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Reclamação Trabalhista - Empregado

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Excelentíssimo (a) Senhor (a) Doutor (a) Juiz (a) do Trabalho da $[processo_vara] Vara do Trabalho de $[processo_comarca] - $[processo_comarca]
 
 
 
 
 
 
 
 
$[parte_autor_nome_completo], $[parte_autor_nacionalidade], $[parte_autor_estado_civil], $[parte_autor_profissao], portador do $[parte_autor_rg] e inscrito no $[parte_autor_cpf], residente e domiciliado na $[parte_autor_endereco_completo], vem perante Vossa Excelência, por seus procuradores, ut instrumento de mandato anexo, propor a presente
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
em face de $[parte_reu_razao_social], pessoa jurídica de direito privado, inscrita no $[parte_reu_cnpj], com sede na $[parte_reu_endereco_completo], na pessoa de seu presentante legal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
Da Contratualidade
O Reclamante conforme se passará a expor, laborou junto à Empresa Reclamada, como consubstanciado a documentação juntada à vestibular, mantendo com ela vínculo de emprego, considerando que o laboro foi prestado em proveito dela, Reclamada, em caráter pessoal, não eventual, com percepção de remuneração e subordinação.
 
Preliminarmente, deve-se salientar que apesar de presente todos os requisitos ensejadores do vínculo de emprego pleiteado, o Reclamante jamais teve sua CTPS anotada, nem tampouco, percebeu a remuneração a que faria jus, pois, sendo o Reclamante profissional da área jurídica, deveria perceber a remuneração estipulada para o piso da categoria no Estado do Rio Grande do Sul, qual seja R$ 4.068,00(quatro mil e sessenta e oito reais), para uma jornada correspondente a 20(vinte) horas semanais de laboro.
 
No que concerne ao funcionamento da Reclamada, necessário salientar que seu ramo de atividade principal, esta voltado às atividades de Psicologia e Psiquiatria, conforme conhecimento público devido ao grande renome que a Reclamada goza, hoje, no mercado. A título ilustrativo, o período questionado pelo Reclamante, corresponde ao lapso temporal de setembro de 2009 até novembro de 2013; conforme a gama de documentos ora anexados, documentos estes, firmados pelo próprio sócio majoritário da Reclamada, o que corroboram todo o ventilado.
 
No tocante à Função desenvolvida pelo Reclamante, cumpre salientar que devido ao seu conhecimento técnico e sua hábil capacidade de negociação, o mesmo efetivou as rescisões da quase totalidade dos funcionários da Empresa, renegociando um a um, todos os passivos trabalhistas à época, tendo inclusive realizado negociações de 08(oito) Psicólogos, além de, efetivar a contratação de 04(quatro) novos Psiquiatras, e a rescisão de outros 04(quatro) profissionais Psiquiatras, todos no regime de Associados, sem nenhuma espécie de contrato de trabalho anotado, sem que nenhum dos mesmos, nem tampouco os demais funcionários, viessem a reclamar seus direitos em demandas judiciais.
 
Nesta linha, merece relevo o fato do Reclamante ter começado a laborar em uma empresa com inúmeros problemas financeiros e de gestão, quase insolvente, que baseado nas planilhas anexadas pelo Reclamante, iria indelevelmente à falência em poucos meses, situação esta confirmada pelo próprio Sócio Diretor, que firmou documentos que asseveram o aqui citado.
 
Ora, tal situação somente foi revertida com a devida consultoria e o trabalho árduo realizado pelo Reclamante, que acabou por executar uma reformulação em todo o setor financeiro e administrativo da Reclamada, com base em Leis específicas, tendo em poucos meses revertido o quadro de falência iminente devido aos prejuízos que se acumulavam mês a mês, para uma situação de superávit considerável. Apenas para clarificar o supracitado, o Reclamante iniciou a laborar em uma Empresa que apresentava um déficit que superava em muito R$10.000,00(dez mil) reais ao mês, e foi afastado em um cenário donde a Empresa Reclamada, totalmente reformulada, apresentava um lucro mensal de aproximadamente R$50.000,00(cinquenta mil) reais.
 
Ora, Excelência, o Reclamante em um período de pouco mais de 06(seis) meses, realizou a contratação de aproximadamente 25(vinte e cinco) funcionários para a Reclamada, todos com base em um novo plano de carreira, todo baseado em consultorias prévias ao Reclamante, que à época acabou por desenvolver além do trabalho de Advocacia, a função de Rh da Empresa, entrevistando e contratando um a um, os funcionários da Reclamada.
 
No tocante a Jornada desenvolvida, percuciente salientar que o Reclamante sempre se deslocou de $[geral_informacao_generica] para $[geral_informacao_generica] durante a noite, deixando seus compromissos, clientes e processos particulares em $[geral_informacao_generica], para atender as ordens passadas diretamente pelo Sócio Diretor e Administrador da Reclamada.
 
Ora, Excelência, o Sr. $[geral_informacao_generica], Sócio Diretor da Reclamada, jamais custeou despesas de viagem do Reclamante, e ainda, sempre alcançou valores ínfimos, conforme atestam os comprovantes bancários em anexo inferentes à remuneração mensal do Reclamante, não alcançando assim os valores correspondentes ao piso da categoria. Cumpre informar, que devido aos inúmeros litígios que a Empresa estava envolvida à época, o Reclamante acabava por condensar a semana, praticamente, em 03(três) dias, ou seja, permanecia em $[geral_informacao_generica] de segunda a quarta-feira, trabalhando em média das 07 (sete) até às 20 (vinte) horas. Importante salientar, Excelência, conforme comprovam os e-mails anexados, que existiam reuniões diárias durante os dias que o Reclamante permanecia em $[geral_informacao_generica], sempre entre às 06h30min até às 07h30min, frise-se, a pedido do Diretor da Empresa, para tratar dos mais variados assuntos, tanto jurídicos como administrativos.
 
Ainda acerca dos dias de laboro em $[geral_informacao_generica], apenas para elucidação dos fatos, após um período passaram a ser realizados as quintas, sextas e sábados; nos mesmos horários já ventilados, conforme as cópias de e-mails ora anexados. No que concerne à rescisão operada, deve ser considerado como despedida sem justa causa por culpa exclusiva do Empregador, uma vez que, o Diretor da Reclamada utilizando-se de seu poder diretivo, descumpriu o pactuado com o Reclamante, deixando de alcançar os valores a que faria jus, culminando ainda, com a dispensa dos serviços jurídicos do Reclamante em novembro de 2013.
 
Assim sendo, resta incontroverso que os valores pagos a título de remuneração ao Reclamante, não correspondem aos valores a que faria jus, salientando ainda, que nenhum valor foi alcançado a título rescisório, nem tampouco sua CTPS foi assinada, devendo assim, serem consideradas todas as horas extras laboradas e todos seus reflexos nas verbas indenizatórias, 13º salário, FGTS, aviso prévio indenizado, gratificações, férias e descanso semanal remunerado.
 
Por tal motivo, requer o Reclamante a prestação da tutela jurisdicional do Estado, com o intuito de ver-se devidamente amparado em suas pretensões.
Do Direito e das Verbas Devidas
Como já mencionado acima, entende o Reclamante que deva ser o contrato de trabalho considerado da seguinte forma: Lapso Temporal – Início em 04/09/2009 e término na data de 29/11/2013, considerando a despedida sem justa causa, e a projeção do aviso prévio de 42 (quarenta e dois) dias. Assim, passar-se-á à fundamentação dos pedidos com base na legislação trabalhista.
1. Das Verbas Rescisórias
1.1 - DO FGTS E MULTA COMPENSATÓRIA DE 40%
Tendo em vista a configuração da despedida sem justa causa, faz jus o Reclamante à liberação dos depósitos do FGTS, além da multa compensatória de 40% (quarenta por cento) sobre todos os depósitos que deveriam ter sido realizados em nome do Reclamante, bem como, sobre as diferenças devidas, com fulcro no art. 18, § 1º da Lei 8.036/90, tudo com reflexos e integrações em férias, 1/3 constitucional, 13º salários, R.S.R. e aviso-prévio, em valores atualizados na forma da lei.
 
Desta forma, dever-se-á apurar todos os valores que deveriam ter sid o recolhidos ao Reclamante e não o foram, e ainda,as diferenças relativas aos reflexos das horas extras em todo o pacto laboral, devendo ser adimplido os valores faltantes e depositados conforme preleciona a Lei nº 9.491 de 1997 em conta vinculada ao trabalhador.
1.2 - DO SEGURO-DESEMPREGO
Pela despedida sem justa causa, o Reclamante teria direito à indenização pela Reclamada da verba a que faria jus a título de seguro-desemprego, devendo assim, ser condenada a Reclamada a indenizar os valores inferentes aos 05 (cinco) parcelas/meses a que o Reclamante faria jus. Desta forma, deve a Reclamada ser  condenada a ressarcir ao Obreiro dos valores relativos ao recebimento do seguro-desemprego, bem como, todas as demais verbas devidas.
2. Das Verbas Trabalhistas
2.1 - DO INTERVALO INTERJORNADAS
Como Operador do Direito, o Reclamante tinha jornada de trabalho muito acima do asseverado em Lei, laborando muito além das 20 (vinte) horas semanais, tendo muitas vezes realizado jornadas superiores a 12 (doze) horas diárias, chegando até ao absurdo de laborar por 14 (quatorze) horas em um único dia muitas vezes. Desta forma, o intervalo de 11(onze) horas entre duas jornadas de trabalho previsto no art. 66 da CLT deixou de ser respeitado, impondo-se à Reclamada, inclusive, a sanção estabelecida no art. 75 da CLT, cujo competência para tanto é da Delegacia do Trabalho, conforme art. 75, parágrafo único e art. 626 da CLT.
 
Este proceder da Reclamada violou o disposto no art. 66 da CLT. Reza a norma: “Art. 66. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso” (grifos nossos).
 
Como forma de espancar qualquer sombra de dúvida que paire sobre a interpretação deste dispositivo, recorremos ao decidido pelo TRT4:
 
Acórdão do processo 01286-2006-333-04-00-8 (AP) Redator:  IONE SALIN GONÇALVES Participam:  EURÍDICE JOSEFINA BAZO TÔRRES, JOSÉ FELIPE LEDUR Data:  27/09/2007   Origem:  3ª Vara do Trabalho de São Leopoldo EMENTA: INTERVALO MÍNIMO ENTRE AS JORNADAS DE TRABALHO - ART. 66 DA CLT. A inobservância do descanso mínimo de 11 horas entre uma jornada de trabalho e outra, previsto no art. 66 da CLT, impõe o pagamento das horas trabalhadas dentro do período de intervalo como extras, uma vez que não se trata de mera infração administrativa, mas de desrespeito às norma de proteção e duração do trabalho previstas na CLT. Recurso não provido. (grifos nossos)
 
Desta forma, o Reclamante tem direito a perceber as horas trabalhadas dentro do intervalo mínimo de 11 horas de descanso assegurado por Lei, como extras, considerando que todas as semanas o reclamante deslocava-se de $[geral_informacao_generica] até $[geral_informacao_generica] durante a madrugada, e laborava todo o dia sem direito ao intervalo mínimo previsto em Lei entre duas jornadas de trabalho.
 
Dito isto, Excelência, devem tais horas ser alcançadas como extras, bem como, devem incidir sobre os demais reflexos, pois, após viajar toda a madrugada, o Reclamante chegava diretamente no trabalho para cumprir à jornada extenuante de mais de 12 (doze) horas de trabalho.
2.2 - DAS HORAS EXTRAS - CÁLCULO E INCIDÊNCIA
Tendo em vista a jornada de trabalho irregular demonstrada, conclui-se, pois, que o Reclamante laborava em regime de trabalho extraordinário, não recebendo além das horas normais de laboro, tampouco as horas extras a que tinham direito. Apenas por apego ao debate, é consabido que o horário do profissional Advogado, em consonância com o art. 20 do estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, é de 04(quatro) horas diárias contínuas, não podendo exceder 20(vinte) horas semanais.
 
Neste caminho, para efeitos de amostragem, far-se-á, um cálculo meramente ilustrativo dos valores a que faria jus o Reclamante em consonância com os valores previstos no Estatuto da OAB/RS.
 
1º) Piso salarial do Advogado no Estado do Rio Grande do Sul é igual a R$ 4.068,00(quatro mil e sessenta e oito reais), para uma jornada correspondente a 20(vinte) horas semanais de laboro;
 
2º) Considerando o laboro ventilado à peça Primígena, o Reclamante faria jus a aproximadamente 49(quarenta e nove) horas p/ semana, ou seja, além da hora normal trabalhada e não paga, o Reclamante ainda faria jus a uma jornada extraordinária de 29(vinte e nove) horas p/ semana;
 
3º) Calculado mensalmente, o Reclamante faria uma média aproximada de 145(cento e quarenta e cinco) horas extras mensais incluindo-se o RSR;
 
4º)  Considerando que o valor da hora normal do profissional da advocacia no Rio Grande do Sul é de R$ 40,68 (quarenta reais e sessenta e oito centavos); e sua hora extra conforme asseverado no estatuto da Ordem é de 100%, o valor da hora extra fica aproximadamente em R$ 81,36 (oitenta e um reais e trinta e seis centavos);
 
5º) levando-se em conta a remuneração para a categoria; o Reclamante deveria perceber os seguintes VALORES MENSAIS;
► Piso da Categoria não pago – R$ 4.068,00;
► Horas Extras, MENSAIS, não pagas – R$ 11.797,20 (onze mil setecentos e noventa e sete reais e vinte centavos);
► Em um calculo rápido, pode-se averiguar que EM APENAS UM ANO de laboro o Reclamante teria aproximadamente apenas em salários e horas extras, o valor de R$ 206.247,60 (duzentos e seis mil duzentos e quarenta e sete reais e sessenta centavos), já calculado o 13º salário;
► Sobre este cálculo deveram ainda incidir: férias, décimo terceiro de férias, FGTS, INSS e demais verbas.
 
As horas extras, por sua habitualidade, também devem ser consideradas para integrar o cálculo de outras verbas, como indenização (Súm. 24 do TST), 13º salário (Súm. 45 TST) FGTS (Súm. 63 do TST) aviso-prévio indenizado (§5º do art. 487 da CLT), gratificações semestrais (Súm. 115 do TST), férias (§5º do art. 142 da CLT) e descanso semanal remunerado (Súm. 172 do TST e art. 7º da Lei nº 605/49). Nesta linha, a remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em Lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa conforme Enunciado nº. 264 da Súmula do TST.
 
Cumpre informar, que apesar de não ter sua CTPS assinada, faz jus o Reclamante a perceber todas as horas excedentes a quarta diária como horas extras, em consonância com o §2º do art. 20 do Estatuto da Ordem; com adicional não inferior a 100% (cem inteiros por cento), devendo assim ser considerada como de 100 (cem) horas, a jornada mensal do Reclamante.
2.3 - DA HORA INTRAJORNADA
Como já se falou alhures, o Reclamante tinha uma carga horária totalmente ilógica para os padrões de um profissional do direito; pois laborava por mais de 12 (doze) horas as vezes até 14 (quatorze) horas em média, em decorrência do elevado número de problemas a solucionar na Reclamada, sem que lhe fosse possível gozar a hora intrajornada. Ora Excelência, prova cabal que a hora intrajornada não era alcançada, são os inúmeros e-mails colacionados ao presente processo, que demonstram os horários em que o Reclamante laborava.
 
Percuciente salientar, Excelência, que inúmeras vezes o Reclamante alimentava-se com um lanche rápido no próprio local de trabalho, por não poder usufruir de um intervalo para almoço. ASSIM, A HORA DE INTERVALO NÃO LHE ERA CONCEDIDA INTEGRALMENTE. NESSE SENTIDO, COM BASE NO ARTIGO 71, §4º DA CLT, A RECLAMADA DEVE PAGAR AO RECLAMANTE ESTA DIFERENÇA COMO HORA EXTRAORDINÁRIA, EM QUE PESE AS CONVENÇÕES COLETIVAS DA CATEGORIA, COM O ADICIONAL DE NO MINIMO 100% (CEM INTEIROS POR CENTO), E AINDA COM BASE NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL nº. 307 DA SBDI-1 DO TST QUE ESCLARECE:
 
após a edição da lei nº. 8.923/94, a não concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora de trabalho (art. 71 da CLT).
 
Neste sentido, elucidativo é o entendimento do TST de que a natureza do pagamento previsto no § 4º do art. 71 da CLT é de hora-extra (SBDI-1, E-RR 159102002-074-02-00, rel. Min. RosaMaria Weber Candiota da Rosa, DJ 16/03/2007).
 
As horas extras, por sua habitualidade, também devem ser consideradas para integrar o cálculo de outras verbas, como indenização (Súm. 24 do TST), 13º salário (Súm. 45 TST), FGTS (Súm. 63 do TST), aviso-prévio indenizado (§5º do art. 487 da CLT), férias (§5º do art. 142 da CLT) e descanso semanal remunerado (DSR) (Súm. 172 do TST, art. 7º da lei nº 605/49) e as contribuições previdenciárias.
 
A Reclamada deve ser condenada a pagar todas as diferenças de horas, bem como seus reflexos legais aqui elencados, sobre as quais deverá incidir o INPC, como critério de correção monetária, desde quando deveriam ter sido pagas.
2.4 – DAS HORAS IN ITINERE E DO ADICIONAL NOTURNO
Cumpre informar, Excelência, que durante todo o lapso temporal em que o Reclamante laborou junto à Reclamada, necessitava deslocar-se semanalmente de sua cidade, $[geral_informacao_generica], para reuniões diárias em Porto Alegre como já asseverado, devendo, assim, perceber os valores percuciente as Horas in itinere e ao adicional noturno. Por apego ao debate, salienta-se que o adicional noturno deve ser calculado sobre o piso para a Categoria, bem como o valor das horas in itinere.
 
Dito isto, por óbvio, deve ser alcançado ao Reclamante os valores inferentes as horas extras com adicional de 100% (cem inteiros por cento) e mais os 20% (vinte inteiros por cento) referentes ao adicional noturno.
2.5- DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO
Segundo conceituação doutrinária, o Repouso Semanal Remunerado é o período em que o Empregado deixa de prestar serviços uma vez por semana ao Empregador, de preferência aos domingos, e nos feriados, mas percebendo remuneração. Os fundamentos do repouso semanal são biológicos, em razão da fadiga do Empregado, que precisa recuperar suas energias de trabalho, depois de prestar serviços por seis dias; e sociais, em razão da necessidade do Empregado ter um dia inteiro para ficar com sua família; e econômico, em função da empresa poder contratar outro funcionário se necessitar de serviço durante o descanso de um grupo de empregados.
 
No que tange ao fundamento normativo, resta pacificado hoje ser a Lei nº 605/49 que regula inteiramente a matéria, considerando-se praticamente revogados os arts. 67 a 69 da CLT , uma vez que seus preceitos são incompatíveis com as disposições da lei referida.
 
No concernente ao art. 70 da CLT entende-se que o Decreto-lei nº 229/67 que é posterior à vigência da consolidação normativa do trabalho, deu nova roupagem ao art. 70 da CLT estando hoje normatizando a matéria inferente ao dispositivo citado.
2.6 – DAS VERBAS RESILITÓRIAS
Os descontos fiscais e previdenciários devem ficar a cargo da Reclamada, pois o Reclamante não pode arcar com este ônus, só porque as verbas não foram pagas corretamente na época certa. Este entendimento foi recentemente sedimentado no Enunciado 368, da Súmula do TST, que assim dispõe, in verbis.
 
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO. (CONVERSÃO DAS ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS Nºs 32, 141 E 228 DA SDI-1).
I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição.
II - É DO EMPREGADOR A RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E FISCAIS, RESULTANTE DE CRÉDITO DO EMPREGADO ORIUNDO DE CONDENAÇÃO JUDICIAL, DEVENDO INCIDIR, EM RELAÇÃO AOS DESCONTOS FISCAIS, SOBRE O VALOR TOTAL DA CONDENAÇÃO, REFERENTE ÀS PARCELAS TRIBUTÁVEIS, CALCULADO AO FINAL, NOS TERMOS DA LEI Nº 8.541/1992, ART. 46, E PROVIMENTO DA CGJT Nº 03/2005.
III - Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-se disciplinado no art. 276, § 4º, do Decreto nº 3.048/99, que regulamenta a Lei nº 8.212/91 e determina que a contribuição do empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição.
2.7 – DO USO DO PRÓPRIO VEÍCULO EM TRABALHO
É pacificado o entendimento de nossos Tribunais Pátrios no que tange ao dever de indenizar ao empregado que utiliza veiculo próprio em proveito da empresa, uma vez que, não seria justo que a empresa se locupletasse do patrimônio do seu empregado para economizar e auferir mais renda.
 
Neste sentido, merece relevo a correta solução do TRT aplainada as lides dessa espécie.
 
“(...) Assim, analisando-se tal conjunto probatório, conclui-se que restou comprovado que a autora utilizava veículo próprio a serviço do banco reclamado. Os riscos do empreendimento são de responsabilidade do empregador, devendo este ressarcir as despesas pela utilização do veículo da autora. Veja-se que à míngua de elementos que demonstrassem a quilometragem rodada mensalmente, andou bem o magistrado de origem ao se restringir aos valores das despesas referidos pela prova oral, valendo mencionar, de plano, que restou incontroverso que o demandado ressarcia à autora uma quantia limite de R$200,00 por mês. Nesta senda, entende-se que o valor de R$300,00 arbitrado na sentença está compatível com a prova oral produzida nos autos.” (ACÓRDÃO 0084200-90.2008.5.04.0011 RO-TRT)
 
Nesta vereda Excelência, importante elucidar que a Reclamada nunca alcançou valores indenizatórios para ressarcir os prejuízos com viagens para $[geral_informacao_generica], e outras localidades ao reclamante, correndo sempre por conta do próprio obreiro as despesas de viagens, e alimentação quando este se deslocava para $[geral_informacao_generica].
 
Dito isto, torna-se imperativo como forma assecuratória de justiça que Vossa Excelência arbitre um valor estimado em torno de R$ 600,00(seiscentos) reais por mês, como forma de ressarcimento ao reclamante, que desde já pugna pela produção da prova oral como forma de gotejar a verdade na presente lide.
2.8 – DO DANO MORAL EM DECORRÊNCIA DO ASSÉDIO EM AMBIENTE DE TRABALHO
O projeto de Lei 4.591/2001 que acrescenta ao art. 117 do Regime Jurídico Único da Lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Federais), a  normatização da conduta punitiva de quem assedia moralmente inferior hierárquico, define o assédio moral assim:
 
§ 1º Para fins do disposto neste artigo considera-se assédio moral todo o tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a autoestima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução profissional ou à estabilidade física, emocional e funcional de servidor incluindo, dentre outras: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de outra responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de ideias de outros; ignorar ou excluir um servidor só se dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações necessárias à elaboração de trabalhos de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; segregar fisicamente o servidor, confinando-o em local inadequado, isolado ou insalubre; subestimar esforços. (Grifos nossos).
 
O assédio Moral per se possui natureza Psicológica, distinguindo-se de outros tipos de assédio, uma vez que tem sido concebido como uma forma de terror psicológico, praticado pelos superiores hierárquicos de modo a punir o Empregado ou a diminui-lo.
 
Nesta seara, puramente psicológica, pode-se definir o assédio como qualquer conduta imprópria que se manifeste especialmente através de comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, de colocar seu emprego em perigo ou de degradar o clima ou a própria relação de trabalho. Nesta vereda, percuciente trazer à baila o prelecionado no famoso manual “anti-bullying” do MSF Union – sindicato Inglêsque assim define o assédio moral propriamente dito: é a prática persistente de danos, ofensas, intimações ou insultos, abusos de poder ou sanções disciplinares injustas que induz naquele a quem se destina sentimentos de raiva, ameaça, humilhação, vulnerabilidade que minam a confiança em si mesmo.
 
Em regra, a finalidade precípua do assediador, é motivar o trabalhador a pedir demissão ou remoção para outro local de trabalho, MAS O ASSÉDIO PODE SE CONFIGURAR TAMBÉM COM O OBJETIVO DE MUDAR A FORMA DE PROCEDER DO TRABALHADOR EM RELAÇÃO A ALGUM ASSUNTO, ou simplesmente visando humilhá-lo perante a chefia e demais colegas, COMO UMA ESPÉCIE DE PUNIÇÃO PELAS OPINIÕES OU ATITUDES MANIFESTADAS. Nesta senda, Excelência, importante salientar a conduta do administrador da Reclamada, que com base nos e-mails anexados a peça vestibular, e mais os testemunhos que serão levados a plenário, pode-se facilmente constatar as condutas descritas às definições de assédio moral no ambiente do trabalho.
 
Dito isto, deve a Reclamada ser compelida a alcançar ao Reclamante, quantia não inferior a R$20.000,00 (vinte mi reais) a título de danos morais.
2.9 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Percuciente salientar, a alteração no entendimento pátrio ocorrido na seara Trabalhista, passando-se a ser aplicado ao processo do trabalho as normas dos arts. 389 e 404 do Código Civil, pois se estabeleceu a necessidade do ressarcimento dos honorários advocatícios, em forma de perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro, reformulando a regra geral de sua inaplicabilidade em sede de reclamação trabalhista.
 
Tal entendimento está calcado em preceitos jurisprudenciais acerca de interpretações ao artigo 389 do Código Civil, que dispõe que os honorários advocatícios não mais decorrem da mera sucumbência, mas também do inadimplemento da obrigação. De tal modo, uma vez que a obrigação é verificada em casos de dívidas civis, não há porque entender que ela também não incorra em ações trabalhistas, quando as verbas devidas têm natureza alimentar.
 
Neste sentido, se a regra geral é de cabimento da verba em outros casos de hipossuficiência (consumidores, pequenos prestadores de serviços, segurados do INSS etc.) e ainda em ações trabalhistas que não contemplem a relação de emprego, não teria sentido que apenas em reclamações envolvendo empregados esse novel entendimento fosse olvidado, o que viria de encontro à letra da Instrução Normativa nº 27 do TST.
Dos Pedidos
Diante dos fatos e fundamentos expostos, REQUER o Reclamante:
 
a) a citação da Requerida através de seu representante legal, para contestar, querendo a presente lide, considerando a despedida sem justa causa por culpa exclusiva da Reclamada; entendendo assim, pela rescisão sem justa causa do Reclamante, devendo assim ser alcançado a este, seu direito à indenização pela Reclamada da verba a que faria jus a título de seguro-desemprego, bem como da multa de 40% (quarenta inteiros por cento) sobre os valores que deveriam estar depositados no FGTS, bem como, seus reflexos em todas as verbas;
 
b) seja condenada a Reclamada a alcançar os valores relativos aos 05(cinco) meses de seguro-desemprego, na forma de indenização, uma vez considerada a tese ventilada à peça primígena de despedida sem justa causa, por culpa exclusiva do Empregador;
 
c) seja condenada ao pagamento das horas de trabalho dentro do intervalo de descanso previsto no art. 66 da CLT, como horas extras, uma vez que não se trata de mera infração administrativa, mas de desrespeito às normas de proteção e duração do trabalho previstas na CLT, devendo integrar-se no 13º salário, aviso-prévio, férias acrescidas de 1/3, FGTS com multa 40% (quarenta inteiros por cento) e DSR’s; impondo-se à Reclamada a sanção estabelecida;
 
d) a condenação da Reclamada ao pagamento da diferença salarial e remuneratória, relativa às horas extras laboradas durante todo o lapso temporal, respeitado o quinquênio prescricional; deve ainda, ser utilizado como índice o número de 100(cem) horas mensais, ou seja, seja considerada hora extra todo o período posterior a 4ª(quarta) hora diária, bem como, seus reflexos e integração no 13º salário, aviso-prévio, férias acrescidas de 1/3, FGTS com multa 40% (quarenta inteiros por cento) e DSR’s, utilizando-se como base o valor fixado ao piso da categoria;
 
e) o pagamento do intervalo (intrajornada) que não era concedido ao Reclamante por laborar mais de 6h seguidas; além da integração no 13º salário, aviso-prévio, férias acrescidas de 1/3, FGTS com multa 40% (quarenta inteiros por cento) e DSR’s;
 
f) deve ainda ser condenada a Reclamada a alcançar os valores inferentes às horas in itinere, relativas aos deslocamentos para Porto Alegre, bem como as horas relativas a volta para Santa Maria, calculadas com o adicional noturno e extraordinário; devendo receber estas verbas com reflexos e integrações no 13º salário, aviso-prévio, férias acrescidas de 1/3, FGTS com multa 40% (quarenta inteiros por cento) e DSR’s
 
g) ao pagamento do DSR’s e com reflexos inclusive sobre as horas extras não pagas;
 
h) o reflexo das diferenças salariais sobre o valor do seguro desemprego, caso este não alcance o teto do INSS, que deve ser recalculado levando-se em conta as horas extras prestadas com habitualidade e devendo assim ser indenizada pela Reclamada a diferença a que faz jus o Reclamante;
 
i) o reflexo das diferenças salariais sobre o aviso prévio indenizado que deverá ser calculado levando-se em conta à despedida sem justa causa por culpa exclusiva da Reclamada;
 
j) a condenação da Reclamada a arcar com os descontos legais e previdenciários;
 
k) a condenação da Reclamada a indenizar o Reclamante pelo uso de veiculo próprio em favor da Reclamada, como caráter punitivo por esta se locupletar as custas do Reclamante, devendo assim ser indenizado em valores fixados por este Juízo não inferiores a R$ 600,00 (seiscentos reais por mês de trabalho);
 
l) seja condenada a Reclamada, a indenizar ao Reclamante em um valor a ser arbitrado por Vossa Excelência a titulo de dano moral em decorrência do assédio moral sofrido no ambiente da trabalho, em valores não inferiores a R$ 20.000,00 (vinte mil) reais;
 
m) a incidência de juros e atualização monetária sobre todas as parcelas requeridas acima no momento processual próprio da fase de liquidação de sentença;
 
REQUER por fim, a condenação em honorários advocatícios nos termos do art. 20 do CPC, considerando a novel interpretação jurisprudencial esposada pelo TST e TRT’s.
 
ISTO POSTO, REQUER a condenação da Reclamada ao pagamento de todas as verbas trabalhistas impagas enquanto na vigência do contrato de trabalho, levando-se em conta as diferenças e reflexos produzidos nas verbas trabalhistas, a serem calculados em liquidação de sentença;
 
REQUER ainda, que junto com contestação/defesa traga a Reclamada, as planilhas relativas ao período em que o Reclamante ingressou à Empresa, bem como; livros-caixa e de registros de funcionários, para que sejam cruzadas as informações ventiladas a peça primígena com os documentos contábeis da Reclamada.
 
REQUER a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a prova documental, testemunhal e pericial;
 
REQUER ainda, o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por não possuir renda suficiente para custear tal processo sem comprometer o sustendo de sua família, firmando compromisso nos termos da Lei nº 1.060/50;
 
REQUER por fim a condenação em honorários advocatícios nos termos do art. 20 do CPC, considerando a novel interpretação jurisprudencial esposada pelo TST e TRT’s.
 
TERMOS EM QUE D. e A. com os documentos que acompanham
 
Para efeitos de definição de competência, apresentar-se-á, de forma ilustrativa, o valor APROXIMADO, DEVIDO ANUALMENTE AO RECLAMANTE.
 
VERBAS DEVIDAS RELATIVAS A 12 MESES APENAS
► remuneração e horas extras anuais aproximadamente R$153.363,60
► valores a ser recolhidos para o FGTS do trabalhador R$ 15.230,52
► multa de 40% sobreo FGTS R$ 6.092.20
► valores de INSS R$ 22.687.21
► valores relativos ao décimo terceiro R$ 15.865.20
► um terço de férias R$ 5.235.51
► valores relativos às horas intrajornadas R$ 15.865.20
► valores anuais relativos ao adicional noturno R$ 10.576.80
► desgaste do veiculo anual R$ 7.200.00
 
Dá-se à causa o valor aproximado de $[processo_valor_da_causa].
 
 
$[advogado_cidade], $[geral_data_extenso].
 
$[advogado_assinatura]

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