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17
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
GRADUAÇÃO FILOSOFIA
TRADIÇÕES RELIGIOSAS: ESTADO LAICO NÃO É ESTADO LAICISTA
Por: Célio de Azevedo Júnior
Prof. Ernani José Antunes
Niterói
2022
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
GRADUAÇÃO FILOSOFIA
TRADIÇÕES RELIGIOSAS: ESTADO LAICO NÃO É ESTADO LAICISTA
Por: Célio de Azevedo Júnior
DESENVOLVIMENTO
Uma série de convenções sociais é realizada a partir de pressupostos previamente estabelecidos por meio de valores religiosos. Desse modo, podemos afirmar que a religião ajuda a ordenar a comunidade como um todo.
A palavra tolerância, do latim tolerare (constância em sofrer), é um termo que define o grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física.
Do ponto de vista da sociedade, a tolerância é a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar outra pessoa ou grupo social, que tem uma atitude diferente das que são as normais no seu próprio grupo. Assim, a partir da tolerância, é garantida a aceitação de diferenças sociais e a liberdade de expressão. Tolerar algo ou alguém é permitir que algo prossiga, mesmo que a pessoa não concorde com tal valor, pois é dado o respeito de discordar.
O princípio cristão de fazer o exame de consciência sobre suas ações, perceber seus erros e pedir perdão por eles é a base ideológica das “prisões mentais” modernas. 
Nesse sentido, é preciso que haja respeito a quem professa uma fé diferente da sua, e inclusive para com aqueles que não possuem nenhuma fé. Esse é um dos objetivos desse trabalho.
Segundo a Constituição Federal Brasileira de 1988, 
Art. 5º:
(...) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Art. 143: O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...) VI - instituir impostos sobre:
(...) b) templos de qualquer culto;
Art. 210:
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
Art. 226:
(...) § 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.»
E o apreço é tal pela religião que até o art. 19, que define a laicidade de nosso Estado, não deixa de conferir garantias religiosas:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (g.n.)
Intolerância Religiosa
A Intolerância religiosa é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar práticas e crenças religiosas de terceiros, ou a sua ausência. 
Pode-se constituir uma intolerância ideológica ou política, sendo que, ambas têm sido comuns através da história. A maioria dos grupos religiosos já passou por tal situação numa época ou outra. Floresce devido à ausência de liberdade de religião e pluralismo religioso. 
Perseguição: Neste contexto, pode referir-se a prisões ilegais, espancamentos, torturas, execução injustificada, negação de benefícios, de direitos e de liberdades civis. 
Pode também implicar confisco de bens e destruição de propriedades, ou incitamento ao ódio. A exemplo do que ocorreu na antiga União Soviética, e em outros países da antiga “Cortina de Ferro”, por parte do governo “ateu” contra os católicos.
Já o Budismo, por exemplo, diferente de outras religiões, costuma ser associado a uma filosofia tolerante a outras crenças. Essa filosofia em questão é sistematizada pelos ensinamentos de Buda, e acredita que o caminho para a libertação está na consciência que pode ser alcançada por meio de práticas e crenças espirituais, como a meditação. Há diversas outras religiões como o Islã, Hinduísmo, religiões Nova Era, entre outras, que também merecem destaque.
	Por outro lado, é mister compreendermos que o catolicismo ainda é a principal religião cristã no mundo. Sempre foi e provavelmente continuará sendo por muito tempo.
Ei-lo um mundo cada vez maior em termos de crenças e não crenças com Estados judeus, palestinos, cristãos, etc. Sem mencionar os Estados antirreligiosos dos tempos modernos. 
	Nós educadores devemos saber como melhor lidar com as diferenças sociais as quais nossa sociedade plural vive. E eu, como comunicador, devo prezar sempre pela transparência das informações que difundo.
Nesse sentido, os meios de comunicação também são importantes como difusores das mais diversas práticas religiosas, bem como na formação de um dogma específico, quando se há interesse.
	
	Os meios de comunicação e instituições de ensino, como aparatos da informação e formação, devem veicular da melhor forma a pluralidade de pensamentos em nossa sociedade, capitalista e democrática.
	Sendo assim, decidi realizar duas entrevistas. A primeira com uma típica dona de casa brasileira que segue o budismo, e a segunda com uma ativista social e escritora tcheca, que viveu o regime socialista em seu país, foi ateia e que, mais tarde, converteu-se ao catolicismo.
	
ENTREVISTA 1
Inicialmente, tive a liberdade de entrevistar a minha irmã, que segue a doutrina budista, em seu templo, e seu nome é Márcia Sabino.
Entrevistador: Senhora Márcia, inicialmente como foi a sua conversão ao Budismo?
Márcia: Diferentemente do que muitos pensam, o budismo não é uma religião, e sim uma filosofia de vida. Antes eu era católica, quando criança. Depois com o tempo, fui me tornando budista, após refletir sobre algumas coisas.
Entrevistador: Quais eram essas coisas?
Márcia: Algumas dúvidas. Por sempre eu rezar para Deus e nunca obter resultados, cheguei a conclusão de que ele não existia, de que não acreditava nele. Mais tarde, encontrei no Budismo a minha razão de ser.
Entrevistador: E essa razão de ser está relacionada à sua fé?
Márcia: Sim, é uma fé diferente das demais. Diferente do Cristianismo. Por exemplo, seguir os ensinamentos de Buda.
Entrevistador: Isso é muito interessante de um ponto de vista geral. Você teve problemas em ser discriminada em outros meios por conta de sua crença?
Márcia: Não, nunca tive. O Budismo é muito bem aceito atualmente.
Entrevistador: Que tipo de Budismo você segue?
Marcia: O Budismo chinês é o que mais sigo. É mais condizente com os ensinamentos e com essa doutrina que acredito.
Entrevistador: Você já pensou em mudar de religião?
Marcia: Nunca, vou a encontros com outros budistas e tenho amigos nesses grupos. É o meu principal ciclo social.
Entrevistador: Muito obrigado pela entrevista, Márcia.
ENTREVISTA 2
Também tive a liberdade de entrevistar uma amiga da República Tcheca, país onde morei de 2019 a 2020. Segue abaixo a entrevista com a escritora e ativista política/social tcheca Jana Karásková.
Entrevistador: Você pode me dizer algo sobre o seu caminho para afé? Em primeiro lugar, vou perguntar-lhe qual é a situação no seu país - República Checa. Quais igrejas têm mais crentes?
Jana: Nosso país tem atualmente uma população de 10,5 milhões. No censo de 2021, quase metade não respondeu à questão das crenças religiosas e 1,4 milhão se identificaram como crentes.
Há um declínio constante - em 1991 após a Revolução de Veludo haviam 4,5 milhões de crentes, em 2001 3,3 milhões e em 2011 apenas 1,5 milhão. A maioria é de católicos - cerca de um milhão. Já existem 74 igrejas registradas e até 21.000 pessoas se juntaram aos Jedi (Sith de StarWars). Há cerca de 60.000 membros de igrejas evangélicas e protestantes. Outras religiões não estão muito representadas.
Mas cada vez mais pessoas se consideram crentes sem pertencer a nenhuma igreja. Depois de 1991, muitas pessoas se interessaram por esoterismo, medicina alternativa, vários rituais, xamanismo, introdução às chamadas "vidas passadas". - a doutrina da reencarnação parece ser cada vez mais popular.
O estado tcheco é laico e a Tchéquia é considerada uma das nações mais ateias do mundo. Em uma pesquisa Eurobarometer da Comissão Europeia em 2005, apenas 19% da população tcheca disse acreditar que Deus existe, e 50% disseram acreditar que existe algum tipo de espírito ou força vital.
Historicamente, houveram trágicos confrontos religiosos entre os hussitas e os cruzados em nosso território, e muitos protestantes tiveram que deixar o país durante a recatolização. O mais conhecido é o famoso "Teacher of Nations" Jan Ámos Komenský. Devido a guerras e pragas, as terras tchecas perderam cerca de um terço de sua população naquela época.
Entrevistador: Os crentes foram perseguidos durante os 40 anos de regime comunista?
Jana: Sim, o Partido Comunista esteve no poder desde 1948 e tentava suprimir a fé. Os padres foram presos e alguns não sobreviveram a condições difíceis. As ordens monásticas foram dissolvidas, suas propriedades tomadas pelo governo. O atual Cardeal Duka foi um dos prisioneiros. A chamada "igreja clandestina" foi estabelecida e os novos padres foram ordenados secretamente no exterior, principalmente na Polônia. Alguns padres foram persuadidos a cooperar com a segurança do Estado.
O Estado trabalhou duro para evitar que os jovens fossem submetidos ao "ópio não científico da humanidade". Os currículos das escolas, o conteúdo de filmes e livros estavam sujeitos a isso. A Igreja Católica foi retratada de forma muito crítica.
O ensino opcional da religião (católica) era permitido e comum nos anos 50, especialmente nas aldeias, mas depois cada vez menos crianças participaram. Os esforços iniciais dos hussitas para ter tudo em comum e viver como uma igreja primitiva foram retratados como um modelo de comunismo. Tábor - a cidade onde moro - foi fundada pelos hussitas.
A ênfase foi colocada no ensino da teoria evolucionária da origem da vida, e a fé na criação de Deus foi descrita como algo retrógrado, medieval. Foi assim que eu entendi - que apenas pessoas ingênuas e estúpidas sem instrução podem acreditar em "contos de fadas" sobre Deus.
Entrevistador: Seus pais eram crentes (Nota: Crente nesse caso tem o significado de que crê em algo ou em alguma coisa além do material)?
Jana: Quando bebê, fui batizada (católica) - acho que por tradição, eu não sabia há muito tempo. Meus pais não me levaram à fé, eles eram incrédulos. Mais tarde eles não ficaram felizes quando eu declarei acreditar em Deus. Minha mãe se envergonhou de mim quando eu contei isso aos meus vizinhos com entusiasmo.
Meu pai pensou que eu "havia jogado fora o meu cérebro". Fiquei surpresa com o que meu pai me contou sobre sua fé - sua mãe o obrigava a orar todos os dias, e ele temia que, se não o fizesse, algo terrível aconteceria. Uma vez ele teve a coragem de não orar, e nada aconteceu. Isso se tornou prova para ele da inexistência de Deus...
Quando criança, me diziam "Pequeno Jesus dá presentes" no Natal, mas eu não sabia nada sobre Jesus. Certa vez, vi uma grande cruz em um cemitério com uma estátua de Jesus e perguntei com espanto: "Quem é este homem"?
Eu costumava sofrer de ansiedade de aniquilação severa (consciência do nada após a morte) de tempos em tempos. Eu não entendia como as pessoas podem se alegrar e tentar alcançar qualquer coisa quando nada nos espera no futuro, e muitas vezes com doença, com dor. Essa consciência estragou o meu sentido da vida. Mesmo quando eu era jovem, inteligente, bonita, eu costumava sentir que minha vida ou a de meus entes queridos poderia terminar a qualquer momento.
Quando eu tinha 4 anos, caí no rio, e foi só por acaso que um pescador me salvou. Minha mãe me disse que depois da morte eu não veria, ouviria ou perceberia nada. Então eu sabia que não tinha que haver nada e eu costumava ficar deprimida.
Quando comecei a acreditar em Jesus, meu medo horrível da morte desapareceu. Foi realmente uma mudança milagrosa „O amor levou para longe“. Espero que isso não volte no futuro.
Entrevistador: Quando isso mudou? Você se considera crente hoje?
Jana: Meu caminho para a fé surpreendentemente passou pela ciência - genética molecular. Quando eu tinha cerca de 30 anos, ensinava linguagens de programação na universidade, e pude ver o quão inteligentes os alunos pensam, quão atenciosos e complexos eram seus programas e projetos. Naquela época, eu estava interessada em um novo campo da ciência - a genética molecular. E fiquei chocada ao ver semelhanças - informações codificadas usando DNA e RNA, transcrição, "editores", tradutores, etc. Eu vi Design Inteligente nisso.
Minha visão de mundo mudou completamente. Comecei a acreditar que havia um Criador e que talvez se pudesse aprender mais sobre ele. Interessei-me por diferentes religiões, espiritualidade, igrejas. E comecei a rezar para obter uma resposta.
Comecei a buscar a verdade sobre o mundo, a criação da vida, as pessoas, a alma/psique/t, sobre Deus. Li muitos livros, ouvi e li testemunhos e comecei a frequentar várias igrejas cristãs. Eu me perguntei por que eles têm diferentes traduções da Bíblia, diferentes interpretações.
Entrevistador: Quais igrejas você conheceu pessoalmente?
Jana: No começo (com um amigo que também estudou programação e Design Inteligente), conheci as Testemunhas de Jeová, depois outras - Protestantes, Adventistas, Batistas, Unitaristas, Mórmons, até fui ver o Reverendo Moon quando ele chegou em Praga. Eu não entendia como pessoas que não se conheciam podiam se casar de acordo com sua escolha. Sou muito crítica, por isso tenho o problema oposto ao de obedecer - problema de acreditar nos ensinamentos de qualquer igreja.
Eu fui a igrejas carismáticas evangélicas por vários anos - depois da revolução em 1989 várias delas surgiram aqui - as pessoas estavam animadas no início porque haviam fenômenos estranhos - eles rezavam em "línguas", algumas pessoas se recuperavam na reunião, era um " entusiasmo selvagem".
Muitas pessoas mais tarde foram embora - desapontadas porque as promessas que foram ensinadas não estavam sendo cumpridas. Que eles possam ser curados, ficar ricos, etc.
Há cerca de 20 anos, comecei a frequentar a comunidade do Neocatecumenato, da Igreja Católica. Acho que cada crente tem seu próprio caminho individual e ideia de Deus. Cada um também percebe os textos bíblicos à sua maneira, com base em sua configuração mental e experiências de vida.
Eu tenho um grande problema com a Bíblia - vejo contradições nos textos, e a imagem de Deus é tão contraditória para mim nos textos bíblicos. Muitas vezes discuti isso de forma crítica e apaixonada nas igrejas, e era um problema para muitos cristãos.
Fico feliz que nosso padre entenda mais sobre meus problemas com os textos, e irmãos e irmãs tenham paciência comigo e minha atitude crítica.
Entrevistador: Quais contradições você vê nos textos bíblicos?
Jana: Vejo a maior contradição nos textos do Antigo Testamento com as ordens de JHWH para genocídios - o extermínio das 7 nações de Canaã - ordens para matar tudo o que respira, incluindo crianças - e os textosdo Novo Testamento, onde Jesus ensina seus discípulos a amar os inimigos, mesmo sacrificando sua vida por assassinos e criminosos. Jesus diz que Meu Pai ama os inimigos e Ele nunca muda.
O ensinamento de Jesus sobre amar os inimigos parece ser mais como os ensinamentos do Buda do que os ensinamentos do Antigo Testamento para mim.
Jesus não hesitou em usar palavras duras para os fariseus - "Seu Pai é o Diabo, o Pai da mentira", não estou surpresa que eles quisessem crucificá-lo.
Hoje, o genocídio é considerado o pior crime, e eu percebo essa violência como má. Mal consigo entender a defesa do genocídio como um bem maior de um Deus misericordioso (cujos pensamentos não podemos entender como pessoas comuns)
Além disso, tal atitude me parece perigosa porque pode ser abusada. Acredito que Hitler poderia ter se inspirado em textos bíblicos (que ele conhecia) sobre a nação escolhida, o império milenar, a eliminação de outras nações inferiores e pecadoras. Infelizmente, muitos alemães também ficaram entusiasmados com sua visão. Isso levou à guerra e ao Holocausto.
Por outro lado, alguns rabinos israelenses estão defendendo a "limpeza" do território prometido por Deus dos palestinos (palaistínios) pelo exército israelense.
Encontrei poucos cristãos que percebem os textos tanto quanto eu. Bilhões de cristãos e muçulmanos (que também conhecem o "Livro") consideram que a eliminação de 7 nações pecadoras foi a proteção certa da nação escolhida de Israel.
Por muitos anos, rezei para ter paz de espírito sobre isso, mas não consigo perceber os massacres como ações misericordiosas. Talvez porque eu mesma tenha filhos e possa imaginar cenas tão cruéis no campo de batalha. Esta forma de ocupar "casas que não construíram, vinhas que não plantaram" parece-me terrível.
Não consigo cantar canções de celebração sobre isso, quase não consigo ouvir o sermão de celebração sobre esse tema. Mais tarde, (depois de estudar psicologia) compreendi que tenho uma divisão nítida do Bem e do Mal provavelmente devido à estrutura da minha personalidade.
Talvez os hussitas tenham percebido da mesma forma quando cantaram o poderoso cântico "Quem são os guerreiros de Deus e sua lei" enquanto se preparavam para matar os cruzados. Ou cruzados indo proteger Jerusalém. Atitude "Deus está do nosso lado"... Jihadistas indo para a "luta santa", população russa consagrando armas nucleares...
Espero continuar sendo uma cristã. Tenho várias experiências pessoais de ouvir orações e o sacrifício de amor de Jesus é o mais importante.
Entrevistador: Obrigado pela entrevista, Jana.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Livros
ABRAMO, Perseu, Significado Político da Manipulação na grande imprensa, 1. ed. Rio de Janeiro, 1988.
MCLUHAN, Marshall, Os meios de comunicação como extensões do homem. CULTRIX. 
ABREU, João Batista, As manobras da informação, 1. ed. Rio de Janeiro: MAUAD, 2000.
De Azevedo, Célio, A Cobertura Jornalística da Queda do Muro de Berlim (1989) e do Fim da URSS (1991) pelo JB e o Globo, 1. ed. Rio de Janeiro: Célio Azevedo Produções, 2007.
BOURDIEU, Pierre, Sobre a Televisão, 2. ed. Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 1997.
_________________ O Poder Simbólico, Rio de Janeiro, 3. ed. 1989.
PIAGET, Jean, Para Onde Vai a Educação? Rio de Janeiro: José Olympio.
LAGE, Nilson, Controle da Opinião Pública, 2 ed. Rio de Janeiro, 1998.
MARSH, Christopher, Religion and the State in Russia and China: Suppression, Survival, and Revival, A&C BLACK, 2011.
MORIN, Edgar, Os Sete saberes necessários a educação do futuro, CORTEZ, 2000.
BLAINEY, Geoffrey, A Short History of Christianity, PENGUIN GROUP, 2011.
Sites
BEZERRA, Juliana. “TodaMatéria”, In: O que é Budismo: https://www.todamateria.com.br/budismo/
Significados. “Religião”, In: Significado de Budismo: https://www.significados.com.br/budismo/
HENRIQUE HACHICH DE CESARE, Paulo. “Consultor Jurídico”. In: Estado Laico é diferente de Estado antirreligioso: https://www.conjur.com.br - consulta em 11/04/2022.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: . Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 02 fev. 2021.

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