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Ivanilda Barbosa Faraídes Maria Sisconeto de Freitas Comunicação e linguagens: leitura e produção de textos na graduação © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Barbosa, Ivanilda. B234c Comunicação e linguagens: leitura e produção de textos na graduação / Ivanilda Barbosa, Faraídes Maria Sisconeto de Freitas. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2016. 160 p. : il. Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. ISBN 978-85-7777-581-1 1. Comunicação. 2. Comunicação e educação. 3. Linguagem. 4. Leitura. I. Freitas, Faraídes Maria Sisconeto de. II. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título. CDD 302.2 Faraídes Maria Sisconeto de Freitas Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba – Uniube. Especialista em Linguística Aplicada e em Avaliação Educacional pela Universidade de Uberlân dia – UFU. Licenciada em Letras (Português/ Inglês) pela Uniube e em Pedago gia pela Faculdade de Educação Antônio A. Reis Neves. É docente da Uniube nos cursos de Direito, Engenharia, Letras e Pedagogia. Membro da equipe de Educação a Distância. Ivanilda Barbosa Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista em Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Espe cialista em Literatura Brasileira Contemporânea pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Licenciada em Letras (Português/Francês), pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Santo Tomás de Aquino” – FISTA, de Uberaba. Consultora em projetos educacionais e em Educação a Distância. Sobre as autoras Sumário Apresentação .............................................................................................................VII Capítulo 1 Comunicação e textos acadêmicos ..................................... 1 1.1 Comunicação verbal no contexto acadêmico ......................................................... 3 1.2 O texto acadêmico – uma definição ........................................................................ 8 1.3 Modos de organização dos textos acadêmicos orais e escritos ........................... 11 1.3.1 Textos orais – a entrevista e o debate ........................................................ 12 1.3.2 Textos escritos .............................................................................................. 16 1.3.3 Outras formas de registro de estudos ......................................................... 31 1.4 Leitura de um texto didático-científico ................................................................... 33 1.4.1 Procedimentos ............................................................................................. 33 Capítulo 2 Linguagem, trabalho e prática social ................................. 51 2.1 Formas da escrita no cotidiano das empresas e organizações ........................... 53 2.1.1 Linguagem e vínculo social .......................................................................... 53 2.1.2 Formas textuais e identidade do profissional e da organização ................. 57 2.1.3 Expressão verbal ........................................................................................ 58 Capítulo 3 Linguagem, sociedade e comunicação verbal .................. 75 3.1 Linguagem verbal e transformação social ............................................................ 77 3.2 Situações comunicativas e a diversidade de gêneros textuais ............................. 83 3.3 Comunicação verbal, competência profissional e produtividade .......................... 84 3.4 Em busca da comunicação eficaz ........................................................................ 92 3.5 As dimensões verbal e não verbal em um texto ................................................... 99 3.6 A expressão verbal na redação oficial, projetos e memoriais ............................ 104 3.6.1 A redação oficial ........................................................................................ 104 3.6.2 O projeto .................................................................................................... 108 3.6.3 O memorial descritivo ............................................................................... 108 Capítulo 4 Oralidade e escrita – leitura, interpretação e expressão .129 4.1 Os atos de falar e de escrever ............................................................................ 131 4.2 Fatores que interferem na ação comunicativa ................................................... 133 4.2.1 Conhecimento de mundo .......................................................................... 134 4.2.2 Informatividade .......................................................................................... 134 4.2.3 Intencionalidade e receptividade .............................................................. 136 4.3 Fatores que interagem na comunicação oral ...................................................... 137 4.4 A comunicação escrita – aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito .................................................................................................................. 140 A liberdade, a autoconfiança, o desejo consistente e o olhar curioso movem as criaturas na grande aventura da comunicação por milênios e milênios. A interação humana vem se concretizando nas linguagens dos costumes, do mito, da arte, da ciência e do trabalho articuladas e diluídas por e entre tênues fios de gestos, sons, imagens e sentidos − eis a linguagem ou as linguagens humanas. Eis o homem em sua aventura. Seria, então, cada linguagem uma aventura? E o “que pode uma criatura se não, entre criaturas”, dizer e, nessa fala mesma − do contador e do poeta, do dançarino, músico e inventor, do grafiteiro, do místico, do filósofo e do cientista − protestar, dispersar, cantar e dançar, não dizer e ousar ouvir, ler e escrever? “Cada ser humano é palavra inédita” − anuncia o antropólogo Juvenal Arduini. Ao mesmo tempo em que nela se irmanam as crenças, os saberes, os costu mes, a ação e a realização dos homens, dos povos, das sociedades, também se articulam o rígido e o fugidio, a esperança e a tirania, o medo e a solução, o dentro e o fora e a sintonia da revelação e da alegria do aprender, do construir e do conhecer o mundo, o outro e a si mesmo. Como um atuante cidadão brasileiro em casa, na escola ou no trabalho, você usa da língua portuguesa ou da língua brasileira de sinais e se expressa cotidia namente como filho, irmão, amigo, colega ou profissional. Ao realizar um curso superior de graduação na Universidade de Uberaba, você está sendo convidado a aventurar -se pela linguagem que circula no mundo acadêmico. Comunicação e linguagens – leitura e produção de textos na graduação constitui-se em um instrumental de uso diário que poderá auxiliá-lo a aprimorar sua comunicação oral e escrita em diferentes situações no circuito de sua vida acadêmica. Nele encontram-se quatro capítulos em Apresentação VIII UNIUBE que estão desenvolvidos os temas:comunicação e textos acadêmicos, linguagem, trabalho e prática social, a prática comunicacional no contexto das organizações e oralidade e escrita − leitura e interpretação de textos. Os conteúdos de cada capítulo abrangem uma introdução, os objetivos do es tudo, um esquema inicial que apresenta o desenvolvimento dos itens abordados, um texto contendo conceitos, exemplos, reflexões, questionamentos, links para leitura e pesquisa e, ainda, um breve resumo do conteúdo abordado, indicações de textos para ampliação do conhecimento e atividades de aprendizagem. Nesse percurso, ficamos com você, acreditando na voz do poeta Drummond, em O lutador, que já nos dizia “lutar com palavras/ é a luta mais vã./ Entanto lutamos/ Mal rompe a manhã”. As autoras Ivanilda Barbosa Introdução Comunicação e textos acadêmicos Capítulo 1 A leitura de textos científi cos, jornalísticos e literários, dentre outros, faz parte do cotidiano do universitário. A variedade de suportes, nos quais esses textos circulam hoje, propicia a cada um escolher o que melhor se adapta aos seus hábitos de leitura: a tela do computador, as páginas dos livros impressos, as revistas especializadas ou mesmo os jornais de circulação diária. O certo é que, nesses suportes, os textos nos põem em contato com as informações sobre economia e política, com as discussões sobre as questões ambientais, invenções tecnológicas, os fatos e as fi cções que nos situam no dinâmico universo da sociedade em que vivemos. A leitura, portanto, faz parte da nossa agenda diária, enquanto nos sentimos motivados a aprender, a criar, a manter diálogos sobre os mais variados temas com as mais diversas pessoas. Neste capítulo, apresentaremos alguns procedimentos adequados para a leitura de um texto didático e científi co. Também teremos a oportunidade de observar as formas de textos acadêmicos mais frequentes para se realizarem os registros dos estudos nos cursos de graduação. O que pretendemos é proporcionar-lhe alguns instrumentos para que amplie seu conhecimento sobre as formas de organização e o uso adequado de textos acadêmicos, para o seu melhor desempenho nos estudos. 2 UNIUBE Ao final deste capítulo, esperamos que você esteja apto a: • ampliar a noção de texto; • reconhecer a organização de textos acadêmicos orais e escritos; • diferenciar o modo de organização da entrevista e do debate; • identificar grupos distintos de textos acadêmicos escritos mais frequentes nos cursos de graduação; • realizar a leitura compreensiva de um texto didático-científico. Objetivos Por isso, além de demonstrar os modos de se realizar a leitura de alguns dos gêneros textuais, vamos sugerir atividades para o exercício da leitura. Esperamos que os comentários dos textos apresentados neste capítulo possam lhe ser úteis, quando for expressar suas ideias e opiniões a partir dos estudos que realizar no seu curso de graduação. 1.1 Comunicação verbal no contexto acadêmico 1.2 O texto acadêmico – uma definição 1.3 Modos de organização dos textos acadêmicos orais e es critos 1.3.1 Textos orais – a entrevista e o debate 1.3.2 Textos escritos 1.3.3 Outras formas de registro de estudos 1.4 Leitura de um texto didático-científico 1.4.1 Procedimentos Resumo Atividades Referências Esquema UNIUBE 3 Para compreender o que é um texto acadêmico e como ele se organiza, seria interessante investigar o lugar que a palavra texto vem assumindo em nossa vida dentro e fora da escola. Desde que aprendemos a ler e a escrever, ouvimos diariamente as pessoas dizerem “leia o texto”, “escreva um texto”, “gostei de seu texto”, “foi publicado um texto no jornal sobre...”, “o texto constitucional garante...”. Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma sequência articulada de palavras escritas que, em maior ou menor extensão, nos permite: • obter informações; • expressar o que pensamos; • dizer do que ou de quem gostamos; • saber da física, da química, da biologia, das leis de uma sociedade, da política e dos costumes dos povos; • aprender a geografia e a história de um país; • conhecer o pensamento do colega, do cientista, do poeta. Poderíamos enumerar uma infinidade de situações e de pessoas com as quais nos envolvemos por meio de um texto escrito. E o gesto, o desenho, a fala? É possível construir situações e relações humanas com os gestos, os desenhos e as falas, assim como fazemos com as palavras escritas? Basta-nos lembrar da língua de sinais, usada pelas pessoas surdas. Ela é de natureza visioespacial e se constitui em sistemas de línguas assim como os sistemas de língua portuguesa, inglesa, espanhola e outros. Entre os povos que não adotaram a escrita como um recurso de comunicação e de trabalho existe texto? Como são passadas as tradições, os costumes, as normas de convivência em grupos sociais que não adotam a língua escrita? À medida que essas questões são respondidas, a imagem de texto se diversifica, pois empregamos a palavra TEXTO para nomear as sequências: • de gestos nos rituais; Comunicação verbal no contexto acadêmico1.1 4 UNIUBE • de linhas e de cores, em uma pintura; • de sons nos diálogos e nas músicas. Assim, é comum ouvirmos: “esse texto fotográfico foi tirado da revista x”, “o texto em quadrinho era do Ziraldo...”, “o texto cinematográfico ...”. Então, perguntamos: O que há de comum entre uma fotografia, uma história em quadrinho, um filme, uma letra de música, um ritual indígena e uma sequência musical para que todos sejam denominados TEXTO? Vamos refletir juntos. surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para se relacionar com outra (ouvinte, leitor, expectador); trazem as marcas do seu autor e do seu destinatário; referem-se a uma situação; formam uma unidade de sentido, pois suas partes remetem umas às outras; mantêm relação com o mundo do autor e do destinatário; são produzidos com base em um código. Todos esses textos O texto verbal é um espaço de diálogo, de interlocução. E, como todo diálogo, necessita de condições para sua existência. Entre essas condições se destacam a coesão e a coerência. Da coesão, depende a organização interna entre as partes do texto. Da coerência, depende o sentido histórico do texto, o seu conteúdo, que poderá ser ponto de partida e de chegada para o conhecimento de mundo. Portanto, um texto resulta das relações de coesão e de coerência que se juntam para constituir uma unidade de sentido. SINTETIZANDO... UNIUBE 5 Interlocução: conversação entre duas ou mais pessoas. Todo aquele que produz um texto tem em mente uma pessoa a quem se dirige quando fala, escreve, gesticula, desenha, ou seja, o seu interlocutor. Coesão: relações de sentido entre os componentes do texto. Coerência: relações de sentido do texto com o mundo, isto é, com o contexto externo. SAIBA MAIS Sendo uma unidade de sentido, cada texto tem existência própria, embora se relacione com tantas outras unidades de sentido, isto é, outros textos, que o antecederam ou que dele poderão surgir. Como você pode perceber, o ato de ler deve ser entendido em seu sentido mais amplo. Estamos continuamente lendo os textos que são produzidos no cotidiano do espaço cultural em que vivemos. Figura 1: Texto e unidade de sentido. O ato de ler pode ser definido como o momento em que o leitor se volta para compreender essa unidade de sentido que é o texto. Seria diferente ler um artigo de jornal ou um poema? Um romance ou um tratado científico? Se eles têm formas e finalidades diferentes, é possível que nós os leiamos de variadas maneiras. Mas quem determina as maneiras de ler um ou outro texto? PARADA PARA REFLEXÃO 6 UNIUBE Para responder a essas indagações, vamos ler dois textos. O lobo e o burro Um burro estava comendo, quando viu um lobo escondido espiando tudo que ele fazia. Percebendo que estava em perigo, o burro imaginou um plano para salvar a sua pele. Fingiu que era aleijado esaiu mancando com a maior dificuldade. Quando o lobo apareceu, o burro todo choroso contou que tinha pisado num espinho pontudo. – Ai, ai, ai! Por favor, tire o espinho de minha pata! Se você não tirar, ele vai espetar sua garganta quando você me engolir. O lobo não queria se engasgar na hora de comer seu almoço, por isso, quando o burro levantou a pata, ele começou a procurar o espinho com todo cuidado. Nesse momento, o burro deu o maior coice de sua vida e acabou com a alegria do lobo. Enquanto o lobo se levantava todo dolorido, o burro galopava satisfeito para longe dali. Moral: Cuidado com os favores inesperados. Fonte: ABREU, 2000, p. 98. TEXTO 1 Esse é um gênero textual em que predomina o tipo narrativo, uma fábula. As fábulas apresentam questões complexas de uma forma simples e concisa. Algumas circulam há séculos, mas, em cada época em que são lidas, elas se renovam. Observe, nessa fábula, as partes da narrativa simples: • uma situação inicial (a refeição de um burro); • uma mudança de situação (um lobo espiando); UNIUBE 7 • o desenvolvimento (o plano para se salvar); • uma situação final (a atitude inesperada do burro). O que garante a conexão entre as partes da narrativa são alguns elementos de coesão como: a pontuação, os tempos verbais (fingiu, saiu mancando, levan tava), expressões “quando”, “enquanto”. Estando articuladas e bem conectadas, a história vai progredindo, e as partes formam um texto único, um todo coeso. Também podemos estabelecer a relação da situação vivenciada pelos dois per sonagens com as situações cotidianas, com os valores culturais e com os pontos de vista das pessoas de nosso convívio social; isto é, relacionarmos o contexto do texto com o conhecimento de mundo que temos, e aí, encontrarmos uma coerência na história narrada, embora saibamos que animais não falam. Ocorre que, em textos literários, essa coerência advém de um pacto do leitor com a criação, com a inventividade, com a imaginação do autor para representar, simbolicamente, situações da vida cotidiana dos seres humanos. Vejamos um outro texto. O termo “Direito” Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo “Direito”, ou tirar desse termo o conteúdo que possa nos aproximar da compreensão do que seja a finalidade da ciência que pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj. − co locado em linha reta; direito, reto; certeiro; direto; preciso. O vocábulo ora significa: a) ordenamento ou norma − conjunto de normas ou sistema jurídico vigente num país: o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer o que a norma não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de exigir ou dispor de uma ação: isso é direito meu; c) qualidade do que atende a um anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não é direito; d) prerrogativa que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos: defendo-me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma coercitivamente imposta (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f) conjunto de conhecimentos acerca dessa ciência: essa regra de Direito. TEXTO 2 8 UNIUBE Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se ocupa de uma série de disciplinas diferentes: “a filosofia do Direito, a sociologia do Direito, a história do Direito e a Jurisprudência (“dogmática jurídica”), para se referir somente às mais importantes. (1) Fonte: NERY, 2002. (1) LARENZ, 2012, p. 261. Esse texto foi retirado de uma publicação dirigida a pessoas que se interessam por adquirir conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo-o, podemos observar que o autor: • situa-se como alguém solidário ao leitor, quando usa as expressões "... nos aproximar ... pretendemos"; • fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando fundamenta suas explicações, recorrendo a outros autores; • usa termos técnicos: preocupa-se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que possa impedir a compreensão do significado do termo Direito. O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de se relacionar com um assunto novo. Podemos afirmar que o objetivo do autor é didático, ou seja, facilitar a compreensão do significado do termo Direito. Como você pode observar, cada um dos textos exige um tipo de leitura. Portanto, é o próprio texto que nos fornece o caminho para a leitura. Vamos prosseguir nossa reflexão, procurando compreender o que se denomina “texto acadêmico”. O texto acadêmico – uma definição1.2 Usando a linguagem verbal, os cidadãos produzem textos orais e escritos, conforme suas necessidades e as suas circunstâncias sociais e UNIUBE 9 históricas. A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as situações de encontros entre as pessoas. Mas, ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em todos os textos orais. É a estrutura do diálogo: • há sempre a suposição de que uma pessoa se dirige a outra; • a fala pode ser mais espontânea ou mais formal, conforme a pessoa esteja mais ou menos à vontade na situação; • gestos, expressões faciais, complementam a fala; • as pessoas falam a mesma língua. Em geral, distinguimos dois tipos de diálogos: os informais (bate-papos) e as conversas dirigidas (entrevistas e debates). A universidade é um espaço de pesquisa, de produção e de difusão de conhecimentos acumulados ao longo da história da humanidade. Se considerarmos as funções da escrita em dada sociedade, identificamos cinco grandes gêneros de texto: literário; comercial e oficial (incluindo nestes últimos os textos legal e jurídico); científico (e didático-científico); jornalístico e publicitário; religioso. Cada um deles pode se apresentar sob diferentes formas – variantes – que resultam de técnicas de redação escolhidas a partir dos objetivos do autor, nas diferentes situações em que se usa a escrita. Observe o Quadro 1. Geralmente são os textos técnicos e científicos os mais indicados como referência para a ampliação das reflexões realizadas em sala de aula com colegas e professor ou para subsidiar a pesquisa e o conhecimento do que já se produziu sobre assuntos de interesse para a sua formação profissional, estejam esses textos nos livros, em revistas especializadas e em jornais im pressos ou on-line. Gêneros de texto Os gêneros de textos surgem de uma prática social, uso da linguagem em determinadas situações e para determinados fins. 10 UNIUBE Quadro 1: Gêneros e variantes. Gênero Objetivos Variantes do gênero Grupo 1 Literário Expressar-se artisticamente pela escrita. poemas e narrativas (conto, romance, crônica, novela) Grupo 2 Oficial (legal, jurídico) e comercial Estabelecer comunicação formal e documentar em ambientes de trabalho memorando, ofício, parecer, requerimento, leis, regimentos, correspondência comercial Grupo 3 Científico (técnico e didático- científico) Comunicar corretamente fatos, fenômenos estudados e resultados de investigação científica artigos, resenhas, relatórios, monografia, dissertação, resumo Grupo 4 Jornalístico e publicitário Divulgar informações, produtos e formar opinião notícias, publicidades, reportagens, editoriais Grupo 5 Religioso Difundir princípios religiosos; doutrinar parábolas, sermões, evangélicos, cânticos Fonte: Adaptado de SANTOS (2001, p. 33). Ao mesmo tempo, você também é solicitado(a) a registrar o que ouve e lê, a dizer o que leu, a opinar sobre o assunto que pesquisou, de forma oral ou escrita. Ou seja: você também produz textos para apresentar ao professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em periódicos. Na prática escolar, o debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o relatório, a monografia, o memorial e o portfólio são produzidos com a fina lidade específica de alimentar o processo de ensinar e de aprender. A escola adota,então, alguns modelos de textos, adequando-os aos estudos que os alunos e os professores desenvolvem para a progressiva ampliação e troca de conhecimentos necessários à formação profissional. A esses textos estamos denominando textos acadêmicos. UNIUBE 11 Textos acadêmicos: conjunto de textos com os quais lidamos, no dia a dia de nossos estudos na universidade, com o objetivo de ampliar nossos conhecimentos científicos sobre determinado assunto, ou que produzimos para registrar o estudo que realizamos. EXPLICANDO MELHOR 1.3 Modos de organização dos textos acadêmicos orais e escritos No contexto da universidade desenvolvemos um conjunto de ações que nos levam a memorizar, analisar, interpretar, compreender e produzir textos orais e escritos. Para cada situação, procuramos recuperar o que já conhecemos e adequar a nossa fala e escrita, com o propósito de realizar mais competentemente os nossos estudos. Por exemplo, se o professor pede a você que participe de um debate, como já assistiu a debates entre candidatos a cargos políticos, entre especialistas em esportes, entre cientistas e educadores, faz uma ideia do que o professor espera de você enquanto debatedor. Da mesma forma, podemos pensar sobre uma entrevista, que pode ser instrumento de coleta de dados para uma pesquisa ou para a realização de uma matéria jornalística. Temos expe riência, conhecimento dos componentes de um debate ou de uma entrevista, pois são duas práticas de linguagem muito frequentes no nosso contexto social. Somos, também, capazes de contrapor uma carta familiar a uma correspondên cia oficial; de distinguir um artigo científico de uma reportagem. Quanto mais temos contato com essas formas de textos, mais fácil se torna reconhecê- las e identificar o espaço delas no contexto social. Afirmamos, no item anterior, que, na prática escolar, esses gêneros textuais são adequados ao exercício do ensinar e do aprender. Na escola, além de usarmos a linguagem para estabelecer os vínculos de cooperação e de interação, como em qualquer outro espaço da 12 UNIUBE sociedade, também simulamos situações de co municação como um recurso de aprendizagem. Assim, para nossa maior competência comunicativa, é interessante conhecer um pouco mais sobre a composição e finalidade dos textos acadêmicos. Preci samos aprender a adequar o que já sabemos fazer com os objetivos de nossos estudos. Ou, ainda, saber como usar o debate, a entrevista, a reportagem, o artigo científico para o desenvolvimento de habilidades que são esperadas dos profissionais que têm formação universitária. 1.3.1 Textos orais – a entrevista e o debate 1.3.1.1 Entrevista Você já foi entrevistado(a)? Já entrevistou alguém? Já assistiu a uma entrevista de algum grupo musical ou de uma equipe esportiva? Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes em toda entrevista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo, fazer as perguntas, dar continuidade ao assunto, controlar os rumos da conversa e encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de responder às perguntas. A entrevista se organiza a partir de um esquema padrão: • situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista (INTRODUÇÃO); • desenvolvimento do diálogo: sequência de perguntas, respostas e co mentários que estabelecem a relação entre um e outro ponto da conversa (DESENVOLVIMENTO); • finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem sempre vêm transcritos quando a entrevista é publicada (FECHA MENTO). No entanto, é diferente a entrevista que o profissional da saúde faz com o pa ciente, que o repórter realiza com o político ou o gerente da empresa UNIUBE 13 com o candidato a um emprego, o advogado com o seu cliente. Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as habilidades de comunicação oral do entrevistador e do entrevistado contribuem para o êxito da entrevista e, consequentemente, para o alcance dos objetivos. Vamos, aqui, fazer um exercício de busca para entender melhor a estrutura da entrevista. Sugerimos que encontre em jornais e revistas de circulação nacional, que são direcionados a um grande número de leitores, as sessões denominadas en trevistas. Um exemplo bem ao nosso alcance são as publicadas nas páginas amarelas da revista Veja. Ao realizá-las, o entrevistador e o entrevistado estão cientes de que a sua finalidade é ser divulgada na mídia impressa. Assim, a linguagem varia de um tom (registro de fala) mais formal a passagens bem informais. Esse pode ser um recurso para que o leitor se descontraia e con tinue a leitura. Experimente ler uma delas do começo ao fim, observando as partes do texto. Há programas na mídia televisiva que se sustentam no ar, há anos, e são cui dadosamente direcionados a um público mais restrito, por exemplo, o Roda Viva, cujo nome evoca a ideia de movimento, que é confirmada no cenário do programa: o entrevistado ao centro, os entrevistadores em volta e, à medida que é cedida a palavra a um e a outro entrevistador, o entrevistado se volta para um ou outro lado, movimentando a cadeira giratória. Poderíamos enumerar aqui tantos outros, mas vamos ficar com mais duas possibilidades de você buscar o material de seu estudo: um convite é para que você assista ao programa Sala de Leitura, na TV Cultura. Semanal mente, um escritor é entrevistado. Além de ver uma variação no modo de entrevistar, você poderá conhecer ensaístas, romancistas e poetas brasilei ros. E o outro é para que busque, na Internet, entrevistas com educadores de expressão nacional. 14 UNIUBE Entrevista: pode ser definida como uma situação comunicativa em que estão envolvidos o entrevistador e o entrevistado e que: a) se organiza com base na apresentação dos motivos, na sequência de perguntas e respostas, no fechamento; b) se apresenta em estilos diferentes: entrevista jornalística, médica, empresarial, científica; c) deve ser adequada ao suporte (meio utilizado para sua divulgação), conforme o público que se quer alcançar: ao vivo, transmitida pela TV e rádio; publicada, em periódicos impressos ou on-line; d) é realizada com finalidades diversas: selecionar candidatos; conhecer o paciente ou dar um diagnóstico; esclarecer a população sobre determinado assunto; divulgar conhecimentos científicos; colher dados para pesquisa. SINTETIZANDO... 1.3.1.2 Debate Quem participa de um debate usa argumentos para defender um ponto de vista sobre determinado assunto e quer levar o seu interlocutor e o público ouvinte a pensar, persuadir como ele; ou, pelo menos, a conhecer as razões que o levam a pensar daquela maneira sobre o tema em questão. No meio acadêmico, o debate con tribui para a ampliação das reflexões e para a divulgação dos conhecimentos. A realização de um debate, no espaço acadêmico, requer: • uma definição dos objetivos: para quê? Qual a finalidade do debate? • o estabelecimento de normas: os debatedores devem conhecer as regras estabelecidas e concordar com elas. Essas normas definem, por exemplo, o tempo para a exposição, para a formulação de perguntas e de respostas; UNIUBE 15 • a presença do moderador: aquele que coordena o debate e é o responsável por garantir a progressão das ideias acerca do tema apresentado. No espaço da sala de aula, essa função normalmente é exercida pelo profes sor. Entretanto, nada impede que seja desempenhada por um aluno; • a presença dos debatedores: eles podem se servir de documentos, anotações para fundamentar o seu ponto de vista ou para comprovar suas afirmações. O debate é uma situação de comunicação motivada pela necessidade de escla recimento sobre temas polêmicos, pela existência de novas descobertas cien tíficas e pelo interesse em buscar soluções para questões sociais, econômicas e políticas. As novas tecnologias proporcionam formas inovadorasde debate. São cada vez mais frequentes os debates on-line por meio de listas e de fóruns de discus são. Assim como os estudantes e os professores se reúnem em um auditório ou na sala de aula para exporem ideias, confrontarem opiniões sobre um assunto de interesse de todos, a mídia eletrônica proporciona a criação de espaços virtuais em que o debate se desenvolve com grande potencial de reflexão sobre os mais variados temas. O esquema de base do debate é sempre o mesmo: pessoas se reúnem para apresentar suas razões a favor ou contra uma ideia ou acontecimento. Porém, as suas formas variam em decorrência dos propósitos, dos espaços sociais dos meios de comunicação em que o debate ocorre. No contexto universitário, a situação de debate pode ser vivenciada em seminários, aula dialogada e mesa redonda. SINTETIZANDO... Você já deve ter vivenciado alguma situação de comunicação em sua vida acadêmica. Certamente já percebeu que se trata de um momento importante para partilhar ideias, para interagir com colegas e com professores. REFLETINDO... 16 UNIUBE 1.3.2 Textos escritos Vamos mostrar aqui a organização de alguns gêneros científicos e didático -científicos mais frequentes tanto para a leitura como para a redação de trabalhos que desenvolvemos na universidade. Os textos científicos resultam da necessidade de se difundirem as investi gações no âmbito das ciências. A comunidade científica, por meio de agre miações, academias ou sociedades, define os critérios para o reconhecimento e a validação de resultados de estudos e de pesquisas nas variadas áreas do conhecimento. Embora um tratado de Direito e um tratado de Genética ou de Linguística pareçam distintos entre si, para que eles tenham crédito e possam ser divulgados como conhecimento científico, eles passam por uma avaliação da comunidade científica. As universidades, no mundo todo, têm sido um lugar privilegiado para a produção, validação e certificação do conhecimento. Outro compromisso da comunidade acadêmica é o de difundir o conhecimento científico. Com essa finalidade, são criados os periódicos especializados e os livros didáticos. O intuito é torná-lo mais acessível para os pesquisadores iniciantes. Colaboram para essa prática algumas formas de textos que se tornaram recorrentes no desenvolvimento dos estudos no espaço da universidade. A seguir, serão apresentados alguns deles. Se considerarmos a organização e as finalidades, podemos identificar três gru pos distintos entre as formas de textos acadêmicos mais utilizados nos cursos de graduação. 1.3.2.1 Primeiro grupo: relatório, relato de experiência e informe científico Textos que têm por objetivo relatar o que se desenvolveu em uma pesquisa ou o que foi observado durante um período de estudo. Todos têm sua origem em um trabalho já realizado. São considerados documentos de grande importância para o desenvolvimento de uma pesquisa, para a gestão de recursos humanos e para a destinação de UNIUBE 17 recursos financeiros, seja no meio acadêmico, seja no setor público ou empresarial. Embora apresentem algumas variações, são organizados de forma muito semelhante. Verifique os esquemas no quadro a seguir. Quadro 2: Relatório de pesquisa. Relatório de Pesquisa Introdução Apresentação do tema da pesquisa, de sua importância científica, social e cultural: como o assunto foi problematizado, os objetivos do pesquisador. D es en vo lv im en to Referencial teórico Apresentação das teorias nas quais se sustentaram as reflexões desenvolvidas, discutindo o tratamento científico que já havia sido dado ao tema. Metodologia Descrição detalhada dos instrumentos, métodos e procedimentos utilizados para coleta e seleção do material (ou corpus) a ser estudado e do processo de tratamento dos dados obtidos. Apresentação dos resultados Exposição dos resultados obtidos, ordenados conforme os objetivos da pesquisa. Análise dos resultados Exame e interpretação dos dados, relacionando os ao referencial teórico de forma a levar à aceitação ou a refutar as hipóteses estabelecidas. Conclusão Breve retomada dos aspectos desenvolvidos em cada um dos itens anteriores, comparando os resultados obtidos aos objetivos que nortearam a pesquisa. Apresentação de sugestões ou de recomendações, sobretudo quando a pesquisa tem por objetivo a resposta imediata a uma situação problema. Sugestões e/ou recomendações são necessárias quando a pesquisa realizada visa à solução de um problema concreto ou à resposta a uma necessidade imediata. Vejamos um exemplo de um relatório final de subprojeto, elaborado pelo professor André Luís Teixeira Fernandes (2002). Ministério da Agricultura e Abastecimento Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EXEMPLIFICANDO! 18 UNIUBE PROGRAMA NACIONAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE CAFÉ Relatório Final de Subprojeto Código: 19.2000.304.04 Unidade/Instituição Executora: Uniube Título: Avaliação da fertirrigação com diferentes fontes de fertilizantes químicos e orgânicos na nutrição do cafeeiro cultivado em condições de cerrado Período: 2001 a 2004 Ano de Relatório: 2002 Responsável: André Luís Teixeira Fernandes Situação: em andamento Categoria: P&D Data de Elaboração: 20/02/2002 Unidades/Instituições Participantes Unidade Participação Universidade de Uberaba / Instituto de Ciências e Tecnologia do Ambiente Execução Ministério da Agricultura / Procafé Apoio técnico CACCER (Conselho das Cooperativas de Cafeicultores do Cerrado). Apoio técnico Resumo final Com a ampliação da cafeicultura para regiões consideradas marginais climaticamente, a irrigação passou a ser uma tecnologia necessária para a garantia da qualidade e produtividade do cafeeiro. Muitos são os sistemas utilizados para irrigação de café, porém, têm-se destacado aqueles que permitem a economia de água, energia e mão de obra, como o gotejamento. No entanto, uma das principais vantagens desse sistema e que não está sendo corretamente utilizada pelos cafeicultores irrigantes é a fertirrigação, que se constitui na técnica da aplicação simultânea de água e fertilizantes, por meio do sistema de irrigação. Dentro dessa perspectiva, foi instalado um experimento na Fazenda Escola da Universidade de Uberaba (Uberaba MG), em Latossolo Vermelho amarelo textura arenosa, a 850 metros de UNIUBE 19 altitude, em lavoura de café Catuaí 144, plantado em dezembro de 1998 no espaçamento de 4,0 x 0,5m, e irrigada por gotejamento. Antes do início do experimento, procedeu-se a avaliação do sistema de irrigação, para determinação de sua uniformidade de aplicação. Esse procedimento se repetiu após a colheita da primeira safra, sendo obtidos coeficientes de uniformidade superiores a 90% para todos os tratamentos, o que permite concluir que o sistema opera de forma extremamente satisfatória, especialmente para a prática da fertirrigação. Os tratamentos se referiram às variações na forma e parcelamento da adubação recomendada de cobertura, da seguinte forma: a) Adubação de cobertura convencional química em quatro aplicações; b) Adubação de cobertura com adubos convencionais, via fertirrigação em 16 aplicações, via água de irrigação; c) Adubação de cobertura com adubos próprios para fertirrigação em 16 aplicações, via água de irrigação; d) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais sólidos, em quatro aplicações; e) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais líquidos em 16 aplicações, via fertirrigação. Para efeito de comparação, foram mantidas para os diferentes tratamentos as mesmas dosagens de N, K2O e P2O5. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso, com cinco tratamen tos e três repetições, totalizando 15 parcelas experimentais de 100m. O controle da irrigação foi realizado a partir de uma estação agrometeorológica automática, que possibilitou a estimativa da evapotranspiração da cultura pelo Método de Penman Monteith, segundo recomendaçõesda FAO. Analisando-se os dados, obtidos após as duas primeiras safras, observa-se que não foram verificadas grandes diferenças estatísticas entre os tratamentos, com produtividades de 53,2 até 67,7 sacas bene ficiadas por hectare. O tratamento que se baseou na aplicação de fontes químicas de nutrientes aplicados diretamente no solo foi superior aos demais. Após a análise sensorial, o melhor tratamento em relação à qualidade de bebida foi a fertilização com produtos organominerais via água de irrigação, que resultou em bebida apenas mole. O restante dos tratamentos forneceu café com bebida dura, notando-se, no geral, grande quantidade de frutos verde sem todas as amostras (valores superiores a 40%), característica de áreas irrigadas de café. Em relação à peneira, verificou-se uma porcentagem mínima de 65% de peneira 16 ou acima, sendo o melhor trata mento nesse quesito o referente à aplicação de produtos químicos via adubação convencional, com a porcentagem de 85% de peneira 16 ou acima. Em linhas gerais, após duas safras, pode-se concluir 20 UNIUBE preliminarmente que: a) a fonte de fertilizante não afeta significativamente a produção do cafeeiro, desde que este seja bem suprido de água e nutrientes; b) a irrigação promove desuniformidade de colheita, o que afeta a qualidade final da bebida, apesar de garantir a produtividade da lavoura mesmo em anos subsequentes; c) em geral, a fonte de fertilizante e o número de parcelamentos não afetou a qualidade final do café colhido. Exemplo de um relato de experiência Título (subtítulo) A Saúde da Família no curso de Odontologia da UEPG Autor(es) Crédito do(s) autor(es) Profa. Cristina Berger Fadel; Profa. Márcia Helena Baldani Pinto Resumo São apresentadas as atividades desenvolvidas pela disciplina de Odontologia Social do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná. Esta tem por objetivo a qualificação do acadêmico de Odontologia para atuar em gestão e planejamento em serviços de saúde pública, mais especificamente dentro do contexto do Programa de Saúde da Família. No campo do ensino- aprendizagem, o conteúdo trabalhado pela disciplina visa a dar mais ênfase a conhecimentos epidemiológicos sobre os agravos em saúde bucal, metodologias para o trabalho comunitário, princípios da promoção de saúde, desigualdades sociais e suas repercussões em saúde e habilidades clínicas contextualizadas na saúde da família. A disciplina é curricular, ministrada no último ano da graduação, e o enfoque prático do Programa de Saúde da Família tem sido incorporado buscando a atuação nas comunidades mais carentes do município. Essa experiência educacional, apesar de recente, tem alcançado importantes resultados na quebra de paradigmas institucionais, buscando uma estratégia de mudança na formação de recursos humanos para a área de saúde. Introdução Apresentação do assunto, problematização, objetivos. Corpo do Relatório Metodologias e materiais, análise e interpretação de dados, apresentação de resultados Conclusão Breve retomada dos itens contidos no corpo do relatório, comparação dos dados obtidos com os objetivos da pesquisa, sugestões e encaminhamentos possíveis. Referências Indicadas conforme normas da ABNT. Fonte: FADEL; PINTO, 2013, p. 23. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 21 1.3.2.2 Segundo grupo: comunicação, paper, artigo científico e monografia Textos geralmente elaborados para publicação em periódicos especializados ou em anais de eventos científicos. Têm por objetivo apresentar e avaliar as novida des em pesquisas ou refletir sobre fatos de relevância científica e cultural. São eles: a comunicação científica (paper), o artigo científico e a monografia. Estes se apresentam como um texto integral, organizados em introdução, desenvolvimento (corpo) e conclusão. Os dois primeiros, de extensão reduzida; a monografia tem o seu desenvolvimento subdividido em partes ou capítulos. Verifique os quadros seguintes. Quadro 3: Comunicação científica (paper). Comunicação científica (paper) Título (subtítulo) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou envio para apresentação em eventos científicos. Autor(es) Credenciais do(s) autor(es) Sinopse Texto Sem subdivisões, embora seja organizado em introdução, desenvolvimento e conclusão. Referências Indicação de textos usados como fontes de informação e/ou confirmação dos aspectos estudados, apresentadas conforme normas da ABNT. Quadro 4: Artigo científico Artigo científico Título (subtítulo) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou envio para apresentação em eventos científicos. Autor(es) Créditos do(s) autor(es) Resumo (do artigo) Introdução Apresentação, delimitação do assunto e objetivos do estudo. 22 UNIUBE O corpo do artigo Com subtítulos, porém não constituem capítulos. Conclusão Considerações finais, relacionando os dados obtidos ou reflexões realizadas sobre a questão levantada e possíveis encaminhamentos. Referências Indicação de textos, documentos e outras fontes utilizadas na confecção do artigo, apresentados conforme normas da ABNT. 1.3.2.3 Terceiro grupo: resumo, resenha e portfólio O resumo e a resenha têm origem em outros textos, pois a finalidade deles é apresentar obras já prontas, sejam elas jornalísticas, artísticas ou científicas. Esses textos requerem de seu autor habilidades de observação e de análise, em um nível mais complexo, exigem também consistentes conhecimentos sobre o assunto tra tado na obra, pois é preciso identificar o pensamento do autor, saber traduzi-lo e, no caso da resenha, saber situar a obra e o pensamento do autor, comparando-os com outras obras para emitir um julgamento sobre ela. A organização textual da resenha e do resumo varia em decorrência: • do gênero da obra que lhes dá origem; • dos objetivos com que são produzidos e; • do suporte para sua publicação. Resumo: apresenta dimensões menores do que as do texto que lhe dá origem. Sua finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento do autor, preser vando suas intenções e realçando os pontos para os quais ele dispensou maior atenção. Um mesmo texto pode originar vários resumos, pois cada pessoa considera relevantes os aspectos que estão relacionados ao motivo pelo qual está lendo a obra. UNIUBE 23 Exemplos de resumos de comunicação científica Título As publicações eletrônicas dentro da comunicação científica Autoria Marcelo Sabbatini Instituição: UMESP Resumo / texto 1ª parte: situa o tema O presente trabalho caracteriza e descreve o surgimento das publicações eletrônicas científicas na Internet, traçando o histórico de seu desenvolvimento e abordando também as principais questões envolvidas na transição do modelo de publicação baseado no papel para o modelo eletrônico... IN TR O D U Ç Ã O 2ª parte: destaca as questões da transição entre os modelos de publicação ...dentre as quais se destacam as questões dos direitos autorais, a questão econômica, a legitimidade acadêmica, a percepção de qualidade e o acesso e preservação destas publicações, que são tratadas na revisão da literatura sobre o tema. D ES EN VO LV IM EN TO 3ª parte: conclui, situando a relevância do tema para a ciência Dentro destas questões, é de grande relevância o papel que as publicações eletrônicas terão dentro do sistema sociotecnológico presente atualmente na sociologia e nos processos comunicacionais da ciência. C O N C LU SÃ O Fonte: SABBATINI, 1999, p. 2. EXEMPLIFICANDO! Título Um olhar sobre o humor em Dom Casmurro Autoria Acadêmica: Márcia Regina Pires Orientador(a): Profa.Msc. Ivanilda Barbosa Instituição/curso: Universidade de Uberaba UNIUBE/ Curso de Letras EXEMPLIFICANDO! 24 UNIUBE Resumo / texto 1ª parte: situa o tema, o autor e a obra Uma característica marcante do discurso literário de Machado de Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances da segunda fase. O romance Dom Casmurro,publicado em 1899, é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos dias de hoje. Esta obra participa da segunda fase da produção machadiana e se distingue pela abordagem psicológica, pela análise crítica dos sentimentos e intervenções do narrador que dialoga, constantemente, com os leitores. IN TR O D U Ç Ã O 2ª parte: apresenta o objetivo; os pressupostos e a metodologia para análise O objetivo deste estudo foi observar o humor que é configurado na narração deste romance sob o foco do personagem protagonista, Bentinho. Uma análise semântica e estilística permitiu-nos observar o humor sob três perspectivas: o humor-graça, o humor- intimidade e o humor-ironia. Percebeu-se que o humor foi instituído, não de forma evidente e despojada, mas sutilmente, provocando o envolvimento do leitor, de maneira quase imperceptível, porém gradativa. Constatou-se que a maturidade do narrador possibilita uma visão mais ampla de sua história e, assim, Bentinho assume a posição de quem assiste cenas de sua existência, construindo uma narração crítica como quem, a distância, observa, comenta e ironiza situações. D ES EN VO LV IM EN TO 3ª parte: conclui, emitindo um julgamento sobre a obra no que se refere ao aspecto estudado: o humor Concluiu-se que o humor em Dom Casmurro foi propositalmente empregado, ora para estabelecer uma intimidade com o leitor, ora para surpreendê-lo, ora para chamar-lhe a atenção e convidá-lo a refletir sobre a condição humana. C O N C LU SÃ O Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes Palavras chaves: humor, romance, literatura Fonte: PIRES, 2000. p.181. Resumo Texto sem subdivisões, embora apresente três partes: 1ª parte Introdução Situa o assunto do texto que está sendo resumido. 2ª parte Desenvolvimento Apresenta o conteúdo das partes do texto que está sendo resumido. 3ª parte Conclusão Apresenta as conclusões do autor do texto que foi resumido. UNIUBE 25 Veja um breve resumo do romance Caim, do escritor português José Saramago, publicado em 2009. Sinopse Quem diabo é este Deus que, para enaltecer Abel, despreza Caim? Se em O evangelho segundo Jesus Cristo José Saramago nos deu a sua visão do Novo Testamento, em Caim regressa aos primeiros livros da Bíblia. Num itinerário heterodoxo, percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha pela mão dos principais protagonistas do Antigo Testamento, imprimindo ao texto o humor refinado que caracteriza a sua obra. Caim revela o que há de moderno e surpreendente na prosa de Saramago: a capacidade de fazer nova uma história que se conhece do princípio ao fim. Um relato irônico e mordaz no qual o leitor assiste a uma guerra secular, e, de certa forma, involuntária, entre o criador e a sua criatura. Fonte: PORTAL DA LITERATURA, 1999. EXEMPLIFICANDO! Para redigir um resumo é preciso ter compreendido detalhadamente o texto. Vale lembrar: um aluno do curso de Teologia e outro do curso do curso de Letras tendo lido esse romance, provavelmente, vão destacar em seu resumo os aspectos relevantes a sua área de estudos. Mas, uma coisa é fundamental: é importante que os dois mantenham as informações ou o ponto de vista do autor sobre cada aspecto que indicarão como relevantes. Resenha: é um texto completo, redigido de forma contínua, que tem por fina lidade apresentar uma obra: descrevendo o seu conteúdo e sua composição, analisando os recursos utilizados bem como a pertinência do pensamento do autor em relação ao conhecimento já disponível, a importância da obra e a sua contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural. 26 UNIUBE Exemplo 1 Resenha de livro publicada em revista impressa A questão ambiental – Diferentes abordagens de Sandra Baptista da Cunha e Antonio José Teixeira Guerra (Orgs.), Bertrand Brasil, 252 p. Ecologia virou moda, disciplina de escola, programa de TV, bandeira política e campo profissional. O assunto envolve vários discursos arriscados: o reducionismo do senso comum, o tecnicismo dos burocratas, a demagogia dos governantes de plantão. Como entender as causas econômicas e políticas das agressões à natureza e, ao mesmo tempo, capacitar-se para enfrentá-las no campo dos conceitos históricos, filosóficos e políticos? Esta coletânea de ensaios tenta encontrar um equilíbrio entre ideologização e prática, causa e consequência, técnicas e leis. É o sétimo de uma série de obras da Bertrand Brasil sobre o meio ambiente. Fonte: Fluxos – Revista do Instituto de Humanidades da Universidade de Uberaba. p. 46, 1º/2003. Exemplo 2 Resenha de livro, publicada em uma revista eletrônica de jornalismo científico. Identificação da obra MCCLURE, Stuart; SCAMBRAY, Joel; KURTZ, George. Hackers expostos: segredos e soluções para a segurança de redes. São Paulo: Makron Books, 2000. Autoria por Fábio Júnior Beneditto Apresentação dos autores da obra e de sua atuação profissional Stuart McClure é gerente-sênior do grupo eSecurity Solutions, da Ernest & Young. Ele é co-autor da Security Watch da revista InfoWorld, uma coluna que trata de assuntos atuais relativos à segurança eletrônica, bem como invasões e vulnerabilidade de sistemas de computadores. Além disso, possui uma vasta experiência em software e hardware de segurança de redes (firewall, sistemas de detecção de intrusos, entre outros). EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 27 Apresentação dos autores da obra e de sua atuação profissional Joel Scambray é gerente do grupo eSecurity Solutions, onde fornece serviços de consultoria de segurança em sistemas de informação para diversos tipos de organizações. Também é co-autor da Security Watch. George Kurtz é gerente-sênior do grupo eSecurity Solutions e diretor nacional de "Ataque e Penetração da linha de serviços Profiling" da Ernest & Young. Como consultor, executou centenas de avaliações em firewalls, redes e sistemas de comércio eletrônico ao longo dos anos. É um dos principais instrutores do aclamado curso "Extreme Hacking - Defending Your Site". Apresentação da obra, destacando o tema e o gênero Hackers expostos, apesar do nome, trata única e exclusivamente de segurança de redes e sistemas. Com uma enorme quantidade de detalhes, o livro é uma espécie de manual, já que serve de alerta para todos os administradores de sistemas e usuários, para que percebam o quão vulnerável seus preciosos dados podem estar, trafegando livremente pela Internet. Organização da obra Para que a leitura e a compreensão fossem facilitadas, o livro foi todo estruturado em pequenos módulos, como em um guia de referências, onde o leitor não precisa ler tudo para encontrar a resposta para a sua dúvida sobre um determinado assunto. Resumo comentado sobre o assunto de cada módulo do livro Todos os assuntos estão agrupados por área de interesse: a "Identificação do Alvo" trata de como fazer o footprint (espécie de planta baixa da rede de computadores utilizados por um determinado domínio) e a varredura, onde são identificados e verificados todos os serviços que estão disponíveis no sistema, e a sua enumeração. O segundo módulo trata de "Hacking de sistemas", trazendo as características e as falhas, comuns ou não, dos principais sistemas operacionais utilizados em estações de trabalho e servidores, sempre focalizando o grau de dificuldade para o atacante obter sucesso em sua empreitada de quebrar o sistema (uso de exploits), além de sugestões para a correção ou minimização das chances dessas empreitadas ocorrerem. O terceiro trabalha com "Hacking de rede", onde são vistas formas de proteger os dados da empresa do acesso indevido através de exploits, como os encontrados em sistemas de firewall, roteadores, dialup's e falhas nos protocolos de rede. É dada uma maior ênfase para a prevenção aos Ataques de Recusa de Serviço (Dos Denial Of Service) que nos últimos anos tem tirado muitos websites do ar (por exemplo oUOL). No último módulo se enfoca "Hacking de software". É nesse campo que entram os softwares de administração remota (autorizada ou não), os "cavalos de tróia", conhecidos como trojans, que são os maiores causadores das noites de insônia de muitos administradores de sistemas, porque permitem, através de programas aparentemente inofensivos, a instalação de servidores de acesso remoto, facilitando o roubo de informações, entre muitas outras possibilidades de prejuízo. 28 UNIUBE Análise e avaliação da obra Houve uma grande preocupação dos autores em detalhar os ataques mais comuns às redes e sistemas operacionais, baseando-se em suas próprias vivências como consultores e em sites/newsgroups especializados, de forma a exibir uma visão mais abrangente do problema: a visão do atacante (cracker) que não tem nada a perder. Como os autores citam nos agradecimentos, "Conhecimento e informação os libertará", referindo-se aos nobres hackers que, no sentido literal e correto da palavra, têm-se preocupado em expor e solucionar esses problemas. Indicação da leitura É uma obra que não pode faltar na bibliografia de qualquer administrador de sistemas preocupado em garantir a paz e a tranquilidade de sua empresa e que quer proteger os dados vitais da mesma do acesso não autorizado e, dessa forma, garantir por mais tempo o seu emprego e o desenvolvimento de sua organização. Fonte: BENEDITTO, 2002. Exemplo 3 Resenha de filme Título da obra Gattaca Dados da identificação Gattaca – A experiência Genética (Gattaca). EUA, 1997. Dir. Andrew Niccol. Com Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Loren Dean, Alan Arkin, Gore Vidal e Ernest Borgnine. Contextualização situa o momento sociocultural em que a obra é produzida, articula o motivo de sua realização a esse contexto A recente divulgação do final dos trabalhos de sequenciamento do genoma humano trouxe um importante questionamento com relação às consequências deste novo conhecimento. Ao mesmo tempo que gera a esperança de cura de muitas doenças de origem genética, gera também muitas especulações algumas gratuitas, outras não sobre a possibilidade de um uso indesejável do conhecimento genético. 1ª p ar te : I N TR O D U Ç Ã O Apresentação da obra, situando o gênero, o autor e o tema Dentro desta última perspectiva, o filme Gattaca, de Andrew Niccol é uma interessante reflexão sobre os caminhos a que a engenharia genética pode levar e os impactos que esta tecnologia e a ciência de um modo geral pode ter na sociedade. UNIUBE 29 Breve resumo do enredo, ressaltando o tempo da história e o personagem principal Passado em um tempo futuro, Gattaca mostra uma sociedade em que as corporações tornaram-se mais poderosas que o Estado e em que a manipulação genéticacriou uma nova espécie de preconceito e hierarquia racial, legitimada pelaciência. Aos pais que desejam ter filhos é dada a oportunidade de manipular a interação entre seus DNAs de modo que gerem filhos com a melhor combinação de qualidades genéticas possível. Este procedimento acaba criando duas categorias diferentes de pessoas: os Válidos, frutos desta combinação genética planejada, que são quase super-homens, com raras doenças genéticas; e os Inválidos, frutos de nossa interação sexual usual. Aos empregos e as melhores oportunidades enquanto que os Inválidos chegam a ser impedidos de frequentar determinados lugares. A história do filme é a de dois irmãos, um concebido da maneira natural e o outro manipulado geneticamente. O Inválido, interpretado por Ethan Hawke, tem várias doenças genéticas e, ao ter seu DNA examinado quando nasce, já tem uma data prevista para sua morte. Contudo, o garoto sonha em viajar ao espaço emprego impensável para alguém com seus problemas e vai buscar todas as maneiras possíveis para superar suas limitações ao mesmo tempo em que tem que esconder de todos que é um Inválido. 2ª p ar te : D ES EN VO LV IM EN TO Comentário crítico Com roteiro e direção de Andrew Niccol, que também foi roteirista de O Show de Truman, Gattaca é um ensaio sobre o que pode ser uma sociedade em que o destino das pessoas esteja pré-determinado cientificamente em que não haja o mínimo espaço para a ação do indivíduo na construção de seu próprio futuro. Também é uma reflexão sobre como a ciência pode ser usada para legitimar e, no caso, criar uma hierarquia social, principalmente se feita sem crítica e controle da sociedade. 3 ª p ar te : C O N C LU SÃ O Autor da resenha Rafael Evangelista Fonte: EVANGELISTA, 2000. Mas será que resumo e resenha são textos diferentes? Diferente do resumo, a resenha inclui também uma avaliação crítica por aparte de quem a redige e, ainda, uma indicação para leitura da obra, considerando os interesses do leitor a quem mais diretamente a obra se dirige. 30 UNIUBE Se compararmos os quadros aqui apresentados, podemos afirmar que os textos acadêmicos escritos contêm uma estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Quando redigidos e enviados para publicação, devem conter os dados de identificação do autor e do tipo de texto que se apresenta. Pertencendo todos ao gênero científico e/ou didático-científico, esses textos dialogam entre si, para que o autor alcance o objetivo de comunicar suas investigações por meio dos estudos que realiza. SINTETIZANDO... Portfólio é uma palavra de origem latina, muito utilizada pelos norte-americanos e significa coleção daquilo que está ou pode ser guardado em um porta fo lhas. No meio acadêmico, é usado para comportar as diferentes produções do aluno, baseadas nos registros de suas reflexões, de suas leituras, de suas indagações. Sendo assim, pode-se dizer que esse ‘álbum’ acadêmico guarda textos que expressam o desenvolvimento de sua própria aprendizagem. Em cursos de graduação e de pós-graduação, o portfólio tem sido muito utili zado para que o aluno, de maneira bastante pessoal, demonstre seu processo de aprendizagem. Na Internet, você encontrará uma diversidade de conceitos e de possibilidades de se elaborar esse rico material. Não há uma única forma de se elaborar um portfólio. É importante, todavia, que o autor siga os objetivos, os cri térios ou as orientações a ele apresentados, quando lhe solicitam a composição de seu portfólio. Compreender a organização e a finalidade dos textos com os quais lidamos no dia a dia contribui para ampliar nossa competência de leitura. É importante que a nossa familiaridade com esses textos nos estimule não só a ler, mas também a escrever, a nos identificar como autores de textos acadêmicos. Esse é um processo que se inicia com o registro das leituras que fazemos. IMPORTANTE! UNIUBE 31 1.3.3 Outras formas de registro de estudos Quais são os nossos objetivos quando tomamos um texto para objeto de es tudo? Lemos para conhecer, analisar, interpretar situações, dados e informações, para ampliar nosso conhecimento do mundo e, assim, construir novos conhecimentos. Na condição de cidadãos participantes, o que se espera de um estudante univer sitário é que ele seja agente no processo de sua formação profissional. Para isso, é necessário que desenvolva suas habilidades de lidar com o conhecimento já dis ponível na sociedade, aplicando-o, avaliando-o, criticando-o para transformá-lo. Mas, toda construção de conhecimentos, além de uma motivação pessoal, exige métodos e técnicas, pois, quando é grande o volume de informações e de operações com que precisamos trabalhar, por melhor que seja a nossa memória, ela precisa ser ativada. As anotações, os registros que fazemos auxiliam nessa ativação e na recuperação dos conhecimentos que já adquirimos no decorrer da nossa existência, por isso, em um curso de formação profissional, esses registros devem ser frequentes. Todos os textos acadêmicos apresentados neste capítulo são formas de registro dos estudos realizados no âmbito da universidade. Embora tenhamos destacadoo resumo, a resenha e o portfólio, há outras formas de registros. São elas: • relatório: expressa o processo de desenvolvimento de uma situação de estudo ou de pesquisa, isto é, tem sua origem em um trabalho realizado. É conside rado documento de grande importância para a continuidade da investigação científica, para a gestão de recursos humanos, para a destinação de recursos financeiros, para o planejamento político e educacional. • monografia: caracteriza-se pelo tratamento escrito de um tema específico que re sulte de uma pesquisa científica e apresente uma 32 UNIUBE contribuição relevante para a ciência. Por extensão, identifica um trabalho científico que resulte de pesquisa, por exemplo, trabalho de conclusão de curso de graduação (TCC), deve estar re lacionado a uma disciplina do curso e ser feito sob orientação docente. Uma forma prática de conhecer a estrutura da monografia é consultar bi bliotecas e bancos de dissertações de mestrado na Internet. Sempre que lhe for proposto um tema para estudos, visite um site de busca e procure por dissertações de mestrado, indicando também o assunto. O estudo de um texto acadêmico inicia-se por um processo de identificação e de localização, isto é, por um processo de fichamento do texto. Esse processo consiste em uma prática acadêmica que tem por objeto de estudo um livro, ou um capítulo de livro, ou um artigo, ou um filme, ou um documento, entre outros. O fichamento pode consistir, também, em uma reunião de da dos e proposições sobre determinado tema. Por ser um procedimento básico de identificação, o fichamento está sempre relacionado a outras práticas de escrita acadêmica. Prosseguiremos nosso estudo, abordando agora os procedimentos de leitura. Antes, porém, vamos retomar alguns pontos para a nossa reflexão. Até aqui, refletimos sobre conceito, modos de organização e finalidades dos textos acadêmicos. Se recorrermos aos esquemas propostos para a composição desses textos, poderemos constatar que as partes da dissertação se encontram presentes em todos eles: introdução, desenvolvimento e conclusão. Segundo Soares e Campos (1987, p. V): [...] a dissertação é a forma de redação mais usual. Com mais fre quência é a forma de redação solicitada às pessoas envolvidas com a produção de trabalhos escolares, com a administração e produção de pesquisas em Instituições que fazem Ciência, com a administração e execução técnico-burocráticas de ser viços ligados à Indústria, Comércio etc. A prosa dissertativa é, assim, predominante nos textos de trabalhos escolares, nos textos de produção e UNIUBE 33 divulgação científicas (monografias, ensaios, artigos e relatórios técnico-científicos) e nos textos técnico- administrativos. Dependendo da intenção do autor, em um texto dissertativo, pode predominar: • a descrição: quando o autor quer conceituar um termo, apresentar as fases de um processo ou caracterizar um objeto, ele constrói um texto dissertativo -expositivo; • a argumentação: quando o objetivo do autor é defender um ponto de vista, ele constrói um texto dissertativo-argumentativo. Raramente encontramos uma dessas formas de dissertar em estado puro. No texto argumentativo, para a defesa de uma ideia, de uma tese, de uma opinião, o autor se serve tanto da descrição quanto da narração. Assim, garante o efeito desejado: persuadir o interlocutor. Um bom exemplo disso é o texto de acusação e de defesa nos tribunais. Leitura de um texto didático-científico1.4 Se várias são as intenções de quem escreve e variadas são as formas da escrita, diante de diferentes textos, precisamos ter procedimentos de leitura diferentes. Como deve ser, então, o procedimento do leitor diante de um texto científico ou didático-científico? 1.4.1 Procedimentos Alguns procedimentos nos auxiliam a realizar uma leitura adequada dos textos com os quais lidamos no dia a dia da vida universitária. 34 UNIUBE 1.4.1.1 Ler para identificar A primeira leitura deve ser realizada de forma sequencial e integral. É importante ficar atento(a) às marcas de composição gráfica: os tipos de letras e fontes costumam ser diferentes para o título, para as partes e para os itens dentro de cada parte. Pode ser também observado o estilo do autor. Ou seja, lemos para identificar: • gênero de texto: é um capítulo de um livro, um artigo científico? • autoria: quem o escreveu? • suporte: foi publicado em um livro, jornal ou periódico? • data de produção e de publicação, editora e localidade da publicação; • extensão do texto: número de páginas; • assunto: qual o conteúdo é desenvolvido no texto? • plano geral do texto: como o autor organizou o texto? 1.4.1.2 Ler para delimitar as partes Após tomar conhecimento do plano geral do texto, é importante ler para delimitar: • a introdução; • o desenvolvimento; • a conclusão. A seguir, veja como podem ser delimitados a introdução, o desenvolvimento e a conclusão de um texto dissertativo-expositivo. UNIUBE 35 A Nova Economia Contextualização das tecnologias e do mercado de trabalho A difusão acelerada das novas tecnologias de informação e comunicação vem promovendo profundas transformações na economia mundial e está na origem de um novo padrão de competição globalizado, em que a capacidade de gerar inovações em intervalos de tempo cada vez mais reduzidos é de vital importância para as empresas e países. A utilização intensiva dessas tecnologias introduz maior racionalidade e flexibilidade nos processos produtivos, tornando-os mais eficientes quanto ao uso de capital, trabalho e recurso naturais. Propiciam, ao mesmo tempo, o surgimento de meios e ferramentas para a produção e comercialização de produtos e serviços inovadores, bem como novas oportunidades de investimento. 1ª p ar te : I N TR O D U Ç Ã O Efeitos das mudanças provocadas pelas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação - NTIC, sobre a dinâmica do mercado As mudanças em curso estão provocando uma onda de "destruição criadora" em todo o sistema econômico. Além de promover o aparecimento de novos negócios e mercados, a aplicação das tecnologias de informação e comunicação vêm propiciando, também, a modernização e revitalização de segmentos maduros e tradicionais; em contrapartida está ameaçando a existência de setores que já não encontram espaço na nova economia. 2ª p ar te : D ES EN VO LV IM EN TO Vantagens A globalização e a difusão das tecnologias de informação e comunicação são uma via de mão dupla: por um lado, viabilizaram a expansão das atividades das empresas em mercados distantes; por um outro, a atuação globalizada das empresas amplia a demanda por produtos e serviços de rede tecnologicamente mais avançados. Neste processo, as empresas passam a definir suas estratégias de competição, conforme os mais variados critérios (disponibilidade e capacitação de mão-de-obra, benefícios fiscais e financeiros, regulamentação etc.), estabelecendo, de maneira descentralizada, unidades produtivas em locais mais vantajosos, independentemente das fronteiras geográficas. EXEMPLIFICANDO! 36 UNIUBE Exigências Através das redes eletrônicas que interconectam as empresas em vários pontos do planeta, trafega a principal matéria prima desse novo paradigma: a informação. A capacitação de gerar, tratar e transmitir informação é a primeira etapa de uma cadeia de produção que se completa com sua aplicação no processo de agregação de valor a produtos e serviços. Nesse contexto, impõe-se, para empresas e trabalhadores, o desafio de adquirir a competência necessária para transformar informação em um recurso econômico estratégico, ou seja, o conhecimento. 2ª p ar te : D ES EN VO LV IM EN TO Perspectivas do mercado de trabalho com políticas direcionadas para as NITCs Na transição para a nova economia, esse padrão de especialização poderá agravar ainda mais a desigualdade entre os países especializadosem gerar novos produtos e serviços e os demais, que implementam os projetos desenvolvidos pelos países líderes. Tal padrão de especialização tem profundo impacto na distribuição das oportunidades de trabalho, no padrão de consumo da sociedade e na repartição da renda entre os países. A despeito das grandes desigualdades entre nações, novas oportunidades se abrem para os países em fase de desenvolvimento econômico que saibam estruturar suas políticas e iniciativas em direção a sociedade da informação. 3ª p ar te : C O N C LU SÃ O Fonte: TAKAHASHI, 2000. p.1728. 1.4.1.3 Ler para analisar Na sequência, o foco da leitura deve priorizar a observação e a análise da: • adequação no uso de termos técnicos; • consistência dos dados; • relação entre ilustrações, gráficos e tabelas e sua pertinência com o assunto tratado; • coerência dos argumentos apresentados. Platão e Fiorin (1996) definem cinco tipos de argumentos como principais recur sos usados em textos dissertativos e que se aplicam ao texto científico: UNIUBE 37 • Argumento de autoridade: a citação de autores renomados, de autoridades num certo domínio do conhecimento ou da atividade humana, o que confirma o pensamento do autor, demonstrando que ele pesquisou sobre o assunto. Por isso, é muito importante dar atenção às notas de rodapé ou ao final de texto, às citações, às alusões ou referências, ainda que breves, a outros autores e a outros textos. Exemplo: Afirmação: “A ligação entre arte e ciência não é nova”. Argumentação: “Entre outros, o físico inglês Paul Dirac, autor da descoberta teórica da antimatéria, foi um dos que defenderam essa ideia. Em um dos seus escritos mais conhecidos, Dirac propôs que o melhor critério para avaliação de uma teoria deve ser sua beleza”. Fonte: Ponto de vista Ciência e beleza, Revista Scientific American Brasil, ano 1, n. 11, p. 5. • Argumento baseado no consenso: são afirmações de base científica e aceitas como verdadeiras, não necessitando, portanto, serem demonstradas. Em todas as áreas do conhecimento, existem argumentos universalmente aceitos: os axiomas da matemática e as proposições como as que constam da declaração dos direitos humanos, por exemplo. Exemplo: Diante de um mesmo delito, algumas pessoas são punidas e outras não. Isso não poderia acontecer, pois todos são iguais perante a lei e sem distinção. Afirmação: “Diante de um mesmo delito, algumas pessoas são punidas e outras não. Isso não poderia acontecer, (...)”. Argumentação: “(...) pois todos são iguais perante a lei e sem distinção”. • Argumento baseado em provas concretas: afirmações fundamentadas em dados de pesquisa, em fatos comprovados e em documentos ou simila res. Usam-se, para tanto, dados divulgados por órgãos oficiais nacionais e internacionais. 38 UNIUBE Exemplo: Afirmação: “A família brasileira está diminuindo, ao mesmo tempo que cresce a proporção de famílias lideradas por mulheres. Além dessas mudanças nos padrões de organização familiar no Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostram que, nas duas últimas décadas, cresceu a proporção de pessoas que moram sozinhas, embora ainda predomine no Brasil o tipo de família formada pelo casal e seus filhos”. Apresentação dos dados: Com base nos dados da PNAD de 1992 a 2001, é possível destacar algumas tendências recentes no perfil da família brasileira. Nesse período, cresceu de forma contínua o número relativo de famílias nas quais a pessoa de referência é mulher e reduziu- se a quantidade de componentes das famílias, como reflexo do ritmo de queda da fecundidade. A PNAD 2001 estimou em cerca de 13,8 milhões o número de arranjos familiares em que a mulher era a pessoa de referência, ou 27,3% das 50,4 milhões de famílias brasileiras. Em duas décadas, a proporção desse tipo de arranjo familiar cresceu cerca de 24,7% no país. O fenô meno é mais recorrente nas regiões metropolitanas, dentre as quais se destacam Belém e Salvador, com, respectivamente, 40,4% e 35,9% de famílias com pessoa de referência do sexo feminino. Fonte: Síntese dos indicadores sociais 2002, IBGE. • Argumento com base no raciocínio lógico: são argumentos baseados nas relações de causa e consequência. Muito comuns nos textos de ciências da natureza e de matemática. Exemplo: Afirmação: Os conhecimentos são adquiridos. Explicação: A engenharia genética não é capaz de incorporá-los aos cromos somos. Eles existem na forma de uma rede. Ou seja, seria preciso transplantar um cérebro inteiro para as crianças. UNIUBE 39 Conclusão: Daqui a 25 anos, portanto, os estudantes ainda terão que apren der para saber, isto é, terão de desenvolver uma atividade mental intensa para compreender, memorizar, comparar e organizar os conhecimentos. Fonte: PERRENOUD, 2003. • Argumento de competência linguística: demonstrada na atualização e na adequação no uso de termos técnicos e científicos, de expressões linguísticas no encadeamento de enunciados, de parágrafos e de partes do texto (essas ex pressões possibilitam ao leitor acompanhar o raciocínio do autor) e no domínio no uso da língua culta. Exemplo: “Grandes efeitos sobre a diversidade biológica em áreas urbanas também podem resultar de fontes menos diretas, incluindo muitos dos poluentes oriun dos do ar e da água que colocam em perigo a saúde humana. Descobriu-se que subprodutos tóxicos de produção industrial, como a bifenila policlorada, o dióxido de enxofre e oxidantes, assim como os pesticidas direcionados para espécies daninhas, afetam os ecossistemas naturais, descortinando-os (EHRLICH; EHRLICH, 1981).” Fonte: MURPHY, 1997, p. 91. 1.4.1.4 Ler para estabelecer relação • do texto com outros textos da mesma área do conhecimento; • do texto com o conteúdo da disciplina; • do texto com a realidade sociocultural em que o texto foi produzido e na qual, você, leitor, está inserido. 1.4.1.5 Ler para emitir um julgamento Utilizando dos registros que foram feitos em cada uma das etapas anteriores, o leitor poderá, com a maior clareza possível: 40 UNIUBE • traduzir o conteúdo do texto, isto é, dizer ou escrever com outras palavra, mantendo o pensamento do autor; • analisar a consistência do raciocínio do autor em relação aos conhecimentos já produzidos na mesma área de estudo; • reconhecer a coerência do pensamento elaborado pelo autor; • avaliar uma produção acadêmica; • avaliar a contribuição do estudo do texto para a ampliação dos seus conhe cimentos e para sua formação profissional. É importante salientar que leitura e a escrita são práticas necessárias para am pliar a nossa competência na produção de diferentes textos. Resumo Neste capítulo, estudamos o texto acadêmico, por meio de algumas reflexões sobre o seu conceito e a sua organização. Sugerimos alguns procedimentos mais adequados para a leitura de um texto científico e abordamos as formas de textos acadêmicos mais usadas para os registros dos estudos realizados nos cursos de graduação. Ao apresentar alguns exemplos para o exercício da leitura, esperamos que você tenha ampliado seus conhecimentos sobre as formas de organização e o uso adequado de textos acadêmicos, para o seu melhor desempenho nos estudos. Atividades Atividade 1 As afirmativas a seguir contemplam algumas características de TEXTOS ACADÊMICOS. Marque V, nas alternativas verdadeiras, ou F, nas alternativas falsas. UNIUBE 41 A. ( ) São textos característicos da difusão e produção do conhecimento nas universidades. B. ( ) São textos técnicos e científicos. C. ( ) São textos intuitivos e cotidianos na universidade em geral. D. ( ) São textos produzidos por alunos e professores para publicação em eventos científicos. E. ( ) São textos elaborados só por professores universitários. F. ( ) São textos que visam a progressiva ampliação e troca de conhecimentos necessários à formação profissional. G. ( ) São textos
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