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Beatriz Appoloni Santos T19 Patologia do sistema circulatório *lâminas atlas* ● Aterosclerose É uma doença inflamatória crônica, de manifestação sistêmica, silenciosa, deletéria do vaso. Pode gerar infarto do miocárdio, AVE, formação de trombo e calcificação patológica. Mecanismo: 1. disfunção endotelial (fluxo laminar do sangue fica alterado) 2. colesterol (LDL) alterado 3. precipitação entre íntima e média 4. ativação de citocinas e quimiocinas (LDL está elevado) 5. transmigração de monócitos e macrófagos 6. ativação de macrófagos e fagocitose (do LDL) 7. células espumosas - estrias gordurosas 8. desequilíbrio no mecanismo de influxo e efluxo de LDL - HDL mobiliza a retirada de colesterol (geralmente esta fase é negligenciada, mas caso haja manutenção resolve a situação) 9. manutenção da inflamação (macrófagos e cél. musculares lisas produzem fibroblastos) 10. resposta celular - placa fibroadiposa (substitui a estria de gordura) 11. capa fibrosa e centro necrótico: placa ateromatosa (forma o cristal de LDL) 12. complicações: ruptura, hemorragia, trombose, embolia e aneurisma. Os principais locais de ocorrência são: a. aorta, a. cerebral média e basilar, a. renal, a. carótida, coronárias. ● Trombose -trombo misto: predomínio de hemácias (trombo vermelho), predomínio de fibrina (trombo branco). -trombo em lagarta de borboleta Lesão endotelial As lesões endoteliais que levam à ativação plaquetária são a base quase inevitável da formação de trombo no coração e na circulação arterial, onde a grande velocidade do fluxo sanguíneo impede a formação de coágulos (trombos). Observa-se que trombos cardíacos e arteriais são tipicamente ricos em plaquetas e acredita-se que a aderência de plaquetas e sua ativação sejam pré-requisitos necessários para a formação de trombo sob alta tensão de cisalhamento, como a existente nas artérias. Essa observação fornece parte da razão por trás do uso de aspirina e outros inibidores plaquetários na doença arterial coronária e no infarto agudo do miocárdio. Evidentemente, lesões endoteliais graves podem iniciar a trombose ao expor o vWF e o fator tecidual. Contudo, a inflamação e outros estímulos nocivos também promovem a trombose ao alterar o padrão habitual de expressão genética do endotélio para um padrão que seja “pró-trombótico”. Essa mudança é geralmente denominada ativação ou disfunção endotelial e pode ser produzida por diversos fatores, incluindo agressão por agentes físicos, agentes infecciosos, fluxo sanguíneo anormal, mediadores inflamatórios, anormalidades metabólicas, como a hipercolesterolemia ou a homocisteinemia, e toxinas derivadas da fumaça do cigarro. Acredita-se que a ativação endotelial desempenhe um papel fundamental no desencadeamento da trombose arterial. Aqui é suficiente mencionar algumas das alterações pró-trombóticas principais: • Alterações pró-coagulantes. Células endoteliais ativadas por citocinas reduzem a expressão de trombomodulina, já descrita como um importante modulador da atividade da trombina. Isto pode resultar em ativação prolongada da trombina, que, por sua vez, através dos PARs, pode estimular plaquetas e aumentar a inflamação. Além disso, na inflamação, o endotélio também reduz a expressão de outros anticoagulantes, como a proteína C e a proteína inibidora do fator tecidual, alterações que podem resultar em um estado pró coagulante. • Efeitos antifibrinolíticos. As células endoteliais ativadas secretam inibidores do ativador do plasminogênio (PAIs), que limitam a fibrinólise e diminuem a expressão de t-PA, alterações que também favorecem o desenvolvimento de trombos. Alterações no fluxo sanguíneo normal A Turbulência contribui para a trombose cardíaca e arterial, provocando uma disfunção ou lesão endotelial, além de gerar fluxos de contracorrente com a formação de bolsas de estase locais. A Estase é o principal contribuinte no desenvolvimento da trombose venosa. O fluxo sanguíneo normal é laminar, de forma que as plaquetas (e outros elementos celulares sanguíneos) fluem centralmente na luz dos vasos, separados do endotélio por uma camada em movimentação mais lenta de plasma. Por conseguinte, a estase e a turbulência: • Promovem a ativação endotelial, aumentando a atividade pró-coagulante e a adesão de leucócitos, em parte através de mudanças induzidas pelo fluxo na expressão de moléculas de adesão e de fatores pró-inflamatórios. • Rompem o fluxo laminar e permitem que as plaquetas entrem em contato com o endotélio. • Reduzem a eliminação (“lavagem”) e a diluição dos fatores da coagulação ativados pelo afluxo de sangue fresco e por inibidores dos fatores da coagulação. O fluxo sanguíneo alterado contribui para a trombose em várias condições clínicas. As placas ateroscleróticas ulceradas não somente expõem o vWF e o fator tecidual subendoteliais, mas também causam turbulência. As dilatações aórticas e das artérias em geral, denominadas aneurismas, provocam estase local e são propensas à trombose (Cap. 11). O infarto agudo do miocárdio resulta em áreas do miocárdio não contrátil e, algumas vezes, em aneurismas cardíacos; ambos estão associados a estase e fluxo anormal que promovem a formação de trombos murais cardíacos (Cap. 12). A estenose de origem reumática da válvula mitral resulta em dilatação atrial esquerda, que associada à fibrilação atrial, torna-se um local de estase pronunciada, ocorrendo habitualmente a trombose (Cap. 12). A Hiperviscosidade (como observada na policitemia vera; Cap. 13) aumenta a resistência ao fluxo sanguíneo e causa estase de pequenos vasos; as hemácias deformadas na anemia falciforme (Cap. 14) dificultam o fluxo sanguíneo nos pequenos vasos, resultando em estase e consequente trombose. Hipercoagulabilidade A hipercoagulabilidade (também chamada de trombofilia) pode ser definida, genericamente, como qualquer distúrbio do sangue que predispõe à trombose. A Hipercoagulabilidade tem um papel particularmente importante na trombose venosa e pode ser dividida em distúrbios primários (genéticos) e secundários (adquiridos). Se um paciente sobrevive à trombose inicial, nos dias e semanas subsequentes os trombos sofrerão combinações dos quatros eventos seguintes: • Propagação. Os trombos acumulam plaquetas e fibrinas adicionais (ver anteriormente). • Embolização. O trombo se desaloja e viaja para outros locais da rede vascular (ver adiante). • Dissolução. A dissolução é o resultado da fibrinólise, que pode resultar em rápida diminuição e total desaparecimento de trombos recentes. Em contrapartida, nos trombos mais antigos, a extensa deposição e polimerização da fibrina os tornam mais resistentes à lise. Essa distinção explica porque a administração terapêutica de agentes fibrinolíticos, como o t-PA(p. ex., na trombose coronariana aguda) só é efetiva quando realizada nas primeiras horas após o evento trombótico. • Organização e recanalização. Os trombos antigos tornam-seorganizados pela proliferação de células endoteliais, células musculares lisas e fibroblastos, sobre e para dentro do trombo (Fig. 4-14). Ocasionalmente, há formação dos canais capilares que tentam restabelecer, embora não completamente, a continuidade da luz original do vaso. A Recanalização, com o tempo, transforma o trombo em uma massa de tecido conjuntivo que se incorpora à parede vascular. Finalmente, com a remodelação e a contração dos elementos mesenquimais, apenas uma massa fibrosa pode permanecer, marcando o local original do trombo. ● Embolia Uma embolia é a presença de uma massa intravascular solta, seja sólida, líquida ou gasosa, que é transportada pelo sangue desde seu ponto de origem até um local distante, onde ela geralmente causa disfunção tecidual ou infarto. A grande maioria de êmbolos são trombos desalojados, por isso o termo tromboembolismo. Outros êmbolos mais raros são: gotículas de gordura, bolhas de nitrogênio, detritos ateroscleróticos (êmbolos de colesterol), fragmentos de tumor, fragmentos da medula óssea ou ainda corpos estranhos. O êmbolo viaja pelo sangue até encontrar vasos tão pequenos que não permitam sua passagem, causando oclusão vascular total ou parcial. Dependendo de seu ponto de origem, o êmbolo pode se alojar em qualquer local da árvore vascular. Como discutido anteriormente, as consequências clínicas variam muito, dependendo do tamanho e da posição onde estava alojado, bem como do leito vascular por ele obstruído. >O trombo é formado nos membros inferiores, causa a trombose e a embolia, chega na VCI, ao AD e VD, alcançando o tronco pulmonar, a. pulmonar e o pulmão - embolia pulmonar. “êmbolo em cavaleiro” >Caso exista a persistência da janela oval (entre o AD e o AE) o trombo se desloca e vai para a aorta e para as coronárias - infarto do miocárdio. ● Coronariopatias 1. De 20 a 30% dos miocardiocitos com mitocôndrias, produz ATP. 2. Suprimento sanguíneo sempre em níveis ótimos 3. Isquemia 4. a. coronárias - epicárdicas e intramurais - circulação colateral 5. fluxo na diástole 6. envelhecimento: tortuosidade dos vasos (turbilhonamento), redução da complacência (diminui a elasticidade e a adequação para passagem do sangue), calcificação (por lesões e inflamações), aterosclerose (placa de ateroma se forma no óstio das coronárias, quanto mais próximo da raiz delas maior a área afetada) 7. obstrução (trombo) fixa e espasmo focal - isquemia (vasoconstrição severa) 8. angina (angina pectoris) e infarto (súbito ou lento). -Hipertensão Fator de risco para infarto, aterosclerose, ICC (insuficiência cardíaca congestiva) e IR (insuficiência renal). Essencial: complexa e multifatorial - reabsorção do sódio e sistema renina - angiotensina. Comprometimento renal - eliminação de sal e água. Ocorre aumento do volume sanguíneo e aumento da resistência periférica e, consequentemente, aumento da pressão arterial. A elevação da pressão arterial causa comprometimento endotelial, pela maior suscetibilidade do endotélio e um evento trombogênico pode estar associado. Espessamento vascular pode ser por hialinose (depósito de proteína, lesão inespecífica) e hiperplasia arteriolar (aumenta o número de células e camadas, espessando o vaso). A forma benigna de hipertensão tem menor comprometimento renal e a maligna gera IRC com focos hemorrágicos. Nefroesclerose (lesão renal associada a lesão vascular, enrijecimento do néfron) gerada pode ser benigna ou maligna, onde irá ocorrer necrose no rim (nos túbulos e glomérulos), a camada íntima fica espessada e os vasos ingurgitados com sangue no interstício. -Aneurismas É a dilatação anormal de uma artéria, a artéria cerebral média é a mais acometida na circulação encefálica. Pode ser sacular (forma um saco conectado ao vaso) ou fusiforme (em continuidade do vaso, deformidade simétrica dele). Forma trombo ou ocorre o rompimento do vaso, podendo causar AVE. As formas de ter aneurismas mais comuns são: aterosclerose, má formação de uma artéria (congênito) e hipertensão. Caso a pessoa seja diagnosticada com aneurisma, deverá fazer tratamento com anticoagulante. -Aortite sifilítica com endarterite produtiva Nesse caso, ocorre produtividade e espessamento nas camadas mais profundas do vaso em decorrência de sífilis na fase terciária da doença. A endarterite produtiva ocorre devido a ação do patógeno, compromete a ação da vasa vasorum e a irrigação das artérias ficam comprometidas também, dessa forma irá degenerar a aorta, com necrose e infiltrado inflamatório. -Flebite - tromboflebite Inflamação da parede de uma veia, desenvolvimento de trombo na luz do vaso venoso com resposta inflamatória na parede dele. -Neoplasias ➔ Hemangioma cavernoso: benigno, vasos que se formam de forma desajustada e anômala, acaba gerando nódulos e evolui para ruptura. Pode ser cutâneo (menos severo) ou que envolva os grandes vasos nos órgãos (mais severo), formando caverna vascular, se rompe e causa hemorragia, exemplo: hemangioma cavernoso do fígado. Na lâmina pode-se observar vasos formados todos dispersos e contorcidos, com coleção de sangue. ➔ Sarcoma de Kaposi: versão maligna do hemangioma cavernoso, possui grau de desdiferenciação acentuado, relacionado com o paciente soropositivo e com aparecimento de manchas castanho - avermelhadas. Progressão sistêmica, origem mesenquimal e com metástases. Na lâmina as células estão proliferadas e os vasos estão neoformados. ● Patologias cardíacas -Infarto do miocárdio A necrose de coagulação caracteriza o infarto. Ocorre isquemia, a demanda de oxigênio fica afetada, diminui a quantidade de oxigênio afetando as mitocôndrias dos miocardiocitos (não produzem ATP pela fosforilação oxidativa). A diminuição de ATP compromete o funcionamento da bomba de sódio e potássio, paralisando o fluxo na membrana, causando alteração no volume da célula, tumefação e citólise. Aumenta a taxa de glicose no sangue e entra em anaerobiose, diminui o pH, esgota o glicogênio disponível, promove acidificação do meio celular o que rompe a membrana do lisossomo, promovendo a liberação de enzimas pelo lisossomo e ocorre morte celular e necrose coagulativa. Tipos de infarto: transmural ( na região septal), subendocárdico (afeta no final, nas fibras de purkinje), infarto apical. O infarto apical e o transmural interferem diretamente no ciclo cardíaco pois afetam o sistema de condução. A principal causa desses infartos é a placa de aterosclerose nas coronárias direita e esquerda ou nos seus ramos. -Insuficiência cardíaca A função cardíaca fica afetada, débito cardíaco insuficiente, sístole inadequada - compartimentos não esvaziados, não há multiplicação celular compensatória (miocardiócitos se tornam hipertrofiados na tentativa de compensar a insuficiência - contração se torna mais lenta e o sistema de condução não se adapta a essa condição do coração espessado). ➔ Insuficiência cardíacaesquerda: decorrente de isquemia, hipertensão, doenças valvares, miocardiopatia. Manifestações: congestão pulmonar (pulmão com hemossiderina) e edema, diminuição da perfusão - rim (retenção de água, necrose tubular aguda isquêmica, encefalopatia tóxica). ➔ Insuficiência cardíaca direita: consequente à esquerda ou pura (doença pulmonar - cor pulmonale, alteração do VD, hipertrofia, decorrente de DPOC ou valvar). Manifestações: congestão hepática e edema - fígado noz moscada (CPC) rim e baço ficam congestos, necrose centrolobular e hemorrágica ,ascite, edema de MMII, esplenomegalia congestiva, congestão renal, lesão hipóxica e NTA. -Malformações Coarctação da aorta (estrangulamento): pode ser pré-ductal (referente ao ducto arterial), justaductal ou pós-ductal - 5 a 10%. Comunicação interatrial: 10 a 15% (forame oval), comunicação interventricular: 30% (septos não se fecham), ducto arterial patente (continua):10%, tetralogia de Fallot: 10% (com comunicação interventricular, estreitamento do tronco pulmonar e restrição da valva, deslocamento da aorta para a área do septo e hipertrofia VD), pentalogia de Fallot e CIA: 8%. -Processos inflamatórios Endocardites: inflamação do endocárdio, as valvas são as mais afetadas, bactérias e outros patógenos se alojam, formação vegetante, invasiva e necrotizante - embolia. Febre reumática - estreptococo b-hemolítico do grupo A. Antígenos da parede da bactéria promovem a formação de anticorpos, que reagem de forma cruzada com antígenos do coração, resultando em focos inflamatórios nas 3 camadas do órgão. Artrite reumatóide é um fator. As lesões não são causadas pela ação direta das bactérias no tecido do coração. Pericardite: aderências das lâminas do pericárdio, por trauma ou infecção; serosa, fibrinosa, serofibrinosa, purulenta, hemorrágica e cascosa. Infiltrado inflamatório e fibrose - aspecto em pão com manteiga. Miocardite: origem viral ou outros patógenos. O principal causador é o T. cruzi; presença de infiltrado inflamatório, trombos, amolecimento do miocárdio e fibrose. Neoplasias do coração são raras -Mixoma (mais comum) - células mesenquimais do TC, matriz de aspecto gelatinoso.
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