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MONlCA FONTANARI DE CARV ALI-IO PRE-ESCOLA DA MUSICA UM NOVA PROPOSTA METODOLOGICA EM MUSICALlZA<;:A.O lNFANTlL Monografia apresentada para obtenyao do titulo de Especialista "Latu Sensa" Curso de P6s-Gradu8r;ilo em MelOdologia do Ensino da Arte, Setor de Ciencias Humanas. Universidade Tuiuti do Parana Orientador: Prof Evandro Gauna 2000 CURITIBA SUMARIO CAl'iTULO I.. I INTRODU<;AO. CAPITULO II .. 2 CONTEXTO TEORICO 2.1 0 ESTUDO DO DESENVOLVlMENTO DA CRlAN<;A. . 3 ...,3 2.1. I Estudo Mecanicista .. 2.1.2 Estudo Psicanalitico .. 2.1.3 Estudo Organismico .... ....9 .. 9 . 9 . 11 ........... 12 . 13 2.2 ESTUDO DESENVOVIMENTAL DAS ARTES.. . 17 2.3 TEORIA ESPIRAL DO DESENVOLVIMENTO MUSICAL... ..19 2.4 EDUCA<;AO MUSICAL INF ANTIL.. ..23 2.4.1 Breve Historico da Educayao Musical.. ....................................... 23 2.4.2 Musicalizayao InfantiL. . 25 2.4.3 Metodos Ativos em Musicalizayao Infanti!.. ..26 2.5 OBSERVA<;OES SOBRE 0 I'ERFIL ATUAL DO PUBLICO INFANTIL... ..31 2.6 BASES PARA UMA NOVA METODOLOGIA EM MUSICALlZA<;AO INFANTIL ..34 2.6.1 A Crianya c a Arte 35 2.6.2 A Criam;a e 0 Jogo... . .. 37 2.6.3 A Crianc;a c os Sons .40 2.6.4 A Importancia da Educa~ao Musical na Forma~ao Global da Cr;anc;a ... 42 CAPITULO III.. ........... .47 3 PRE-ESCOLA DA MUSICA - UMA NOVA PROPOSTA METODOLOGICA EM MUSICALlZM;AO INFANTlL... . .. .47 3.1 ATIVIDADES CONTIDAS NO LlVRO PRE-ESCOLA DA MUSICA... ..49 CONCLUSAO. . 64 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 66 iii CAPiTULO I INTRO()UCAO o prcsentc trabalho pretende aprcsentar uma reaiizaQao voltada ao desenvolvimento da edllca~ao musical, com en rase na interpreta9ao pictorica dos elementos e frases 1l1L1sicais,como fanna de concretizac;.ao e base para 0 incentivo c comprecnsao dos estudos da musica. dirigidos a crianeas nao alfabetizadas. a partir de tn!s allDS de idade. Tambem dcmonstrar, alraves dos elementos visuais, plasticos e cenicos, uma opyao eficientc de trabalho musical frente ao atual publico infantil com que nos deparamos oeste final de seculo. Nas ultimas decadas. acderou-se muitissimo 0 processo de transfofmaQao nos difcrentes campos do conhecimento e da expetiencia humana. Como pretendemos demonstrar no corpo do Capitulo II deste trabalho, ESludo do Desenvolvimento da CrianQa, os novos principlos e descobertas cientificas, medicas, psicol6gicas, sociol6gicas, artisticas, incidirao fortemcnte na idcologia e na pnitica da atividade musical. Tambem ja se registra a influcncia de varias areas de estudo como da leoria da comunicaQao, da intcligcncia, da expressao e Oulras, sobre 0 trabalho da cduca~ao musical. relo desenvolvimento da historia da educacao musical e enfases dadas a cada abordagcm nos mctodos de musicalizaCao, citadas no item Educa~o Musical lnfantil, afirmamos que nao existem formulas de trabalho, tampouco uma serie de possibilidades tixas, tratando-sc da criatividade infantil. A pedagogia cntrou hit varios allos numa etapa de revisao e atualizaCao que atinge nao 56 os materiais e tecnicas de ensino, mas tambem os proprios fundamentos filosoficos e psicopedag6gicos da area. No capitulo inlilulado Observacoes sobre ° Perfil Atual do Publico Infantil, apresentamos alguns comentarios a respeito da fanlftstica transformacao comportamental das criancas do final do sceulo XX. A grande veloeidade de informacocs vern influcneiar no julgamento dos valores e dos costumes das sociedades. Por isso, nos e impossivel tralar de cducacao sem considerar outros inumcros aspectos a ela interligados de forma sistemica, ou da arte em termos singulares. rodos as possibilidades tecnicas, sociais ou psicol6gicas, sao necessilrias para acompanhar esta nova era, onde os objctivos s6 serao alcancados atraves de uma abordagem totalitilria, e nunca peJa aCao isolada Em um eSludo mais especifico sobre as necessidades e relacoes da crianca com a arte e meios de expressao, aprcsentarnos um estudo dirigido no capitulo Bases Para Uma Nova Metodologia em Musicaiizacao lnfanti!. A aCao musical e sonora vern ao encontro dos dons naturais que todo individuo traz consigo ao nasccr: capacidadc auditiva. instinto ritmico, capacidade sensorial, emotividade, irnaginacao, inteligencia 16gica e criadora. Os jogos e brincadciras cenicas dirigidos a musica, com as quais a crianca aprende a conhecer a si propria, as pessoas que a cercam, as relayoes e as papeis que elas assumem, enfim sua socializacao, sao a ponte para a adaptacao da imaginaciio simb61ica aos dados da realidadc, sob fonna de constrw;oes espontaneas e imita<;flo do real. Para Violeta de Gainza, "Partindo dos parametros atuais, jogor com a musica e tambem jogar-se, 0 que traz como resultado uma gama infinita, e em con stante rnuta<;ao. de carninhos para a expressao e para a cria<;ao" (GAINZA, 1982, p.IOS). Atraves do Capitulo III, Pre-Escola da Musica Uma Nova Proposta Metodologica em Educa<;HO Lnfantil, demonslramos como a manifesla<;ao pictorica vern auxiliar na Iransmissao das id6ias sobre 0 mundo sonora e suas caracteristicas. Assim, Lim simples tra<;o linear mais longo ou curto, ou pequenos pontos, poderao dar a crian<;a, a ideia de dimensao temporal e de continuidade, auxiliando-a na transferencia de signifieados em rela~ao aos sons. Simbolos pertencentes a sua realidade, ou sistema de informar;oes, virao ao encontro de suas necessidades na representaQao dos elementos musicais, como da intensidade (a suavidade representada par urn coelho e a forya representada por urn elefante). Os movimentos horizontais e verticais dos sons podcm ser vividos ou descnhados em linhas, que darao as ideias de altura. Sao uma ponle para 0 entendimento da leitura musical padronizada e tambem recursos para a organizar;ao das ideias no processo de criaQao Atualmentc, 0 csforr;o extra dcspendido por uma crian<;a, para apreender uma idcia atravcs de mctodos alheios a sua realidade, e desnecessaria e prejudicial ao processo euucacional. Com isso, busca-se personalizar as aulas e oferecer 0 maior numero de recursos e possibilidades para que esla crianya possa se expandir e manifestar lodo 0 seu pOlencial musical. Sao alcan<;ados excclentcs resultados atraves do suportc intcrdisciplinar das artes cenicas! phisticas I visuais. Assim, a crianya podera viver os sons de seu mundo, ve-Ios, criil.- los e escolbe-los con forme sua apreciay30, c tambem manifestit-los at raves de recursos alternativos ou mesmo dos quais esta familiarizada e se utiliza oa fase pre-escolar. A pintura, o dcsenho, 0 reeorte e colagem. montagem e criacao de instrumcntos sonoras a partir de materiais diversos, jogos e representacoes cenicas tornam-se aliados 110 desenvolvimento do metodo. Atraves de sondagcns constantes, e possivel trabalhar e depurar 0 senso eslt~tico e comparativo da crianca. considerando aqui, a fon;a do signo e dos estudos semioticos. A vida e um universo de rcprescntacoes e, sendo assim, tern uma maneira de se articular e formalizar aquilo que nos cbamamos de pensamento ou raciocinio. Numa abordagem scmiotica , 0 metodo proposto proporciona it crianca a utilizacao de icones, simbolos e indices, remetendo-a it novas formas de pensamento e de como articular as suas representacoes sonoras. Todo 0 processo deve passar peia experiCncia vivencial dos signos de maneira que resulte em infonnacao. Assim, as criancas nao se limitam a retraduzir 0 objeto imediato (contcudo do signo), mas vivenciil.-Ios de acordo com suas interprctacoes pessoais, construindo a ponte para a manifestaC30 criativa de sua musica. A notaQuo musical, uma combinaC3o adminlvel de altura, dura<;:ao e intensidade, dominou a tradiC30 europcia e se fez universaL Grayas a urn sistema de notayao, 0 compositor canla com a mente, toea com a mente, Ie com a mente. A partitura preligura a obra atraves de seus simbolos. A aprendizagem da leitura musical padronizada at raves do presente trabalho tambem e beneficiada, pois que se utiliza de elementos acessiveis aD mundo real do estudantc.A nomenclatura musical c rcprescntada por figuras, planas e solidas, capazes de auxiliar na memorizacao e localizacao espacial: ieitura horizontall vertical. Tudo 0 que se ouve, C visto; tudo 0 que se ve. e ouvido. 0 sentido estetico e de cOll1para~ao e exercitado e discutido continuamentc atraves das atividades, onde 0 col1ceito do bela e infinito e jamais definitivo. CAl'iTULO II CONTEXTO TEO RICO 2.1 0 ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DA CRIAN(:A o que e dcsenvolvimento e porque devemos estuda-Io? Segundo Diane E. Papalia c Sally W. Olds (1981), 0 cstudo do desenvolvimento coroea as maneiras quantitativas e qualitativas pel as quais as criancas se modificam no decorrer do tempo. A modificacao quantitativa e bastantc direta c relativarnente Hicil de scr medida. 0 crcscimento de uma crianca ern altura e peso c uma modificacao quantitativa, assim como a expansao do vocabulario ou 0 aumcnto das habilidades fisicas. 0 estudo oa modificClvao quaJilaliva e mitis complexo, envolvendo saltas no processo, como 0 crescimento da intcligencia, da criatividadc, da socialidade, da moralidadc. Mas mcsmo resultante de sa[tos, como foi dito, quantitativamente Oll qualitativamente. 0 desenvolvimento e um processo complexo continuo e irrevcrsivel Para Papalia cOlds (1981) a moderna ciencia do descnvolvimcnto visa principal mente as mudanyas comporlamentais, ou seja, aquilo que podemos vcr. Mas 0 proprio campo de estudos do desenvolvimento da crianya tamhcm se ampliou, pclo fato de 10 que, a16m de enfocar 0 registro de comportnmentos observaveis e dcrivac;:ao de nonnas Clarins, as estudos de hojc devcm procurar cxplicar pOl' que Qcorrcm cerlos comportamentos. So assim sera passivcl considerar as difcrenyas individuais de cada criam;:a e proporcionar uma melhar adequac;:ao dos melOdos e mctodologias a sercrn utilizados em tcnnos pedag6gicos e didaticos. Certos principios se aplicam it totalidade da mudanc;:a no descllvolvimento e, por isso, scrvclll como lin has de oricnlayao pilra a intcrprctayao da forma9ao nao processada a rcspeito desse desenvolvimento. Conquanto ladas as crianc;as passem por estagios caracteristicos de descnvolvimcnto, a faixa normal de comportamento inclui um ample espectro de diferenltas individuais ou sociais, conforme as vivencias de cada crianlta. Papalia cOlds (1981) observam que os diferentes tipos de descnvolvimento sao impor1antes em diferentes ocasi6es da vida. 0 desenvolvimento motor e fisico e mais nipido na inffincia; a linguagcm se desenvolve mais rapidamente durante os anos pre-escolarcs; 0 dcscnvolvimcnto do pensar logico coda sociabilidadc sao mais rapidos durante os anos da cscola elementar; e 0 sistema reprodutivo se dcsenvolve de modo impressionante na adolescencia. As crian<;as parecem concentrar-se intensamenle, em qualquer estilgio, nas facelas do descnvolvimcnto que cstejam corretamente emergindo. Papalia cOlds (1981) questionam: qual e a natureza basica dos seres humanos? Sao alivos ou passivos enquanto vivem seu tempo na terra? Controlam scu dcsenvolvimento? Direrentcs filosofos, como John Watson, Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky, os tem visto at raves de difcrcntcs prismas, e seus conceitos da natureza humana deram origem a II diferentes explicac;:oes ,ou teonas, do motivo pelo qual comporta-se. A maioria destas tcorias pode ser abrangida por tres visocs do mundo e da humanidade: a mecGllicisla, a OIgallismica e a pSic(ll1alilica (LANGER, 1969). Cada urn destes modelos difere em sua aptiea quanta it natureza das pessoas c em seus pressupostos a respeito dos fenomcnos do desenvolvimcnto, metodos de indaga((ao e explicac;:oes do descnvolvimento. 2.l.1 Estudo Mecanicista John B. Watson, um psic61ogo americana, conhecido como pai do Behuviorislllo modemo, exempli fica 0 ponto de vista mecanicisla. Ble acreditava que os seres humanos cram ilimitadamente treinavcis. Tenlou provar esta tese mostrando como as pessoas poderiam ser treinadas a lim de responderem de maneiras extraordimlrias a varios estimulos. Por exemplo, treinou um bebe para ter medo de animais peludos que anleriomlenlc 0 bebe adorava. Watson expressou suas crcIl9as dcstc modo "Deem-mc uma duzia de bcbcs saudilveis, bem formados em meu proprio ll1undo especial para cria-Ios, e eu garanto que apanho qualquer deles aleatoriamente e dou-Ihe treinamento para tornar-se qualquer tipo de especialista que eu possa escolher - medico, advogado, pintar, comercianle e, sim, ate mendigo c ladrao. nao importando seus talentos, pendorcs, lendencias, capacidades, voca90es e ral'a de seus anccSlrais" (WATSON, 1958, p.I04). Esta cOnCep93.0 da humanidade, tambem cham ada modele do espelho mecanico, equaciona as pesSO<lS com milquinas~ somas vistos como reagindo, ao inves de iniciando. 12 Somas 0 que os ambientes nos razem. Por isso, se conseguirmos dividir todos as componentes de urn detcrminado ambientc, podcrcmos predizer como lima pessoa reagini. Os teoricos mec3nicistas veem a Tlludamia como quantitativa e 0 desenvolvimento como continuo. A pesquisa psicol6gica, insligada par este ponto de vista, busca identificar e isolar lodos as falorcs discretos no ambiente, os quais fazem certos individuos sc cornportarem de determinados modos. Enfoca como as experiencias anteriores afetam 0 componamento posterior. Procura entender os efeitos da experiencia, subdividindo estimulos e comportamcntos complexos em elementos mais simples. Esta optica e mantida pelos looricos da aprendizagem social e pelos bchavioristas. Ivan Pavlov, 0 fisi61ogo russo que e amplamcnte conhecido por seu trabalho em condicionamenlo clilssico, quando ensinou dies a salivarem ao ouvirem uma sineta, e Burrhus F. Skinner, 0 behaviorist a americano que ensinou pombos a diferenciarem entre barfas de cores diferentes para a oblenc;ao de ali menlo, se enconlram entre os mecanicistas que acredilam que os seres humanos aprendem a rcspeito do mundo da mesrna maneira par que 0 fazem os animais inferiores, reagindo a seus ambientes. Oessa forma, a manipuia't30 cxtcnsiva do ambicnte pode mudar radicalmenlc a maneira pela qual as pessoas sc desenvolvem, de acordo com este ponto de vista. 2.1.2 Estudo Psicanalitico Em Papalia e Olds (1981), a visno das pessoas primeiramente desenvolvida por Sigmund Freud, 0 medico vienense que origem a Psicanalise, na~ sc ajusta exatamcnte a 13 qualqucr dos modelos anteriores. Essa oplica Sllstenla que as pessoas nao sao ativas nem passivas, mas se encontram semprc em tluxo entre dais estados, semprc em conflito entre seus instinlos naturais e as restri<;5es que the sao impost as pe1a sociedadc. A natureza destes conflitos depcndc do estagio de desenvolvimento em que a pessoa esteja em urn dado momento. Ainda segundo Papalia e Olds (1981), para os psicanalistas, uma crian<;a e um organismo realivo cujo desenvolvimento prosseguc at raves de fases. No pcnsamento ]rel/dianD, 0 organismo humane atravessa diversas fases diferentes de desenvolvimento psicosscxuai. As expericncias durante estas fases dcterminam as padroes de ajustamenlO C os tra<;os da personalidade que as pessoas lerao como seres adultos. Os individuos podem ser fix ados em uma fase parlicular se suas nccessidades nao forcm atendidas ou se forem em exccsso. Na oplica psicanalitica do desenvolvimenlo, a crianc;:a passa por urn grande connito diferente a cada cSlagio. A mancira pela qual cada eSlagio e au nao resolvido influencia 0 descnvolvimcT1lO da personalidade final do individuo. 2.1.3 Estudo Organ[smico Segundo referencias de Papalia e Olds (1981), em contrastc direto com 0 modele mecanicista, esta teoria, tambem chamada de modelo da kimpada orgon;ca, ve as pessoas como organismos ativos que, por suas proprias a<;oes, poem em Illovimento seu proprio desenvolvimento. Elas iniciam atos. A mudanya, quantitativa e 'Jualitativa, e uma parte inerenle da vida. E uma mUdany3 interna c nao extema. 0 todo do comportamento do ser 14 humane e maior do que a soma das partesque 0 compocm. Assim sendo, naD e passivel subdividir 0 comportamcnlQ em elementos separados a fim de predizcr rclacionamentos de causa e cfeila. Os organicistas sao mais intcressados no processo do que no produto. mais na mudanya qualitativa do que na quantitativa, nos sallas de um estagio do desenvolvimento para o Dutro. As experiencias da vida sao vistas Ilao como a causa basica do desenvolvimento, mas COmo falores capazes de faze-Io prosseguir mais rapida 0 lentamentc. 0 dcscnvolvimento e muitas vezes descrito como ocorrendo em uma sequencia estabelccida de estagios qualitativamentc diferentes, descontinuos. Jean Piagct e 0 mais proemincntc cstudante da visao organismica do mundo. Muito do que sabemos a respeito da maneira pel a qual as crianyas aprendem. decorre da indagayao criativa deste psic610go suiyo que aplicou sell conhecimento de Biologia, Filosofia, L6gica e Psicologia a observayoes meticulosas de crianyas, a lim de construir teonas complexas a ccrca do desenvolvimenlo cognitivo, OU aquisiyao de conhecimcnto. I>iaget (1976) cxplica muitos aspectos do pensamento c comportamento das Criany3S, considerando-as como passando por estagios definidos, ou mudanyas qualitativas de um tipo de pensamcnto ou comportamenlO para 0 outro. Essas teorias do estagio tern certas principios caracterislicos: lodos os individuos passam atraves dos mesmos estitgios e na mesma ordem, ainda que a ocasiao real possa variar de uma pcssoa para outra, tomando cada demarcayao etaria apenas aproxirnada; cada eSlagio se apoia no que passoll anteriormente e conslroi 0 fundamcnto para 0 que vern a scguir; e cada estagio tem muitas facetas. 15 De acordo com Piaget (1976), 0 dcsenvolvimento cognitivo humane progride atraves de quatro estilgios principais, carla um dos quais e urn result ado unico da intera~ao da matura<;ao e do ambienle Par definir comportamento inteligente como a capacidade de adaptar-se, ate mcsme ao comportamento pre-verbal c inteiigente. Em cada estagio a organiz3yao e a estrutura do pensamento de uma crianya diferem qualitativamente e 0 passo entre os estagios envolve um saito it rrentc na capacidade da crian<;a lidar com novos conceitos. A sequencia de estagios no descnvolvimento cognitivo nunca varia; lampoueD cada cstagio e omitido, ja que um tcrmina perfeitarncnte 0 anterior Janca a base para 0 scguinte Como em todo 0 desenvolvimento, os individuos alcanc;am cada estagio de acordo com seu proprio horario si ngu lar. Paralelamcntc ao trabalho cientifico de Piaget, os cstudos de Lev Semenovich Vygotsky nos trazem uma visao importante sabre 0 desenvolvimento da crianc;a , voltado para os aspectos sociais de sua vivencia. E ceno que as leorias se completam, mas assim 0 fazem porque sao radical mente diferentes e contraditOrias. Vygotsky desenvolveu seu trabalho num ambientc sovictico c marx-ista, pas revoluc;ao russa. TrabalhoLi no sentido dc construir uma Psic%gia Sovidlica que tambem tinha que ser uma Psic%gia Marx/sIn. Esse matcrialismo hislorico que cria 0 quadro onde trabalhou, diferc radicalmentc das condic;5es em que Piaget trabalhou na Sui9U, em Gencbra. I-hi tambem que se considerar a diversidade cultural da Uniao Sovietica dc VygotsJ...-y e a linear Suic;a de Piagct. Grande parte da obra de Vygotsky permanecc inedita ou nao traduzida no Ocidente. Apesar dos imensos esfon;os de intelectuais amcricanos e sovieticos, na~ cxiste uma bibliografia compicta. 16 Mcsmo tendo uma parte muito pequena de sua obra traduzida, resumida em alguns Jivros, podc-sc ter alguns indicativos import antes das bases que nortciam 0 pcnsamento vygo(skyoJ/o. Vygotsky lem como matriz, a 6tica de Marx e Engels (Dialetica da Natureza). Sabc-se, par exemple, que para Vygotsky (1984), 0 grande problema c a 1>51cologia nao ter compreendido que 0 desenvolvimcnto humane e um fenomeno cultural alcm de biologico. Vygotsky (1984) crilica a persistcncia de urn prc-formismo residual latcntc como mem crescimento quantitativa l1a psicologia ocidental, e a visao maturacionista de que a importayuo de lIlodelos elimolo£ic05 e fruto de uma apari'Vao progressiva, sob a uyao do meio, de potenciais ja presenles no individuo. Contrap6e a estes conceitos a visuo do desenvolvimento humane como um processo historico-cultural "Urn processo complcxo e dialetieo, fcito de rnudanyas qualitativas e que sc caracteriza, entre outras coisas, per ser uma metamorfose ou conversao de umas formas em outras. por scr uma complcxa combinayao de cvoluvao, revoluvao c involuvao, e por constituir uma mistura de fatores internos c maduros (comportamento adulto) e incipientes (comportamcnto proprio da crianc;a). Finalrncnte, C um processo cvolutivo, historico-genetico, onde formas novas sao geradas por outras jil existentes sem que aquelas sejam simples rcprodu~oes destas." (VYGOTSKY, 1978, p.S3). Nesse senti do, a teoria de Vygotsky c frontal mente contraria a de Piaget. A visao marxista que fundament a a teoria de Vygotsky coloca que "0 ate biologico de nascer tern, no lIlundo humano, 0 carater de um evento cultural. 0 futuro de todo novo ser humane esta delinitivamenle atrelado as condivoes reais de cxistencia que Ihe ofere cera 0 seu meio socio- cultural" (VYGOTSKY , 1978, p.SI). Entcndendo-se meio socio-cultural, em termos gerais 17 como "a totalidadc das condi~5es de existencia construidas pelos homens aD tongo de sua histeria" (VYGOTSKY > 1978, p. 81). A cultura prcssup6e a natureza biol6gica, mas, a natureza biologica e transformada pela cultUnl. Ambas se entrela~am no universo simb6lico. Segundo Vygostky (1991), 0 desenvolvimento da crian<;a e de natureza cultural, mas isso nao significa negal' a realidadc biol6gica. 0 biol6gico C 0 cultural, embora de natureza diferente, sao duas dimens6es constitutivas e interdependcntes de lima mesma c (mica histeria individual, pOl' isso, cia deve conlar com os equipamentos biogclH!ticos c ncurobiol6gicos da especie, a16m de apropriar-se dos sistemas scmi6ticos que permitcm acesso as produyOcs culturais do homem. 2.2 ESTUDO DESENVOLVIMENTAL DAS ARTES Segundo Howard Gardner (1997), a visao do desenvolvimento aI1iSlieo pode ser considerada suplcmentar it estnllura de desenvolvimento propasta por Jean Piagct. Piaget foea o desenvolvimento intelectual ou cientifico e disccrne uma serie de estagios qualitativamente difercnlcs, que clliminam no <ldvCnla das operayoes formais na adolesccncia. Entrctanto, a variedade de capacidades, operayoes e estagios que • para Piaget, caracterizam todo 0 desenvolvimcnto, nao ofcreec lima explicaCao adequada ao desenvolvimento aI1istieo, pois evita aque\as areas em que nao e possive! delinear os estados intermediarios e finais para os quais 0 pensamcnto csta tendendo. Correspondcntcmente, Piagel dedieou uma atencao minima it eoneep9iio infanti! de dcsempenhos ou experiencias nas esferas da arte. fantasia, humor, afeto e oulras areas que ele considcra jigffI"Qfiva.\· c nao operalivas. Os interesses de 18 Piagel 0 Icvaram a ullla abordagem cognitiva do desenvolvimento humane tao unilateral como a enrase de Freud na personalidadc e no afeto. Na opiniao de Gardner (1997), quaJqucr analise psicologica das arIes c do artista pressup6e uma visao integrada do desenvoivimcnto humano, pois que e mais provilvei alcanvar a integrav30 do afeto e da cognivao sc buscadas as atividadcs em que 0 sentir e 0 saber sao reconhecidos como eSlando entre1avados, assim como as artes. No desenvolvimento da criam;:a c encontrada urna total reorganiz3v3o dos sistemas, ocasionado pelo uso do simbolo, assim como uma continuidade de estados de sentimento. A cOlltinuidadc na vida de scntimenlos c consistcntc com a visao de Freud, enquanto a reorganiza~ao do nivel simbolico ineorpora a no<;:ao de estagios cognitivos separados proposta por Piaget. De acordo com Gardner, a crianl(a fluenle no U50 dos simbolos ja pode ser considerada urn artista, mas precisa atravessar oulros eslagios separados antcs de ser consideradauma ciclltista. Meslllo assilll, ° desenvolvimento do artista continua por toda a vida. o Esfuc/o Oesel/llolvimel/tal £las ArIes, de Gardner, sugere que as artes envolvem uma c01l1UniC81(aOde conhecimentos subjetivo entre individuos atravcs da cria~ao de objetos nilo traduziveis. Mcsmo que as caracterislicus descritas nao passam ser muntidas rigidamente, o esforl(o para distinguir as artes do brincar, da cicncia, da vida, pode facilitar 0 cntendimento do desenvolvimento eslt~tico c do processo artistico. Esta visao das artes, em sua combina<;:ao de fatores subjetivos c objetivas, tende a transcendcr a distin<;:ao entre afeto e cogni<;:uo, entre sentimentos e pensalllento. Ccrtamente as artes sao apreendidas pelo intelecto, e com a mesma eertcza, provocam respostas afetivas. 19 2.3 TEORIA ESPIRAL DE DESENVDLVIMENTO MUSICAL Atraves de estudos dirigidos ao desenvolvimento musical, Keith $wanwick e George Tillman (1986), realizaram algumas experiencias musicais dirigidas a crian~as com idades especificas e com base em detcrminados elementos: respostas as propriedades dos sons; percepc;ao do canlter expressivo; consciencia de relac;oes estruturais~ expericncia da musica como valor pessoal. 0 resultado da uniITo destcs trabalhos culminou no que hoje conheccmos como 0 Mode/v f.~piral de Desellvo/vimellfo Mlisical (SWANW1CK E TILLMAN, 1986, p.30S-309). Segundo a Teoria Espiral (SWANWICK, 1988) e possivel cstabelecer lima sequencia de desenvolvimento que descreve a trajetoria de como 0 individuo desenvolve 0 seu conhecimento musical denim de uma estrutura de quatro dimcnsocs de crilicislllo musical Material, Expressao, Forma c Valor. Quando vistos sob a pcrspcctiva do desenvolvirnento musical, essas quatro dimensoes sao tambem consideradas estagios. Para cada estagio existem duas fases, c para cada urn dos estagios e fascs, existc unUl descriQao de comportamentos musicais especificos, que de acordo com a Teoria, denotam 0 grau de desenvolvimento Illusical de cada individuo. JlIntamente com 0 modelo Espiral, Swanwick trabalha 0 Modelo l1:.:CI.A: Tecnica/ ExecuQaol Composic;aol Litcratura/ Apreciac;ao (SWAN WICK, 1979). Este consiste nllm modelo de padimetros ou atividades musicais, os quais, segundo 0 autor, sao indispensitveis para 0 desenvolvimento do conhecimento musical. Swanwick (1979) 20 argumcnta que 0 processo de aquisi<;ao do conhecimento musical se dil cssencialmente at raves da vivencia pratica complcmentados com conhccimclltos tecnicos e liter{trios da mllsica META-COGNlCAO lOGO IMAGINATIVO IMITAcAo MESTRIA SIMBOUCO ESPECULA TI VO PESSOAL SENSORIAL VALOR I SITEMATlCO FORMA IDIOMATICO IEXPRESSA9 VERNACULO MANTPULATIVO SWANWlJICK AND 'I1LLMAN - 1986 21 Os modos da Espiral de Desenvolvirnento Musical mostram as seguintes respostas para cada nive1 dcfinido: I) Nivel Sensorial: ate aproximadamcnte a idade dos 3 atlos, crianQas pcquenas respondem principal mente a impressao do sam, particularmente a nive! de timbre e dinamica. Hit lima grande quantidade de cxpcrimcntac;ao com instrumentos musicais e sons vocais. 2) Nivel Maniplilalivo: crianyas entre 4 e 5 anso de idade esHio adquirindo tecnicas de manipulayao de instrumentos, incluindo mecanismos tecnicos sugcridos pela estrutura fisica e layout de instrumcntos 3) Nivel da t.~"(jJressii() Pessoa/: a expressao pessoaJ direta aparece primeiramente em musicas cantadas nas crianyas de 4 a 6 atlos de idadc, passando a ser particularmente aparente na cxplorayao de mudanyas em niveis de velocidade e volume 4) Nivel Vernaclllar: a crianya se volta em dircyao as convcnyocs musicais estabelecidas. Frases aparccem em padrao de dois, quatro ou oito compassos com organizuvao mCtricu. 0 modo vernacular comeya a aparecer por volta dos 5 anos de idade mas se estabelece de uma maneira mais clara aos 7 ou 8 anos. 22 5) Nive\ 1~"\l)eCfllalill(): a repetiy80 de padroes e rompido peias surprcsas imaginativas, fla medida em que as crianyas exploram as possibilidades estruturais, buscando cantestar ideias musicais. Composi90eS especuialivas pedem its vezcs serem cncontradas mais cedo, mas apos os 10 allos elas aparccem com mais frequencia. 6) Nivel IdioJl1alic:v: por volta de 13 e 14 allos de idade, surpresas estruturais podem tomar-sc mais firmemcnte intcgradas em estilos rcconhecidos e determinados. 7) Nivel S'im/uilico: dos 15 allos de idade em diante, algumas musicas especificas tomam-sc emocionalmentc significantcs para 0 individuo. Hit uma lendencia a reflelir neslas experiencias, bem como lim desejo de comunicas algo dcsta cxpericncia a oulros. 8) Nivel Sistematico: a mllsica tornawse uma parte importanle de um sistema de valores. E explorada de forma cullural, hislorica, psicologica ou filosofica. Composi~5es musicais podcm scr baseadas e, conjuntos de materiais musicais recenlemente produzidos 23 2.4 EDUCA(:AO MUSICAL INFANTIL 2.4.1 Breve Hist6rico da Educm;:ao Musical A linguagem musical pareee lef eslado sempre prescnte na vida dos seres humanos c desdc hit muito faz parte da cducilc;ao de crianyas e adultos. Nas socicdadcs primitivas, a Illusica c danc;a cxpress<wam alegrias, tristczas, inquietayoes e animosidades da comunidade. As pcssoas cantavam e dancavam, extcriorizando emocoes. Entre os povos antigos do Ocidente, caube aos brregos a valorizac;ao da linguagem musical na educacao e a difusao do ensino da musica entre os romanos. Na Grccia, a mllsica era considcrada fator fundamental na formacao dos cidadaos, tanlo quanta II filosafia e a matemillica, e a educac;ao musical sc iniciava na inITincia C seguia por tada a vida. Na Europa medieval, 0 ensino da musica encontrava-se restrito aos mosteiros. Com a Reforma, no seculo XVI, Lutero dizia que a musica governava 0 mundo e apregoava sua nivelayao it filosolia e as ciencias, scndo que 0 ensino da musica se tornoll mais acessivel its crianyas a aos jovens A preocupayao de educ8yao na intancia nao data de muito tempo. A mais antiga instituiyao de que se tern noticia c de origem espanhola - seculo XVII - atribuida a Santo Isidoro. Em 1770, se encontram escolas sistematizadas que reuniam as crianyas para ai aprenderem a fiar, desenhar, cantar as historias sagradas. Mas e no scculo XIX, portanlO lui muilO pouco tempo, que os jardins de infiincia tomaram impulso nas suas organizayoes Comcyaram em alguns paises, como meio de remediar, em parte, Lim grande problema social que surgiu com 0 advenlo da maquina e das fabricas. As maes operarias que ajudavam os maridos, ou mcsmo sustentavam suas familias, necessitavam confiar seu filhos a pcssoas ou 2' locais apropriados. Apareceram entao, instituiyocs que receberam nomes diversos: Salas de Asilos, Escolas Guardias, Salas de Custodia. Citado em Emilia Jannibclli (1971), 0 pedagogo alemao Frederico Guilherme Frocbel fundau, em 1937,0 primeiro jardim de infiincia, conhecido como Kindergarten, com conteudo pedagogico para a educac;ao do pre-escolar c com fmalidadc de desenvolver as capacidades inatas das crianY3s. 0 metoda de Froebel, intluenciado por Jean-Jacques Rousseau, Johann Bernhard Bascdow e Johann Heinrich Pestalozzi, e urn processo de autodesenvolvimento criade!' obtido pela auto-atividade csponlfrnea do aluno. 0 principia basico do ensina para Froebel era a socializac;ao. Sustcntava que a natureza interior da crian93 conduz a atividadc em conjunto com outntS crian9as. Os jogos, as rczas e 0 canto (em cirandas ou jogos de roda) raziam parte do metoda de socializa9ao por ele idealizado. A musica, nesses exercicios, figurava como um dos tipos de atividade auto-expressiva. Era apologista do dcsenvolvimento simultiinco da linguagem-canto-atitude-atividade constmtiva socializadora. Publicou Os COlllos A4alerna;s que CQnstava de 7 can90es de bervo e 57 can90es pam jogos educativos. Scguiram-se assim, outros grandcs nomes da pedagogia~ adeplos da musica como importantc rerramenta educacional para a crianva. Da mesma forma, os metodos pedagogicospassaram a scr estudados c aplicados cntao ao ensino da Musica, a comcvar par Lowcll Mason que pioneiramcnte apticoll, em 1829.0 metodo pedagogico de Pestalozzi ao ensino musical. 25 Da Europa nos vieram as primeiras informayoes sobre 0 ensino formal da Musica. Parern, mais recentementc, um dos paises que exerceram grande innuencia sobre 0 campo do ensino musical no Brusil foram os ESlados Unidos, principal mente no que diz respeito a mctodos c processos, bern como na melhor compreensao do papel da musica na cducaQao em gcrai Se acompanharmos mais detalhadamcnte a evolucao sofrida no Brasil, quanta ao ensino da musica, vcrificaremos quc, c)(cetuando-sc 0 padre Jose de Anchicta que, no seculo XVlI, utilizava a musica como veiculo de educaQao geral, scmpre houve urn divorcio entre educaci'io c music3. Quando muito, 0 estudo da aIte musical era informativo e pro fissional, com finalidadc em si proprio. Ainda assim, e muito import ante destacar 0 trabalho de Heilor Villa-Lobos que em 1912. inlrodllziu no Brasil 0 canto orfeonico, e a quem se deve os cxcelelllcs resultados desle ensino, divulgado e praticado em escolas de todo 0 Brasil. A atividade musical, e as demais artes, unida ao jogo recreativo, forma 0 alicerce sobre 0 qual se apoia ° jardim de inffincia, deslacandoMa dos demais niveis de ensino. A pn'itica e utiliza«3o da Illlisica e opol1unissima, no periodo de passagem do lar para a escola, em que 0 aparecimcnto do interesse pel a palavra c simultanco ao da musics. 2.4.2 Musicaliza«ao Infantil Musicalizar e edllcar pela rnusica, com 0 objetivo de contribuir na forma«ao e desenvolvimcnto da personalidadc do individuo, pela ampliayao da cultura, enriquccimento 26 da intcligencia e a vibrayao da sensibilidade musicaL Mais ainda, e educar formando um publico esclarecido e sensivel capaz de ouvir e apreciar obras de arlc sonora de tadas as epocas e origens. favorecendo 0 despertar de revc!a9oes e aptid5es musicais. Com a reuniao e desenvolvimento dos metodas e que busca-se alender musical mente as vivencias das crianyas, atraves de sua participayao criadora. Pe10 aproveitamento das capacidades hurnanas (audiyao, criac;ao, instinto ritmico, etc.) e que se consegue ingressa-los nao 56 na atividade musical ou na rorma de expressao, mas tambcm na aprendizagem musical de aquisiyao de conhecimentos busieDs. Efetua-se dessa forma, a musicalizayao atraves da atividade intuitiva, que cria um estado mental intclcctual favoravel a aquisiyao de conhecimentos musicais. 2.4.3 Mctodos Ativos cm Musicalizac;ao Tnfantil Numa pequena rclaC;ao biogn'ttica de alguns dos principais educadores, verifica-se o valor social educativo que foi conferido a Musica e sua evoluyao metodo16gica Entre os principais educadores musicais destacam-se: a) Emile Jaques-Dalcroze, natural da Su1<;a. Artista e pedagogo, considcrava a importancia do equilibrio do sistema nervoso na execuC;ao dos movimentos ritmicos. Segundo Dalcrozc , "A ginastica ritmica e uma disciplina do sentido ritmico muscular; ela converte 0 corpo em urn instrumenlo onde vibra 0 ritmo" (citado em COMPAGNON, G., 1975, p.9). Supoe entao, 0 cultivo simultanco do corpo e do ouvido (curritmia). 27 Aspectos que sao descnvolvidos: • Cultivo du atenyao; • Prepara~ao e cultura do corpo; • Oesenvolvimento do ouvido e preparac;ao para a musica; • Excrcicios em conjunto. apreciac;uo de cspac;o c disciplina grupal~ • Excrcicios de exprcssao individual cspontaneu musical e piilslica. b) Zolt:m Kod:lly. natural da Hungria. Atravcs de pcsquisas junto ao folclore hungaro. chegou a rceelher mais de 3.500 melodias roJcl6ricas, a pal1ir das quais desenvolveu varios estudos na area. Utilizou 0 rolclorc hungaro naa s6 em suas composic;oes , mas tambcm em sua obra pedagogica. Generalizou 0 ensino musical em seu pais, dcsde 0 Jardim de Inffincia ao Secundario, aplicando 0 poder educativo do folcJare musical. 0 Metoda Kodaly conSla de 15 cadernos organizados progressivamente, desde os mais simples e elemenlares cxcrcicios de entoa~ao, ate as mais dificeis partituras a uma, duas e a Ires vozcs. c) MllUricc Martellot, nalural da Franya. Desenvolvcu L11ll metoda baseado em esludos da psicologia inrantil e nas tecnicas de concenlra~ao e relaxamento corporal. Para Martcno!, p dcsenvolvimento da mllsica na crian~a acontece como <ICVOlUy30 da humanidade. Por isso, 0 ensino deve comeyar pela imitay3.o, pnmeiro do ritmo, com repctiyuo continua de celulas ritmicas. Cada c\emenlO do eo sino musical deve ser trabalhado separadamente, evitando-se desta fonna a dispersao da atcnt:;ao. Por este meSlllo Illotivo, considera fundamentais os moment os de rclaxamento. 28 d) Carl DdT, natural da Alemanha. Abordou a musica e a literatura infantis em suas invcstigayoes sabre a mLlsica de epocas remotas. Tsalau seus elementos, erial! mclodias c enfatizou 0 cartHer criativo musical e de expressao original, em busca de urn metoda eficaz junto as criancas. Na introducao da sua Obm Didatica, Orff comenta: "Os tesouros acumulados nas calle6es inrantis tradicionais me parecem sempre 0 ponto de partida natural de todo trabalho de educayao musical - sao a faille original de lodos os tcxtos" (citado em GRAETZER & VEPES, \983). E acrescenta: "Atraves dos sucessivos cadernos, a rnelodia se move no ambito da pentafonia, que representa Lima ctapa da evolucao, muito adequada it mentalidade infanti!, ja que sell meio restringido possibilita a crianya 0 encontro de modos proprios de expressao , sem 0 risco de cair em uma imitayao dos exemplos sugestivos proporcionados por OlltroS tipos de musica" (citado em GRAETZER & VErES, 1983). Aspectos principais' • Jogo c criatividadc; • Ritmo; • Melodia; • Textos; • ExploraQao sonora atravcs de instmmentos variados. e) Suzuki, natural do Japao. Dcscnvolvimcnto musical pel a repetiQao e treinamento da habilidade. Pelo sell metodo, voltado inicialmente it pratica do violino, 0 trabalho musical da criam;a e levado total mente de ouvido, e nenhurn conhecimento de 29 simbolos musicais e espcrado ou descjado durante este periodo. Para Suzuky, a memoria auditiva e simultancamente urn meio de dcscnvolvimcnto c urn lim em 5i, sendo objcto de permanente treina1l1cnto f) Edg~lr Willems, natural da Belgica. Enfatizou 0 desenvolvimcmo auditivo c psicologico da musica, ou scja, a ligacao entre os elementos musicais C 0 scr humano: • 0 rillno ligado tt mouicidade (primitivo); • A melodia ligada it afetividade (emo930); • A harmonia ligada it intcligencia (complexidade)~ • introdu(fao a lcitura musical padrao com representacao global dos sons. Entre os educadores brasileiros do campo musical, seleciona-se duas figuras exponenciais: g) Antonio Alencar de Sa Pereira. Estudou na Europa, tendo sido discipulo de Marteno! e aluno de Dalcroze. Retornando ao Brasil, iniciou 0 primeiro curso de pedagogia na Escola Nacional de Musica, no Rio de Janeiro, visando 0 aperfeicoamento do professor de mlisica, em tcrmos pedagogicos. Como obra didatica, desenvolveu 0 livro Psicolecflica do EIISillo da A-ftisica, cuja metodologia baseava-se na ayao ativo-intuitiva-global-sincrctieo. As atividades desenvolvidas por Sa Pereira, tinham como objetivos os seguintes aspectos: • Exteriorizayao do ritmo individual e espontaneo; • Dcsenvolvimclllo da atenyao c compreensao dos valares ritmicas; 30 • ReguJarizac;ao do ritmo individual atraves de trabalhos em conjunlo~ • Fixac;ao do ritmo real at raves de tempos fOltes e fracus; • Vivencia dos valores ritmicos 1iad05 a personagcns; • Desenvolvimento auditivo atraves das can~oes que denotam alturas diferentes; • Percepc;ao e reaiiz3c;ao corporal de sequencias scnoras; • Intfodw;ao it Icitura musical padrao com representac;ao global dos sons h) Heitor Villa Lobos. Basicamente, 0 trabalho didlilico de Villa-Lobos consistia em desenvolver a educ8yl'io musical artistica atraves do canto coral popular eu seja, 0 canto orfeonico. Villa-Lobos dizia que "Ncnhuma artccxerce sabre as massas uma inOucncia laO grande quanto a musica. Ela e capaz de toear os espiritos menos desenvolvidos, ate meslllo os animais. Ao mesmo tcmpo, nenhuma artc leva as massas mais substancia. Tanlas belas composi~oes corais, profanas ou liturgicas, tt~m somente est<l origem - 0 povo" (citado em SCHWARTZMAN & BOMENY & COSTA, internet ). Para difundir a imponancia da musica, Villa-Lobos afirma ter percorrido, em 1930. mais de 60 cidades do interior paulista, fazendo confcrencias c demonslrayoes ao piano, violoncelo, violao e guilarra, com coros e com orquestras, e terminando por formar um coral de dez mil vozes para 0 canlO de hi nos patri6ticos e a educayao de sentimenlos civicos. Nos folhetos distribuidos ncssa cruzada, Villa-Lobos lembrava que, no exterior onde esteve eSludando e lrabalhando, pensava-se que 0 brasilciro era dcsprovido de vontade e de espirilo de cooperayao, que vivia dispers~, sem unidade de ayao, sem a coesao necessaria a forma~ao de lima grande nacionalidade. No entanto, isto seria corrigido pel a educayao e pelo canto. Villa-Lobos prcgava que "0 canto orfeonico, praticado pel as crianyas e por elas propagado ale os lares, nos dara gera90es renovadas por lima bela disciplina da vida social, em beneficio do pais, cantando e trabalhando, e, ao cantar, devotando-se 1\ p<itria!" (citado em SCHWARTZMAN & BOMENY & COST A, intemet ). A musica popular, a recuperacao do folclore, a implantacao e 0 apoio it musica crudita brasileira, jamais receberam a mesma importancia e npoio do que a musica orfeonica. 2.5 OBSERVA<;OES SOBI~ 0 PERFIL ATUAL DO PUBLICO INFANTlL A crian~a, de certa fOll11a, desenvolve-se de maneira a reproduzir a propria historia e do desenvolvimento de sua espeeie. Em concord5.neia com a idcia de Kandinsky de que "Toda obra de aIle c filha de sell tempo, e a mac de nossos sentiment os", e que "Cada cpoca de uma civiliza.-;:ao cria uma arte propria e que jamais pode repetir-se" (KANDINSKY, 1956, p.9), toma-se primordial a avalia~ao do ambicnte e do agente alivo da arte, ncsse momento em que se enfrenlam as mudan.-;:as deeorrentes do processo de globaliza.-;:ao da eeonomia e dos costumes, bem como a difllsao acelerada das tccnologias de informa.-;:ao e de comllnica.-;:lio. Se a institucionaliza.-;:3.o da mudan.-;:a C lima das caraeteristieas que melhor definem a nossa cpoea, a educa'-;:3o deve responder a estc fenomeno formando seres dinamicos e criativos, capazes de encontrar soillyoes novas e coerentes para os problemas igualmente desconhecidos ate agora. A escolha dos mclodos, metodologias e materiais devem estar de acordo com as necessidades do publico infantil, resuitantes da reiayao meio ambiente/comportamento, vivido nos dias de hoje e com base na renovayao e na mudanya. A J2 nccessidadc de preparar a crian~a para enrrentar situucoes ineditas no futuro, obriga 0 pedagogo a descartar as formulas estereOlipadas de educ;:u;ao, substituindo-as por estralegias de 89aO novas e elicazes, que venham ao encontro das capacidades genuinas e originais dos educandos Ao rcfletirmos sabre 0 context a vital em que se dcscnvolve a crian<;a de hojc, obscrva-se uma serie fantastica de fatores, estimuladores eu limitadores, que devem ser analisados com acuidade para 0 fim a que nos propomos, 0 dcsenvolvimcnto do metoda. A gcracao infantil vivc urn l11undo mais divcrsificado. chcio de luzes, imagcns, sons e estimulos culturais diversos, capuzes de provocar uma I11ctamorfose na capacidadc neuronal das crianyas e toma-Ias mais versateis e dinamicas. De acordo com os estudiosos do assunto, esta em curso neste linal de milenio a primeira revoluyao da historia da hllmanidade comandada pelas crianyas. Segundo 0 ncurocientista Gerald Edelman, "Em certa medida, sells filhos nao sao seus filhos. Eles sao filhos da tecnologia da informay80. Quem f..1Z a eabeya delcs, mais do que os pais, sHo os estimulos do mundo modemo" (VEl" 1998, p.161). Viaja-sc com mais fTcquencia aD exterior. Ate cinco allOS aWlS. apenas 1,4 milhilo de brasileiros saiam do pais a passeio a cada ano. Hoje sao 4,4 milh6es. Praticamenle nao havia canais dc televisao a cabo. Os program as cram monogiotas. Atualmente, lim explorar de dedos no controle remOIO da televisao leva a crianya aos canais italianos. espanh6is, americanos. ingleses e alcmaes. Com a internet crescendo Hi.o rapidamentc, constatamos 0 aculturamcnto global das crianyas. em um tempo que passa cada vez mais rapido. Edelman ainda diz "Nao sci sc as crianyas de hojc sao mais imaginativas ou mais fclizcs que as do 3J passado, mas certamente sao as mais sintoniz.:1das com a cultura de seu tempo" (VEJA, 1998, p.163). o tempo, por sua vez, como unidade absoluta, como 0 metro ou 0 litre, nao faz mais sentido numa realidade que ahera os padroes de sensibilidade e infonna((ao com base fla tecnologia. Percebc-se que as no((ocs de tempo cstao dcfinitivamcntc alteradas. A pcrccp((ao do tempo crono16gico, horaslminulosfsegundos, como medidor de valor na escala do existir humane na~ e mais capaz de exprimir realidadcs iguais para seres, culturas e povos desiguais. Sobre 0 que esta acontecendo com a memoria do tempo, urn levantamento recente realizado pelo Beloit College, do estado de Wiscosin, nos ESl.ados Unidos (EXAME, 2000, p.76) , avaliou a memoria coletiva de seus alunos em rela((ao a fatos recenles da Histeria. Estes, nascidos em 1982 e hoje com 18 anos de idade, por conseguintc instruidos, conectados e potenciais leitores, em relayao a fatos recentes da I-listoria. Os resultados sao alarmantes: na politica, nao sabem 0 que foi a Guerra Fria c deseonheccm que um dia cxistiu urn pais chamado Uniao Sovietica~ nunea viram uma televisao em preto-e-branco; a Primeira e a Scgunda Guerras Mundiais sao eventos mais ou menos scmelhantes, ocorridos hit muito tempo. Que Iimites de memoria somos hoje capazes de administrar? Provavelmente. denlro em breve, estejamos apenas utilizando informa90es referenles aos anos mais recentes de nossa vida, e depois das (iltimas seman as e dos ultirnos dias. Espremidos por uma avalanche de informa90es, os jovens de amanhli jei nao sabcrn 0 que acontcceu ontCI11. A tecnificayao do mt!io natural, a concentrayii.o dos grupos humanos em espu((os artificiais e extraordinariarnente reduzidos, 0 impacto da propaganda, a era do descartavel, a 34 simplitica9ao dos processos de produ9ao sao, entre oulros, fatores que atentam seriamente contra 0 equilibrio do desenvolvimento natural humane e, principal mente das crianyas. o progresso gera novos desalios, e dada a consciencia de que a soiuyao de problemas, alem de exigir esforyo, exige talenlos necessarios a Era da Competilividade, as crianyas, de uma maneira au de outra, tentam se adaptar as mudanyas, muitas vezes com ° prejuizo de suas capacidades originais, e entre elas a maior, a criatividade. Os fatores ambientais e sociais anles citados, tem provocado novo comportamento no perfil das crianyas do tinal do seculo xx. Podem-se citar: atitude irnediatista; pOllca preocupayao com 0 processo de criayao e produyao das coisas; exigencia sem poder critico; forte argllmentayao sobre assuntos nem sempre bern entendidos; dificuldade na formayao dos vinculos afetivos; soberania do ler sobre olazer 2.6 BASES PARA UMANOVA METODOLOGIA EM MUSICALIZAcAO INFANTIL Durante muito tempo confundiu-se em"i"ar com fransmil;r e, nesse contexto, 0 aluno era um agcnte passive da aprendizagem e 0 professor urn transmissor nao necessariamente prescntc nas necessidades do aluno. Sabe-se, atualmente, que nao ocorre 35 en sino sem que ocorra a aprendizagem, e esta nao acontece senao pela transformayao, pela ayao de mcdiay30 do professor, do proccsso de busca do conhecimento, que deve sempre partir da crianya. Em funyao destas necessidades, criadas a partir de urn momento e ambiente dctcrminados pela atualidade, e que se pretende, atraves deste trabalho, a elaborayao de um metodo dirigido a aprendizagem musical,com embasamento na interdisciplinaridade das diversas artcs. Este scria 0 rcsultado de uma busca con stante do maximo dc possibilidades para 0 envolvimento e estimulayao das crianyas na arte musical. Ao proporem-se novos caminhos para 0 trabalho da educayao musical, senl importante a analise de algumas relayoes da crianyR, como publico alvo e interessado no proposto. Estas relayoes sao da crianya com a arte, a crianya com 0 jogo, a cnanya com os sons e a mllsica. Tambem sera imprescindivel 0 destaque dos aspectos em que a musicalizay8.o vin't sanar e preencher as necessidades solicitadas pelo perfil do novo ambiente e comportamento social resultante de uma nova era. Estes destaques enfocam sua importancia na formayao da crianya, como 0 ser global que vem se desenvolvendo 2.6.1 A Crianya e a Arte Quando a crianya senle necessidade de expressar alguma coisR, urn senti mento, uma emOyaO, um pensamento , ela se comunica de acordo com seu nivel de evoluy8.o ou com o meio que considerou mais apropriado para se expressar, seja falando, chorando, OU atraves de um desenho. Segundo Viktor Lowenfeld (1984) da Universidade da Pensilvania, Estados Unidos, 0 que importa para a crianya e 0 meio de exprimir-se e nao 0 conteudo da mensagem. J(j A livre-expressao da crianJ;:a e imponantissima para seu desenvolvimento e isso vai depender do ambicntc em que vivc c dos estimulos que reccbc. A liberdade de expressao e, ao mcsmo tempo, urn direito e uma tarefa a ser realizada. Pessoas imaginativas e criativas precisam de liberdadc para exercer tais qualidades, e e aqui que a artc contribui imensamente para 0 desenvolvimento do autoconceito na crianJ;:a. Alraves de sua ane, a crian~a poden'!. descobrir e retratar sellS scntimcntos assim como encontrar 0 equilibrio necessario entre 0 intelecto e as cmoJ;:oes. o relacionamento entre a criallJ;:a e a ane foi obselvado tantas vezes que 0 estudo das crianJ;:as pareceria uma ronte natural de indicadores a respeito das artcs. Rudolf Arnheim comenta: "Eu nao consigo pensar em nenhum fat or essencial na arte ou na criayao artistica, cllja semente nao seja identifieavel no trabalho das crianyas" (cilado em GARDNER, 1999, p.45); Thomas Mann considera 0 artista como "um SCI" apaixonadamente infantil e dominado pelo brincar" (citado em GARDNER, 1999, p.4S); I-Ienri Matisse afirma que "0 anista ... tem de olhar para a vida como olhava quando era crianya e, se perder essa faculdade, nao podent se expressar de U11m maneira original, isto e, pessoal" (citado em GARDNER, 1999, p.4S). Estes comentarios sllgerelll que, em vez de serem reflexos PUfOS urn do outro, a crianya e 0 artista companilham uma serie de caractcristicas rcveladoras Desde muito pcquen~ a crianya utiliza-se dos elementos silllb61icos da artc: linhas, cores, fonnas, sons, gestos, Illovimentos, etc. na expressao artistica para representar sua comprccnsao da realidade. e 0 faz atravcs dos jogos e historias infant is, brincadeiras, canyoes, grafis1l10s, expressao corporal e outras manifesta~oes. Nas concepyoes artisticas das 37 Criany3S, encontramos originalidade e essencia propria. A cxpressao infantil e a imagem concreta da emoyao e das suas experiencias perccptivas com 0 mcio. 2..6.2 A Criany3 e 0 Jogo Na inrancia, a compreensao das caisas e construida a partir da ayao concreta no real. A atividade da crial1(ya, desla forma, e fundamental. Entende-se atividade como ac;ao da crianc.:3 no mcio, podendo esla ser caracterizada pelos jogos e brincadeiras, explorac.:ao do ambiclllc, modilicayao dos elementos que constituem cste mcio, observayao etc o que leva urna crianya a brincar? Toda crianya vive em intenso processo de desenvolvimcnto corporal e mental. Nesse desenvolvimento sc expressa a propria natureza da evoluyao e egla exigc a cada in stante uma nova fUn/rao e a explorac;ao de novas habilidadcs. 0 recurso que mais aproxima a crianya dessas fUl1yoes e habilidades e 0 brincar, e 0 jogar. A atividadc que se dcslaca na inf'ancia , por sua importancia e frequencia, C 0 jogo. Brincar C uma atividade seria para a crianc;a na medida em cia mobiliza possibilidades intelectuais efetivas para sua realizaQ8.o. Na brincadcira, 0 motivo esta no proprio proccsso, ou scja, 0 que mot iva a criallQa e a atividade em si. Alraves dos jogos e brincadeiras, a clianya aprende a conhecer a si propria, as pessoas que a cercam, as relayocs entre as pessoas e os pap6is que elas assumcm. Ela aprcnde sobre a natureza, a estrutura e a dinamica interna de seu grupo. As inleraQoes sao fundamcntais no processo de descnvolvimcnto e aprcndizagcm do ser humano. As crianc;as 3' aprendem muito umas com as outras, pais esta intera~ao as levam a confrontarem seus pontos de vista c suas informavoes, a argumentarem e ncgociarem acordos. Para tanto, precisam organizar cognitivamente 0 conteudo de forma a ser compreendido. 0 jogo e percebido entre as crianr;:as. como lima atividade que contcl1l em si mesmo 0 objetivo de dccifrar os enigmas da vida, e de conslruir lim momento de entusiasmo e alcgria na descoberta da individualidade Quando empilha peeas, a crianr;:a alem de dcsenvolver suas fUI190es motoras, adquire a novao de espacro c realiza tentativas de organizar;:ao do mundo. Produzindo sons batendo em objetos cia desenvolve aspectos mentais e corporais que irao auxilia-Ia no andar e falar. Jogando com oulras pessoas, a crianya percebe que cxislem regras, sorte, aprcndc sobre a perseveranca como lambem inicia sua aprendizagem como urn ser social, atraves da convivcncia em grupo. A brincadeira nao e algo secundario, c primordial para a construyao da conscicncia de si, dos oulros e para 0 desenvolvimcnto da criatividade. A qualqucr momento, o jogo contem experiencias da vida cotidiana exterior bern como da vida imaginaliva interior. "Toda crianya brinca e necessita desle espayo para experimenlar a emocao e 0 prazcr do brincar. A brincadcira nao e apenas um prazcr em si, ela visa 0 desenvolvimento integral de uma crianya. As brincadeiras infantis. possibilitam diversas formas de aprcndizagcm, proporcionando 0 descnvolvimento sensorio-motor, promovendo 0 exercicio da comunicacao, possibilitando ensaios de represent3yoes sociais (brincadcira do faz de conta), ajudam na interacao, proporcionando melhora nas relayoes sociais, bem como instigam a criatividade atravcs da elaboracao de regras do jogo." (SILV A, 1998, p.12). 39 Segundo Herlinda C. da Siiva, Marlene M. Ilarroso e Rose Mary A. Borges (1993), a dramatiza~ao pode ser urn exercicio livre para imit<u;oes, observac;oes, imaginac;ao e memoriz8yao. Se a proposta da dramalizac;ao estiver dentra da vivencia da criaTle8, havera imitac;ao de pessoas, animais e objetos de sua convivencia c cssa imitaC;80 sera adaptada, pela propria crianc;a, a rcalidade no momento da dramatizaC;80. 1550 proporciona 0 desenvolvimenlo do caratcr personologico da criam;a como tambem sera urn estimulo it criayao. Em referencias de Silva, Barroso e Borges (1993), e principaimcllLc entre os 2 e 6 anDS de idadc, que as crianyas utilizam 0 jogo imaginativo com frcqOencia, quando par exemplo, transformam objetos, imitam os mais velhos, criam amigos imagimlrios. A crian~a cria uma silua~ao imagimlria definindo 0 brincar. preenchendo suas nccessidades que sc modificam con forme a idadc. Ate os 5 allOS de idade c aconselhado ° uso de tambores. gongos, apitos, lixas de papel, dois paus, por exemplo, objctivando a inspira~ao necessaria para que criem seus proprios SOilS.A partir dos 6 allos de idade, pode-se desenvolver historias represcntadas, jogo projclado (crianvas brincam com objclos e os fazem criar vida) e ° jogo pessoal (as proprias crian~as se tornam pessoas imaginadas, animais ou objetos). "A crianya ao selecionar e eleger um objeto para brincar, uma musica para cantar, urn sapalo para caiyar, uma cor para pintar, uma cena para desenhar, csta cxercendo uma apropria<;ao de recortes da realidade" (SILVA & BARROSO & BORGES, 1993, p.44).40 2.6.3 A Crian~a e os Sons Em estudos de Joao Straliotto (1997), 0 orgao auditivo constitui uma das fantes de sensayoes mais ficas e variadas para a crianya. Ainda antes que se estabelec;arn 5uas primeiras e rnais eJementares rclayoes com 0 ambientc, atraves dos sentidos da visao e do tato, chegam a crianya os ruidos e sons mais diversos: vozes, objetos que cacm OLi se chocam, passos, etc Tambem formam parte cssencial destc ambiente sonoro, as cancoes e melodias que a crianc;a ouve. E: Hicil notar os efeitos beneficos e de euforia que estas audic;oes produzcm na crianca, manifestados atraves dos movimentos de seu corpo e exprcss6es. Em seguida, comeya a perceber os sons que saem de seu corpa. Escutando-os, tcota repeti-los e modifica-los. Seus sons, assim como as palavras, comecam a ser urn objeto concreto para sua menle. Sua repeticao e urn brinquedo verbal, pode razer com os sons 0 que faz com os objetos, ou as duas coisas, como e 0 caso da crianca que brinca de csconde-esconde com um chocalho, fazendo 0 som aparecer c dcsaparcccr. Straliotto (1997) ainda salicnta que 0 ouvido humano conccntra nao s6 as func5es auditivas como lambem e responsave1 pelo equilibrio dos nossos movimentos. Dal 0 impacto sensorial que os sons exercem sobre 0 corpo, e 0 poder dos diferentes ritmos de cstimular as habilidades motoras e as percepcoes de tempo e cspaCo. Para os bebes, os sons e os litmos, quando usados como acalanto, envolvcm ainda inumeros bencficios de conotacao emocional e afetiva, Nao e preciso muito esfon;:o para que uma crianca se aproxime da musiea e encontre ai lima nova forma de se expressar, atraves dos sons e de suas combinacoes, pois a crian~a quando se aproxima da musica, 0 faz por amor, refazendo a ligaQao de prazer causado pelo contata sonoro mae-bebe, desde sua fecunda~3.o. Em estudos de musicoterapia de Priscila W. Valenti (V ALENTI, endere~o internet), a musica em si, que por lhe ser atribuido valor estetico e por alguma razao 0 cerebro do ser humano tem elcvada voca~ao, e um dos elementos de maior penetraQao do cspa~o pre- transieional, on de se localizam as fantasias mais internas e mais pessoais do individuo. Talvez porque, sendo esta uma das mais antigas descobertas do homem sobre a psicologia do bebe, c ainda no utero de sua mae, e portanto inteiramente fundi do a eia, que 0 bebe inicia a sua aprendizagem musical. E sabido que a voz gravada da mae acalma bebes aflitos, e que a voz da mae cantando uma can~ao de ninar e 0 melhor remedio contra a afli~ao infanti!. Portamo, sendo uma forma de comunicay3.o, c nao 56 um ornamento sonoro, e sendo Lima comLinicayao na~ verbal, a musica se presta lindamente para penetrar nas defesas mais primitivas do ser, buscando estabelecer canais de comunicayao com 0 seu interior. A associayao de ccrtas melodias com os sons primordiais do interior do corpo da mae, principal mente de sua voz como deve soar no interior do Iiquido amni6tico. Certos ritmos e notas muito solenes com certeza criam urn ambiente mental tranquilizador, na medida em que levam a pessoa a simonizar com algo que, por sua Icntidao, rclaxa os rilmos internos do ouvinte e, no mclhor dos casos, reduz sua tensao. Obviamente, recria-se nesses momentos 0 clima do colo materno, e ressurge um sentimcnto de protey3.o e amparo Straliotto (1997) diz que a audi<;ao como sentido, c inclusiva e transfere a visuo para 0 interior do ser humano. Esta e a mais nitida e memon'tvel de todas as experiencias visuais, porque e profunda e livre para criar 0 que quer que seja alraves de imagens. As eonexoes neurologieas entre os orgaos da audi~ao e da visao mantem um intercambio acenluado de conhecimentos. 1510 porquc lodo registro armazena-sc na memoria atraves de associa~5es, e e assim que oHtOS e ouvidos eontribuem com aproximadamentc 80% na aquisiyao dos eonhecimentos humanos. As informa~oes provenicntes da visao e da audi~ao estao scmpre ligadas na mente. seja pelo fat a ocorrido simultaneamente e em conjunto ou pela associa~ao criada na propria mente, decorrido de uma informa~ao singular. Enlao, se apenas enxergarmos alguma coisa, e na memoria nao existir lllll padrao sonoro correspondente para aqucla imagem, 0 cerebro reeorre it imagina~ao e cria uma forma sonora que acompanhe aquela imagem. A musica e, pois, uma ponle entre 0 mundo interno, do eu mais pessoal e intransferivel, e 0 Illundo extcrno, ollde compartilha-se a realidade com as outros. Se para Freud, ° sonho e a eslrada real para (1 illcollsciellle, a musica e a ponte que leva ao ell mais profunda e verdadeiro. 2.6.4 Importancia da Educa~iio Musical na Forma~ao Global da Crian~a De que maneira a educa~ao musical podera intervir favoravelmente no processo do desenvolvimento da crianca? E importante salientar, antes de tudo, a diferenca entre a aprendizagem musical e a educa~ao musical. Uma e decorrente da outra, de maneira inevitci.vei, pais que tratando da forma~ao musical em termos gerais, ou seja, direlamente dos elementos tecnicos musicais e instrumentais, os aspectos intrinsecos tarnbem se manifestariio: 43 - Desenvolvimento da sensibilidade auditiva~ - Oesenvolvimento das habilidades ritmicas e motoras; - Desenvolvimento da capacidade de distinguir e comparar vozes e instrumentos; - Intcrpretacao da simbologia musical; - Manuseio dos instrumentos musicais; - Desenvolvimcnto linguistico; o objetivo central da educar;ao musical e a educacao pela musica, que engloba varios aspectos do desenvolvirnento humano. Entre estes, organizamos os seguintes aspectos, que tambe'm figuralll como objetivos da educacao musical: 1) Desenvoivimcnto da Manifcslacao Artistica c Expressiva da CrianC<I A cducacao musical pretendc descnvolvcr na crianC8 uma atitllde positiva para este tipo de manifestacao artistica, capacitando-a para expressar seus sentimentos de beleza e captar outros sentimentos, inemnles a loda criacao. Assim como se utiliza da palavra ou geslOs para manifestar suas ideias, teni como meio de expressao mais uma forte ferramenta na ConSln.lcaO dc seus argumentos - a nlllSica. As criancas lendem a pensar na Illlisica como sendo sobre coisas, iSlo e, como conlando hist6rias, expressando ideias, vivendo situayoes. Gardner (1997) cita estudos sobre criancas autistas, em que est as crianyas, extremamente perturbadas c que tTequentemente evitam 0 contato intcrpessoal c talvcz ncm falem, possuem capacidades mllsicais incomuns. Isto talvez, porque houvessem escolhido a musica como principal canal de expressao e comunicacao, Oll tambem porquc a musica c tao primariamente hereditaria e que precisa de tao pouea estimulaQao externa quanta 0 falar ou andar de uma crianl(a normal. Por excmplo, uma crianl(a de 18 mcses que cantava arias de opera, embora so viesse a falar com 3 anos de idade; de 30 crianQas autistas, apenas uma nao mostrava interesse pela musica. 2) Desenvolvimento do Sentido Estetico e Elieo Durante 0 processo de criaQ8.0 e depurayao dos elementos musicais, ou mesmo no processo de expressao, busca-se ai 0 equilibrio e a critica sobre 0 conceilo do belo, do pleno, do satisfat6rio. As campanhas de midia pelas quais passa-se nesles dias, trabalharn muito fortemente sobre 0 podt.!r de julgamt;:nto e decisao. Muitas vezes, esql/ece-se se algo e realmente born, ou bonito ou dispensavel. Simplesmente aceita-se. A erianQa lem sido urn grande alvD da midia e tambem saITe esla influeneia. Atraves da mllsica, com seus valores eSletieos intrinsecos, e de atividades voltadas especial mente para 0 desenvolvirnento do valor eSlelico, pretende-se resgalar 0 sentido do bela e do justo em rclavao as coisas que as rodeiarn e tam bern as suas atiludes. 0 poder de escolha inlermedia a busca da estelica, e esla cxteriorizaQao c a base da eliea 3) Desenvolvimento da Conscieneia Social e Colctiva Quando a clianQa cant a, au esta envoi vida com papeis de interpretayao sonora em COlclividadc, scnlc-se inlcgrada cm um grupo e adquire a eonsciencia de que seuscomponentes sao igualmente imporlantes. Compreende a necessidade de coopera~ao frente aos oUlros, pois da conjum;ao de esfor~os depcndera 0 aicance do objetivo comum. Quando estuda musica em conjunto, torna-se mais comunicativa e convive ° tempo inteiro com regras de socializa~ao. Existe a possibilidade de respeitar 0 tempo e a vontade do outr~, criticar de forma construtiva, ter discipiina, ouvir e interagir com 0 grupo. Mas hit tambem 0 momento do solo, da criac.;ao. Neste inst<l1lte, compreende-se a importancia do silencio como parte da estrutura estetica da Illusica, e a necessidade da etica no momento de transmitir suas id6ias e frases. Ela leva csta expcriencia para seu eotidiano, eomo urn hflbilo natural e importante para a convivencia social harmonica. 4) Desenvoivimento da Aptidao Inventiva e Criadora A crianc;a se envolve integral mente com a musica e a modifica con stante mente, exercitando sua criatividade, e transformando-a pouco a pouco mona resposla estrllturada de acordo com sellS objctivos. A cdllcac.;lio atraves das anes proporciona il crianc;a a descoberta das linguagcns sensitivas e do seu proprio potencial criativo, tornando-a mais eapaz de eriar, inventar e reinvcntar 0 mundo que a circunda. A criatividade e essencial em todas as situac;5es. Uma crianya crialiva raciocina melhor e inventa meios de resolver suas proprias dificuldades. A eriatividade 6 ilimitada no scr humano. Atualmente, com a crescimento tccnologieo c a busca de soluc;6es cada vcz mais aprimorada para as problemas vividos pelo 46 homem atual, busca-se incansavelmente 0 desenvolvimento da imaginac;ao human a, semente de IOda a cvolu<;ao. 5) Busea do Equilibria Emocional o filosofo grego P!alao ja recomendava a musica para eq/lihhrar os 11IIJ1Iores do corpo. Para os gregos, a educ8c;ao musical aprimorava 0 carater e tomava os homens uteis em palavras e 890eS, porque a vida inleira do ser humano precisa de graya e harmonia. o jogo musical, que nao se Jiga a interesses materiais OLi competilivQs, mas absorve a crianc;a, estabelecc Iimites proprios de tempo e espac;o, cria a ordem e equilibra ritmo com harmonia. 6) Reconhecimento dos Valores Afelivos Para Celsa Antunes (1999) 0 afeto eo principal impulso motivador dos processos de desenvolvimcnto mental da crian9a, e a afetividade pode ser construida au·aves dc estimulos adequados e medidos. Atraves da musica e de scu processo de criar;:ao, torna-se aqui a crianr;:a 0 criador, 0 gcrador, formando UTll cterno vinculo com sua produr;:ao ou autoria. Este e fa lor positivo para 0 desenvolvimcnto de sua auto-estima c idenlificar;:3o de suas motivar;:6es. CAPiTULO III 3 PRE-ESCOLA DA MUSICA - UMA NOVA PRO POSTA METODOLOGICA EM MUSICALIZACAO INFANTIL Oterecer a criam;a. mediante rccUfSOS pedagogicos vivos e adequados, 0 maximo de possibilidades para desenvolver a musica, torna-se possive! alravcs de uma pro posta eficientc. uma vez que os elementos fundamentais da atividadc musical sao proprios de todo seT humano. Este VCI11 sendo 0 grande desafio do pedagogo musical, ja. havendo passado por inumeros niveis de pcsquisa, ate a atualidadc. Antes de tudo, t': preciso considcrar a musica como um meio de cultura humana, e enfatizar lambem que a crianr;a se aproxima da musica com alegria, e esta alegria, scode urn dos elementos do qual nascera 0 arnor pela musica. prccisa seT mantida constantemente, atraves de excrcicios atraenles e intcrcssantes. Na busca da pcrsonalizacrao e concretizacrao das atividades musicais, e na parceira interdisciplinar das artcs cenicasl phisticas I visuais, todos os excrcicios, que foram reunidos no livro Pre-E.~'cola da Mlisica (1997), sao realizados atraves dos recursos tccnicos dos quais as criancras sc utilizam na fase prc-escolar, como forma de fixayao do eIemento musica. 48 Assim, a pintura, 0 dcscnho, 0 recorte e colagcm tornam-se aliados no descnvolvimento do metodo , ao mesmo tempo em que se explora e desenvolve seu senlido estelico. As aulas, segundo 0 livro Prt}-escola da Mlisica, sao coroadas por jogos c brincadeiras dirigidos it musica, com os quais a criant;:a aprende a conheccr a si propria, as pessoas que a cercam, as relayoes e os papcis que c1as assumem. Brincar e a vida da criany3, mas e uma atividade seria para cia. fla medida em que mobiliza possibilidades intclcctuais c afetivas pard sua realizac;ao. Sao alividadcs que cJa levara para 0 Testo de sua vida. o prescnte trahalho roi criado com 0 objetivo de favorccer 0 dcsenvolvimento da estetica e da exprcssao artisticas da crianc;a. bern como 0 de promover 0 gosto C 0 senso musical. Excelentes resuhados podem ser alcam;ados no ensino da musica, se aplicados com perfeita adequac;:ao na atividade cducadora, criando-se situac;:oes enriquecedoras e organizando-se cxperiencias que fac;:am aflorar na crianc;:a a cxpressividade musical. Pn}-I:.scola da Mlisica reline instrumentos capazes de desenvolver 0 sistema motor-coordenalivo e cognitivo da crianc;:a, pennitindo a transfonnac;:ao dos elementos abstratos em concretos, de forma alegre e agradavel. Atraves de urn trabalho plastico e criativo, a crianc;:a encontrara meios para defmir 0 motivo e a motivac;:ao para a educac;:ao musical. 49 3.1 ATIVIDADES CONTIDAS NO LIVRO PRE-ESCOLA DA MUSICA Numa primcira ctapa, 0 metoda aborda as propricdades SOIlOfas e 0 envolvimento da crian~a com 0 mundo sonora, atravcs de rcprcsentw;oes pictoricas e com significado real para si. Para a enfase da qualidade dos sons, definida como timbre, propOe-se a atividade corn fantoches de animais, cnde caraclcriza-se fortemente 0 som (a voz) de cada bichinho. As crian~as fazem 0 jogo de dramatiza<;ao e daD vida aos bonecos, aD mesmo tempo em que incorporam os personagens, fazendo sua [alas. Busca-se tambem, a explora<;8o de sons de objctos diversos, inclusive de instrumcntos musicais, conduzindo as crianyas para a atividade de sonoplastia, em que sonorizam estorias criadas pDf elas mesmas. o jogo e a drarnatiza<;ao sao muito presentes e marcantes na realiza~ao das atividadcs. Segue-sc 0 conhecimento dos sons dos instrumentos. com suas familias. earacteristicas e peculiaridades. Atraves do livro, as erianvas podem eolorir os instrumentos, c1assificados por familias. Observa-sc que geralmcnte os instrumentos sao coloridos diferentemente de sua cor original, conforme [oi conhecido antecipadamente e tambem a manifestayiio criativa e simb61ica da representa~ao daqueles instrumentos, geralmente de alegria. 50 As atividades voltadas para a identificayao de altura dos sons, sao desenvolvidas atravcs de experiencias nos instrumcntos musicais, citando a sua classifica~ao de som (fino, medio, grossol agudo, medio, grave), assim como alraves de excmplos encontrados na natureza (lrovao, vento, mar, gato, cachorro, vaca, ctc.) ou no din a dia (campainha, tclcfone. carros, sirencs, porta, cleo). As aulas devcm seT conduzidas atravcs de propoSlas para que as ideias e vivencias das crian~as aflorem naturalmcnte. Uma atividade de flXa~ao interessante e a pesquisa que as crianyas realizam em gibis e revistas, buscando gravuras que representam os sons agudos e graves. Ap6s uma apreciayao feita pelo grupo de cada descoberta individual, 51 podedo fazer a colagem das gravuras nas paginas indicadas para os sons agudos ou graves, ja avaliados anteriormente. Como concretiza~ao e fix3yao, propor que fechem os olhos (para agu~ar 0 scntido da audi(j:ao e concentra~ao sonora) e oU9am os sons locades em varios instrumentos e classifiquem-nos em agudos, medios ou gmves, colorindo os insLrumcntos que os represenlam no livro. Fazee urn jogo com os sons, introduzindo a questilo Altura vertical dos sons: lodos em pe, com olhos fechados, 0 professor toea sons graves OU agudos, e assim eles se mantem em pc ou abaixam, coniorme a altura do som tocado. Estes sao cxercicios de vivencia e dramatizac;ao com as quais as crianyas brincam e aprendcm. 52 Olema sobre a intensidade e introduzidocom exemplos de sons que sao naturalmente fortes ou suaves (a porta que bate com 0 vento; 0 gatinho que mia, etc.) e aqueles que podemos escolher que sejarn fortes ou fracos (Ex.: palmas, instrumcntos musicais). Tamt>em, e importante conhecer 0 significado de forte e fraeD para as crianyas, em termos fisicos e abstralos. Fazer a ligayao entre 0 toque suave com a intensidade de cores ao serem pintadas e bril1car com eartacs coloridos, fuzendo sortcios para que as crianyas toquem os sons conforme a intensidade de cor nos cartoes, criando-se scqUcncias com cJes. Observar e ellidar para que nao confundam 0 grave com 0 forte e 0 agudo com 0 fracD, pois esta e uma tendencia natural em [UDyaO da densidade destes sons. Propor associayoes da vivencia de cada crian~a com 0 sentido forte c suave. Citar a figura do coelhinho como representando 0 sorn fraco, peIo seu movirnento suave e som quase imperceptivel. Propor que experimentern nos instrumentos 0 sorn suave, sempre de forma exagerada, para que comparem os extremos. Fazer a liga~ao entre 0 toque suave com a intensidade de cores ao serem pintadas e pintar 0 desenho do coelho no livro com intensidade bern suave. Fazer a mesma associa~ao com a gravura do elefante, experimentando 0 passo pesado do elefante na sala, depois corn palmas enos instrumentos. Pintar 0 desenho com intensidade bern forte e da mesma fonna exagerada. 54 Como f1xa~ao e excrcicio de perccpcao, produzir sons fortes e fracos em instrumentos diversos para que as ciranps os identifiquem com cores nos quadros, como moslra 0 exemplo abaixo. 1!uc ((JIttluc ,.,1SM~ '?IJ:rcJ C "?:aeG.J( &,1(40 5u,!t~Oi) oMM. 0#:4 (I,! ;UlItU r tide c;.!'3"ad-rc.!! ',;;> Ii'LJ III__ ~ o capitulo sobre a duracao dos sons, reune v<irias considcracoes a sercm feitas pelo pedagogo, que deve considerar as nocoes que as crianca tern de dimensao, tempo, espaco, citmo (movimenlo em fUn/rao do tempo). Estas observacoes comprovam as teorias antes citadas sobre 0 desenvolvimento da crianya, qualitativa e quantilativamente. TambCm serao pcrcebidas as diferencas de comportamento c conhccimentos entre cada crianca participante, que aconlecem em fum;ao de sua" cxperiencias e Iinhas de estimulayao. 53 55 o exercicio abaixo demonstrado, propicia que a crianya prove fisicamente as sua capacidades temporais em relac;uo aD som. Atraves da emissao sonora da letra indicada pela VOZ ou instrumento de sopro, seu fOlcgo determinani as dimensoes de tempo, considerando 0 som longo ou curto. a.--- e----a.---e--- a--e-a--e---a--e--a-e Exibir para as Criany8S 0 simbolo representante do som longo e do som curto, fazendo 0 exercicio de emissao destes sons com palmas ou sons dos instrumcntos. NBo haven't preocupac;iio com 0 tempo dado pcJas crianc;as aos simbolos fango ou curIo, mas sim a oportunidade de se manifestarem em relac;ao ao tempo, trabalhando as silahas da" palavras e 56 aos reflexos motores para execu~ao destes SOllS. Executar nos instrumentos e caminhar fla sala de aula, reproduzindo a andadura do som longo c curto, em determinados andamentos. d { Fazer a compara~ao entre dois fics de 1ft, urn bern longo e outro bern curto e pedir que os relacione com as figuras, colando·os no lado da figura correspondentc. Seguir a dimensao dos fios, criando sons e formatos para que haja real entendimenlo e rela~ao do tamanho material dos fios com a dimensao dos sons. 57 Rccortar 0 baralhinho dos sons longos e curtos e sortca-Ios para bater com palmas, em urn dctcrminado andamento. Fazer 0 mesmo com as duas maos nos joelhos (scntados como indio) . Criar seqUencias variadas e propor que as rcproduzam em instrumcntos ou objetos diversos, juntos e illdividualmentc. Durante esta atividade podera ser inciado 0 trabalho de lateralidade, associado ao dcscnvolvimento da coordcnayao motora e prti.tica prcliminar de leitura com interpretac;ao simbOlica, em formaLo linear horizontal. Neste caso, a gravura com haste para eirna sera executada com a mao direita, e com a haste para baixo com a mao esquerda. Emera padronizu((ao de sinais para a reaiizac;3.o dos objclivos. Execular a melodia Bi'io-ba-Ia-Iao em instrumentos com diferenrra de altura (piano, violiio, xilofone, etc) seguindo a seqGencia dos sons em linha horizontal com duas variaIYoes verlicais, e utilizando as duas maos. d 58 Atraves dos sirnbolos dos sons IODgOS e curtos, campor diferenyas de altura com as gravuras em formato ascendcntc, descendente ou linear, para representar as mudanyas dos sons em dircyao aos graves, agudos au sc repetindo. Expor aos alunos a dcfiniy80 de melodia e chamar-lhcs a atem;ao para 0 fato de que as melodias se formam a partir destas variac;oes. Relomar exercicios sonoras que envolvam a altura dos sons e faze-los cxperimentar os sons subindo e dcscendo em instrumentos como xilofone, escaieta, Daula, teclada, violiio. Brincar com sellS nomes e palavras cntoadas em variacroes difercntes de altura.Com estes rccursos, as crianyas poderao criar estorias contadas atraves dos sons apreendidos nas atividades anteriores (loDgos, curtos. que $Obcrn , dcscern. ou se repctcm). scm deixar de orienta-las sobre 0 formato da escrita dos simbolos (da csqucrda para a dircita com variayoes na altura). Elas podcrao participar sua estorias e toea-las nos ulslumcntos. p 59 A utilizacyao de oulros simbolos, criados pelas proprias criancyas farao parte de suas composicyoes, tcndo para cada simbolo, urn som corrcspondente, tambem de sua crialYao. c. ~ W~ @__~~ __ ____ M • • _ Esta atividade propacm a estetica na escrita de suas composic;oes (obscrvar 0 arranjo linear escolhido pela eSludante, comum em nossa cullUra ocidental) assim como a liberdade para criar musica scm modelos prc-defmidos. ApOs a clapa de entcndimento dos elementos constituintcs dos sons e da musica. e dado inicio ao trabalho dirigido para conhecimento e interpretacyao da simbologia padronizada da musica. Inicia-se com as figuras de valor, scm fugir do carnter ludico das aulas que tem-sc construido ate eSle momento. 60 Sao apresentadas as figuras da semibreve. minima, seminima, celulas de colcheias e semicolcheias, com propostns de unidade tempo a seminima. As figuras recebem apelidos capazes de propor com suas silabas, 0 tempo das figuras. A6~de~~<t4 P~da~. <I#UU ~ Ht4i4 ~4I/.. e o«IJuU Ht4i4 ~ ... &.u i It 7itia 7",,-9" e. <'4te i 0 Sotdadt> 7d J <U ~ ~ de m4M dad<U ~~~deJJlJ ~ n 7t-u As figuras com propor<;5es matematicas mais complcxas ou formulas de compasso pouco usuais (com unidades de tempo diversas) nao cabem neste momento de desenvolvimento musical, por nao fazerem parte da realidade musical das crianyas nao alfabetizadas. Mas lui 0 enLcndimento de que, diferente dos sons langos e curtos, que nao tinham duraC;110determinada, estas figuras terao cada uma 0 seu tempo de duraC;30 a serem 61 reproduzidos em sequencias ritmicas com paLmas enos instrumentos, atraves de pequenos baralhos com as figuras para scrcm recortados e monlados . As notas musicais sao introduzidas como sendo os moradorcs da Cidade da Musica. Sflo sele familias que moram em rcgioes graves, medias, e agudas da cidade. Utiliza- das no las. se simboJos para sua rcprcscntac;ao, como facilitador na mcmorizac;uo do alinhamento vertical •." •." " ,I~-0- , I' /a, A Sll •." " •." " •." " •." " ·••• ·••• ••• ·••• ·••• 62 A vizinhanrya das notas musicais deve ser llluilO enfatizada para posterior trabalho de leitura em paula. Assim, a relm;ao horizontal/vertical das notas toma-se mais aplicavel e concreta. A nolas musicais podem taruMm sec facilmente visualizadas atraves das teeIas do piano, cuja vizinhanrya visual horizontal e entrelayada com a vizinhanya sonora vertical (graves/agudos). E muito importante para a crianyas sentirem esta relayao de lorma efctiva, de mane ira a levarem consigo scmprc a experiencia pratica, bela busea de resultados. 63 Como introduc;:ao a leitura vertical, trabalha-se prcliminarmcnte