) – o objeto do seguro é a inde- nização da despesa de custeio da safra, do preparo do solo à colhei- ta. Esse seguro permite que, sobrevindo o sinistro, o agricultor tenha recursos para o replantio (se a indenização ocorrer em tempo hábil) ou, pelo menos, possa manter-se na atividade. ■ Seguro de Produção – o objeto do seguro é a indenização da perda de produção do agricultor. A perda de produção é a diferença entre a produção em quantidade (toneladas ou sacas por hectare), estimada na contratação da apólice, e a produção verificada por ocasião da colheita. Rural Conjunto amplo de seguros direcionados à agricultura e pecuária. Agrícola Subdivisão do Ramo de Seguro Rural, direcionado a culturas permanentes e temporárias. Custeio Seguro limitado ao custo de im- plantação, manutenção e colheita. Produção Seguro atrelado ao montante físico colhido, normalmente medido em toneladas, sacas ou arrobas. Rendimento Seguro que garante a produção por hectare tanto contra risco físico quanto de mercado. Índice Seguro de produtividade associado a indicador regional. 45 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS ■ Seguro de Rendimento – o objeto do seguro é a indenização da perda de receita do agricultor por hectare cultivado. A perda de receita é a diferença entre a receita esperada e a receita efeti- va, obtida por ocasião da venda. A receita esperada depende da produtividade física da lavoura (toneladas ou sacas por hectare) e, também, do preço do produto, e ambos têm um forte compo- nente aleatório. A receita esperadaé, portanto, o produto de uma promessa tecnológica (a produção futura) pelo preço futuro do bem que vier a ser colhido. O ressarcimento é baseado no valor das perdas que podem decorrer, tanto do risco físico da produção quanto do risco de mercado. ■ Seguro de Índice – o objeto do seguro é a indenização da perda de produtividade, associada a um indicador regional. A perda é estimada por meio de um índice que determina a quebra de pro- dutividade (toneladas ou sacas por hectare) da região. A quebra é determinada pelo confronto das produtividades estimada e efetiva. — Safra e Safrinha Uma das principais características dos produtos agrícolas é a sazonalidade da produção, ou seja, sua oferta ao mercado é concentrada em épocas bem definidas do ano, devido a restrições impostas pelo clima aos cultivos agrícolas. Vem daí o conceito de safra, nome que se atribui ao período de colheita e, também, ao ciclo de desenvolvimento da cultura. Normalmente, a safra restringe-se a um período dentro de um ano, mas, em função das características das culturas, pode variar, ocorrendo mais de uma safra por ano (hortaliças), duas safras por ano (uvas de mesa) ou, ainda, uma safra a cada dois anos (café). Muitas vezes, quando o produtor antecipa ou posterga o plantio ou con- dução de uma lavoura, ele está expondo sua atividade a um risco climáti- co, como geada, frio ou seca. É a chamada safrinha. No entanto, deve-se esclarecer que toda a cadeia relacionada ao agronegócio deve respeitar esse conceito de safra. — Zoneamento Agrícola O zoneamento agrícola é um valioso instrumento de apoio à Política Agrícola do Governo Federal, sendo fruto de um contrato firmado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Fundação de Empreen- dimentos Científicos e Tecnológicos (FINATEC/UnB). O projeto inicial objetivava o desenvolvimento de estudos de regionali- zação dos sinistros climáticos no Brasil, visando minimizar as perdas na produção agrícola e disponibilizando ao produtor rural técnicas que permi- tiriam fugir de riscos climáticos oriundos do regime de chuva. Safra É o período de colheita e, também, o ciclo de desenvolvimento adequado de uma cultura agrícola. Safrinha Está associada à época antecipada ou adiada de plantio, em um período curto e pouco apropriado, em que a lavoura está mais exposta a riscos como geada, frio ou seca. Atenção As seguradoras não aceitam riscos de áreas que estejam fora do zoneamento agrícola. 46 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS EXEMPLO DE MAPA DE ZONEAMENTO CLIMÁTICO PARA UMA REGIÃO E UMA CULTURA ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA CULTURA DO FEIJÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Favorável Intermediária Desfavorável Inapta CICLO MÉDIO SOLO TIPO 1 SEMEADURA: 21 A 28/02 Fonte: MAA/FINAJEC-UnB/EMBRAPA-CPAC-C- NPMS/PESAGRO-RIO/ANEEL/INMET/SERLA – www.embrapa.br, 2017. Atualmente, sua finalidade é mais ampla e, com base em dados técnico-científicos, oferece orientações de períodos de plantio por município, por cultura e tipos de solo, de modo a evitar adversidades climáticas respon- sáveis por perdas na agricultura. Assim, a minimização dessas perdas, em razão da ocorrência de geadas, seca e outros eventos climáticos adversos, elimina reflexos negativos no abastecimento e nos preços dos produtos. Essas informações são divulgadas e disponibilizadas a associações de produtores, entidades de assistência técnica e extensão rural, agentes financeiros, cooperativas, secretarias de agricultura e entidades públicas/ privadas ligadas ao setor, inclusive seguradoras. Com isso, as seguradoras tornaram-se mais conservadoras no momento da taxação do seguro: quando o produtor rural não segue as orientações do zoneamento, é possível que sua proposta de seguro não seja aceita. Um dos maiores desafios do Seguro Agrícola no Brasil é reunir informação e tecnologia organizadas, passo a passo, em protótipos que facilitem o entendimento dos sistemas de produção pelos agentes seguradores. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o apoio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e de várias outras organizações, desenvolveu um modelo de zoneamento agrícola http://www.embrapa.br 47 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS que tem sido extremamente importante na redução de riscos e perdas. Esse modelo define zonas homogêneas quanto à precipitação pluviomé- trica, à capacidade de retenção de umidade dos solos e aos ciclos dos cultivares. Essas zonas podem ainda ser homogêneas, se subdivididas em função de outras características do solo. Dentre as ferramentas necessárias à implementação de um programa de Seguro Agrícola sustentável, o zoneamento agrícola é um dos pilares fun- damentais, tanto no sentido de reduzir as perdas causadas por eventos climáticos quanto no de melhorar o controle das operações e também aumentar a produtividade, direcionando as safras às regiões mais apropriadas para cada cultivo. Saiba mais O aquecimento da Terra nos próximos 100 anos requer uma tomada urgente de posi- ção não apenas para tentar frear o efeito estufa. Por causa das alterações futuras no clima do planeta, é preciso estar preparado para a mudança de zoneamento agrícola, em que as culturas deverão migrar para regiões onde o cultivo possa ser sustentado. RISCOS A crescente alocação de capital e os riscos associados à tendência de especialização do setor agropecuário têm criado exposição financeira para a qual o seguro é indispensável. Ciclos de El Niño, La Niña, furacões, geadas e inundações estão tornando a produção agropecuária menos previsível para o produtor rural, para o mercado de commodities, para a indústria de processamento de alimentos e para os consumidores, criando demandas crescentes para a transferência de risco. Uma peculiaridade do Seguro Agrícola consiste na definição de unidade segurada, que dependerá do tamanho da propriedade e irá afetar a taxa de prêmio necessária para manter um programa atuarialmente viável. Há duas modalidades mais conhecidas: ■ Quadra ou talhão – refere-se à possibilidade de o produtor segu- rar cada unidade separadamente, o que torna o seguro mais van- tajoso ao produtor, principalmente em grandes propriedades. ■ Toda a propriedade – refere-se a todas as quadras ou talhões operados por um produtor, considerados uma única unida- de. Em outras palavras, todos os hectares plantados com uma cultura segurável, operados por um produtor, devem ser segurados. 48 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Portanto, tendo em mente que todos os riscos não são iguais e que riscos diferentes requerem modos diferentes de distribuição, costuma-se classifi- car, genericamente, os eventos em não correlacionados e correlaciona- dos ou, ainda, intermediários. — Riscos Não Correlacionados São assim denominados, pois os sinistros ocorrem de forma indepen- dente. São situações em que os riscos não se comunicam, gerando per- das pontuais, pois nem todos, em uma mesma região, experimentam ocor- rências iguais ao mesmo tempo, podendo ser efetivamente gerenciados. As experiências mostram que os mercados de seguros, de maneira geral, estão mais bem adequados à distribuição de riscos não correlatos. É o caso, por exemplo, de automóveis e danos à propriedade devido a fogo e vendaval, enquanto, no Seguro Agrícola, temos o exemplo clássico das tempestades de granizo. As seguradoras, normalmente, trabalham melhor quando riscos independentes estão agregados para tomar vantagem sobre os princípios básicos de diversificação, pois, ao agregar riscos similares independentes em um único pacote de seguro, reduz-se a perda variante. Nesses casos, a contribuição financeira do governo é dispensável, sendo mais importante que ele exerça suas funções clássicas de disseminar infor- mações, garantir o cumprimento doscontratos, defender a concorrência e proteger o consumidor, regulando e fiscalizando as seguradoras, especial- mente na definição de parâmetros técnicos. — Riscos Correlacionados São assim denominados, pois os sinistros ocorrem de forma generalizada. São situações em que os riscos são interdependentes e aos quais, portanto, os tradicionais mecanismos de redução do risco global não se aplicam. Na realidade, são o calcanhar de aquiles do Seguro Rural. Sinistros de natureza catastrófica, como seca, geada e pestes, podem atingir deze- nas de municípios e milhares de produtores. Em se tratando de Seguro Agrícola, deve-se analisar um efeito impor- tante e complicado que é o aumento na capacidade de previsão de eventos sazonais extremos. Em alguns casos, com muitos meses de antecedência, como os fenômenos El Niño e La Niña. Esses eventos de natureza generalizada também têm característica sistêmica, pois, além de ocorrerem com certa frequência e causarem prejuízos que afetam não somente uma região, repetem-se de tempos em tempos. 49 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS São os sinistros que, conforme sua magnitude, podem determinar o com- prometimento da atividade financeira de uma seguradora ou do próprio sistema de seguro, pois são abrangentes e, ao mesmo tempo, implicam perdas extraordinárias. Nesse caso, a participação do Governo na partilha do risco torna-se reco- mendável, como forma de estimular o desenvolvimento do mercado de segu- ro privado, atuando somente quando estritamente indispensável e de forma a minimizar distorções na alocação de recursos da sociedade, sem se transfor- mar em um mecanismo de transferência de renda a grupos de seu interesse. — Riscos Intermediários Alguns desastres naturais não são nem altamente independentes, nem altamente correlacionados. São os chamados riscos intermediários que, teoricamente, aumentam o custo marginal do seguro, reduzindo sua oferta. Esses riscos, como enchentes, terremotos, furacões, requerem um trata- mento diferenciado, que exige maior compreensão e conhecimento (tan- to de perdas quanto administrativo), fundamentais no cálculo de custos, como no carregamento de reservas, no carregamento catastrófico e no cálculo de taxas de prêmio e sinistros. No caso hipotético de um furacão se aproximando, os seguradores pode- riam ir ao mercado de capitais para comprar cobertura extra. Para riscos intermediários, os custos históricos de perdas podem não ofe- recer estimativas precisas. Eventos de baixa frequência e de alta conse- quência podem facilmente ser subestimados ou superestimados durante o período histórico usado para desenvolver os custos de perdas, sendo necessários muitos anos de indenizações e prêmios para avaliar a sinistra- lidade. Deve-se, também, acrescentar a este fato que falhas de informação podem levar ao risco moral e à antisseleção. PREMISSAS — Redução do Risco É a minimização do risco utilizando tecnologias associadas ao processo de cultivo, também chamadas de “práticas agrícolas”, e a perfeita definição de “onde se deve plantar” e “quando se deve plantar”. O objetivo é reduzir as restrições impostas por fatores naturais e geográficos. Questões como esta estão contempladas na seção “Zoneamento Agrícola” deste material. Lembre-se Riscos não correlacionados Riscos independentes, com perdas pontuais. Riscos correlacionados Riscos interdependentes, com perdas generalizadas. Riscos intermediários Eventos de baixa frequência e alta consequência. 50 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Alguns exemplos são as pragas e doenças contagiosas quando houver prevenção ou tratamento. Deve-se dispender o que for necessário para prevenir sua instalação e disseminação, mas não para indenizar aqueles que, por negligência, deixarem de tomar as medidas preventivas. O segu- ro não pode desestimular a prevenção, até porque os seguros de lavouras no Brasil não indenizam estes eventos, salvo o PROAGRO e eventuais riscos previamente negociados com as seguradoras. — Reconhecimento de Riscos Não Seguráveis Prevenir-se contra a ocorrência de sinistros é sempre mais barato do que remediar seus efeitos. É o caso de haver riscos onde a atividade não seja recomendada por não conter os pressupostos mínimos de segurabili- dade, ou seja, atividades que não são passíveis de serem seguradas. Assim, os métodos utilizados em taxação do Seguro Rural, especificamen- te do Agrícola, dependem do tipo de cobertura e dos dados disponíveis. A taxação agrícola pode ser baseada no histórico de perdas do seguro ou, para novos seguros, no histórico de perdas de produtividade. A experiência tem mostrado que o modelo mais adequado é taxar o risco, mas, como em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil, tais dados não existem, torna-se necessário contar com a larga experiência de ressegu- radores internacionais que têm conhecimento sobre a natureza do risco associada à suscetibilidade de perdas de cada cultura. Caso não seja possível examinar ou estimar os custos de perda física ou por meio do histórico de indenizações, utilizando-se dados climáticos con- fiáveis, dentro de níveis aceitáveis de confiança e avançadas técnicas esta- tísticas, o risco pode se tornar não segurável. — Resseguradores A necessidade de favorecer o aumento da capacidade das seguradoras para a retenção de maior volume de negócios em nossa economia tor- nava urgente a dinamização do mercado de resseguros, com o fim do monopólio do IRB. Portanto, com a Lei 126/2007, foi autorizada a entrada de novos ressegu- radores no mercado de seguros brasileiros. 51 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A abertura do resseguro brasileiro aos players internacionais foi um avanço e representa uma excelente perspectiva para a comercialização de seguros agrícolas no Brasil. Em que pese a entrada de novos par- ceiros no mercado de resseguro, os problemas estruturais brasileiros persistem e mesmo com os novos resseguradores continuarão a existir: a falta de dados históricos confiáveis, a pouca cultura do seguro por parte do agricultor nacional, as altas despesas administrativas das segu- radoras e a inexistência de uma participação estatal mais significativa, elementos que não desaparecerão com a simples abertura do mercado. Não existem no mundo muitos resseguradores operando efetivamente no seguro agrícola e a maioria dessas companhias já operava no Brasil por intermédio de contratos automáticos ou facultativos. Com a abertura do mercado, importantes mudanças ocorreram, pois deu-se às seguradoras que atuam no ramo a possibilidade de assumirem mais riscos e maior expertise por conta do know how dos resseguradores estrangeiros. Além disso, contamos com um aumento das seguradoras atuantes no seguro rural. MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DO RISCO De modo geral, o agricultor não faz uso em larga escala do seguro como ferramenta para sua administração de riscos. No entanto, não sendo possível evitar o risco em sua integralidade, você verá a seguir que há vários mecanismos para sua diluição e partilha. — Diversificação Embora este item já tenha sido analisado como um princípio do seguro, trata- -se, na realidade, também de um mecanismo de proteção. Ao partilhar o risco entre o maior número de produtores, aqueles produtores que não sofrerem o risco contribuem com uma pequena parcela para a cobertura das grandes perdas dos demais. É o que chamamos de princípio do mutualismo, muito compreendido no meio rural, berço do sistema cooperativo nacional. 52 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Franquia Uma das formas de tornar o prêmio economicamente viável decorre de o produtor preferir aceitar uma pequena e consistente parcela de perda a enfrentar o risco de uma grande perda não desejável, mas possível. Com a participação no risco, o produtor tem um incentivo
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