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ARTICULAÇÃO Articulações (junturas) são uniões entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do esqueleto. A classificação estrutural das articulações é baseada em dois critérios: (1) existência ou não de espaço entre os ossos integrantes da articulação, chamado de cavidade articular, e (2) tipo de tecido conjuntivo que une os ossos. Articulações fibrosas: não há cavidade articular e os ossos são mantidos unidos por tecido conjuntivo denso não modelado e rico em fibras de colágeno. Articulações cartilagíneas: não há cavidade articular e os ossos são mantidos juntos por cartilagem. Articulações sinoviais: os ossos que formam a articulação apresentam cavidade articular e são unidos pelo tecido conjuntivo denso não modelado de uma cápsula articular e, muitas vezes, por ligamentos acessórios. A classificação funcional das articulações tem relação com o grau de movimento que permitem. Funcionalmente, as articulações são classificadas como: Sinartrose: uma articulação imóvel - Sinostose: sutura, crânio. Osso no osso. - Sindesmose: tecido conjuntivo entre ossos. Faixa fibrosa. - Sincondrose: cartilagem entre ossos. Anfiartrose: uma articulação discretamente móvel Diartrose: uma articulação livremente móvel. Todas as diartroses são articulações sinoviais. Elas apresentam várias formas e possibilitam diversos tipos diferentes de movimentos. TIPOS Embora todas as articulações sinoviais apresentam muitas características em comum, o formato das faces articulares varia; dessa maneira, vários tipos de movimentos são possíveis. As articulações sinoviais são divididas em seis categorias com base no tipo de movimento: plana, gínglimo, trocóidea, elipsóidea, selar e esferóidea. Articulações planas As faces articulares dos ossos em uma articulação plana, também chamada de articulação planar, são planas ou discretamente curvas. As articulações planas possibilitam, principalmente, movimentos para frente e para trás e para um lado ou outro entre as superfícies planas dos ossos, mas também são capazes de fazer rotação umas com as outras. Muitas articulações planas são biaxiais, o que quer dizer que permitem movimento em dois eixos. Eixo é uma linha reta em torno da qual um osso roda ou desliza. Se a articulação plana faz rotação além de deslizamento, logo é triaxial (multiaxial), possibilitando movimentos em 3 eixos. As articulações intercarpais (entre os ossos carpais no punho), as intertarsais (entre os ossos tarsais no tornozelo), as articulações esternoclaviculares (entre o manúbrio do esterno e a clavícula), as articulações acromioclaviculares (entre o acrômio da escápula e a clavícula), as articulações esternocostais (entre o esterno e as extremidades das cartilagens costais nas pontas do segundo ao sétimo par de costelas) e as articulações costovertebrais (entre as cabeças e os tubérculos das costelas e os corpos e processos transversos das vértebras torácicas) são alguns exemplos de articulações planas. Articulações do tipo gínglimo Na articulação do tipo gínglimo, ou dobradiça, a face convexa de um osso se encaixa na face côncava de outro osso. Como o próprio nome quer dizer, as articulações em dobradiça produzem um movimento angular de abre e fecha como uma porta em sua dobradiça. Na maioria dos movimentos articulares, um osso permanece em posição fixa enquanto o outro se movimenta em torno de um eixo. As articulações do tipo gínglimo são uniaxiais (monoaxial) porque normalmente permitem o movimento em torno de um único eixo. As articulações do tipo gínglimo possibilitam apenas flexão e extensão. O joelho (na verdade, um gínglimo modificado; o cotovelo, o tornozelo e as articulações interfalângicas (entre as falanges dos dedos das mãos e dos pés) são exemplos de articulações do tipo gínglimo. Articulações trocóideas Na articulação trocóidea, ou articulação pivô, a face arredondada ou pontiaguda de um osso se articula com um anel formado parcialmente por outro osso e parcialmente por um ligamento. A articulação trocóidea é uniaxial porque permite apenas rotação em torno de seu próprio eixo longitudinal. A articulação atlantoaxial, na qual o atlas roda em relação ao áxis e possibilita que a cabeça vire de um lado a outro como quando queremos dizer “não” com a cabeça, e as articulações radioulnares, que possibilitam que as palmas das mãos se voltem anterior e posteriormente quando a cabeça do rádio faz um pivô em relação a seu eixo longo na incisura radial da ulna, são exemplos de articulações trocóideas. Articulações elipsóideas Na articulação elipsóidea, ou articulação condilar, a projeção convexa oval de um osso se encaixa em uma depressão oval de outro osso. Uma articulação elipsóidea é biaxial porque os movimentos ocorrem em torno de dois eixos (flexão e extensão e abdução e adução), mais a circundução limitada (lembre-se de que a circundução não é um movimento isolado). As articulações radiocarpais (punho) e metacarpofalângicas (entre os metacarpais e as falanges proximais) do segundo ao quinto dedo são exemplos de articulações elipsóideas. Articulações selares Na articulação selar, a face articular de um osso tem formato de sela e a face articular do outro osso se encaixa na “sela”. Os movimentos que ocorrem na articulação selar são os mesmos da articulação elipsóidea: biaxial (flexão-extensão e abdução-adução) mais circundução limitada. Um exemplo de articulação selar é a articulação carpometacarpal entre o trapezóide do carpo e o metacarpal do polegar. Articulações esferóideas A articulação esferóidea consiste em uma superfície redonda como uma bola de um osso que se encaixa em uma depressão em forma de copo de outro osso. Essas articulações são triaxiais (multiaxial) (flexão-extensão, abdução-adução e rotação). As articulações do ombro e do quadril são exemplos de articulações esferóideas. Na articulação do ombro, a cabeça do úmero se encaixa na cavidade glenoidal da escápula. Na articulação do quadril, a cabeça do fêmur se encaixa no acetábulo do osso do quadril. OSTEOARTROSE E OSTEOARTRITE Osteoartrite: inflamação A osteoartrite (OA) é uma doença articular degenerativa na qual a cartilagem articular é gradativamente perdida. A cartilagem articular se deteriora, um osso novo se forma nas áreas subcondrais e nas margens da articulação. A cartilagem vai se degenerando de maneira lenta e, conforme as extremidades ósseas vão sendo expostas, esporões (pequenas espículas) de tecido ósseo novo vão sendo depositados sobre ela em um vão esforço do corpo de se proteger contra o atrito. Esses esporões diminuem o espaço da cavidade articular e restringem o movimento da articulação. Osteoartrite aflige primeiro as grandes articulações (joelhos, quadris). Osteoartrose: desgaste A Osteoartrose é quando esta degeneração se torna mais acentuada. A artrose é uma degeneração crônica de uma cartilagem ou estrutura óssea. Ela é, em muitos casos, o resultado de uma osteoartrite que evoluiu para uma artrose. De forma geral, podemos dizer que é quando o osso e cartilagem ficam “gastos” de uma forma muito mais acentuada e focalizada (com pontos de maior degeneração). A artrose pode ser originada de acordo com inúmeras situações, como hereditariedade, excesso de peso, inatividade física, desequilíbrios musculares e posturais ou com doenças pré-existentes maltratadas. Esclerose subcondral é o primeiro sinal de osteoartrose. INFLAMATÓRIAS Artrite Reumatoide Doença inflamatória sistêmica, crônica, progressiva e autoimune. Mais prevalente em mulheres 3:1, entre 35-55 anos. Possui relação com HLA-DR4. Devido ao estado inflamatório crônico da doença, gera aumento de mortalidade, aumentando o risco cardiovascular. Caracterizada pelo acometimento da membrana sinovial das articulações, podendo levar à destruição óssea e cartilaginosa, com consequente deformidade e incapacidade funcional. Comprometimentos de pequenas articulações (mais proximais). Fisiopatologia: Formação de Pannus (proliferação de sinoviócitos fibroblastos-like), levando à destruição da cartilagem articular. Síntese de Fator Reumatóide e Anti-PeptídeoCitrulinado Cíclico. O Anti-CCP é mais específico, a sensibilidade é semelhante (alguns referem maior sensibilidade do Fator Reumatoide). 20 a 30% dos pacientes com Artrite Reumatoide apresentam Fator Reumatóide e Anti-CCP negativos (Artrite Reumatoide soronegativa). Sinais característicos: - Dedo em pescoço de cisne - Deformidade em botoeira - Desvio ulnar dos dedos - Nódulos de Bouchard - Melhora com movimento - Rigidez matinal - menos de 1 hora (60min) Quadro Clínico: - Poliartrite simétrica (mão-pé-punho), de curso flutuante e progressivo. - Frequentemente evoluindo com deformidades. - Podem haver sintomas constitucionais associados. - Importante lembrar que a Artrite Reumatóide, classicamente, poupa as articulações interfalangianas distais, sacroilíacas e a coluna lombar. Caso haja afecção de interfalangianas distais, pensar em osteoartrite ou artrite psoriásica. Diagnóstico: Clínico + Radiografía + Laboratorial (VHS, anticitrulina, PCR, FR). Gota Mais prevalente em homens, acima dos 40 anos, histórico familiar de gota ou urolitíase. Afecção metabólica crônica que resulta do acúmulo excessivo de cristais de monourato de sódio em articulações por causa da hiperuricemia e de um reservatório aumentado de uratos no organismo. Fisiopatologia: alteração no metabolismo das purinas. Sinal clínico: podagra (acometimento do hálux): dor súbita, em geral noturna. - Monoartrite e podagra. - Tofos. Piora do quadro: consumo excessivo de carnes, bebidas. Diagnóstico: dosagem de ácido úrico na urina 24h e sérica. Tratamento: - AINES - Colchicina: em crise - Alopurinol: pacientes com alteração de metabolismo; - Benzobromarona: pacientes com alteração de excreção; LIGAMENTOS O ligamento é um estabilizador passivo de uma articulação com principal função de impedir um deslocamento anormal entre dois ossos. Normalmente, as lesões ligamentares ocorrem em decorrência de atividades atléticas de contato ou não. - 1º Grau: entorse do ligamento sem instabilidade; - 2º Grau: entorse com instabilidade detectável, porém com continuidade das fibras; - 3º Grau: ruptura completa do ligamento. Mas as lesões ligamentares não surgem somente em virtude de práticas esportivas, também podem ser causadas por ocasião de acidentes de trânsito ou mesmo quedas. Depende do mecanismo de trauma (lado do trauma). Mais comum no joelho. Quadro Clínico: - Dor importante no impacto - Edema articular e derrame articular - Instabilidade articular Diagnóstico: - Mecanismo do trauma - Inspeção e Palpação - Testes Clínicos: Estabilidade Derrame Articular – exame do líquido (sangue, pus). - Exames Complementares: RM Tratamento: - Conservador - Cirúrgico (ligamento cruzado anterior geralmente é cirúrgico) - Reabilitação (fisioterapia) Entorse É a torção forçada de uma articulação que estira ou rompe seus ligamentos, não ocorrendo luxação dos ossos, entretanto. Ocorre quando os ligamentos são tensionados além da capacidade normal. As entorses graves podem ser tão dolorosas a ponto de impossibilitar os movimentos articulares. A presença de edema é considerável, resultante das substâncias liberadas pelas células danificadas e da hemorragia dos vasos sanguíneos rompidos. A porção lateral da articulação do tornozelo é a mais constantemente acometida de entorse; o punho é outra área acometida com frequência. Em princípio, as entorses devem ser tratadas com imobilização, repouso, gelo, compressão e elevação. Esta terapia pode ser usada nas distensões musculares, inflamação articular, suspeita de fratura e hematomas. MECANISMO DE TRAUMA Trauma de luxação e trauma de fratura: - Trauma axial: no eixo. Transmite força no eixo → mais luxação ou lesão ligamentar. - Trauma angular → mais fratura. - Trauma rotacional: lesões ligamentares. Os traumas axiais e angulares provocam fraturas com maior frequência, enquanto os rotacionais provocam lesões meniscoligamentares, em especial do LCA. A lesão do LCP costuma ser causada por queda de joelho ou por trauma direto anterior com o joelho fletido. MENISCO EPIDEMIOLOGIA As lesões traumáticas do joelho e suas consequências representam 80% das patologias do joelho. O sistema osteoligamentar, muito complexo e pouco elástico, é submetido a traumas diretos e indiretos de aceleração cada vez maior. Os acidentes automotivos e esportivos são os principais responsáveis pela variada gama de lesões que a articulação do joelho sofre. Essa traumatologia, em constante progresso, teve como resultado um incentivo muito grande ao estudo da anatomofisiologia e da biomecânica do joelho. Para encontrar métodos de tratamento eficazes, estuda-se cada vez mais a normalidade das funções ligamentar e osteoarticular. QUADRO CLÍNICO Os sinais clínicos são, na maioria dos casos, negativos ou duvidosos. Abdalla demonstrou que, dentre os pacientes portadores de hemartrose e com lesão do LCA comprovada por artroscopia, apenas 26% tinham sinal da gaveta anterior e 40% tinham sinal de Lachman quando examinados sob anestesia. A avaliação inicial deve ser registrada para comparação posterior, que deve ocorrer em quatro ou cinco dias após o trauma inicial. O exame deve seguir uma rotina para evitar erros e permitir a comparação. História clínica Tipo de trauma. Os traumas axiais e angulares provocam fraturas com maior frequência, enquanto os rotacionais provocam lesões meniscoligamentares, em especial do LCA. A lesão do LCP costuma ser causada por queda de joelho ou por trauma direto anterior com o joelho fletido. Aumento de volume. A hemartrose, ou seja, o derrame imediato por sangramento, ocorre em 75% dos casos em consequência da lesão do LCA e associa-se a lesões meniscais ou osteocondrais em 50% dos casos. Dor. A dor de início imediato precedida de ruído é comum nas lesões ligamentares. As lesões graves doem pouco após o trauma inicial devido ao extravasamento de líquido da articulação. Atitude após o trauma. A atitude em flexão é muito comum em lesões intrínsecas, ocorrendo, em geral, por espasmo muscular. Os desvios angulares são comuns após fraturas. Exame físico A palpação demonstra os pontos dolorosos e a presença ou não de derrame articular. Os pontos dolorosos podem demonstrar geograficamente o sítio da lesão, mas são pouco específicos quanto ao diagnóstico etiológico da dor. É muito difícil distinguir entre uma desinserção ligamentar e uma lesão meniscal aguda. Manobras de estresse. Essas manobras testam os ligamentos e, de forma indireta, a superfície articular. A pesquisa é mais sensível no momento imediato do trauma inicial ou dois a três dias após, pois o espasmo muscular dificulta a avaliação nas primeiras horas após a lesão. Sinal de Lachman anterior e “posterior”. Pesquisando com o joelho em flexão de 20 a 30°, faz-se a tentativa de anteriorização ou posteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Gaveta anterior e posterior. Com o joelho em flexão de 70°, analisa-se a anteriorização ou a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur. A positividade desses sinais indica a lesão do LCA/LCP, porém, a ausência de sinal positivo não exclui a presença de lesão. Manobra em varo ou valgo. Pesquisada em extensão e flexão de 30°. A abertura em valgo/varo em 30° sem abertura em extensão demonstra lesão moderada do compartimento examinado. A ocorrência de positividade do sinal em extensão demonstra lesão grave de todo o complexo analisado, com provável lesão do LCP. A presença de dor no ângulo da articulação (compartimento oposto ao testado) pode indicar fratura ou lesão meniscal. Testes rotacionais. Realizados pela rotação da tíbia em relação ao fêmur, associada à flexão-extensão. Essas manobras sugerem presença de lesões meniscais ou osteocondrais no compartimento contrário ao sentido de rotação da tíbia. Fixando-se, com a mão do examinador, o pé do paciente na posição de rotação da tíbia em relação ao fêmur, realizam-se a flexão e a extensão. Lachmann: melhor para LCA. Testes da integridade das aletas patelares. O estresse da aleta patelar medial, feito com a tentativa de lateralização da rótula com o joelhoem 5 a 10° de flexão, é fundamental como rotina de exame, pois a luxação aguda da patela comporta-se clinicamente como a maioria dos traumas do joelho no que se refere às informações da história clínica. A pesquisa de lesão da aleta medial e de eventual desinserção do vasto medial demonstra a luxação da patela, que é sempre no sentido lateral. Exame radiográfico O exame radiográfico inicial é muito importante para demonstrar eventuais fraturas ou arrancamentos ósseos. Pequenos arrancamentos ósseos marginais ao planalto lateral (fratura de Second) evidenciam graves lesões ligamentares anterolaterais. As radiografias devem ser em posição de frente e de perfil e em posição axial de patela em 45° (axial de Hughston). Os afundamentos centrais do planalto tibial e as fraturas osteocondrais não são visíveis no exame radiográfico convencional. Podem ser realizadas radiografias em estresse anterior/posterior ou lateral/medial para esclarecer eventuais dúvidas quanto a instabilidades ligamentares. Essas avaliações são muito doloridas nos momentos recentes do trauma, e o espasmo muscular pode mascarar o diagnóstico. A ressonância magnética (RM) é o exame que oferece melhores subsídios ao diagnóstico do joelho em casos agudos, permitindo visualizar lesões ligamentares e meniscais, fraturas osteocondrais, afundamentos do planalto tibial e lesões das aletas patelares, que não serão visibilizadas em estudos radiográficos convencionais. A RM é um exame muito útil na avaliação do joelho em condições agudas. A ocorrência de fraturas ocultas ao raio X é frequente e é diagnosticada apenas por RM. BURSA Bursite é a inflamação aguda ou crônica de uma bursa. A causa é normalmente desconhecida, mas o trauma, repetitivo ou agudo, pode contribuir, bem como infecção e doença induzida por cristais. Os sintomas incluem dor (particularmente com o movimento ou pressão), edema e sensibilidade. O diagnóstico é clínico; no entanto, a ultrassonografia pode ser necessária para avaliar bursite profunda. Diagnósticos de infecção e doença induzida por cristais requerem análise do líquido da bursa. O tratamento é feito com o uso de imobilização, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), algumas vezes infiltração de corticoide e tratamento de qualquer causa subjacente. Bursas são cavidades parecidas com uma pequena bolsa ou cavidades potenciais, que contêm líquido e estão em locais onde ocorre fricção (onde tendões ou músculos passam sobre proeminências ósseas). As bursas minimizam a fricção entre as partes que se movem e facilitam o movimento. Algumas se comunicam com as articulações. A bursite pode ocorrer no ombro (bursite subacromial ou subdeltoideana), particularmente em pacientes com tendinite do manguito rotador, que costuma ser a lesão primária do ombro. Outras bursas comumente acometidas são a do olécrano (cotovelo de minerador), pré-patelar (joelho de empregada doméstica) ou suprapatelar, retrocalcânea, iliopectínea (iliopsoas), isquial (fundo do tecelão), trocanter maior, pata de ganso e bursa da cabeça do primeiro metatarso (joanete). Ocasionalmente, a bursite causa inflamação na articulação com que se comunica. ETIOLOGIA A bursite pode ser causada por: - Lesão - Excesso de uso e/ou pressão crônicos - Artrite inflamatória (gota, artrite reumatoide, artrite psoriática, espondilite) - Infecção aguda ou crônica (organismos piogênicos, particularmente Staphylococcus aureus). Causas idiopáticas e traumáticas são, de longe, as mais comuns. A bursite aguda pode acontecer após exercício incomum ou estiramento, e normalmente causa derrame da bursa. As bursas olecranianas e pré-patelares são as bursas mais frequentemente atingidas quando há infecção. A bursite crônica pode ocorrer após crises prévias de bursite ou trauma repetitivo. A parede da bursa encontra-se espessada, com proliferação de sua membrana sinovial; podem se desenvolver aderências bursais, formação de vilosidades e depósitos de cálcio. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A bursite aguda causa dor, particularmente quando a bursa é comprimida ou alongada com o movimento. Edema, às vezes com outros sinais de inflamação (eritema), é comum se a bursa for superficial (pré-patelar, olecraniana). O edema pode ser mais proeminente do que a dor no caso da bursite do olécrano. A bursite induzida por cristal ou bactéria costuma ser acompanhada por eritema, edema depressível, dor e calor na área acima da bursa. A bursite crônica pode durar muitos meses e ter recorrências múltiplas. Os episódios podem durar de poucos dias a várias semanas. Se a inflamação persistir perto da articulação, a amplitude de movimento pode ficar limitada. Limitação prolongada do movimento pode levar à atrofia muscular. DIAGNÓSTICO - Avaliação clínica - Ultrassonografia ou RM para bursite profunda - Aspiração se houver suspeita de infecção, hemorragia (devido a trauma ou anticoagulantes) ou bursite induzida por depósitos de cristais. A bursite superficial deve ser suspeitada em pacientes com edema ou sinais de inflamação sobre bolsa. Bursite profunda é suspeita em pacientes com dor inexplicável que piora com movimento em um local compatível com bursite. Em geral, bursite pode ser diagnosticada clinicamente. Ultrassonografia ou RM pode ajudar a confirmar o diagnóstico quando bursas profundas não estão facilmente acessíveis para inspeção, palpação ou punção. Esses exames são realizados para confirmar um diagnóstico suspeito ou excluir outras possibilidades. Tais técnicas de imagem aumentam a precisão da identificação das estruturas envolvidas. Se o edema for particularmente doloroso, avermelhado ou quente, ou se a bursite envolver olécrano ou bursa pré-patelar, devem ser excluídas infecção e doença induzida por cristais, por meio da punção da bursa. Com uso de anestesia local, o líquido é retirado da bursa por meio de técnicas estéreis; a análise engloba a celularidade, coloração de Gram com cultura e pesquisa microscópica de cristais. A coloração de Gram, embora útil, não é específica, e a contagem de leucócitos na infecção pode ser mais baixa que nas articulações sépticas. Os cristais de urato são facilmente vistos por microscopia de luz polarizada, porém os cristais de apatita típicos da tendinite calcificada aparecem apenas como porções brilhantes que não são birrefringentes. Cristais da placa de colesterol podem ser vistos na bursite reumatoide crônica. Bursite aguda deve ser diferenciada de hemorragia em uma bursa, que deve ser considerada particularmente quando um paciente que toma varfarina desenvolve bursite aguda. Bursite hemorrágica pode causar manifestações similares porque o sangue é inflamatório. O líquido sinovial na bursite traumática costuma ser serossanguinolento. A celulite pode causar sinais inflamatórios, porém normalmente não é a causa do derrame na bursa; a celulite sobre a bursa é uma contraindicação relativa à punção da bursa através da celulite, mas se houver forte suspeita de bursite séptica, a punção aspirativa pode ser feita. TRATAMENTO - Repouso (15 dias). - Dose alta de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) - Tratamento de doença induzida por cristais ou infecção - Ocasionalmente, infiltração com corticóides - Antibióticos empíricos eficazes contra S.aureus - 42 dias de imobilização após cirurgia de reparo de manguito. - Não pode mobilizar mais do que 42 dias → capsulite adesiva. - Infiltração: faz mais em ombro, bursa subacromial. Trocanter maior. A escolha subsequente do antibiótico é determinada pelos resultados do exame direto com coloração de Gram e cultura. Além da administração de antibióticos, a bursite infecciosa requer drenagem e, às vezes, excisão. A bursite aguda asséptica é tratada com repouso ou imobilização temporária, doses altas de AINEs e, às vezes, com outros analgésicos. O movimento voluntário deve aumentar à medida que a dor diminuir. Os exercícios pendulares são úteis para a articulação do ombro. Se os fármacos por via oral e o repouso não forem adequados, a punção e a infiltração dentro da bursa com 0,5 a 1 mL de corticoide (acetonida de triancinolona40 mg/mL) é o tratamento de escolha. Aproximadamente 1 mL de anestésico local (lidocaína a 2%) pode ser injetado antes da injeção de corticoide. A mesma agulha é usada; ela é mantida no lugar e as seringas são trocadas. A dose e o volume de corticoides podem variar de acordo com o tamanho da bursa. Em casos raros, ocorre um surto algumas horas depois da injeção de um corticóide de depósito; o surto provavelmente é uma sinovite em reação aos cristais na injeção ou à ruptura dos depósitos de cálcio com a agulha. Geralmente dura ≤ 24h e responde a compressas frias junto com analgésicos. Corticoides orais (prednisona) podem ser usados para tratar o problema primário se uma infiltração local não for viável. A bursite crônica é tratada da mesma maneira que a bursite aguda, exceto pelo fato de que imobilização e repouso aparentemente ajudam menos, enquanto exercícios de amplitude de movimento são essencialmente importantes. Raramente a bolsa necessita ser retirada. DE CABEÇA DE FÊMUR A osteonecrose (ON), também conhecida como necrose asséptica ou necrose avascular, é um processo de morte de uma porção de tecido ósseo por falha no suprimento sanguíneo. Tanto células do osso compacto quanto da medula “infartam”, devido ao aporte insuficiente de oxigênio, fatores de crescimento e outros nutrientes. O processo tende a ser progressivo, ocorrendo destruição da articulação acometida em meses ou anos, caso medidas terapêuticas não sejam estabelecidas. Diversos fatores que prejudicam a vascularização óssea são descritos: presença de microêmbolos na circulação, hipertrofia de adipócitos na medula óssea e aumento da pressão intraóssea, dificultando a chegada de sangue, além de alterações endoteliais por estase sanguínea. - Uma variante da necrose óssea avascular é a doença de Legg-Calvé-Perthes. Essa ocorre em crianças, tendo em grande parte dos casos, curso benigno e autolimitado. FISIOPATOLOGIA A osteonecrose decorre de uma falha na vascularização óssea com déficit de aporte sanguíneo. As causas podem ser secundárias a trauma ou atraumáticas. A progressão da doença envolve uma redução do suprimento sanguíneo com hiperemia de áreas próximas, além de desmineralização óssea com adelgaçamento (se torna mais fino, frágil) e posterior colapso. Quando ocorre por trauma, o processo pode ser facilmente entendido imaginando uma compressão extrínseca dos vasos sanguíneos por fragmentos ósseos ou outras estruturas. O abuso de álcool e a terapia com corticoide respondem por cerca de 80% dos casos de osteonecrose atraumática. Sobre a ingesta de álcool, o risco é maior para etilistas que consomem a bebida diariamente, havendo um “efeito dose-resposta”, quanto maior o consumo, maior o risco. A corticoterapia, por sua vez, está associada ao risco de osteonecrose quando usada em altas doses. Os mecanismos básicos envolvem alteração no metabolismo lipídico, com maior circulação desses e chance de microêmbolos gordurosos impactarem a vascularização óssea. Também há hipertrofia de adipócitos na medula do osso, com bloqueio venoso, além de alterações do endotélio das veias com aumento da pressão intraóssea, estase e diminuição da perfusão local. Outra possível causa de osteonecrose é secundária ao LES, em que pode ocorrer mesmo que não esteja sendo utilizada corticoterapia, sendo um fator de risco isolado para promoção de osteonecrose. A presença de anticorpos antifosfolipídeos também é um fator independente, aumentando ainda mais o risco quando há LES e SAF secundária. Doenças hematológicas podem culminar em osteonecrose. Na anemia falciforme, há falcização das hemácias na vascularização intraóssea e hiperplasia medular na gênese do processo. Trombofilias e hipofibrinólise podem provocar tromboses e disseminação de microêmbolos, obstruindo a vascularização óssea. A terapia para leucemia linfoblástica aguda, com ou sem uso de corticoterapia, também foi descrita como fator de risco para osteonecrose. Outros fatores de risco são infecção pelo HIV, radioterapia e uso de bifosfonatos (no caso de osteonecrose de mandíbula). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Uma minoria dos pacientes é assintomática, tendo um diagnóstico incidental. Desse modo, a suspeita diagnóstica em pacientes de alto risco deve sempre estar presente, visando um diagnóstico precoce capaz de prevenir colapso ósseo e necessidade de artroplastia. As áreas comumente afetadas são: porção anterolateral da cabeça femoral, côndilos femorais, cabeça umeral, tíbia proximal, vértebras e pequenos ossos das mãos e pés. Muitos pacientes apresentam acometimento bilateral no momento do diagnóstico. Em pacientes que apresentam lesões que não sejam no quadril, esse deve ser estudado em exames de imagem em paralelo, pois o envolvimento pode ser multifocal. O sintoma mais comum é a dor. Essa pode ocorrer ao movimento, em repouso ou à noite. Em pacientes com acometimento da cabeça do fêmur, a dor é mais comumente observada na virilha e, em menor prevalência, nas coxas e nádegas. Ao exame físico, podem ocorrer dor e limitação do arco do movimento da(s) articulação(ões). À imagem radiográfica, podem ser notados diferentes aspectos, a depender do estágio da doença. Na fase inicial, pode não existir alteração do exame, mas, com a progressão da doença é possível notar alteração da densidade óssea, padrão de esclerose e cistos. O sinal da crescente (radioluscência subcondral) é patognomônico de osteonecrose e evidencia o colapso subcondral. Os estágios posteriores revelam perda da esfericidade ou colapso da cabeça femoral, estreitamento do espaço articular e alterações degenerativas do acetábulo. A cintilografia óssea com tecnécio 99m tem sido usada para pacientes com suspeita da doença, radiografia normal, sintoma unilateral e sem fatores de risco. O aumento da formação óssea ao redor do osso morto cria o sinal do “doughnut”. Porém, como a sensibilidade da RNM é maior do que da cintilografia, essa costuma ser preferível. O exame de ressonância nuclear magnética (RNM) possui maior sensibilidade do que a radiografia e se modifica em fases precoces, até mesmo em fases assintomáticas da doença. Em ponderação T1, nota-se lesão focal não homogênea, bem delimitada. O primeiro achado é uma linha de densidade única que representa a separação do osso isquêmico e normal. Em T2, uma segunda linha de alta densidade representando um tecido de granulação hipervascularizado é observada. DIAGNÓSTICO O diagnóstico deve ser buscado a partir da suspeita clínica, principalmente em pacientes que possuam fatores de risco para a doença. A RNM é o método “padrão-ouro” para estabelecer o diagnóstico tanto em pacientes sintomáticos quanto assintomáticos. Outras causas que expliquem os sintomas devem ser excluídas. Possíveis diagnósticos diferenciais são a (1) síndrome do edema de medula óssea e a (2) fratura subcondral. A doença pode ser classificada a partir de critérios patológicos ou clínicos. A classificação patológica não guarda correlação com a sintomatologia ou imagem do paciente. Quanto à classificação histopatológica, tem-se: - Tipo I – fase pré-necrótica, com edema intersticial e algumas células espumosas. - Tipo II – espaço medular preenchido com tecido necrótico. - Tipo III – necrose medular e do osso trabecular, com até 100 lacunas ósseas vazias. - Tipo IV – necrose total, com fibrose medular e neoformação óssea nas áreas trabeculares mortas. Quanto à classificação clínica, proposta pela ARCO (Associação para Pesquisa da Circulação Óssea), tem-se, em linhas gerais: - Estágio 0 – Apenas diagnóstico histológico. - Estágio 1 – Radiografia e tomografias normais, com alteração positiva para osteonecrose aos estudos com cintilografia ou ressonância magnética. - Estágio 2 – Achados radiográficos, mas sem colapso articular – sem “sinal do crescente”. - Estágio 3 Precoce – Radiografia com “sinal do crescente” ou achatamento articular. Sem colapso articular. Tardio – Colapso articular à radiografia. - Estágio 4 – estreitamento do espaço articular à radiografia, com sinais de osteoartrite. TRATAMENTO Nãohá um tratamento ideal para a osteonecrose. A terapia a ser instituída decorrerá das classificações patológica e clínica do paciente. Todavia, busca-se ao máximo preservar a articulação nativa, evitando procedimentos cirúrgicos. Como medidas terapêuticas gerais, busca-se o repouso e diminuir a sobrecarga sobre a região afetada, além de promover a analgesia do paciente. Além disso, medicamentos, artroplastias parciais ou totais podem ser necessários. Dos procedimentos não cirúrgicos, diferentes fármacos podem ser utilizados, de acordo com a causa da alteração da vasculatura óssea. Por exemplo, em caso de trombofilias, podem ser usados anticoagulantes ou estatinas para prevenir a formação de adipócitos em ambiente intramedular. Medidas que visam preservar parte da articulação são o enxerto vascular ou ósseo, a osteotomia e terapia celular. Por fim, a artroplastia total, com uso de prótese substituindo toda a articulação pode ser necessária. Um exemplo é o uso de prótese substituindo a fossa acetabular e a cabeça femoral. IDENTIFICAR AS LIMITAÇÕES DAS DOENÇAS ARTICULARES VALORIZANDO O CARÁTER MULTIPROFISSIONAL Crioterapia: - Dor - Inflamação - Espasmos musculares secundários - Traumas menores agudos É um agente analgésico por atuar diretamente nas terminações nervosas, diminuindo a velocidade de condução e por estimular de forma competitiva, as fibras amielínicas, agindo nos mecanismos de comporta de Melzack e Wall; Nos processos inflamatórios articulares, o frio, por sua ação vasoconstritora, pode reduzir a hiperemia e edema; Atua como fator inibidor da atividade da colagenase; Nos músculos, o frio reduz a velocidade de disparo das fibras Ia da fuso muscular, diminuindo, assim, o espasmo, que pode ser importante fator algógeno; Osteoartrose, atua como agente analgésica durante as fases de exacerbação do processo inflamatório e também nas fases de dor crônica, dependendo da tolerabilidade do paciente Aplicação: compressas ou bolsas de gelo e banhos de imersão em água e gelo. Realizar de 4 a 6 vezes por dia. O tempo depende da região. Nos espasmos musculares, recomenda-se a apli ca ção de vaporizadores de etil clo ri do ou fluo ri metano, em mo vimentos intensos, a 1 m de dis tância; Termoterapia: Aumenta a extensibilidade do tecido colagenoso por fazer predominar as propriedades viscosas sobre as elásticas, modificando o comportamento mecânico do tecido; O estiramento tecidual sob aquecimento é realizado com menos força e com menos prejuízos mecânicos que em temperatura normal; Calor diminui a rigidez das articulações e melhora a sintomatologia; Tecidos aquosos absorvem mais energia que os tecidos secos Contraindicação: - Rigidez matinal acentuada; - Sindrome de hipersensibilidade ao frio (histamina, hemolisina, aglutininas e crioglobulinas dependentes), que podem ter manifestações vasculares graves; - Anestesia, isquemia, coagulopatia hemorrágicas, gestação, neoplasia e processos infecciosos agudos Alívio da dor: Vasodilatação promove a remoção de catabólito da região acometida; Mecanismo contra irritativo age nos fechamentos das comportas da dor Há aumento da ação das endorfinas; Há diminuição do disparo dos receptores dolorosos e ocorre redução dos espasmos musculares pela redução da isquemia relativa do local; Ultrassom: doses de 1 w/cm de ultrassom, durante 5 dias, produzem aumento na concentração de proteoglicanos em joelhos de ratos. São ondas de aquecimento profundas (2,5 a 3 cm). Prescrito em processos dolorosos periarticulares, ligamentares, tendíneos e musculares Parafina, infravermelho e forno de Bier são agentes de aquecimento superficial; Processos inflamatórios articulares - Há uma dualidade entre a indicação e contraindicação do calor; - Calor exacerba a inflamação aguda e pode ser catalizador de algumas enzimas proteolíticas como a colagenase Palmilha: A indicação do uso da Palmilha é para dores nos pés, dores na planta dos pés, desnível da coluna, pé cavo, pé plano, pé pronado, pé supinado, esporão de calcâneo, fascite plantar, metatargias, hálux valgo, calosidades, tendinites plantares, neuroma de Morton, diferença de comprimento de membros inferiores, atletas, desportistas, dor no quadril, dor no joelho, dor no tornozelo. A palmilha é individual, personalizada e tem como objetivo reduzir o pico de pressão e distribuir a força do solo por toda a região plantar, corrigindo os desníveis e centralizando o corpo, trazendo conforto e reeducação da postura e da pisada. - Varo: joelho para fora, palmilha para fora (lateral) - Valgo: joelho para dentro, palmilha para dentro (medial) Eletroterapia: Os efeitos clínicos principais de eletroterapia são resultado da despolarização de nervos sensoriais, motores ou nociceptivos. Outros efeitos são causados pelas trocas eletroquímicas nos tecidos. Os efeitos clínicos principais de eletroterapia são resultado da despolarização de nervos sensoriais, motores ou nociceptivos. Outros efeitos são causados pelas trocas eletroquímicas nos tecidos. Acupuntura: A acupuntura é um método terapêutico que consiste na estimulação, por meio de agulhas, de pontos específicos da pele. O estímulo desses pontos tem como característica regular o fluxo energético que, de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, é responsável pela fisiologia do organismo. EXAMES DE IMAGEM ÚTEIS EM LESÕES ARTICULARES A degeneração de uma articulação se refere ao dano mecânico e às adaptações reparadoras; em essência, a articulação é desgastada. A inflamação de uma articulação pode ser aguda e/ou crônica; e a articulação é dissolvida pelo processo inflamatório. A deposição metabólica se refere à infiltração de uma articulação pelos produtos metabólicos aberrantes. Cada um desses mecanismos afeta as articulações de maneiras radiograficamente distintas. A maioria das articulações do esqueleto apendicular é composta de articulações sinoviais. As articulações sinoviais têm uma cavidade articular e são cobertas pela cápsula articular que consiste em uma camada sinovial interna (a sinóvia), uma subsinóvia média e uma camada fibrosa externa. O edema do tecido mole em uma articulação pode refletir a distensão capsular proveniente da efusão, hipertrofia sinovial, edema no tecido mole ou uma massa. O edema simétrico e fusiforme sugere um processo inflamatório com efusão, edema sinovial, hipertrofia sinovial ou alguma combinação dele. Os nódulos de Heberden e Bouchard são edemas desse tipo nas articulações interfalângica distal (IFD) e interfalângica proximal (IFP) da mão, respectivamente, e são características de um processo degenerativo. A calcificação nos tecidos moles pode afetar cartilagem, pele, músculos, tendões ou outros tecidos conjuntivos e está associada com as doenças do tecido conjuntivo. A atrofia ou perda do tecido mole estão presentes em várias condições. As extremidades dos ossos articulados, isto é, as superfícies articulares, são cobertas com cartilagem articular de hialina. A cartilagem articular tem uma capacidade de amortecimento de carga que espalha as cargas transmitidas sobre uma grande área do osso subcondral. A cartilagem articular possui somente uma capacidade limitada de se autorreparar. A calcificação da cartilagem é chamada de condrocalcinose. A condrocalcinose pode envolver estruturas fibrocartilaginosas como os meniscos do joelho ou o complexo de fibrocartilagem triangular do punho. A osteoporose é a perda de osso pela ação de osteoclasto e pode ser generalizada ou regional, aguda ou crônica. O processo de osteoporose afeta o osso trabecular e o córtex, contudo, como a área de superfície sujeita à reabsorção osteoclástica é maior no osso trabecular, o processo agudo é mais evidente lá. Se o processo continuar, a tunelização pode se tornar evidente no córtex que pode ser reconhecida por ser porótica e fina. Na doença articular não inflamatória, a mineralização normal do osso é mantida. As erosões ósseas representam perdas focais de osso provenientes da superfície cortical. As erosões com perda de córtex indicam um processo agudo e agressivo.Na artrite reumatoide, por exemplo, o osso cortical sofre desgaste pela ação de enzimas produzidas pelos tecidos sinoviais inflamados. Essas enzimas literalmente dissolvem o osso e produzem erosões agudas sem córtex. As erosões com córtex indicam um processo crônico não agressivo, no qual o osso se remodela na borda da erosão. As erosões crônicas observadas na doença de deposição metabólica são causadas pelas massas anormais de produtos metabólicos que levam o osso adjacente a se remodelar em virtude da pressão mecânica. O alinhamento articular passa a ser anormal quando as cápsulas articulares ou ligamentos estão rompidos ou frouxos, a tensão normalmente equilibrada sobre as articulações encontra-se desequilibrada ou as superfícies articulares perdem seu tamanho ou forma normal. O resultado é deformidade, subluxação, deslocamento e perda de função. O uso prolongado de uma articulação danificada e mal alinhada leva à adaptação funcional e a mudanças anatômicas secundárias; por fim, pode ser difícil distinguir essas adaptações funcionais do processo artrítico primário. A perda de função e a dor são as principais causas de morbidade na artrite. As deformidades comuns do dedo incluem a deformidade em pescoço de cisne (hiperextensão IFP (Interfalangeana Proximal) com flexão IFD (Interfalangeana Distal)), a deformidade em botoeira (flexão IFP com hiperextensão IFD), o dedo em martelo (flexão IFD isolada) e o polegar da carona ou colapso em forma de Z do polegar (flexão da articulação metacarpofalângica [MCF], hiperextensão da articulaçãointerfalângica [IF]). Podem-se observar subluxações e luxações das articulações individuais, ou toda a mão entra em colapso em uma deformidade em ziguezague (desvio radial do punho com desvio ulnar das articulações MCF). Essas deformidades refletem a perda de anatomia funcional normal proveniente de uma causa subjacente, uma das quais pode ser artrite. Uma articulação de disco intervertebral abrange placas terminais cartilaginosas que cobrem as superfícies articulares dos corpos vertebrais adjacentes, um núcleo pulposo central e um ânulo fibroso circunferencial. Na criança, o núcleo pulposo possui um caráter gelatinoso; no adulto, o núcleo pulposo é transformado em fibrocartilagem. O ânulo fibroso contém uma zona externa de fibras de colágeno e uma zona interna de fibrocartilagem. O ânulo fibroso está ancorado às placas terminais cartilaginosas, à borda vertebral e ao periósteo do corpo vertebral. Na coluna pode-se avaliar o alinhamento, os espaços intervertebrais e as mudanças ósseas. As mudanças de tecido mole no esqueleto axial são de difícil reconhecimento. As anormalidades de alinhamento incluem subluxação intervertebral, cifose ou lordose exageradas, cifose ou lordose em níveis inapropriados e escoliose. Hiperlordose cervical: hipertrofia da musculatura posterior do pescoço. Os espaços do disco intervertebral devem ser proporcionais à largura do corpo vertebral. Eles são relativamente pequenos na região cervical, porém, se tornam gradualmente mais espessos nas regiões torácica e lombar. O estreitamento é característico da doença do disco degenerativa, e a calcificação ou gás no espaço do disco é patognomônica. A morfologia das protuberâncias ósseas, chamadas de osteófitos, pode ser de grande valor diagnóstico. Os osteófitos são extensões horizontais das placas terminais sobre o espaço intervertebral. Pequenos osteófitos estão associados com condições degenerativas. Ossificações de tecido mole grandes, focais e paravertebrais são observadas na artrite psoriática e na síndrome de Reiter. Essas excrescências ósseas se tornam muitas vezes coalescentes e contíguas com os corpos vertebrais, resultando em pontes extra-articulares na face lateral da coluna vertebral. Tipicamente, elas ocorrem nas faces laterais dos corpos vertebrais e não envolvem níveis múltiplos e contíguos no mesmo lado. Melhor exame para avaliar dor articular aguda: o primeiro método de avaliação é a radiografia convencional, mais acessível e mais econômico, excelente método para o diagnóstico de lesões ósseas. O segundo passo é um exame de ultrassonografia, excelente para o diagnóstico de derrame articular, avaliação de tendões e bursas. A ultrassonografia apresenta as vantagens de ser um método mais acessível e rápido para avaliação em caráter de urgência, aplicável a diversas articulações e que possibilita o estudo dinâmico delas. Este método é particularmente útil para avaliação dos tendões, quando há suspeita de rupturas ou tenossinovite. Entretanto, é um método operador-dependente, exigindo profissionais com grande experiência. A ressonância magnética (RM) pode ser utilizada nos casos que persistirem com dor, em que radiografia e ultrassonografia não tenham esclarecido o diagnóstico. Melhor exame para avaliar dor articular crônica: Nos pacientes com dor articular crônica, radiografias simples e ressonância magnética (RM) são os principais métodos de avaliação. A principal vantagem da RM é a capacidade de avaliar alterações da medula óssea e das estruturas articulares extraósseas, como cartilagem articular, meniscos, ligamentos, tendões e sinóvia. A artrite reumatoide e a osteoartrose são as causas de dores articulares crônicas mais comuns em adultos. Nos pacientes com osteoartrose, em geral a avaliação clínica associada à radiografia simples são suficientes para o diagnóstico. Na artrite reumatoide, radiografias convencionais das mãos e pés são fundamentais para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes, podendo revelar erosões típicas nestas articulações. A ultrassonografia e a RM podem ser utilizadas para avaliação de alterações sinoviais. A RM tem contribuído de forma significativa para o diagnóstico precoce da doença, pois evidencia alterações ósseas de forma mais precoce que os demais métodos, como erosões, pequenos cistos subcondrais e edema da medula óssea.
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