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SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 4ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2020 REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA FÁBIO ROBERTO DIAS – 2020/2019 BRUNO KELLY – 2018 EDIÇÃO PLANO B EDUCAÇÃO PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DA ESCOLA VIRTUAL PICTORAMA DESIGN É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros E73s Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de riscos rurais e equipamentos rurais / Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Fábio Roberto Dias. -- 4.ed. -- Rio de Janeiro: ENS, 2020. 135 p.; 28 cm 1. Seguro rural. 2. Equipamentos rurais. I. Dias, Fábio Roberto. II. Título. 0019-2426 CDU 368.5(072) SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 1. UMA BREVE VISÃO DO AGRONEGÓCIO 8 INTRODUÇÃO 9 SEGURANÇA ALIMENTAR 10 AGRONEGÓCIO 11 Os Principais Segmentos do Agronegócio 12 Importância do Agronegócio 13 Oportunidades 13 Pontos Fortes do Agronegócio Brasileiro 13 Pontos Fracos do Agronegócio Brasileiro 14 O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO 15 CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL 17 FIXANDO CONCEITOS 1 18 2. CRONOLOGIA NO SETOR DE SEGURO RURAL 21 INTRODUÇÃO 22 CRONOLOGIA 23 COMPANHIA NACIONAL DE SEGURO AGRÍCOLA (CNSA) 24 FUNDO DE ESTABILIDADE DO SEGURO RURAL (FESR) 25 Receitas do FESR 25 Obtenção da Garantia do FESR 26 COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO (COSESP) 27 PROGRAMA DE GARANTIA DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA (PROAGRO) 27 Síntese Histórica 27 PROAGRO MAIS 30 SUMÁRIO INTERATIVO SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR) 30 ALIANÇA DO BRASIL 31 FIXANDO CONCEITOS 2 32 3. POLÍTICA AGRÍCOLA 34 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) 35 Missão 35 Uma Parceria Histórica com o Agronegócio 35 RESSEGURADORAS 36 SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) 37 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES EM VIGOR 37 Normas que Atualmente Regem o Seguro Rural 37 Linha do Tempo do Seguro Rural no Brasil 39 FIXANDO CONCEITOS 3 40 4. RISCO RURAL 41 INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL 42 OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL 43 Mensuração do Risco 43 Produção 44 Distribuição dos Prêmios 45 Sinistralidade do Seguro Agrícola 46 CONCEITOS 47 Rural e Agrícola 47 Custeio, Produção, Rendimento e Índice 47 Safra e Safrinha 48 Zoneamento Agrícola 48 RISCOS 50 Riscos Não Correlacionados 51 Riscos Correlacionados 51 Riscos Intermediários 52 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS PREMISSAS 53 Redução do Risco 53 Reconhecimento de Riscos Não Seguráveis 54 Capacidade Financeira 54 CARACTERÍSTICAS DOS RISCOS SEGURÁVEIS – RISCOS RURAIS 55 Lei dos Grandes Números 55 Acidental 55 Mensurável 55 Independente 56 Provável 56 Viável 56 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DO RISCO 57 Diversificação 57 Franquia 57 Redução do Prêmio 57 Cosseguro 58 Resseguro & FESR 58 Consórcio 58 FIXANDO CONCEITOS 4 60 5. RAMOS DO SEGURO RURAL 64 INTRODUÇÃO 65 MODALIDADES DO SEGURO RURAL 66 Seguro Agrícola 66 Seguro de Granizo x Seguro Multirrisco 66 Seguro de Animais 70 Seguro Pecuário 70 Seguro Aquícola 70 Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários 71 Seguro de Penhor Rural 71 Seguro de Florestas 73 Seguro de Cédula do Produto Rural (CPR) 74 Seguro de Vida do Produtor Rural 74 FIXANDO CONCEITOS 5 75 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 6. OS DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO 78 INTRODUÇÃO 79 GARGALO LOGÍSTICO 79 SISTEMA TRIBUTÁRIO 80 CONTROLE SANITÁRIO 80 INCREMENTO DA COMPETITIVIDADE 81 PESQUISA & DESENVOLVIMENTO (P&D) 81 FIXANDO CONCEITOS 6 83 7. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS 85 CONTEXTO HISTÓRICO 86 FIXANDO CONCEITOS 7 90 ESTUDOS DE CASO 92 ANEXOS 95 Anexo 1 – Modelo de proposta de seguro agrícola 95 Anexo 2 – Lei 10.823, de 19 de dezembro de 2003 97 Anexo 3 – Circular susep 261, de 9 de julho de 2004 105 Anexo 4 – Circular SUSEP 261, de 9 de julho de 2004 – Título Único das Definições 108 Anexo 5 – Resolução cnsp 339, 11 de maio de 2016 111 Anexo 6 – Circular susep n° 286, de 21 de março de 2005 121 Anexo 7 – Decreto n° 5.782, de 23 de maio de 2006 123 Anexo 8 – Lei Complementar n° 137, de 26 de agosto de 2010 125 GABARITO 134 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 135 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 8 UNIDADE 1 ■ Compreender a importância do agronegócio para o país e para a sociedade. ■ Descrever quais os principais segmentos do agronegócio. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE 01 Uma BREVE VISÃO do AGRONEGÓCIO ■ Identificar quais os pontos fortes e fracos do agronegócio brasileiro. ■ Exemplificar os principais obstáculos à ampliação das exportações. ■ Definir o que é o crédito rural e suas exigências. INTRODUÇÃO SEGURANÇA ALIMENTAR AGRONEGÓCIO O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL FIXANDO CONCEITOS 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 9 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO O Brasil tem uma inegável vocação agrícola e já é o terceiro maior exporta- dor agrícola do mundo. Isto posto, é fácil perceber que o agronegócio bra- sileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversi- ficado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. O agronegócio é, hoje, a principal locomotiva da economia brasileira e res- ponde por um em cada três reais gerados no país. O Brasil situa-se, no contexto mundial atual, como celeiro mundial em termos de agronegócio. O país possui 22% das terras agricultáveis do mundo, além de elevada tecnologia utilizada no campo, fazendo do agronegócio brasilei- ro um setor moderno, eficiente e competitivo no cenário internacional. Temos acompanhado o esforço do Governo Federal no sentido de conso- lidar a agricultura brasileira como setor estratégico moderno e competitivo. Para isso, o governo brasileiro vem lutando, por meio de participação nos fóruns internacionais, pelo acesso ao mercado e redução dos subsídios. Você sabe o que o Brasil ganha com isso? Muita coisa. A segurança ali- mentar é, por exemplo, uma questão estratégica que afeta diretamente a Comentário Medidas para o Brasil ter maior produção agrícola: ■ Adoção de créditos com juros fixos. ■ Investimento em pesquisa. ■ Fortalecimento da defesa agropecuária. ■ Melhoria da infraestrutura de transporte, portos e armaze- nagem. ■ Modernização do parque de máquinas e implementos agrícolas. 10 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS população brasileira. Temos, hoje, alimentos de qualidade,ofertados durante todo o ano, e com um custo que não vem sofrendo aumentos significativos nos últimos anos. Esta é uma das contribuições importan- tes do agronegócio brasileiro, com impactos diretos na inflação, na estabilidade econômica e, consequentemente, no bolso do consumi- dor. Somam-se a este quadro, o saldo positivo da balança de pagamen- tos e o impacto do setor no interior do país, gerando mais empregos e renda. A maioria dos seus cinco mil municípios, que representam 89% do total dos municípios brasileiros, tem menos de 50 mil habitantes e é alta- mente dependente do agronegócio. O setor do agronegócio precisa aproveitar o momento positivo para consoli- dar sua imagem na sociedade, por meio de um plano de comunicação bem estruturado. O maior beneficiário não será o próprio setor, mas sim a socie- dade, que estará assegurando as bases do desenvolvimento sustentável. SEGURANÇA ALIMENTAR O mercado de seguros não está limitado à realidade da vida urbana, na qual os riscos seguráveis estão alinhados às circunstâncias das metrópo- les e áreas adjacentes. É uma visão equivocada o entendimento de que a riqueza produzida pelo País encontra-se apenas nas cidades. O profissio- nal do mercado de seguros deve estar atento às grandes possibilidades de negócios que os riscos inerentes ao agronegócio oferecem. Isso porque não se trata apenas de uma escolha pública de desenvolver o agronegó- cio, mas, sim, de uma obrigação do Estado em garantir a segurança alimen- tar de sua população. O conceito de segurança alimentar foi consolidado na Cúpula Mundial de Alimentação, em 1996, na cidade de Roma, na qual os representantes de vários países, inclusive do Brasil, estiveram reunidos e elaboraram um Pla- no de Ação da Cúpula Mundial da Alimentação, o qual previu que há “segu- rança alimentar quando as pessoas têm, a todo o momento, acesso físico e econômico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares, a fim de levarem uma vida ativa e sã”. O art. 6º da Constituição Federal de 1988 prevê, na sua atual redação, o seguinte: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdên- cia social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 11 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Portanto, o direito à alimentação é um direito fundamental. Além disso, tal direito é entendido pela comunidade internacional como Direito Humano, de modo que, dentro do contexto dos direitos sociais, a segurança alimen- tar deve ser assegurada, sobretudo para que prevaleça a dignidade da pessoa humana. Por essa razão, o agronegócio brasileiro está inserido no contexto da segurança alimentar em tal magnitude, que, ao se tratar de desenvolvi- mento do setor, não há a menor dúvida de que existe a necessidade de maior controle e fiscalização dos produtos utilizados como insumos e dos produtos finais, tanto para consumo interno, como para exportações, man- tendo assim soberania e a sustentabilidade alimentar do País. O conceito de segurança alimentar relaciona-se também com aspectos macroeconômicos, sobretudo no que concerne à inflação, a qual retira o poder de compra e restringe o acesso aos produtos. Desse modo, asse- gurar padrões estratégicos de segurança alimentar é interagir, construtiva- mente, com variáveis econômicas, políticas públicas, subsídios, proteções aos riscos, políticas sociais e agrárias, e zoneamentos agroclimáticos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem como missão o desenvolvimento de políticas agrícolas que promovam a segu- rança alimentar brasileira. Como veremos a seguir, o crédito rural, o seguro rural, os programas de Governo e os fundos de proteção da atividade rural são variáveis que atuam intensamente para o desenvolvimento do agronegócio. Para a compreensão da dinâmica do seguro rural, é fundamental entender os agentes envolvidos, as operações, as relações com o poder público e os elementos do risco rural. AGRONEGÓCIO O agronegócio envolve toda a cadeia produtiva e de comercialização dos alimentos e fibras. ALCANCE DO AGRONEGÓCIO INSUMOS PRODUÇÃO COMERCIALIZAÇÃO C O N S U M ID O RFertilizantes Agricultura & Pecuária Atacadistas Sementes Cooperativas Herbicidas Agroindústria & Energia Exportadores Defensivos Varejistas 12 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Os Principais Segmentos do Agronegócio O quadro a seguir indica os principais segmentos do agronegócio. SEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO ANTES DA PORTEIRA DENTRO DA PORTEIRA DEPOIS DA PORTEIRA MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA AGROINDÚSTRIA (PROCESSAMENTO) DISTRIBUIÇÃO Sementes Calcário Fertilizantes Rações Defensivos Fármacos Veterinários Combustíveis Tratores Colheitadeiras Implementos Equipamentos Máquinas Motores Inseminação Artificial Ordenha mecânica Equipamentos de frio Produção animal Lavouras permanentes Lavouras temporárias Horticultura Fruticultura Silvicultura Extração vegetal Indústria alimentar Indústria de bebidas Couro e calçados Têxtil e confecções Papel e celulose Madeira e móveis Álcool carburante Borracha natural Fumo e cigarros Óleos e essências C O N S U M ID O R E S Comércio atacadista Refeições industriais Fast-food Lojas de conveniência Restaurantes, hotéis Super/ hipermercados Mercearias Bares Padarias Açougues Feiras e sacolões Exportação SERVIÇOS DE APOIO Agronômicos, veterinários, P&D, bancos, marketing, vendas, transporte, armazenagem, portos, assistência médica, informação de mercados, bolsas de mercadorias, seguros, outros. 13 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Importância do Agronegócio O Agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia: ■ Representa 23,5% do PIB brasileiro (2017). ■ Comporta 37% dos empregos. ■ US$ 1 milhão investidos na agropecuária equivale à geração de 202 empregos (IBGE). É também o maior gerador de divisas do país: ■ Gerou saldo comercial de US$ 67 bilhões em 2017. ■ Correspondeu a 44,8% do total das exportações brasileiras no mesmo ano. — Oportunidades O agronegócio brasileiro é muito competitivo e oferece grandes oportunidades: ■ Aumento da produção, que garante o desenvolvimento do setor. ■ Maior oferta de empregos e aumento de renda. ■ Maior produção de alimentos e fibras. ■ Aumento nas exportações. ■ Maior produção de energia a partir de biocombustíveis. — Pontos Fortes do Agronegócio Brasileiro ■ Disponibilidade de terras e clima favorável. ■ Recursos humanos qualificados. ■ Capacidade de gestão. ■ Estrutura de comercialização. ■ Potencial para bioenergia. ■ Desenvolvimento tecnológico (diferencial). 14 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CERRADO – DISPONIBILIDADE DE TERRAS (MILHÕES DE HECTARES) Área Total: 204 Área Agricultável: 137 Pastagem: (35) Culturas Anuais: (10) Culturas Perenes e Florestas: (2) Área Disponível: 90 Fonte: MAPA/SPC Fonte: MAPA/SPC – www.agricultura.gov.br — Pontos Fracos do Agronegócio Brasileiro ■ Logística (transporte, armazenagem, portos). ■ A questão social. ■ Desenvolvimento da biotecnologia. ■ Ação proativa e profissionalização em negociações internacionais. ■ Políticas públicas. 15 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO VITÓRIA PONTA DA MADEIRA SANTARÉM ITACOATIARA SANTOS BOLÍVIA ARGENTINA PARAGUAI PARANAGUÁ S.F. DO SUL RIO GRANDE LOGÍSTICA ATUAL Ferrovias Hidrovias Portos Nova fronteira agrícola Fonte: MAPA/SPC – www.agricultura.gov.br O POTENCIAL DO AGRONEGÓCIO Você sabia que o agronegócio é potencialmente o maior segmento eco- nômico brasileiro e mundial? A agriculturae o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2017, a maior participação em 13 anos, de acordo com estimativa feita pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 16 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS O Brasil detém terras abundantes, planas e baratas, como são os cerrados, com uma reserva de 90 milhões de hectares; dispõe de produtores rurais experientes e capazes de transformar essas potencialidades em produ- tos comercializáveis; detém um estoque de conhecimentos e tecnologias agropecuárias, transformadoras de recursos em produtos. Por qualquer ângulo que se analise o mercado, o tamanho que o Brasil adquiriu no campo do agronegócio é impressionante. Estes são pontos que reforçam a importância do agronegócio no Brasil, além de sua grande competitividade, utilização de alta tecnologia e gera- ção de empregos e riquezas para o país. Feitas estas considerações, parece racional acreditar positivamente no futuro da produção brasileira. No caso da soja, podemos dizer que o Brasil é o único país capaz de prover o esperado aumento da demanda mundial, por possuir mais de 60 milhões de hectares de terras ainda aptas para a produção de grãos apenas no Cerrado. Quanto ao mercado externo, o agronegócio participa com 44,8% das exportações brasileiras. Em 2017, as exportações totais foram de US$ 217,74 bilhões, e o agronegócio respondeu por US$ 96 bilhões, gerando um significativo saldo positivo na balança comercial agropecuária. A pauta de exportações é diversificada, abrangendo café, soja, carnes, fumo, suco de laranja, cacau, açúcar e álcool, frutas, flores, hortaliças, madeira, móveis e compensados, couros e peles, entre outros produtos. Entre os principais obstáculos à ampliação das exportações estão: ■ O protecionismo dos países desenvolvidos. ■ O custo Brasil e as deficiências da política comercial brasileira. ■ A falta de promoção e de marketing dos produtos brasileiros. ■ A falta de tradição dos empresários. A possibilidade de crescimento da produção de grãos, fibras, energia, car- nes, frutas, hortaliças, tubérculos, flores e piscicultura é muito grande, tanto sob a forma de aumento de produtividade quanto pela expansão das áreas cultivadas em mais de 120 milhões de hectares. 17 UNIDADE 1 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CRÉDITO RURAL PARA A AGRICULTURA COMERCIAL O crédito rural procura estimular os investimentos rurais, garantir o valor de custeio da produção e comercialização e, consequentemente, favorecer o setor rural, responsável pela produção de alimentos. Além disso tudo, ele permite o desenvolvimento de tecnologias que irão promover a melhoria da produtividade e o aumento da produção de alimentos. O crédito rural pode ser solicitado por produtores rurais ou empresas agrope- cuárias de pesquisa, de produção de mudas e sementes, de inseminação artificial para bovinos, de serviços mecanizados e outras empresas com fina- lidade comercial. Com o crescimento da demanda do consumidor por alimen- tos produzidos de forma mais saudável e com garantia de qualidade, recente- mente as instituições financeiras de crédito rural iniciaram suas operações junto à atividade específica da agricultura orgânica. As exigências para a obtenção do crédito rural variam de acordo com a instituição financiadora.Algumas exigências são comuns, como: ■ A idoneidade do tomador. ■ A elaboração de planos ou projetos com orçamentos. ■ A capacidade de execução. ■ Um cronograma de desembolso e reembolso do dinheiro tomado. Comentário Vantagens competitivas do Brasil Atualmente, as lavouras ocupam 55 milhões de hectares, a pecuária 220 milhões, e as florestas cultivadas abrangem 5 milhões de hectares. Em termos de piscicultura, o Brasil dispõe da maior reserva de água doce do mundo e de uma das maiores costas marítimas. Saiba mais Sugestão de leitura Crédito Rural www.agricultura.gov.br 18 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 1 Analise se as proposições são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta. 1. São considerados insumos na cadeia produtiva do agronegócio: ( ) Fertilizantes. ( ) Atacadistas. ( ) Sementes. ( ) Defensivos. Agora assinale a alternativa correta: (a) F, F, F, F. (b) V, V, F, F. (c) V, F, V, F. (d) F, F, V, F. (e) V, F, V, V. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 2. Podemos considerar pontos fortes do agronegócio brasileiro o(a)(s): I) Disponibilidade de terras e clima favorável. II) Recursos humanos qualificados. III) Capacidade de gestão. IV) Logística (transporte, armazenagem, portos). Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I e III são proposições verdadeiras. (b) Somente II e III são proposições verdadeiras. (c) Somente II e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, II e III são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III e IV são proposições verdadeiras. 19 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Correlacione os itens a seguir e depois marque a alternativa correta. 3. O agronegócio envolve toda a cadeia produtiva e de comercialização dos alimentos e fibras. Associe insumo, produção e comercialização aos itens a que se referem: 1) Insumo. 2) Produção. 3) Comercialização. ( ) Herbicidas. ( ) Fertilizantes. ( ) Agricultura e pecuária. ( ) Atacadistas. ( ) Cooperativas. Agora assinale a alternativa correta: (a) 1, 1, 1, 2, 2. (b) 1, 1, 2, 3, 3. (c) 1, 2, 1, 2, 2. (d) 2, 2, 1, 1, 1. (e) 2, 2, 2, 1, 1. Marque a alternativa correta. 4. Com relação à importância do agronegócio, podemos dizer que: (a) É um dos setores mais dinâmicos da economia. (b) Tem inexpressiva participação no PIB brasileiro. (c) Concentra-se fortemente nas cidades. (d) Depende exclusivamente da indústria. (e) Gera poucos postos de trabalho. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. 5. São pontos fracos do agronegócio brasileiro: I) Logística (transporte, armazenamento, portos). II) Potencial para bioenergia. III) A questão social. IV) Desenvolvimento da biotecnologia. 20 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente I e II são proposições verdadeiras. (c) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (d) Somente I, III e IV são proposições verdadeiras. (e) Somente II, III e IV são proposições verdadeiras. Marque a alternativa correta. 6. Em relação à segurança alimentar no contexto do agronegócio brasilei- ro, podemos afirmar que: (a) A segurança alimentar é considerada uma necessidade desvincu- lada de aspectos econômicos como a inflação e o preço final pago pelo consumidor brasileiro. (b) O agronegócio brasileiro desenvolve-se no sentido quantitativo da produção agrícola, desconsiderando a qualidade e o controle sani- tário dos alimentos produzidos. (c) O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA – tem como missão o desenvolvimento de políticas agrícolas que promo- vam a segurança alimentar brasileira. (d) O consumo interno brasileiro de produtos agrícolas apresenta tendên- cia de queda quando se assegura a segurança alimentar à população. (e) A disponibilidade de terras e a diversidade de climas do território brasileiro comprometem a segurança alimentar da população. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 21 UNIDADE 202 ■ Compreender a cronologia das ações do Governo e da iniciativa privada no que se refere à proteção ao segmento rural. ■ Identificar as características básicas da Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA). ■ Definir as características básicas do Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR). ■ Descrever as características básicas da Companhia de Seguros do Estadode São Paulo (COSESP). TÓPICOS DESTA UNIDADE CRONOLOGIA no SETOR de SEGURO RURAL ■ Descrever as características básicas do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO). ■ Definir as características básicas do PROAGRO MAIS. ■ Identificar as características básicas da Aliança do Brasil Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: INTRODUÇÃO CRONOLOGIA COMPANHIA NACIONAL DE SEGURO AGRÍCOLA (CNSA) FUNDO DE ESTABILIDADE DO SEGURO RURAL (FERS) COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO (COSESP) PROGRAMA DE GARANTIA DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA (PROAGRO) PROAGRO MAIS PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR) ALIANÇA DO BRASIL FIXANDO CONCEITOS 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 22 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO O seguro é uma das mais antigas instituições idealizadas pelo Homem para lidar com eventos incontroláveis, de maneira a reduzir a incerteza ou o ris- co presente no mundo real. A maioria dos riscos apresenta consequências econômicas, e são esses riscos e suas consequências que interessam ao mercado segurador. Diversos mecanismos criados pelo Homem surgiram com o objetivo de reduzir o risco, por exemplo: diversificação, autosseguro, reservas de cré- dito, investimentos em redução da perda ou mecanismos baseados na pul- verização do risco pelo mercado. Entretanto, restam ainda muitas formas de perdas econômicas que não podem ser evitadas, como a maior parte das questões climáticas. Quando falamos de clima, existem situações cuja probabilidade de perda ou dano não pode ser reduzida. Tendo em vista esse problema, a transfe- rência desse risco (ou parte dele) por meio da contratação de um seguro é uma das formas mais eficientes de proteção. Atualmente, o seguro se encontra difundido no mundo todo e em diversos setores da economia, entre eles, o setor agropecuário. 23 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CRONOLOGIA A criação da Companhia Nacional de Seguro Agrícola, em 1954, e, poste- riormente, a regulamentação do Seguro Rural, por meio do Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, representaram as primeiras tentativas de estruturação desse mecanismo no país. Essa norma criou o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), que tem por fim equilibrar o mercado de Seguro Rural, minimizando os prejuízos das seguradoras em caso de sinistros abrangentes, como secas e geadas, e que está sob administração do IRB-Brasil Re. De acordo com essa sistemática, as seguradoras que operam com Seguro Rural devem, obrigatoriamente, contribuir para o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), em função do resultado positivo em cada exercício nas modalidades garantidas pelo Fundo, segundo os seguintes percentuais: I) Seguros Agrícola, Pecuário, Aquícola e de Florestas – 30%. II) Seguro de Penhor Rural – 50%. Em caso de catástrofe abrangente, o FESR cobre o prejuízo causado pelo elevado número de indenizações concentradas que devem ser pagas. Na área privada, a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (COSESP), criada em 1969, que opera, basicamente, em São Paulo e no Paraná, representa um dos poucos exemplos de sucesso nesse segmento. No setor público, em 1973, foi criado o Programa de Garantia da Ativida- de Agropecuária (PROAGRO), que tinha por objetivo eximir o produtor das obrigações financeiras do crédito rural, caso houvesse quebra de produ- ção em decorrência de eventos naturais. Assim, o PROAGRO não segurava toda a produção, mas tão somente o valor correspondente ao crédito de custeio contratado por intermédio do agente financeiro, o que o tornava uma espécie de “Seguro de Crédi- to”, protegendo mais os agentes financeiros do que os produtores. Além disso, por se tratar de um programa de Governo, não estava sujeito às demais regras do Seguro Rural. Historicamente, o PROAGRO foi alvo de denúncias de fraude, além de ser financeiramente inviável, uma vez que o volume total de prêmios arrecadado, na grande maioria dos anos, era insuficiente para cobrir os custos das indenizações, havendo necessida- de de aporte financeiro. Além disso, devido à dificuldade de fiscalização e aos constantes entraves burocráticos, um grande número de indeniza- ções não foi honrado, o que levou o programa ao descrédito. Em 1991, o PROAGRO foi reformulado, entrando em uma nova fase. A partir de 1995, os preços cobrados aos agricultores e as coberturas do programa Importante Finalidade do FESR Equilibrar o mercado de Seguro Rural, minimizando os prejuízos das seguradoras em caso de sinistros abrangentes. 24 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS passaram a ser calculados com base no zoneamento agrícola. Isso per- mitiu a regionalização das datas de plantio e a consequente redução e diferenciação, por cultura, do valor do prêmio. Além disso, os sinistros causados pela seca (apontada como principal risco da agricultura brasileira) foram retirados dos eventos cobertos pelo PROA- GRO, o que, por um lado, contribuiu para a redução do preço da cobertura ao agricultor, mas, por outro lado, levou à diminuição do interesse pela adesão ao programa. Em 2002, o Congresso Federal apresentou uma minuta de projeto, dispon- do sobre a subvenção econômica ao prêmio do Seguro Rural, que, final- mente, foi convertido na Lei 10.823, de 19 de dezembro de 2003. No final de 2010, o presidente da República aprovou e sancionou, o Fundo de Catástrofe, o qual substituirá o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), com benefícios para o mercado e os agricultores. Por intermédio desse novo fundo, a responsabilidade pela cobertura de riscos catastróficos passará a ser, subsidiariamente, da União, sendo permitido ao novo fundo contratar para si proteção no mercado interna- cional de resseguros. COMPANHIA NACIONAL DE SEGURO AGRÍCOLA (CNSA) Em 1954, acompanhando todos os trabalhos desenvolvidos pelo Governo de São Paulo, que, àquela altura, já ensaiava operações com cana-de-açú- car e café, o Governo Federal elaborou instrumentos legais, possibilitan- do a criação da Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA), visando fomentar o desenvolvimento do Seguro Agrícola no país. A CNSA era uma empresa de economia mista, cujas ações pertenciam ao Banco do Brasil (sócio principal, com cerca de 45%), seguradoras privadas (20%) e autarquias federais (35%). A CNSA não executou projeto algum. Importante Ressalte-se que esse novo fundo, o Fundo de Catástrofe, apesar de sancionado, ainda depende de regulamentação para iniciar suas operações. 25 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FUNDO DE ESTABILIDADE DO SEGURO RURAL (FESR) Como vimos, em 1966, foi dissolvida a Companhia Nacional de Seguro Agrícola e criado o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), com a finalidade de dar suporte financeiro ao sistema brasileiro de Seguro Agrí- cola quando houvesse perdas catastróficas. Seriam fontes de receita do fundo as operações que apresentassem resultados superavitários nos Ramos Agrícola, Florestal e de Penhor Rural. Além disso, seria realizada uma complementação com recursos da União. O FESR foi criado pelo Decreto-Lei n° 73/1966, tendo como gestor o IRB-Brasil Re. Porém, por conta de todas as mudanças no mercado de Resseguro o IRB deixa de gerir o Fundo, que passa a ficar a cargo da Agência Brasileira Gesto- ra de Fundos Garantidores e Garantias, desde Novembro/2015. São também finalidades do FESR garantir o equilíbrio das operações agrí- colas no país e atender à cobertura suplementar dos riscos de catástrofe inerentes à atividade rural. O exercício do FESR é de 1º de julho a 30 de junho do ano subsequente. As sociedades seguradoras e os Resseguradores recuperam do FESR a parcela de seus sinistros retidos quando esta se situa entre 100% e 150% dos prêmios puros ou é superior a 250% dos prêmios puros. A faixa de 150% a 250% pode seramparada por um contrato de resseguro, uma vez que não é coberta pelo FESR. Para fins de cálculo de recuperação, são considerados créditos aos prê- mios ganhos as comissões de resseguro recebidas pelas sociedades seguradoras nas operações garantidas pelo FESR. — Receitas do FESR As receitas do FESR têm as seguintes origens: ■ Excedentes do máximo admissível tecnicamente como lucro nas operações de Seguros Agrícola, Pecuário, Aquícola, de Florestas e Penhor Rural. ■ Crédito especial da União, quando necessário, para a cobertura de deficiência operacional verificada no exercício anterior. Atenção O Fundo de Estabilidade do Seguro Rural está em vias de ser extinto. Isso acontecerá quando da regulamentação do Fundo de Catástrofe. Saiba mais Modalidades garantidas pelo FESR ■ Seguro Agrícola (Custeio, pela Resolução CNSP 50/01). ■ Seguro Pecuário. ■ Seguro Aquícola. ■ Seguro de Florestas. ■ Seguro de Penhor Rural. 26 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Obtenção da Garantia do FESR As sociedades seguradoras que operam com o FESR devem apresentar ao seu gestor, com antecedência mínima de 90 dias do início do exercí- cio, plano de operações com as seguintes informações mínimas: ■ Relação das regiões e culturas em que pretendam atuar em cada exercício do fundo, observando, obrigatoriamente, as orientações do zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura e Abaste- cimento ou instituições oficiais de pesquisa, caso as operações incluam o Seguro Agrícola. ■ Programa de resseguro relacionado a cada uma das modalidades selecionadas para atuação. A garantia do FESR está condicionada à aprovação, pela SUSEP, das con- dições contratuais e Nota Técnica Atuarial (NTA) para cada exercício. O material deverá ser encaminhado com antecedência mínima de 90 dias do início do exercício. A aprovação da NTA fica condicionada à apresentação da cobertura de resseguro. Para fins de custeio das despesas administrativas, deve ser considerado, na NTA, o percentual de 10% dos prêmios emitidos ou até 20% se devidamente justificado. Atualmente, o FESR não atende às necessidades do mercado de seguro rural, uma vez que este não é reconhecido como mecanismo garantidor do equilíbrio das carteiras das seguradoras. As razões para isso estão no fato de que o fundo tem dificuldades de pagamento das coberturas em virtude de contingenciamentos de recursos e da falta de previsão orçamentária por parte do Governo Federal. Trata-se de problemas que transcendem aspectos jurídicos e dizem respeito à confiabilidade, à tempestividade das coberturas, à adequação das faixas de cobertura e ao modo de participa- ção e contribuição das seguradoras, as quais o consideram apenas como um limitador de lucratividade da operação no seguro rural. São essas as deficiências que justificam a criação do Fundo de Catástrofe da Lei Complementar nº 137/2010, com o objetivo de substituir o FESR. Contudo, apesar de necessária, a regulamentação avança com lentidão pelo Governo Federal. Permanecem pendentes, para a regulamentação, as definições de mecanismos de garantia de pagamento no prazo que res- guarde a eficiência do novo fundo; os limites de cobertura; como será a participação e a contribuição das entidades privadas do mercado de segu- ros e do próprio Governo Federal, assim como a constituição e criação do fundo com a origem de recursos, dentre outros aspectos. 27 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS COMPANHIA DE SEGUROS DO ESTADO DE SÃO PAULO (COSESP) Em 1969, foi criada a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo, uma seguradora do governo estadual que herdou toda a experiência da Secre- taria de Agricultura desse estado e cuja formatação foi incentivada por uma forte regulamentação do setor. É a seguradora com a mais longa história de Seguro Agrícola no país, com uma experiência única no ramo, sendo uma empresa de economia mista. O Conselho Nacional de Seguros Privados aprovou a criação de várias seguradoras estatais para trabalhar com Seguro Agrícola. No início, as operações da COSESP eram amparadas pelo governo do Esta- do de São Paulo. Atualmente, tal respaldo é buscado com o FESR e o mer- cado ressegurador. A longevidade dessa companhia deve-se, em grande parte, a fatores como a limitação geográfica de sua atuação e a inexistência de coberturas amplas em regiões onde as lavouras apresentassem riscos que a empresa não tivesse condições de avaliar com segurança. Com base nessa política de atuação, que perdurou por 27 anos, a segura- dora decidiu expandir-se, passando a abranger um maior número de cul- turas, riscos e regiões. Em termos gerais, a experiência da COSESP apre- senta como características principais forte base agronômica, alto custo operacional e alta sinistralidade. A seguradora já não vinha operando de forma significativa desde 2004, quando sofreu grandes prejuízos pela sinistralidade, e recentemente o governo do Estado de São Paulo conseguiu autorização da Assembleia Legislativa do Estado para a venda da seguradora. PROGRAMA DE GARANTIA DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA (PROAGRO) — Síntese Histórica O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO) foi instituí- do pela Lei nº 5.969/1973, com a finalidade de eximir o produtor rural do 28 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS cumprimento de obrigações financeiras relativas a operações de crédito rural, quando da ocorrência de perdas das receitas esperadas, em conse- quência de fenômenos naturais, pragas e doenças que atingissem bens, rebanhos e plantações. A criação do PROAGRO foi motivada pelos seguintes fatos: ■ Ausência de um mecanismo de proteção contra perdas da produção agropecuária decorrentes de causas naturais fortuitas, com conse- quente descapitalização e crescente endividamento dos produtores. ■ Fracasso na implantação da Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA). A Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA), criada em 1954 e extinta em 1966 sem ter conseguido sequer emitir uma única apólice. ■ Existência de modelos, em outros países, onde o governo conce- de créditos ou assume despesas advindas de perdas de produção. ■ Necessidade de institucionalizar um mecanismo de garantia das operações de crédito rural que pudesse ser usado em substituição às garantias reais ou fidejussórias usualmente exigidas pelo siste- ma bancário. A administração do PROAGRO cabe ao Banco Central do Brasil, segundo normas aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e os recursos financeiros eram provenientes da taxa do adicional (prêmio), fixada em 1% ao ano sobre o saldo devedor do empréstimo rural (custeio e investimen- to), de verbas do Orçamento da União e de outros recursos alocados. A Lei Agrícola (Lei nº 8.171/1991), regulamentada pelo Decreto nº 175/1991 e pela Resolução nº 1. 855/1991, instituiu o Conselho Nacional de Política Agrícola e modificou as regras do programa (fase a partir da qual se denomi- na PROAGRO NOVO), com destaque para a possibilidade de se enquadrar em atividades não financiadas e a restrição de o enquadramento aplicar-se apenas às operações de custeio (exclusão das operações de investimento). Essa regulamentação traduziu a preocupação em tornar o PROAGRO autossuficiente, de forma que os adicionais arrecadados em cada safra suportassem as despesas apuradas no mesmo período. No que se refere às fontes de recursos, passou-se a considerar os resulta- dos das aplicações financeiras dos saldos existentes, e a participação do Tesouro Nacional ficou limitada aos casos em que a disponibilidade do pro- grama não fosse suficiente para cobrir os prejuízos, quando da ocorrência de adversidades climáticas generalizadas. Nesse sentido, foram elevadas as alíquotas dos adicionais, e as normas do PROAGRO foram simplificadas com o claro objetivo de reduzir custos. Importante O PROAGROnão é um seguro, mas tão somente um programa do Governo Federal. Curiosidade Embora o programa tenha sido criado em 1973, por diversas circunstâncias sua implantação somente foi possível em 1º de janeiro de 1975, com a regulamentação divulgada pela Resolução nº 301/1974 de 09/10/74, pela Circular nº 241/1974, e pela Carta-Circular nº 128/1975. 29 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Entretanto, o regulamento não cuidou de institucionalizar fluxos de infor- mações que permitissem o acompanhamento sistemático das receitas e o controle dos riscos assumidos, dificultando sobremaneira a gestão finan- ceira do programa. Como as medidas adotadas não surtiram os efeitos desejados, em 31 de agosto de 1994, o CMN aprovou a Resolução nº 2.103, reduzindo a abran- gência do programa e instituindo mecanismos de controle mais eficientes. Entre as modificações, destacam-se a vigência da cobertura após a emer- gência da planta, a obrigatoriedade de orçamento analítico e de seu enquadramento integral, a exigência de maior responsabilidade técnica nos empreendimentos assistidos e a automação no recolhimento de recei- tas e dos registros de comunicação de perdas, permitindo melhor acompa- nhamento e segurança nos procedimentos. Outro ponto a destacar foi a substituição do mecanismo de promover reba- tes no valor da cobertura, quando verificadas indenizações anteriores, por bonificações concedidas aos produtores que comprovassem bom desem- penho nas safras anteriores. A adesão ao PROAGRO é facultativa, e, atualmente, as alíquotas do adicio- nal variam de acordo com a atividade (de 1,2% para o custeio pecuário até 11,7% para o custeio do cultivo de sequeiro do arroz, feijão, aveia, centeio, cevada, trigo e triticale). Nos empreendimentos em que não for prevista a prestação de assistência técnica, as alíquotas são acrescidas de dois pon- tos percentuais, por serem considerados de maior risco. Em função do desempenho do produtor, a cobertura do PROAGRO, quan- do devida, corresponde a, no mínimo, 70% e, no máximo, 100% do limi- te de cobertura (calculado excluindo-se dos recursos comprovadamente aplicados, financiados e próprios, as perdas não amparadas e as receitas produzidas pelo empreendimento). Os eventos causadores de perdas são comunicados formalmente pelo produtor ao agente do programa, responsável pela solicitação de perícia, que executada por empresas de assistência técnica, profissionais autôno- mos ou pertencentes ao próprio quadro da instituição financeira. Cabe ao agente examinar o pedido de cobertura, avaliando-o no prazo de 15 dias úteis, contados do recebimento do laudo pericial. O produtor não satisfeito com a decisão tem o direito de recorrer à Comissão Especial de Recursos (CER), a quem compete julgar, em única instância administrativa, os recursos interpostos ao PROAGRO. Saiba mais Emergência da planta É quando o broto rompe as folhas da gema e se desenvolve em direção à superfície do solo, neste estágio ocorre, ainda, o aparecimento das primeiras folhas. 30 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS PROAGRO MAIS Buscando aperfeiçoar o programa, o Banco Central do Brasil, gestor do PROAGRO, publicou a Resolução n° 3.234 do Banco Central do Brasil, por meio da qual foi criado o subprograma PROAGRO MAIS. A intenção dessa nova iniciativa é respaldar os produtores participantes do Programa Nacio- nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). A novidade pro- posta pelo novo programa é a indenização de 100% do custeio da lavoura garantida, acrescida de uma reposição de parte da receita líquida esperada. Mesmo com essas mudanças, não se deve cometer o erro de denominar “segurados” os participantes do PROAGRO, tampouco considerar o pro- grama uma iniciativa de seguros. PROGRAMA DE SUBVENÇÃO AO PRÊMIO DO SEGURO RURAL (PSR) No contexto da Lei nº 10.823/2003, o Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR) oferece ao produtor a oportunidade de contratar o seguro rural para sua atividade de produção, uma vez que o Governo Federal fornece um auxílio financeiro na forma de subvenção que reduz os custos com a taxa de prêmio do referido seguro. O programa é um importante instrumento de política agrícola, uma vez que reduz o prêmio do seguro rural que seria devido pelo produtor por transfe- rir o risco à seguradora. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apresenta, anualmente, o orçamento para o programa, de modo que as seguradoras habilitadas no PSR poderão oferecer seguros rurais com a subvenção que facilita a contratação pelo segurado produtor rural, por causa da redução do preço final do seguro. As negociações anuais pelo montante a ser destinado no orçamento para o PSR envolvem a discussão acerca do aumento da subvenção defendido pelas seguradoras e o direcionamento do Ministério para que não haja aumentos na taxa do seguro rural e para que se melhorem os produtos do seguro rural. É evidente que a melhoria nos produtos traduz-se em cresci- mento do ramo do seguro rural, a partir do aperfeiçoamento das metodo- logias de gerenciamento do risco. Por outro lado, a melhoria dos produtos pode representar a necessidade de aumento da taxa, a fim de cobrir os custos operacionais e investimentos. Curiosidade Faz parte dos planos do Governo Federal transferir a responsabilidade da gestão do PROAGRO, do Banco Central, para um dos dois ministérios ligados diretamente ao setor primário: seja o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, seja o de Desenvolvimento Agrário. 31 UNIDADE 2 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Como o orçamento do PSR é definido em lei, há uma vinculação e uma limitação dos recursos. Assim, se há um aumento da taxa do seguro, ocor- rerá uma redução no número de subvenções que podem ser concedidas, o que reduz o número de produtores a terem acesso ao seguro rural. O modelo atual apresenta oportunidades de melhoria que têm sido apon- tadas pelo Tribunal de Contas da União ao analisar a eficiência de progra- mas do Governo Federal. As principais recomendações dizem respeito às melhorias no planejamento de curto, médio e longo prazos do PSR, bem como mudanças na sistemática de distribuição de recursos e mecanismos para prevenir o descasamento da liberação de subvenções com a épo- ca de plantio das safras, além de aperfeiçoamentos nas metodologias de monitoramento e controle. Do ponto de vista prático, é importante entender que o risco que se pre- tende segurar pode ser contemplado com programas do Governo, como o PROAGRO, o FSR, dentre outros, de forma que o preço final a ser pago pelo segurado pode tornar-se mais acessível, a depender das condições específicas de cultura, plantio e área e do atendimento às exigências de habilitação dos editais de cada programa governamental. ALIANÇA DO BRASIL A Companhia de Seguros Aliança do Brasil é uma sociedade anônima, resultado da tomada de controle, por parte do Banco do Brasil, da Segura- dora Aliança da Bahia. Criada em 1997, seu foco é voltado para produtos do setor de Seguros de Vida e Ramos Elementares, sendo uma segura- dora importante no mercado, atuando em todo o país e oferecendo seus produtos nas agências do Banco do Brasil. A atuação da Aliança se restringe à cobertura dos financiamentos conce- didos pelo Banco do Brasil para as culturas de algodão, arroz, milho e soja. Há, ainda, o produto conhecido como BB Agrícola. Trata-se de um seguro que cobre vários riscos até o nível de custeio da produção, com o prêmio de seguro financiado junto com o orçamento da lavoura. Os seguros da Aliança não são vendidos no varejo, sendo somente acopla- dos aos financiamentos do banco. 32 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta. 1. Sobre o PROAGRO podemos afirmar que: (a)A adesão ao PROAGRO é facultativa, e, atualmente, as alíquotas do adicional variam de acordo com a atividade. (b) Tem atuação sobre catástrofes generalizadas. (c) Com a extinção da CNSA, criou-se o PROAGRO Novo. (d) Trata-se do maior programa de seguro privado já operado no país. (e) Utiliza experiências apenas de seguradoras nacionais. 2. Analise as proposições a seguir e depois marque a alternativa correta. I) Em 1966, é criado o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), e extinta a Companhia Nacional de Seguro Agrícola. II) A Companhia Nacional de Seguro Agrícola foi criada em 1954, como uma empresa de economia mista, para fomentar o desenvolvimento do Seguro Agrícola no país. III) O FESR foi criado para dar suporte financeiro sempre que o sistema tivesse prejuízos. IV) Inicialmente, a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo foi criada para operar nos estados de São Paulo e Paraná. V) O FESR tem, como uma de suas fontes de receita, um percentual dos resultados superavitários das operações de seguro nos Ramos Agrícola, Pecuário, Aquícola, de Florestas e Penhor Rural. Agora assinale a alternativa correta: (a) Somente I é proposição verdadeira. (b) Somente III e IV são proposições verdadeiras. (c) Somente I, II e V são proposições verdadeiras. (d) I, II, III e IV são proposições verdadeiras. (e) I, II, III e IV são proposições falsas 33 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Marque a alternativa que preencha corretamente as lacunas. 3. O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (PROAGRO) foi ins- tituído pela Lei nº 5.969/1973, com a finalidade de eximir o produtor rural do cumprimento de obrigações financeiras relativas a operações de cré- dito __________________, quando da ocorrência de perdas das recei- tas esperadas, em consequência de fenômenos __________________, pragas e doenças que atingissem bens, rebanhos e plantações. (a) financeiro / sazonais. (b) industrial / ocasionais. (c) comercial / artificiais. (d) rural / artificiais. (e) rural / naturais. Marque a alternativa correta. 4. Para que as seguradoras possam ter a garantia do Fundo de Estabili- dade do Seguro Rural, é preciso que elas operem com alguns ramos de seguro. Um deles é o: (a) Seguro de Automóvel. (b) Seguro Incêndio. (c) Seguro Aeronáutico. (d) Seguro de Vida. (e) Seguro Pecuário. Analise se as proposições a seguir são verdadeiras ou falsas e depois marque a alternativa correta 5. Em relação ao Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), pode-se afirmar que suas receitas têm as seguintes origens: ( ) Excedentes do máximo admissível tecnicamente como lucro nas operações de Seguro Agrícola, Pecuário e outros. ( ) Crédito especial da União, quando necessário, para cobertura de deficiência operacional verificada no exercício anterior. ( ) As receitas dos Seguros de Vida realizados no campo. ( ) As receitas provenientes dos lucros dos Seguros de Crédito à Exportação. Agora assinale a alternativa correta: (a) V, F, F, F. (d) V, V, V, V. (b) V, V, F, F. (e) F, V, V, V. (c) V, V, V, F. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 34 UNIDADE 303 AGRÍCOLA ■ Compreender qual a real função do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). ■ Definir a função das resseguradoras e da SUSEP em relação ao agronegócio brasileiro. TÓPICOS DESTA UNIDADE ■ Identificar as principais legislações em vigor relacionadas à política agrícola. POLÍTICA Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) RESSEGURADORAS SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES EM VIGOR FIXANDO CONCEITOS 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 35 UNIDADE 3 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) — Missão Formular e implementar políticas para o desenvolvimento do agronegó- cio, integrando os aspectos de mercado, tecnológicos, organizacionais e ambientais para o atendimento aos consumidores do país e do exterior, promovendo a segurança alimentar, a geração de renda e emprego, a redução das desigualdades e a inclusão social. — Uma Parceria Histórica com o Agronegócio A missão institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento (MAPA) é de estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do agronegócio, com o objetivo de atender ao consumo interno e formar excedentes para exportação. Isso tem como consequên- cia a geração de emprego e renda, a promoção da segurança alimentar, a inclusão social e a redução das desigualdades sociais. Para cumprir sua missão, o MAPA formula e executa políticas para o desenvol- vimento do agronegócio, integrando aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais para o atendimento aos consumido- res brasileiros e ao mercado internacional. A atuação do ministério baseia-se na busca de sanidade animal e vegetal, na organização da cadeia produtiva do agronegócio, na modernização da política agrícola, no incentivo às expor- tações, no uso sustentável dos recursos naturais e no bem-estar social. A infraestrutura básica do MAPA é formada pelas áreas de política agrícola (produção, comercialização, abastecimento, armazenagem e indicadores de preços mínimos): ■ Produção e fomento agropecuário. ■ Mercado, comercialização e abastecimento agropecuário. ■ Informação agrícola, defesa sanitária (animal e vegetal). ■ Fiscalização dos insumos agropecuários. ■ Classificação e inspeção de produtos de origem animal e vegetal. ■ Pesquisa tecnológica, agrometeorologia, cooperativismo e asso- ciativismo rural. Importante O Ministério possui uma extensa ramificação de empresas que dão suporte às suas ações. São exemplos de empresas vinculadas ao MAPA: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre outras. 36 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS ■ Eletrificação rural. ■ Assistência técnica e extensão rural. Uma das inovações da atual gestão do MAPA foi a criação de câmaras setoriais das diversas cadeias produtivas do agronegócio (carne, leite, avicultura, açúcar e álcool, fruticultura, entre outras). Elas reúnem repre- sentantes do Governo e do setor privado para debater e propor políticas públicas para o agronegócio brasileiro. RESSEGURADORAS O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, no governo do presidente Getúlio Vargas. Naquela época, a atividade de resseguro no país era feita quase totalmente no exterior, de forma direta ou por intermé- dio de companhias estrangeiras que operavam no Brasil. A necessidade de favorecer o aumento da capacidade seguradora das sociedades nacio- nais, para a retenção de maior volume de negócios em nossa economia, tornava urgente a organização de uma entidade nacional de resseguro. Havia, contudo, uma necessidade enorme e uma demanda do mercado de que fosse aberto para a entrada de novos players, após muitas discussões concluiu-se pela quebra do monopólio do IRB e, com a Lei 126/2007, foi autorizada a entrada de novos resseguradores no mercado de seguros brasileiros. A abertura do resseguro brasileiro aos players internacionais foi um avanço e representa uma excelente perspectiva para a comercialização de Seguros Agrícolas no Brasil. Não devemos ser, porém, excessivamente otimistas. Em que pese a entrada de novos parceiros no mercado de resseguro, os pro- blemas estruturais brasileiros ainda existem e continuarão a existir mesmo com os novos resseguradores: falta de dados históricos confiáveis, pouca cultura do seguro por parte do agricultor nacional, altas despesas adminis- trativas das seguradoras e a inexistência de uma participação estatal mais significativa, que não desaparecerão com a simples abertura do mercado.Não existem no mundo muitos resseguradores operando efetivamente no Seguro Agrícola e a maioria dessas companhias já operava no Brasil por intermédio de contratos automáticos ou facultativos. Com a abertura do mercado, em um primeiro momento, poucas mudanças acontecerão com o passar do tempo, porém o mercado deve se desenvolver e se tornar mais consistente. A carteira de Resseguro Rural, conforme a retenção, subdivide-se em: ■ Carteiras com pouca atratividade ao mercado interno (cessão ao IRB-Brasil Re/Resseguradoras e mercado externo): 37 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS » Agrícola. » Animais. ■ Carteiras atrativas ao mercado interno (Cessão ao IRB-Brasil Re/ Resseguradoras + retrocessão ao mercado segurador brasileiro + mercado externo): » Florestas. » Penhor Rural. SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) É o órgão responsável pelo controle e pela fiscalização dos mercados de seguro, Previdência Privada Aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Economia, ela foi criada pelo Decreto-Lei nº 73/1966, que também instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, do qual fazem parte o CNSP – (Conselho Nacional de Seguros Privados), Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Pri- vada Aberta e Resseguradores. Com a edição da Medida Provisória nº 1.940-17/2000, o CNSP teve sua composição alterada. No ramo de Seguro Rural, a SUSEP tem as mesmas funções exercidas junto às demais carteiras: controle e fiscalização do mercado. Para que possa ser comer- cializado, um Seguro Rural deve possuir um número de registro junto à SUSEP. Prestar atendimento à população, de maneira geral, também cabe a essa ins- tituição. Produtores rurais que não se sentirem atendidos corretamente ou que apresentem qualquer outro tipo de queixa a fazer devem a ela recorrer. PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES EM VIGOR — Normas que Atualmente Regem o Seguro Rural ■ Decreto-Lei nº 73/1966 (alterado pela Lei Complementar nº 126/2007) – prevê isenção tributária para o Seguro Rural. ■ Resolução CNSP 46/2001 – dispõe sobre o Seguro Rural e o 38 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR), sua administração e controle por seu gestor, e dá outras providências. ■ Resolução CNSP nº 50/2001 – dispõe sobre a participação do IRB-Brasil Resseguros S.A. na garantia de que trata o Capítulo IV da Resolução CNSP nº 46/2001 e dá outras providências. ■ Resolução CNSP nº 95/2002 – altera a Resolução CNSP nº 46, de 2001, para incluir o Seguro de Vida do produtor rural, quando este estiver vinculado a crédito rural, e o Seguro de CPR como modalidades do Seguro Rural; portanto, com isenção de IOF. ■ Projeto de Lei nº 7.214/2002 – dispõe sobre a subvenção econômica ao prêmio do seguro e cria o Conselho Interministerial do Seguro Rural. ■ Lei nº 10.823/2003 – regulamenta a subvenção econômica ao prêmio do Seguro Rural e dá outras providências. ■ Circular SUSEP nº 261/2004 – dispõe sobre o Seguro de Cédula de Produto Rural (CPR) e dá outras providências. ■ Circular SUSEP nº 268/2004 – disponibiliza as novas condições contratuais do plano padronizado do Seguro de Florestas e dá outras providências. ■ Decreto nº 5.121/2004 – regulamenta a Lei nº 10.823/2003 e autori- za o Governo Federal a subvencionar o prêmio do Seguro Agrícola. É preocupação do referido Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural promover a universalização do acesso ao Seguro Rural, bem como estabelecer esse seguro como instrumento para a estabi- lidade da renda agropecuária. Também reduz as taxas de participa- ção do produtor na garantia oferecida contra eventos frustrantes que venham impedir o sucesso do empreendimento agropecuário. ■ Circular SUSEP nº 286/2005 – dispõe sobre o Seguro Pecuário e o Seguro de Animais. ■ Circular SUSEP nº 305/2005 – dispõe sobre o Seguro de Ben- feitorias e Produtos Agropecuários. ■ Circular SUSEP nº 308/2005 – dispõe sobre o Seguro de Penhor Rural e dá outras providências. ■ Decreto nº 5.514/2005 – aprova os percentuais e valores máxi- mos da subvenção ao prêmio do Seguro Rural. ■ Carta-Circular SUSEP/DETEC nº 02/2006 – dispõe sobre Con- dições Contratuais do Plano Padronizado de Seguro de Florestas. ■ Resolução CGSR nº 11/2006 – altera o Regulamento do Progra- ma de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. ■ Circular SUSEP nº 360/2008 – estabelece, altera e consolida os arquivos de dados a serem encaminhados à SUSEP pelas socieda- des seguradoras, sociedades de capitalização, entidades abertas de Previdência Complementar, autorizadas a atuar no país, e Caixa 39 UNIDADE 3 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS Econômica Federal (Caixa). ■ Circular SUSEP nº 379/2008 – dispõe sobre alterações das Normas Contábeis a serem observadas pelas sociedades seguradoras, resse- guradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de Previ- dência Complementar, instituídas pela Resolução CNSP nº 86/2002. ■ Circular SUSEP nº 385/2009 – dispõe sobre alterações das Normas Contábeis a serem observadas pelas sociedades seguradoras, resse- guradoras, sociedades de capitalização e entidades abertas de previ- dência complementar, instituídas pela Resolução CNSP nº 86/2002. ■ Circular SUSEP nº 387/2009 – inclui parágrafo único ao art. 6º da Circular SUSEP nº 379/2008. ■ Lei Complementar nº 137/2010 – institui o Fundo de Catástrofe, de 26 de agosto de 2010. — Linha do Tempo do Seguro Rural no Brasil Seguro Rural no Brasil 1938 – Primeira experiência com o Seguro Rural, com a cultura do algodão. 1939 – Seguro para algodão em São Paulo. 1954 – Criação da Companhia Nacional de Seguro Agrícola (CNSA). 1966 – Criação do Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR). 1969 – Fundação da Companhia de Seguros de São Paulo (COSESP). 1975 – Lançamento do Programa de Garantia Agropecuária (PROAGRO). 1986 – Aprovação da Tarifa de Penhor Rural pela SUSEP. 1988 – Disposição sobre Seguro Agrícola na Constituição Federal. 1991 – Lançamento do Novo PROAGRO. 1996 – Fundação da Companhia de Seguros Aliança do Brasil. 1999 – Fundação da Primeira Operadora de Seguros Rurais do Brasil (AgroBrasil). 2001 – Administração do FESR pelo IRB-Brasil Re. 2002 – Aprovação do Seguro Pecuário e de Animais pela SUSEP. 2003 – Aprovação da Lei de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. 2004 – Aprovação, pela SUSEP, do Seguro da CPR. 2007 – Quebra do monopólio do IRB/Abertura do resseguro. 40 FIXANDO CONCEITOS SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS FIXANDO CONCEITOS 3 1. Marque a alternativa correta. (a) A SUSEP não presta atendimento a população de maneira geral. (b) O IRB-Brasil Re é o gestor do FESR. (c) A SUSEP tem como responsabilidade o controle, mas não a fiscaliza- ção do Seguro Rural. (d) Para que possa ser comercializado, um Seguro Rural não precisa possuir um numero de registro junto a SUSEP. (e) A missão do MAPA é formular e implementar as políticas para o desenvolvimento do agronegócio 2. Marque a alternativa que preencha corretamente as lacunas: A missão institucional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- cimento (MAPA) é: “estimular o aumento da produção agropecuária e o desenvolvimento do _____________, com o objetivo de atender ao con- sumo interno e formar excedentes para ____________________. (a) agronegócio / exportação. (b) setor industrial / importação. (c) setor pesqueiro / exportação. (d) comércio / importação. (e) setor automotivo / exportação. 3. Marque a alternativa correta. Com relação ao desenvolvimento do agronegócio em bases sustentáveis, pode-se afirmar que: (a) Decorre exclusivamente de investimentos financeiros. (b) A utilização de tecnologia avançada supre todas as necessidades. (c) Resulta da sinergia de mudanças tecnológicas e político-institucionais. (d) Resulta da vontade política da sociedadecomo um todo. (e) Decorre de um perfeito acompanhamento das variações climáticas. SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 41 UNIDADE 4 ■ Compreender como o seguro pode ser um importante aliado e instrumento de proteção ao produtor rural. ■ Identificar estatísticas do mercado de Seguro Rural brasileiro, tais como prêmios e sinistralidade. ■ Descrever os principais conceitos que norteiam o mercado de Seguro Rural no Brasil. TÓPICOS DESTA UNIDADE ■ Identificar os riscos correlacionados, não correlacionados e intermediários. ■ Definir as premissas e características dos riscos seguráveis no Segmento Rural ■ Exemplificar os principais mecanismos de transferência de riscos no Segmento Rural RISCO 04 RURAL Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL CONCEITOS RISCOS PREMISSAS CARACTERÍSTICAS DOS RISCOS SEGURÁVEIS – RISCOS RURAIS MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DO RISCO FIXANDO CONCEITOS 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS 42 UNIDADE 4 INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO AO PRODUTOR RURAL Em todo o mundo, o Seguro Rural é um dos mais importantes instrumen- tos de política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adversos, sendo indispensável à estabilidade da renda dos produtores, à geração de empre- go no campo e ao desenvolvimento tecnológico rural. É uma atividade abrangente, que cobre não só a agricultura, mas também a ati- vidade pecuária, o patrimônio do produtor rural, seus produtos, o crédito para comercialização desses produtos, além do Seguro de Vida dos produtores. No Brasil, esse seguro cumpre um importante papel social e econômico, pois: ■ Freia o êxodo rural, permitindo a continuidade das atividades do trabalhador rural, devido à indenização recebida em caso de sinis- tro, o que propicia a realização de investimentos produtivos. ■ Minimiza a inadimplência do produtor rural com as instituições financeiras que concedem o crédito rural, porque, mesmo com a ocorrência do sinistro, haverá recursos para saldar a dívida adqui- rida. Com isso, o custo do crédito fica reduzido para o produtor, alavancando a produção agrícola brasileira. 43 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS OPERAÇÃO DO SEGURO RURAL O Seguro Rural, mais especificamente o Seguro Agrícola, é o ramo de seguro sujeito ao maior número de riscos e é o de maior dificuldade de precificação. O Seguro Rural possui peculiaridades que o diferem dos demais ramos de seguros. A principal delas é a ocorrência cíclica dos eventos meteoro- lógicos, que variam no decorrer dos anos. Com isso, para a precificação correta desse tipo de seguro e para a mensuração do risco, não bastam conhecimentos estatísticos e atuariais, mas há, também, a necessidade de utilização de pesquisas agronômicas. — Mensuração do Risco A mensuração do risco é muito difícil, no Brasil, pela falta de informações históricas. Por isso, atualmente, utilizam-se experiências dos ressegurado- res internacionais instalados no país. Esta prática, contudo, reduz a preci- são na taxação das apólices, devido à utilização de experiências de outros países. Atualmente, esse problema vem sendo reduzido com a utilização de dados agrícolas e climáticos, pelos órgãos de pesquisa/pesquisadores, e o desen- volvimento de pesquisas sobre riscos agrícolas nas universidades. Além disso, a SUSEP passou a solicitar dados estatísticos relativos a cada ano-calendário para que seja possível acompanhar o resultado das carteiras de Seguro Rural e verificar se as taxas estão adequadas aos riscos assumidos. O Seguro Rural exige grandes investimentos por parte das seguradoras para que tenham condições técnicas de operar no ramo. Tanto na acei- tação do risco quanto na liquidação de sinistro, algumas culturas neces- sitam de inspeções individuais, acarretando o deslocamento de técnicos das seguradoras, instaladas nos grandes centros, para lugares longínquos, onde se encontram os objetos segurados. Por esse motivo, são poucas as seguradoras que operam esse seguro. Para viabilizar suas operações, a maioria das seguradoras contrata empre- sas especializadas na aceitação e liquidação de Seguros Rurais, o que pode tornar os prêmios do seguro superiores aos níveis aceitáveis pelo produtor. Conclui-se, com isso, que a extensão territorial do Brasil impõe um custo operacional muito alto às sociedades seguradoras. Saiba mais O Seguro Rural difere de outros Ramos, como Vida, Saúde, Roubo, Incêndio e Colisão, pois, nestes últimos, os sinistros podem ser eventos independentes. Ou seja, a ocorrência de um sinistro não altera as probabilidades atribuídas à ocorrência de outros. Por exemplo, o fato de um segurado ter falecido não altera a probabilidade de que um outro venha a falecer também. Já o mesmo não ocorre no Seguro Rural, no qual o fato de um segurado, por exemplo, ter sua lavoura atacada por certa praga aumenta a probabilidade de que a lavoura de um vizinho venha a ser atacada pela mesma praga. Isto também ocorre com outros tipos de eventos danosos, como seca, chuva excessiva, granizo, geada. 44 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Produção A produção do Seguro Rural (prêmios) vem crescendo em grande escala, como podemos observar no gráfico a seguir. 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 PRÊMIO EMITIDO SEGURO RURAL – BRASIL (2005-2017) EM MILHÕES DE REAIS 269,4 452,8 328,6 779,3 1.022,9 1.022,9 1.246,0 1.471,3 2.329,2 2.894,0 3.271,4 3.642,6 4.124,6 2017 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP – 2018. No entanto, tal crescimento ainda é pequeno se olharmos o desempenho do agronegócio. Quando comparamos os prêmios arrecadados com o Seguro Rural com os do mercado segurador nacional como um todo, verificamos uma pequena participação desse seguro, como observamos no gráfico a seguir. Portanto, ainda existe um grande potencial de crescimento. 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 4,00% 3,50% 3,00% 2,50% 2,00% 1,50% 1,00% 0,50% 0,00% 0,28% 0,15%0,20% 0,21% 0,27% 0,33% 0,33% 0,43% 0,61% 0,63% 0,68% 0,77% 0,67% 1,09% 1,14% 1,19% 1,03% 1,67% 1,96% 3,42% 3,76% 0,74% PARTICIPAÇÃO DO SEGURO RURAL NO MERCADO DE SEGUROS (1995-2017) Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do entro de Estatística da SUSEP- 2018. 45 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Distribuição dos Prêmios A distribuição dos prêmios por região, no ano de 2017, deu-se da forma apresen- tada na tabela a seguir DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS POR REGIÃO (2017) REGIÃO % DO PRÊMIO Sul 40,38 Sudeste 26,06 Centro-Oeste 22,65 Nordeste 6,20 Norte 3,46 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP (2017). O Paraná (PR) foi o estado que mais arrecadou prêmios em 2017, com 19% do total, seguido do Rio Grande do Sul (RS), com 18,25%, e de São Paulo (SP), com 13,08%. Estes três estados juntos representam 50,33% de todo o prêmio emitido no Seguro Rural anualmente. Analisando a produção do Seguro Rural por modalidade, em 2017, a modalidade com maior volume de prêmio foi o Seguro Agrícola (englo- bando as operações com e sem participação do FESR). A segunda modalidade, em volume de prêmio, foi o Penhor Rural. Essas duas modalidades juntas representam mais de 73% de todo o segmento de Seguros Rurais, como mostra a tabela a seguir. PRODUÇÃO DO SEGURO RURAL POR MODALIDADE (2017) RAMO PRÊMIODIRETO (R$) % 1101 / 1102 – Seguro Agrícola 1.872.466.356 45,40% 1162 / 1163 – Penhor Rural 1.049.166.450 25,44% 1198 – Seguro de Vida do Produtor Rural 839.987.793 20,37% 1130 – Seguro Benf. e Prod. Agropecuários 326.711.793 7,92% 1107 / 1108 – Seguro Florestas 17.046.811 0,41% 1164 – Seguros Animais 12.712.325 0,31% 1103 / 1104 – Seguro Pecuário 6.588.128 0,16% 1105 / 1106 – Seguro Aquícola 0 0,00% 1109 – Seguro da Cédula do Produto Rural 0 0,00% Totais 4.124.678.656 100,00% Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisiona- dos do Centro de Estatística da SUSEP ( janeiro a dezembro de 2017). Saiba mais Sugestão de leitura Distribuição de Prêmios www.susep.gov.br 46 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS — Sinistralidade do Seguro Agrícola A tarifação do Seguro Agrícola é muito difícil no Brasil, por falta de dados estatísticos e estudos climáticos. Portanto, pode haver uma grande varia- bilidade nas sinistralidades, dependendo das ocorrências cíclicas dos eventos meteorológicos, como podemos observar na tabela a seguir. Esse é um dos principais motivos de as seguradoras necessitarem de que haja a cobertura de resseguradores e do FESR para comercializar o Seguro Agrícola. VARIAÇÃO DE SINISTRALIDADE ANO SINISTRALIDADE 1995 77 1996 80 1997 46 1998 156 1999 62 2000 117 2001 69 2002 227 2003 25 2004 267 2005 365 2006 29 2007 45 2008 40 2009 79 2010 6,5 2011 45 2012 83 2013 37 2014 18 2015 89 2016 76 2017 44 Fonte: SES – Sistema gerador de estatísticas dos mercados supervisionados do Centro de Estatística da SUSEP – 2018. 47 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS CONCEITOS Começando pelo conceito de que o bem segurado pode englobar desde a vida e o patrimônio do produtor rural até a safra, temos que ter em mente que, no Seguro de Safra, o bem não é sempre o mesmo e que, no risco rural, lida-se com a chance ou probabilidade de consequências desfavoráveis sobre organismos vivos expostos a céu aberto, sobre os quais o produtor não tem controle. — Rural e Agrícola No Brasil, sempre foi relativamente confusa a terminologia das atividades que, direta ou indiretamente, exercem o papel de seguro para a ativida- de agropecuária. É muito comum que muitos agricultores façam confusão entre o Seguro Rural Privado e os programas governamentais, destacan- do-se, entre eles, o PROAGRO. O conceito de Seguro Rural Privado, tal qual é utilizado hoje em dia, con- sidera-se tratar do seguro operacionalizado por seguradoras, nas áreas de Seguro Agrícola, Seguro de Penhor Rural, Seguro Pecuário, Seguro de Florestas e outras modalidades previstas, mas pouco exploradas. A atividade do PROAGRO, que, por muitos, é considerada como Seguro Rural Governamental (Agrícola), não deve ser entendida como Seguro Rural do ponto de vista legal. A nova classificação dos ramos de seguros, determinada pela SUSEP, pre- vê a existência do Grupo 11 (Rural/Animais), que abrange todos aqueles seguros direcionados à agricultura e à pecuária. O Seguro Agrícola, por sua vez, é tão somente um dos ramos participantes do grupo. — Custeio, Produção, Rendimento e Índice Como o mercado está mudando, novas transações deverão exigir desenhos alternativos na transferência de riscos e compensação de prejuízos. Embora já existam várias formas de comercialização, as que se encontram mais pre- sentes no mercado são: ■ Seguros de Custos (ou de Custeio) – o objeto do seguro é a inde- nização da despesa de custeio da safra, do preparo do solo à colhei- ta. Esse seguro permite que, sobrevindo o sinistro, o agricultor tenha recursos para o replantio (se a indenização ocorrer em tempo hábil) ou, pelo menos, possa manter-se na atividade. ■ Seguro de Produção – o objeto do seguro é a indenização da perda de produção do agricultor. A perda de produção é a diferença entre a produção em quantidade (toneladas ou sacas por hectare), estimada na contratação da apólice, e a produção verificada por ocasião da colheita. Rural Conjunto amplo de seguros direcionados à agricultura e pecuária. Agrícola Subdivisão do Ramo de Seguro Rural, direcionado a culturas permanentes e temporárias. Custeio Seguro limitado ao custo de im- plantação, manutenção e colheita. Produção Seguro atrelado ao montante físico colhido, normalmente medido em toneladas, sacas ou arrobas. Rendimento Seguro que garante a produção por hectare tanto contra risco físico quanto de mercado. Índice Seguro de produtividade associado a indicador regional. 48 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS ■ Seguro de Rendimento – o objeto do seguro é a indenização da perda de receita do agricultor por hectare cultivado. A perda de receita é a diferença entre a receita esperada e a receita efeti- va, obtida por ocasião da venda. A receita esperada depende da produtividade física da lavoura (toneladas ou sacas por hectare) e, também, do preço do produto, e ambos têm um forte compo- nente aleatório. A receita esperada é, portanto, o produto de uma promessa tecnológica (a produção futura) pelo preço futuro do bem que vier a ser colhido. O ressarcimento é baseado no valor das perdas que podem decorrer, tanto do risco físico da produção quanto do risco de mercado. ■ Seguro de Índice – o objeto do seguro é a indenização da perda de produtividade, associada a um indicador regional. A perda é estimada por meio de um índice que determina a quebra de pro- dutividade (toneladas ou sacas por hectare) da região. A quebra é determinada pelo confronto das produtividades estimada e efetiva. — Safra e Safrinha Uma das principais características dos produtos agrícolas é a sazonalidade da produção, ou seja, sua oferta ao mercado é concentrada em épocas bem definidas do ano, devido a restrições impostas pelo clima aos cultivos agrícolas. Vem daí o conceito de safra, nome que se atribui ao período de colheita e, também, ao ciclo de desenvolvimento da cultura. Normalmente, a safra restringe-se a um período dentro de um ano, mas, em função das características das culturas, pode variar, ocorrendo mais de uma safra por ano (hortaliças), duas safras por ano (uvas de mesa) ou, ainda, uma safra a cada dois anos (café). Muitas vezes, quando o produtor antecipa ou posterga o plantio ou con- dução de uma lavoura, ele está expondo sua atividade a um risco climáti- co, como geada, frio ou seca. É a chamada safrinha. No entanto, deve-se esclarecer que toda a cadeia relacionada ao agronegócio deve respeitar esse conceito de safra. — Zoneamento Agrícola O zoneamento agrícola é um valioso instrumento de apoio à Política Agrícola do Governo Federal, sendo fruto de um contrato firmado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Fundação de Empreen- dimentos Científicos e Tecnológicos (FINATEC/UnB). O projeto inicial objetivava o desenvolvimento de estudos de regionali- zação dos sinistros climáticos no Brasil, visando minimizar as perdas na produção agrícola e disponibilizando ao produtor rural técnicas que permi- tiriam fugir de riscos climáticos oriundos do regime de chuva. Safra É o período de colheita e, também, o ciclo de desenvolvimento adequado de uma cultura agrícola. Safrinha Está associada à época antecipada ou adiada de plantio, em um período curto e pouco apropriado, em que a lavoura está mais exposta a riscos como geada, frio ou seca. Atenção As seguradoras não aceitam riscos de áreas que estejam fora do zoneamento agrícola. 49 UNIDADE 4 SEGUROS DE RISCOS RURAIS E EQUIPAMENTOS RURAIS EXEMPLO DE MAPA DE ZONEAMENTO CLIMÁTICO PARA UMA REGIÃO E UMA CULTURA ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA CULTURA DO FEIJÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Favorável Intermediária Desfavorável Inapta CICLO MÉDIO SOLO TIPO 1 SEMEADURA: 21 A 28/02 Fonte: MAA/FINAJEC-UnB/EMBRAPA-CPAC-C- NPMS/PESAGRO-RIO/ANEEL/INMET/SERLA – www.embrapa.br,
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