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Imunologia - Resumo V - Imunologia do transplante

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Imunologia do transplante
O transplante de tecidos de um indivíduo para um receptor não-idêntico geneticamente leva a uma resposta imunológica específica chamada de rejeição, que pode destruir o enxerto. Os principais alvos moleculares na rejeição do transplante são as moléculas do MHC alogênicas classe I e II.
Muitos clones de células T diferentes em geral presentes, específicos para diferentes peptídeos estranhos juntamente com moléculas do MHC próprias, podem fazer reação cruzada com uma molécula do MHC alogênica individual. Essa alta frequência de células T capazes de reconhecer diretamente moléculas do MHC alogênicas explica por que a resposta aos alo-antígenos é muito mais forte do que a resposta aos antígenos estranhos convencionais.
Moléculas do MHC alogênicas podem ser apresentadas por APCs do doador para as células T do receptor (via direta), ou os alo-antígenos podem ser coletados por APCs do hospedeiro que penetram no enxerto ou residem em órgãos linfoides de drenagem e ser processados e apresentados ás células T na forma de peptídeos associados a moléculas de MHC próprias (a via indireta).
A rejeição do enxerto é mediada por células T, incluindo CTLs que destroem as células do enxerto e células T auxiliares que causam reações DTH, e por anticorpos.
Diversos mecanismos efetores causam rejeição de enxertos de órgãos sólidos, e cada mecanismo pode levar a uma reação histologicamente característica. Anticorpos pré-existentes causam rejeição hiper-aguda caracterizada por trombose de grandes vasos. Células T alo-reativas e anticorpos produzidos em resposta ao enxerto causam lesão da parede dos vasos sanguíneos e morte de células parenquimatosas, chamada de rejeição aguda. A rejeição crônica é caracterizada por fibrose e anormalidades vasculares (aterosclerose acelerada), que podem representar uma reação DTH crônica nas paredes das artérias.
A rejeição pode ser prevenida ou tratada por imuno-supressão do hospedeiro pela minimização da imunogenicidade do enxerto (e.g., limitando-se as diferenças alélicas do MCH). A maior parte da imuno-supressão é direcionada contra respostas das células T e compreende o uso de drogas citotóxicas, agentes imuno-supressores específicos ou anticorpos anti-células T. O agente imuno-supressor mais amplamente utilizado é a ciclosporina, que bloqueia a síntese de citocinas pelas células T. A imuno-supressão é frequentemente combinada com drogas anti-inflamatórias tais como corticosteroides, que inibem a síntese de citocinas pelos macrófagos.
Pacientes que recebem transplantes de órgãos sólidos podem se tornar imuno-deficientes devido á sua terapia e são suscetíveis á infecções virais e tumores malignos relacionados a vírus.
O transplante xenogênico de órgãos sólidos é limitado pela presença de anticorpos naturais contra antígenos de carboidratos nas células de espécies discordantes que causam rejeição hiper-aguda, rejeição vascular mediada por anticorpos e uma forte resposta imunológica mediada por células T contra moléculas do MHC xenogênicas.
Os transplantes de medula óssea são suscetíveis á rejeição, e os receptores necessitam de uma intensa imuno-supressão preparatória. Além disso, linfócitos T no enxerto da medula óssea podem responder a alo-antígenos do hospedeiro e produzir GVHD. A GVHD aguda se caracteriza por morte celular epitelial na pele, no trato intestinal e no fígado, e pode ser fatal. A GVHD crônica é caracterizada por fibrose e atrofia de um ou mais dos mesmo órgãos-alvo, como os pulmões, e pode também ser fatal. Receptores de transplantes de medula óssea também desenvolvem uma imuno-deficiência grave, tornando-os suscetíveis a infecções.

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