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ANÁLISE DO FILME: LARANJA MECÂNICA 2021 INTRODUÇÃO Nesse trabalho iremos descrever sobre o Filme Laranja Mecânica, que foi produzido no ano de 1971, dirigido e adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, é baseado no romance harmônio de Anthony Burgess, publicado em 1962. Foi censurado em vários países e no Brasil, só foi liberado pela censura em 1978. Tem como tema central uma gangue de jovens delinquentes, liderado pelo protagonista chamado Alex, que comete todos os tipos de atos fora da lei na madrugada, como espancamento, brigas com grupos rivais, assaltos, estupros e até assassinato. Em uma das madrugadas por ironia do destino a violência de Alex acaba se voltando contra ele, pois os liderados se rebelaram e usaram o mesmo método violento contra ele, fazendo dele uma presa fácil para a política o prender. Na prisão Alex é submetido a um método chamado "Método Ludovico", que se dizia um método para recuperação de prisioneiros. É sobre a trajetória de Alex com seu grupo que iremos fazer uma análise comportamental e falaremos sobre o método usado na prisão para a ressocialização do Alex com o olhar do Behaviorismo SINOPSE Produzido em 1971 e ambiente com fotografias futuristas, o filme retrata um período de vida do personagem Alex Delarge, onde ele narra, através de seu vocabulário pautado com frases metafóricas, gírias e neologismos como foi sua experiência entre os quatorze anos, quando praticava, junto a seus amigos, atos que iam contra a moral social, passando pela reclusão em unidade prisional, sendo iniciado em experimento governamental de reabilitação e sua saída dele, anos depois. Engloba teorias behavioristas em todo o seu contexto, focando no comportamento não só do personagem principal, mas também de seus protagonistas, bem como traz uma análise e reflexo político-ética sobre a forma como o Estado pode ou não conduzir seus cidadãos a respeito de seus comportamentos com e para a sociedade. DESENVOLVIMENTO DA ANÁLISE As cenas iniciais trazem um teor de violência verbal, física e sexual cometidas pelo personagem e seus companheiros em diversas situações. O idoso que eles encontram no início do filme e o agridem fisicamente, a forma de verbalização de Alex com aqueles que interagem com o mesmo e o estupro de uma mulher, onde eles invadem a casa, são exemplos disso. Com uma conotação sexual bem explicita, seja na narrativa de Alex, ou fazendo alusões a comportamentos, objetos decorativos com formatos de órgãos genitais, uso da imaginação e o ato de coito, a vestimenta dos personagens, usando uma cueca do lado de fora de suas calças, com enchimento na região pubiana, o filme também traz a impressão de um universo dominado pelo homem, patriarcado, em que a mulher não passa de um objeto, seja para satisfação prazerosa ou satisfação violenta. Em contrapartida a alusão de inferioridade feminina demonstrada, percebemos a dicotomia quando vemos cenas em que um dos companheiros de Alex pede “licença” a uma escultura de mulher nua, para retirar o leite que sai de suas mamas, ou a mãe de Alex trabalhando, e as duas moças no centro comercial chupando pirulitos com alusão peniana, em que aparentemente estão deixando claro suas intenções sexuais, o que acontece com o ménage que ocorre em seguida. E Alex encontra-se em condicional. O filme não relata o motivo, mas a cena com seu conselheiro pós-condicional deixa claro que ele já vinha causando malefícios sociais, antes das narrativas apresentadas. Percebemos uma mudança da dinâmica de grupo quando dois companheiros questionam sobre a pouca recompensa que estavam conseguindo com furtos e Alex explana que “se querem algo melhor, basta pegar”. A próxima cena já traz Alex nitidamente procurando manter seu domínio como “macho alfa” do bando, onde agride, inclusive na região de enchimento peniano, os questionadores e utiliza uma adaga para ferir a mão de um deles. O grupo continua junto, indo dessa vez invadir um hotel, onde os companheiros deixam Alex sozinho, sendo pego pela polícia. A partir desse momento podemos dividir o filme como uma segunda parte. Alex vai para a prisão. Algum tempo ali, fica sabendo da existência de um novo programa de reabilitação. Se candidata e é aceito. Muda-se para um hospital onde experimentos de condicionamento e contracondionamento são evidenciados pelas cenas de “lavagem cerebral” e sendo introduzido um novo comportamento em Alex, de desconforto, frente a qualquer insinuação de violência. Após seu retorno ao convívio social, agora aparentemente condicionado para que não tenha comportamentos iguais ao início do filme, Alex se depara com situações de inversão ao que ele havia feito no passado. A punição está presente quando percebe que não tem mais um lugar para morar com seus pais e sai de casa. O reencontro com o idoso e ele chamando seus companheiros para agredi-lo. O reencontro com seus antigos companheiros, agora policiais, que o levam a uma mata e o torturam e o retorno, segundo sua narrativa, não intencional e inesperado a casa onde havia realizado a agressão contra o casal. Ali, Alex é acolhido e o homem que sobreviveu ao ataque, agora em cadeira de rodas, faz uma ligação em que o diálogo demonstra ser contra os métodos que o governo anda utilizando para acabar com a violência, chamando-os de condicionamento debilitante, modificando a força de vontade do sujeito e potencializando um Estado totalitário. Nesse momento conseguimos perceber o contexto e o foco principal do filme como alusão a forma de controle do Estado sobre seus cidadãos, utilizando técnicas behavioristas para condicionar, contra condicionar, reforçar ou extinguir comportamentos vistos como não apropriados a sociedade. Não nos surpreende a crítica política e a reflexão que o filme nos traz, justamente por se passar em uma década em que a psicologia crescia a base de experiencias com seres humanos, sem as devidas recomendações éticas adotadas atualmente e sem um controle e fiscalização. Muito do que sabemos hoje sobre a forma do Homo sapiens se comportar e reagir a estímulos vieram justamente das conclusões retiradas dessa época, com essa forma de fazer ciência. Durante sua adolescência, Alex age de forma violenta buscando uma satisfação prazerosa sádica com suas ações. Comportamento bem evidenciado quando ele e seus companheiros encontram um idoso, bêbado, cantarolando, e o agridem simplesmente por Alex não gostar da imagem, talvez uma projeção de algo infantil, daquele homem e a forma como estava no momento do encontro. Também demonstrada quando invadem uma casa e utilizam de violência física e sexual contra o casal que ali reside, deixando que o esposo assista o ato não consensual que Alex tem com a mulher. Além dessa referência base comportamental, vamos percebendo no decorrer do filme várias situações que nos remetem aos conceitos do behaviorismo, tais como condicionamentos, contra condicionamentos e reforços. Atitude que são alimentadas ou não, sejam desencadeadas por estímulos externos ou internos, pela potencialização desses estímulos ou diminuição deles juntamente com seus reforçadores. Quando Alex entra na prisão, onde sua liberdade, individualidade e percepção do “eu próprio” vão sendo retiradas do mesmo, com seu nome passando a ser um número, seus objetos pessoais entregues e suas vestimentas retiradas, percebemos claramente um processo de punição negativa. Dentro da mesma, Alex é aceito em um novo programa de reabilitação, criado e implantado pelo governo. Em um hospital, é submetido a uma serie de sessões em que está sentado em uma cadeira, usando uma camisa de força, com um alargador ocular para manter suas pálpebras abertas e assistindo cenas de filmes que fazem alusão aviolência. Enquanto as imagens são transmitidas, é aplicado um colírio em seus olhos, que de acordo com sua própria narração, começa a provocar mal-estar e náuseas. Com a repetição das sessões, observamos o processo de punição positiva, em que um estímulo externo é introduzido no organismo, modificando sua forma de resposta negativamente. Em uma cena, mostram somente imagens à Alex com uma música de fundo que ele, antes de ser preso, gostava. Avançando um pouco o filme, há um diálogo na casa onde ocorreu a primeira invasão, em que uma mulher faz perguntas a Alex, agora liberto e convivendo novamente em sociedade, e explica ao mesmo que ele foi condicionado a respondem contra a violência com mal-estar e involuntariamente contra condicionado sobre a música que, a princípio lhe causava prazer e posteriormente também trazia as sensações ruins. Sem que continuasse com as sessões de condicionamento, vemos um retorno, aos poucos, dos pensamentos violentos em Alex, logo após sua tentativa de tirar sua vida. No hospital onde se encontra em recuperação, com várias partes do corpo engessada, uma psiquiatra entra e começa a mostrar slides, pedindo-o para verbalizar o primeiro pensamento que lhe vem à mente como respostas dos diálogos. A fala do mesmo começa a ser pontuada por palavras agressivas, demonstrando inclusive corporalmente o prazer que aquilo lhe traz. Essa falta de mantenimento do condicionamento causa o processo de extinção em Alex, levando-o ao mesmo estado de pensamentos, e talvez posteriormente comportamental, não mostrada no final, de antes, ou seja, retornando a ser violento. O Behaviorismo, foi fundador em 1945 por Skinner com abordagem psicológica que estudar o reflexo do comportamento humano. Para que o teórico use análise do comportamento com o Behaviorismo como filosofia da ciência do comportamento humano, assim conseguir ampliar as teorias de Watson causar mudanças no esquema. Quando transformar S - R em S- R – C mostrou que havia uma diferença do que os outro achavam ou pensava, que as respostas aos estímulos serão determinadas por uma consequência. Através disso, surgiu os principais elementos de sua teoria do conhecidas como reforço negativo, reforço positivo, punição positiva negativa, que causou a evolução a maneira da análise e reflexão do comportamento humano, com o surgimento da psicologia como ciência, no ano de 1875, quando surgiu o primeiro laboratório da Psicologia fundada na Alemanha por Wundt. Os princípios básicos da sua teoria, Skinner usa o ambiente a para a Análise do comportamento onde ele não usa como referência o valor agregado pelo senso comum, onde o ambiente faz a referência com a parte física o material, ao fator social e interações interpessoais, com a nossa história de vida e a interação com nós mesmos. Daí passa a compreender o ser humano através da sua relação com ambiente. Quando passamos para primeira cena do filme laranja Mecânica há imagens violentas quando Alex ataca o um velho morador de rua e estrupa a mulher de um escritor. Nessas duas cenas, quando Alex comete os atos violentos, onde seus parceiros de gangue começam a rir. Relata um termo elaborador por Skinner conhecido como reforço, onde é um tipo de consequência do comportamento onde aumenta a probabilidade de o reforço voltar a ocorrer novamente. Onde o reforço poder ser apresentado de duas maneiras: reforço positivo, quando a modificação no ambiente é feita pelo ato de um estímulo onde uma parte ou uma mudança em parte do ambiente, tornando assim o comportamento mais provável que volte a ocorrer novamente; reforço negativo, quando o comportamento é reforçado a parar ou evitar um estímulo aversivo, onde tendem a envolver um desconforto físico ou psicológico. Quando a gangue começa a rir o comportamento violento de Alex foi reforçado positivamente, causando a continuação da agressão. Quando Alex invade a casa de uma senhora rica onde ele a violenta, até a morte, ele é pego pela polícia e assim acabar sendo preso, ao interrogá-lo, usa o método de violência e quando ele vai preso, o termo da Análise do comportamento e presente na cena em que Skinner chama de punição negativa, onde probabilidade do comportamento ocorram a diminui através da retirada de um estímulo reforçador, onde Alex perde a liberdade. Quando os policiais usam a violência com espancamento. É mostrado em cena a punição positiva, onde a probabilidade de um comportamento ocorra a diminuir pela adição de estímulo punitivo no ambiente. Após esse fato, alguns comportamentos de Alex começam a passar ou sofrer alterações. Na prisão, antes de ser direcionado ao Tratamento Ludovico, ele passa a usar a fuga como estratégia na psicologia a fuga e o comportamental acontece quando um estimulo aversivo, os policias o espancado, está presente ao ambiente e o comportamento de fuga retira do ambiente ou seja, o espancamento já estava presente desde do primeiro momento que ele passa na cadeia, onde começa a fugir deste ato, usado palavras educadas ao falar ao modo como ele falar com os policiais e obedecendo as ordens impostas pela prisão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vemos que para a psicologia behaviorista no final das contas, o filme Laranja Mecânica seria uma alusão ao processo utilizado pelos cientistas do filme para que o jovem Alex fosse reintegrado a sociedade com uma possível mudança de comportamento, com suas atitudes iguais a animal e, por isso mesmo, “domesticável”. Ao analisarmos a parte do leite, vemos que ele usava essa parte para aparentar uma inocência, onde usava o leite para atrair novas vítimas. Retratando a violência extrema do filme, pode significar uma consciência em crise em busca do livre arbítrio. Conforme declaração do próprio autor, o filme Laranja Mecânica é uma sátira social que reflete sobre os malefícios do condicionamento psicológico nas mãos de um governo ditatorial que tem a oportunidade de formatar as mentes de seus cidadãos REFÊRENCIAS • MOREIRA, M. B. MEDEIROS, C. A. de. Princípios básicos de análise do comportamento. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007 • PENALVA, N. Sessão Psicologia Laranja Mecânica na perspectiva de Skinner. Sessão das três. Dez 2007. Disponivel em: < https://sessaodastres.com/2017/12/04/colunalaranja-mecanica-na-perspectiva-de- skinner/>. Acesso: Abr. 2021 • MARCELLO, C. Filme Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick. Cultura Genial. Disponivel em: < https://www.culturagenial.com/filme-laranja-mecanica-de-stanley- kubrick/#:~:text=Segundo%20as%20declara%C3%A7%C3%B5es%20do%20pr% C3%B3prio,partir%20da%20vontade%20do%20sujeito> Acesso: Abr. 2021
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