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PNEUMOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR SÍNDROME DO BRAQUICEFÁLICO A síndrome respiratória do cão braquicefálico é caracterizada pela obstrução parcial das vias aéreas superiores devido a: estenose de narinas, alongamento de palato mole e hipoplasia da traquéia. Outros problemas como aumento das tonsilas, sáculos laríngeos evertidos, estreitamento da glote, colapso de laringe e/ou traquéia também fazem parte da síndrome. As anormalidades geralmente restringem a respiração do animal e podem resultar em asfixia e colapso durante excitação ou em situações de aquecimento devido ao clima ou atividade física. A braquicefalia é a condrodisplasia selecionada por criadores e resulta da domesticação. A anquilose prematura da cartilagem da base do crânio leva ao encurtamento do seu eixo longitudinal. Os cães acometidos apresentam a relação entre largura e comprimento do crânio maior que 0.81. As raças Chihuahua, Bulldogue inglês, Cavalier King Charles Spaniel, Pug, Boston terrier, Maltes, Pequinês, Pincher miniatura, Shi Tzu, Yorkshire e Boxer são exemplos de animais braquicefálicos. FISIOPATOLOGIA Em cães normais, as vias aéreas superiores respondem por 50 a 70% da resistência aérea total, enquanto nos cães braquicefálicos essa porcentagem é maior devido às alterações congênitas. Para inspirar os cães braquicefálicos devem produzir um aumento da pressão negativa através do aumento do trabalho respiratório distalmente à resistência. Com esta pressão negativa, o tecido mole é puxado para o lúmen e torna-se hiperplásico. Se a pressão negativa no lúmen for sufi cientemente alta, pode exceder a resistência tecidual e causar o colapso das estruturas. Durante a inspiração, a vibração do palato mole alongado é audível e esta estrutura pode fi car presa dorsalmente à epiglote, próximo à rima da epiglote e determinar o sufocamento. Estenose de narina É uma condição congênita das quais as aletas nasais se encontram fechadas, dificultando assim, a entrada de ar pelas narinas. É comum nas raças Shitzu e Bulldog Francês. O cão apresenta dispnéia inspiratória e o diagnóstico é por inspeção direta. Prolongamento de palato É a hiperplasia do palato mole. Durante a inspiração o palato mole obstrui a entrada de ar da glote, gerando um efeito de vácuo nas vias aéreas. Este vácuo pode causar alterações em vias aéreas superiores levando à eversão de sacos laríngeos e vias inferiores e o colabamento de brônquios. Comum nas raças Bulldog Inglês e Francês, Pug, Cavalier King. Hipoplasia de traquéia É o tamanho reduzido da traquéia, fazendo com que entre menos ar e aumentando a sua pressão. Os cães que apresentam essa condição, geralmente, possuem dispnéia intensa, ruídos respiratórios e alterações ou ausências no latido. Eversão dos sacos laríngeos A eversão dos sacos laríngeos acontece principalmente em animais que apresentam uma história de obstrução crónica das vias aéreas superiores. A obstrução nasal ou faríngea pré- existente exige um maior gradiente de pressão para que o ar entre nos pulmões, fazendo com que o revestimento mucoso dos ventrículos laríngeos fique evertido devido à pressão de ar negativa que provoca a sucção dos sacos. Isto causa turbulência CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS IV e vibração destes tecidos, resultando na formação de edema e agravando a obstrução existente. Os cães que apresentam essa condição, geralmente, possuem dispnéia intensa, ruídos respiratórios e alterações ou ausências no latido. O diagnóstico é feito por observação direta sob sedação ou anestesia ligeira ou endoscopia. Os sacos laríngeos evertidos são massas redondas, de cor variável desde rosa claro a vermelha, que fazem saliência no lúmen laríngeo ventral, rostralmente às cordas vocais. Alterações gastroesofágicas associadas Pode ocorrer disfagia, vômito e regurgitação pelo esforço respiratório feito por esses cães braquicefálicos. SINTOMAS • Dificuldade na troca de calor (heat stroke) • Ofegação e estresse • Intolerância ao exercício • Dispnéia inspiratória • Ronco, cianose e síncope DIAGNÓSTICO O diagnóstico é confirmado pela inspeção das narinas (que em até 77% dos casos apresentarão estenose). O exame radiográfico do tórax, poderá mostrar a traquéia hipoplásica e alterações secundárias, como sinais de pneumonia por aspiração e edema pulmonar não cardiogênico. O exame radiográfico da laringe poderá revelar aumento de partes moles na região. A endoscopia/laringoscopia e broncoscopia mostrarão prolongamento do palato mole, eversão dos sáculos laríngeos, hipoplasia de traquéia e prolapso de laringe/ traquéia, além de conchas nasais hiperplásicas e displásicas, concha nasal rostral aberrante, concha aberrante crescendo caudalmente e colapso laríngeo devido à laringomalacia (em Pugs), caso estejam presentes. TRATAMENTO ESTENOSE DE NARINA (PLASTIA DE NARINA) O paciente é posicionado em decúbito ventral. Com o auxílio de uma pinça BrownAdson, é realizada uma incisão em forma de “V” ao redor da pinça, com lâmina de bisturi número 11. A cunha tecidual é removida e reaproximada à área incisionada com suturas interrompidas simples com fio absorvível sintético multifilamentado. Fazer nos dois lados. PROLONGAMENTO DE PALATO (ESTAFILECTOMIA) Usando uma pinça de Allis, cada extremidade da porção alongada do palato é forçada para a posição normal, é colocada um ponto de apoio com uma pinça hemostática reta para orientar o local da incisão, com o auxílio de um bisturi. A sutura pode ser simples contínua ou simples separada com fios monofilamentares. EVERSÃO DOS SACOS LARÍNGEOS O tratamento é conservador por AIE quando inflamados (edemaciado). Apenas operar quando a eversão dos sacos laríngeos serem tumorais. PÓS-OPERATÓRIO • ANTBs (Stormogyl ou Cefalosporinas + Metronidazol) • AINEs ou AIE • Analgésicos (Dipirona e/ou Tramadol) • Jejum COLAPSO DE TRAQUEIA É uma doença progressiva que se caracteriza pelo estreitamento do lúmen interferindo no fluxo de ar para os pulmões, causado pela frouxidão do músculo traqueal, pela concomitante degeneração dos anéis cartilaginosos com as alterações na morfologia da cartilagem hialina, O colapso traqueal (CT) pode se apresentar de duas formas: dorso-ventral ou lateral. A forma lateral é pouco comum, de ocorrência mais frequente após o tratamento da forma dorso-ventral, por condrotomia. A forma ventro-dorsal está associada a um músculo traqueal penduloso. ETIOLOGIA A etiologia é multifatorial: fatores genéticos, nutricionais, alérgenos, neurológica, regurgitação de mitral, doenças das vias aéreas e degeneração da matriz cartilaginosa. EPIDEMIOLOGIA É relatado em cães de todas as idades, com faixa etária média de 7 anos. As raças de cães de pequenos porte são predispostas ao colabamento da traquéia. Raro em gatos. SINTOMAS • Tosse intermitente • Respiração ruidosa (som de ganso) • Síncope Exame físico Os cães que apresentam CT apresentam um bom estado geral, mas na maioria das vezes, são obesos. O padrão respiratório pode estar normal ou alterado, pois depende do esforço respiratório feito pelo cão. A palpação da traquéia pode ser feita para a reprodução de tosse, o que indica sensibilidade traqueal inespecífica. A auscultação da traquéia pode revelar sons estridores na inspiração/expiração. DIAGNÓSTICO RX O CT ocorre, na maioria das vezes, na junção cérvico-torácica. Fazer imagens de RX da porção cervical e torácica. ENDOSCOPIA É o exame padrão ouro para diagnóstico. TRATAMENTO CLÍNICO • Emagrecimento se o animal for obeso • AIE • Aintussígenos • ANTBs em casos de infecções secundárias CIRÚRGICO (STENT TRAQUEAL) É indicado para animais que apresentam os graus IIIe IV de CT. A colocação do stent é realizado por meio de endoscopia ou fluroscopia. É uma técnica minimamente invasiva e de melhora clínica imediata. PARALISIA DE LARINGE A paralisia de laringe (PL) consiste na perda da capacidade de abdução das cartilagens aritenóides durante a inspiração. ETIOLOGIA Pode ser congênita, ocorrendo geralmente em animais jovens (Golden Retriver e Labrador Retriver). Também pode ser adquirida, por traumas, causas iatrogênicas ou em decorrência de neoformações cervicais ou intratorácicas, doenças neuromusculares imunomediadas, endocrinopatias (hipotireoidismo), intoxicação, polimiopatia e polineuropatia idiopática progressiva. Ocorre um déficit neuromuscular de diferentes gradientes e, portanto, com gravidade clínica variável, acometendo a inervação laringeana e comprometendo, principalmente, o tônus das aritenoides e cordas vocais. Distúrbios de deglutição e complicações pulmonares secundários podem estar presentes. A PL também pode ser adquirida como resultado de lesão a nível dos nervos laríngeos recorrentes ou dos músculos intrínsecos da laringe, associado a uma polineuropatia, polimiopatia, trauma acidental ou iatrogénico, massas intratorácicas ou extratorácicas. EPIDEMIOLOGIA Na maioria dos casos, é diagnosticada em cães de raça grande a gigante e idade avançada, podendo, contudo, surgir em raças pequenas. SINTOMAS • Alterações no timbre e latido • Tosse por traqueíte ou traqueobronquite • Respiração com som de “cerrote” DIAGNÓSTICO LARINGOSCOPIA O diagnóstico definitivo da PL é feito através da laringoscopia. Para facilitar a manipulação oral é necessário submeter o animal a um plano anestésico superficial, contudo uma excessiva administração de anestésico pode inibir os movimentos laríngeos e conduzir a falsos positivos. O protocolo recomendado é o uso de acepromazina, opioide e indução por máscara com Isoflurano. TRATAMENTO CRISES RESPIRATÓRIAS EM EMERGÊNCIA • Sedação e/ou oxigenioterapia • Anestesia geral • Entubação • Ventilação mecânica • Traqueostomia de retorno CIRÚRGICO: CRICOARITENÓIDEPEXIA (LATERALIZAÇÃO DA ARITENÓIDE) Para esta técnica cirúrgica o paciente deve ficar posicionado em decúbito dorsal ou lateral. Faz-se a incisão da pele sobre a laringe, ventral à veia jugular. Afastam-se os tecidos subcutâneos, músculo subcutâneo do pescoço e os músculos parótido-auriculares. Para expor a laringe deve-se afastar o músculo esternocefálico e a veia jugular, dorsalmente, e o músculo esternoióideo, ventralmente. Incisa-se o músculo tirofaríngeo ao longo da margem dorsolateral da lâmina da cartilagem tireóidea. Deve-se identificar o músculo cricoaritenóideao dorsal e depois desarticular a articulação cricotireóidea. Palpa-se, identifica-se e desarticula-se a articulação cricoaritenóidea, no nível do processo muscular. Com a tesoura Metzenbaum, transecciona-se o ligamento interaritenóideo, entre os dois processos corniculados, com cuidado para não perfurar a mucosa da laringe. Passa-se o fio através do processo muscular e da face mais caudodorsal da cartilagem tiróidea. As suturas do processo muscular à cartilagem tireóidea tendem a puxar o músculo aritenóide lateralmente, ao passo que as suturas do processo muscular à cartilagem cricóide tendem a rotacionar o músculo aritenóide lateralmente. Amarra-se o fio com uma tensão suficiente para abduzir moderadamente a cartilagem aritenóidea. Para finalizar o procedimento deve-se avaliar a abdução por via intra-oral. Sobrepõe-se o músculo tirofaríngeo com sutura contínua simples ou cruzada, e por último sobrepõe-se os tecidos subcutâneos e a pele SISTEMA RESPIRATÓRIO INFERIOR PNEUMOTÓRAX É o acúmulo de ar na cavidade torácica e o pulmão (espaço pleural). A entrada de ar no espaço pleural se dá através da punção errada da pleura visceral, da ruptura da parede torácica, por invasão de ar mediastinal e por ruptura do diafragma. A severidade dos sintomas está associada com o volume de ar e com a perda de pressão negativa. O pneumotórax é classificado em aberto ou fechado e, em relação a sua origem, pode ser: traumático (atropelamento, brigas, queda etc.), iatrogênico (barotrauma, intubação traqueal, perfuração de lobo em toracocentese etc.) e espontâneo (neoplasias, cistos, abscessos e granulomas). A maioria dos pneumotórax em cães e gatos é de origem traumática, podendo ser aberto ou fechado. CLASSIFICAÇÃO: PNEUMOTÓRAX ABERTO Ocorre quando o ar entre do meio externo para a cavidade torácica por lesão traumática penetrante por ferimento de arma branca, arme de fogo, mordida o condições que contribuem para a entrada de ar para o interior da cavidade torácica. PNEUMOTÓRAX FECHADO É o acúmulo de ar na cavidade pleural vinda do próprio sistema respiratório, tais como: laceração do parênquima pulmonar, árvore brônquica ou esôfago. DIAGNÓSTICO ANAMNESE O animal traumático é relatado pelo proprietário, ele geralmente se encontra com lesões pós-traumáticas e dificuldade respiratória. EXAME FÍSICO A presença de ar na cavidade torácica causa dispnéia, taquipneia e ansiedade. O animal com pneumotórax pode conter hemorragia cutânea, enfisema subcutâneo, corpo estranho penetrante, presença de ferida com efeito de sucção ou abertura costal, além de costelas fraturadas, tórax paradoxal e respiração abdominal. Auscultação: Os sons respiratórios estão diminuídos, as bulhas cardíacas abafadas e constata-se timpanismo na percussão. RX A radiografia de um pneumotórax indicará o aumento no espaço pleural, preenchimento por ar, colabamento parcial do pulmão e afastamento de suas bordas da parede costal (coração flutuante). Pode haver ainda: bolhas de ar de origem traumática, áreas de contusão, objetos estranhos radiopacos e sinais trauma (efusão pleural e fraturas de costelas). O estudo radiográfico deve ser feito até que o ar seja drenado por meio da toracocentese bilateral. TRATAMENTO TORACOCENTESE A toracocentese é realizada como um diagnóstico terapêutico. Ela deve ser feita com o paciente em decúbito lateral ou esternal, já com tricotomia e anti-sepsia no local da punção. Utilizar um cateter calibroso, equipo, torneira de 3 vias e luvas estéreis. A punção é feita dorsalmente ao tórax entre o 7°, 8° ou 9° EIC e caudal ao EIC (tomar cuidado com o plexo braqueal). Pode ser feito o bloqueio paracostal. Realizar 3-4 toracocenteses num espaço de 24h até que não saia mais ar na punção. Caso a pressão não seja estabelecida pela toracocentese, colocar um dreno torácico. O dreno torácico deve ser colocado 11° EIC.O dreno torácico pode ser conectado num selo d’água, mas só é funcional em animais com mais de 10kg. CIRÚRGICO Toracotomia para exploração de lesões internas e/ou reconstrução do tórax. Realizar o teste de borracheiro. PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO (PDA) A persistência do dueto arterioso (PDA) é o defeito cardíaco congênito mais frequentemente encontrado em cães. Com relação aos gatos, pode- se afirmar que sua ocorrência seja rara. É uma doença que acomete filhotes das raças Maltês, Lulu da Pomerânia, Chihuahua, Pastor de Shetland, English Springer Spaniels, Keeshound, Bichon Frisé, Poodle e Yorkshire Terrier, observando-se mais predisposição em fêmeas puras. O ducto arterioso é um vaso derivado do sexto arco aórtico esquerdo existente durante a vida fetal, que conecta o tronco pulmonar à aorta, fechando-se após o nascimento pela reorganização histológica da parede do ducto, quando então passa a ser chamado de ligamento arterioso. O fechamento do ducto arterioso é feito logo após o parto pela tensão de O2 que leva a inibição das prostaglandinas locais, promovendo a oclusão funcional do ducto e, mais tardiamente,progredindo para o fechamento anatômica nas próximas semanas de vida. Durante a vida fetal, a pressão na artéria pulmonar é maior que a pressão sistêmica, o que direciona naturalmente o fluxo sanguíneo no interior do ducto arterioso da direita para a esquerda. Após o nascimento, a resistência vascular sistêmica repentinamente aumenta devido à eliminação da baixa resistência da circulação placentária. Concomitantemente, a resistência vascular pulmonar diminui devido à expansão dos alvéolos e do efeito do aumento da pO2 causando dilatação vascular pulmonar. Nessas condições, caso o dueto arterioso persista, observa-se a forma clássica de PDA, com desvio do fluxo sanguíneo da aorta para o tronco pulmonar. Tal desvio vai resultar em contínuo sopro cardíaco, aumento do fluxo pulmonar e aumento do retomo venoso para o átrio e o ventrículo esquerdos. Tanto na aorta quanto no tronco pulmonar, dependendo da forma de persistência de dueto, pode-se encontrar dilatação destas estruturas. A persistência do dueto arterioso pode resultar em duas condições clínicas distintas: primeiramente, se aquele permanecer patente com resistência vascular pulmonar normal ou próximo ao normal, a pressão suprasistêmica vai se sobrepor à pressão no tronco pulmonar e será criado a persistência do ducto arterioso clássica (PDAc), com desvio da aorta para o tronco pulmonar. Caso a resistência vascular pulmonar fetal seja mantida, a pressão no tronco pulmonar será próxima ou excederá a pressão na aorta. O resultado desse processo será traduzido por desvio bidirecional ou desvio do tronco pulmonar para a aorta, denominada de persistência do ducto arterioso reverso (PDAr). Independente do tipo de PDA, o defeito localiza-se caudalmente ao tronco braquiocefálico e à artéria subclávia esquerda. Na PDAc é comum observar o quadro de cianose na metade c.audal do corpo do animal visualizado principalmente na mucosa vaginal ou peniana. Na PDAr, observa-se poJicitemia secundária em resposta ao aumento da eritropoetina devido à hipoxemia crônica. Uma das conseqüências hemodinâmicas desta policitemia é o aumento da viscosidade sanguínea, levando ao quadro de insuficiência cardíaca congestiva ou trombose intravascular, com infarto de vários órgãos. A PDAc é mais comumente encontrada do que a PDAr, além de ser menos grave. SINTOMAS PDAc: • Podem ser sintomáticos ou assintomáticos • Intolerância ao exercício e tosse • Fraqueza nos membros pélvicos e retardo no crescimento PDAr: • Dispnéia, apatia e sincope • Intolerância ao exercício • Fraqueza nos membros pélvicos e retardo no crescimento EXAME FÍSICO • Auscultação cardíaca com sons maquinários (sopro) - múrmuro de Gibson • Frêmitos palpáveis no tórax • Auscultação pulmonar com crepitação em casos de edema pulmonar • Pulso hipercinético (martelo d’água) com rápida saída de sangue da aorta e queda de pressão em diástole • Cianos presente em mucosas caudais DIAGNÓSTICO RX Na PDAc encontra-se hipervascularização pulmonar, aumento ventricular e atrial esquerdo, dilatação dos vasos pulmonares e edema alveolar e intersticial, como também pode ser notado aumento ventricular direito. Já os achados radiográficos da PDAr restringem-se à dilatação do tronco pulmonar e artérias lobares principais, além de hipertrofia ventricular direita. ECG Constata-se, nos casos de PDAc, taquicardia sinusal, aumento atrial esquerdo identificado pelo aumento da duração das ondas P e dilatação ventricular esquerda, demonstrado por eixo frontal normal e ondas Qe R com maior voltagem nas derivações cramocaudais lI, me aVF. Para o caso de PDAr, poucos são os achados eletrocardiográfícos, ficando restritos à taquicardia sinusal, desvio de eixo que sugere déficit no sistema de condução e hipertrofia ventricular direita. ECO Para o PDAc pode-se visualizar aumento atrial esquerdo, dilatação e hipertrofia ventricular esquerda, fluxo turbulento de ejeção da aorta, além de poder elucidar o diâmetro e comprimento do ducto. Com exame dopplercardiográfico é possível identificar a direção do fluxo no ducto arterioso e a presença de insuficiência pulmonar em casos de PDAr. Nestes casos de PDAr notam-se hipertrofia ventricular direita e dilatação do tronco da pulmonar. HEMOGRAMA Alterações laboratoriais normalmente não são encontradas no quadro de PDAc. No entanto, quando o caso se refere a PDAr, comumente encontra-se policitemia em resposta ao aumento da eritropoetina devido à hipoxemia crônica. TRATAMENTO CIRÚRGICO: LIGADURA DIRETA DO DUCTO ARTERIOSO O animal é posicionado em decúbito lateral direito e submetido à preparação de campo cirúrgico. Realiza-se toracotomia intercostal esquerda, no quarto espaço intercostal. Posiciona-se o afastador de Finochietto prosseguindo com o rebatimento caudal dos lobos pulmonares com gaze umedecida para expor a área referente ao dueto arterioso, na qual será incisado o saco pericárdico paralelamente e dorsal ao nervo frênico. O nervo vago posiciona-se dorsalmente ao ducto arterioso persistente, devendo ser identificado e reparado durante a dissecção do ducto. A técnica mais utilizada na correção da PDAc é a dissecção do ducto arterioso e sua posterior dupla ligadura. Para proceder a dissecção ao redor do ducto arterioso utilizam-se pinça Mixter ou pinça de Meeker reta. Nos casos de animais de pequeno porte, pode-se utilizar uma pinça Halsted para realizar a dissecção bem como para a passagem do fio. Com a própria pinça Mixter ou com a utilização de um carreador de ligadura medialmente ao ducto arterioso é passado fio de sutura (polipropileno 4-0 ou seda I-O) de modo que, após a retirada da pinça, o fio posicione-se junto ao dueto, em sua face mediaI. Normalmente são realizadas duas laçadas para reduzir o risco de recanalização, sendo primeiramente ligada à região do ducto próximo à aorta. Neste momento, a pressão arterial aumenta significantemente, concomitante com a redução na freqüência cardíaca (reflexo de Branham). O tronco pulmonar diminui seu tamanho, e após um a dois minutos é aplicado o nó à segunda ligadura, próximo ao tronco pulmonar. Finalizada a ligadura do ducto, coloca-se dreno torácico temporário do tipo selo d'água de modo a restabelecer pressão negativa intratorácica. Procede-se a seguir a toracorrafia, com aproximação dos arcos costais e sutura de músculos de parede torácica e pele. Com a estabilização mecânica da ferida cirúrgica, aplicam-se curativos estéreis compressivos na região. Cuidados pós-operatórios devem ser tomados, principalmente para controlar a dor por meio de analgésicos, além de curativo na ferida cirúrgica, atentando para que aquele não dificulte o trabalho respiratório do animal. A sutura realizada na pele do animal é retirada entre sete e dez dias após o ato operatório. Nos casos de PDAr, a correção cirúrgica por meio de ligadura e fechamento do ducto é contraindicada. Tal circunstância decorre do fato de que o ducto atua como uma valva de alívio, prevenindo o excesso de pressão sistêmica sobre o coração direito. Caso o ducto seja ligado, acentuada hipertensão pulmonar vai culminar em sobrecarga da porção direita e conseqüente insuficiência cardíaca. Portanto, o tratamento consiste em cuidados de manejo com o animal, mantendo-o em repouso, evitando situações de estresse e restringindo exercícios. Deve-se também manter o hematócrito entre 62 e 68%. Pode-se proceder a flebotomia, porém, sempre mediante infusão contínua de soluções cristalóides. EMBOLIZAÇÃO DO DUCTO POR CATETERISMO • Coil® • Amplatz® ORTOPEDIA ANATOMIA E FISOLOGIA BÁSICA O tecido ósseo é uma variação do tecido conjuntivo, por usa vez, ele é mineralizado, conferindo rigidez,resistência e proteção. Tem função e bioquímica e metabólica pelo armazenamento de substâncias como o íons de cálcio e fósforo, produção de eritrócitos e vitamina D. O tecido ósseo é constituído por 70% de componentes inorgânicos e 30% de componentes orgânicos. Os ossos são classificados em: longos, curtos, laminares e irregulares. CÉLULAS: OSTEOBLASTOS São células diferenciadas que produzem a matriz óssea, secretando colágeno e a substância fundamental, que constituem o osteóide e situam-se em aposição ao osso em formação. Essas células também participam da calcificação da matriz, através da secreção de pequenas vesículas ricas em fosfatase alcalina para o interior desta, durante o período em que a célula está produzindo a matriz óssea. Além disso, durante o crescimento ósseo e talvez durante a remodelagem do osso adulto, os osteoblastos secretam vesículas ricas em Ca para o osteóide em calcificação. OSTEOCLASTOS São responsáveis pela reabsorção óssea. OSSIFICAÇÃO A formação, desenvolvimento e crescimento dos ossos são realizados através de dois mecanismos distintos: a ossificação intramembranosa e a ossificação endocondral. Estes dois processos de osteogénese diferem, essencialmente, pela ausência ou presença de uma fase cartilagínea, revestindo-se de grande importância. OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA Na ossificação intramembranosa, caraterística dos ossos que formam a maioria do esqueleto crânio- facial. As células mesenquimatosas indiferenciadas proliferam, agrupam-se e diferenciam-se, formando regiões condensadas de natureza conjuntiva, nas áreas de mesênquima, onde irão surgir os futuros ossos. Sob a influência de fatores intrínsecos (genéticos) e locais (epigenéticos), estas células começam a sintetizar uma matriz orgânica, bastante laxa, contendo numerosos vasos sanguíneos, sendo possível observar o aparecimento dos primeiros fibroblastos e células osteoprogenitoras. As células osteoprogenitoras diferenciam-se, rapidamente, em osteoblastos começando a formar espículas de matriz osteóide que depois se mineraliza. A confluência de vários destes centros de ossificação tem como resultado o desenvolvimento de uma estrutura entrelaçada de trabéculas ósseas, envolvidas por periósteo, que apresentam entre si amplas cavidades ocupadas por tecido conjuntivo laxo e tecido hematopoiético em desenvolvimento, originando um osso primário com caraterísticas de imaturidade. Com o aparecimento dos osteoclastos, o tecido ósseo imaturo é gradualmente reabsorvido e substituído por tecido ósseo maduro ou lamelar OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL A ossificação endocondral é o principal mecanismo responsável pela formação e crescimento dos ossos longos das extremidades, bem como de vértebras e costelas. Nos locais onde serão formados os ossos, por ossificação endocondral, as células mesenquimatosas indiferenciadas iniciam um processo de proliferação, condensação e diferenciação em condroblastos que, sintetizando uma matriz cartilagínea e evoluindo para condrócitos, formam um modelo em cartilagem hialina com o aspecto do futuro osso. O mecanismo de ossificação endocondral, propriamente dito, começa na superfície da região média do modelo cartilagíneo, quando as células mesenquimatosas, adjacentes ao pericôndrio da cartilagem, se diferenciam em osteoblastos, passando a sintetizar uma matriz orgânica que, posteriormente, se mineraliza. LEI DE WOLFF Segundo a lei de Wolff, a tensão imposta aos ossos gera modificações em seu tamanho, forma e densidade. Quando um osso é estimulado mecanicamente há aumento da atividade osteoclástica na área pressionada e aumento da atividade osteoblástica da área contralateral Por exemplo, o treinamento físico gera estímulos para aumentar a captação de cálcio pelos osteoblastos. Assim, pela deformação óssea e pela lei de Wolff, ocorre aumento da densidade mineral óssea com a realização de exercícios. EXAME ORTOPÉDICO PALPAÇÃO A palpação é feita de forma distal para proximal, buscando-se pontos de dor, crepitação, aumento de volume, aumento de temperatura, instabilidade óssea e assimetria óssea e/ou muscular. INSPEÇÃO A etapa subjetiva tem seu início pela avaliação da caminhada do paciente, de preferência em espaço aberto. Recomenda-se que esta avaliação seja realizada fora do ambiente do consultório, com exceção dos felinos que devem ser avaliados no interior do consultório ou em ambientes fechados. Durante esta caminhada, questionamentos sobre o que está acontecendo com o paciente devem ser feitos. No primeiro momento o paciente deve ser avaliado caminhando lentamente, a fim de que seja possível identificar claudicações e alívio de peso. Solicitar que o animal fique em estação e sentado são ótimas alternativas para esta fase inicial do exame. Pode-se evidenciar deslocamento do eixo do corpo para um dos lados, normalmente associado a tremores musculares por fraqueza. Após esta etapa, a caminhada rápida ou trote permitem boa avaliação de algumas alterações. Também é importante fazer que o paciente suba e desça escadas ou rampas, deite e levante-se. Os pacientes com dor e claudicação do membro torácico, fazem um balançar da cabeça para cima e para baixo, a fim de diminuir a carga sobre o membro afetado levantando a cabeça quando o membro torácico toca ao solo EXAMES COMPLEMENTARES O exame complementar básico na ortopedia é o raio-X, é necessário sempre pedir duas projeções da imagem para melhor contemplação. O uso da TC e da RM depende do caso do paciente. FRATURAS Fraturas ósseas são situações em que há perda da continuidade óssea, geralmente com separação de um osso em dois ou mais fragmentos após um traumatismo. As fraturas ósseas são o resultado de uma sobrecarga única ou múltipla, com uma magnitude que excede o limite suportado pelo osso. O efeito mecânico de uma fratura consiste primariamente numa perda da continuidade óssea, levando a uma mobilidade patológica, perda da função de suporte ósseo e o aparecimento de dor. BIOMECÂNICA DAS FRATURAS “Quando uma força é aplicada sobre um objeto, em uma direção oposta, o objeto se deforma do estado original”. 𝑭 = 𝒎 𝒙 𝒂 Quanto maior a energia colocada no ponto da fratura, mais traumática ao osso será a lesão, além do dano aos tecidos adjacentes. Fraturas de baixa velocidade costumam ser fraturar simples e pouco danosas aos tecidos adjacentes. As fraturas de alta velocidade, pelo contrário, são muito traumáticas, causando múltiplas linhas de fratura e danosas aos tecidos adjacentes. TIPOS DE DEFORMIDADE: DEFORMIDADE ELÁSTICA Quando uma força é aplicada a um objeto bloqueado, este se deforma. Se a deformação é de tal ordem que quando removida o objeto reassume posição e conformação original, denomina-se "deformação elástica". DEFORMIDADE PLÁSTICA Quando a carga é aplicada até o ponto em que o objeto não é mais capaz de reverter sua forma original, têm-se o "ponto de quiescência". A deformação permanente é denominada "deformação plástica" PONTO DE FRATURA A continuidade da aplicação da carga, obtém-se o "ponto de fratura". Dessa maneira, tem-se que fraturas em ossos ocorrem quando a carga aplicada sobre determinada região do tecido ósseo supera sua capacidade de resistência. https://pt.wikipedia.org/wiki/Osso https://pt.wikipedia.org/wiki/Traumatismo FORÇAS DA FRATURA ARQUEAMENTO É um tipo de força que exerce uma tensão de um lado da estrutura e compressão no ponto média do lado contrário da estrutura TRAÇÃO É um tipo de carga que tende a torcer um osso. Acontece quando uma força tende a girar um osso em torno do seu eixo longitudinal estando uma de suas extremidades fixas (ou impedida de girar livremente). Deve-se a um momento (torque) emum plano perpendicular ao eixo longitudinal do osso CISALHAMENTO É um tipo de carga que tende a provocar um deslizamento (ou deslocamento) de uma parte de um osso sobre outra (ou de um osso sobre outro). AXIAL: COMPRESSÃO Pode ser entendida como um aperto. É um tipo de carga que, atuando axialmente sobre um osso, tende a diminuir o seu comprimento e aumentar seu diâmetro. Quanto maior a carga de compressão, mais tecido deve ter o osso para suportá-la. TENSÃO/DISTRAÇÃO É o contrário da compressão. Os vetores de força saem do centro da estrutura, seguindo para as extremidades. CLASSIFICAÇÃO: CAUSA TRAUMA Qualquer tipo de fatura óssea traumática. PATOLÓGICAS Ocorre por uma doença óssea primária, afetando a estrutura óssea e o enfraquecendo. Por exemplo: hiperparatireoidismo, neoplasia, cistos, osteomilielites, nutricionais e osteoporose. COMUNICAÇÃO COM O MEIO EXTERNO FECHADA As fraturas fechadas (internas) são aquelas nas quais os ossos permanecem no interior do membro sem perfurar a pele. Pode, entretanto, romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo. ABERTAS As fraturas abertas (expostas) são aquelas em que os ossos quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Pode causar infecções. As fraturas abertas são classificadas de acordo com a intensidade de energia no local, podendo ser Grau I, II ou III. • Grau I - Fraturas de baixa energia, são fraturas de traço simples e de lesões de dentro para fora. Quem lesiona a pele é o próprio osso. São fraturas < 1cm, os tecidos e órgãos adjacentes estarão poucos comprometidos. Comum em ossos de pouco recobrimento muscular (rádio, ulna, tíbia e fíbula). • Grau II - Fraturas de média energia, são fraturas de traço simples ou múltiplas. A fratura é feita pelo próprio trauma, causando a exposição óssea. São fraturas > 1 cm, os tecidos e órgãos adjacentes estarão um pouco comprometidos. Essas fraturas podem contêm corpos estranhos. • Grau III - Fraturas de alta energia. Há muito comprometimento dos tecidos e órgãos adjacentes, podendo haver necrose do tecido muscular e ósseo. LOCALIZAÇÃO A localização das fraturas está relacionada ao osso atingido, no osso, as fraturas podem estar na região de epífase, metáfise ou diáfise, ou até nas fises de crescimento ou na cartilagem articular do osso. MORFOLOGIA COMPLETAS Quando ambas as corticais estão fraturadas, o osso sofre descontinuidade total. • Simples - apenas um osso é afetado • Múltipla - existem dois ou mais fragmentos no mesmo osso sendo possível a sua reconstrução • Cominutiva - há numerosos fragmentos INCOMPLETA Quando apenas uma das corticais está fraturada. Atravessa apenas uma parte do osso, é uma fratura com um pequeno desvio. GALHO VERDE O osso se deforma, mas não ocorre a fratura. É a flexão excessiva do membro. Comum em filhotes pela imaturidade óssea. Fratura de fácil reparação. FISSURA Consiste numa fratura parcial do osso, quando ele não quebra totalmente, havendo somente uma rachadura. DIREÇÃO TRANSVERSA O osso se fratura transversalmente (em 90°) em relação ao eixo. OBLÍQUA A fratura cresce na diagonal. ESPIRAL Fratura por força rotacional. Fratura onde um pedaço do osso é girado. O osso tende ir à diáfise. SEGMENTADA Fratura dupla com duas linhas de fratura, que isola um segmento distinto do osso COMPRESSÃO São fraturas que diminuem a altura do corpo. AVULSÃO Ocorre próximo às articulações. A própria articulação faz compressão no osso. Uma forte contração muscular separa o tendão do osso. SALTER-HARRIS Utilizada para classificar fraturas ósseas que afetam a cartilagem de crescimento do osso. Usado em fraturas de animais em crescimento. Após o crescimento completo do osso essa classificação não será mais utilizada. • I - Fratura transversa através da placa de crescimento (fise) • II - Fratura através da placa de crescimento e metáfise, mas poupando a epífise • III - Fratura através da placa de crescimento e epífise, mas poupando a metáfise • IV - Fratura atravessa todos os três elementos do osso (placa de crescimento, metáfise e epífise) • V - Fratura compressiva da placa de crescimento (que resulta em uma diminuição na percepção do espaço entre a epífise e diáfise no RX • VI - Fratura compressiva de um lado e, no outro lado, um aumento da linha de crescimento, fazendo uma zona de tensão ESTABILIDADE E REDUÇÃO ESTABILIDADE: ESTÁVEL Fraturas que não perderam o alinhamento ósseo, essas fraturas ainda possuem um componente alinhador. Por exemplo, fratura de tíbia e fíbula íntegra. INSTÁVEL Fraturas que perderam o alinhamento ósseo. Por exemplo, fratura completa de fêmur. REDUÇÃO: REDUTÍVEL Fraturas em que só é possível prevenir a deformidade angular e rotação. É possível reconstruir a coluna óssea, faz-se uma redução anatômica para reconstruir o formato ósseo. NÃO-REDUTÍVEL Fraturas em que só é possível manter o eixo longitudinal e alinhamento. Não é possível reconstruir a coluna óssea, por exemplo: fraturas cominutivas. CICATRIZAÇÃO ÓSSEA CONSOLIDAÇÃO PRIMÁRIA A consolidação primária ocorre a partir do tratamento cirúrgico, na qual é realizado uma redução anatômica da fratura com a fixação rígida dos fragmentos. Na consolidação primária não há a formação de calo ósseo. A fratura irá se consolidar pelo contato direto das corticais dos fragmentos, ocorrendo uma série de respostas: proliferação dos canais de Havers (ósteons), seguida pela proliferação dos osteoclastos que formarão túneis ósseos pelos quais seguirão os capilares, células mesenquimatosas e os osteoblastos que, pelo processo de remodelação Haversiana, originará o tecido ósseo lamear e concêntrico. CONSOLIDAÇÃO SECUNDÁRIA FASE 1 - HEMORRÁGICA Ocorre a formação de um coágulo hemorrágico pelos próprios vasos do osso fraturado para dar início à resposta inflamatória. Essa fase ocorre nos primeiros 7 dias da lesão. FASE 2 - INFLAMATÓRIA Os vasos sanguíneos danificados conduzem à formação de um hematoma, com a finalidade de ocluir a circulação sanguínea ao local de ferimento. Tal oclusão da circulação sanguínea conduz à necrose do osso e subsequentemente, a liberação de citocinas inflamatórias para dar início a angiogênese e ativação de osteoclastos e macrófagos para remoção de tecido morto. Essa fase ocorre junto à fase hemorrágica. FASE 3 - FORMAÇÃO DO CALO FIBROCARTILAGINOSO Em consequência da angiogênese que promove o suprimento de fibroblastos ao local do ferimento, ocorre a formação de um calo mole ou fibrocartilaginoso. Os fibroblastos segregam o colágeno para conectar temporariamente as extremidades quebradas do osso, e as células osteogênicas se diferenciam em condroblastos. Essa fase ocorre na 2°-3° semana da fratura. FASE 4 - FORMAÇÃO DO CALO ÓSSEO A cura da fratura continua com a evolução do calo macio em um calo duro, ósseo. Este processo é iniciado pela diferenciação de células osteogênicas em osteoblastos no tecido revascularizado do osso. Os osteoblastos iniciam a ossificação intramembranosa, substituindo o calo mole com uma rede de trabéculas de osso que liga o osso em desenvolvimento a fragmentos de osso necrosado. Essa fase ocorre na 4°-6° semana da fratura. FASE 5 - REMODELAMENTO ÓSSEO A fase final é a de remodelação óssea onde os osteoclastos continuam a remover tecido ósseo necrótico para acomodar o osso recém-formado. Simultaneamente, os osteoblastos substituem o osso trabecular por osso compacto através de ossificação endocondral. A única marca deixada doreparo ósseo é uma área espessa na superfície do osso sem a presença de cicatriz fibrótica. REDUÇÃO DA FRATURA É o reposicionamento dos fragmentos ósseos para que, posteriormente, haja a estabilização da fratura. As reduções podem ser fechadas ou abertas. REDUÇÃO FECHADA É a possibilidade de um tratamento conservador ou cirúrgico. Na redução fechada ocorre o reposicionamento ósseo sem abrir a pele e sem expor o foco da fratura. É indicado para fraturas alinhadas, fraturas em galho verde, fraturas cominutivas e fraturas abaixo do cotovelo e joelho. REDUÇÃO ABERTA É o tratamento cirúrgico, é feito um acesso no local da fratura para a redução da mesma. É indicado em fraturas articulares, fraturas anatomicamente redutíveis e fraturas cominutivas. MÉTODOS DE ESTABILIZAÇÃO COAPTAÇÃO EXTERNA TALAS É um tratamento conservativo por meio da utilização de talas. Nesse método é necessário que no mínimo duas articulações estejam imobilizadas: uma articulação proximal à fratura e uma articulação distal à fratura. É indicado apenas para fraturas distais ao cotovelo e do joelho (regiões com pouca cobertura muscular, para assim, aumentar a zona de fixação entre a tala e o osso), fraturas redutíveis e estáveis, fraturas de consolidação rápida (pacientes jovens, fraturas completas e fraturas por compactação) e fraturas em um único osso conjunto. A remoção da coaptação externa é feita quando houver a consolidação da fratura (formação do calo ósseo). OSTEOSSÍNTESE ANATÔMICA Método cirúrgico que consiste na redução anatômica dos fragmentos, é uma redução aberta e invasiva. Pode ocorrer trauma vascular maior. • Pinos intramedulares (PIM) • Pino cruzado • Cerclagem • Banda de tensão • Fixadores externos • Placas e parafusos BIOLÓGICA A prioridade desse método é manter o eixo, alinhamento articular e o comprimento ósseo. Não se faz a redução da fratura, preserva-se o coágulo da fratura. Osteossíntese biológica baseia-se no tratamento de fraturas cominutivas por meio da formação de ponte entre os fragmentos ósseos, sem reconstrução anatômica. A cuidadosa preservação da biologia natural do foco da fratura conduz à rápida cicatrização, pois o hematoma local contém importantes fatores de crescimento osteogênico. A osteossíntese biológica permite a manutenção dos tecidos moles com preservação da vascularização adequada dos fragmentos ósseos, o que garante o aporte nutricional ao periósteo. Com isso, forma-se de maneira precoce o calo ósseo que é em grande parte responsável pela estabilização da fratura. OSTESSÍNTESES ANATÔMICAS PINOS PINOS INTRAMEDULARES (PIM) São implantes aplicados dentro da medula óssea. É um implante de fácil aplicação, viável, de menor exposição dos tecidos e órgãos adjacentes e de menor trauma, contudo, é necessária uma boa estabilidade mecânica. O PIM deve neutralizar as forças mecânicas da fratura (arqueamente, torção cisalhamento e axial), porém a única força que o pino intramedular consegue conter é a de arqueamento, por isso, ele é um tratamento associado com outras técnicas. • PIM + Cerclagem • PIM + Fixador externo com placa (FE) • PIM + Tie in • PIM + Placa O PIM pode ser introduzido de forma manual ou por meio de furadeiras (150 rpm). Ele é aplicado através de alguma extremidade, nunca passando pela articulação. O pino deve ficar próximo à cortical do osso para melhorar a sua estabilização (sepultamento). O pino não deve ser usado se houver infecção, pois pode disseminá-la ao longo do osso, quando inserido na cavidade medular. A sua aplicação pode ser de forma normógrada ou retrógrada. A aplicação normógrada é feita pela introdução do PIM pela extremidade do osso, chegando próximo à fratura, posteriormente, faz-se a redução da fratura e, após a redução, ocorre o sepultamento do PIM. A aplicação retrógrada do PIM faz-se ao contrário da normógrada. O PIM é introduzido no local de fratura, aplicando-o até a extremidade do osso. Ficará uma parte do PIM para fora do osso, ocorre a redução da fratura e, com a furadeira, ocorre a movimentação retrógrada do PIM para que a parte que estava para fora da extremidade se realoque n canal do osso. Os PIMs nunca devem ser colocados numa articulação, por isso, é anatomicamente impossível a colocação de PIM no rádio. O rádio não possui nenhuma extremidade óssea para a colocação de um PIM sem passar próximo à ulna (articulação do cotovelo). Na tíbia o PIM é introduzido pela tuberosidade tibial. No fêmur o PIM é introduzido pela fossa troclear. No úmero o PIM é introduzido pelo troncanter maior. PINO CRUZADO É a colocação de dois pinos cruzados na cortical do osso, ficando laterais às articulações. Os pinos cruzados acabam neutralizando as forças de compressão, tração e tensão. CERCLAGENS É um fio de aço que pode ser aplicado em várias posições. ANÉIS DE CERCLAGEM São utilizados para gerar aposição e compressão de fragmentos. O fio de cerclagem deve ter o diâmetro adequado do fio e com redução anatômica em 360°. Por ser necessário a redução da fratura em 360° não é possível a sua utilização em fraturas cominutivas, mas é sempre uma boa opção em fraturas oblíquas. Para que haja compressão, o anel de cerclagem deve sempre estar perpendicular ao foco de fratura. São utilizadas no mínimo duas cerclagens por fratura, com 1 cm entre cada cerclagem e 5 mm de distância do foco. A cerclagem deve estar longe dos tecidos moles, para isso, divulcionar em 360°. • PIM + Anel de cerclagem torcido • PIM + Anel de cerclagem simples • PIM + Anel de cerclagem duplo A cerclagem será sempre utilizada associada a outro método. O anel de cerclagem duplo é o mais resistente (utilizar em animais > 20kg). As cerclagens podem falhar quando houver um aperto, espessura ou quantidade inadequada, por material inadequado, em mais de dois fragmentos ou em reduções inadequadas. BANDA DE TENSÃO É uma técnica associada com o PIM e a cerclagem. Ela é indicada em fraturas por avulsões ou osteotomias. A banda de tensão realiza a compressão da fratura. FIXADORES EXTERNOS É uma série de pinos trans-ósseos (ou fios de Kirschener) incorporados a uma montagem extra- corpórea que pode ser usado como um fixador primário ou secundário. Os pinos são fixados num sentido que atravessam a cortical do osso e incorporados a uma montagem extra-corpórea (essa montagem se encontra para fora da pele). É indicado em fraturas de ossos longos e abertas, osteotomias corretivas, redução fechada de fraturas cominutivas, não-união ósseas ou para união retardada e artrodeses temporárias ou permanentes. Deve-se evitar a colocação dos fixadores em regiões muito musculosas. A colocação dos pinos inicia-se pela palpação da região escolhida. É feita uma incisão uma pequena incisão para a passagem do pino e, em seguida, a tunelização dos tecidos moles adjacentes. Faz-se a perfuração do osso em baixo rpm. A colocação da barra deve ser o mais próxima possível da pele para que haja mais estabilização. Os fixadores externos são classificados em: fixadores lineares (tipo IA e B, tipo II e tipo III), híbrido e fixadores circulares (Ilizarov). FIXADORES LINEARES: TIPO IA É um fixador unilateral e unipolar. TIPO IB É um fixador unilateral e biplanar. Os pinos passam em dois planos e as barras podem ou não estar conectadas. TIPO II É um fixador bilateral e uniplanar. As barras podem ou não estar fixadas. TIPO III É um fixador composto por3 barras triplanares que podem ou não estar conectadas. TIE-IN É a junção de um PIM com um fixador linear. O PIM encontra-se acoplado no fixador. Para o seu uso, o ideal, é que deva conter pelo menos 3 pinos em cada foco de fratura; a sua distribuição deve estar homogênea para que haja rigidez e estabilidade no fixador. Os pinos devem estar próximos à articulação e as barras devem ter o mesmo tamanho do osso. É essencial que a passagem dos pinos seja pela cortical do osso e que as suas extremidades fiquem para fora do osso. FIXADOR HÍBRIDO: Ele é uma mistura do fixador linear com um anel circular. Esse fixador possui duas barras lineares e anéis circulares. É muito utilizado em fraturas distais. FIXADOR CIRCULAR (ILIZAROV): É um fixador composto por anéis e fios de Kirschener. É um fixador muito dinâmico, pois ele estabiliza fraturas e corrige deformidades angulares e seus comprimentos. É muito utilizado em transporte de fragmentos ósseos (dinamização de 1mm por dia) para osteogênese da fratura. REMOÇÃO DO FIXADOR EXTERNO A remoção do fixador externo é feita a partir da visualização do calo ósseo por meio de controle radiográfico. A sua remoção é simples e rápida, mas é necessário anestesia geral para manejo e controle da dor do animal, soltura dos clamps e remoção dos pinos. PARAFUSOS É o método mais utilizado na Veterinária, pois eles são resistentes a compressão, encurvamento, rotação e tensão. Pode ser utilizado como um método primário. Além disso, são mais confortáveis para os animais por ser um fixador interno e mais estável. Os parafusos são indicados em fraturas posicionais, em compressões interfragmental e fixação de placas. Para a sua utilização deve ser feito sempre duas perfurações corticais, medição da profundidade (+2mm) com o profundimetro, macheamento para a passagem da rosca e o rosqueamento do parafuso. PARAFUSO POSICIONAL/NEUTRALIZAÇÃO É utilizado para posicionar o fragmento no local desejado. Ele não faz compressão. PARAFUSO COMPRESSIVO Ele gera uma compressão na linha de fratura. Para a sua aplicação, deve ser feita uma primeira perfuração na cortical de diâmetro maior e uma segunda perfuração de diâmetro menor. Após, medir a profundidade (+2mm), amochear a 2° cortical para a passagem da rosca, escarificar a 1° cortical e rosquear o parafuso para finalizar. PLACAS PLACAS DE COMPRESSÃO Gera compressão interfragmentária, tem o objetivo de fazer uma compressão na linha de fratura, permitindo assim, uma consolidação primária. É utilizado em fraturas simples transversas em diáfises de ossos longos. PLACA DE NEUTRALIZAÇÃO Neutraliza as cargas sobre o foco de fratura. Utilizado em fraturas simples segmentados (butterfly) ou em espiral que sejam possível a reconstrução do corpo de ossos longos. A função inicial da placa de neutralização é neutralizar as forças da fratura associadas a outros métodos de consolidação, como o uso da cerclagem. PLACA EM PONTE É uma placa utilizada como apoio, ela atua mantendo o comprimento e eixo ósseo sem redução dos fragmentos. É utilizada em fraturas cominutivas irredutíveis. PLACA BLOQUEADA (LCP) A placa é rosqueada por um parafuso na cortical óssea que acaba comprimindo a superfície da placa pelo osso. A placa fica sem contato com o osso, gerando menor agressão ao periósteo e acelerando a consolidação óssea. Recomenda-se que coloque, pelo menos, 3 parafusos em cada foco de fratura. ROD-PLATE É a utilização dos PIM associados à placa. Atua na resistência das forças do arqueamento. RADIOGRAFIA APÓS A OSTEOSÍNTESE REGRA DOS 4A A regra dos 4As se baseia no alinhamento, aposição, aparelho e atividade da osteosíntese visualizada no RX. O alinhamento é determinado pelas linhas articulares em paralelos. A aposição deve estar de acordo com os fragmentos ósseos, podendo ou não ter uma posição perfeito; é essencial a aposição estar preservando a anatomia da fratura. O aparelho está relacionado a técnica cirúrgica adequada utilizada. A atividade esta relacionada à atividade óssea do paciente, a primeira avaliação da atividade é feita no primeiro controle radiográfico pós-cirúrgico. JOELHO LUXAÇÃO PATELAR Luxação patelar (LP) é o deslocamento da patela do sulco troclear pela instabilidade da articulação femoropatelar, sendo caracterizada por anormalidades musculoesquelética complexas que afetam o alinhamento do membro num todo. A LP é uma das primeiras doenças do sistema locomotor a ser identificada em cães de raça pequenas. A afecção é de carácter congênita, mas pode ter acometimento por trauma. A LP congênita pode ser em decorrência de malformação da trócleafemoral, alinhamento deficiente entre fêmur distal e a tíbia proximal, rotação da extremidade proximal da tíbia que desloca a tuberosidade tibial medialmente e uma combinação de algumas ou mais dessas anormalidades. A LP pode ainda estar associada a displasia coxofemorais (teoria de Putman), desvio da crista tibial e atrofia dos músculos do quadril e contratura de quadríceps (efeito arco e corda). Baseado na lei de Volkmann, pode ocorrer deformidades ósseas (varus e valgo) pelo efeito arco e corda pela alteração de pressão nas fises de crescimento, fazendo com que ocorra o crescimento da região óssea com menos pressão. É uma doença comum em raças como: Poodles Toy e miniatura, Cavalier King, Charles Spaniels, Yorkshire em pinchers miniaturas, porém pode ser notado em raças grandes como: Boxer, Flat Coated, Retriever e Labradores, bem como raças gigantes como São Bernardo. A luxação patelar é classificada em relação ao sentido da luxação e pelo grau de acometimento. O sentido da luxação pode ser lateral, medial ou proximal, sendo mais comuns as luxações medial e lateral de patela. O grau de acometimento é classificado de acordo com o retorno ou não da patela. TIPOS: LUXAÇÃO PATELAR LATERAL (LPL) Pode estar relacionada a anteversão ou à coxa valga. A anteversão é a rotação externa excessiva do fêmur proximal em relação ao fêmur distal. A coxa valga significa o aumento anormal do ângulo formado pelo colo femoral e a diáfise no plano frontal da articulação coxofemoral, isso modifica a tensão gerada pelo quadríceps lateral ao eixo longitudinal do suco troclear. Normalmente a luxação patelar lateral ocorre mais em raças maiores, em relação às raças pequenas e miniaturas. LUXAÇÃO PATELAR MEDIAL (LPM) É mais comum em raças pequenas do que nas grandes. Ela está relacionada a anormalidades musculoesqueléticas: deslocamento medial do grupo muscular do quadríceps, torção lateral do fêmur distal, arqueamento lateral do terço distal do fêmur, displasia epifisária femoral, instabilidade rotacional da articulação do joelho ou deformidade da tíbia. SINTOMAS • Dor na manipulação da articulação. Os sinais de dor vão diminuindo em animais com luxações crônicas • Claudicação intermitente com distribuição de peso • Membro semiflexionado (andar de coelho) Os animais com LP de grau I não manifestarão claudicação. Os pacientes com LP de grau II podem pisar em falso quando andam ou correm. Os pacientes com LP de grau lll podem variar, o animal pode pisar em falso por causa da claudicação quando não conseguir sustentar o peso. Na LP de grau IV os pacientes têm dificuldade de estender totalmente as articulações do joelho, por esse motivo, eles andam com os membros posteriores encolhidos. DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO Deve-se detectar a instabilidade patelofemoral e a ruptura do ligamentocruzado cranial. Avaliar a articulação do joelho para confrontar com a articulação contralateral, avaliando a força da contração do músculo quadríceps. O deslocamento é evidenciado através da palpação, sendo essa de fácil redução na maior parte dos casos com o membro estendido. O deslocamento manual da patela não encontra resistência, porém ocasiona muita dor ao animal durante a realização dos movimentos. EXAME DE IMAGEM RX O RX é útil apenas em casos de LP de grau III ou IV. A patela vai se encontrar lateral ou medialmente ao fêmur na incidência craniocaudal. A tuberosidade tibial vai estar deslocada lateral ou medialmente também. RX sob sedação em posicionamento perfeito para cálculo do CORA O centro de rotação da angulação (CORA) é utilizado para saber se existe deformidades e suas localizações. Animais normais possuem a angulação da fise do fêmur de 94-98°. TC ou TC e impressão 3D do membro A TC é um exame mais detalhado da região e é utilizada em casos de grau III e IV. A impressão 3D do membro é usado para delimitar a cirurgia em casos de LP grau IV complexos. TRATAMENTO CONSERVADOR Não opera-se animais sem sintomatologia clínica ou em animais de LP grau I. É utiliza-se AINEs, fisioterapia e nutrição apropriada. TROCLEOPLASTIA SIMPLES Essa técnica é geralmente feita em todos os pacientes, pois tem a finalidade de criar uma superfície mais profunda para que a patela se encaixe. A LP diminui a profundidade do sulco troclear. Cerra-se a parte medial da trócea para a remoção da mesma, seguindo para o aprofundamento do sulco troclear e reposicionamento do bloco da tróclea cerrado. IMBRICAÇÃO DO RETINÁCULO LATERAL Também é utilizada em quase todos os casos de LP. Essa técnica auxilia na melhor fixação e bom posicionamento da patela. A imbricação é feita por sutura em “U” deitado para que ocorra a tração da retináculo para o sentido oposto da luxação. OSTEOTOMIAS CORRETIVAS É feita em LPs de grau III e IV com deformidades. • Femoral distal • Tibial proximal TRASPOSIÇÃO DE TUBEROSIDADE TIBIAL (TTT) Quando a tuberosidade tibial mover-se medialmente, é feita a correção, mudando-se a junção do ligamento da patela, posicionando-a mais lateralmente. É feito o transplante através de uma osteotomia da tuberosidade abaixo do músculo tibial cranial. Utiliza-se um ou dois fios de aço Kirschner, para firmar a tuberosidade tibial em seu posicionamento. A TTT é realizada com o cruzamento lateral da crista tibial. Com uma incisão parapatelar lateral, por dentro da fáscia lata, alongando-se distalmente acima da tuberosidade tibial, inferiormente da linha articular. Contrapondo o músculo tibial cranial da direção contrária à tuberosidade lateral da tíbia e ao platô tibial, na região do tendão extensor digital longo. Coloca-se um osteótomo abaixo do ligamento patelar, e realiza-se uma osteotomia parcial tibial da crista. Com um ou dois fios de Kirschner pequenos, fixa-se a tuberosidade tibial em seu novo posicionamento. RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL O ligamento cruzado cranial (LCC) é dividido em faixas craniomedial e caudolateral, com pontos de inserção diferentes no platô tibial. Sua principal função biomecânica é impedir a projeção da tíbia cranialmente em relação ao fêmur, além de sua rotação interna excessiva, evitando a hiperextensão da articulação. A RLCCr é a causa de claudicação mais frequente de claudicação do membro posterior em cães e que pode acometer todas as raças, de todas as idades e sem predileção sexual. Possui maior incidência em cães obesos. A ruptura pode ocorrer de forma parcial ou total e de forma uni ou bilateral. A maior parte dos animais apresentados para tratamento desta patologia sejam cães de raças grandes, jovens e ativos. A prevalência em cães acontece pelo platô tibial dos cães ser bem angulado. O mecanismo de ruptura traumática do LCCr é reflexo, da sua função de contenção de movimentos articulares. Uma lesão aguda aparece mais frequentemente quando o joelho sofre uma rápida rotação (rotação interna da tíbia) com um certo grau de flexão (20 a 50%) ou, quando a articulação sofre hiperextensão forçada, aquando do pisar de um buraco ou depressão em marcha rápida. A RLCCr pode estar associada a doenças endócrinas (HAC) e doenças autoimunes (lúpus e artrites reumatoides) que fragilizam os ligamentos. No entanto, a ruptura aguda de um LCCr normal decorrente de um episódio traumático, não é muito comum, sendo apresentada apenas numa pequena percentagem de cães com uma etiologia traumática aguda associada. SINTOMAS • Claudicação do membro posterior • Apoio em pinça • Impotência funcional DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO O animal apresentará sensibilidade à hiperextensão do membro e presença de aumento de volume flutuante na região. TESTES: TESTE DE GAVETA O teste de gaveta cranial pode ser executado em decúbito lateral ou em estação, sendo por vezes necessária a sedação ou mesmo anestesia geral no caso de cães nervosos ou com dor. É importante que o examinador coloque as mãos e os dedos nos locais correctos durante a execução deste teste, assim: coloca-se o dedo indicador de uma mão na patela e o polegar na fabela lateral do fémur e, com outra coloca-se o indicador na crista da tíbia e o polegar na cabeça da fíbula, sendo posteriormente aplicada então uma força cranial na tíbia. Um teste de gaveta cranial positivo ocorre quando existe uma translação cranial da tíbia em relação ao fémur superior a 2 mm. No caso de rupturas parciais, o movimento de gaveta cranial com a articulação em flexão pode atingir 2 a 3 mm, estando ausente qualquer tipo de movimento, se esta estiver em extensão. COMPRESSÃO TIBIAL O teste de compressão tibial pode também ser realizado com o animal em estação ou decúbito lateral. Este teste mimetiza as condições de carga que geram o movimento de gaveta cranial. O exame começa por colocar uma mão com o dedo indicador sobre a tuberosidade tibial e o polegar por trás da fabela femural lateral e, a outra mão a segurar a área metatarsal. Colocando a articulação do joelho numa posição ligeiramente flectida, deve-se então flectir a articulação do tornozelo várias vezes. O teste é positivo quando ocorre a deslocação cranial da tíbia. EXAMES DE IMAGEM: RX Em cães com rupturas crónicas do LCCr, os achados radiográficos incluem osteófitos periarticulares em redor das margens da tróclea femoral, nos pólos da patela, na superfície caudal da mesa tibial e nas fabelas (sesamóides). A eminência intercondilar da tíbia estará deslocada cranialmente em relação aos côndilos do fêmur. Pode haver infusão articular na região da ruptura. TRATAMENTO SUTURA FABELO TIBIAL (STF) É a fixação da fabela na tíbia através da passagem de fio de sutura em forma de “8”. Utiliza-se em cães pequenos e leves (<7kg). É uma técnica fácil e de rápida execução e que neutraliza o teste de gaveta e tibial. TIGHROPE É uma técnica que se assemelha a STF. O fio de sutura é passado no fêmur através de um túnel a 45° pré-formado por meio de broca. Posteriormente, faz-se outro túnel com broca na tuberosidade tibial para a continuação da passagem do fio. Os fios são fixados por botões e nós nas suas extremidades. Com o uso do kit original pode ser utilizado em animais de médio e grande porte. Essa ténica estando sem o uso do kit original só poderá ser utilizada em animais pequenos e leves, assim como o STF. Essa técnica neutraliza as mesmas forças que o STF e possui menos complicações que a STF. OSTEOTOMIAS TIBIAL TUBEROSITY ADVANCEMENT (TTA) É indicado para pacientes de raças pequenas e grandes com delimitação cirúrgica prévia e de platôtibial de no máximo de 26° e de conformação tibial própria para a cirurgia. Essa técnica neutraliza apenas a força da compressão tibial. TIBIAL PLATEU LEVELING OSTEOTOMY (TPLO) É difundida como a melhor técnica para RLCCr. A técnica é baseada na alteração do ângulo do platô tibial inclinado para um ângulo reto de 5°. Assim como a TTA, pode ser aplicado em raças pequenas e grandes e é necessário delimitação cirúrgica prévia. Cálculo do platô tibial 𝑪 = 𝟐𝝅𝒓 QUADRIL DISPLASIA COXOFEMORAL A displasia coxofemoral (DCF) é uma alteração no desenvolvimento que afeta a cabeça e o colo femoral e o arrasamento do acetábulo. Essas alterações e instabilidades se desenvolvem logo no primeiro ano de vida do animal. A instabilidade e a conformação alterada da articulação causa má distribuição nas forças vetoriais. A sua transmissão é hereditária, recessiva, intermitente e poligênica. A DCF está ligada a fatores nutricionais, biomecânicos e do meio ambiente, que associados a hereditariedade, pioram as condições da displasia.A DCF está relacionada a taxa de crescimento rápido, musculatura pélvica, ângulo d einclinação e anteversão da cabeça e colo femoral. A DCF pode ser uni ou bilateral. Filhotes de pais com DCF tem predisposição de 85% a desenvolverem a doença. A base fisiopatológica da DCF é de disparidade entre a massa muscular da articulação coxofemoral e do desenvolvimento ósseo rápido. Com o resultado disso, desenvolve-se frouxidão e instabilidade na articulação, o que predispões a mesma a sofrer esclerose óssea acetabular, osteofitose, espessamento do colo femoral, fibrose da cápsula articular e subluxação ou luxação da cabeça femoral. As raças mais acometidas são as de médio e grande porte, principalmente no: Pastor Alemão, Fila Brasileiro, Rottweiler, Golden Retriver, Labrador Retriver, Boxer, Buldogue e São Bernado. Gatos também podem desenvolver a doença, sendo de mais difícil diagnóstico por não demostrarem tantas manifestações clínicas como os cães. O filhote nasce com a articulação normal, mas pode começar a apresentar sintoma a partir do 6° mês de idade. A patogenia da doença está ligada a dieta, sinovite, efusão articular, espessamento da cápsula articular, desgaste anormal e erosão acetabular com formação de osteófitos e microfraturas. SINTOMAS • Claudicação • Atrofia dos membros pélvicos e/ou hipertrofia dos membros torácicos • Diminuição da atividade física • Andar de coelho • Em casos de DCF crônicas há muito dor Os filhotes possuem sintomas mais leves da doença que se caracterizam, mais comumente, por alterações comportamentais. Animais adultos apresentam sintomas mais crônicos, como dor, atrofia dos membros pélvicos e osteoartrose na articulação. DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO O contorno pélvico de um animal normal é maciço e arredondado, encurvando-se ventralmente em direção às vértebras caudais. Amplitude de movimento articular O paciente é colocado em decúbito lateral para a realização da manobra de amplitude do membro de forma passiva. O teste consiste na detecção passiva de crepitação, dor e limitação do membro nos movimentos de flexão, extensão, adução, abdução e rotação da articulação. Pacientes com DCF demostram dor nos movimentos de extensão e abdução. Manobra de Ortolani Esse teste detecta subluxações e/ou redução na cabeça do fêmur no acetábulo. Faz-se o movimento de abdução para que haja o retorno da cabeça do fêmur ao acetábulo, o retorno da cabeça do fêmur no gera estalo “crack”. O movimento de abdução é feito com o polegar no trocanter maior, podendo estar em decúbito lateral ou dorsal. Esse teste, quando positivo, é indicativo para DCF. Exame de Barlow É mais utilizado em filhotes para testar se é possível a luxação da articulação. Faz-se a adução do membro, pressionando o fêmur para baixo Manobra de Barden É uma manobra muito utilizada em filhotes também. Com o polegar no trocanter, deslocar o fêmur lateralmente do acetábulo. É possível sentir o deslocamento do trocanter. EXAME DE IMAGEM RX: PROJEÇÃO VD EM EXTENSÃO A projeção dos membros estendidos com o paciente em decúbito VD é usada para a avaliação da subluxação das cabeças femorais (pela determinação do ângulo de Norberg), da conformação óssea e da extensão da osteoartrite. Esse tipo de posicionamento permite uma avaliação subjetiva por um veterinário radiologista certificado usando um sistema de graduação de setes pontos da Orthopedic Foundation for Animals (OFA), gerando as seguintes classificações: excelente, ótima, boa, incerta, DCF leve, DCF moderada, DCF grave. Se somente uma linha de estresse estiver evidente e nenhuma subluxação for observada, o paciente não é considerado positivo para DAD e DCF. Se apenas alterações degenerativas observadas forem entesófitos na inserção caudal da cápsula articular, é considerada uma DAD leve. Se osteófitos periarticulares adicionais forem identificados, a alteração degenerativa é definida como moderada. Quando for identificado remodelamento da borda cranial acetabular, produção de osteófitos ou esclerose subcondral no acetábulo, a DAD é definida como avançada. PROJEÇÃO EM ESTRESSE A laxatividade coxofemoral é considerada o fator promotor mais importante para a DCF. As técnicas radiográficas de estresse existentes objetivam quantificar o máximo deslocamento da cabeça femoral do acetábulo. A maioria dos estudos de estresse mostrou uma relação positiva entre o grau de laxatividade coxofemoral e coxoartrose. Os cães são sedados para que haja o relaxamento muscular. A radiografia padrão é feita com os membros estendidos e o grau de DCF é avaliado usando um critério de seis graus. Então, é feita a técnica em estresse com o cão em decúbito dorsal, sendo que os fêmures são posicionados em ângulo de 60° em relação à mesa e os joelhos são aduzidos e manualmente empurrados craniodorsalmente durante a exposição, tendo a tíbia atuando como uma alavanca. Essa manipulação resulta em um deslocamento cranial, dorsal e lateral da cabeça femoral na articulação instável e a técnica se assemelha à manobra de Ortolani. O grau de laxatividade é quantificado do mesmo modo que o índice de distração descrito para técnica radiográfica simples, usando o termo índice de subluxação (IS). PROJEÇÃO RADIOGRÁFICA DA BORDA ACETABULAR DORSAL (DAR) A projeção radiográfica da borda acetabular dorsal (DAR) fornece um método radiográfico de visibilização sem sobreposição do acetábulo, por uma perspectiva craniocaudal. Para realizar essa projeção, o paciente anestesiado é colocado na mesa em decúbito esternal, os membros pélvicos são puxados cranialmente e unidos ao corpo usando uma cinta. A projeção DAR permite a identificação de osteoartrite (que pode ocorrer na borda acetabular dorsal) e avaliar o progresso da lesão secundária de laxatividade da articulação coxofemoral. Quando a articulação coxofemoral de um cão normal é visibilizada, o aspecto lateral da borda dorsal se apresenta acentuadamente pontudo. Quando a articulação está alterada, a forma dessa borda progride de ligeiramente a totalmente arredondada. PEENHIP O método PennHIP (Programa de Melhoramento Pélvico da Universidade da Pensilvânia) é um método radiográfico utilizado para avaliar a pelve. As radiografias são realizadas por membros certificados pelo PennHIP de todo o mundo e são enviadas ao centro de análise do PennHIP para avaliação. Os dados resultantes são armazenados no arquivo. Quanto mais informação é armazenada, mais dados ficam disponíveis para que o laboratório do PennHIP seja capaz de obter respostas mais precisas sobre a etiologia, prognóstico e base genética da DCF. O método determina a qualidade da articulação coxofemoral e mensura quantitativamentea laxatividade da articulação. A avaliação incorpora três projeções radiográficas: projeção tradicional com os membros estendidos, de compressão e distração. As projeções de distração e compressão são usadas para obter mensurações mais precisas e acuradas da laxatividade e congruência articular, respectivamente. A projeção com os membros estendidos é usada para obter informação adicional sobre a existência de doença articular degenerativa (DAD) na articulação coxofemoral. TRATAMENTO CONSERVATIVO É indicado para cães caseiros ou com mais de 18 meses de sintomatologia leve. É indicado o controle do peso, exercícios de baixo impacto, AINEs, condroprotetores e implante de ouro e acupuntura. CIRÚRGICO: CIRURGIAS PREVENTIVAS Essas cirurgias atuam na prevenção e progressão da osteoartrose por aumentar a superfície de contato articular. O paciente só poderá passar por essa cirurgia se não tiver nenhum tipo de DAD. Osteotomia tripla ou dupla da pelve Na osteotomia triplas faz-se um corte no íleo, púbis e isqueo. Na ostetomia duplas faz-se um corte no íleo e no púbis. Essa cirurgia é indicada em pacientes jovens de até 10 meses de idade. O paciente deverá ter ausência de osteartrose e arrasamento do acetábulo. Osteotomia intertrocantérica varizante Acetabuloplastia Sinfisiodese púbica juvenil Gera-se uma cobertura acetabular sobre a cabeça femoral. Faz-se uma cauterização com o uso de eletrocautério de toda a área caudal a sínfise púbica. É indicada para pacientes de 4-6 meses de idade. É uma técnica simples, invasiva e rápida, mas a efetividade da cirurgia só é presenciada após o crescimento do animal. CIRURGIAS DE ALÍVIO Atua no alívio da dor. É feito em pacientes adultos com DAD. Denervação capsular Faz-se a remoção das terminações nervosas da cápsula articular com curetagem. É indicado em pacientes com dores intensas na região e com DAD. Prótese coxofemoral É a substituição da articulação por prótese. É indicado para pacientes com osteoartrose, insucesso após ACCF e cães com mais de 15kg. É contraindicado em cães assintomáticos, infecções, animais jovens, neuropatas e outras afecções ortopédicas. Amputação do colo e da cabeça femoral Faz-se a ostectomia da cabeça e colo femoral. É indicado em pacientes com osteoartrose severa e dor, subluxações/luxações acompanhadas de dor e em pacientes pequenos para prótese. É contraindicado em animais pesados e DCF assintomática. NECROSE ASSÉPTICA DA CEBEÇA FEMORAL A necrose asséptica da cabeça do fêmur é uma afecção não-inflamatória e asséptica da cabeça e colo femoral que ocorre principalmente em animais de pequeno porte e jovens (3 a 13 meses), antes do fechamento fisário da cabeça do fêmur. Ocorre devido a uma diminuição do fluxo sanguíneo intraósseo na cabeça do fêmur, que acarreta morte do tecido ósseo, levando a focos de isquemia. Essa isquemia acaba fragilizando a cabeça do fémur que posteriormente evolui para necrose provocando microfraturas e consequente deformação na superfície articular. A etiologia exata ainda é desconhecida, mas algumas hipóteses são consideradas como sendo fatores de predisposição para a alteração do fluxo sanguíneo dessa região como: distúrbios endócrinos, fatores nutricionais, conformação anatômica, traumas. Existem referências de uma possível origem genética, tendo o defeito uma hereditariedade de um gene recessivo autossômico, sendo sugerido em várias raças como Yorkshire Terrier, Poodle toy, Pug, Schnauzer dentre outras. Sendo assim, animais diagnosticados com essa afecção devem ser retirados da reprodução. SINTOMAS Sintomas ortopédicos: claudicação, incapacidade parcial de sustentação do próprio peso sobre o membro afetado, dor na manipulação do membro, limitação na amplitude, crepitação e atrofia muscular DIAGNÓSTICO RX Observa-se áreas de lise ósseas com irregularidades da cabeça do fêmur e microfraturas. Em lesões mais crônicas há a perda óssea da cabeça do fêmur. TRATAMENTO CIRÚRGICO Ressecção da cabeça e colo femoral LUXAÇÃO COXOFEMORAL A luxação coxofemoral é o deslocamento traumático da cabeça femoral a partir do acetábulo. A articulação coxofemoral é o local mais comum de luxação, pois não há ligamentos colaterais, e os músculos que se fixam à extremidade proximal do fêmur permitem grande movimentação da articulação. O ligamento redondo e a cápsula articular são as principais estruturas de tecido mole que se contrapõem à luxação e estas estruturas podem tornar-se distendidas ou estiradas. Os acidentes automobilísticos e quedas são os maiores responsáveis dessas luxações, sendo a maior parte delas dorsocranial, devendo-se este fato provavelmente à natureza do trauma e aos músculos glúteos, que geram intensa extensão e abdução da articulação. Em todas as luxações, rasgam-se o ligamento redondo e parte da cápsula articular. Nos casos mais severos, também pode romper-se parte da musculatura glútea. São comuns pequenas fraturas de extração violenta da cabeça femoral onde o ligamento se prende. As luxações coxofemorais são classificadas de acordo com a localização da cabeça femoral em relação ao acetábulo, a dorsocranial é o deslocamento traumático mais comum em pequenos animais, provavelmente, devido ao tipo de lesão e à contração dos músculos que são fortes extensores e abdutores da articulação. A cabeça do fêmur sofre deslocamento dorsal e cranial ao acetábulo e o membro fica mais curto do que o oposto quando posicionados ventralmente e estendidos caudalmente. As lesões também podem acontecer no sentido dorsocaudal, ventrocaudal ou ventrocaudal, mas de menor frequência. DIAGNÓSTICO HISTÓRICO E SINTOMAS Paciente com histórico de trauma e sintomas de claudicação e impotência funcional aguda. O animal se apresenta com o joelho rotacionado para o lado de fora, o calcanhar rotacionado para o lado de dentro e o um membro mais curto que o outro. EXAME FÍSICO Teste do triângulo Consiste na palpação das proeminências da asa do íleo, do trocanter maior e do ísquio. Em casos de luxação, o trocanter maior estará deslocado e não formará um triângulo imaginário das proeminências. O triângulo pode ser baseado na sua forma contralateral. EXAME DE IMAGEM RX RX feito na projeção lateral e ventrodorsal da pelve. TRATAMENTO CONSERVADOR: REDUÇÃO FECHADA É feita em casos agudos, logo após o trauma (24- 48h). O animal deve estar sedado para que a cabeça do fêmur seja reposicionada manualmente no acetábulo. CIRÚRGICO: REDUÇÃO ABERTA É feita em casos de falha no reposicionamento do membro ou quando o trauma é crônico (após 48h). Consiste na abertura da cápsula articular, remoção dos possíveis detritos fibrosos que estejam atrapalhando a articulação e na estabilização dos tecidos danificados. Técnica com o uso dos parafusos ancoras Faz-se um orifício intra-trocantérico nas estruturas para que o parafuso seja preso e estabilizado na borda do acetábulo. Técnica da sutura íleo-trocantérica Faz-se um orifício no íleo e no trocanter maior e menor para que ocorra a passagem do fio de sutura em formato de “8” para estabilização da região. Técnica de Toggenpin Faz-se um orifício no trocanter maior passando pela cabeça e pelo colo femoral. Passa-se um fio que ficará preso nas extremidades do orifício. É uma técnica que mimetiza o ligamento femoral. Colocefalectomia OMBRO EXAME FÍSICO O exame físico inicia-se pela identificação e palpação das estruturas anatômicas de referência do ombro: acrômio e o tubérculo maior. Em seguida, fazer a movimentação passiva de todo o movimento da articulação do ombro: abdução (32°), adução, extensão (160-170°), flexão (30-60°) e rotação (interna e externa,
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