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Apostila Antropologia

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.elva~,~-r~ a;HI;Tl' ln<, 
~.( rC",;:" 
<::OfiO;J 
1. Antropologia 
1.1 - Breve História da Antropologia 
Os antecedentes da criação da Antropologia como uOla clenCla 
1 
humana e social eSlão vinculados ao Século XVI em di.nte (descoberta 
do continente americano, renascimento grego-romano na Europa~ cmer-­
gência do capitalisOlo comercial e dos Estados Nacionais na Europa Ocí 
dental~ o nco~co]orúalismo europeu, o positivismo e evolucÍomsn1o cien­
tífico na Europa etc.). 
. No perceber de Azcona', os pensadores do século XVI começa· 
wn a vislumbrar o problema da alteridade multicultural (os outros) e, 
por conseguinte, de suas próprias ínsomições e valores. A perplexidade 
diante da diversidade e do a~sombro de encontrar-se face a culturas e 
.rnentalldades diferentes corresponde a necessidade de buscar a razão des­
:·tils diferenças e os questionamento pa próprJa sociedade ocidental. 
'. No entender de Laplantine , tais questionamentos se manifest. ­
UIl\ através de duas ideologias divergentes entre si, em relação ao selva­
.!g1:m americano: a) a recusa do estranho apreendido a partir de urn..falta, e 
.: tujo corolário é a boa consw!nCla que se tem sobre 5J e sua sociedade 
'. ;lCcondescendêr~la e a proteção paternalista do outro ou bom selvagem):' 
.:;;ti) a fascínação pelo estranho, cujo corolário é a má consciência que se tem 
de Laplantil1e (2006<np) as primeitu observações e os primeiros discursos 
p~vo" "distantes" de qúe dbpomos provêm de duu· fontes: 1) u reações dos 
'Vtajantes. formando \") que habitualmente chamamos de "Iitentura de viagem". 
em primeiro lugar à Pérsia e à TUE9u.ia, em segwda à America, i Ásia e à Mrka. 
Theve! e!Creve As singularidades da Franca Antártica, em 1558 J~n de Ler)', 
ma Vlagem Feita na Terra do Brasil. 2) O~ relatórios dos mluwnáóo," !:!: 
ali "Relaçõe,," dos iesuítas (século XVIll) no Canadâ, ,nu Japão, na China 
aS LeUte!. Edifiantes et Curieu~e!'l d~ b Chine pu des Missl0nnaue5 
;;·~ONA. Jeslls. J\nuopologia 1- História. Petrópolis: V07C:::<'. 1992, p. 40 
FrançOls Aprender antropologia. Trad ,\tIMIt' A,~fles Chauvel, n'jmt'rtS~Ã(), 
DrasÜ;f:nsc, 2006, fi :;8 
obm~ du bispr, d,,!ulmrarw HMh..llomê d~ L.I~ ( :n:l", ,1"", ')dlW ~t" dC"H~{:.Im C"1l! dd"'~:J d.) 
u.lÍtul<lli'J.' Urt:"'I~~Jft!.J. r_('J..\,,~) ,: .. : )"'dj ,_! <l<' ,.i~" lndH!' (l ; ",n"'" 
fl'!{}'Actn em 1547 ~ !;,4P (, .. ()nr'" IH'!"",:" 'y''f'lfr.trlm#1!''I/(Ij:'I•.~ 1"'~(:'l:t 
" "WJH1C"IlVJ:": Jc lu"';, (,jll, d( 'd""";' 
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sobre;,1 c sua sn<:!c(.htdc I:':~\~l ~"';,,:lu.:;,.lv, J) rnau selvagem).? 
Para LapidDtínen, nr ) que Jiz í1.'$peito ao s~lvagem. arnencano~ 'J 
gcande questão é a <;cguinte: a'iueles que acabaram de ser descobertos 
pertencem à humarudade? O critério essencial para atribuição do estatutu 
hunlano é religioso. O selvagem teul :aln1a? O pecado original também 
lhe diz respeito? 
7 
As respostas, no entender de Laplantinc ,para as perguntas sobre 
o selvagem americano, fcitas pelo colonizador europeu do século XV1 
oscilaram entre as duas irleologias supramencionadas, a ideologia do mau 
selvagem e do bom selvagem: 
, Q 	 a) o mau selvagem era uo) monstro, um anixnal com figura hu­
:::nana, a rneto carninho entrc a arürnaHdade e a hwnanidade; 
b) o bom selvagem ti.o.ha lições de humanidade para nos dar, os" 
monstros 	éramos pós; 
-~ .. ?­
c) u mau selvagem levava umà eKistência infeliz, miserável;
'i 
.. 11 '(, d) () bom selvagem vivia num estado de beautude, adquíri.ndo 
'" ( 
1 ~ i . sem esforço~ os produtos maravilhosos da natureza;, ,­
c. 
• e) o mau selvagem era essencialmente preguiçoso; 
~' 	 1) o bom selvagem era trabalhador c corajoso; 
g) o mau selvagem não tinha alma e não acreditava em nenhum 
deus, vivia nwn eternt) pavor do sobrenatural; 
h) o bom selvagem era profundamente religioso e vivia na paz e 
harmonia; 
i) o mau sdvage:rn estava scnlpre pronto a massacrar seus seme­
lhantes; 
j) o bom selvagem esrava decidido a tudo compartilhar, inclusive 
suas próprias mulheres; 
k) o mau selvagem ('.ra fcio~ embrutecido sexual. levando uma 
vida de orgia e devassidão perrrlanentc; 
l) o bom selvagem era admiravelmente bonito, obedecendo es­
tritamente àOS tabu.s ~ às proibições de seu grupo; 
\)", I",,'(v.{;'\-\'='" ':O'~ 
\ 
_ p.. Ç. r~;,; ,>y.:.:.H", 
Por outro lado, as ob(J,s de OvüdQ I~.m", Hulond dar tI/alUI, de 1555, e de COIoeliu$ de PllUW, 
de 1774, ilustram a ideologia do emoc~n.wstn-Br é~ropeu $obre os; índios :l.mencanO$.. . 
LAPLANTINE, FrançQis. Aprender Ilnlcupologu, p 37 
LAPLANTINE, FrançollL Aprender ~ntrop(JlvgJa, p 51·52 
,~ '.\";,.~r\r.:::.-\ ,I"•. ,". "'''''.,_... (:1.... 	 :::;"_;:~ ;i::"_~!' 't,." 
i ~ í::: ' •.' .. ' .:,'; :...'!:..'" ;:; """ ;}'}JL::,::2,~~~~~~~f.::~'~~~~ ~ .uHJ~IV.f ~\i]~\ ' )'uiney Na!1,·;:.'; Ri:1 ,i,;, j"t;Jfllr;f 
.-. -,--	 ._~--~~_. -~-.-'-
m,l O mau sdvagem era rnovido por uma impul:-avida.de c:::rni· 
naJmentc congênita; 
n) o bom selvageol era urna criança precisando de prolc.,.àu em 
seu ato~ delinqüentes; 
o) o nlau selvagem era atrasado~ estúpido e de um'a simplicidade 
brutal. 
p) o bom selvagem era profundamente virtuoso e eminentem.en­
te complexo; 
q) o mau selvagerrl era um animal, um vegetal, tlffia coisa, UOl 
objeto sem V!tior; 
r) o bom selvagenl era aberto a apreender novos curJlccirnentos. 
Na percepção de Laplantine•) estas a~itudes etnocclluistas e apa­
rentemente protecionistas em relação aos ameríndios, foram marcantes 
nos relatos dos viajantes dos séculos XV1 e XVlI, que bu~cavam mais 
entendimentn c0smológico do qu~ pesquisa emogrática, Afora algumas 
",Incursões tímidas para a área das inclinações e dos costurnes, o objeto de 
Oi ~j V, ~":f J" I 
ativida 
~:.;tlbservação, nes!5a época era mais o céu, a terra. A fauna e a flora, do que 
ser humano em si mesmo. ()s viajantes coletavam curiosidades. teuru­
coleções que iam formar os famosos «gabinetes de curiusidades"• 
~cestrais dos nOSSOS museus contemporâneos. 
Ainda para Laplantine (20ú6:58-59pp), no seculo XV1ll foi lançada 
mente da Antropologia científica, pElis as questQes fundamentais eram: 
10 colew::? E COlno ao~ emseguida, o que foi coletado? COUl a 
Geral das Viagens, .to Padre I'révosr (1746), passa-se da coleta 
'-	 ­materiais para a coleção d~s:-Nãó basta mais nb"etv~r, é pn:-. 
processar a observação. Não basta mais interpretar o que é observa~ 
{P,I<;~~q;;etãr interpretações- É desse díscutSO que vai brotar 
e Ueorganizaçã6:elabntação- Em 1789, Chavane dará o nome 
atividade de Etnologia', Tendo em vista a prioridade conferida ao 
visando uma obserVAção esdarecida. é criada na França, a 
dos Observadores do Homem (1799-1805), formada pelos 
~"I-,n .. "";" An,..nder $.ntropologlll, p,p, 58ffi. Françoi$, Ap,..nder $.ntropolO$tlIl, jC. 
LAPLANTINE, Pt3t'\çois. Aprender antropologia. pS9, no secu(u XVIII, na Fnnça, 
e.3 u;uerpretaçio do$ grupos d3s sociedades limples estio n3 patc",na entt.. ') 
filosofo, respectivamente. O~ vlajanles UIS como: Bou;z,amvdk, M'l\lr<':'r!ll!~. L, 
CoaI!:. La Pérouse, faziam as o:hamadas ·'viagens filnsófu,:;\"l". pt("C\J(lUra::; da, 
....nrtnpdoio\ia clet'\~ifica atu,.l; ~n<iu3nto os ftlóso[us tai1\ com'..- But'tOH, Vnlt;ta-::-, 
Dlde.ot ~~datedaln com $ua$ renexõe~ 3$ nb~ervações trazida.; pr:!O~ vl,l.jaIV'" 
http:eminentem.en
http:prolc.,.�u
http:impul:-avida.de
http:lu.:;,.lv
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lniçiofãa d AntropoloJ...,ia }t.rdJiu;: jXJr onde (J.jmm/:!a (J hJ.l!'1tanuiaaf( ._--- --- - ~~--~_ 
então chamados "idcólogos", fIlósofos, naturalistas, tnédiCos que defini· 
ram m;,uto clatamente o que deve ser o campo da nova área de saber (o 
/"- ho~en1 nos seus aspectos físicos, psíquicos, sociais e culturais). 
-- "-_ 10 --- ... - ..... 
, __./" Todavia, no olhar de Laplantine , o final do século XVIII teve 
um papel essencial na elaboração da Antropologia científica, mas temos 
que admitir as limitações desse século.Dois motivos essenciais devem ser 
listados: 
I 
1°) A distinção entre o saber científico e " saber Í1Iosólico, 
mcS1TIO sendo abordada, não é de forma alguma realizada. O con· 
celta da unidade c universalidade do conceito do homem é, pela primeira 
vez, claramente afirmado, colocando as condiç()es de produção de um 
novo saber sobre o homem (visão antropocêntrica iluminista)~ mas isso 
não leva à constituição de um '!;aber clentítlco sobre o mêsmo:-CJ conceito 
de homem tal como foí utilizado no "século das luzes" ermanece ainda 
!.ÍlWtõ abstr~'lto, Isto é, rigorosamente fuosófico, pois estão a tan( o os 
conhecimentos biológicos, econônucos e lingüisticos que serão inventa. 
dos ou descobertos no século XIX. 
\ 2°) O discurso pré-antropológico do século XVIII é 
inseparável do discurso histórico desse período, isto é, de sua con­
cepção de uma história natural, liberada da teologia animando a 
marcha das sociedades no calninho de um progresso universal. Res· 
tará um passo considerável a ser dado para que a Antropologia se torne 
científica e se emancipe deste pensan1ento, conquistando sua autonomia a 
parti r do século XIX. 
1l 
No entendimento de Laplantine , o século XVI descobre e ex­
plora espaços até então desconhecidos e tenl utn discurso selvagem sobre 
0' habitantes que povoam os novos espaços descobertos. Após um pa­
réntese no século XVlI, esse discurso se organiza no século XVIII: ele é 
"ilumi.nadon à luz dos filósofos iluminista:;, e, a viage.m se torna Hviagem 
filosófica" Todavia. égo século XIX que se constitui a Antropglog!a 
e~9u~to_~sciplina_a~tô~oma: a ciência das sociedadesJ:>i!rniti~as ~~~ 
J~~. --;as suas dimensões (lJi~ca, téc~ca, eco_~ôn:I~_ R~~~!!~<:~J_ iurídicª, 
religiosa. lingüística e p!:>Jcológica). Esta aur6-;.,omia é !·:::,"·ürUH.1a pelo con­
..~ - .~.- -._---- ­, 
l..J\!)1_ANT1Nl{, Fr-:onçun Aprt~ndi,·r lôlHlrOp"ingl,-,,;l /,! ',,1 
1,~.l'l.AI-:'[ fi':r:, FI';on~'J1,~ Aj)/t'lld(>r .HUtopf}!"f.!:'H,;' .,. 
1-:,/i:;;'6Ie L:utzoni Alves 
~___________________~ Jidng FranCIsco Reis tios Sanlos 
te'\.to geopolítico do sécul~, com o surgimento do I}eo-colonlatismo 
europeu, onde o tratado de Berlim de 1885 partilha o continente ãf';catJ<L 
entre a.'\ potências cl:l~opéias. Neste contexto de conquista geopolítica que 
SêTorma a Antropologia moderna. Nessa época, a Africa, a India, a Aus­
trália e a Nova Zelândia passanl a ser povoadas por um número conside­
rável de emigrantes europeus, principalmente administradores.,Uma rede 
de informações se instala. São questionários enviados por pesquisadores 
dasmeti6poi;:.s(e~especíjífdã Grã-Bretanha) para 0$ quatros cantos do 
mundo, e cujas respostas constituem 05 materiais de reflexão das prÍt:i1eí­
rásgrandcs obras de Antropologia que se sucederam em ritmO regular 
dútalIte coda a segçt;nda ttletade dó seculo XJX
12 
--­
,) I:aplanune" afirma que estas obras têmo objetivo do estabeleci­
"::'mento de um verdadeiro corpus etnoi,rráflco da humanidade, caracteri­
,?ando.se por uma mudança radical de perspecú~em rdaçiio aos séculos ., 
.:i~, XVII e XVIII; () índigena das sociedades extra européias não é mais \ 
... ~ _. _ ,. ~ ._. ---., I 
" 
. 
lo1ogia.
j 
~t;LCnnAn, 
1:~cmau uu o bom selva erfi<T"'os séculos anteriores; tornou-se (") rimitivo, \ 
i~ é, o ancestral ~Q civm.~o eur0r:J\ nco-colon'-"- -=-=;~r,,'or.l ., 
po ogta ClenU ica enlerg(;~nt.~p _~c.unetJ.t.Q..! 
lããsclviliza ões não euro éias, visando sua aculturação através de u 
-~o-~~ntífico evolucionista. ~.- ----~ 
Teorias da Cultura e o surgimento da 
científica 
No século XIX com o neo-colonialisrno europeu sobre os con­
1 
da Africa, da ASla e da Oceania, ocorreu gradativamente o 
~ento da Antropologia Científica, a serviço elos Estados europeus, 
visão científica predominante era o evolucionismo-
A Antropologia se desenvolveu como ciência humana, liberta0­
, do controle dos Estados neo-colonialistas, construindo sua 
seus objetos de estudo, seus nlétodos teóricos e de PCS(lui­
suas escolas, de::;de o século XIX~ até o presente século XXI, 
~:'::,:'Entendemos que () t.../11W1Ú10 mais pertinente para a compreensão 
<'1\)F"fld dt"' ( ,>úhnjo1,t"':::< A Cidauepubllc:I I )ut"ll<J AnUi!' "" 
1 'f v\(,t, A uh,1r; 11; IfnHIVa; en,
(";t·,:itlllenl<' 1'11/n" 
['nUH_,,"T"" 1f{'!>.H\\C'· do R..mo,Je (hll<,
:\r\fl\:~ ~m 1,,<)1' 
,~:!:,; 1.,(',,','<. A,"[",'I1 .. • 
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"/ 'iC' ;111 1:, ,.,,),. li>!!, : 'fi;" 
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do desenvolv!rnenrn da Ar.ttop!)\og)<l , COIr\(, urna ci(~ncia de h"or 
intt:rcÍlsClp!inar. ~_~car descrever ~s P!lnciprus Tconas.~!~5:ultur~~~'4suas 
respectivas l~s~?ia~-Lfu!!çç,~ª)_!2.rÊQts~gSll..t~~,-;~~~~.l~~.~a e alemã), de ma­
neira lustó'rICõ-cronológica, destacando seus principais representantes e 
Suas subdiVisões, e1elnentos básicos, suas restrições e contribuições. 
As principais Teorias de Cultura que serio descritas são ',tS seguin­
tes: o Evolucionisn1o Cultura1, o DifusionismoJ o Funcionalismo, o 
ConfJguracionismo, o Estruturalismo, 
1.3- Evolucionismo Cultural 
~ 
No entender de Presotto e ~{arcorrilw, O evolucionismo cultural é 
uma das grandes linhas ,de pensa~ento Ou Hescolas" teóricas sobre a ori­
gem da cultura que surgu:am no seculo XIX, sendo a primeira delas, numa 
seqüên:ia histórica. Evolucionismo cultutal seria, dessa forma, a apli~ação 
um pnnclplo que orientou a interpretação dos fatos sociais~ assumindo 
variadas formas, Alguns pensadores trabalhava~ a teoria de urna abor­
dageln mrus anlpla, procurando descrever c explIcar o desenvolvimento 
da civ?ização humana ern s~a totalidade. Outros, lirnitavan1-se a aspectos 
especlficos da cultura} ou seja, arte, religião, familia) eco noO'Úa, Estado etc. 
~ão só estudaram diferentes aspectos da cultura, como diferiranl nas 
Jnterpretações que deIam aos fatos urílizados para defmir posições. Alme­
Javam compreender o ritmo de crescimento sndocultural do hornem 
através,dos dados coletados, a fim de formular generalizações de grand~ 
aplicabilidade, que pudesse explicar o de,envolvimento da história huma­
na. ,.
Na acepção de Presotto e Marcom , o conceito de evolução cul­
tural, que predominou no pensarnento dos antropólogos e Outros cientis~ 
tas no século XlX, en tre os prinlciros autores evoluciotÚstas~ não sofreu, 
conforme se pensa, influência direta das idéias de Darwin (1809-1882), 
-,,--------­ ---~ ..,- ._----~--~,-"-
A re3pe:ito da bistória da Anuopologia no Brllsil, particularmente no sul do BraSIl. vide. a _ 
obra; SANTOS, Silvio CoeHm dos (org.). MlI!môría d~ antropologia no sul do Brast1. 
Florianõpoüs; UFSC: ABA, 2006. 
" , PRESOTTO, Zelia Mama Ne:ve:s,MARCONI, Mauna de AndraJ<!. AntwPQiogi:a uma 
m«odução. 6.ed, São Paulo: Adas. 2006, p.244·25L 
" PRESOTTO, Z<!lj{1 Mana. NeveJLMARCONl, Manna de: t\fldrJd,.. Anltopot0!ol:J,ll uroOO 
introdução, p,245. 
: :.'; zele l.~,m ("i1t .' !mu 
FYd!1(l.l\·O 1{eú .IOf .) rlttJrJS 
uma vez que a~gl!ns autor_~~_.:lcss~_~"1~~~_ip!1~_~_2_.~~stavat'!l1~êias 
evolucionistas antes e c.oncomitanternclltt:: corn ele. Podemos citar como 
eXemp(;;-Sp~~~~~(182Ó-19Ô3), q~p~l;r;;";lo rermo evolução, sen­
do oprimeiro a~~a[ a expressão "sobrevivência do mais apto", enquanto 
Da';'in utilizou a expressão "seleção natural":'Maine (1822-1888) deu ! 
importância à Evolução do Estado, desde a organização baseada no pa­
rentescO que se encontrava ligada a determinado território, até formas 
t 
mais complexas, Ele sustentava que a~ília p,,-t~ia}.c'!Le!:~_a,fQ,Ltpa origi­
nal e universal da vida social. Haddon (1855-1940) e outros ressaltavam a 
~';çãõnas-formas de arte, do realiSlTIO ao convencionalismo. McLennan l {i'. 
? (1827-1881) defendeu (") ponto de vista de que u sistema de descendência 
1:)}'matrilinear precedeu o ~stema de, d~scendência p~:t~~Hp.~ª.t;~ no csquen1a 
f<§$!?luçã?:1a}'anyJi<l:-'E;tãbeleceu cstágiõs r:a e,,:'olução do ma~mômo 
'i'i:'i'" da farnilia. Prazer (1854-1941) postulava tre.s etapas de evoluçao pelas 
:.)~I~s passam todas as sociedades~~~à~ r~ligião e ciência. Bastian(1826­
da ~:.~~~.~al,da ~:~lução ao fenômeno cultural. Nas ciências "sociais) foC' ;\~i~&i~5) aventou a possibilidade de que as semelhança!'; das culturas em geral 
,~..:~\;i~'ibaseavam-se crn uma estrutura con1um de "idéias eiementa.res", Lubbock 
'~~."S:,!f43-1913) rem~ntou a origem da moderna instituição do matrimônio li 
,.~. estado de-prormscutdade. 
A) Principais Representantes e suas Subdivisões 
Presotto e 1\tlarcoru " afirmam que para a teoria antropológica~ os 
evolucionistas do século XIX foram: na Inglaterra Spencer..
Mame ,1822-1888), Tylor (1832,19l7) e Flazer (1854-1941); 
~ George Prner (l854.1941), no entendimento dt! Merctct (l974.41pp), e!!te antropólogo
:__Ies tem como sua oht:a principal (t MmtI di O,llrt'l (2vbh. 1890) (sendo que a II!cbção 
• )1 12 volunu~:s f01 publicada <!m \92:2.). Ele foi um do" rnlUS dícut:lô dívulgadore$ 
!:!')pologia em sua época. Dois temas fundnroentais constituem o pontO de partida de 
~: o totemUltnO li! !obretudo, o saçtifido de deus. Ele d<!lIenvolveu uma teoria geral 
Fn.z~r a religião é precedida pela magia, e Stltge tonlO unu. conseqüência do 
O hOtnem. a principio. s<! esforçou por conuolat o mundo exteríor pela 
depois, :lO con~utar Su;} ineficáCia, postulou a existência de forçu 
as q'tais era possivd agir. propiólmdq-as através- de sactificios e oraçõcs 
a sOCledad<! pasu. então. II lltdi:z.ar a Gência para suprir as lacunas 
A"-'. "Cu'" Mana Nev<!~.MARCONI, Mario'\). de Andrade. Anuopologia uma 
, p,24S,Z46. 
(1832-l917) çon:>ldo:f;lVil a bumanldltdc un'l todl.) em cresClmcnw aWtllés 
da infância :l m:uunJadc. ~~undl! I)~; p"vn!i primitivos ~l{uado$ no -e$d.gio 
livru Cultura Pnlll\fJV'l ([*)5), de:: ,:enl(Ull ~e;u mtete,se na religião. no 
OU[fOl!l Aspecto, \lin f\liU<""(j"'l'1. da udt\![!1 t:,mpn::gou o (ermu '!.obre\"lVênna 
processos, C"ostun,"''', ()p;r\lôe.~ ct<;;., qut': f<)fAro transmiüdos de- llnl 1':'stáglo 
/-": 
http:lltdi:z.ar
i 
lniciaçâo à Antropologia ]urídú<'J. par oNde a."nm;/h) a bumtmidade? _.. 
na Escócia McLennan 0827-1881); na Alemanha Bastian (1826-1905) 
e Wundt (1832-1920); na Suiça - Bachofen (1815-1887); nos Estados Uni­
dos da América -Morgan'" (1818-1881). 
Morgan dis tinguiu três grandes períodos: antigo, intermediário e 
recente, que por sua vez foram subdivididos em vários estágios, O inicio 
de cada um era marcado por uma invenção ou uma série de invenções 
maiores que, lia realidade, nada mais eram do que pontos de referência. 
~GG 
~[ig;~'i~~o para (.lucro da SOCIedade, por força do h:.i.bltn Tylor procurou dar um c.unho 
denúfjç() oi antropoJogia cio século XIX, usando (> que d.amou de aritmétH;:a social, ou seja, 
a disposiç:ilO dos costumes em tabelas para vl!'r como !ie relanOl)avam. Por isso, pode ser 
consideradl) ü fUIld.ador do método comparatlvn, ("f'rlhnl"? filie' \J~gsse o tenuo. 
I 
20 Lewls Hem)' MOtga.ll {18t8~1881) apresentou a tese noJuclomstll Da mtroduç~o de Seu livro 
'sociedade Antlga (1877). onde ddendeu, a.o estudar as tribos d~ judios lloquesc:s nos Estados 
Untdos da Amérh:a, o ponto de VlSta de que as relações de parentesco eram dadas pdas 
mulh~tes, pelas m2:es, Ele começou o estudo compautiyo doS_sl_stem3S de parentesco que se 
clHutjruem desde ~ntio parte muito imponarHl'! da investigação antropológica. Vide resumo 
eS'luemático do Ca.pitulo 1, o e:kJ.uema de Morgan dos três grandes ~ríodos: Anugo (Selvageria), 
IntermediárIO (Barbárie), Recente (Civilização), Friedrich Eu~els, b~m como Karl MIlU, 
~nt,usiasma~-,*~:se pelo trabalho ,de Morgan,. eJf.tramda dele cO!1seqüencias bem mais amplu
dÕ qüEasorigens do parentesco e as alterações ocorridas nas (amifí:.is~ Eqg.e!s_ em sua obra 
f0ri/lh" tia fa",llio, tia pfWpri~dad~ pn"vada t J() EJladfl, 1884j aceitou com bllse em Morgan a 
existência, num passado longínquo, das sociedades mauiarca.is fHé-hist.ó.riclls. Pttra Engels, 
enttetanw, o surt?U:nento do sistema p:au:iarcal e as sohseqiientes modificações n;l eStrutura 
familhu, S30 devidos a u'lrrodução do principio da defesa da propriedade privada. Com o 
surgtmento do costume do cercamento e da delimitação das tereas, adotada!! pdo~ homens 
vitoriosos em >:ombatcs e guerras. Os scnhores da Terra começaram a exigir fidelidade sexual 
da$ mulheres porque nao aceitavam (CC de leg1ir os seus bens, obtidos (om ungue e pela 
exploração do prôximo, a um descendente que não fosse selJ (ilho lee;ltlmo <:on52ngüineo. 
Foi então que I) aduLtérjo feminino passou a ser considerado crlltR' capital. As exi~cia, do 
pstrimônjo postos nas mãos dO$ homens teriam então suprirnjdo as liberdadell femininas. 
tornando as mulhere!l cativas. p~sas a um cal\Q.menro monogâmico, No entendimento de 
Engels 11 "-Pressão C submls$ão feminina derjvavam~.~fI'! u~!.tãnda da existênda e 
manuten da ro cJedãae- - rtva condu!ssc4u,!;: a verdã<k:ín. emanCl]:ração 
~ tlnn1na 50 aia OCot'ttr com a aboUção da sodeda e capitaiiua artllve! da luta 50dWsl:1..11-<]. --_.~ - .,~.- ..." ­
rami 
./ Lit.':{.t!.JC i...an'{Dnl _'illit'': 
__~ ,~~1 JuinO Frafla.tco ReIS dos .)aUJO! 
( ( .. -/OVQ,fO-- ­_ 21 
" Modelo de Morgan 
~----~-- ----------. 
·Superior ou Alto: ne:r.:de a in.v-encio do arco~f1echa_ 
Selvageria Ex: Potinésios. 
(Antigo) · Médio: Desde a dleta do peixe e o uso do fogo. 
Ex: Australianos, 
· Inferior OLl Baixo: Desde a Infã.ncia da HUlllarlídade. 
Ex: Pré -Hornín.idas. 
•Superior 011 AllO: Desde a fundição do ferro como uso de 
ferran:Jt':ntas. 
Ex: Grt'go:'l Homéricos. 
· Mécllo: Desde a domesticação dos animais e culturas do milho 
c plantas, por meio da irrigação. Uso de tiiolos. adobe e pedras, 
Ex~ Zunis, 
·Inferior ou Baixo: Desde a invenção da cetâ.mica. 
'r-:x: Jr()c!ue~es 
·Desde a invenção do alfabeto fonético, com o uso da escrita, 
até nussos dias, 
Ex: As Culturas modernas em todo seu desenvolvlrnefll() 
u
No entender de Mercier, Morgan defIniu cada período por uma 
complexa de traços que esforçou por estabelecer correlações entre 
técnicas) econômicas, sociais, religiosas e políticas. 
Estes teóricos se destacaram na história do desenvolvimento da 
!lbpologia cientifica no século XIX, ao estudarem a evolução cultural 
.:"-'_J" 23 .
~ades pre-industrirus. 
A principal subdivisão da teoria do evolucionismo cultural para 
e Marconi"é o neo-evoluciorusmo culturaL 
extraído de PRESOTTO, Zelia Ma/HI NC'''~s,MARCON1, Matlfl3 de 
Antropologia uma introduçãu, p. 247. 
Paulo: Edit\H3 Morae~, 1974. p, 36-,37. 
do EVf.'!UClonjs,mo Cultutal influ,tllcJa, t~!1lb~m. nO $("\1 :s-urgimen r" nO 
d~ Aogusre Cumtt' (17CJ8· 1857). a ~\la leou:! d<J!\ Três Estados,·:a St>Ç,{.~d..,k 
. . ::;"sli<d0 TeológiCO (J~slilglq Itt;us, pnmltlv11), E'.<t:.ult) Melafhl~" j)U rlh)~"n('" 
:~trrmo:dl:;ln(), J·.$c ..do PUSIH\'fJ ~>IJ Clt'ntifico (En:.i.fVi) Hlat~ :OlV"nç~,d;, ) 
/~i:" M<I.;ja Nr .. /!'" J'I.1/',t({ {)Nl, M;lrJ'lll <Ít .\".Ir."j{ Antr0f'<}ill~la \ICU.l 
http:Lit.':{.t!.JC
http:mauiarca.is
http:amif�:.is
http:MOtga.ll
, ~ LI u,- "i 
,h}0:"'! , !! ' ,~ , ' ':,;t~ ,,<,/i'j:i{:),/ ".'~'!bf)!d!U," ,j" ,i 
n ~~'''::() ,-'·.,,;UCJ{J!ll::.lllO :)urgc no IIUGO do sêeulo XX e tem COn1') 
''cus pr:ncip"s "'presentantes: Leslie Alvln" White (1900-1975), Julian 
Steward (1902-1 ')72) (Estados Unidos da América), Vere Gordon Childc 
(1892-1957) (Austnilia)" 
Para eles, o estudo da evolução cultural s-social está inLit'p~tP,entc 
relacionado com a evolução tecnológica. T~tn descrevem 0_ pJ;ocesso 
da culrura tendo por base etapas dê des~~v;;-l~ento. 
LesHe Alvin Whit<;seu-mãiór defensor, afirmava o retorno à 
culturologia, que consiste em elaborar generalizações reiaúvas à evolução 
culturaL Seguiu o esquema de Morgan, embora tenha estabelecido outros 
critérios, ou seja, o da energia do homem, para delimitação dos estágios 
de evolução, , 
WJute, baseado no modelo de Morgan, definiu três etapas, 'princi­
pais de evolução, levando em consideração a energia despendida pelo 
:0=", 0°' ': _",..;M~:;o:!;:!:e::;;l~O!..:d;;::e:;;-",Whi,g~'~te~W:::5:-",=-::,-::_="_ - .. "-, 
Periodostis! 'ios 
Selvageria 
(Antigo) 
BaJ:bárie 
(Intermediário) 
Civiliza<yão 
Energia do próprio corpo, salvo exceções no empregó co fogo, 
do vento e da água. 
Energia na domesticação dos arumais c cultivo das plantas; 
na fabricação e uso de instrumentos e de ferramentas; na 
ulVenção do calendário c da escrita. 
Ene rgia da descoberta e aplicação da máquina a vapor 
(revolução industrial inglesa) 
1 
WJute negou a importância do estudo psicológico da cultura e 
enfatizou a importância da culturologi., Valeu-se do método funcional­
temporal e referlu~se à evolução de traços, instituições, sisrenlas filosófi­
cos etc.) ou seja. da evolução cultural como um todo. 
"--, - ___________o--- ----,---­
iruroouçtio, p, 249-251 
11 Motido d~ Whne é::ur:l.I,jo de PRESOTTO, 7..dill Muía Neves. MARt:ONl, Manna de 
I\ndu.de. Antropologia um..l intruJução, p 250 
i",.:, -;.T lJi."\ 
',',,,:;';'J i'} .. ld->~'U l';'uí .h', 'IiJt11,)) 
B) Elementos Básicos 
Na compreensão de Presono e ~[arco[l/{) são (rês os elcn1t:nto:-; 
básicos na teoria evolucionista da cultura: 
Bl) ~uE;g;ão Urulincar .. Existêncía de um tio singular ou evolu­
ção unilinear atra~é,fdEtoda a história cultural. Mesmo havendo, em de­
terminado momento~ degeneração. a tendêncía geral era sempre ascen­
dente. Consiste, portanto, em um esquema hipotético da progressão que 
assinala a evolução da humanidade. Significa que diferentes grupos hwna­
nos partiram, em tempos rçniotos:
w 
de uma condição geral de carência de 
cultura e., devido 'a 'unidade da mente humana'-e a conseqüente resposta. ' 
"~ a estJmulos'externos e internos, evoluíram em todas as partes do \1" 
f.tneta, de ::,:od~_s':'::"êlh"n~e. Enfatiza á'seqüêncmparã-oéiiCsõdeéf"sc;;: 
~vimento de toda sociedade hwnana. Elas passariam, dessa forma, pe­
, '~-n';; mesmos estágios de evolução, embora isoladas-'~mas das outras. w_. 
~"L.. '"132) Méto~i; C;;;;;P;;;u:"':' : O método básico us.do pela antro­
do século XIX era nn1enar 05 fenômenos observados de acordo 
os princípios estabelecidos e interpretados como uma ordem cro­
Primeiramente, os fatos ou objetos de estudo eram devídamen­
e depois classIficados e organizados em categorias sucessi­
Todavia, o método comparativo foi usado de fornla rudlmentart 
às vezes, dispunham-se os costumes arbitrariamente, enl seqüência 
~'stágios regressivos. indo até a origem. Se () docunlentu fosse vago ou 
~tente~ os evolucionistas estabeleciam, mesmo assim~ certa conexão. 
~éxemplo: os sistenlas de matrimôruo supostamente originaram-se de 
u de promiscuidade. Outras vezes, um elemento podia ser reú, 
sem que julgassem prejudicial ao contexto concreto, o que podia 
.A exttapolaçõcs cientificas contestáveis, Embora com falhas na inter­
dos dados coletados, o método comparaúvo foi vilido na cons­
da metodologia antropológica do século XJX. 
_ B3) Sobrevivência - O princípio da sekfão n~Darwin (1809­
'Ou o princípio d~_gz1!t!i1~~1J.a.ajio malsãpto-de Spencer (1820-1903) 
que as espécies animais e os grupos humanos mais aptos e for­
condições melhores de sobrevivêncla aos ambientes hostis que o 
Este elemento da sobrevivência prevalece até hoje, pois se trata 
das variáveis que se aplica t:mto aos grupos humanos como à 
Zelia Maria Nl".vc~, MARCON l, Manna ,11, A('hltad,.. Anuopol.ugl Q m1t'r.l 
p 248, 
.lin 
http:I\ndu.de
--------
l=i:.zelc l...uRzof!t AJlIeJ 
},,.anciscu lliiJ dOi Jantas 
~(]niillilu fi humamdadcr _~"__.___._____lf'l1aa()o li /lnfropvJ;Jp,U1 Junâir:rJ 
fauna c :i flora de nossa biosfera. 
Restrições e Contribuições_ 
" Na assertJva de Presotto e Marconi as restrições .mais acentua­
das referem-se: ~':::o--:::..-
C.!.l) Desconsideração do fator tempo e espaço, importante 
em qualquer estudo da dinâmica cultural. 
C-!.2) O emprego indiscriminado do método comparativo, por­
que usado de forma generalizada, sem considerar o alcance limitado dos 
fatos culturais, por isolar as instituições sociais de seu contexto cultural 
mais amplo e pela falta de rigor teórico no seu emprego, que podia levar 
a condusôes nem sempre fidedignas_ 
C- 1.3) A ênfase ao conceito de sobrevivência, que teria retardado 
o trabalho de campo e por deixar o investigador maiS preocupado em 
atingir um grupo social mais rigido e auto-suficiente_ 
Os evolucionistas, incapazes de lnanter sua posição clássica, de­
ram motivo a que seus postulados básicos fossem invalidados pelo uso 
de técnic", mais aprimoradas e pela acumulação de dados mais ade'1"a· 
dos_ 
Todavia, para as meSInas autoras" a cOl:tribulção dos evolucionistas 
para Antropologia são as seguintes: --_.-. 
Eles fOf'.lm os primeiros a dar à Antropologia nascente o 
seu impulso formalizador, sua análise da realidade social e o conhecimen­
to de diferentes sodcdade~, para o entendimento geral da humanidade no 
século XIX_ 
C-2.2) Eles foram os primeiros a empregar o conceito de cultura 
(giliúogJ.l.i.Q@ (:12.ç.2,!ceitE_de r:,ça). a observar que os r.;;z;:;::;en;:;~ culh;rais 
não são fortuitos Ou acidentais, mas que estão sujeitos à lei científica. 
C-2.3) Eles deram ênfase ao estudo do parentesco e ás formas 
de casamento, estabelecendo uma correlação entre a terminologia do pa­
rentesco, priI1cípios de descendência e regra matrimooial. 
C-2.4) Eles enriqueceram o vocabulário antropológico com a 
introdução de termos como: exogamia c endogamia (1v1c McLenIlan), 
terminologia dassificatória do sistema de parentesco (Morgan), primos 
cruzados e prjmos paralelos (Irlar), sobrevIvências, evoluçã() rultural, te­
ligíão, rnagia simpática~ tutem.ismo, dão trih(l) fratrias etc. 
" PRí:.::'{iT;· ... ,('Ir\! ~.1"11a N .... H·!; MJ\RCt!I'H. Mal"~" dI: ftlldr"d, Alljll"pllln~l:' um" 
lutn.úu>rãll i' :'j11 
1.4 - Difusionismo ('. 
\-.____0 áifuslonjsOlo (ou historicismo) procura exphcar O desenvolvi­
mento cultural através do processo de difusão de elementos culturais de 
uma cultura para outra} enfatizando a relativa raridade de novas invenções 
, e a ime?rtâ_n.c_ia dos constantes emprêstunos cWOl~lturais na historia da hu' 
i manidade. 
i Nas Escolas difusíonistas, as semelhaIlças e as diferenças culturais 
!, resultaram mais da presença ou ausência dos processos de difusão do que, 
:-00 invenções isoladas de diferentes culturas. Os pensadores difusionistas 
}.iêntatatn explicar as simil.ltudcs e diferenças éntre as culturas particulares,
,~'--"",""" ,- .j~Çhfatizando o fenôIneno de difllSª(~" e dos contatos entre os povos. 
As Escolas de difusionistno deram sua contribuição ao imprimiJ: 
rigor cientifico aos métodos da antropologia cultural, desenvolve",­
técnica~ de pesquisa de campo, destacando-se, entre elasl~~-
TUSlorusmo é uma re_~çiio ~~olucJonisrno cultural do secu­
_que meSmo afetando a orientaçli6-'teÓrÍCa e··õs-pio'cec!imentos 
ooológicos, não rejeitou completamente os conceitos básicos formu­
pelos pensadores evoludonistas. 
O dlfusionÍsmo predominou no período de 1900 até 1930, mas 
década de 20 do Século XX gue obteve sua maior aceitação e 
pwanaaae_ 2' 
Na perspectiva de Presotto e Marconi (2006:255p) são três os 
básicos di) difusionismo: 
';( •Método histórico _ reconstituição históricl, que observa o pas­
-sádO e o presente. 
:r~squisa de campo - altamente aplicada com a coleta de núme­
ro considerável de dados, principalmente dados primários. 
•Forn1ulação de conceito:;, ~ enriquecimento da teoria antropo­
~ca e o surgimento de virius tern10S~ çon1 conotações esped-­
)1;as, 
e MaceI '!11 2StSpY" i ;1:; ~rincipai5 
M;~rp N~,,~' IvlAk< ,~,r 1'1.,'.J" :,' ·It;·" A[.tJ(Jpúlu~HI UHI'" 
,. .·i, f',~ 'iH,rl' ,., ",i'"' l"" »;\;ú<iv'. 
ções fcItas au (1it'\1sj{/fH~:;n", ;'1" as ;:::g~.J;';d,\...., 
• Excessivo tratalTICnto unitário da cultura, relegando os aspectos 
uruversars-êf~ "m.esma. . - -- . -.._~ 
· Manipulação estatí,cica dos traços culturais, levando a pensar 
que as distribuições culturais Ocorreranl de modo mecânico. 
· Determinisrpü cultural ou tratamento que considerava o indivi­
d"uo o elemento passivo no qual a cultura,elemento ativo, impri­
miria as suas características. 
Todavia, para Presotto e Marcanl as contribuições para o pro­
gresso das pesqtúsa::> antropológicas se devem ao difusion.ismo norte­
americano, destacando-se as seguintes contribuições: 
·Acentuou fi identificação dos elementos cOlnponentes da cultu­
ra mediante observação objetiva e trabalhos de campo, que cons­
tituem ainda a base essencial da Antropologia Cultural. 
· Salientou a identidade de uma cultura é a necessidade de estu­
dos de culturas específicas em termos de comportamentos bás!"" 
cus em causa. 
o Impôs notrnas criticas à reconstituição histórica. 
· Isolou princípios de ordem, tais como padrões culturais, áreas 
culturais etc. 
· Realizou urna triagem considerável da interação de forças en­
volvidas no processo de desenvolvimento e transformação cul­
tural; os fatores positivos de habitat, a ampla unidade de potencial 
biopsicológico. os processos de criação e comunicação nos ní­
veis cultural e social. 
A) Principais Representantes e suas Subdivisões 
No entendimento de Presotto e Marconi, difusiorusrno (ou 
histOricismo) engloba três grandes subclivisões: 
Al) Escola Hiperdifusionista inglesa (ou Escola 
Heliocêntrica ou Escola de Manchester) 
tC::,_..,.,.H'":' "~S-seus elementos básicos ca.racterizam-se pelo dogmatismo e 
atitude anticientiúca, tenJo desenvolvido ao extremo as idéias de pouca 
criatividade humana. Grafton. FIlio!. Smith (1871.1937/Australiano) e 
. '{, 
./1. '.1/'-:, 
:<úimt, 1'ri:i!h<..>d: !\.'., d~:" ),JU(Of 
'Wri!lí~l!l1. J:nnçs. P~rrl/ ! íng!{:')_' 1'087 -1949}, Williatn. Hais~.). í\}'.;cn. )1..jvers 
(Ingles 11864-1(22) foram 0' ptinciprus representantes. 
Smith, impressionado com as descobertas arqueológicas do 
I ,cgiptologista inglês Sir Wílliam Matthew Hinders Petrie (1853·1942), atri­ _I,: 
buíu a esse único local :a origem da cultura hum~na. Smith entendia que os 
," ,
egfpcio , tendo vialado por cliferentes lugares à procura de ouro, pérolass i ' 
e outroS valores, haviam levado seus inventos através da Asia e das ilhas I','
do Pacifico até a América Central. Sem um critério rigoroso de avaliação, 
ele concluiu 9,:e os costumes egípcios cu!.t? ao so~ reinado, mumificação 
l:íàviarn sido amplamente clifunclidos pelo mundo através <las vi.­
dos egípcios. . 
Perry expôs a tese central de sua teoria na obra The Childrtln of lhe
,'..,i:.)!1tII.I: a 51J1dy in lhe Ear!J Hislory of CivilizatiQf/ (1923), afirmando que a 
.:~~~~a 4~ _r:.:.~~o todo é idêntica 1 eUl conseqüência da difusão cultural.
1 . fi accltável o métodO bistórico defendido por StIÚth e Perry, mas 
filo '.~festrições postas em relação ao hiperdifusionismo ing!ê5 s5.o etn rela· 
manipulação dos dados, baseados em informações imprecisas, du­
Essa Escola não ganhou muitos discipulos, nem nlesmo entre os 
i;Jpólogos ingleses, e logo cruu no esquecimento. 
Todavia, houve uma exceção na contribuição da escola inglesa de 
ttrlifusionismo, através do autor Rivers, que buscou seguir outrO ca.­
e não ficou preso ao red ucionismo do pensamento egiptocênttico 
~utores StIÚth e Perry. 
Rivers trouxe inúmeras contribuições ao introduzir inovações na 
~pología, principalmente na pesquisa de campo, valendo-se da gené­
tenealógica para o estudO de sistema de terminologia para parentes­
aplicação de testes psicológicos (sensoriais, motores, de inteligên­
os Papuas da Guiné e populações européias. Ele defendia o 
culturas como <ot:ilidades integradas e, dada a sua formação 
relacionou a psicologia COOl a etnologia e também com a 
Escola histórico-cultural aiemã-austrlaca, (Escola His­
~,ultw:al, Escola Histórico-Geográfica, Escola Alemã-Aus-
Viena) 
seus elemenros básicos estão vinculados à sua caracteristica 
que é a visão pluralista da origem da cultura, acelJandO vános 
'c 
__ JntClJplt) ti /lt1tropO/!!gl~;: }JfridJíd. P07· onde ':dltNnha a hu....!l(.}1'úd.;dr{ - - ~_____~o 
loca)s d~ evolução, que deram odgen1 à totaJ.idade da fllesma. 
Os prinCipais representantes desta escola foram: Friedrich fultzel 
(1844-1904), Friu. Graebner (1877-1934) e Padreo Wilhelm Schmidt (1868­
1954). 
Ratzcl. considerado o fundador da Antropologia GeQgráfica~ deu 
à histórica da cultura rrmndial urn tratamento especial chamado método 
culturallústórico. _0- '0,. 
C;F.iebner e Schmldt foram os principais fornluladores do teoria 
dos drculos culnuajs, 
Graebner consIderava u objetivo do método cultural·-histôrico a 
determinação histórica e geogrâfica das combinações de elementos bási­
cos chamados KJllturKn:ise (circulos culturais). Para ele, a cultura humana 
se desenvolvera eUl alguma parte do interior da Ásia, U,.kuÚu,. (centro da 
cultura) e dai se difundira para as mais longínquas partes do mundo, em 
circulas cada vez mais amplos, àtravés das imigrações, 
SchJnidt apresentou o moderno cenário cultural como resultado 
de uma difusão compJexa de uma séne de esquemas, guc poderiam 
rcconstltulr os círculos culturais originais. 
O lnodelo de Schmidt apresenta três fases, subdlvididas cada 
uma delas CITl maís três, num tota1 de nove: 
a. três primitivas ou arcaicas - representadas pelos pigmeus, cs­
quj,môs c aborígenes australianos; 
b. três prirneiras - com os coletores e nômades pastoris; 
c três secundárias - com os agricultores. 
Todavia, pode-se verIficar que este modelo de Schmidt ainda 
apresenta certas características do evolucionismo cultural do século XIX. 
A principal contribuição da Escola hlstórico-cultural alemã-aus­
tríaca resjde na noção de "círculos crutunus'" entendidos como wn con­
junto de traços associados com UlTl senúdo. podendo ser jsolados e iden­
tificados na histórí:a cultural, na insistência da historicidade do rnétodo e 
dos contatos culturais? primeiro passo para a cOfllpreensão do olecanis­
mo de troca!'., 
Todavia, as restrições ar) difusionismf} alerrüi.o·austriaco t,St;rvarTl 
também nos clrculos da cultura, que ('raJn c{'rhrO~!I)S t!.C'ncraJiz,ldos~ para 
a<; quais ", .... t\~> :J\JU'fCS não fizerani tjUdJ(..jUl:r lcnbu.iv'A de d("!rJl}H<-.tL\f c' ,mel 
Elizete Lanz.oni Alrfes 
______________.____~________ "S'idnry Francúco RuS dos 50ftt().! 
eles se originaram> quando e onde existiram como entidades do passado 
e corno se teriam difundido em áreas tão ilistantes. 
AS) Escola do Difusionismo Norte-Americano (Escola His­
tórico-Cultural Norte-Americana) 
Os elementos báslcos do difusionismo norte-americano estãO 
focados na análise específica da história cultural, ou seja a reconstrução 
. histórica da cultura para poder compreendê, la, Esta Escolacã!;cterizou­
."pei~ formulação de conceítos tãis como traço cultural, complexo cuJ­
o. e área cultural, válidos até hoje pela pesquisa de campo e pela dellini­
~ção do campo de estudo da antropologia, optando pelo estudo de 
limitadas e pequenas. 
Os dlfusionistas norte-americanos reag1ram de forma contundente 
formulaçôcs especulativas do evolucionismo cultural do século XIX, e 
a ,Antropologia a uma tendênc1~1 anli_evoluciorusta que dominou 
at~ o final da Seglll1da Guerra Mundial. 
Os principais representantes desta Escola foram: Franz fI',"s" 
Americano/1858-1942). Carl. Wissler (1870-1947), 
Louis Kroeber (1876-1960). 
lüPara Me.reier, Buas contribUiU com 11m enorrne avan~'o na pd.ti 
pois v seu pensam~l1to se desenvolveu a partir de três 
de consjderaçôc::s: 
~_g=.tn::ului,çoM nU,cido ("tu M!l!-dca.,.entio o.a- g,tU8$ill, cujo trabalho 
IlU as base:$ dll antropologill como Ciência. D.I! uma famllill judaica liberal, 
comerciante de SllcestW, Mdet Bou. c de uma professora de jardim da 
principiaS políticos tiveram- reflexos. n" formaçio de suas idelllS pionciC\l5 
etnicidade. Estudou flsic-:o e geognfla em Heideiberg. 'Sono e Kid, onde se 
fi$ica (1881) defendendo uma disseftaç:io sobre II cor da âgua Realizou UIDa 
" . ha de Daffin ou a &ffinlllnd, no norte do Ctnlldâ. (1883-1884), onde ~~t\ldolJ 05 
~._t;nc!inou-$e ddiniuvanu::ntc pela fõ.nrrOpologi:l e rediglI,J ~onclusõt's import.ante,
\,tw!Í1Il$ <;üfuaionlsras,M\ldou~$e para os Estados Umdo$ (1'886) p911l ensin'ólot na recém· 
JIwvenadade de Clui-:, MaS5:lchusens e, dep:Hs, St' tuusferiu pau :l Univermb.de de 
ra "o,:k (1899). Nos Estados Umd~)t. dt"~erlvQlveu pesljuins tanto sobll! 
eHlItíst.iv~ como sobre liugüistln te0n<:» e descritiva. De3envo!\'e\l também 
etuü!ógl(.'ns a r~;5reiln dos ilIJ:(J<: ;;rnttF A1>":'<, além de uabalhns l("iatiV()~
~ "lJrôr.:!lne~ ,>\.:> vast'" :lbu ,,iu ("I,n~j(knld()!! brílh:lnte~ Th~ ;~,lt"J b{l:.all!':: 
1) I': C",,,erol./'lnthrojlrdlJ,f,r (1Q'i2) ~'ak<,\,~!n Nrw l'r/á Clty, dt'!l:olndu (,,,n" 
le rdí.o t"XI51(:'f! r,.!tllr-;1' '1~,~"'l" ,. " ,,,Ir •.. ,." e qut' t(nL.~ t(dl"rllvt'fl\ 
e1'ipedfl\'o$ (' UI ig.nalr, 
l-lí'!hHt'J da ;lH!l"\",lnv,,,' l' 
11 
http:eHlIt�st.iv
http:Univermb.de
'?{/, df'i!/<i;"i .' 'i,-,',1" -'. t,'li ','/<;<.' , ... ·//lul"" I t';'''''. ';",i~;""'r _ 
1 p.cjcita ~~ 'slmplttlcaç'ôes d, 1f> I" "!u,:iun;smo culxur.. :. Jando mais 
irnportâncla :fbóçao de dcsenvc!i'Y1menta cultura! independente; 
ernprega um método comparativo generalizado~ yue impede que 
se apreenda como um conjunro vivo às realizações de cada gru~ 
p(' humano. 
H~ Recusa a atribuir a diversidade das realizações culturais à. ex­
clusiva influência dos meios físicos contrastados em que sé" SltU­
~~'--"'<--"'---', - -" ,. ­
am as sociedades, ÓU sefã;-ereperéel5e a multiplicidade de combi­
nações a que se pode pIes tar uma mesrna sêrie de elementos 
culturais e a maneira particular como cada sociedade os utiliza. 
lIl- Compreende a cultura como um desenvolvimento original, 
\ 	 condicionado pelo meio sociai tanto quanto pell?, meio geogr~fi­
~eperã-nlaneí1:a' co"mo emprega"e enriquece os materiais cultu­
rais provindos do exterior ou de 5ua própria criauvldaJe., ' 
" t\':'" ,j" Boas Jefendia que o estudo da história cultural era o único meio 
que permitia a compreensão da sitllaçâoe'ãs-caracterLsucas atuais de qual~ .1 
quer soaedade, pois para ele, o conhecimento da história cultural~ não era 
rpC!O estudo do passado, mas ~ ~cvia ser aplicado à observação do prc­
"":":,-,,-,,;.;:c;:;;.:.:-;o--..,.:..::.:::"'-.­
s~Fe. 
O método histórico cultural de Boas estava pautado no estudo 
cuidadoso e Cletà1naroã~Te~6men'o5 locais, onde se destacava) o estudo 
dos o~eto~s e acontecimentos singulares ou especificas no tempo e espa­
""",__ ,._. _. 	"d·O"·__..... , • 
ço. Correlacionou o-olhar' histórico com a invençàú e a difusão, Jo que 
resultaria a distribuição de elementos culturais em determinado monlento 
e área cultura. 
Da aplicação do estudo detalhado de fenômeno, lucros, dentro 
de uma área bem definída e geograficamente pequena~ con1 as compara~ 
ções linutada& à área cultural que constituiu a base da investigação, surgi­
ram as histórias das culturas de diferentes tribos de sociedade simpies_ 
A metodologia histórico-cultural de Boas se afastou do entendi" 
menta evolucronista cultural do século XIX, onde a preocupação era glo­
bal e coletiva sobre a Cultura. Todavia, atravçs de Boas passa a haver 
preocupação com a indívíduaiidade ou diversIdade de culturas, 
P3ra Boas, os aspectos psicológicos da cUltura eram tarnbém lei 
vados em conta, pois ;;~ft;ça~';~";-~ejeição de qualquer traço ()u C()m~ 
plexo cultural dependia de bto(es psiquicos e y:uaíqlH.:r regularidade oU 
J 
ilj 
EltZr!/(' l "mZ0tJt .' Ill!I~"' 
_._____ Si,ll1ey l"ranáuo HeI r riM r m f !" 
-~-~-~-­
uniforrrudade do prOCC$SO reHeua'J. uniformidade de processos mentais, 
e, assim sendo, as iCl,s ou regularidades culturais tornar-se·iam~ na análiSe 
final, de "'!tu.!.eZa psio,iógiç", ---' 
_";.;- A influência d.e Boas fOl muito t..:.onsiderávd. por sua preocupa­
ção de ~e:gsão na descrição dos fatos observados e de conservação 
,metódica do patrimônio recolhido, Foi conservador do M:;;se';d;;' New 
.:;York, professor universitário .e.!?r~~~~_(?~e~ g~~~?O de antropólo­
}gos norte-a:nericanos (Kroeber, LOwie~ Sapir, Herskovitz, Línton c. en1 
;;seguída, Rum Benedict, Margareth Mead),_ Ele se tornou o mestre da An­
,:.:t~~pologia norte-ameriç~~~_~~ p~!?~i~a metade do século XX. 
. No entender de Presotto e Tv[arcoru Wissler1 que era contempo­
de Boas, apresentou a idéia de que a cultura se dividia em padrões. 
padrão cuhnral significava o agrupamento de complexos e traços cul­
formando uma organização maior, de feições distintas, que carac· 
uma cultura, Para ele, o aprendizado Jo indivíduo ocorria desde 
~cia. No seu oUlar. a cultura significava apenas um conjuntO de reflc­
condicionados, podendo ser estudados por si mesmos. Tentou dar à 
cultural um mesmo slgnificado histórico, combinando-·a com a área 
O conceíto de área de idade fundamenta-se enl dois postula-
a) traços complexos culturros tendem a difundir-se de forma igual 
em todas as direções, a partir de sua origem; 
b) a análtse de áreas, onde se difundem traços complexos, per­
mite verificar a idade desses dementos, uns em relação aos ou­
tros~ no âmbito da mesma região. Segue-se~ assim, que se dois 
~=-.rncsma.JonLe_,s~,Qif':;-i!di-';-~-pór áreas deJiguais, 
aqu71~_q.u~JC?r ~ncontrado mais distante é o mais antigo. 
Para Mcrcíer " ,a contribuição de Wissler à Antropologia norte-
não se limitou aos estudOs sobre aS áreas culturais, Ele traba­
de pattern cultural. Como todos os traços culturais se assoei­
também os complexos culturais em cada grupO hu­
assodarn de maneJra particular, expressando a totalidade da adap-­
condições de v ida 
PauL Hi~lórill da ,lUHnpn1t,~~. p. (," 
ImoilçiiO ti ./'lntrv/XlJ'O/1.1I1 }Nndu,F por onde t.":,JrtiJ,; (J lmm(.lf11dade? _~__ - -------­
Neste sentido, o paliem culturt1i (ou configuração cultural para 
outros autores) é a unidade significaUva de estudo de uma cultura e não 
isoladamente o traçor O complexo ou a instituição. Com uase nestes estu­
dos, o autor percebe que todos os grupos hutnanos buscam resolver os 
mesmos problemas fundamentais, conduíndo pela presença em todas as 
culturas de igurus categorias de base, dos nlesn10S temas de ação, ou seja" 
a existência de um pattem universal de mltura .rujos componentes ele tentou 
descrever: linguagem. cultura material, arte~ tnitoiogia, práticas religiosas, 
família, organização social, propricdade~ ciênda, governo, guerra etc. 
Para o mesmo autor, a influência de K.roeber na Antropologia 
norte-americana se operou nos estudo~ Ja disrobui.ção dos traços e com­
plexos culturais. Cabe corno exemplo a pesguisa antropológica das déca­
das de 30 e 40 do século XX, na Universidade da Califórnia, sobre as 
culturas indIgenas do oeste dos Estados Unidos. 
O objetivo dessa pesquisa era empreender a comparação e amili­
se da;) rdações históricas entre muitas centenas de popuiaçôcs, cada uma 
com utna cultura própria, e que não ~e haVIam abastecido da mesma 
maneira nos fundos culturais comuns que tinhanl à disposição. O trabalho 
consistia em estabelecer, em todas as populações pcsguisadas, a lista de 
traços e tnais tarde do que se puderia chamar sub-traços - de que se 
notava a presença, a ausênCia e as modificaçôes. 
A caracterÍsrlca original da pesquisa foi ter chegado a um requinte 
de pormenores até então desconhecido. Em rdação ao conjunto da re­
gião, a primeira lista de elementos culturais compre:enrua> em 1935, um 
pouco rnaís de 400 traços cuJ!uraís significativos; uma lista publicada em 
1942 e rdativa somente a uma sub -região, chegava a aproximadamente 
800. C" numeros ," 
Na ótica de Mercicr" ) .Kroeber deu também sua contribuição na 
distinção dos conceitos de difusão por contato, da difusão por estimulo. 
Na difusão por contato há ° empréstimo direto de um objeto ou institui­
ção na forma exata que lhe é dada pelo grupo doador, guaísquer gue 
sejam as modificações de funções que lhe: lmpõe o grupo receptor. 
u 
Para majores deulht'!· dCSC:i i'C"~'ltll.~i! anllr'p"t"P;'(" ","> " ire H·n;Jencl;J Ja:. ('>'lr.i35 de 
Kroeber. vJI;k .. ()bra '1<' MEJ{('l~'R. l'::.ul Hl51ód:o d;.t Olnlj"p')!0j.;i:. Sã,· 1'1.111,) Edij(lr\l
Moraes, )')74 
"MERCll:H I>.~,! .Huno!!.. d~ .. 1:lr"i,~!/ugHI.. ~ ".1 
... EiizeJt Lanzoni A /VCJ 
_____________ S';dnf] Francúto Rei! dos Santo! 
Na difu!".âo por estimulo, somente se retém o princípio em que ~e 
baseia o obieto, a técnica, :a instituição, o empréstimo é então uma inven­
ção induzida. Entre estes dois conceitos K.roeber propõe um terceiro 
olhar, através do conceito de difusão controlada) onde novoS elementos 
cuIturais~ propostos ou impostos simultaneamente., não são obrigatori~"" 
mente aceitos em conjunto: o grupo que faz o empréstimo efetua, nâo 
raro~ uma triagem entre seus elementos e essa triagem expressa não so'­
mente a nattlrez.a de. suas necessidades) como tambétn seus prindpios de 
organização social, sua visão de mundo, seus valores éticos. 
Na Antropologia, no ano 30 do século XX) surge a Escola 
~cionàlista , cujos pressupostoS básicos itnprimiram diferente forma 
~icativa dos fenômenos culttlrais. 
Os pensadores de Escola compreendiam a cultura não maiS com 
origens ou sua história, mas cum a lógica do sistema focalizado, ou 
'defendiam a visão sincrônic3] procurando conhecer a realidade cul-
T em dado momento e a visão sistêmica, relacionando a sociedade a 
organísnlO. uma unidade comp)cxa a um todo organizado. 
A Escola Funcionalista antropológica sofreu int1uência organicista 
funcionalismo sociológico, onde Herbert Spencer e Emile Durkheím 
os pioneiros nO desenvolvimento da análise funcionãI nos seuS 
sociológicos na Inglaterra e França, respectivamente. Esta ten· 
organicista herdada do funcionalismo sociológico, levou os Antro· 
funcion.listas a perceber que qualquer uaço cultural e ~~ 
cul-
Cada costume é socialmente significativo, já que integra uma es~ 
participando de um sIstema organiz.ado de atividades. UnIa cultu 
um organismo, mas um sistema. 
No entender de Presotto c Marconi", os elementoS básicos dc~ 
!Dalismo anl fl )1" ,lógico ~lo; 
;,'1..0"" ,k \,Hha,i( An!10p(,j"~I •• >liH"
1v1~· "J'" , ',; ~,HC\ 
http:difu!".�o
'". ,üd' OÜJJ/,; jurldtc, •. Plvond:- t,Unll1/.}/1 ti /UO.V/!/l,{,r.it'{ 
· .i\ Cultura é um. todo slstémicv~ Joll:iJo de raciona{jdaJe pró­
pri:a~ cujo funcionamento deve Ser captado em dadu nlomcnto. 
, Constitui-se de partes interdependentes. relacionadas entre si e 
corri o sistenla socioculturai em conjunto. 
· ()s conceitos de natureza humana e de cultura levaram à con­
cepção da existência de um nllUldo natural e de outro artificial 
etn correspondência mútua. 
· Criação da teoria da necessidade (Malinowski). 
· Reconhecimento e valorização da função desempenhada pelos 
elementos culturais. 
, Para Malinowski, as instituições culturais são a unIdade de aná­
lise. Para Radcliffe Brown, são as estruturas sociais 
· O arcabouço teórico de Mallilowski é funcional, o de Radcliffe 
Brown é estrutural-funcional. 
· Introdução do relativismo cultural, que permite visâo do cená­
rio social e cultural das sociedades difer('>nt~s, sern que nele ::;ejanl 
projetados os valores do observador. 
35 
No entenclimento de Azcona ,princípals restrições ao funciuna­
lismo antropológico estão relacionadas à aplicação de três de seus postu­
lados básicos: 
a) Os elementos culturais e as atividades sociais padronizadas são 
funcionais para todo o sistetna; 
b) todos os elementos culturais realizam funções sociológicas; 
c) todos estes elementos sào consequentemente indispensáveis. 
Além de existirem disfunções em todo sistema cultural, 
com freqüência que um mesmo eielnento pode ter várias funções, e 
só função pode ser realizada por elementos intercambiáveis"'. 
,-,------­
AZCONA, J(:~us. AntropoJogia 1- His(ória, p.l0:>-1Q4.
• No entender de Azcona (1992:103-l04pp) r;stas rcsuições estulllm vinculadas diretamente 
ao funcionalismo 1l4tropológico de Mdinowskt, que !leria MO fundonalistn.o ingtnuo, 
Lasra colocar em relação 0.5 diversos elementoS <:ulturals para Ufaf seu signifh:ado. 
exemplo. na ~U;l obra A vida slXuallÍcJ s~lvoguf.1 (1929) escreve, uteralmente: MUI oit;~tmJ 11(1 
n/4 lI'tofwgrafo tI'U d~mQ"rtmr (I prinnpi" fJi1tilaNrlfftdl dfl ",,",d(l j$.llf.tMiIIl. q~'fia I1'Ws/rar qUIlo 
tÚ)s j4lo1 ,..,/<111/)(11 m? !tXQ pcá: dar k11t1l jJiia &fJrrJ(a IW qJf, SigtUftM a J4da ,';;'.:,,111 pllnt 1I"l po{J(J. • 
esr;t resrrlçiio :110 furH:t<:malumo de MaLinowskl n.ão r-etiu a sua .... ontubmçio p~n. lo Antrtlpo\1JgfJ 
Ingk'lt c ml.mdl'ld, pOIS entre $eus Íll\joletos méritDs <,;llba ((',,~a!nr a lcenwaçio 
unl'resnndlbllidade dn tÜNtra 44 ",t'l:Jligapirl Ot{U!SIl'(f, C,]!le tQO:'llsre h"$lc<tmente nutUa 
f:ll\~dr' 1 Alva 
Yr·íl1l!v Frafti"tfc' f{N( S:m!vs----_._-_. 
17
Para Presotto e Mar.-;:",z;l ,a.s principais cnn::rihuiçõe.'; do Funcio­
nalhrno Antropológico sã,; as seguin teso 
a) Traçou uma reaçao positiva às teorias do EvoluciQuisfiu) Cul­
tural e Difusionisrno, principalInen te em relação ao conceito de 
sobrevivência. 
b) Valorizou a pesqwsa de campo que aproxima o observador 
aoS grupos nativos (lue passaJ.TI agora a ser o centro de referên­
cia, reconhecidos como portadores de padrões próprios e reS­
peitáveis dentro da lógica do slstenla que desenvolvem. 
A) Principais Representantes: 
A Escola Funcionalista
l8 
teln C0010 principais representantes 
MalinOW5ki (1884-1942) e Alfrerl Reginalrl R.dcliffe Brown 
Malinowski era polonês, mas estudou e viveu na Inglaterra~ onde 
os seus trabalhos. 
e:uusttva de todos os dado~, inclusive daqueles que pueccm se! 
Marl:l Ne'H':s . .\1ARCONI, Marina de Andr:1lde. Antropologia urna 
~ salientar. t:ullbém, a com\"llJulçio de Edward Evltn Evans-Pdtchard' (1902-1973) e 
t Mau.s (1872-1950) ao desenVOlvimento d:.t vertente esuutural funcionalista da Escola 
eu AntTôpol6gic~ na inglaterra e França, respec:úv:lmcnte, lun~ 011 :.tutores sofreu.rn 
d.in:t:L du funcionalismo $oclológico de Ernile Du!kheim (1858-1'917). O antropólogo 
Prítchatd re:llJzou estudos acerca das sodedades afncan:lll (entre 1926 e 1936 
zmdé e com os nuer. Ent!e \942 e 1944 viveu com 05 beduínos). As su~s 
slo; Bf7iX4ri". mllgia t onín4los MIrr (11 zaffJJ (I 937).0.1 ffll" (1940.1951 e 19%), Os 
e em eolahoração com Meye! Fortes, SisUfllla.s ptJllJim afri&&llItJl (1(40), 
funcêll Mauss nuceu em :Epjnal. Fumça. cuia Gbr~ fo.i marcante 
social conternporâne:.t e çonsiderado. como. o pai da antropologia 
Dutkheim e nascido qua~orze ano.s mais tarde e na mesma 
com o. do e foi seu a!Si~tente, e tornou-se profenor de religiio prjmitlva 
PrllliqNt ,lu Halllt.l tlil(l~s, cm Paris. Fuudou u Institutu de Etnolo.gb da 
Paris (1925) e também lecionou no CnUege ih FraJfn'; (1931.1939). Sucedeu o. 
da rev:iSt:1 L'AI'fMt S()atJlogiq,,~ (l89'8-FJ1J), onde puhlicou um de seus primeiros 
Henti Ruben. Eua; 1I~r [&I Ifatlln tt la fo"mIJIf tlu J4t:ri!i<r (1899, e também Euol fltr 
rrJfsM ,l, i'irMffgt tltUli lu u)riili.l an;haiqJu! (197.5): a sua obra ml1i$ conhecida, 
r~bém numeroso! :attlg"s pl1U penódicos especla!izados. muhos prc)duzlljos e 
~ colaboração com th:rw rhbert (\39'J,t!){}5) y\lC reuniu em Mélangeo; J'hrsMI'" 
(~9Q9). Os tubalhos mau lmpnuant>es do aut'lr, 'lw~ morreu em Pllns, apareccm no 
r."'.tJfftropoJogu (19MJ) I~nfn' onu'os tubaJho'> de ';ü::I ólU(Ori" wannuam notorIedade: 
mit},etie. (190t}, ENUlrU d';ilf( :hiOrH }!,irJindt .ü la .w4J;1t (1902), EiSa; 1"1' k dCf' 
er a:lthmpologle: 
Li 
http:Etnolo.gb
http:sofreu.rn
http:passaJ.TI
http:UO.V/!/l,{,r.it
lninação ti A"flVpf'logia }lin'dlc.:i:j'JOf" ondt: ttllJúnha a bU!7'J4nidade? ___________ 
_~9 
Para Laplantine ,Malinowski influenciou a Antropologia desde 
1922, quando publicou O, Argonautas do Pactfico OcitkntaL Ninguém antes 
dele tinha se esforçado em penetrar tanto nas tUlt\írlis pré-industriais. Nas 
su..., estadias sucessivas, na ilha Trabriand, procurou compreender de dentro 
a mentalidade desta cultura. E ainda, parJ. O mesmo autor, o pens1tmento 
de Malinowskí instaurou uma ruptura COm a história conjetural (a 
rec '. - ativa dos estãgiôs), e também Cum a geõgrafia
~speculatJva das teocias difusio~stas, e co\ sjdetava que uma sociedade 
deve seresrudada enquam i ma totalidade ta! como funciona no mo­
mento mesmo onde a observa falinowski, a Antropologia se 
torna uma ciênci{da(a1teridade e'peito.o Ser de Cultura diferente d. 
nossa), pois deix'\de lide...Q cionismo cultural de reconstituição das 
origens da civilização, e se dedica ao estudo das lógicas particulares carac­
terisricas de cada cultura. Ao se ler Os Argonautas, o seu autor, mostrar­
nos que os costumes dos Trabciandeses, tão diferentes dos nossos, têm 
uma significação e urna coerência interna. Estes costumes nâo são vestí~Tj. 
os de uma humanidade pré-indu,uial, mãSSiii1Slsternãs:tOgfClJs"perfeita_ 
menIe~pClãSUa-Cii1t'i:IT'!: Afuâlriiente, os antropologosestão 
convencidos de que as sociedades diferentes da nossa são sociedades hu­
manas tanto quanto a nossa~ que os homens e mulheres que nelas vívem 
são adultos que se comportam diferentemeflte..çje nós, e não primitivos, 
autórnatos atrasaúos que pararam em uma épo~à"distaiite. Todavia, na 
época de publicaçãu do livro, esta forma de pensar as culturas além do 
et.nocentrismo do eixo europe~ô f~j revolucionária. 
Presotto e Mar~oni m()s.t.t:.a_11L~a obra pÓstuma de 
Malinowski, intitulada Uma teorUl cientifica da CII/tura (1944), o autor expõe 
os fundamentos do seu funcionalismo antropológico. Na base do pensa­
mento malinowsk.iano, os conceitos de natureza humana e de Cultura con~ 
figuram O ponto de parti~-f~~-;'ção de süàtêôo"""a-,-::n"a:-q"-u"ãl"-a-pró­
pria cultura é conceituada a pattír do conceito de natureza hwnana. Se' 
todos os seres bumanos pertencem a uma espécie anirnal~ Jó PQd~rão 
sobrevJver quando suas necessidades biológicas forem satlsfeitas pelas 
~ras de que parucipam. 
~ ~~~~~---
:;;;---"-, 
l..t\Pl.'\N"'!i'Jí" F(ajl~(;AS. ApfClLdt'r antrupulo~ia, p 791:\0 
~ PRI"" ,rn '. /.~Iu "",,, "c·.". "1 '.i(, '(" M""", oi,. I,n",,", AH""I''':''"'' uH"lflt(HdUtr';~'. 
EiJ~1t L.::mZf'nt ."'1IvF.' 
---------------------- Jidnry l-:'-nncúro Reú do; ,)'",nlm 
Ao satisfazerem essas necessidades primárias, as culturas o fazen: 
construindo novos tipos de necessidades. Surge daí a sua teoria das neces­
sidades hwnanas, consideradas universais. 
primárias ou biológicas (nutrição, defesa, excreção etc.) 
derivadas ou instrumentais (organização econômica, educação 
etc.) 
integrativas ou sintéticas, (magia, religião, arte1 etc.) 
(~~'" humano, ao satisfazer as necessidades primárias criada., pela 
!lU~1a ríatu~~, ~~;~sttOi -um-_arnblente- seCu~d~Io- em resposta às e.xi­
'!iici.;.d-;;~.;-;prÓprrâ·_;;~vência. Este ambiente' arnfici;L[é a cUltura 
f.priame~<p}a':"'!lle, se~do Malino~lõ~(!"vé serenten.ci[J~ Ç";,mo 
iIl todo V'vo e lOterligado, de natureza dinatn1ca, onde cada elemento ou 
~ço temufi'lârünção espeí=Úica';- d~s~;;;p_e!lh.;;rno e;q;;;;:;;; inteW;1. 
ii::::-"~D·lníitêS-Raai::liffe·13rõwncõnsiderava a cultura-;:Orno um siste· 
a importânCIa da função e da estrutura social 
para a manutenção do equihbrio da sociedade. O 
sociedade ocupava papel central em seu pensamento, ona?a 
da qual a função de um elemento é o papel que ele representa em 
social, razão mesma da manutenção da eStrutura e da integração 
Considerava não propriamente "necessidades'-'-, mas falava em U con_ 
necessárias" de existência, para atender aos interesses de so-r:;'Fevi­
grupos, ." , ...... 
O autor inglês se dedi;pu mais à Antro~ogia Social do que à 
preocupou-se com ~ conceito de sistc , entendido curno wn 
tii:organizado, embora ten~ur.dado as sistemas de parentesco, 
A cultura como um todo sistTtnico não fuI esrudada 
que de certa forma deixou de enfatizar os aspectos da cultura 
canalizando seus interesses em direção aos aspectos da vida soci­
--~-:-"=----_ .. , 
41 
Explica Azcona que Radcliffe Brown entrou no cenário antr"­
em 1922 com a obra intitulada: The Andamon Is/ander, (Os In,"/a"os 
A sua teoria antropológica de sociedade se baseia na ex~ 
ritual dos scntirnento:-:. Para o;;; ("o;:;ttlfIleS (f'rimoni;t.i<; o;:-ão os 
._-------. 
r<""ih~. "IH r"p' daj!;ia 1_' ti iN!<H 'o, 
--
,:.'., 
,j :'.1;;; ,L ;rtl:J ,­
''cu ,,f.<i "iJ't!}f!I'I.i r)J,tt;'lflr!r;.!;t: __~_ 
rncJtJb ,uravé:, do!' qwU;; ',~ socieriade 3t'.l:l sobre 5éUS membros c rnantém 
------------~~'~--~~~~~~~~~~~~~~~~ 
em SU~l cabcç' um'ch_:tcnninudo sistetna de sentirllcntos, Sem o cerin1onJ-­
a1 nao cxistiríam esses senrinlentos e sexn esses sentimentos não existiria a 
s.ociedade. A sua teoria. é, também, influenciada pelo funcionalismo soci­
ológicO dc'\)..';'~m", 
A diferença entre ambos os autores consiste nisto: enquanto 
Durkheun trata de sohlcionar o problema da integração ou não integração 
do indivíduo na sociedade, Raddiffe Brown admite c assume, como ponto 
de partida, que a sociedade está baseada'rú.lffi 'sistema de sentimentos que 
se expressa) obrigatoriamente, auavés "qe rituaI~ Apesar de não se poder 
demostrar nem negar as explicações d~das pg:t' Radcüffe Brown sobre o 
pranto ritualizado dos insulanos andamaneses, elas nos oferecem, não 
obstante1 interessantes sugestões para compreender a cultura ddes. 
r;h A análise contextuaJizada de todas as situações em que se deve 
chorar atira à margem a análise baseada na universalidade da tristeza e 
abre as portas a uma investigação do simbolismo do pranto nos rituais 
dos andamaneses e outras culturas" . 
No pensanlcnto de Raddiffc Brown, a função~ a estrutura, as 
atividades, os grupos e relações são realidades inseparáveis do processo 
da vida que é a socíedade. Processo da vida que nada tem a ver com o 
org'.lnismo biológico, nem com o desenvolvimento de uma forma ou de 
., 
Radcliffe Brown tinha uma lloordagem e$trurural-fundonabsta (mai~ próximo do 
funcionalismo sociológico de Durkbdm, do .que do estruturalismO' de U...-i-Strauss)~ isto é, 
uma inStituição sod:a! tem a função dc contribuir para a manurenç30 e continuidade da 
estrutura. Oll sodedade. O autor inglês ddendia o e~tudo ,,incrôruco e :admitia li eJOstênda de 
bltuns rIlllls inteiradas ou menos. Ele dellenvolvcu cO'nc;;droll lospirados no sodólogo 
uUe; OuckheJ?H no que se tefêit: 10 estade ~"SQló~ço das 50oedades, sua saúde ou doença 
sóÓaf Rdaclon.tdo ac nível da integcaçlo.llnàat!ItUe Brown àquelas 30dedades que 
tendem para lima integrllçàó $odal saud~vel. devemo5 apljc'ar o rermo fillhlll1l14. Para. um. 
sociedade des"nnônic:a, caractennda pela desordem e nlto-int~graçio. o termo ê dÜhomilJ. 
Com 0$ conceitos de Iltfori4 e diifhnil ficam cIlnlcteriz2dos tespecti Iramente :a ordcm e o 
conflüo, ou sejl\, o equilíbtio ou a disfunçiio social. Pau maiores ~sd:arecimentolJ sobre o 
entendimento do fundO'na!i:!ltllO sociológico de Emik Durk.hdm, víd~ a obra: r.ALLP..MENT. 
Michel. HistórÍ2 das ldéi:aa Sociológica.. Du Origens 11 Max W~ber. Petrópo!i1:V02CS. 
2003,197,254pp, 
H Conforme Azeona (1992:I04-10Spp), Raddiffe Brown afirma que entre os anda:m.ne:f~s 
ins.ul.tno,$ lU .etincipltis ocuiõc! do pranto cerimonial do as Segu1rttcll: 1) QuandQ se encontnm 
dOls ~!&~S ,9~~!?~~~$ que e~,~~~m ~p.~r~d~.~~m temp?~~__se abra5lUl) .~--.chorv.n. 2) 
Na cet'tmOOla de lazer as pues,_ as dUU f.~~~~~g~..!.Ill.e~~!'lJe5ÊP.!.!l'!l juntas e !e 
;1btllç:~m, 3)No finãrae-um periOdo"àitlütO:. 0$, 'ill!!gQJ!.s{JiLenlurados cl\or:am ~O( e/eA) Na 
morte de alguém. amígos ~ paré"nf'!s abrái;atn o-cadávet_~__qi_~ati06t,r~re:-s) Quiõdo são 
exurtl1ldo$ -os-- cnros--dç- algum homem f)U-:-~ijgyr0.4~t:. deve-:w: cho~r sol?~es< 6) Na 
celebração de nupci:a$, os pâcencesde c~~a__~!l..!,~~.~~~~ sobre o noiv.?~ noivll. 7) Em lrario1 
momentos da... cerimônias de 'inid:u;iu, 0$ PIilCe.rttcs Temmmos aõ1õvem o\.i"(ia IOVerll choram 
sobre. ele ou ,~()b[e da 
1,' 
\lITl elemer"to a outro, ao esulo speocenanu oe. tnab!'..ow'3ki:tno. Tr.ua--;e 
de proceW) formado pelas representações coletlvas e pelos práticas soci­
ais manifestadas através das relações (vínculos) concretas que se estabde· 
cem na sociedade. De acordo com esta concepção, o estudo antropoló­
gico repousa sobre o exame de duas formas de relações: as relações entre 
o sistemade costumes e o dos sentimentos sociais, e as rdações entre estes 
últiInos e a organização social, 
1.6- Configuracionismo Cultural: (Escola Psicológica 
,é: Tipológica do Comportamento Cultural)
OU 
. o Configuraciorusmo Cultural é a quarta escola de orientação 
!i!i:ropológica em seqüência bístórica, Esta Escola recebe influência do 
no:rte-americano de Boas, pois seuS principais representan­
l (Edward Sapir e Ruth Benedict) foram seuS alunos. 
Entretanto, esta Escola se diferenciou do difusíonismo de Boas 
da busca da integração e a singularidade do todo, tendo corno 
básico a integração da cultura, 
O Configuracionismo Cultural é a combinação de diversos t[a­
complexos que integram um sistema de cultura de uma área em um 
dado, que depende da presença ou ausência de uns ou outroS 
da cultura e da ntaneira como os mesmos se encontram uni­
cultura sería, portanto, um conjunto integrado de elementos c\lltu-
Lencontrados. em determinado tempo e espaçO, cujas partes devem 
de tal modo entrelaçadas que formem um todo coeso e uniforme, 
uma das partes for afetada, automaticamente afetará as demais... 
De acordo coro PresottO e Marconi os principais elementoSJ 
do Conflguracionism() Cultural são 05 seguintes: 
a, A confIguração cultural é um todo funcional, formado de par­
tes em reciprocidade de ação; a cultura não pode ser entendida 
como nlera somatóría de elenlentoS, ou análise de cada parte, 
mas vista, no seu conJunto, como um todo uniforme e operante. 
MARCONT, Madn,t de i\nJu.ll" Anttopoio~ia uml1 
Ne .. es 
3~! 
http:i\nJu.ll
!mr1ú{~.~f' ~J ~"-l!1'rl)jJoiogl':; jmi.iit ..., por unde rammha ti br.Ifllanit/adff ____ _ 
b. A Integração das configurações culturais c sua malnr ou menor 
coesão dependem da vitalidade e do funcionamentu da cultura, 
pOIS o grau de integração correlaciona-se ao fundoflamcnto mais 
uu menos eficaz da sociedade. 
c. O conceito de difusão de traços e complexo culturais deve 
evidenciar os aspectos psicológlcOS que interferem no mesmo. 
Assim, certos elementos são selecionados, tendo por base o inte­
A) Principais Representantes 
() Configuracionismo Cultnral 
• o, o 41 
Edward Saplr 
_._~••_, ______ ••••__~ __~•••• 
'ritbe 8aliemar, ramhem. a 
~.gu:tadúuiosmj) CultUnll. AntropÓloga nasdda 
~ .t'!t$onahdade e 
te a adolescência em 
contemporâneas, sendo pioneira 
~ etnognífica. Seu mtecesse concenttou-se 
1usive 
::petqu.i-sa junto aos 
[)), 
redpro~a admiração 
Non Iorque, em 1918. 
-
-
~ 
~n.kluat;io dos dado~ foanais, e e!>rudou 
; .e' a Pllit:ologia em 
tínsepatlivd do p-e-nlamentC), 
pencn! /' ,I uma 
SI!'U {',nhe-llll>ent,' 
atttt:C!(:IIl;;. !I;l'H ,d~. 
d" .. H'I,I<o'"'' 
resse do todo; aceitam-se aqueles elementos que podem ser úteis, 
rejeitando-se os quC' não se encaixao1 no contexto. 
d. Os empréstimos culturais são readaptados de acordo com as 
necessidades do grupo em pauta, e visam a sua integração cultu­
ral, todavia, o proces::;o não é necessariamente consciente. 
.,
No entendimento de Presotto e Marconi ) as principais restri­
ções ao Configuracionísmo Cultural estão relacionadas a algumas posi­
ções metodol6gkas tomadas por Ruth Beneruct, onde se percebe um 
determinado número de lacunas e mesmo falhas em seus estudos de 
integração do todo cultural. 
O mecanismo de integração proposto por Benedict não está ple­
namente explicado nos estudos dcla, pois a integração no sentido de urna 
cultura total dominada por um principio adicionante central parece ocor­
rer com relativa raridade. Dessa forma, para ser útil na descrição c C01l1­
paração das culturas, o conceito criado por Bcnedict deveria ser passível 
de aplicação ll1ais ampla, Ou seja, como se apresenta é mais utilizado na 
análise de determinadas culturas e não na cultura como Um todo. Toda­
via, asseveram ainda que as principais ('onrribuiçi'ies de Bcnedict p~ra O 
Configuracionismo Cultural são as seguintes: 
a. Emprego de vários conceitos, tais corno: configurações cultu- , 
rais, padrões de cultura total, propósitos, molas mestras, objeti ­
\tos, onentações etc. 
J'JU.SI j I}, /.eli'l Ml.Cla N{".'e~. MARCor-:J 
HUt~)duçi.i", J' ~~,): Ml\PII,j de /d1dfhi< 1\r1lff)l'''l"v.:''' lima 
", 
Eli~!'!t: LmZOtli ,/fá'f; 
...~--- .\'uinV' 1+4'11Cúro Rei.t dOI Jantai 
b. Desenvolvimento da idéia de yue lodo curnportamento cultu­
ral é simb6lico. 
c, Investigação concreta dos casos culturais. 
d. Empréstimo dos conceitos psicolÓgiCOS de Nict2she e Spengler, 
na classificação de dois tipos de cultura: apoline. ou cultura 
introvertida; dionisíaca ou cultura extrovertida. 
'" ten1 (Q010 Seus príndpais repre­
• <lt!
(1884·1939) e Ruth Benedict (1887-1948). 
_00 
conwbuiçlio de MHgateth Mead (l~Ol-1978) pata n 
em Filadélfia, f'ensHvima,o faro,msa pela 
pelo ngor Científico, GraduolJ~!;e (1923-1929) na UOlve nudade de 
::m NOVll Jnrqul:", onde fni -a~un:,l do anrcopój"g"1 Fran;r Boal' (1 S,jôi· 1 tJ42), r.: tnbalbnu 
Americano de Hi!ltórill Natural (1926-1969). Além de uma pesquiu. de tampo 
Samoa. ellt\ldou os povos ágrafos da Oceania e complexas 
na utiliz.ação da fotogtafi" para documentação 
em vári.os aspecto$ da psicologia e da 
a infinda e a adolesçC\uáa. o condicionamento cultural do comporurneuto 
caci.tter nac.lOflal e a mudança culrucaL Casou-se ~Qm Gregory Bateson (1904-19BO), 
famoso genetkista inglês WiUiam Bateson (1861-192õ), quando empr~endiam urna 
nll.tivos da ilha de Bati (1936 19:l9), da qual resultaria Balinelc0 
um maE<:O na rustória da antropoiogia visual. Separarnm·<se {1951}, g'Luu:dando, 
e cumplicidade intelectual até ,uas morte3. ambas de 
Ge~gory e:l,creveu 23 livros, entre eles Cuming of Age in SlUnoa (1928), Growíng 
Guinea (193U), Sex and Tempetament in lheee Primitive Soci~tje~ (1935), 
A.ruUysis (1942) e Mllk and FemaJe (1949). Publicou tambtm uma autObjografll'l 
eleita pres~denta da Anodação Americana para o Progresso da Ciência (197 3) 
nburg. 1884-New Haven. 1(39), lingüista norte-americano de origem 
!,t'la Univec!iÍdadc de Coiumbia de Nova Iot<j,uc. em 1909, foi professor 
d.e Califómia (1907·1908), Pem,.ilV1lniana (1908~1?10)~ ~hicll8O (1925~1931) (' 
dir~t()e da secção de antropologta do Museu NaCJon:aJ Canadense em Ottawa, 
do, neogracruiticos~ Jruciou posterlormente~ sobre a influência de Ftanz 
estudo sobre lU Ungua, amer/ndiJtll. A deserição dC$t28 Ungua$ o levou, a 
II necessidade de isolar a noção de fonema, o que lb.t: af1l8tou dos trabalhos dr.: 
do dn::uio lingüístico de Pcaga. Elabotou urna nova cipologia das lÚlguu 
os problemas de funoJagia. morfologia 
relação com a lingua e a <:uJturao Sua conct:pção de que a 
ao qmr.i umdicHJna, fer, ele afamar que todil Ungua 
~ent2çào ,imbólka da cealidade ~em;ivd (teoria conhecH:ia (orno hipótese d(' 
do mundo dI': UIO f:'nvo determirado I: conseqüência d:/. 
clIlleg' '! fll dt:' t ('1,\,'1.': "iU(' 01;<ntem UOi qlho na crise dt; :S~u 
;J ,I', ~"nlplela Jc seu!. (uotempodiru"'()\ 
1:"111 t,,\·, .. , 'li,,:; 1(·Ot\\!; !fJt!lio1f,Ull ',1' dI': 
('111ft" . ,.1\,'1'" I"'! "'ld.iHIl!.dt, f 'JjUlad:o "f!! 
http:ld.iHIl!.dt
· tfl· -h.. : :(' ,'lnlroj:uPh',d i '~-n,:1 ,. 1'1.;' j I, ~. ' 
Na óptica de r-.1crncr 
")
,r',dW.ill.: 0:tptt rUl o pnnlclro represen­
tant.e d~sta Escola a defender :a ;dcia ql..it'; tuJo cotnponamento cultural 
tem uma tOf(.figuraflio intoNSClenlif, .{ue nem setnprc e comunicado à rncntc, 
mas que dá à cultura um feitio próprio. Ele acrescentou, também, que 
todo comportamento cultural é simbólico. ou seja, tem como base os 
sentidos, que sào compreendidos e comunicados entre os diferentes ele­
mentos de uma sociedade. Para ele, as culturas não são entidades verda­
deiramente objetivas, mas configurações abstratas de idéias e padrões de 
ação, que têm significados infinitamente diferentes para os vários indiví­
duos do grupo em causa. 
Os comportamentos culturais são simbólicos; a cultura, como a 
linguagem, baseia-se em significaçàes partilhadas por todos os membros 
de tuna deternúnada soàedade. Assim comoa língua, cada cultura tem 
um estilo que lhe é próprio. Para ele, a cultura é um conjunto de interações 
entre os individuos. e como uma totalidade de significações que cada um 
desses indivíduos pode, para sí mesmo1 abstrair inconscientemente 
participação nessas interações. Dessa forma} as culturas são configurações 
pallems que cada indivíduo pode viver a Sua maneira, dando-lhe significa­
ções diversas, naturalmente den tro de ternúnados limites. Sapir atribui, 
uma personalidade à cultura, à soàedade e ao comportamento cultural. 
O entendimento Configuradonista Cultural de Sapir leva em 
siderações os fatores de linguagem dos povos, onde ele propôs 
perspectiva alternativa sobre a linguagem em 1921, ao sugerir que a 
guagem influencia a forma como os indivíduos pensam. A ideia de 
foi adotada e desenvolvida durante a década de 40 do século XX, por 
ex-aluno, Benjamin Lee Whorf (1897-1941), dando origem á Hipóte:u 
de Sapir-Whorf. 
ingieSll, dourorou-se na U~uidade de Coiúmbia. Com :a tese TIH c,,!lUpt fIj 'IH GKaniht" 
ill N()rIIJ A#I"~ (1923)~ sobrt': um mito onipceseutt': entre os índios Ilmecicllnos. e otie 
por rranz Bou. Inicialmente t':5creveu poesias are a década st':guint~ (1930). sob o pseudônb 
de Anne Singtt':ton, ertqu:anto pesquüava ciênCIas sociais, procurando desenvolvet o 
de que :as culturas eram construções inttgradn dt': elementos intelectuais, rel.igioaos e 
Mmrt':u em Nova Iorque. sendo SUIU publicações maia imp()rraor~s Z",,, M,phoJqlJ 
sobre folclore e religíio de tribos indlgenu lUnencanas e canlldemliu; PalkntJ oj Cu1tN" 
sobre os padrõ(s de propriedade. crenças religio3lts e riruais; Ran; Samu dlld 
onde se preoeupou em l1!:var ao pLíblJ(:n ieigo uma V1.l;ào dara do que o biólogo 
raça e o qU1!: o cienllsta sabe sobre ucisnH), e TlM ChryJQtfllMmllIH ali" tIH SJWnJ P~JJ4nH 
CltllHn (1946), onde tratuu ~obre 05 padrôes culturais d0 po....o iapone:s oos campos 
tConomlco, rdigwso e familiar desde o século XVII 'até a decada de 4Q do secuk'l' 
... MERCIElt. Paul. História da antro~logi<t" p, 1 to 
1_' 
,ii!1r~ i ·r;Jt!":é:·j tZt'I . .-I,;, 01: 
Saplf atlnnaV:-l ,-!UC a pcrccpçàn de um observador sobre o ITIUnCf 
ao seu reJor é controlada de alguma torma fundamental pela linguagern 
"~;'~i'Ue ele usa_ Por exemplo: () conceito de tempo nos tempos verbais ­
,:1itresente, passado, futuro. Na lingua hopi não há tempos verbais, mas 
(:lc diferenciação sobre relato de fatos, expectativas e verdades 
Também Benjamin Lee Whorf achava que a linguagem pode res­
o pensamento, ou seja: a linguagem funda a realidade. Nomes de 
por exemplo, podem variar enormemente. Em navajo, cinza e azul 
só palavra; em hebraico, há uma palavra para azul do céu e outra 
do mar. Em shona, há uma SÓ palavra para laranja, vermelho e 
Sapir acreditava que a lingüistica como ciência é uma forma de 
uma evidente ruptura da cadeia historicamente construí<.la. 
Mercier50 diz que Ruth Benedict teve o mérito de ter desenvolvi· 
idéias implícitas no ternl0 configurações culturais: apresentada na 
Padrões de CU/tllrtl (1934) onde ela afIrma: "Uma cultura, como um 
é um modelo mais ou menos consistente de pensamento e de 
iDentro de cada cultura surgem objetivos característicos nã0 neL't:S­
partilhados por outros tipns de sociedade. Em obedIência a 
:>bjerivos, cada povo consolida cada vez mais sua experiência. leva 
~ogêneos aspectos de comportamento a assumirem formas cada 
congruentes. Se as culturas conseguem esta subordinação ao todo 
de seus modos heterogêneos de comportamento, tendo em 
objetivos característicos ou impulsos, diz-se que estão integradas. 
apresentam objetivos próprios que podem ser definidos pelas 
ideológicas que nela se desenvolvenl", 
Beneclict. o conjunto não é apenas a soma de todas as suas 
que resultou uma nova entidade. As culturas são maÍs do que a 
feições particulares que as constimem} poÍs se apresentam como 
mais ou menos felizes de comportamento integrado. Cada 
posstÚ propósitos próprios ou molas mestras emocionais e 
que entranham o comportamento e as instituições de unla 
Uma região, por exemplo, deve ser observada como 
guxação cultural de instituições, costumes, tradições, meios de 
dentro de certa área geográfica, com caráter próprio, 
consa"rou a expressão padrão cuitural (pattern ,'ultMmlj, 
num sentido muito mais global do que Sapir. Dentro dus 
~----,----"-- --_._-~---_. 
I-Ihuima da antrlllpologia, p lll, 113 . 
1. : 
http:constru�<.la
imaaféio ri Antro;bolo.§;u:J}untÍ;;"4:I,)r úruJl: ..<J;lJ1t1IJtl d hu!.rld",dadd 
padrões culturais, os tipos culturais apoHneos e dionisíacos se destacam. 
O que caracteriza estes tipos culturais não é sua ausênCla ou presença num 
determinado povo, mas o fato de serem orientados enquanto totalidades 
em diIeções diferentes, pois uma cultura não é uma série de elementos 
superpostos, mas uma maneira coerente de utilizar todos eles. 
No entendimento de Mercier, Benedkt acreditava que a unidade 
significativa que a Antropologia deveria esmdar é a configuração cultural. 
Cada culmra é caracterizada por configurações particulares que se infiltram 
em todas as instituições, toda a vida social, todos os comportamentos 
inclíviduais. Qualquer ,ulrura visa objetivos que lhe são próprios e 
ser defInida e de certa fi1anelra percebida como realização especifica 
pel.s grandes correntes ideológicas e afetivas que nela se desenvolvem e 
impregnam inteiramente. Na escala extensa de tendências e motivações 
hrunanas, cada uma encontra certas notaS e com elas elabora o seu 
dominante. 
Benedict considerava que cada cultura teria uma certa personali­
dade de base na relação com. o seu índivíduo, pois, par::l: ("Ia, muitos 
n13.5 de valor, todos significativos, podenl coexistir Duma cultura e. 
tanto, de maneiras diversas nela serem admitidos. Mas. por outro 
lem.bra que um individuo na sua cultura domina apenas o que lhe é 
sário para desempenhar papéis defInidos, ocupar posições determinadas 
estas personalidades de posição dão colocações clíversas à personalidade 
de base. Enfun, ela observa que todos os inclíviduos são capazes de 
tribuir para modificar a própria cultura e, por conseguinte, 
personalidade(s) de base que a caracterizam. 
1.7- Estruturalismo 
O Estruturalismo é uma orientação teórica em j\ntropologia 
recente. A escola estrururalista desenvolveu-se paralelamente ao funcionl 
,lismo " e teve Seu apogeu nas décadas de 40 e 50, na França, através 
Claude Léví-Strauss.(1908). 
,1 ------~--------- ----~--
Par4 Pre,'iOfto c Marçoru (200Ú'.-:II}p; e-'U~!'erll r"'C{1U'S ,1'" ,-un((,rdlu, ..., lorle 
e ().cs,trll"aah5lHQ Al> principlI!' ~d.f):l.5 \('!!-1)lI1C:~, 1, \/I_~à(, \IP<!(,,,;',, da <') 
'jl;tetruc~ r: glr.,b;;di:rlllilC do fcnúnlC"oo ntiLH:l, "~I !\tiP\õ", Jn 1(,,111), ('~'! 'I na .\, blflnénUllS 
C5t oh f n\!i~ r:'~;l;. 
EIIze/(! L,aJ11PIU AliJe'; 
Sidnty FranwaI R.eú dos Santos 
Para PresPUO e i\1arcoru" ,os elementos básicos do estruturaUs-
A) Visão sincrônka e sistêm.ica da cultura. 
B) Visão globalizante do fenômeno culrural (o conhecimento do 
todo leva à compreensão das partes). 
C) Adoção das noções de estrutura social c relações SOCIaiS. 
D) Utilização de modelos na análise cultural. 
E) Unidade de análise: estrururas mentais inconscientes. 
f) Compreensão ampla da realidade cultural. 
No entender Mere!er (1974:106p), as restrições residem na clíli­
de demarcação e acompanhamento das transformações culturais 
nas estruturas mentais básicas nas sociedades heterogêneas. ()u 
~,definição de uma base comum, de um substrato universal, aprovei­
mesma formula de Lévi-Strauss ê) nessa perspectiva, indispensá-, 
não pode ser indiscutível, quer se enconue no inconsciente cole­
na identidade das estruturas mentais. O método estruturalista 
no máximo de sua eficiência quando se aplica a um conjw1to 
~relativamente homogêneo, onde culturas clíversas foram construld.s 
em grande parte comum; pode-se, então, attavês delas, acom' 
transformações sofridas por um sistema çultural.

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