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ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (CORTICOIDES) A zona intermediária, a fasciculada, sintetiza os glicocorticoides. Controlada pelo hormônio adrenocorticotrópicos (ACTH), que é liberado em resposta ao hormônio liberador de corticotropina (CRH). ● Os Adrenocorticosteroides ligam-se a receptores intracelulares citoplasmáticos específicos nos tecidos-alvo ● Após dimerização, o complexo receptor-hormônio ativo a proteína coativadora (ou correpressora) e o complexo se transloca para o núcleo, onde ele se liga a elementos promotores do gene (Elementos de resposta aos glicocorticoides GRE), atuando como fator de transcrição. ● Usos terapêuticos: o Tratamento de reposição para a insuficiência adrenocotical primária (doença de Addison). A HIDROCORTISONA é usada pra corrigir essa deficiência. o Tratamento de reposição para a insuficiência adrenocortical secundária ou terciária. o Diagnóstico da síndrome de Cushing (excesso de glicocorticoides que resulta do excesso de liberação de corticotropina pela hipófise anterior ou de um tumor suprarrenal). O glicocorticoide sintético suprime a liberação de cortisol em indivíduos com síndrome de Cushing dependente da hipófise, mas não suprime a liberação de glicocorticoides de tumores da suprarrenal. o Tratamento de reposição para a hiperplasia suprarrenal congênita o Alívios de sintomas inflamatórios GLICOCORTICOIDES Produção diurna com pico cedo pela manhã seguido de um declínio e um pico secundário, pequeno, no final da tarde. 1. Promovem o metabolismo intermediário normal: favorecem a gliconeogênese (insuficiência pode resultar em hipoglicemia durante períodos de estresse ou jejum). A lipólise resulta do aumento do hormônio do crescimento nos adipócitos, pelos corticoides, causando aumento na atividade da lipase sensível a hormônio. Antagoniza a insulina. Inibe absorção de cálcio mediado por vitamina D, causa hiperparatireoidismo secundário, com aumento da reabsorção óssea. Suprimem diretamente a função de osteoblastos (para menos) e osteoclastos (para mais). Os bifosfonatos inibem a função dos osteoclastos e ajudam a minimizar a perda óssea. 2. Aumenta a resistência ao estresse: aumento dos níveis de glicose plasmática, servem como energia para o organismo combater ao estresse. 3. Alteram os níveis das células sanguíneas no plasma: diminuição de eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos redistribuindo-os da circulação para o tecido linfoide. Aumentam os níveis sanguíneos de hemoglobina, hemácias, plaquetas e leucócitos polimorfonucleados. (Diminuição de macrófagos e linfócitos circulantes é interessante na leucemia). Aumento na concentração de neutrófilos, diminuição na concentração de linfócitos, basófilos, eosinófilos e monócitos e inibição na habilidade dos leucócitos e macrófagos de responder a mitógenos e antígenos. 4. Ação anti-inflamatória: a. Diminuição e a inibição dos linfócitos e macrófagos periféricos b. Inibição indireta da fosfolipase A2 (decorrente da elevação de lipocortina mediada por esteroide). Bloqueia a liberação de ácido araquidônico, precursor de prostaglandinas e leucotrienos – diminuição da COX-2. c. Interfere na desgranulação dos mastócitos (propriedade estabilizadora de membrana de basófilo e mastócitos), reduzindo histamina e permeabilidade capilar. 5. Outros eixos endócrinos: A retroinibição da produção de corticotropina pelo aumento dos glicocorticoides causa inibição da síntese de glicocorticoides e hormônio estimulante da tireoide. A produção do hormônio do crescimento aumenta. 6. Atua em outros sistemas: Níveis adequados de cortisol são importantes para a filtração glomerular normal. Doses elevadas estimulam a produção de pepsina e ácido gástrico e podem agravar úlceras. O tratamento crônico com glicocorticoides pode causar grave perda óssea e miopatia (perda de fibras musculares de contração rápida, catabolismo e fraqueza dos músculos proximais). 7. Tratamento de alergias: Benéficos no tratamento dos sintomas de asma brônquica, rinite alérgica e reações alérgicas a fármacos, soro e transfusão. 8. Aceleração da maturação pulmonar. A síndrome de estresse respiratório é um problema em recém-nascidos prematuros. 9. Diminuem expressão gênica de COX-2 nas células inflamatórias. Farmacocinética ● Via oral, tópica, inalatória e de depósito. ● Mais de 90% do glicocorticoide absorvido se liga às proteínas plasmáticas, a maior parte à globulina ligadora de corticosteroides (CBG ou transcortina) e à albumina. Apenas a fração livre são biodisponíveis para difundir (lipossolubilidade alta porque é derivado do colesterol). ● A redução e a conjugação com o ácido glicurônico, o fígado é responsável pela inativação do cortisol no plasma. ● Biossíntese limitada pelas enzimas 17a-hidroxilase (CYP17) e 11b-hidroxilase (CYP11) ● RECEPTORES o Receptores de glicocorticoides (GR) TIPO I (mineralocorticoides) e TIPO II o Tipo I em órgãos de excreção e no hipocampo; Tipo II possui ampla distribuição tecidual. o Alfa (ativa) e Beta (inativa) a modulação de genes. (pessoas resistentes à corticoides têm alta expressão de GR-b. o O GR-a geralmente está associado a uma chaperona estabilizadora, a hsp 90 (proteína de choque térmico). o Os mecanismos são recrutamento ou inibição da RNA polimerase, e bloqueio da ação de fatores de transcrição de genes inflamatórios (NF-kB, API). o Pode se ligar a receptores de mineralocorticoides – retenção de líquido, absorção de sódio, resultado do uso prolongado de glicocorticoides. Corticoides Capacidade anti-inflamatória Meia-vida Afinidade a MR Hidrocortisona (cortisol sintético) 1 Curto Prednisona (pró-fármaco) 4 Interme. Prednisolona (ativo) 5 Interme. Triancinolona 5 Interme. Dexametasona 30 Longo Betametasona 25-40 Longo MR= Receptores de mineralocorticoides. Observe que quanto maior a meia-vida, maior a ação anti-inflamatória. ● Metilprednisolona tem menor afinidade pelo MR que a prednisolona. ● Fludrocortisona: Mais usado na deficiência de aldosterona pela afinidade ao MR. ● Hidrocortisona: Não usado muito como corticoide (anti-inflamatório), mas para reposição hormonal (síndrome de Addison) ● Dexametasona e betametasona são os mais potentes. Ações principais 1. Efeito metabólico: Aumenta a biodisponibilidade e nutrientes. Antagoniza a ação da insulina e promove a gliconeogênese no jejum. Aumenta catabolismo de proteínas musculares. Potencializa hormônio do crescimento nos adipócitos. 2. Efeito anti-inflamatório: Regula negativamente a liberação de citocinas nas células do sistema imune. Determinadas citocinas, incluindo IL-1, IL-2, IL-6 e TNF-a, podem estimular a liberação hipotalâmica de CRH, que estimula liberação de ACTH e cortisol. Ocorre retroalimentação em que citocinas inflamatórias e o cortisol são regulados de modo coordenado para controle da resposta imune. Somado a isso, os glicocorticoides bloqueiam os metabólicos do ácido araquidônico por inibirem a ação da fosfolipase A2. 3. USO: Transplante de órgão, artrite reumatoide, asma, doença de Crohn e poliartrite nodosa. Limita os efeitos da inflamação. a. Previne rejeição de transplante de órgãos e medula b. Reações alérgicas (Em choque anafilático usa primeiro a norepinefrina) c. Doença de pele d. Inflamação de ossos e articulações e. Distúrbios vasculares do colágeno: lúpus, artrite reumatoide, espondilite anquilosante f. Doenças oculares g. Distúrbios hematológicos: mieloma múltiplo, leucemia e linfoma (no câncer, menor proliferação dessas células) 4. Cuidados: Por ser imunossupressor, cautela em pacientes com infeções bacterianas/fúngicas. São úteis na resposta exacerbada/anormal do hospedeiro. Efeitos adversos A osteoporose é o efeito adverso mais comum devido a propriedade dos glicocorticoides de suprimir a absorção intestinal de cálcio, inibir a formação do osso e diminuir a síntese de hormônios sexuais. Há também diminuição de colágeno e a pele fica fina. Retida do fármaco ● Sofreu supressão do eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal. ● Desmame lento devido à inibição de cortisol ● Prevenir a INSUFICIÊNCIASUPRARRENAL AGUDA. Doença de Addison Destruição seletiva do córtex da suprarrenal, comumente por reação autoimune mediada por células T. A insuficiência suprarrenal secundária é causada por distúrbios hipotalâmicos ou hipofisários ou pela administração prolongada de glicocorticoides exógenos (depois que há interrupção é possível notar). O desmame é lento para dar tempo de o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal recupere sua atividade total. Síndrome de Cushing Várias fisiopatologias que aumentam a síntese de cortisol. Existe a síndrome de Cushing Iatrogênica causada pelo tratamento farmacológico com glicocorticoides exógenos, a causa mais comum dessa síndrome. Características: ● Distribuição centrípeta do tecido adiposo ● Hipertensão ● Miopatia proximal dos membros ● Osteoporose ● Imunossupressão ● Diabetes melito Medicamentos Análogos de glicocorticoides ligam-se geralmente à CBG com afinidade relativamente Baixa. Em consequência, 2/3 circula ligada à albumina. Quando mais livre no plasma, mais rápida sua ação. Além disso, análogos de glicocorticoides que apresentam afinidade baixa pela 11b-HSD II possuem meia-vida plasmática mais longa. A lipofilidade do fármaco ajuda a distribuição e cria reservas em tecidos adiposos. “Em geral, os agentes glicocorticoides com maior potência anti-inflamatória apresentam maior duração de ação” “É possível administrar glicocorticoides localmente em doses muitas vezes mais altas do que a concentração plasmática normal, enquanto se minimizam os efeitos adversos sistêmicos” GLICOCORTICOIDES INALATÓRIOS ● Tratamento crônico de asma, principalmente em crianças. Pouca absorção sistêmica. ● Reduzem os sintomas da asma ao inibir as respostas inflamatórias das vias aéreas, sobretudo inflamação mediada por eosinófilos ● Fluticasona, mometasona, beclometasona, ciclesonida, budesonida, flunisolida e triancinolona. ● A candidíase orofaríngea é uma complicação potencial por essa via. Devido à imunossupressão local. ● Cuidado ao mudar a forma de administração oral para inalatória, devido à biodisponibilidade. ● A administração intra-nasal ajuda na rinite alérgica (efeito superior aos anti-histamínicos), ao mesmo tempo que na asma. GLICOCORTICOIDES CUTÂNEOS ● Em vários distúrbios dermatológicos ● Incluindo psoríase ● Deve ser administrado biologicamente ativo, pois a pele tem pouca ou nenhuma enzima 11b-HSD I. ● Hidrocotisona, metilprednisolona e a dexametasona. GLICOCORTICOIDES DE DEPÓSITO ● Administração intra-muscular, intra-articular (artrite reumática ou gota). ● Útil nos episódios agudos de gota que não respondem à colchicina ou à indometacina. ● Administrar na forma ativa pois o tecido articular carece da enzima 11b-HSD I. Na gravidez ● Prednisona pode ser administrada na mãe sem afetar o feto. O fígado da mãe converte a prednisona em prednisolona através da 11b-HSD I, mas a placenta possui 11b-HSD II que transforma a prednisolona em prednisona inativa. O fígado do feto não está formado com enzima capaz de reativar a prednisona em prednisolona (ativo). ● Glicocorticoides também promovem o desenvolvimento pulmonar do feto. Administra dexametasona/betametasona à mãe. É um substrato fraco da 11-b-HSD II placentária. Contra a síndrome do desconforto respiratório do lactente. Efeitos do uso de ● Curta duração: insônia, hipomania, úlceras pépticas. ● Longa duração: Síndrome de Cushing iatrogênica, estrias violáceas na pele, emagrecimento dos membros, diabetes, osteoporose. ● Pode inibir a enzima conversora de T4-T3, gera maior liberação de TSH.
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