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www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais RICARDO RAMBO ANDRE LOPES www.isulbra.com.br www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Introdução Ao final de meus cursos sempre era procurado por alunos que gostariam de ter acesso a artigos sobre o método russo de treinamento. Além disso, com o tempo também percebi a necessidade de ter um material de apoio para as aulas teóricas e práticas. Pensando nisso, selecionei artigos, histórias e programas de treinamento que ajudam no entendimento do vasto e profundo conhecimento dos russos sobre treinamento desportivo e treinamento de força. A escola russa de treinamento de força é mundialmente reconhecida como a mais eficiente, influente e verdadeira origem de vários meios e métodos que hoje existem. Por intermédio do professor Antônio Carlos Gomes, em 1996 conheci o “método russo” com as aulas de Yuri Verkhoshansky e Tatiana Fomitchenko na minha pós-graduação em musculação. Foi uma experiência transformadora. Em 1997, fui pela primeira vez à Rússia e estudei na Academia Estatal de Cultura Física de Moscou. Conheci pessoalmente Lev Matveev, Andrei Zakharov, Anton e Alexsey Shalmanov, Viktor Seluianov, Eugene Miakinchenko e Anatoly Matveev. Conheci também a maravilhosa cultura física russa. No Brasil, fui atrás de toda literatura em inglês, espanhol e português que existia na época. A partir de então, os resultados começaram a aparecer cada vez mais nas minhas como personal e no treino dos meus alunos esportistas. Foram anos solitários. No Brasil, poucos conheciam ou acreditavam nas diferentes formas de treinamento que eu estudava e aplicava. Por muitas vezes fui considerado louco. Em 2000, tive a grande oportunidade de ser novamente aluno de Verkhoshansky e pude perceber ainda mais sua genialidade. Pude manter um precioso contato por e-mail com ele e sua filha Natalia de 2007 até o seu falecimento em 2010. Ele me chamava nas mensagens de Riccardo (com dois “c”). Neste período, tive a oportunidade de fazer uma pequena contribuição no seu último livro - no qual fui premiado com um agradecimento em uma das páginas. No ano de 2015, realizei novamente meu sonho e retornei à Rússia, desta vez acompanhado da minha esposa e também especialista em treinamento Grazziela Favarato. Espero que você, leitor, tenha nesse livro o mesmo prazer que tive com essas informações e histórias e que a leitura o ajude a pensar e não apenas copiar treinamento. Essa foi a grande lição que tive com o “método russo”. Os capítulos do livro são independentes e você pode escolher por onde começar. Bons estudos! www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Estrutura de aquecimento 1. Massagem (liberação muscular) 2. Alongamento passivo (quando precisar) 3. Elevação da temperatura (aquecimento geral) até 140 bpm 1. Exercício cíclico 1. Contínuo (ou) 2. Intervalado 4. Ginástica articular 1. Mobilidade articular 2. Alongamento dinâmico 3. Ativação de estabilizadores (escápula, quadril) 1. Core (incluindo lombar) 5. Exercícios específicos 1. Tensão intramuscular 1. Alongamento dinâmico (mais intensidade) 2. Pliometria (baixa intensidade) Levantamento de Peso Olímpico Nomenclatura 1. Posição inicial 2. Primeira puxada arranque (Snatch first pull) 3. Transição 4. Arranque força (Muscle Snatch) 5. “Estabilização Grazzi” 6. Agachamento de arranque (Overhead Squat) 7. Klokov Press 8. Paused OH Squat 9. OH Squat Frog 10. Muscle snatch+ Press + OH Squat 11. Arranque “caindo” (Drop Snatch) 12. Entrada de arranque (Snatch Balance) 13. Arranque sustentado (Hang Snatch) (acima dos joelhos) 14. Arranque sustentado (Hang Snatch (abaixo dos joelhos) 15. Snatch (saindo do solo, abaixando a barra da posição “hang”) 16. Classic ou Squat Snatch 17. Puxada de arranque Snatch Pull 18. puxada alta de arranque (Snatch High Pull) 19. Arranque apoiado no bloco (Snatch off Blocks) 20. Arremesso força (Muscle Clean) 21. Agachamento frontal (Front Squat) 22. Agachamento frontal braços estendidos www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais 23. Arremesso força + desenvolvimento + agachamento frontal 24. Levantamento terra romeno (acima e baixo dos joelhos) (Romanian deadlift) 25. Arremesso sustentado – barra acima dos joelhos (Hang Clean) 26. Arremesso sustentado (Hang Clean) – barra abaixo dos joelhos 27. Arremesso (Clean) (saindo do solo, abaixando a barra da posição sustentada) 28. Arremesso (Classic ou Squat Clean) 29. Puxada de arremesso (Clean Pull) 30. Educativos da posição “split” 31. Push press 32. Power Jerk 33. Jerk 34. Afundo Jerk Distribuição de meios de levantamento de peso olímpico nos microciclos para Educativos assistentes: 24. Drop Snatch 25. Snatch Balance www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Sessão de treino 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1.Back Squat * * * * * * * 2.Hyperextension * * * * * * 3.Snatch First Pull * * * * * * * * 4.Press * * * * * 5.Power Snatch Off Blocks (acima joelho) * * * * 6.Power Snatch Off Blocks (abaixo joelho) * 7.Snatch Pull * * * * * 8.Snatch Pull + Power Snatch * * 9.Power Snatch * * * 10.Power Snatch + Over Head Squat * * 11.Classic Snatch * * * * 12.Front Squat * * * * * * 13.Power Jerk * * * 14.Jerk From Racks * * * 15.Power Clean + Front Squat * * * * 16.Clean Pull * * 17.Power Clean Off Blocks (acima joelho) * 18.Power Clean Off Blocks (abaixo joelho) * * 19.Clean First Pull * * * * 20. Clean Pull + Power Clean * 21. Power Clean * 22.Classic Clean * * 23. Clean & Jerk * www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Técnica dos levantamentos e biomecânica aplicada. transição 2ª puxada www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Treinamento inicial. Semana 1 Power snatch (Arranque de potência barra acima dos joelhos) Agachamento por trás Desenvolvimento por trás Snatch pull (Puxada de arranque até os joelhos) Hiperextensão lombar Semana 2 Arranque de potência barra abaixo dos joelhos Agachamento por trás Desenvolvimento por trás Snatch first pull (Puxada de arranque até os joelhos) Snatch pull (Puxada de arranque) Hiperextensão lombar Semana 3 Power snatch (Arranque de potência) Agachamento por trás Puxada de arranque até os joelhos Arranque de potência + Overhead squat (Agachamento de arranque) Puxada dearranque + Arranque de potência Desenvolvimento por trás Semana 4 Arranque de potência + Agachamento de arranque Snatch (Arranque clássico) Puxada de arranque Puxada de arranque até os joelhos Semana 5 Arranque de potência acima dos joelhos Push Jerk Agachamento pela frente Puxada de arranque até os joelhos Puxada de arranque + Arranque de potência Hiperextensão lombar Semana 6 Arranque de potência barra abaixo dos joelhos Push Jerk Agachamento pela frente Arranque de potência Puxada de arranque Hiperextensão lombar Semana 7 Arranque de potência Jerk Agachamento por trás Puxada de arranque até o joelho www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Puxada de arranque abaixo dos joelhos Arranque de potência + agachamento de arranque Semana 8 Arranque de potência + agachamento de arranque Arranque clássico Jerk Agachamento por trás 10 lições sobre Levantamento de Peso Olímpico 1. A barra exige força explosiva, velocidade, habilidade reativa, coordenação e vontade. Não é simplesmente uma questão de “jogar” a barra para cima. É impossível “jogar” a barra. Você puxa o mais alto que pode e entra embaixo o mais rápido que pode. 2. Técnica e eficiência biomecânica são condições fundamentais. “No weightlifting, a técnica é o meio pelo qual a força é expressa” (Chernyak, A.V., The Optimal Ratio of the Triathlon Exercises Tyazhelaya Atletika, Sbornik Statei. Fizkultura I Sport, Publishers, Moscow, 1971). 3. Estudos soviéticos dos anos 60 encontraram uma relação adversa entre exercícios de força máxima (o “Press”) e exercícios de força explosiva (Snatch). Alexeyev levantava no máximo 270 kg no agachamento, enquanto seus adversários levantavam em torno de 320 kg. Mas no Jerk, ele chegava a 256 kg. Seus adversários mal chegavam a 220 kg. 4. Não é possível “pensar” no movimento. "Uma importante peculiaridade nos exercícios de weightlifting é a brevidade da performance, o que faz ser muito difícil e quase relativamente impossível implementar correções conscientes durante o levantamento da barra” www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais (Vorobeyev, A.N., Tyazhelaya Atletika, Fizkultura I Sport, Publishers, Moscow 1972). 5. Em relação ao item anterior: Não tente ensinar ou corrigir demais, principalmente durante o levantamento. O bom treinador é o calado! E o período de ensino dos levantamentos, com uma progressão pedagógica correta, é essencial. Não pule etapas do processo de ensino! 6. Para levantar a barra com a máxima velocidade possível, os músculos devem estar relaxados. Eles devem entrar em ação somente no momento necessário. Essa habilidade está diretamente relacionada com a maestria técnica, evitando uma desnecessária co-ativação dos antagonistas. O excesso de tensão psicológica e o excesso de treinamento de força máxima e hipertrofia também são fatores que impedem o relaxamento dos músculos (Verkhoshansky, Y.V., Fundamentals of the Special Physical Preparation of Athletes, Fizkultura I Sport, Publishers, Moscow, 1988; Falameyev, A. I., Salnikov, V. A., Kimeishei, B.V., Some Observations about Weightlifting Technique, The P. F. Institute of Physical Culture, Lenningrad, 1980; Sokolov, L.N., The Significance of Speed in Weightlifting and Methods to Develop It, Tyazhelaya Atletika, Sbornik Statei. Fizkultura I Sport, Publishers, Moscow 1971). 7. Comece a levantar rápido para se mover rápido (Frolov, V.I., Efimov, N.M., Vanagas, M.P., "The Training Weights in the Snatch Pull," Tyazhelaya Atletika, Fizkultura I Sport Publishers, Moscow, 1977; Zhekov, I.P., Biomechanics of the Weighltifting Exercises, English Translation, Sportivny Press, Livonia, 1992)! “Não importa o quanto constante se aumenta a força, weightlifters não podem realiza-la completamente por causa do tempo limitado determinado pela amplitude da tarefa na qual as relações de trabalho da cadeia cinemática têm para executar nos exercícios de competição” (Verkhoshansky, Y.V., Fundamentals of Special Strength Training in Sport, English Translation, Sportivny Press, Livonia, Michigan 1986). 8. A entrada embaixo da barra é uma habilidade reativa, não um esforço consciente. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais "Existe um perfeccionismo inconsciente da habilidade de mover os joelhos abaixo da barra no processo de treino. O mestre do esporte completa essa fase em 0.11 segundos; o atleta das classes III a I em 0.16 segundos." (Falameyev, A. I., Salnikov, V. A., Kimeishei, B.V., "Some Observations about Weightlifting Technique," The P. F. Institute of Physical Culture, Lenningrad, 1980). 9. Em relação aos itens 8 e 9: Técnica = Velocidade! 10. No jerk, o meio-agachamento deve ser feito de forma reativa, com o menor tempo possível para “frear” a barra na fase cedente e começar a fase de superação. Treinamento russo. O que realmente e resumidamente é. Aplicações práticas. Há três fatores que causam uma confusão e má interpretação do que é o Treinamento Russo. O objetivo do texto é esclarecer e resumir apenas o Treinamento Russo aplicado aos esportes. É impossível escrever de forma resumida sobre toda a Cultura Física da Rússia. O primeiro ponto importante para o entendimento do Treinamento Russo é: Para ser bom em um determinado esporte você deve praticar o esporte. Existe uma programação de treinamento a longo prazo que prepara a criança adequadamente para que ela melhore a técnica de um determinado esporte de forma progressiva. Através dos anos e de seus resultados quantitativos e qualitativos, o atleta é classificado em classe III, classe II, classe I, até chegar em Mestre do Esporte. Nesta fase, o atleta já experimentou tudo em relação ao seu esporte e sua técnica é perfeita. Resumindo: para correr mais rápido é preciso correr! Neste sentido, Verkhoshansky tem uma grande lição: "Correr para correr, não! Pensar para correr!" No treinamento russo, www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais apenas as formas mais eficazes e econômicas são utilizadas. E o processo para encontrar essas formas é contínuo. O segundo ponto a ser levado em consideração é: o resultado esportivo depende da velocidade da execução do gesto. Para ganhar uma corrida, deve-se correr mais rápido. Para fazer pontos em um esporte de combate, é preciso desferir um golpe mais rápido. A aplicação do treino então deve responder a seguinte pergunta: o que vai ajudar a correr ou desferir um golpe mais rápido? Quais os meios e métodos de treinamento que aumentarão a velocidade do exercício competitivo, o gesto desportivo? Todo o resto é complementar. O terceiro ponto importante é: a ciência por trás dos exercícios e métodos. Cada aplicação é testada e analisada através de muitos dados. Por exemplo, no arremesso de martelo em distâncias superiores a 75 metros, os resultados de praticamente todos os atletasmostraram correlação entre um determinado exercício e o próprio resultado do arremesso do martelo. Veja mais: Ou seja, é muito mais importante para um determinado atleta em uma determinada fase de treino, treinar com um martelo de 10kg do que aumentar sua força no agachamento ou treinar saltos. Nenhuma metodologia é utilizada se não for comprovada e reproduzida para a melhoria da performance dos atletas. Bom, esse terceiro ponto nos leva ao quarto ponto importante: de acordo com a característica biodinâmica, o efeito de treinamento e o período temporal de sua utilização, os exercícios são classificados em: Exercícios preparatórios gerais, Exercícios especiais e Exercícios competitivos. Desta forma, fica mais fácil escolher um exercício de acordo com a fase e a necessidade do atleta, aumentado sua eficiência e evitando desperdício energético ou sobrecargas desnecessárias. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais A metodologia Treinamento de Força Especial foi desenvolvida por Yuri Verkhoshansky e engloba exercícios especiais em que, basicamente, se trabalha força e técnica juntas. O Treinamento de Força Especial é o uso sistemático de um complexo de exercícios de força (resistência) especializados e direcionados para o aumento da (produção) potência do exercício competitivo em uma determinada disciplina esportiva. Quinto e último ponto: Periodização (Matveev) ou Programação de Treinamento (Verkhoshansky). A diferença entre os dois pode ser entendida da seguinte forma: Periodização é um walkman enquanto a Programação de Treinamento é um iPhone. Os dois aparelhos “tocam” música. Nada no Treinamento Russo é aleatório ou por acaso. Cada etapa de treino tem o melhor exercício e a melhor metodologia para aquele período. O treinador sabe de onde o atleta sai, o que deve acontecer com ele durante todo o processo e quando e onde se quer chegar com o treinamento. A Programação de Treinamento leva em consideração não apenas princípios pedagógicos de distribuição de carga, mas também a Teoria do Treino (estímulos e recuperação), conceitos e princípios da adaptação biológica, mudanças no treino (ajustes, devido a prontidão) e regularidade de treino. E, assim, ao longo de décadas e de milhares de medalhas de ouro, foi criada a metodologia de treinamento mais eficaz em todos os esportes... “Não nasce grama onde russo pisa”! Será que os profissionais do Brasil sabem, de fato, o que é método de treinamento? Isso não estaria diretamente relacionado a não sermos uma potência olímpica? Olhe para os treinadores deste país. Os bem-sucedidos e os não tão bem- sucedidos treinadores de futebol, treinadores de força, treinadores de pista e os atletas auto treinados. Do colegial até os profissionais, você vê alguma continuidade? Você vê algum raciocínio subjacente ou esquema ou abordagem? Vê algum esforço real para unificar nosso conhecimento e experiência coletiva? www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Conhece pesquisas em curso verdadeiramente significativas que acabarão por chegar às mãos do mundo de coaching de rank-and-file? Conhece qualquer esforço para fornecer aos treinadores dos jovens atletas o benefício do treinamento científico e técnicas que são mais do que apenas slogans (quando as coisas ficam difíceis a mentalidade ficar difícil ir)? Eu não vejo nada disso acontecendo aqui, mas vi na Rússia. Armados com computadores de primeira geração, uma população desportiva e um pensamento brilhante por parte dos seus cientistas do desporto, os soviéticos procuram a vantagem. Eles buscam ativamente a sabedoria de treinamento. Eles compilam, analisam, experimentam e manipulam. Encontram os métodos que funcionam melhor e descartam os que não são tão bons. Aliás, os que não funcionam foram descartados nos anos 50. Periodização Periodização é a estrutura e organização da temporada de treinamento que deve respeitar os princípios científicos da atividade física, distribuídos através de meios, métodos e dinâmica de cargas. É o processo no qual o treinador define as linhas de orientação do treino a longo prazo ou ao longo de uma temporada anual de preparação. O principal objetivo da periodização é elevar a forma desportiva para obter êxito nas competições. Lembrando que forma desportiva é o resultado, a ótima correlação de todos os fatores do treinamento (físico, técnico, tático e psicológico). A periodização serve justamente para direcionar, organizar e distribuir as cargas de treinamento ao longo da temporada, buscando a potencialização do rendimento de todos os fatores da forma desportiva. Hoje em dia, a periodização passou a ser entendida como prescrição de exercícios e treinamento, mas em um sentido mais amplo, levando em consideração todos os aspectos que podem influenciar o atleta e o treino. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais A periodização não pode ser entendida como uma parte isolada de todo esse sistema. Vamos falar sobre cada um deles: O sistema de competição leva em consideração as características da competição de um determinado esporte, como, por exemplo, a quantidade de competições no ciclo anual, a duração das competições, a fisiologia e mecânica do exercício de competição e a carga competitiva. O sistema de treinamento, o “Treinamento Desportivo”, é o processo pedagógico de preparação do atleta. São componentes do sistema de treinamento de preparação do atleta: Preparação física, Preparação técnica, Preparação tática, Preparação psicológica e Preparação teórica. O sistema de fatores complementares diz respeito ao que não pode ser treinado, mas é também importante para auxiliar e dar suporte a preparação do atleta (tecnologia do esporte e suplementação nutricional, por exemplo). Todos os sistemas e seus componentes devem estar interligados de forma sistemática e harmoniosa para a garantia do resultado - que é a melhora da forma desportiva, a performance máxima, no tempo correto. Na estrutura de preparação do atleta existem seis níveis de organização: seancé, sessão de treino, microciclo, mesociclo, macrociclo e a preparação a longo prazo (muitos anos). Cada um destes níveis visa a obtenção de objetivos específicos em relação a preparação do atleta. “Seancé” é o nível estrutural que pode estar dentro de uma sessão de treino, com meios e métodos de treinamento específicos para uma tarefa em particular. Desenvolvimento de atletas a longo prazo O treino desportivo deve ser entendido como um processo que se prolonga por muitos anos. Os treinamentos compreendem diversos períodos do desenvolvimento do atleta conforme a idade, com grandes variações no conteúdo, dinâmica de cargas e estrutura de acordo com a lógica do aperfeiçoamento desportivo. O planejamento da preparação a longo prazo é a estrutura principal que sustenta o processo de especialização www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br– cursos online e presenciais desportiva em que os jovens vão adquirindo maturidade e o grau de formação necessários para conquistar com garantias de êxito o período posterior, que possibilita o alto rendimento. Matveev propõe a divisão da preparação em três grandes períodos: Preparação básica, consistindo em um primeiro momento inicial com duração de um a três anos seguido da principal, com tempo de dois a três anos; máxima manifestação das possibilidades desportivas, com duração de dois a quatro anos e a segunda etapa de quatro a cinco anos e, por último; longevidade desportiva, com estabilização de quatro a seis anos de duração e posteriormente a transição e acondicionamento geral, sem limite de tempo. Platonov destaca 3 períodos: Primeiros grandes êxitos; Período das capacidades ótimas; Período da manutenção dos altos resultados. Estes períodos são divididos em etapas que estão relacionadas a uma sequência rigorosa na solução de determinadas tarefas de preparação do desportista, com base nas particularidades biológicas de desenvolvimento do organismo humano. Platonov divide os períodos preparação a longo prazo em cinco etapas: Preparação inicial; Preparação básica preliminar; Preparação básica especializada; Concretização máxima das capacidades individuais; Manutenção dos melhores resultados. Gomes e Zakharov e Gomes também descrevem a preparação a longo prazo (PLPMA) em cinco etapas: Preparação preliminar; Especialização inicial; Especialização profunda; Resultados superiores; Manutenção dos resultados. O modelo LTAD (“long term athletic development”) divide a PLPMA em 7 etapas: Iniciação ativa; fundamental; aprender a treinar; treinar para treinar; treinar para competir; treinar para ganhar; ativo para a vida. Devido ao caráter específico de cada esporte e características individuais do atleta, os limites de idade das etapas variam consideravelmente. Conforme Platonov (2008), a duração e estrutura da preparação de muitos anos no esporte depende dos seguintes fatores: “Do gênero e de outras particularidades de cada desportista, do www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais amadurecimento biológico e do ritmo de crescimento da maestria desportiva; Da idade com que o desportista começou a prática desportiva e da idade com que ele ingressou no treinamento especializado; Da estrutura da atividade competitiva e do preparo do desportista necessários à obtenção de altos resultados; Dos princípios que regem a formação dos vários aspectos da maestria desportiva e dos processos adaptativos dos sistemas funcionais essenciais para a modalidade praticada; Da composição do treinamento (meios e métodos), da dinâmica das cargas, da construção das diversas formações estruturais, da adoção de fatores complementares (alimentação especial, aparelhos, recursos para recuperação e estimulação da capacidade de trabalho, etc.).” Essas etapas da PLPMA devem ser eficazes no processo de ajuste no organismo do desportista, de acordo com as exigências da modalidade, o que somente é possível quando a organização do treinamento permite o estabelecimento de dificuldades progressivas correspondentes. É imprescindível planejar a preparação para buscar os melhores resultados na faixa etária considerada ótima - que não é a mesma para homens e mulheres. Etapa da preparação preliminar Etapa iniciada na idade escolar, sob a forma de preparação geral (educação física múltipla), enfatizando a capacidade de trabalho geral, saúde, segurança e desenvolvimento harmônico de todos os sistemas do organismo. Zakharov e Gomes e Matveev explicam que no processo de preparação da etapa preliminar não se deve apressar a especialização desportiva, mas proporcionar ao desportista iniciante a possibilidade de experimentar sua capacidade e vivenciar diferentes exercícios desportivo e, somente depois disso, definir a futura especialização, aquela que melhor corresponde às suas particularidades. Gomes afirma que as principais tarefas nessa etapa são: assegurar a preparação física multilateral e a formação harmoniosa do organismo em desenvolvimento; ensinar diferentes gestos motores que são necessários à vida do indivíduo (correr, saltar, escalar, lançar, nadar e outros), inclusive gestos básicos direcionados para futuras sessões desportivas. A preparação nessa etapa deve caracterizar-se pelo uso de meios, métodos, formas organizacionais variadas, com ampla utilização de elementos dos www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais diferentes tipos de esportes, jogos recreativos e desportivos. Uma análise retrospectiva da preparação da maioria dos desportistas comprova que nos primeiros dois ou três anos, o treinamento teve caráter puramente recreativo com base na ampla utilização de elementos de diversas modalidades. Platonov ressalta que não devem ser planejados treinamentos com cargas físicas e psíquicas que exijam a utilização de material com rotina monótona e invariável. A construção dos hábitos motores é a base necessária para o aperfeiçoamento subsequente dos movimentos racionais e técnicos, por isso é importante que, desde o início, as crianças sejam levadas a assimilar as técnicas dos exercícios completos e não dos detalhes individualizados. Filin e Platonov observam que, nessa etapa, os treinos devem ser realizados de duas a três vezes por semana com duração de 30 a 60 minutos, totalizando um volume anual entre 100 a 150 horas. As atividades devem estar relacionadas organicamente com as aulas de educação física da escola e, geralmente, aplicadas na forma de jogos. Gomes e Zakharov e Gomes afirmam que, na etapa de preparação preliminar, ainda não há necessidade de aplicar a estrutura sistematizada - característica importante das etapas subsequentes. Etapa de especialização inicial Quando o treinamento começa na adolescência ou antes é importante que haja uma ampla preparação geral. Nessa etapa, a orientação para alcançar resultados elevados é tratada com limitações, apenas com uma perspectiva longínqua. O objetivo mais importante consiste na criação de boas bases para os futuros resultados como alcançar um desenvolvimento multiforme e harmônico do organismo; elevar o nível geral de suas possibilidades funcionais; enriquecer o conjunto dos diversos hábitos motores e assimilar os fundamentos do aperfeiçoamento desportivo. A especialização inicial funciona como uma sequência de provas combinadas. No ciclismo, por exemplo, o atleta passa por BMX, mountain bike, estrada e pista. Isto corresponde a uma orientação geral do treino e cria garantias www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais contra os erros na escolha definitiva da especialização. Durante os anos, o processo de treino adquire gradualmente os traços característicos do treino desportivo (crescimento do volume, intensidade e preparação especial). Em relação a periodização, o período preparatório domina quase por completo o ciclo de treino, com ampla variação dos meios, métodos e formas dos treinos. O período competitivoe o período de transição aparecem de forma “misturada”. A duração dos ciclos de treino deve ser reduzida no treino das crianças e adolescentes. A etapa da especialização inicial compreende 2 ou 3 anos e, ao final do processo, o treino fica cada vez mais completo. A estrutura do ciclo anual de preparação adquire características de periodização tradicional, ou seja, com períodos de preparação, competição e transição. O início dessa etapa está relacionado fundamentalmente com a modalidade desportiva em que se supõe que deva ocorrer a especialização do atleta, no processo de preparação de muitos anos. Na maioria das atividades desportivas, a etapa de especialização inicial coincide com o período da puberdade, condicionada pelo desenvolvimento intenso do organismo - em especial pelo aumento da estatura e da massa corporal, mudanças hormonais, etc. Zakharov e Gomes afirmam que a tarefa mais importante dessa etapa é assegurar a preparação multilateral do jovem desportista, visando aperfeiçoar as capacidades especiais nas etapas subsequentes. A capacidade motora, por exemplo, deve seguir o desenvolvimento natural, com atenção para a velocidade, coordenação, força muscular (com tensões mínimas) e ao aperfeiçoamento da resistência. Em relação aos objetivos centrais, Zakharov e Gomes mencionam o domínio das bases técnicas da modalidade escolhida, criando a possibilidade posterior para o seu aperfeiçoamento. Matveev explica que, durante a etapa de especialização desportiva inicial, o processo de treino adquire gradualmente as características de estruturação das cargas preconizadas pelo modelo tradicional. Os meios gerais de treinamento são dominantes e sua porcentagem no volume geral ao final dessa etapa diminui de 80% para 50%. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Zakharov e Gomes citam que a atividade competitiva na etapa de especialização desportiva inicial objetiva auxiliar na preparação do desportista; estruturar os exercícios com base em um programa simplificado em distâncias mais curtas do que as competitivas e em jogos de tempo reduzido. Essa etapa caracteriza-se por apresentar um volume de trabalho anual em torno de 300 a 600 horas. Etapa de especialização profunda É o período mais ativo da prática, no qual aparecem as capacidades desportivas e a assimilação do aperfeiçoamento desportivo. Os limites etários se encontram entre 17-20 e 35-40 anos. As leis específicas do treino desportivo se manifestam completamente nessa etapa. O treinamento é especializado, com aumentos consideráveis da preparação especial física, técnica, tática e volitiva. Isso acontece por um aumento do tempo dedicado à preparação especial. O volume e a intensidade atingem o seu máximo nos limites da etapa e a prática competitiva aumenta. O importante nessa etapa é assegurar uma renovação (variação) conveniente dos meios, métodos e formas de treino e manter uma ordem de alternância ótima dos ciclos, com diferentes correlações da preparação geral e preparação especial e diversos níveis de volume e intensidade das cargas. A etapa de especialização profunda é uma continuação integrada da etapa anterior caracterizada pelo aumento dos exercícios especializados. “A preparação nesta etapa exige um aumento do tempo e a submissão do regime de vida do atleta aos objetivos da obtenção de resultados” (GOMES, 2002, p. 98). A técnica desportiva já foi trabalhada na fase anterior, permitindo no início um direcionamento para sua consolidação. Uma das principais particularidades metodológicas dessa etapa é a elevação invariável do volume dos meios especializados de treinamento em relação aos meios de preparação geral. No aperfeiçoamento das capacidades motoras, é preciso dar atenção especial ao processo de preparação de força e velocidade do atleta, porque é um momento que permite exercer influências específicas sobre os grupos musculares que asseguram as possibilidades de força na modalidade praticada. Nas sessões de www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais treinamento da etapa de especialização profunda, manifestam-se os exercícios com pesos submáximos ou até máximos e volume relativamente pequeno. Filin afirma que continua o processo de aperfeiçoamento da técnica e tática e, geralmente, no início dessa etapa, devem ser assimilados os principais gestos técnicos, sendo que o atleta busca a sua automatização. O autor menciona ainda que, durante essa etapa, o principal objetivo é garantir o domínio perfeito da técnica desportiva em condições complexas, ou seja, relacionadas ao método competitivo. A preparação do desportista se processa nos termos de regime especializado que, ao final da etapa, pode apresentar de duas a três sessões diárias; ou seja, entre 10 a 14 treinos semanais, com um aumento substancial do volume e treinos que representem entre 600 a 1000 horas por ano, sendo que, em algumas modalidades esses valores podem ser superiores. Etapa de resultados superiores O objetivo dessa etapa é obter resultados superiores (máximos individuais) na modalidade de especialização. A duração dela coincide com os limites da idade ótima correspondente ao período de resultados superiores. Zakharov e Gomes afirmam que o volume de treinamento atinge os parâmetros máximos de 1000 a 1500 horas de treino anuais e, em certas modalidades, pode chegar até 1800 horas. Platonov referindo-se a essa etapa como realização máxima das possibilidades individuais (preparação para o alto rendimento) explica que o volume e a intensidade de trabalho chegam ao máximo - momento em que são planejadas as atividades com cargas elevadas, com número de sessões podendo chegar até 15, 20 ou mais. Etapa de manutenção dos resultados Essa etapa caracteriza-se pela redução das possibilidades funcionais e da adaptação do organismo em função da idade. Isso, claro, depende de uma série de circunstâncias, e há casos em que se continua a verificar um progresso do atleta em alguns esportes. De maneira geral, entre 35 e 40 anos deve ser realizada uma restruturação do processo de treino a fim de se manter e tentar prolongar pelo máximo período de tempo possível uma capacidade geral elevada. Em certa www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais medida, assegura-se também o aperfeiçoamento do que já foi conseguido, principalmente no que se refere a preparação técnica e tática. Na etapa de manutenção dos resultados, o conteúdo do treino assemelha-se cada vez mais a preparação física geral. Os meios de recuperação ativa são usados em maior escala e as competições são reduzidas. O aumento de cargas é realizado em limites de tempo relativamente pequenos e em apenas um único grupo de exercícios. O nascimento do treinamento funcional na Rússia Eu bem que gostaria que esse título fosse verdade. Estudei na Rússia, fui aluno do Professor Verkhoshansky e sou apaixonado pela cultura russa. Afinal, já dizia o poeta Fyodor Tyutchev: “Não se entende a Rússia com a razão / não se mede com medidas comuns / Ela tem forma própria/ Na Rússia pode-se apenas acredita”. Mas o título não é verdade. E vou explicar: É notável a origem do “sistema de treinamento físico funcional” nos anos 90 por treinadores de força e condicionamento e coparticipação de fisioterapeutas nos Estados Unidos. O objetivo desses intrépidos não era apenas melhorar a performance, mas também evitar os riscos elevados de lesão (que eram absurdamente comuns) e uma limitada adaptabilidade (fazendo com que o organismo humano pudesse melhorar em níveis cada vez mais altos e de forma contínua). Um sistema de treinamento “diferente” do que existia precisava ser “descoberto” para melhorar a função, com o propósito de adequar o treino ao corpo (articulações, músculos, fáscia, sistemas energéticos, etc.) e a pessoa (características e necessidades em relação a tarefa, no caso, atletas). Para isso, foram observados três pontos fundamentais: os meios e métodos de preparação física (que eram sabidamente eficientes na preparação física de atletas ao longo da história); anatomia funcional e biomecânica (comportamento do corpo durante o movimento); e conhecimento da fisioterapia da origem de lesões (fortalecendo os elos fracos que as causavam). Nasceu, então, o treinamento funcional! Mas, como é comum, os primeiros profissionais levaram anos para www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais formatarem o modelo atual. Nesses anos de tentativas, erros, insigths, estudos e muita prática houve uma “brecha” para interpretações erradas, sensacionalismo e aplicações do “sistema” (formado por princípios, meios e métodos de treinamento) sem conhecimento teórico ou prático por vários “experts” (pessoas com pouca e duvidosa experiência em treinamento). Do outro lado do mundo, atrás da “cortina de ferro” (na terra da vodca, da balalaica, da matrioska, de Tolstói e Dostoiévski, de Pasternak, dos Montes Urais, de Stalin e Lenin, de Gagarin e Laika, do Sputnik e da AK-47, do Kremlin e do Bolshoi, da lealdade e da resiliência, da Isinbayeva...), estava a maior quantidade de atletas mais bem preparados que o mundo conheceu, formados por uma cultura física séria e de elevada importância na sociedade. Dessa cultura, vem o treinamento desportivo que se fortalece metodologicamente nos anos 40 e na preparação para as Olímpiadas de Helsinque (1952). Daí surgiu o levantamento de peso olímpico; a “pliometria” (termo tecnicamente incorreto, mas esta é outra história!); a “PFG” (preparação física geral com exercícios usando próprio corpo que as pessoas em condições de combater em guerras faziam para desenvolver força, resistência, mobilidade e melhorar a saúde); o treino de força máxima; a bioquímica; o gyria (kettlebell); a força explosiva; o treinamento de músculos estabilizadores do centro; o aquecimento dinâmico; as massagens e terapias complementares para a recuperação e tecidos moles; a periodização de Matveev e; o salto profundo, a força explosiva, a correspondência dinâmica dos meios de treinamento para o gesto desportivo, a programação de treinamento e o sistema em blocos de Verkhoshansky. Isso tudo foi bem documentado pela literatura (mas ficou “escondido” do Ocidente até a Perestroica, em 1991). O auge dessa cultura parece ser os anos 70 e 80 e tem como marco a Olimpíada de Moscou. Estudando sobre o assunto encontrei passagens bem interessantes de Zatsiorsky e Verkhoshansky: "A limitação importante de muitos aparelhos de treinamento de força é que eles são desenhados para treinar músculos e não movimentos. Devido a isso, eles não são a ferramenta mais importante no treinamento de atletas” (Zatsiorsky, Ciência e Prática do Treinamento de Força, 1ª edição, página www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais 117-edição em português e página 80- edição em inglês). “O Método Conjugado que eu sei que foi inventado em 50 pelo meu professor, o famoso treinador de salto em altura V. Dyachkov. Foi uma brilhante ideia usar os exercícios de força especiais para melhorar a técnica dos atletas. Pela primeira vez na metodologia de treinamento desportivo foi introduzida a ideia de que para ajustar a técnica de exercício competição é necessário aumentar a expressão de nível de força em movimentos determinados. Naquela época, eu e Dyachkov elaboramos em conjunto este método e eu sugeri-lhe que o nome conjugado, porque os exercícios de força teriam que ser conjugados com as questões técnicas dos atletas. Depois, eu introduzi o Princípio de Correspondência Dinâmica para selecionar e elaborar adequados exercícios de força especiais sobre a base da análise da estrutura biodinâmica do exercício competitivo. Muitas vezes, na URSS o Método Conjugado foi usado também como a execução de exercícios de competição com sobrecarga. Em minha opinião a abordagem metodológica correta é finalizada para criar um sistema específico de meios e métodos de treinamento, no qual cada componente (também, exercícios aparentemente menos específicos) têm a posição exata no sistema de treinamento específico”. (Verkhoshansky, comunicação pessoal, 2008). Existem várias semelhanças e diferenças entre o “treinamento funcional” e o “treinamento russo”. A grande diferença é que o treinamento russo procurou cada vez mais se especializar para melhorar a performance de um determinado atleta, de um determinado esporte, em uma determinada competição. Nasdrovia, tovarich! www.isulbra.com.br www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais O nascimento do treinamento funcional na Rússia – Parte 2 Para escrever o texto anterior sobre a origem do treinamento funcional acabei me aprofundando na literatura da metodologia de treinamento da antiga União Soviética e da Rússia. E é aí que surge algo importante: encontrei várias evidências das bases do treinamento hoje chamado de funcional. Isso significa que os russos já haviam deixado sua marca muito antes de qualquer nova criação de meios e/ou métodos de treinamento funcional. Portanto, o título da leitura anterior passa a ser uma verdade também... Vamos entender melhor. Desde os anos 50, os russos sempre tiveram como objetivo principal do treinamento físico a melhoria da função¹ - seja para a população geral (preparação para o trabalho, guerras), seja para os atletas (esporte de alto nível). No caso da população em geral, existe um programa federal de exercícios chamado de GTO (“Prontidão para o Trabalho e Defesa”), criado na época de Stálin e recuperado por Putin em 2013. Esse programa consiste em uma bateria de testes com 11 estágios (de 6 anos de idade até pessoas com mais de 70). Os testes vão de corridas variadas e barra fixa até tiro com rifle e ski cross- country. Para isso, o sistema de treinamento russo prevê uma progressão sistemática da melhoria e especialização dos movimentos humanos e capacidades físicas através dos anos. É o treinamento a longo prazo que representa a estrutura superior na qual são traçadas as estratégias para a obtenção de uma medalha de ouro. Neste processo é evidente a preocupação não apenas com a eficiência do exercícioou treinamento (a dinâmica de cargas tem que assegurar a obtenção de resultados superiores), mas com a saúde geral do atleta para que este possa completar todo o ciclo de treinamento. A primeira grande evidência é a Teoria dos Sistemas Funcionais de P. Anokhin (anos 50). Para Anokhin, o treinamento deve estar relacionado a um objetivo e integrar o sistema nervoso central, o sistema neuromuscular e o sistema de abastecimento energético. Não apenas treinar o músculo. Essa teoria foi usada por Verkhoshansky como uma das bases da fundamentação de sua metodologia. Quarenta anos mais tarde, na “descoberta” do treinamento funcional no Ocidente, a definição ou conceito deste “novo” sistema de treinamento envolve os www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais termos “melhorar a função”, “treinamento com propósito”, “adequação ao corpo (articulações, músculos, sistemas energéticos) e pessoa (características e necessidades em relação à tarefa) ”. Então, no treinamento da antiga Rússia, um dos objetivos iniciais e principais do treinamento era melhorar o que eles chamaram de estrutura morfofuncional, criando as bases para uma posterior especialização funcional. A segunda evidência é o conceito de Mecanismos de Trabalho e Sinergias Musculares de N. Berstein (1967). Neste conceito, para aumentar o potencial motor (que foi “desenvolvido” pela estrutura morfofuncional), deve-se treinar os grupos musculares agonistas e antagonistas, grupos musculares responsáveis pelos reflexos posturais elementares (conhecidos no Ocidente e no Treinamento Funcional como “CORE”!), sucessão racional do recrutamento de diferentes músculos², as propriedades elásticas dos músculos (FÁSCIA!!) e o sistema do tônus muscular. Não é apenas aumentar o potencial de força dos músculos, mas a capacidade de geração de força dos mecanismos de trabalho. Esse conceito também foi usado por Verkhoshansky em sua metodologia para a correta escolha de exercícios. A terceira evidência é em relação ao exercício propriamente dito (meios de treinamento). Ao longo dos anos os russos classificaram e organizaram metodologicamente uma quantidade quase infinita de exercícios tanto para habilidades motoras fundamentais como específicas. Para A. Novikov (1949), os exercícios deveriam ser classificados para todos os aspectos da Educação Física para que o seu potencial científico e prático não fosse desperdiçado. Os exercícios são classificados em: exercício competitivo, exercício de preparação especial e, exercício de preparação geral (L. Matveev, 1977). Para cada esporte, existem dezenas de exercícios criados para uma preparação geral e outras dezenas para uma preparação especial. Dezenas para cada esporte! Seja pela escassez de equipamentos ou para buscar a melhor eficiência ou o melhor resultado, a forma livre (peso do próprio corpo, barras, anilhas, kettlebell, cordas) era a preferência dos treinadores³. Esses exercícios especiais juntamente com uma técnica apuradíssima, foram os responsáveis (o “segredo”) pela dominância soviética nos esportes de alto nível da década de 70 a 90. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Por exemplo, no esporte Levantamento de Peso Olímpico, foram organizados e classificados mais de 100 (!) exercícios divididos em 3 grupos: exercício competitivo (arranque e arremesso), exercícios preparatórios especiais (subdivididos em outros 3 subgrupos: exercícios auxiliares para o arranque, exercícios auxiliares para o arremesso e, exercícios auxiliares para os membros inferiores, torso e membros superiores) e, exercícios preparatórios gerais (treinamento físico geral). Somando todas as variações, encontra-se a seguinte quantidade de exercícios dos movimentos mais básicos (apenas os básicos!): arranque, 28 exercícios; arremesso (2 fases), 34 exercícios; agachamento, 37 exercícios; supino, 40 exercícios e; terra, 25 exercícios. Além dessas evidências, na Rússia foram desenvolvidas as melhores metodologias de treinamento de levantamento de peso olímpico, aquecimento ou alongamento dinâmico, liberação miofascial (através de técnicas específicas de massagem), treinamento assimétrico (algo próximo do que é chamado de “unilateral” no Ocidente, mas muito mais completo), treinamento de força especial, treinamento com kettlebell e, dos exercícios de salto (“pliometria”). No caso dos últimos três, eles realmente nasceram na mãe Rússia! Tudo, mas tudo mesmo, o que hoje em dia é utilizado no Treinamento Funcional. Fim da guerra. O Treinamento Funcional, camaradas, nasceu na Rússia! Para concluir, um pensamento simples, mas extremamente significativo do Verkhoshansky: “Em minha opinião a abordagem metodológica correta é finalizada para criar um sistema específico de meios e métodos de treinamento, no qual cada componente (também, exercícios aparentemente menos específicos) têm a posição exata no sistema de treinamento específico” (Comunicação pessoal, 2008). Notas: 1 - “O Método Conjugado que eu sei que foi inventado em 50 pelo meu professor, o famoso treinador de salto em altura V. Dyachkov. Foi uma brilhante ideia usar os exercícios de força especiais para melhorar a técnica dos atletas. Pela primeira vez na metodologia de treinamento desportivo foi introduzida a ideia de que para ajustar a técnica de exercício competição é necessário aumentar a expressão de nível de força em movimentos determinados. Naquela www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais época, eu e Dyachkov elaboramos em conjunto este método e eu sugeri-lhe que o nome "conjugado", porque os exercícios de força teriam que ser "conjugados" com as questões técnicas dos atletas. Depois, eu introduzi o Princípio de Correspondência Dinâmica para selecionar e elaborar adequados exercícios de força especiais sobre a base da análise da estrutura biodinâmica do exercício competitivo. Muitas vezes, na URSS o Método Conjugado foi usado também como "a execução de exercícios de competição com sobrecarga", Verkhoshansky, 20011. 2 - Exercícios organizados em uma estrutura cinemática definida do aparato motor, envolvendo: exercício uni-articular (par cinemático), multi-articular (cadeia cinemática) e, a combinação conjugada- sequencial (sistema cinemático). 3 - “A limitação importante de muitos aparelhos de treinamento de força é que eles são desenhados para treinar músculos e não movimentos. Devido a isso, eles. O fim do treinamento funcional na Rússia O fim do treinamento funcional nos esportes é o reflexo de uma aplicação prática que não foi concisa ao longo dos 15 anos do seu surgimento. E, também, de uma teoria que não se sustentou no âmbito prático ou acadêmico, e nem se fortaleceu ou obteve evidências cientificas sólidas. Pergunte ou leia o que é treinamento funcional e cada autor dará uma resposta diferente. Se nem o conceito é uniforme, baseado em princípios claros e objetivos, os seus meios e métodos de treinamento também serão meramente “apanhados” do que já existe. Por isso, o “treinamento funcional” alavancou uma legião de vídeos no “Youtube” e experts na “Internet” que deterioraramo que é praticado no Treinamento Desportivo e na Educação Física. Você provavelmente já leu que “tudo é funcional”. Esta afirmação é encontrada em livros, aulas e artigos e tornou-se tão comum que não necessita de nenhum tipo de embasamento ou regras para ser afirmada. É a grande justificativa para aprovar qualquer coisa na área de treinamento. Ora, se tudo é “funcional”, qual seria a necessidade e, principalmente, qual seriam a relevância e necessidade da criação de uma forma nova de se exercitar? www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais O problema não estaria na identificação das importantes necessidades da pessoa, correta aplicação dos meios e métodos de treinamento para atingir um determinado objetivo, dentro de uma estrutura e organização? Pois bem, o nome disso é Treinamento Desportivo. E a grande área que estuda e normatiza isso se chama Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo, criada e desenvolvida na Rússia (“disciplina” que não existe no Ocidente). Dentro desta perspectiva, o “treinamento funcional” (ou seus sinônimos como “treinamento integrado” e "neuromuscular integrado") é apenas um produto na área de fitness ocidental que copia a prática dos esportes. Um rótulo bonito e chamativo criado pelo marketing para vender treino. Além do marketing e do comércio que o “treinamento funcional” gerou, a necessidade de um “tipo diferente de treinamento” que garantisse mais resultado apareceu devido a falência da Educação Física no Ocidente, com a diminuição da prática de esportes, aumento da obesidade, aumento do número de lesões e aumento da performance requerida nos esportes de alto nível. Este “tipo” de treinamento nada mais é que um “juntado” da preparação desportiva. Em 20 anos de contato com inúmeros professores da Rússia e Brasil, nas duas vezes que estive na Rússia estudando o que existe de mais sólido em treinamento e o que deu mais resultado em treinamento, não encontrei nenhuma característica ou referência ao “treinamento funcional”. Este termo não é nem citado na Rússia (e outros países do Leste). Porém, em cada frase do que é escrito sobre o “funcional”, as características e referências do que já era feito nos esportes aparecem abundantemente. A própria justificativa da funcionalidade do treinamento foi originada na Rússia, na base do Treinamento Desportivo, em que, para alcançar um resultado esportivo, deve-se primeiro alterar a estrutura morfo-funcional no organismo humano para assegurar um nível ótimo da capacidade de trabalho do atleta. Tal premissa é baseada no Sistema Funcional (fisiologia), no qual o movimento humano representa a interação entre o organismo humano e o ambiente externo e nos Mecanismos de Trabalho (biomecânica), em que todos os movimentos são direcionados para www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais alcançar algum propósito no ambiente. Mecanicamente, o ambiente influencia os movimentos através das forças que agem no corpo. Essas teorias dos autores Anokhin e Berstein dos anos 50 foram usadas por Yuri Verkhoshansky para a criação da concepção de Programação de Treinamento, Sistema de Treinamento em Blocos e dos princípios dos exercícios de força especial. Escolha qualquer justificativa do “treinamento funcional” como a utilização do core ou a realização dos exercícios nos três planos de movimento e você encontrará inúmeras teorias e princípios que fundamentaram quase 100 anos de treinamento na Rússia. Por exemplo, o core foi sempre trabalhado, pois no período preparatório dentro de uma estrutura e organização de treinamento (periodização), as sinergias musculares e a preparação física geral (ambos envolvendo o conceito do core), são sempre o que primeiro é treinado por um atleta antes da especialização das capacidades físicas. A questão do trabalho nos três planos de movimento ou a correção de assimetrias aparece no treinamento de longo prazo na Rússia. A criança desde muito cedo é estimulada a participar de uma quantidade infinita de movimentos e estar sempre pronta para qualquer ação motora. Na Rússia fizeram o caminho contrário, preparar antes para que as disfunções não ocorram. Um treino de academia nunca será tão variado e rico quanto as experiências vivenciadas na prática de vários esportes. Na Rússia existem centros de prática de esportes, no Ocidente existem academias. O “treinamento funcional” nos esportes tem o seu “nascimento” e fim na Rússia, porque não há justificativas técnico-científica-metodológica para uma nova criação de algo que já existe. É apenas um rótulo, um produto. Na área do Fitness ela PODE até ser justificada para objetivos de diminuição do sedentarismo e entretenimento, como uma aula de “bodypump” ou caminhada. A escolha (e responsabilidade) é sua. Como profissionais do Ocidente temos a necessidade de vender nossos serviços ou produtos. Mas se temos que fazer isso, vamos fazer direito... com mais inteligência e seriedade. Eles (já) faziam mais e melhor... Aulas no período escolar de levantadores de peso olímpico soviéticos de 12-13 anos www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Lição 1. Parte 1. Aquecimento - 20'. Caminhada é corrida esportiva - 5'. Exercícios de ginástica - 10'. Imitação em grupo da execução do arranque. Posição inicial na puxada - 10/12 vezes, puxada alta e entrada com agachamento - 12/15 vezes - 5'. Parte 2. Arranque - 5 X 3 - 12'. Agachamento - 5 X 4 - 12'. Corrida em velocidade partindo da posição baixa (10 e 20 m) - 8/10 vezes - 6/7'. Salto em distância - 12/15 vezes (os últimos três são em forma de competição) - 6'. Competição de arremesso de medicineball com as duas mãos - 10'. Basquetebol (2 tempos de 10') - 25'. Flexão de braço no banco de ginástica - 5 X 4 - 10'. Parte 3. Exercícios de ginástica para restauração da respiração - 5'. Tomar notas da lição. Explicação do dever de casa (exemplo: repetir a puxada alta) - 3'. Um conto russo Uma parte da vida pessoal do Verkhoshansky é triste e sofrida, mas, ao mesmo tempo, genial. Na adolescência veio a impossibilidade de ser músico (Jazz era coisa de burguês na CCCP). Depois, o problema foi a falta de apoio e reconhecimento pelas suas "descobertas" (não se treinava força nos esportes, entendiam que "peso deixava o atleta lento"). Ele criava novos métodos de treino, ninguém reconhecia, mas um monte de gente usava escondido... mais tarde acho que começou a virar perseguição. A descoberta do salto profundo (acho que no inverno de 48 ou 54) foi uma coisa tão forte e "absurda" como, sei lá, a física quântica... os treinadores mais antigos consideraram loucura. Essa cena eu imagino dessa forma: após comprovar no laboratório os resultados positivos do seu método de choque - salto profundo, que na prática estava levando a quase todos seus atletas de atletismo passarem ao prestigiado patamar de "Mestre do esporte" (atleta de alto nível na CCCP), Verkhoshansky sai correndo para levar seu trabalho aos outros treinadores. Estes olham assustados osresultados e, apertando os olhos, olhando uns para os outros, começam a rir e debochar: "um salto vai melhorar a performance? Só o Verkhoshansky mesmo!". Os treinadores www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais devolvem o trabalho e Verkhoshansky senta no chão frio, pensando alguns segundos sobre seus achados. "Eles estão corretos!", ele pensa. Mas na antiga CCCP não ia adiantar nada... Verkhoshansky pega o seu trabalho e joga no lixo, sem saber que, escondidos atrás de uma parede, os treinadores esperam ele se afastar para avançarem, como lobos, em cima da descoberta... Anos após essa cena, Fred Wilt lançou a "pliometria" (teve contato com esses treinadores soviéticos, que, como eram os mais importantes, eram os que viajavam para fora da cortina de ferro); Tudor Bompa copiou (mal) Matveev e quis misturar com Verkhoshansky e, disse que inventou o lance da superposição (certa vez chegou a fugir do Verkhoshansky em um congresso); Mel Siff chegou de mansinho como um bom amigo, pegou o trabalho, não pagou os direitos autorais e, sem informar Verkhoshansky, mudou muita coisa nos livros (algumas informações estão erradas), se apropriou de muitos conceitos, lançou outras edições do livro "Supertraining" (por isso que o Verkhoshansky lançou a sexta edição); o Yessis é outro ladrão... O pior de tudo foi como esse povo todo nunca entendeu profundamente o trabalho do Verkhoshansky, muita besteira foi escrita! Mas isso é apenas um conto russo... A história real e a verdade é que Yuri Verkhoshansky criou o método mais potente e eficaz de melhora de performance... tão mágico como... O Jazz! A revolução do Treinamento Desportivo União Soviética. Anos 70. Cada vez mais a meta de treinar para se desenvolver dava espaço ao objetivo de alcançar a performance máxima para ganhar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. A concepção pedagógica da periodização já não podia alcançar esse resultado nos atletas de alto nível. Os atletas eram cada vez mais profissionais e muito diferentes das gerações prévias de atletas. Nesta época, o Professor Vladimir Kouznetsov desenvolveu o pensamento que o esporte de elite era um experimento contínuo, representado por atletas, treinadores e cientistas que eram escolhidos cuidadosamente como especialistas. No seu laboratório “Potencial Humano”, Kouznetsov postulou que a humanidade estava em busca dos limites que o organismo humano seria capaz de atingir. Estudando os melhores www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais atletas submetidos a anos de treinamento intensivo e especializado, Kouznetsov criou a ciência da Antropomaximologia. Os resultados demonstraram que os dados científicos dos campeões do passado não providenciavam resultados de validação universal como esperado. Era preciso uma mudança. Era necessário que o treinador encontrasse métodos de treinamento mais eficazes para a nova geração de atletas. A metodologia de treinamento esportivo da União Soviética devia ser revisada. Era o começo da revolução. No final dos anos 70 a verdade fundamental era: “Para competir melhor, deve-se treinar mais”. O volume de treinamento foi aumentado ao extremo. E os cientistas se dividiram em suas buscas. Um grupo começou a pesquisar como melhorar artificialmente a capacidade de trabalho dos atletas, facilitando o aumento do volume da carga de treino e, ao mesmo tempo, aumentando a sua habilidade de recuperação. O foco era o estudo dos fatores fisiológicos que determinavam o resultado esportivo. Infelizmente estes estudos ajudaram a abrir a “caixa de pandora” do doping no esporte moderno. Outro grupo de cientistas começou a procurar formas de otimização do processo de treinamento. O objetivo era descobrir como melhorar os resultados esportivos sem aumentar o volume da carga de treino. Parâmetros específicos para cada modalidade esportiva foram desenvolvidos para atletas de elite que já possuíam alta habilidade técnica. Esses parâmetros foram desenvolvidos através das pesquisas da influência da fisiologia na performance. Com isso, se consolidava o “Block Training System” do Professor Yuri Verkhoshansky. Uma concepção de treinamento que tem as leis da adaptação do organismo humano submetido a intensificada atividade muscular como norte, e não somente uma metodologia pedagógica, que procura organizar períodos de treino. Mas “a história é contada por quem enforca os heróis”. E as descobertas de Verkhoshansky resolvendo os maiores problemas do treinamento, foram vistas como diferenças superficiais e insignificantes. Discussões científicas não aconteceram. E as inovações práticas foram impedidas pela resistência as mudanças. Hoje, podemos ver treinamentos baseados quase que exclusivamente em quantidade, sacrificando leis fisiológicas, aumentando o risco de lesões e, principalmente, não aumentando adequadamente o nível de performance. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Um outro conto russo Moscou. Dezembro de 1976. Em uma pausa do trabalho no laboratório, Yuri Verkhoshansky pega seu saxofone e começa a acompanhar o jazz que tocava na vitrola. A União Soviética tinha ganho novamente as Olimpíadas e todos os estudos sobre a eficiência do método de choque estavam concluídos com sucesso. Yuri lembra da primeira vez que propôs o salto profundo para os principais treinadores da União Soviética e de como sua ideia foi inicialmente rechaçada. Ele quase ri, mas mantém a pressão no instrumento, elevando o som. Um de seus estudantes de pós- graduação entra na sala e apresenta uma ideia para um experimento, quase um desafio: pesquisar o método de choque em um weightlifter que havia se retirado das competições. O levantador era Yuri Kozin, recordista mundial em 1972. Seu melhor resultado era de 170 no snatch e 210 no clean & jerk. A primeira etapa do treinamento durou cinco semanas e tinha como objetivo a formação do fundamento da força e velocidade através do trabalho com peso e, o desenvolvimento da força explosiva mediante saltos profundos. O volume foi de 310 saltos profundos, 300 toneladas nos exercícios e 74 toneladas nos agachamentos. Após esta etapa, em março de 77, o resultado foi de 162.5 kg no snatch e 210 kg no clean & jerk. A segunda etapa tinha o objetivo de melhora da técnica e não incluía os saltos profundos. O volume foi de 226 toneladas nos exercícios e 57 toneladas nos agachamentos. O resultado foi de 165 no snatch e 215 no clean & jerk. A última etapa - quatro semanas - tinha o objetivo de intensificar o trabalho de força e velocidade durante a preparação para o campeonato da Rússia. O volume foi de 310 saltos profundos. O volume dos exercícios e agachamento foi diminuído para 176 e 40 toneladas, respectivamente. Nas competições em maio de 77, Khozin bateu seu recorde: 167.5 kg no snatch e 217.5 kg no clean & jerk. No final do ano, repetindo o treinamento, levantou 170 e 220 kg na Copa da Rússia. O aluno de Verkhoshansky entra correndo no laboratório para dar a notícia. www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursosonline e presenciais Yuri ouve e se mantém sério, mas abre um sorriso quando o aluno sai. Yuri era um alquimista do treinamento e sua especialidade era resolver problemas de treinamento. Ele sabia do resultado do experimento desde o princípio... Programa do método de choque para weightlifters de alto nível na etapa preparatória O salto profundo é realizado 3 vezes por semana durante 4 semanas. O método de choque assegura não somente o aumento do nível de preparação da força especial, mas também o aperfeiçoamento da habilidade técnica. O tempo de impulso e a fase de amortização são reduzidos enquanto a velocidade de levantamento é aumentada. São consideravelmente aumentadas a força explosiva e capacidade reativa. O volume de trabalho com a barra pode ser reduzido em 14 a 16% (principalmente agachamento e puxadas). Coincidentemente, na época dos experimentos desse programa, a União Soviética dominou completamente as Olimpíadas de 76 e 80. Dia 1 Altura de 0,5m 3 X10 Altura de 0,7m 1X 10 Dia 2 0,5m 1 X 10 0,7m 3 X 10 Dia 3 0,7m 4 X 10 Dia 4 0,7m 4 X 10 Dia 5 0,7m 3 X 10 www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais 1,0m 1 X 10 Dia 6 0,7m 2 X 10 1,0m 2 X 10 Dia 7 0,7m 1 X 10 1,0m 3 X 10 Dia 8 1,0m 4 X 10 Dia 9 1,0m 4 X 10 Dia 10 1,0m 4 X 10 Dia 11 1,0m 4 X 10 Dia 12 0,7m 4 X 10 Como escolher um exercício de força especial no esporte? Dois princípios devem ser observados para uma seleção correta de um exercício de força especial no esporte: A) Princípio da correspondência dinâmica que se refere ao movimento- chave do exercício competitivo (o “gesto desportivo”), que tem cinco critérios: 1. Grupo muscular envolvido no exercício 2. Amplitude e direção de movimento 3. Parte acentuada da amplitude de movimento 4. Magnitude do esforço de força e o tempo de sua aplicação que diz respeito a uma determinada capacidade de força 5. Regime de contração muscular B) Princípio da integração dos meios de treinamento em um sistema que une exercícios para o movimento-chave e exercícios para o movimento secundário como um todo, um processo. O primeiro princípio se relaciona com a parte “microscópica” - mas fundamental - do exercício competitivo. Então, é um exercício de caráter local, que resolve uma tarefa específica. Já o segundo princípio se relaciona com a parte maior. A tarefa é unir os exercícios selecionados pelo primeiro princípio com outros exercícios de estrutura mais complexa. Na aplicação dos dois princípios, é importante lembrar que o exercício de força especial no esporte não www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais deve apenas aumentar o nível de força, mas, Assegurar a melhora das funções motoras específicas (que envolve as capacidades de força e as propriedades funcionais dos músculos, que são as capacidades contráteis, oxidativas e elásticas). Promover a perfeição da estrutura biodinâmica do exercício competitivo (a assinatura do atleta, são as características cinéticas e cinemáticas do “gesto desportivo”). No primeiro objetivo é importante compreender qual a capacidade importante para o exercício competitivo. Não deve existir a noção geral de força. E nem todo exercício de força especial deve obrigatoriamente “imitar” ou ser parecido com o exercício competitivo. No segundo objetivo, quando as tarefas primárias já foram resolvidas, o exercício de força especial está ligado à técnica do exercício competitivo. Sendo assim, de forma resumida, existem sete tipos de exercício de força especial: Ciclo russo de treinamento Treinamento sistemático. Essa talvez seja a mais rápida e simples definição do treinamento russo. Quantos exercícios devem ser feitos? Quanto de intensidade é preciso para desenvolver força necessária (ótima)? Como organizar a sessão de treino (não somente diária, mas de mês para mês)? Respondendo a essas perguntas nos anos 50, Verkhoshansky revolucionou www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais seus sistemas de treinamentos com o "ciclo". No caso, o "plano de pico de performance de seis semanas". O ciclo deve levar em consideração o todo e não apenas o dia ou a semana de treino e cria as condições necessárias para o pico de performance no tempo certo. Cada sessão de treino deve durar no máximo 90 minutos (ritmo biológico ultradiano). Os pesos são aumentados em percentuais mais leves, assegurando uma sólida fundação de força. Maior a fundação, maior o pico de performance. As sessões de treino que terminam com a série mais leve após uma pesada têm o objetivo de reassegurar velocidade e técnica (bônus: hipertrofia). Para este ciclo utilize somente os levantamentos básicos e olímpicos. Escolha um exercício alvo. Este exercício alvo será treinado duas vezes por semana. Outros exercícios devem ser treinados de forma tradicional em outra sessão de treino. Nas primeiras duas semanas é comum achar o ciclo "fácil demais". Espere! A intensidade vai progredindo! Para o levantamento terra e os olímpicos, caso o número de repetições seja alto (maior estresse na região lombar), o método pausa-descanso deve ser utilizado. Após o ciclo de seis semanas, as duas semanas seguintes devem ser destinadas a regeneração (não só dos músculos, mas do SNC e adrenais). No caso de overtraining - o que pode acontecer na primeira vez que fizer o ciclo - mais semanas serão necessárias. Em duas décadas que venho usando este ciclo, o aumento de força médio é de 12/15% (em atletas de alto nível o ganho é menor). Plano de pico de desempenho de seis semanas Semana 1 Sessão de treino 1. Série 1: 45% de 1RM X 8-10 repetições; Série 2: 55% X 6-8; Série 3: 65% X 6; Série 4: 65-70% X 6; Série 5: 65-70% X 6. Sessão de treino 2. Série 1 45% x 8-10; Série 2 55% x 6-8; Série 3 65% x 5; Série 4 75% x 5; Série 5 80% x 5; Série 6 80% x 5; www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais www.isulbra.com.br – cursos online e presenciais Série 7 80% x 5; Série 8 75% x 5; Série 9 65% x 6-8; Série 10 50-55% x 8-12. Semana 2 Sessão de treino 1. Série 1: 45% X 8-10; Série 2: 55% X 6-8; Série 3: 65% X 6; Série 4: 70% X 5; Série 5: 70-75% X 5; Série 6: 70-75% X 5. Sessão de treino 2. Serie 1 45% x 8-10; Série 2 55% x 6-8; Série 3 65% x 5; Série 4 75% x 4; Série 5 80% x 4; Série 6 85% x 4; Série 7 85% x 4; Série 8 85% x 4; Série 9 80% x 5; Série 10 70% x 6-8. Semana 3 Sessão de treino 1. Série 1: 45% X 8-10; Série 2: 55% X 6-8; Série 3: 65% X 5; Série 4: 70% X 4; Série 5: 75% X 3; Série 6: 75-80% X 3; Série 7: 75-85% X 3. Sessão de treino 2. Série 1 45% x 8-10; Série 2 55% x 6-8; Série 3 65% x 5; Série 4 75% x 4; Série 5 85% x 3; Série 6 90% x 3; Série 7 90% x 3; Série 8 80% x 5;
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