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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 PRESSUPOSTOS AO EXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO 2 MORAL E ÉTICA: UMA DISTINÇÃO NECESSÁRIA 3 DEONTOLOGIA: ASPECTOS DEONTOLÓGICOS 3.1 QUAL É A IMPORTÂNCIA DO RESPEITO AOS CÓDIGOS DE DEONTOLOGIA? 4 NORMAS MORAIS E NORMAS JURÍDICAS 5 HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS 5.1 CONSTITUIÇÃO 5.2 EMENDA CONSTITUCIONAL 5.3 LEIS COMPLEMENTARES 5.4 LEIS ESPECIAIS 5.5 LEIS ORDINÁRIAS E MEDIDAS PROVISÓRIAS 5.6 DECRETOS 6 ÉTICA FARMACÊUTICA E JULGAMENTO ÉTICO 7 CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA 8 DOS QUADROS E INSCRIÇÕES NO CONSELHO PROFISSIONAL 9 AS IMPLICAÇÕES DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL: A RESPONSABILIDADE TÉCNICA 10 CAMPOS DE ATIVIDADE PROFISSIONAL DO FARMACÊUTICO 11 CONSELHO PROFISSIONAL: CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE FARMÁCIA ANEXO I - PRINCIPAIS RESOLUÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA MÓDULO II 12 FABRICAÇÃO E REGISTRO DE MEDICAMENTOS, COSMÉTICOS E SANEANTES AN02FREV001/REV 4.0 4 12.1 LEGISLAÇÃO APLICADA AO REGISTRO DE MEDICAMENTOS ESPECÍFICOS 12.2 REGISTRO DE PRODUTOS BIOLÓGICOS E HEMOTERÁPICOS 12.3 RENOVAÇÃO DE REGISTRO DE MEDICAMENTOS 12.3.1 Relação de Documentos Específicos Exigidos para Renovação 12.4 REGISTRO DE MEDICAMENTO FITOTERÁPICO 12.5 NORMA GERAL DO REGISTRO DE PRODUTOS SUJEITOS AO REGIME DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA 12.5.1 Registro de Drogas, Medicamentos e Insumos Farmacêuticos 12.5.2 Registro de Cosméticos, Produtos de Higiene, Perfumes e Outros 12.5.3 Registro dos Saneantes Domissanitários 12.6 A AUTORIZAÇÃO DE FUNCIONAMENTO E O LICENCIAMENTO DO FABRICANTE 13 REGULAMENTAÇÃO DA FABRICAÇÃO DE MEDICAMENTOS 13.1 ROTULAGEM DOS MEDICAMENTOS INDUSTRIALIZADOS 13.2 NÚMERO DE REGISTRO DOS PRODUTOS SUJEITOS A CONTROLE DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 13.3 ELEMENTOS DE SEGURANÇA E DE AUTENTICIDADE DO MEDICAMENTO INDUSTRIALIZADO 14 REGULAMENTAÇÃO DA FABRICAÇÃO DE COSMÉTICOS 14.1 LEGISLAÇÃO APLICADA À PRODUÇÃO DE COSMÉTICOS E OUTROS PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL DO GRUPO I (SUJEITOS À NOTIFICAÇÃO) 14.2 LEGISLAÇÃO APLICADA À PRODUÇÃO DE COSMÉTICOS E OUTROS PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL DO GRUPO II (SUJEITOS A REGISTRO) ANEXO I - ARTIGO: COMO A ANVISA AVALIA O REGISTRO DE MEDICAMENTOS NOVOS NO BRASIL ANEXO II - ARTIGO: O QUE PASSA PELA SUA CABEÇA MÓDULO III 15 PREPARAÇÃO E MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS 15.1 HISTÓRICO AN02FREV001/REV 4.0 5 15.2 NOVAS REGRAS PARA A MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS: A RDC 67/2008 15.3 ALGUNS DESTAQUES DA RDC 67/07 15.4 PREPARO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL E DE MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS 16 DISTRIBUIÇÃO, EXPEDIÇÃO, ARMAZENAMENTO, FRACIONAMENTO E EMBALAGEM DE INSUMOS FARMACÊUTICOS 16.1 NOVAS REGRAS PARA DISTRIBUIÇÃO E FRACIONAMENTO DE INSUMOS FARMACÊUTICOS 16.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DISTRIBUIÇÃO E FRACIONAMENTO DE INSUMOS 16.3 TERCEIRIZAÇÃO DA PRODUÇÃO, CONTROLE DE QUALIDADE E ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS 17 DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE DE MEDICAMENTOS 17.1 CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DA CADEIA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS 17.2 DEVOLUÇÕES DE MEDICAMENTOS E PLANOS DE EMERGÊNCIA 17.3 CONDUTA EM CASOS DE RECLAMAÇÕES E DE REAÇÕES ADVERSAS DOS PRODUTOS 17.4 RESOLUÇÃO RDC Nº 320/2002: NOVA EXIGÊNCIA SOBRE A NOTA FISCAL 18 TRANSPORTE DE MEDICAMENTOS 18.1 TRANSPORTE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS: PORTARIA 1.052/98 18.2 EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS PARA TRANSPORTADORAS DE MEDICAMENTOS 19 NORMAS DO CFF PARA DISTRIBUIDORAS E TRANSPORTADORAS DE MEDICAMENTOS ANEXO I - E O QUÊ FAZER COM OS MEDICAMENTOS VENCIDOS? ANEXO II - LEI ESTADUAL Nº 2.517, DE 24 DE SETEMBRO DE 2002 MÓDULO IV 20 ARMAZENAMENTO DE MEDICAMENTOS AN02FREV001/REV 4.0 6 20.1 REGRAS GERAIS DE ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS 21 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS E BOAS PRÁTICAS EM FARMÁCIAS E DROGARIAS 21.1 DISPENSAÇÃO DO MEDICAMENTO GENÉRICO 21.2 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL 21.2.1 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS ANOREXÍGENOS 21.3 BOAS PRÁTICAS DE DISPENSAÇÃO EM FARMÁCIAS E DROGARIAS 21.3.1 Condições Gerais 21.3.2 Documentação e Procedimentos Operacionais 21.3.3 Aplicação de Injetáveis 21.3.4 Do Ambiente Destinado aos Serviços Farmacêuticos 21.3.5 Responsabilidades e Atribuições 21.3.6 Da Aquisição e Recebimento dos Produtos 21.3.7 Das Condições de Armazenamento 21.3.8 Da Organização e Exposição dos Produtos 2.3.8.1 Medicamentos sujeitos à notificação simplificada 2.3.9 Da Dispensação de Medicamentos 2.3.10 Da Solicitação Remota para Dispensação de Medicamentos 2.3.11 Dos Serviços Farmacêuticos 2.3.12 Da Atenção Farmacêutica 2.3.13 Da Atenção Farmacêutica Domiciliar 2.3.14 Da Aferição Dos Parâmetros Fisiológicos e Bioquímico 2.3.15 Da Administração de Medicamentos 2.3.16 Da Declaração de Serviço Farmacêutico 21.4 BOAS PRÁTICAS DE DISPENSAÇÃO EM FARMÁCIAS DE MANIPULAÇÃO 21.4.1 Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias 21.4.2 Resolução RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008 (Altera a RDC 67/2007) 21.4.3 Resolução - RDC nº 21, de 20 de maio de 2009 (Altera a RDC 67/2007) 21.4.4 Resolução - RDC nº 467, de 28 de novembro de 2007 21.5 FRACIONAMENTO E DISPENSAÇÃO DO MEDICAMENTO FRACIONADO AN02FREV001/REV 4.0 7 ANEXO I: DEVOLUÇÃO DE MEDICAMENTOS CONTROLADOS AO ESTABELECIMENTO DISPENSADOR MÓDULO V 22 CONTROLE DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL NO BRASIL 22.1 ESCRITURAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL 22.2 BALANÇO DE SUBSTÂNCIAS E MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL 22.3 MANIPULAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL 22.4 DISPENSAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL 22.5 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS ANOREXÍGENOS 22.6 CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL NA BAIXA DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA 22.7 O NOVO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE PRODUTOS CONTROLADOS 23 PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS 23.1 PROPAGANDA E AS EXIGÊNCIAS DA RDC ANVISA Nº 102 23.2 PROPAGANDA E AS EXIGÊNCIAS DA PORTARIA SVS Nº 344 23.3 PROPAGANDA E AS EXIGÊNCIAS DA RDC ANVISA Nº 199 ANEXO: MODELO DE TALONÁRIO B2 PARA SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓFICAS ANOREXÍGENOS ANEXO II: RELAÇÃO MENSAL DE NOTIFICAÇÕES DE RECEITA B2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 8 MÓDULO I 1 PRESSUPOSTOS AO EXERCÍCIO DE UMA PROFISSÃO Inicialmente deve-se ter claro que o exercício de uma profissão depende fundamentalmente do atendimento dos seguintes pressupostos: Formação profissional; Capacitação profissional; Competência profissional; Habilitação legal; Amparo legal; Conduta moral; Conduta ética. Adaptando os itens supralistados ao nosso tema específico, temos: Formaçãofarmacêutica; Capacitação farmacêutica; Competência farmacêutica; Habilitação legal farmacêutica; Amparo da legislação brasileira: legislação profissional e sanitária; Conduta moral; Ética profissional. Antes de estudarmos a legislação farmacêutica, objeto propriamente dito deste curso, cabe uma abordagem breve sobre a moral, a ética e a deontologia. AN02FREV001/REV 4.0 9 2 MORAL E ÉTICA: UMA DISTINÇÃO NECESSÁRIA A confusão entre as palavras “moral” e “ética” existe há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que a palavra ética deriva do grego ethos, que significa modo de ser, caráter; e moral tem sua origem no latim mores, significando costumes. A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que é, mas que não é fácil de explicar quando alguém pergunta (VALLS, 1993). Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto. Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim, considerado um dos pais da Sociologia moderna, explicava moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior à própria sociedade. A moral tem caráter obrigatório. Já a palavra ética, Motta (1984) define como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, ética é a forma como o homem deve se comportar no seu meio social. Em filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo-sociedade. Define-se moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes e valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Moral e ética não devem ser confundidos. A moral é normativa, a ética é teórica, buscando explicar e justificar os costumes de determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. A moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgiu quando o homem passou a viver em agrupamentos, isto é, nasceu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A ética teria surgido com Sócrates, pois a filosofia exigiu maior AN02FREV001/REV 4.0 10 grau de reflexão sobre o tema. Ela investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a ética é teórica e reflexiva, enquanto a moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequencia a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas, salvo a falta ética profissional apurada em processo ético disciplinar instaurado pelo conselho de classe quando há uma conduta que transgride o código de ética profissional; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética. Atualmente a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, frequentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem alta probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão. Enfim, ética e moral talvez sejam as maiores virtudes do homem livre. Ambos significam “respeitar e venerar a vida”. 3 DEONTOLOGIA: ASPECTOS DEONTOLÓGICOS Deontologia pode ser definida como um conjunto de valores, atitudes e posturas que um indivíduo deve apresentar durante o exercício de sua profissão, AN02FREV001/REV 4.0 11 objetivando moldar ou modelar a conduta e a postura profissional por meio do exercício de direitos, deveres e proibições. Podemos dizer que deontologia é a ciência ou o estudo dos deveres e direitos inerentes às profissões e aos profissionais que dela fazem parte. A deontologia é regida pelos princípios morais e éticos em vigência na sociedade, em um período determinado da história, considerando ainda a tradição, as particularidades e peculiaridades de cada profissão em questão. As ciências deontológicas podem ser divididas em: Ética Geral – prevalece o dever moral, representando um conjunto de regras e costumes gerais e inespecíficos, marcados por matérias como a educação moral e cívica. Ética Especial – representa o fim último da ação moral. Esta por sua vez subdivide-se em Ética Individual e Ética Social. A Ética Individual trata dos deveres e obrigações individuais do ser humano, buscando atingir a perfeição em cada homem, enquanto o objeto de estudo da Ética Social é a obediência aos deveres e obrigações, visando à perfeição humana, mas vinculado à promoção do bem comum, pois sua conduta pessoal deve se refletir no meio social, representado uma verdadeira “ética cidadã”. Ciências: Ética Geral: dever moral Deontológicas: Ética Especial: ética Individual Ética Social A deontologia deve estar alicerçada sobre a moral e a ética, colocando os deveres morais acima da sua vontade pessoal e em uma hierarquia superior a dos deveres normativos. Portanto, em alguns momentos e em alguns cenários, estaremos diante de conflitos pessoais. AN02FREV001/REV 4.0 12 O termo “deontologia” aparece sempre adjetivado: deontologia médica, deontologia odontológica, deontologia jurídica e deontologia farmacêutica. As ciências deontológicas indicam quais devem ser os direitos, os deveres (ou obrigações) e as proibições em uma profissão ou ofício. Direitos Deveres Proibições 3.1 QUAL É A IMPORTÂNCIA DO RESPEITO AOS CÓDIGOS DE DEONTOLOGIA? 1. Estabelecer a supremacia da ordem moral, ética e normativa sobre as demais menos nobres e menos altruístas. “Os fins não justificam os meios”. Negação à Maquiavel; 2. Fornecer os princípios filosóficos para: Formação e consolidação do caráter; Ciências Deontológicas “Nem tudo que é legal é moral” e o contrário também é verdadeiro: “Nem tudo que é moral é necessariamente legal”. AN02FREV001/REV 4.0 13 Desenvolvimento e aperfeiçoamento de valores como humanidade e cidadania; Enriquecimento intelectual; Satisfação pessoal e profissional; Segurança no exercício profissional; Contribuição à sociedade. 3. Impedir a degeneração de valores, dos bons costumes e das boas práticas. 4. Contribuir para a consolidação de caráter do ser humano. 4 NORMAS MORAIS ENORMAS JURÍDICAS As normas éticas estão vinculadas aos princípios e valores considerados válidos enquanto preceitos morais, conservando-lhes peculiaridades como formalidades, abrangência, subjetividade, difusibilidade. As normas éticas são mais rigorosas e severas do que as exigências da regra moral. Ao mesmo tempo, são mais abrangentes que as normas jurídicas. AN02FREV001/REV 4.0 14 TABELA 1 - PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS NORMAS MORAIS E AS NORMAS JURÍDICAS CARACTERÍSTICAS NORMAS MORAIS NORMAS JURÍDICAS Instrumentos: Regras sociais e preceitos morais, cívicos e éticos. Leis, decretos, portarias, resoluções, estatutos, contratos e demais regulamentos oficiais. Origem: Valores e pressupostos morais e éticos eleitos pela sociedade e valorizados por esta, determinados pela: religião, costumes, filosofia existencial; teoria dos valores éticos. Resultante da cristalização das normas morais; desejo de organização da sociedade; necessidade de regulação das ações e das atividades humanas. Elementos da norma: Gratidão, cortesia, urbanidade, solidariedade, humanidade, educação, humildade, compaixão, honestidade, sinceridade, decência, respeito aos valores sociais. Situações específicas definidas e previstas em lei. As leis devem ter abrangência, senso comum, ser obrigatória, ter vigência, ser emanada de poder competente, ser constitucional. Campo de atuação: Muito amplo. Irrestrito. Difuso. Restrito, objetivo e concreto. Limites/abrangência: Amplo, mal delimitado. Definido, bem delimitado. Desobediência à norma (infringência): Ato ou conduta imoral, ato ou conduta antiética. Crime, contravenção, infração, infringência. Sanções: Sanções internas (remorso, arrependimento, desgosto, constrangimento, tristeza, baixa autoestima, isolamento, depressão, automutilação, etc.). Sanções externas (contestação, reprovação, exclusão, discriminação, violência, etc.). Penas, penalidades ou punições. As penas podem ser divididas em penas de natureza administrativa, civil e penal. O código penal ainda subdivide as penas em: privativa de liberdade, restritiva de direitos e multa. 5 HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS A nova Constituição de 1988, a Lei Orgânica da Saúde, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso, as constantes alterações à legislação do exercício profissional, as numerosas normas sanitárias e de fiscalização profissional, as novas diretrizes de controle sobre a prescrição, manipulação e dispensação de medicamentos entorpecentes e psicotrópicos, as inovações em relação à escrituração desses últimos, as modificações instituídas no Código Penal para inibir a falsificação de medicamentos, assim como as incessantes publicações de resoluções acerca das boas práticas (de fabricação, preparação, armazenamento, dispensação) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) são alguns exemplos das profundas transformações AN02FREV001/REV 4.0 15 ocorridas na legislação que cerca a profissão farmacêutica no país nos últimos anos. Imerso em um rol cada vez mais extenso de normas jurídicas e regulamentos técnicos – que ora se somam, se convergem ou se complementam e ora se colidem, se divergem entre si ou se revogam – não é raro ver farmacêuticos em dúvida sobre qual ordenamento seguir e, pior do que isso, quando há aparente conflito, qual norma deve vigorar e ser cumprida. Cada estado tem uma Constituição própria e um conjunto de leis estaduais que deve se enquadrar nas federais. Da mesma forma, os municípios, ao elaborar suas leis orgânicas e as demais leis devem formatá-las de modo a não contrariar a lei estadual e a federal. Quando um estado é formado por uma única cidade, em vez de Constituição ela terá uma lei orgânica, como é o caso de Brasília. A noção de hierarquia de leis está ligada ao principio da supremacia da Constituição Federal. E falar em supremacia da Constituição é lembrar-se do controle de constitucionalidade das leis. Discorrendo sobre o tema, Silva (2000) em aguda síntese, defende a tese de que a rigidez constitucional decorre da maior dificuldade para sua modificação do que para a alteração das demais normas jurídicas da ordenação estatal. O princípio da supremacia da constituição representa uma pedra angular, em que se assenta o edifício do moderno direito político. Significa que a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere validade e que todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção por ela distribuídos. É, enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se encontra a própria estruturação deste e a organização de seus órgãos; é nela que se acham as normas fundamentais do Estado e só nisso se notará sua superioridade em relação às demais normas jurídicas. Existe uma hierarquização de atos normativos inferiores à lei. Assim, decretos presidenciais não podem contrariar a lei, seja ela ordinária ou complementar, e também não podem contradizer diretamente a Constituição. Por sua vez, portarias, que são atos normativos de auxiliares (ministros, secretários estaduais e municipais) do dirigente máximo em uma unidade da federação (presidente, governador, prefeito) não podem contrariar decretos, leis e a Constituição. Há outros tipos de atos de dirigentes públicos com categoria inferior como AN02FREV001/REV 4.0 16 resoluções, instruções normativas, dentre outras, que devem obediência aos atos hierarquicamente superiores segundo a hierarquia da estrutura administrativa da unidade governamental. A necessidade destes atos inferiores decorre do fato que quanto maior a hierarquia de uma norma menos detalhista ela é quanto à consecução de seus objetivos. A Constituição tem muitos dispositivos que não são autoexplicáveis e autoexecutáveis sem que normas hierarquicamente inferiores ditem as regras para sua aplicação. Assim ocorre com as leis que precisam de decretos para melhor descrever sua execução. E quanto menor um ato na escala hierárquica, mais detalhamento e efetividade este terá em relação à normativa superior, sendo imprescindível que o detalhamento contido nesta norma não contrarie normas hierarquicamente superiores (constituição, leis, decretos, resoluções). Se houver conflito entre as normas, o Judiciário é o poder encarregado de definir a melhor aplicação das mesmas segundo o ordenamento constitucional, devendo prevalecer a norma mais específica, a intenção do legislador, a segurança jurídica e o interesse da sociedade. 5.1 CONSTITUIÇÃO Conjunto de regras e preceitos considerados direitos fundamentais dos indivíduos e das coletividades, estabelecidos pela soberania de um povo para servir de base à sua organização política, social e econômica, e firmar direitos e deveres de cada um de seus componentes. No Brasil, temos uma Constituição Federal, em razão do sistema federativo adotado no país e cada Estado-membro, enquanto a unidade federativa possui sua própria Constituição: a Constituição Estadual. Para fazermos referência à Constituição podemos usar outras designações com o mesmo sentido, como: Lei Fundamental, Lei Magna, Carta Magna, Carta Constitucional, Código Supremo, Estatuto Básico, Lei das Leis, dentre outras. 5.2 EMENDA CONSTITUCIONAL AN02FREV001/REV 4.0 17 A seguir, na hierarquia legal, depois da Constituição, estão as chamadas emendas constitucionais. Na prática, a emenda constitucional é equivalente à própria Constituição, na medida em que as emendas à Constituição integram-seà mesma e, portanto, continuam ocupando o primeiro grau na hierarquia das leis com a Constituição de que fazem parte. Em hierarquia similar à da Constituição, porém em jurisdição própria, estão às Constituições Estaduais e às Leis Orgânicas dos municípios, esta última funcionando à semelhança de uma Constituição para o município. 5.3 LEIS COMPLEMENTARES As leis complementares destinam-se a complementar as normas previstas na Constituição. Para que o Poder Legislativo, o Congresso Nacional no caso do governo federal, a Assembleia Legislativa (governo estadual) ou a Câmara de Vereadores (município), aprove uma Lei Complementar exige-se quórum especial, pois exige sua aprovação por maioria absoluta diferentemente das leis ordinárias que são aprovadas por maioria simples. Em face de sua função de complementar os ordenamentos constitucionais, a Lei Complementar é reconhecida pela maioria dos autores como hierarquicamente superior às Leis Ordinárias. 5.4 LEIS ESPECIAIS As leis especiais, em razão de serem específicas, adquirem uma hierarquia superior quando conflitantes com as normas gerais. Assim, prevalecerá a Lei do Inquilinato quando dispuser de uma determinada forma, contrapondo-se aos dispositivos do Código Civil, naquelas relações jurídicas que visa proteger, AN02FREV001/REV 4.0 18 desprezando-se, por consequência, os artigos conflitantes do Código Civil. 5.5 LEIS ORDINÁRIAS E MEDIDAS PROVISÓRIAS A lei é uma regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa comunidade, a ordem, a segurança e o desenvolvimento social e econômico. A Medida Provisória, editada pelo Presidente da República, tem força de lei durante 30 dias. Neste prazo deverá ser rejeitada ou transformada em lei pelo Poder Legislativo, ou então reeditada por mais 30 dias. 5.6 DECRETOS Os decretos são decisões de uma autoridade superior, com força de lei, para disciplinar um fato ou uma situação particular. O decreto, portanto, sendo hierarquicamente inferior, não pode contrariar a lei, mas pode regulamentá-la, ou seja, pode explicitá-la, aclará-la ou interpretá-la, respeitados os seus fundamentos, objetivos e alcance. O quadro abaixo resume a hierarquia das leis no Brasil que obedece a um ordenamento jurídico em modelo “piramidal”: AN02FREV001/REV 4.0 19 QUADRO 1 – HIERARQUIA DAS LEIS SEGUNDO UM ORDENAMENTO JURÍDICO PIRAMIDAL 1. Constituição Federal 2. Emenda a constituição 3. Lei complementar 4. Lei ordinária ou código ou consolidação 5. Lei delegada 6. Decreto legislativo 7. Resolução 8. Decreto 9. Instrução normativa 10. Instrução administrativa 11. Ato normativo 12. Ato administrativo 13. Portaria 6 ÉTICA FARMACÊUTICA E JULGAMENTO ÉTICO Podemos chamar de ética farmacêutica o conjunto de normas de procedimento, valores e condutas profissionais aplicadas às peculiaridades do profissional farmacêutico no exercício das atribuições profissionais e nas relações com a comunidade. As implicações das atividades do farmacêutico abrangem: Aspectos científicos, técnicos, tecnológicos e comerciais; Relacionamento com colegas; Relacionamento com outros profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, odontólogos, veterinários, biomédicos, biólogos, etc.); Relacionamento com clientes; Relacionamento com pacientes; Relacionamento com associações e com a comunidade; Relacionamento com órgãos reguladores e fiscalizadores: conselho profissional, vigilância sanitária, INMETRO, PROCON e Ministério Público. A avaliação e o julgamento do comportamento e das condutas do profissional farmacêutico podem ser analisados sob três dimensões: AN02FREV001/REV 4.0 20 1) Pela consciência do profissional – apreciação mental da conduta, promovida pela consciência do profissional, antes da consumação do ato. O profissional processa, mensura e avalia previamente as intenções e os pensamentos motivadores daquela prática, o grau de confiança, segurança, conhecimento e experiência daquilo que se propõe a realizar, avaliando se as atitudes a serem tomadas são lícitas e éticas. Esse exame de consciência inicia-se antes do ato, perdura durante todo o ato e prosseguirá até a obtenção dos resultados. 2) Pelo Conselho Profissional (sistema CRF/CFF) 1. Recebimento de denúncia; – diante da pretensa, aparente ou confirmada violação ao código de ética farmacêutica, o conselho regional de farmácia pode instaurar um processo ético-disciplinar. Após o oferecimento de ampla defesa, seja ela escrita, por depoimento do réu e de testemunha(s) em oitiva na Comissão de Ética e no plenário do conselho, o presidente do CRF solicita a abertura do processo ético, distribui o processo a um conselheiro relator que apresenta o seu relatório e o plenário (diretoria + conselheiros) aprovam, rejeitam ou modificam a penalidade sugerida pelo relator, podendo inclusive decidir pelo arquivamento do processo. Em caso de condenação, o profissional condenado em primeira instância pelo Conselho Regional de Farmácia pode recorrer ao Conselho Federal de Farmácia, pleiteando a reapreciação da matéria. A apuração ética obedecerá ao seguinte rito processual: 2. Instauração ou arquivamento; 3. Montagem do processo ético; 4. Instalação dos trabalhos da Comissão de Ética; 5. Conclusão da Comissão de Ética; 6. Distribuição do processo; 7. Parecer do Conselheiro Relator; 8. Julgamento em plenário; 9. Recursos e revisões; 10. Execução. Desde o início e em todas as fases do processo ético-disciplinar, o profissional indiciado tem o direito a ser assistido por advogado e de apresentar-se acompanhado de seu procurador em todas as convocações realizadas pelo Conselho processante. O indiciado e seu procurador terão livre acesso aos autos do processo sempre que desejar consultá-los, observando o expediente da Secretaria do CRF. AN02FREV001/REV 4.0 21 3) Pelo Poder Judiciário • Os farmacêuticos respondem pelos atos que praticarem ou pelos que autorizarem no exercício da profissão (art. 4º); – diante de uma condenação com punições de natureza administrativa, o profissional condenado, inconformado com a pena imposta pela via administrativa, poderá recorrer ao poder judiciário requisitando a reapreciação do processo tramitado e julgado pelo seu conselho profissional. Diretamente ao judiciário, a parte prejudicada pelo(s) ato(s) do profissional pode ingressar com uma ação judicial se a pena imposta pelos pares CRF/CFF ao profissional não lhe reparar os danos ou for considerada como uma pena branda ou corporativista; ou ainda se o profissional for absolvido pelo sistema CRF/CFF, a parte prejudicada (ou denunciante) pode ir diretamente à autoridade policial competente, registrando boletim de ocorrência em delegacia de polícia ou apresentado denúncia devidamente documentada e instruída ao Ministério Público, independentemente de processo ético em trânsito no Conselho Profissional. O Código Civil brasileiro, no título que trata da responsabilidade civil, estabelece que todo aquele que, por ato ilícito*, causar dano ou prejuízo a uma pessoa, fica obrigado a repará-lo (art. 927, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002). *Ato ilícito, segundo o próprio Código Civil, é aquele que, praticado por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência viola direitos e causa qualquer dano a alguém, seja um dano material, moral, físico ou estético (art. 186, CC). O Código de Ética da Profissão Farmacêutica, instituído pela Resolução nº 417, de 29 de setembro de 2004, do Conselho Federal de Farmácia,estabelece que: • Cabe ao farmacêutico zelar pelo perfeito desempenho ético da Farmácia e pelo prestigio e bom conceito da profissão (art. 6º); • A profissão farmacêutica, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, não pode ser exercida exclusivamente com objetivo comercial (art. 8º); • O farmacêutico deve cumprir as disposições legais que disciplinam a prática profissional no País, sob pena de advertência (art. 10). Considerando a necessidade de regular a aplicação de penalidades nos processos disciplinares dos Conselhos, o CFF publicou a Resolução n° 461, de 02/05/2007, publicada no D.O.U. em 07/05/2007, dispondo sobre as infrações e sanções éticas e disciplinares aplicáveis aos farmacêuticos. Segundo esta resolução, as infrações éticas e disciplinares serão apenadas, de forma alternada ou AN02FREV001/REV 4.0 22 cumulativa, sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis, com as penas de: advertência; advertência com emprego da palavra "censura"; 1 Multa de 1 (um) salário-mínimo a 3 (três) salários-mínimos regionais; 2 Suspensão de 3 (três) meses a 1 (um) ano; 3 Eliminação. 4 NOTA 1: A pena de advertência será aplicada, de forma verbal ou escrita, por ofício do Presidente do CRF, quando a falta disciplinar for leve, no primeiro caso. NOTA 2: A advertência com o emprego da palavra “censura” será aplicada, de forma verbal ou escrita, por ofício do Presidente do CRF, quando a falta disciplinar for leve, a partir da 2ª falta. NOTA 3: A pena de multa consiste no recolhimento de importância em espécie, a partir da 3ª falta, variável segundo a gravidade da infração, de 1 (um) a 3 (três) salários-mínimos regionais, aplicada com publicidade. NOTA 4: A pena de suspensão consiste no impedimento de qualquer atividade profissional, variável segundo a gravidade da infração, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e será imposta por motivos de falta grave, de pronúncia criminal ou de prisão em virtude de sentença, aplicável pelo CRF com publicidade. NOTA 5: A eliminação da inscrição no quadro de farmacêuticos dos Conselhos Regionais de Farmácia será aplicada com publicidade aos que, por faltas graves, já tenham sido 3 (três) vezes suspensos, por manifestação favorável de dois terços dos membros do CRF. 5 As infrações éticas e disciplinares classificam-se em: I – leves: aquelas em que o indiciado é beneficiado por circunstância atenuante; II – graves: aquelas em que for observada uma circunstância agravante; e III – gravíssimas: aquelas em que for observada a existência de duas ou mais circunstâncias agravantes. Para a imposição de pena e sua gradação, o CRF observará os seguintes aspectos: I - as circunstâncias atenuantes e agravantes; II - a gravidade do fato, em razão de suas consequências ao exercício profissional e a saúde coletiva; III - os antecedentes do indiciado em relação às normas profissionais de regulação da atividade farmacêutica. São circunstâncias atenuantes: I. A ação do indiciado não ter sido o fundamento para a consecução do evento; II. A confissão espontânea da infração, se for relevante para a descoberta da verdade, com o propósito de reparar ou diminuir as suas consequências para o exercício profissional e a saúde coletiva; III. Ter o indiciado sofrido coação a que não podia resistir para a prática do ato; AN02FREV001/REV 4.0 23 IV. Ser o infrator primário, e a falta cometida, de natureza leve; e V. Ter o indiciado atendido, no prazo determinado, as convocações, intimações, notificações ou requisições administrativas feitas pelo Conselho Regional de Farmácia da jurisdição. São circunstâncias agravantes: I. A premeditação; II. A reincidência, considerada como tal sempre que a infração for cometida antes de decorrido um ano após o cumprimento de pena disciplinar imposta por infração anterior; III. A acumulação de infrações, sempre que duas ou mais sejam cometidas no mesmo momento; IV. O fato de a infração ou as infrações serem cometidas durante o cumprimento de pena disciplinar ou no período de suspensão de inscrição; V. Ter o indiciado cometido a infração para obter vantagem pecuniária (financeira) decorrente do consumo, pelo público, do produto elaborado ou serviço prestado, em desobediência ao que dispõem as normas profissionais e sanitárias, quando for o caso; VI. O conluio com outras pessoas; VII. Ter a infração consequências calamitosas para a atividade profissional e a saúde coletiva; e VIII. A verificação de dolo, em qualquer de suas formas. 7 CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA A Lei 3.820, de 11/11/1960, delegou ao Conselho Federal Farmacêutico a competência para organizar o Código de Deontologia Farmacêutica, aplicado aos farmacêuticos, onde quer que estes atuem profissionalmente, de forma autônoma, com ou sem vínculo empregatício, seja em iniciativa privada ou em instituição pública. Utilizando-se das suas atribuições, o CFF publicou em 29 de setembro de 2004 a Resolução nº 417, descrevendo o novo Código de Ética da Profissão Farmacêutica e a Resolução nº 418, estabelecendo o seu respectivo Código de Processo Ético da Profissão Farmacêutica. AN02FREV001/REV 4.0 24 SÃO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA: 1. Princípio da Igualdade: Art. 5º da Constituição Federal - “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido aos brasileiros e estrangeiros que residem no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”; 2. Princípio da Indelegabilidade da Responsabilidade Profissional: a responsabilidade técnica assumida em uma empresa é indelegável a outras pessoas (art. 6º da Resolução CFF nº 160); 3. Princípio da Isonomia: “Profissionais com a mesma formação e titulação tem a reserva legal e a garantia dos mesmos direitos e obrigações”; A garantia do exercício profissional nas diversas áreas que a legislação, seu conhecimento e sua destreza permitirem (âmbito de atuação profissional do farmacêutico – Decreto Federal 85.878, de 07/04/1981); 4. Sigilo Profissional: A garantia do sigilo e anonimato dos fatos levados ao seu conhecimento em razão do ofício; 5. O dever de denunciar às autoridades sanitárias e profissionais, com discrição e fundamento, fatos que caracterizem infringência às infrações e as irregularidades praticadas contra a saúde e contra a vida; bem como as infringências às normas que regulam o exercício das atividades farmacêuticas; 6. O dever de não exercer o ofício, exclusivamente sob a ótica do comércio; 7. O dever de não se deixar explorar por nenhuma finalidade; 8. O dever de notificar as autoridades sanitárias todos os acidentes e reações adversas nocivas causadas por medicamentos (farmacovigilância: prevista no art. 79 da lei federal 6.360, de 23/09/1976); 9. O direito a exigir boas condições de trabalho e a justa remuneração (mínimo fixado como piso regional); 10. O direito de aprimorar constantemente seus conhecimentos técnico-científicos; 11. O respeito ao princípio da liberdade e autonomia do paciente. 12. O respeito à vida humana, jamais cooperando com atos que intencionalmente atentem contra ela ou que coloquem em risco sua integridade física ou psíquica; São direitos básicos e essenciais do farmacêutico: 1) Dedicar-se ao trabalho em tempo e ritmo que garanta sua qualidade; 2) Recusar-se a exercer a profissão onde faltam condições dignas ou que lhes sejam prejudiciais; 3) Recusar-se a praticar atos ilegais ou contrários à ciência, ao bem comum, às boas práticas, às técnicas validadas ou consagradas, à ética e à moral; 4) Requerer desagravo público, se lhes for injustamente atingido no exercício profissional. AN02FREV001/REV 4.025 SÃO DEVERES BÁSICOS E ESSENCIAIS DO FARMACÊUTICO 1. Agir, respeitando princípios éticos e bioéticos; : 2. Capacitar e supervisionar seus auxiliares e subalternos; 3. Colaborar com os órgãos de fiscalização durante as suas ações (CRF e Vigilância Sanitária); 4. Cumprir as diretrizes emanadas do seu conselho profissional (CRF/CFF); 5. Cumprir as diretrizes emanadas dos órgãos de vigilância sanitária; 6. Cumprir e fazer cumprir a legislação sanitária que regulamenta sua esfera de atuação; 7. Denunciar condutas ilegais e antiéticas que tomar conhecimento; 8. Estar registrado no Conselho Regional de Farmácia a cuja jurisdição estiver sujeito, ficando obrigado ao pagamento de uma anuidade ao respectivo Conselho Regional, até 31 de março de cada ano (anuidade pessoa física); 9. Informar e assessorar o paciente na utilização correta do medicamento, utilizando os princípios da farmacoterapia racional e os postulados da atenção farmacêutica. 10. Manter a dignidade da profissão; 11. O dever de notificar as autoridades sanitárias todos os acidentes e reações adversas nocivas causadas por medicamentos; 12. O farmacêutico, na qualidade de proprietário de empresa que explore serviços para os quais são necessárias atividades profissionais farmacêuticas, está igualmente sujeito ao pagamento da anuidade empresa (anuidade pessoa jurídica); 13. Oferecer seus serviços em casos de calamidade pública (terremotos, inundações, vendavais, desmoronamentos, terrorismos e epidemias), sem pleitear vantagens pessoais; 14. Promover a saúde pública preventiva pelos meios ao seu alcance e divulgar os preceitos de medicina preventiva em todas as oportunidades que lhes forem dadas; 15. Respeitar a vida, desde a concepção até a morte, não cooperando de modo algum nos atentados contra a mesma; 16. Respeitar o direito do usuário de conhecer o medicamento que lhe é dispensado e de decidir sobre sua saúde e seu bem-estar. AN02FREV001/REV 4.0 26 1. Acumpliciar-se com o exercício ilegal da profissão ou com a prática de atos ilícitos ou atos que causem desprestígio a profissão; SÃO PROIBIÇÕES OU IMPEDIMENTOS AO FARMACÊUTICO: 2. Afastar-se das atividades onde é responsável, sem deixar substituto; 3. Assinar trabalhos que não foram feitos sob sua supervisão ou orientação; 4. Delegar atribuições privativas à pessoa(s) sem qualificação; 5. Emprestar seu nome à empresa onde não exerça a responsabilidade técnica efetiva; 6. Expropriar trabalhos acadêmicos ou científicos de outros, sem que tivesse participado efetivamente, identificando-se como seu autor ou coautor; 7. Fornecer os meios para a prática de procedimentos contrários à vida humana; 8. Obstar ou impedir de qualquer modo, a ação fiscalizadora nas atividades sanitárias e profissionais; 9. Permitir a expedição de laudos, cuja responsabilidade de execução seja sua; 10. Permitir interferência de leigos em seu trabalho ou em decisões profissionais; 11. Praticar atos danosos à saúde e à vida, especialmente praticadas com imprudência, imperícia ou negligência, ou ainda consumadas a fim de obter vantagem pessoal ou lucro; 12. Praticar concorrência desleal no seu segmento comercial; 13. Ter exercício nos órgãos de fiscalização sanitária o farmacêutico que for sócio ou acionista de qualquer categoria, ou que prestar serviços a empresa ou estabelecimento que explore o comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. 8 DOS QUADROS E INSCRIÇÕES NO CONSELHO PROFISSIONAL Os requisitos legais para o exercício das atividades profissionais farmacêuticas no Brasil estão disciplinados na Lei Federal n° 3.820, de 11 de novembro de 1960. Esta lei estabelece que somente aos membros inscritos nos Conselhos Regionais de Farmácia será permitido o exercício de atividades farmacêuticas no país e que em cada Conselho Regional serão inscritos os profissionais de Farmácia que tenham exercício em seus territórios e que constituirão o seu quadro de farmacêuticos. Além dos profissionais farmacêuticos, podem ser inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais: AN02FREV001/REV 4.0 27 a) profissionais que, embora não farmacêuticos, exerçam sua atividade (quando a lei autorize) como responsáveis ou auxiliares técnicos de laboratórios industriais farmacêuticos, laboratórios de análises clínicas e laboratórios de controle e pesquisas relativas a alimentos, drogas, tóxicos e medicamentos; b) os práticos ou oficinais de Farmácia licenciados*. * NOTA: Os práticos ou oficinais de farmácia mencionados no texto são pessoas que, embora não tivessem formação universitária, encontravam-se desempenhando a atividade técnica à frente da farmácia ou drogaria da sua propriedade na época da publicação da lei 3.820/60. Foram provisionados pelo Conselho Federal e Conselhos Regionais de Farmácia para assumir a responsabilidade técnica do seu estabelecimento. Entretanto, as figuras de prático ou oficial de farmácia “provisionados” estão impedidos de exercer outras atividades privativas da profissão de farmacêutico como a manipulação de medicamentos e o comércio de medicamentos sujeitos a controle especial. (Art. 57 da lei 5991, de 17.12.1973) Para inscrição no quadro de farmacêuticos dos Conselhos Regionais é necessário, além dos requisitos legais de capacidade civil (art. 15 da Lei 3.820, de 11/11/1960): 1) Ser diplomado ou graduado em curso de Farmácia por instituto de ensino oficial ou equiparado; 2) Estar com o seu diploma registrado na repartição sanitária competente; 3) Não ser nem estar proibido de exercer a profissão farmacêutica; 4) Gozar de boa reputação por sua conduta pública, atestada por 3 (três) farmacêuticos inscritos. Para inscrição nos quadros a que se refere o parágrafo único do art. 14, além de preencher os requisitos legais de capacidade civil, o interessado deverá (art. 16 da lei 3.820, de 11/11/1960): 1) Ter diploma, certificado, atestado ou documento comprobatório da atividade profissional, quando se trate de responsáveis ou auxiliares não farmacêuticos, devidamente autorizados por lei; 2) Ter licença, certificado ou título, passado por autoridade competente, quando se trate de práticos ou oficinais de Farmácia licenciados; 3) Não ser nem estar proibido de exercer sua atividade profissional; 4) Gozar de boa reputação por sua conduta pública, atestada por 3 (três) farmacêuticos devidamente inscritos. AN02FREV001/REV 4.0 28 A inscrição do profissional deve ser feita por meio de requerimento dirigido ao presidente do Conselho Regional, acompanhado dos documentos comprobatórios do preenchimento dos requisitos dos quadros acima, constando obrigatoriamente: nome por extenso, filiação, lugar e data de nascimento, currículo educacional e profissional, estabelecimento em que haja exercido atividade profissional e respectivos endereços, residência e situação atual. Interessante notar que o § 1º do art. 17 desta lei dá a possibilidade a qualquer membro do Conselho Regional ou a qualquer pessoa de representar ao Conselho contra o candidato à inscrição. Havendo recusa da inscrição, o Conselho deve dar ciência ao candidato os motivos da recusa, concedendo-lhe prazo de 15 (quinze) dias para que conteste documentadamente e peça reconsideração da sua não inscrição. Aceita a inscrição, o candidato prestará, antes de lhe ser entregue a carteira profissional perante o presidente do Conselho Regional, o compromisso de bem exercer a profissão, com dignidade e zelo. Os Conselhos Regionais expedirão carteiras de identidade profissional aos inscritos em seus quadros, aos quais se habilitarão ao exercício da respectiva profissão em todo o país. No caso em que o interessado tenhade exercer temporariamente a profissão em outra jurisdição, o profissional apresentará sua carteira para ser visada pelo presidente do respectivo Conselho Regional. Se o exercício da profissão passar a ser feito, de modo permanente, em outra jurisdição, assim se entendendo o exercício da profissão por mais de 90 (noventa) dias da nova jurisdição, ficará obrigado a inscrever-se no respectivo Conselho Regional. A exibição da carteira profissional poderá, em qualquer oportunidade, ser exigida por qualquer interessado, para fins de verificação, da habilitação profissional. No prontuário do profissional de Farmácia, o Conselho Regional fará toda e qualquer anotação referente ao mesmo, registrando inclusive elogios e penalidades impostas. Havendo expedição de nova carteira, serão transcritas todas as anotações constantes dos livros do Conselho Regional sobre o profissional. AN02FREV001/REV 4.0 29 9 AS IMPLICAÇÕES DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL: A RESPONSABILIDADE TÉCNICA As responsabilidades contraídas pelo farmacêutico quando este a formaliza junto ao conselho profissional perante uma empresa não são poucas. Elas são reconhecidas, proclamadas, protegidas e disciplinadas por lei. A partir da anotação de responsabilidade técnica perante uma empresa, temos a responsabilização profissional, momento em que é automaticamente gerada uma série de prerrogativas que vão determinar padrões e posturas éticas próprias ou peculiares à profissão e que uma infinidade de responsabilidades, atribuições e competências recaem diretamente sobre o profissional farmacêutico. Devemos lembrar que o farmacêutico é um profissional liberal e, tendo a natureza liberal, este possui responsabilidade ética pessoal e profissional absoluta e plena. Justamente por esta qualidade “liberal” o profissional deve estar imune à subordinação técnica ou técnico-científica, tendo este a capacidade de deliberar sozinho no que tange às operações e serviços farmacêuticos, incluídos aí a forma, o conteúdo e a técnica dos serviços oferecidos, além de possuir a liberdade de negociar jornada de trabalho, remuneração, horas extras, produtividade, comissionamento, vale-transporte, vale-refeição e demais vantagens pessoais. A isso tudo chamamos de autonomia profissional, a marca do profissional liberal. Dessa forma, o farmacêutico tem uma responsabilidade pessoal com a empresa que assistida, sendo esta uma responsabilidade intransferível, pois não se pode delegar a ninguém suas atribuições. A responsabilidade pelos seus atos é plena, integral, intransferível, indelegável e inescusável. Sendo o farmacêutico o responsável técnico, não tem cabimento que outro profissional, ainda que mais qualificado ou experiente, possa impor-lhes sua vontade, sua orientação deontológica ou técnico-científica. Do mesmo modo, como responsável técnico por todas as atividades da empresa, este não declinará de um ato lesivo ou um erro cometido dentro da empresa contra um cliente/paciente, tentando atribuí-lo a autoria de terceiros ou a uma informação incompleta de terceiros (balconista, prescritor, etc.). Também não AN02FREV001/REV 4.0 30 poderá se escusar de uma falta ética, alegando obediência ou subserviência a um terceiro (proprietário, sócio acionista, gerente, prescritor, etc.). E, finalmente, não escapará de uma responsabilização civil, penal, administrativa e/ou disciplinar movida contra ele. Os demais profissionais sejam estes simples técnicos, auxiliares ou prestadores de serviços são considerados desprovidos de formação científica para conhecer as coisas por suas causas. Por esta razão, estes se sujeitam à subordinação do responsável técnico, considerado o detentor do conhecimento, dos saberes e da técnica. Tanto é verdade que, ocorrendo divergência entre profissionais diante de um caso concreto, respeitado o relacionamento hierárquico, dar-se-á derrotado o subordinado para com o seu superior imediato, que assumirá o comando da questão. No caso da profissão farmacêutica, fenômeno que também ocorre com outras profissões liberais, o responsável técnico é o profissional contratado por uma empresa para gerenciar as questões técnicas e científicas, ficando neste depositada a confiança tanto do empregador-contratante quanto pelo consumidor-cliente pela prestação de serviços farmacêuticos com boa técnica ou com “boa arte”, status este que o credencia como o mais indicado a identificar problemas e apontar soluções. Responsável técnico é a designação que se dá ao farmacêutico que exerce atividade profissional legalmente habilitado pelo CRF, podendo este ser o Diretor Técnico, o Assistente Técnico ou o Farmacêutico Substituto. a) O diretor técnico é o profissional farmacêutico responsável pela supervisão e coordenação de todos os serviços técnicos do estabelecimento. b) O assistente técnico é o profissional farmacêutico subordinado ao diretor técnico que atua auxiliando o diretor técnico ou complementando a carga-horária de assistência técnica do estabelecimento. c) O farmacêutico substituto presta assistência e responde tecnicamente no mesmo horário de assistência do assistente ou do diretor técnico nos casos de ausência ou impedimento destes. AN02FREV001/REV 4.0 31 Todos os farmacêuticos respondem solidariamente, independente de sua posição como diretor ou assistente técnico. Por exemplo, se uma drogaria vende um medicamento com prazo de validade expirado no horário de assistência do assistente técnico, este responderá pela venda de medicamento vencido e o diretor técnico pelo fato de haver mantido no estabelecimento um medicamento vencido. Se o diretor técnico estiver afastado ou impedido de exercer suas funções, responderá o seu substituto por todos os atos praticados no estabelecimento, ainda que tenham sido praticados por auxiliares e subordinados. A questão da responsabilidade técnica do profissional perante o estabelecimento farmacêutico está disciplinada na Resolução CFF nº 261, de 16 de setembro de 1994. A mesma estabelece, dentre outras coisas que: Toda a farmácia ou drogaria contará obrigatoriamente com um farmacêutico responsável que efetiva e permanentemente assuma e exerça a sua direção técnica; Os estabelecimentos farmacêuticos contarão obrigatoriamente com a presença e a assistência técnica de tantos farmacêuticos quantos forem necessários para cobrir todo o seu horário de funcionamento; Além dos farmacêuticos que prestam a assistência e a direção técnica, o estabelecimento poderá manter outro farmacêutico substituto para prestar a assistência e responder tecnicamente na ausência dos efetivos; Deve ser afixado em lugar visível ao público, dentro da farmácia ou drogaria, o Certificado de Regularidade Técnica, emitido pelo respectivo CRF, indicando o nome e o horário de assistência de cada farmacêutico e do diretor técnico; O farmacêutico que exerce a direção técnica é o principal responsável pelo funcionamento do estabelecimento de que trata a Lei nº 5.991/73 e terá obrigatoriamente sob sua responsabilidade a supervisão e coordenação de todos os serviços técnicos do estabelecimento que a ele ficam subordinados hierarquicamente; Ocorrida, por qualquer motivo, a baixa de assistência técnica ou afastamento temporário de qualquer do(s) farmacêutico(s) da empresa, esta terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para regularizar-se, sob pena de incorrer em infração ao artigo 24, da Lei nº 3.820/60. Decorrido este prazo e não se efetivando a substituição do(s) farmacêutico(s) pela assistência técnica em seu horário de trabalho, implicará na adoção de sanções cabíveis e de medidas judiciais pertinentes; O farmacêutico que tiver necessidade de afastar-se por período superior a cinco dias da farmácia ou drogaria só poderá fazê-lo após a comunicação por escrito ao CRF; AN02FREV001/REV 4.0 32 Qualquer alteração quanto à direção técnica e/ou responsabilidade profissional e assistência técnica dos estabelecimentos implicará a caducidade do Certificado de Regularidade; Qualquer alteração nos horários de assistência técnica dos farmacêuticos do estabelecimento farmacêutico deverá ser comunicada ao CRF; Ao requerer a assistência técnica e o exercício da direção técnica pelo estabelecimento, o farmacêutico deverá declarar junto ao CRF da jurisdição que tem meios de prestar a assistência e a direção técnica com disponibilidade de horário. A informação falsa prestada ao Conselho Regional, por farmacêutico, implica na adoção de sanções disciplinares, sem prejuízo das civis e penais pertinentes, pois se configura como falsidade ideológica; O Certificado de Regularidade concedido aos estabelecimentos farmacêuticos poderão ser revistos a qualquer tempo pelo Conselho Regional que o expediu; A responsabilidade profissional e a assistência técnica são indelegáveis e obriga o(s) farmacêutico(s) a participação efetiva e pessoal nos trabalhos a seu cargo; Todos os farmacêuticos respondem solidariamente pelos itens constantes neste artigo; Cabe exclusivamente ao farmacêutico diretor técnico representar a empresa e/ou estabelecimento em todos os aspectos técnico-científicos. O artigo 12 da Resolução CFF nº 261/94, fixa como atribuições dos farmacêuticos que respondem pela direção técnica da farmácia ou drogaria: AN02FREV001/REV 4.0 33 a) Assumir a responsabilidade pela execução de todos os atos farmacêuticos praticados na farmácia, cumprindo-lhe respeitar e fazer respeitar as normas referentes ao exercício da profissão farmacêutica; b) Fazer com que sejam prestados ao público esclarecimentos quanto ao modo de utilização dos medicamentos, nomeadamente de medicamentos que tenham efeitos colaterais indesejáveis ou alterem as funções nervosas superiores; c) Manter os medicamentos e substâncias medicamentosas em bom estado de conservação, de modo a serem fornecidos nas devidas condições de pureza e eficiência; d) Promover que na farmácia sejam garantidas boas condições de higiene e segurança; e) Manter e fazer cumprir o sigilo profissional; f) Manter os livros de substâncias sujeitas a regime especial de controle em ordem e assinados, demais livros e documentos previstos na legislação vigente; g) A seleção de produtos farmacêuticos, no caso de prescrição pelo nome genérico do medicamento, devendo levar em consideração os dados sobre a sua biodisponibilidade; h) Prestar a sua colaboração ao Conselho Federal e Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição e às autoridades sanitárias; i) Informar as autoridades sanitárias e ao CRF sobre as irregularidades detectadas em medicamentos no estabelecimento sob sua direção técnica. Outras implicações da profissão: administrativas, trabalhistas, cíveis, criminais... AN02FREV001/REV 4.0 34 NOTA: A responsabilidade do farmacêutico não se restringe ao âmbito profissional e sanitário. As atividades profissionais do farmacêutico têm implicações diversas e muitas vezes desdobramentos nos mais variados ramos do Direito, seja em processos administrativos sanitários, quando constatada infrações de natureza sanitária, aplicar-se-á a lei de infrações sanitárias (lei 6.437/77 ou o próprio código sanitário da localidade); em processos trabalhistas, pois o farmacêutico ora é empregador, ora é empregado e a legislação central aplicável será a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) ou o Estatuto do Servidor, na hipótese do farmacêutico ser servidor público; seja em processos cíveis, esfera judicial onde será discutida reparação por dano material ou moral causado pelo profissional a um cliente ou paciente e que será mediado pelo novo Código Civil Brasileiro (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002). O novo Código Civil destaca-se por disciplinar a matéria civil e também a matéria comercial, realizando no país, a exemplo do que ocorreu na Itália em 1942, a unificação legislativa do Direito Privado tradicional. O profissional pode também responder por infrações ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor (lei n° 8.078/90) em processo instaurado em tribunal de pequenas causas, pois entre farmacêutico e cliente ou entre farmacêutico e paciente vigora, antes de tudo, uma relação de consumo (de produto e/ou de serviço); ou ainda pior, figurando como réu em processo criminal na modalidade dolo ou culpa, por se envolver, ainda que inconscientemente, em algum crime previsto do Código Penal – Decreto-lei 2.848/40 (por consultar ou receitar, crime de exercício ilegal da profissão médica; fornecer medicamento em desacordo com receita médica ou vender medicamento vencido, crime contra à saúde pública; vender ou expor à venda medicamento sem registro no órgão sanitário, crime de falsificação, adulteração ou alteração de produto medicinal – aplicar-se-á a nova lei de crimes hediondos adicionado ao Código Penal pela lei 9.677/98; por vender ou ceder medicamento psicotrópico sem receita, crime de tráfico de entorpecentes previsto na lei 11.343/2006). 10 CAMPOS DE ATIVIDADE PROFISSIONAL DO FARMACÊUTICO Na prática, tanto o farmacêutico quanto os profissionais de áreas assemelhadas às farmacêuticas possuem muitas dúvidas em relação às atividades verdadeiramente privativas do farmacêutico e aquelas não privativas e extensivas a outros profissionais cuja formação lhes dá competência para atuar. A área de atuação profissional do farmacêutico é regulamentada no Brasil por dois decretos federais: o Decreto 20.377, de 08/09/1931 e o Decreto 85.878, de 07/04/1981. O Decreto n° 20.377 foi o primeiro regulamento do Brasil emancipado, versando sobre o exercício da profissão farmacêutica no país. Derrogado pela Lei Federal n° 5.991/73, o decreto sancionado por Getúlio Vargas em 1931 resumia o exercício da profissão farmacêutica em seis grandes grupos: I) a manipulação e o comércio dos medicamentos ou remédios magistrais; II) a manipulação e a fabricação dos medicamentos galênicos e das especialidades farmacêuticas; AN02FREV001/REV 4.0 35 III) o comércio direto com o consumidor de todos os medicamentos oficinais, especialidades farmacêuticas, produtos químicos, galênicos, biológicos, etc. e plantas de aplicações terapêuticas; IV) o fabrico dos produtos biológicos e químicos oficinais; V) as análises reclamadas pela clínica médica; VI) a função de químico bromatologista, biologista e legista. As atribuições descritas nos grupo III, IV, V e VI não são privativas do farmacêutico. Interessante notar que já em 1931 as atribuições profissionais estabelecidas neste decreto são indelegáveis a outras pessoas, pois não podem ser exercidas por mandato ou representação. Leia abaixo, na íntegra, o Decreto 20.377 de 08/09/1931: Decreto Federal nº 20.377, de 08 de setembro de 1931: Aprova a regulamentação do exercício da profissão farmacêutica no Brasil. O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil resolve aprovar o Regulamento anexo, que vai assinado pelo Ministro de Estado da Educação e Saúde Pública, para o exercício da profissão farmacêutico no Brasil. Art. 2º - O exercício da profissão farmacêutica compreende: a) a manipulação e o comércio dos medicamentos ou remédios magistrais; b) a manipulação e o fabrico dos medicamentos galênicos e das especialidades farmacêuticas; c) o comércio direto com o consumidor de todos os medicamentosoficinais, especialidades farmacêuticas, produtos químicos, galênicos, biológicos, etc. e plantas de aplicações terapêuticas; d) o fabrico dos produtos biológicos e químicos oficinais; e) as análises reclamadas pela clínica médica; f) a função de químico bromatologista, biologista e legista. § 1º - As atribuições das alíneas “c” a “f” não são privativas do farmacêutico. § 2º - O fabrico de produtos biológicos a que se refere à alínea d só será permitido ao médico que não exerça a clínica. Art. 3º - As atribuições estabelecidas no artigo precedente não podem ser exercidas por mandato nem representação. Rio de Janeiro, 08 de setembro de 1931; 110º da Independência e 43º da República. Getúlio Vargas AN02FREV001/REV 4.0 36 O Decreto 85.878 representa um importante marco na história da profissão farmacêutica no Brasil, pois ao mesmo tempo em que este delimita o campo de atuação profissional do farmacêutico, ele define as atribuições que são privativas e exclusivas do farmacêutico e aquelas cuja realização são estendidas a outros profissionais, desde que comprovada a devida formação, capacitação e habilitação legal para exercê-la. Dessa forma, no Brasil, a atividade do profissional farmacêutico está dividida em privativas, ou seja, funções desempenhadas exclusivamente por farmacêutico (funções exclusivas) e, não privativas, ou seja, funções desempenhadas por outros profissionais além do farmacêutico (funções não exclusivas). As atribuições privativas referem-se a todos os procedimentos inerentes aos fármacos e medicamentos para uso humano, incluindo funções de dispensação, produção de medicamentos para uso humano, execução ou supervisão de processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica, das quais podemos citar: 1) a manipulação, a produção e o controle de qualidade de medicamentos e cosméticos com indicação terapêutica; 2) a obtenção e o controle de qualidade de insumos farmacêuticos; 3) o armazenamento e estocagem de medicamentos e demais produtos farmacêuticos; 4) a fiscalização de empresas, profissionais, métodos e processos ligados à área farmacêutica; 5) realização de perícias em atividades, produtos, fórmulas, processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica; 6) o magistério superior de disciplinas privativas da grade curricular do curso de Farmácia. As atribuições não privativas referem-se às atividades exercidas por outros profissionais que possuem as habilidades e a competência exigidas por lei específica ou por resoluções emanadas do seu conselho profissional. São atividades sem grande especificidade, situadas na zona de transição entre dois ou mais campos profissionais. Dentre estas, podemos citar: AN02FREV001/REV 4.0 37 - a produção de imunobiológicos e hemoderivados para uso humano e veterinário; - o exercício profissional em laboratórios de análises clínicas ou de saúde pública; - a produção industrial de produtos farmacêuticos para uso veterinário; - a produção industrial de insumos farmacêuticos para uso humano ou veterinário e de insumos para produtos dietéticos e cosméticos com indicação terapêutica; - a produção industrial de saneantes domissanitários, como inseticidas, raticidas, antissépticos e desinfetantes; - a produção industrial de radioisótopos ou radiofármacos para uso em diagnóstico e terapêutica; - a produção industrial de reagentes laboratoriais ou reagente auxiliar de diagnóstico médico; - a produção industrial de cosméticos sem indicação terapêutica e produtos dietéticos e alimentares; - a realização de exames de caráter químico-toxicológico, químico- bromatológico, químico-farmacêutico, biológicos, microbiológicos, fitoquímicos e sanitários; - o controle, a pesquisa e a perícia da poluição atmosférica; o tratamento dos despejos industriais; - o tratamento e o controle de qualidade das águas de consumo humano, de indústria farmacêutica, de piscinas, praias e balneários. Comentamos detalhadamente abaixo o Decreto 85.878/81, que regulamenta o campo profissional farmacêutico no Brasil. Este decreto confere exclusividade ao profissional farmacêutico, considerando como ato ou atribuição farmacêutica a dispensação ou manipulação de medicamentos manipulados, a fiscalização das atividades farmacêuticas, a realização de perícias técnico-legais sobre as atividades farmacêuticas e a docência das disciplinas privativas do curso de formação do farmacêutico como deontologia farmacêutica, farmacotécnica, química farmacêutica, dentre outras. AN02FREV001/REV 4.0 38 Estabelece com total exclusividade a atividade de assessoramento e de responsabilidade técnica de órgãos, laboratórios, setores ou estabelecimentos de: a) fabricação de contrastes radiológicos, insumos, medicamentos e cosméticos com indicação ou ação terapêutica, inclusive de substâncias psicotrópicas; b) controle e/ou inspeção de qualidade em produtos que tenham destinação terapêutica, anestésica ou auxiliar de diagnósticos ou capazes de determinar dependência física ou psíquica (contrastes radiológicos, insumos farmacêuticos, medicamentos, cosméticos e substâncias psicotrópicas); c) extração, produção, purificação e controle de qualidade de insumos farmacêuticos; d) armazenamento e conservação de produtos farmacêuticos. Por outro lado, o citado decreto lista as atividades que apesar de serem típicas do farmacêutico, podem ser desempenhadas por outras profissões, respeitadas a capacitação técnico-científica profissional e a necessária habilitação legal. Entre estas atividades não privativas estão o assessoramento e a responsabilidade técnica: - na preparação ou fabricação de produtos biológicos, imunoterápicos, soros, vacinas, alérgenos, opoterápicos e hemoderivados; - em órgãos ou laboratórios de análises clínicas ou de saúde pública; na fabricação de produtos farmacêuticos de uso veterinário; - na fabricação de insumos farmacêuticos para uso humano ou veterinário e de insumos para produtos dietéticos e cosméticos com indicação terapêutica; - na fabricação de produtos saneantes, inseticidas, raticidas, antissépticos e desinfetantes; - na produção de radiosótopos ou radiofármacos para uso em diagnóstico e terapêutica; - na fabricação de kits de reativos ou de reagentes destinados às análises clinicas e patológicas laboratoriais; - na produção de cosméticos sem indicação terapêutica e de produtos dietéticos e alimentares; AN02FREV001/REV 4.0 39 - na realização de exame químico-toxicológico, químico-bromatológico, químico-farmacêutico, biológicos, microbiológicos, fitoquímicos e sanitários; - nas atividades de controle, pesquisa e perícia da poluição atmosférica e tratamento dos despejos industriais; - no tratamento e controle de qualidade das águas de consumo humano, de indústria farmacêutica, de piscinas, praias e balneários. Leia o Decreto n° 85.878, de 07/04/81, que versa sobre o exercício da profissão de farmacêutico no país, com inclusões de destaques e comentários do tutor: Decreto Federal nº 85.878, de 07 de abril de 1981 (Âmbito Profissional do Farmacêutico) Estabelece normas para execução de Lei nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição. DECRETA: Art. 1º - São atribuições privativas dos profissionais farmacêuticos: I - desempenho de funções de dispensação ou manipulação de fórmulas magistrais e farmacopeicas, quando a serviço do público em geral ou mesmode natureza privada; II - assessoramento e responsabilidade técnica em: a) estabelecimentos industriais farmacêuticos em que se fabriquem produtos que tenham indicações e/ou ações terapêuticas, anestésicos ou auxiliares de diagnóstico, ou capazes de criar dependência física ou psíquica. (Ou seja, NA PRODUÇÃO DE CONTRASTES RADIOLÓGICOS, MEDICAMENTOS, INSUMOS ATIVOS E COSMÉTICOS COM INDICAÇÃO E/OU AÇÃO TERAPÊUTICA). b) órgãos, laboratórios, setores ou estabelecimentos farmacêuticos em que se executem controle e/ou inspeção de qualidade, análise prévia, análise de controle e a análise fiscal de produtos que tenham destinação terapêutica, anestésica ou auxiliar de diagnósticos ou capazes de determinar dependência física ou psíquica. (Ou seja, NO CONTROLE DE QUALIDADE). c) órgãos, laboratórios, setores ou estabelecimentos farmacêuticos em que se pratique extração, purificação, controle de qualidade, inspeção de qualidade, análise prévia, análise de controle e análise fiscal de insumos farmacêuticos de origem vegetal, animal e mineral. (Ou seja, NA OBTENÇÃO, PRODUÇÃO, PURIFICAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE INSUMOS FARMACÊUTICOS). d) depósitos de produtos farmacêuticos de qualquer natureza. (Ou seja, NO ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS). III - a fiscalização profissional sanitária e técnica de empresas, estabelecimentos, setores, fórmulas, produtos, processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica. (Ou seja, NA FISCALIZAÇÃO DA ÁREA FARMACÊUTICA). IV - a elaboração de laudos técnicos e a realização de perícias técnico-legais relacionados com atividades, produtos, fórmulas, processos e métodos farmacêuticos ou de natureza farmacêutica. (Ou seja, NA PERÍCIA DA ÁREA FARMACÊUTICA). V - o magistério superior das matérias privativas constantes do currículo próprio do curso de formação farmacêutica, obedecida à legislação do ensino. (Ou seja, como professor titular de disciplinas como DEONTOLOGIA FARMACÊUTICA, FARMACOTÉCNICA, QUÍMICA FARMACÊUTICA). AN02FREV001/REV 4.0 40 VI - desempenho de outros serviços e funções, não especificados no presente Decreto, que se situem no domínio de capacitação técnico-científica profissional. Art. 2º - São atribuições dos profissionais farmacêuticos as seguintes atividades afins, respeitadas as modalidades profissionais, ainda que não privativas ou exclusivas: I - a direção, o assessoramento, a responsabilidade técnica e o desempenho de funções especializadas exercidas em: a) órgãos, empresas, estabelecimentos, laboratórios ou setores em que se preparem ou fabriquem produtos biológicos, imunoterápicos, soros, vacinas, alérgenos, opoterápicos para uso humano e veterinário, bem como de derivados do sangue; b) órgãos ou laboratórios de análises clínicas ou de saúde pública ou seus departamentos especializados; c) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos farmacêuticos para uso veterinário; d) estabelecimentos industriais em que se fabriquem insumos farmacêuticos para uso humano ou veterinário e insumos para produtos dietéticos e cosméticos com indicação terapêutica; e) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos saneantes, inseticidas, raticidas, antissépticos e desinfetantes; f) estabelecimentos industriais ou instituições governamentais onde sejam produzidos radiosótopos ou radiofármacos para uso em diagnóstico e terapêutica; g) estabelecimentos industriais, instituições governamentais ou laboratórios especializados em que se fabriquem conjuntos de reativos ou de reagentes destinados às diferentes análises auxiliares do diagnóstico médico; h) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos cosméticos sem indicação terapêutica e produtos dietéticos e alimentares; i) órgãos, laboratórios ou estabelecimentos em que se pratiquem exames de caráter químico-toxicológico, químico-bromatológico, químico-farmacêutico, biológicos, microbiológicos, fitoquímicos e sanitários; j) controle, pesquisa e perícia da poluição atmosférica e tratamento dos despejos industriais. II - tratamento e controle de qualidade das águas de consumo humano, de indústria farmacêutica, de piscinas, praias e balneários, salvo se necessário o emprego de reações químicas controladas ou operações unitárias; III - vistoria, perícia, avaliação, arbitramento e serviços técnicos, elaboração de pareceres, laudos e atestados do âmbito das atribuições respectivas. Art. 3º - As disposições deste Decreto abrangem o exercício da profissão de farmacêutico no serviço público da União, dos Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios e respectivos órgãos da administração indireta, bem como nas entidades particulares. Art. 4º - As dúvidas provenientes do exercício de atividades afins com outras profissões regulamentadas serão resolvidas através de entendimento direto entre os Conselhos Federais interessados. Art. 5º - Para efeito do disposto no artigo anterior, considera-se afim com a do farmacêutico a atividade da mesma natureza, exercida por outros profissionais igualmente habilitados na forma da legislação específica. Art. 6º - Cabe ao Conselho Federal de Farmácia expedir as resoluções necessárias à interpretação e execução do disposto neste Decreto. Art. 7º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Brasília, 07 de abril de 1981; 160º da Independência e 93º da República. João Figueiredo AN02FREV001/REV 4.0 41 Existem inúmeras resoluções emanadas pelo Conselho Federal de Farmácia estabelecendo a competência do farmacêutico para diferentes áreas de atuação do seu âmbito profissional, considerando sua capacidade técnico-científica. Dentre estas resoluções podemos destacar: - Resolução nº 160, de 23/04/82 que versa sobre o exercício da Profissão Farmacêutica; - Resolução nº 236, de 25/09/92 que dispõe sobre as atribuições afins do profissional farmacêutico, farmacêutico-industrial e farmacêutico-bioquímico; - Resolução nº 261, de 16/09/94, dispondo sobre a responsabilidade técnica do farmacêutico; - Resolução nº 271, de 26/04/95, dispondo sobre as atribuições do farmacêutico em exame de DNA; - Resolução nº 279, de 26/01/96 sobre a competência do farmacêutico para exercer chefias técnicas de estabelecimentos hemoterápicos; - Resolução nº 288, de 21/03/96 sobre a manipulação de drogas antineoplásicas pelo farmacêutico; - Resolução nº 292, de 24/05/96 sobre a preparação de Nutrição Parenteral e Enteral pelo Farmacêutico; - Resolução nº 296, de 25/06/96 sobre o exercício das análises clínicas pelo farmacêutico bioquímico; - Resoluções nº 308/97, 357/2001 e 416/2004 dispondo sobre a assistência farmacêutica e as boas práticas em farmácias e drogarias; - Resolução n° 300, de 30/01/1997 regulamenta o exercício profissional em farmácia hospitalar, clínicas e casa de saúde de natureza pública ou privada; - Resolução nº 306, de 1º/05/1997 dispõe sobre atribuições do farmacêutico na área de biologia molecular; - Resolução nº 307, de 02/05/97 dispondo sobre as atribuições do farmacêutico bioquímico na toxicologia; - Resolução nº 353, de 23/08/2000 sobre o exercício de acupuntura pelo farmacêutico; - Resolução nº 357, de 20/04/2001 aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia (alterada pela Resolução nº 416/2004); AN02FREV001/REV 4.0 42 - Resolução nº 365, de 02/10/2001 sobre a assistência técnica farmacêutica em distribuidoras, representante, importadoras e exportadoras de medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos (alterada pela Resolução nº 502/2009); A relação completa encontra-se como anexo no final deste módulo. 11 CONSELHO PROFISSIONAL: CONSELHO FEDERAL
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