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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL DISCIPLINA DE ANESTESIOLOGIA E CLÍNICA CIRÚRGICA DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO Episioplastia É a plastia ou plástica da região do períneo. Frequentemente realizada em éguas, nos casos de fetos gigantes e de rupturas traumáticas. Indicações: ▪ Reduzir a abertura vulvar após o parto (quando há cobertura da égua por um macho maior); ▪ Corrigir lacerações na região do períneo (aproximação da comissura superior da vulva com o ânus, permitindo a passagem de fezes para o interior da vagina, levando à infecção no interior do útero – metrite, cervicite, vaginite); ▪ Prevenir ou curar a aspiração de ar associadas às infecções ascendentes do trato genitourinário (na égua com laceração, ouve-se o barulho da saída do ar pelas rimas vulvares, produzindo um som característico). Aspecto clínico: Avaliar as comissuras superior e inferior da vulva, proximal ao ânus. Problema reprodutivo: infecções uterinas - A égua pode emprenhar, mas o feto é reabsorvido ou abortado por conta do processo infeccioso. Realizar a correção cirúrgica. Pré-operatório: A região da vulva e a base da cauda devem ser lavadas com água e sabão neutro; As fezes devem ser retiradas manualmente do reto e a base da cauda deve ser enrolada com atadura e preso para garantir que esteja fora do campo cirúrgico. Após lavagem, realiza-se a aplicação de antisséptico na região (antissepsia). Trans-operatório: A anestesia local é realizada por infiltração na margem labial vulvar. Os lábios da vulva devem ser afastados para exposição da mucosa na junção mucocutânea (limite entre a mucosa e a pele). Material de Apoio - Patologia Cirúrgica – 2022 Monitora: Prícia Carvalho A incisão é realizada na comissura superior da vulva, ao longo de cada lábio, em direção dorsoventral no limite mucocutâneo (uma incisão de cada lado da vulva, em direção à comissura superior da vulva, até o ponto estabelecido para redução da abertura vulvar original). Limita-se o local que será fechado com uma pinça Backaus em cada lado, realizando a incisão até o ponto determinado. A mucosa de cada lado é dissecada de forma triangular, de maneira que as porções dissecadas sejam congruentes (que se unam) e que na porção dorsal exista 2 a 5cm de superfície cruenta em toda a região que será fechada. Uma tira de mucosa de aproximadamente 3mm de largura é removida de cada lábio vulvar. Após remover a tira de mucosa, as margens cruentas são colocadas em aposição para que seja realizada a sutura em zigue-zague ou colchoeiro ou simples contínuo com catgut cromado 0 ou 1, seguindo para a delimitação pela pinça, aproximando os lábios ao longo da superfície dissecada. A sutura externa é realizada com nylon 0 ou 2-0 com pontos simples separados até o limite estabelecido para a abertura vulvar (8 a 10cm). Pós-operatório: ▪ Administração de soro antitetânico (importante para prevenir tétano nos equinos); ▪ Antibioticoterapia por 5 a 7 dias; ▪ Limpeza da região com água e sabão neutro, aplicação de Furacim diariamente até a retirada dos pontos (em 10 a 14 dias). Obs.: A fêmea não pode retornar imediatamente à reprodução, devendo permanecer sem cobertura por 2 a 3 meses, sendo este o período de tratamento da metrite. Trepanação dos Seios Frontal, Maxilar e Cavidade Nasal É a abordagem cirúrgica às cavidades existentes nos ossos frontal, maxilar e cavidade nasal. É realizada com o trépano - instrumento cirúrgico específico, semelhante a uma serra-copo, que realiza um corte circular no osso no qual será o local de acesso da intervenção. Indicações: ▪ Drenagem e curetagem em: sinusites catarrais crônicas; empiema (acúmulo de pus que pode se depositar nas bolsas guturais); necrose dos cornetos nasais (infecção crônica); ▪ Extração de pré-molares, molares superiores, fraturas de raízes; ▪ Exploração para remoção de neoplasias e cistos que impedem a passagem de ar pela região. Locais de acesso: Osso maxilar Osso nasal Osso frontal Pré-operatório: Realização de cultura e antibiograma (com o objetivo de direcionar o antibiótico), jejum hídrico e alimentar de 12h, antibioticoterapia (presença de infecção antes do procedimento cirúrgico), depilação, tranquilização e anestesia local ou geral. Trans-operatório: O animal permanece em estação, sob tranquilização e anestesia infiltrativa ou de condução na dependência do local que será abordado cirurgicamente, sendo unilateral ou bilateral (esta última quando há abordagem na porção média). Tombado sobre o lado não-afetado, posiciona-se a cabeça em um nível mais baixo para facilitar a drenagem de conteúdo líquido, evitando a inalação de secreção e sangue. É um procedimento cruento, sendo necessária curetagem para remover tecido necrótico, fragmentos ósseos etc. ▪ Abordagem do seio frontal: a incisão é realizada a aproximadamente 3 cm da linha média da cabeça, sobre uma linha horizontal traçada acima dos olhos, sendo realizada a trepanação no ponto onde se cruzam as linhas. ▪ Abordagem dos seios maxilares: realizado para extração dentária, região sobre a raiz de molares e pré-molares superiores. A incisão estará orientada pelo dente afetado (abcessos apicais, fraturas dentárias), sendo necessária a realização de radiografia para identificar o dente. Pode ser realizada no tabique de separação dos seios maxilares, que deve estar situado no centro da trepanação. Para a extração dentária, deve-se posicionar o sítio da intervenção bem próximo ao dente, em uma linha imaginária entre o bordo anterior da órbita e o forame infraorbitário. Em animais acima de 13 anos, a abordagem deve ser realizada cerca de 1cm abaixo do especificado, pois as raízes e a coroa de reserva vão se tornando mais curtas; ▪ Abordagem à cavidade nasal: varia de acordo com o local da enfermidade, podendo ser realizada imediatamente ao lado da linha média ou com até cerca de 4 cm de distância. Em todas as abordagens, deve-se evitar a incisão acidental da artéria e veia angular do olho (localizadas no ângulo medial do olho) pois ocasionará acentuada hemorragia. Após a incisão da pele com cerca de 6 cm de comprimento, com o uso do perióstomo eleva-se o periósteo da superfície a qual se realizará a trepanação, colocando a coroa do trépano sobre o osso para ser ligado à furadeira ou instrumento que produza rotação até que o retalho ósseo circular seja removido. Nas sinusites, realiza-se a curetagem dos seios, removendo o material líquido e necrótico, lavando a cavidade com solução fisiológica sempre com cuidado para não ocorrer aspiração. Nas exodontias, identificar inicialmente a raiz do dente afetado, realizar a trepanação e com um repulsor aplicado sob o ápice da raiz do dente e o martelo cirúrgico de 500g, aplicar marteladas até que o dente seja impulsionado para dentro da boca. O auxiliar deve retirar o dente na cavidade oral do animal com uma pinça longa. O orifício realizado com o trépano deve ser preenchido com gaze embebida em iodo, suturando o tecido subcutâneo com sutura intradérmica utilizando fio catgut 0 ou poliglactina, sutura de pele com nylon 0 ou 1 em pontos simples separados. Pós-operatório: ▪ Lavagem diária da cavidade inicialmente com soro fisiológico, seguido de solução antisséptica; ▪ Antibioticoterapia local e sistêmica; ▪ Anti-inflamatórios; ▪ Tampões de gaze na cavidade respiratória, retirados a cada 24h e substituídos de acordo com a evolução; ▪ Após 1 semana, os curativos poderão ser trocados a cada 3 dias.
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