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HEMATOPOIESE É o processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos figurados do sangue a partir de um precursor comum. Envolve a produção, diferenciação e maturação de hemácias e células dos sistemas imunes inato e adaptativo. Medula óssea vermelha Estrutura formada de células reticulares e fibras de colágeno que é especializada na produção de células sanguíneas, com grande presença de hemácias. Medula óssea amarela Não produz células sanguíneas. Obs.: em recém nascidos, toda a medula óssea é vermelha, enquanto nos adultos se localizam em pontos específicos (esterno, vértebras, costelas, ossos do crânio e epífises). A hematopoiese se inicia no primeiro trimestre da gestação, no saco vitelínico, enquanto nos segundo e terceiro trimestres ocorre no fígado e baço e medula óssea, por fim, respectivamente. Em todas as idades a produção de células sanguíneas ocorre na medula óssea. ERITRÓCITOS São as únicas células do corpo que são anucleadas. São flexíveis, de aspecto discoide bicôncavo! → Formato importante para a hematose. Passam com facilidade entre os capilares. B12, B9 e B6, além de outros cofatores são indispensáveis à produção dessas células. Possuem meia vida de 120 dias e são reciclados pelo fígado e baço, com eliminação da bilirrubina degradada nas fezes. (Fe é reabsorvido e reciclado). LEUCÓCITOS Classificados como granulócitos e agranulócitos. Participam ativamente na defesa do corpo contra antígenos. Leucopenia (infecções virais): queda de leucócitos. Leucocitose (infecções bacterianas): aumento. Granulócitos Células de origem mieloide que possuem grânulos citoplasmáticos contendo material enzimático na quantidade e composição necessária à função específica de cada um. Neutrófilos – “bacterial killer” Células com núcleo multiglobulados que realizam fagocitose. Participam da imunidade inata. Atuam em infecções bacterianas e possuem dois tipos de grânulos: azurófilos, que possuem enzimas lisossômicas, e os específicos, que possuem enzimas bactericidas. Eosinófilos Quando aumentados, indicam intoxicação, parasitoses ou alergias. Possuem núcleo bilobulado, também com dois tipos de grânulos: azurófilos, semelhantes aos neutrófilos, e os específicos, com proteínas específicas para combate a parasitoses. Basófilos – raros! Menos de 1% Núcleo maior, mais violáceo, com grânulos maiores. Possuem receptores para anticorpos e agem na hipersensibilidade imediata. Agranulócitos Linfócitos B Amadurecem-se na medula óssea. Atuam na imunidade humoral, produzindo anticorpos, e também na hipersensibilidade imediata. Linfócitos T Maturam-se no timo! Agem na imunidade celular tardia, como no reconhecimento de vírus, fungos e micobactérias. Monócitos Desenvolvem-se nos tecidos linfoides. Migram facilmente pela parede dos vasos, pela diapedese, e após isso se tornam macrófagos! Plaquetas Fragmentos celulares de megacariócitos! Concentram-se entre 150 a 450 mil/mm3 e possuem meia vida de 9 a 10 dias. HEMOGRAMA Divide-se em Eritrograma e leucograma. Eritrograma Apresenta os elementos figurados do sangue e os valores relativos às células que o compõem. Hematócrito Porcentagem de eritrócitos no volume total de sangue! Quando baixo: poucas hemácias (anemia) ou hemácias diluídas em muito plasma (hiperidratação). Quando alto: muitas hemácias (Policitemia) ou hemácias concentradas em pouco plasma (desidratação). VCM – Volume Corpuscular Médio É o tamanho da hemácia! HCM – Hemoglobina Corpuscular Média Quantidade de hemoglobina dentro de cama hemácia. É analisada pela cor da hemácia. CHCM – Concentração de Hb Corpuscular Média Analisa a quantidade de hemoglobina e o tamanho das hemácias. Reticulócitos – eritrócitos imaturos! Revela atividade medular de produção de eritrócitos. Quando elevados: resposta hematopoiética aumentada – hemólise contínua, perda sanguínea. Quando diminuídos: resposta hematopoiética inadequada – anemia aplásica, infecções, supressão medular. RDW – Índice de Anisocitose Variabilidade do tamanho dos eritrócitos. Quanto maior o RDW, maior a variação do tamanho das hemácias. Leucograma Leucopenia: doenças supressoras da medula, infecções virais leves. Leucocitose: infecção bacteriana, inflamação sistêmica. Desvio à esquerda: presença mais expressiva de granulócitos imaturos. Plaquetas Trombocitopenia: anemia aplásica, infecções virais e sepse. Trombocitose: sepse, neoplasia, anemia de doença crônica. GRUPOS SANGUÍNEOS Definidos por proteínas de superfície das hemácias, ordenados em grupos ABO com fator D ou Rh. Obs.: eritroblastose fetal! Mãe Rh- sensibilizada por hemácias do filho Rh+! Hemácias do bebê entram na corrente sanguínea da mãe, onde serão reconhecidas como antígenos. Sistema imune vai criar anticorpos contra o fator Rh+. Quando a mãe estiver grávida do próximo filho e este for Rh+, os anticorpos presentes na corrente sanguínea da mãe atacarão as hemácias do bebê! EXAME CLÍNICO Alterações nas três principais linhas celulares – anemia, infecção, sangramento/trombose. Linfadenopatia e esplenomegalia também podem ser analisadas para detecção de sinais de malignidade. Sinais e sintomas Palidez cutânea – anemia. Palidez de leitos ungueais (digitopressão – anemia ou perfusão periférica deficiente), pregas palmares e conjuntivas. Pletora: síndrome de Cushing, policitemia vera, síndrome da veia cava superior. Icterícia Em análise hematológica, pode ser sinal de anemia hemolítica. Defeitos eritrocitários: anemia falciforme, talassemia ou esferocitose. Excesso de lise: anemia hemolítica, hemodiálise, icterícia do leite materno. Coiloníquia – unha em colher Anemia ferropriva! Edema articular Diminuição do movimento! Típico de hemofilia – hemorragia intrarticular. Úlceras orais Leucemia, infecções bacterianas (secundárias à agranulocitose). Petéquias ou hiperplasia gengival. Glossite atrófica – língua lisa Deficiência de ferro, folato ou B12. Hepatomegalia Presente em patologias com alta destruição eritrocitária. Anemias congênitas, aplasia medular, linfoma, leucemia. → À palpação: macio e com borda lisa. Percussão da borda superior: 3º EIC na LHCD. Som claro: macicez. Lemos Torres: mão esquerda na lombar direita para evidenciar enquanto mão direita se espalma sobre a parede anterior para palpar o fígado durante inspiração profunda. Borda fina ou romba, regularidade, sensibilidade, consistência, presença de nódulos. Esplenomegalia – mesma causa hematológica, geralmente associada à hepatomegalia. Linfadenopatia Axilares, supratrocleares, cervicais, claviculares e inguinais. Leucemia ≠ Linfoma Tipos de células Leucemia: linfócitos e outras células. Linfoma: linfócitos, apenas. Origem Leucemia: medula óssea. Linfoma: linfonodos e sistema linfático. SISTEMA LINFÁTICO Sistema de vasos linfáticos paralelos à circulação que atua na drenagem do sistema vascular – com grande retorno de fluidos dos tecidos circulantes ao sangue –, produção de células de defesa (órgãos linfoides), produção de imunoglobulinas e absorção e transporte de colesterol. Composição Plexos linfáticos Emaranhado de capilares linfáticos com endotélio delgado. Vasos linfáticos Vasos de parede fina que possuem três camadas e muitas válvulas (característica de colar de contas). A presença das válvulas impede que haja refluxo de linfa e faz com que ela circule e seja drenada em apenas uma direção. Vasos superficiais: são mais numerosos, presentes no tecido subcutâneo e com anastomoses livres. Vasos profundos: recebem drenagem de órgãos internos e acompanham as artérias. Obs.: Essas duas redes se comunicam nas regiões poplíteas,inguinais e axilares! Os vasos atravessam os linfonodos fazendo trajeto em sentido proximal e se fundem com outros vasos. Os grandes vasos linfáticos se juntam com os troncos linfáticos e formam o ducto linfático direito. Linfa Líquido tecidual de aspecto transparente, aquoso ou quase amarelado que entra nos vasos linfáticos. É composto por fluido de capilares, patógenos, células do sistema linfático, produtos (hormônios) e debris (fragmentos de células mortas) celulares. Linfonodos Pequenas massas localizadas no trajeto dos vasos linfáticos que drenam a linfa e criam barreira física contra microrganismos, toxinas ou substâncias nocivas. Quando edemaciados em crises inflamatórias, torna-se a “íngua”, no vernáculo popular. Atenção! SNC, ossos e medula óssea, dentes, cartilagem e epitélio não possuem drenagem linfática! Os órgãos linfoides responsáveis pela produção e maturação de linfócitos são: timo, medula óssea, baço e tonsilas! As tonsilas estão presentes sobretudo na cavidade orofaríngea. → Faríngea; → Tubária; → Fauciais; → Linguais. DRENAGEM Ducto linfático direito Drena o quadrante superior direito do corpo, desembocando na veia jugular interna e subclávia direita, no ângulo venoso direito. Ducto torácico Drena todo o restante do corpo! Troncos linfáticos que drenam a metade inferior terminam e se unem na cisterna do quilo. Ducto torácico ascendente entra no tórax e chega ao ângulo venoso esquerdo, onde termina. PARA TREINAR EM CASA 1. Ducto linfático jugular direito 2. Ducto linfático direito 3. Ducto linfático subclávio direito 4. Veia jugular interna direita 5. Veia subclávia direita 6. Tronco braquiocefálico direito 7. Veia cava superior 8. Ducto linfático jugular esquerdo 9. Veia jugular interna esquerda 10. Ducto linfático subclávio esquerdo 11. Veia subclávia esquerda 12. Tronco braquiocefálico esquerdo 13. Ducto torácico LINFONODO Pequenos corpos encapsulados riniformes localizados ao longo dos vasos linfáticos. Armazenam células imunológicas! O córtex apresenta folículos linfoides e recebe linfa dos vasos aferentes. A medula não contém folículos e apresenta seios que conduzem ao hilo do linfonodo, por onde saem os vasos eferentes. Os linfonodos são filtros que interrompem os vasos linfáticos; têm fluxo lento de linfa. Metástase de tumores primários? → vasos linfáticos → linfonodos → multiplicação celular1 → linfoma → linfonodo duro! Linfonodos de regiões infeccionadas → linfadenite → linfonodo elástico! São centros para apresentação de antígeno, ativação, proliferação e diferenciação de linfócitos! 1 Favorecida pelo fluxo lento. O linfonodo é protegido por uma cápsula fibrosa, de onde saem as trabéculas que dividem o linfonodo. Folículo linfoide primário Desenvolvimento no centro germinativo gera o folículo secundpario. O linfonodo apresenta córtex, paracórtex e medula. Vênula endotelial alta: traz linfócitos e macrófagos da corrente sanguínea para a corrente linfática. Células presentes em cada parte do linfonodo: → Córtex: linfócitos B; → Medula: células plasmáticas. → Paracórtex: linfócitos T. BAÇO É o maior órgão linfoide secundário. Filtra sangue (reciclagem eritrocitária), e é local de apresentação de antígenos aos linfócitos, e de sua proliferação. É protegido pela caixa torácica. É intraperitoneal. Antes de a medula óssea amadurecer, é o principal local de formação de células sanguíneas! Possui cápsula fibroelástica que permite aumento de tamanho considerável. Em indivíduos saudáveis, sequestra até 1/3 das plaquetas, enquanto em indivíduos esplenomegálicos sequestra até 90% das plaquetas. Quadro de plaquetopenia importante. Filtra o sangue para detecção de possíveis microrganismos e não é palpável normalmente. Localiza-se no espaço de Traube. As trabéculas do baço se estendem da cápsula fibrosa até o parênquima. A cápsula e as trabéculas contêm células mioepiteliais com capacidade contrátil, que bombeia sangue ao sistema circulatória em caso de necessidade. O parênquima esplênico apresenta duas polpas: branca e vermelha. Polpa branca: tecido linfoide principal do baço. Representa acúmulo de linfócitos ao redor das artérias – bainha linfática periarteriolar. É a primeira área a responder imunologicamente quando microrganismos atingem o baço por meio da corrente sanguínea! Polpa vermelha: composta por sinusoides venosos e fileiras de macrófagos que os rodeiam (cordões de Billroth. REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE Hipersensibilidade tipo I – alergia! Resposta imune exacerbada a antígenos inofensivos. É mediada por IgE pré-formado contra antígeno. Possui duas fases: precoce e tardia. Fase precoce: começa imediatamente após exposição com mastócitos e basófilos que se ligam ao IgE e se desgranulam liberando histamina, heparina e triptase! Fase tardia: ocorre horas após a exposição ao antígeno e quimiocinas inflamatórias atraem eosinófilos que causam dano tecidual e inflamação. Hipersensibilidade tipo II Anticorpos IgG ou IgM se ligam a receptores celulares. Isso leva à destruição celular, inflamação e ativação do complemento e ligação a receptores celulares, ocupando o espaço e agindo como antagonistas do substrato correspondente ao receptor (miastenia gravis). A destruição celular pode ocorrer mediada por fagocitose ou por NK. Exemplos: Eritroblastose e anemia hemolítica autoimune. Hipersensibilidade tipo III Deposição de imunocomplexos ao longo das paredes vasculares induz a ativação do complemento e recrutamento de neutrófilos, acarretando em dano tecidual (nefrite lúpica). Hipersensibilidade tipo IV – tardia! É mediada por células T e pode ter dano mediado por citotoxicidade (L TCD8+) ou liberação de citocinas pró-inflamatórias (L TCD4+). Ocorre entre 48 a 72h após exposição ao antígeno. Ex.: dermatite de contato. IMUNIDADE INATA Barreiras físicas, químicas e biológicas. Não há necessidade de contato prévio para que haja resposta imune e não se altera após o contato. Tem resposta limitada. Macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células NK, mastócitos, basófilos e eosinófilos são as células que compõem a imunidade inata. Complemento, proteínas de fase aguda, citocinas e quimiocinas são os componentes moleculares dessa imunidade. IMUNIDADE ADAPTATIVA Depende da ativação de linfócitos e moléculas produzidas por eles para que seja ativada. É altamente específica e com diversidade de reconhecimento antigênico amplíssima. Possui memória, especialização de resposta e tolerância a componentes do próprio organismo. Imunidade humoral: linfócitos B. São produzidos no saco vitelínico, medula óssea e fígado no período fetal, onde permanecem até a maturação, quando migrarão aos órgãos linfoides secundários. Produzem e liberam os anticorpos capazes de neutralizar e destruir os antígenos aos quais são designados. Plasmócito é o linfócito B mais desenvolvido. Anticorpos – Imunoglobulinas IgG Mais abundante de todos e produzidos mais lentamente em relação ao IgM. Liga-se ao complemento para respostas mais complexas. Opsoniza e neutraliza toxinas bacterianas e virais. Cruza a placenta. IgA Dímeros presentes em secreções externas. Está presente no colostro e atua na imunidade das membranas mucosas, sendo produzido nos tratos gastrintestinal e respiratório. IgE Atacam parasitas intestinais e estão relacionados com as respostas alérgicas e anafiláticas. Ligam-se a mastócitos e basófilos para liberar histamina e a eosinófilos para liberarem as toxinas antiparasitárias. Está relacionado à hipersensibilidade tipo I e está em menor quantidade no soro. IgM É o anticorpo primário! Todos os outros começam como IgM e passam portroca de classe realizada por linfócitos B. É imediatamente produzido após a infecção. Circula como pentâmero e não cruza a placenta. Age na fixação do complemento, mas não realiza opsonização. IgD Aparecem na superfície de linfócito B junto de IgM mas não têm papel fisiológico esclarecido. Imunidade celular: linfócitos T Resposta altamente efetiva contra agentes intracelulares, e se dividem em dois grupos: citotóxicos (TCD8+) e auxiliares (TCD4+). Funções efetoras de linfócitos Th: Th1: agem contra protozoários, bactérias intracelulares e vírus. Th2: helmintos e bactérias extracelulares. Obs.: células dendríticas. Atuam apresentando os antígenos proteicos aos linfócitos T e apresentam-se como elo entre a resposta natural e a adquirida. São atraídos por elementos da resposta inata presente em tecidos periféricos e viabilizam a sensibilização de linfócitos T.
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