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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP TAINÁ LIMA SILVA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA NA ARBITRAGEM São Paulo 2020 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP TAINÁ LIMA SILVA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSOLANIDADE JURIDICA NA ARBITRAGEM Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Direito, Universidade Paulista UNIP, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: Prof.ª. Dr. ª Renata Muller. São Paulo 2020 TAINÁ LIMA SILVA MONOGRAFIA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSOLANIDADE JURIDICA NA ARBITRAGEM Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em Direito, Universidade Paulista UNIP, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: Prof.ª. Dr. ª Renata Muller. Aprovado em: __/__/__ BANCA EXAMINADORA Prof.ª. Dr. ª Renata Muller CIP - Catalogação na Publicação Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). silva, Tainá desconsideração da personalidade juridica / Tainá silva. - 2020. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, são paulo, 2020. Área de Concentração: civil. Orientadora: Profª. Dra. Renata muller. 1. desconsideração da personalidade juridica . I. muller, Renata (orientadora). II.Título. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço aos meus pais, Valmilza e juraci, por todo o apoio, suporte e amor que me deram e por terem aguentando todos os meus choros de desespero durante os últimos anos. À professora Renata, por todo apoio e suporte que ofereceu durante a realização deste trabalho. Por fim, agradeço à Deus por ter me dado força, coragem e determinação. RESUMO O presente trabalho tem o propósito de analisar o instituto da personalidade jurídica como um todo analisando suas teorias em nosso ordenamento jurídico e abordando a sua aplicabilidade prática e as consequências que recairão sobre sócios, tendo em vista que tal procedimento quebra a proteção societária conferida pelo código civil de 2002 e obriga que a pessoa jurídica responda solidariamente pela dívida com seu patrimônio pessoal. Também iremos abordar a possibilidade da desconsideração da personalidade jurídica em processo arbitral, posto que os sócios a serem atingidos pela desconsideração não são signatários da cláusula compromissória de arbitragem entre a sociedade da qual fazem parte e o terceiro atingido. Palavras Chave: arbitragem; desconsideração da personalidade jurídica, sócios, signatários, desconsideração inversa. ABSTRACT The purpose of this paper is to analyze the institute of legal personality as a whole, analyzing its theories in our legal system and addressing its practical applicability and the consequences that will fall on partners, considering that this procedure breaks the corporate protection provided by the code 2002 and requires the legal entity to jointly and severally answer for the debt with their personal assets. We will also address the possibility of disregarding the legal personality in an arbitration proceeding, since the partners to be affected by the disregard are not signatories to the arbitration clause between the company of which they are a part and the affected third party. Keywords: arbitration; disregard for legal personality, partners, signatories, reverse disregard. Sumário INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 9 1. APLICAÇÃO DA ARBITRAGEM NO SISTEMA JURIDICO BRASILEIRO ..................... 10 1.1. CONCEITO DE ARBITRAGEM, NOÇÕES GERAIS. ................................................... 12 1.2. NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................................... 13 1.3. CLÁUSULA COMPROMISSORIA ................................................................................... 15 1.4. ASPECTOS FORMAIS ..................................................................................................... 15 1.5. COMPROMISSO ARBITRAL ........................................................................................... 16 1.6. ARBITRAGEM NO DIREITO SOCIETÁRIO .................................................................. 16 2. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA ............................................... 18 2.1. HIPÓTESES DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ........... 19 2.2. TEORIAS ACERCA DA APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ..................................................................................................... 21 2.3. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ..... 24 2.4. PRESSUPOSTOS ENCONTRADOS NO DIREITO MATERIAL................................. 26 3. POSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO PROCESSO ARBITRAL .................................................................................................................. 28 3.1. A DESCONSIDERAÇAO DA PESSOA JURIDICA E A POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DOS FEITOS DA EXECUÇAO DA SENTENÇA ARBITRAL A TERCEIROS. 32 3.2. CLÁUSULA DE ARBITRAGEM POR ESCRITO E ASSINADA: REQUISITOS FORMAIS ....................................................................................................................................... 34 3.3. APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA NA ARBITRAGEM EM AMBITO INTERNACIONAL ............................................. 34 CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 37 9 INTRODUÇÃO A desconsideração da personalidade jurídica consiste, em mecanismo utilizado para coibir que os sócios utilizem a pessoa jurídica para cometer possíveis fraudes, posto que através dela podem os sócios serem responsabilizados diretamente. O art. 50 do Código Civil, versa sobre a possibilidade de "desconsideração da personalidade jurídica", estabelece que "em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica". Por tanto é necessário o cumprimento dos seguintes requisito para que haja a desconsideração da personalidade jurídica: "abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial". O objetivo deste estudo é trazer elementos sobre o instituto desconsideração da personalidade jurídica em procedimentos arbitrais, nesta hipótese é possível que o tribunal arbitral adote a teoria da desconsideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de terceiros que não assinaram a clausula compromissória? Vamos abordar a priori o instituto da arbitragem como forma de solução de controvérsias no Brasil, apontando a teoria acerca da natureza jurídica,Em seguida será analisado as teorias acerca da desconsideração da personalidade jurídica, de forma a compreender os objetivos deste instituto jurídico. Tais apreciações serão feitas para possibilitar uma análise crítica acerca da responsabilização dos sócios, por meio da desconsideração da personalidade jurídica, no bojo do processo arbitral. 10 1. APLICAÇÃO DA ARBITRAGEM NO SISTEMA JURIDICO BRASILEIRO A doutrina identifica a arbitragem legalmente em nosso sistema jurídico desde a época da colonização portuguesa, a arbitragem surgiu na constituição do Império de 22 de março de 1824, em seu artigo 160, que estabelecia que as partes poderiam nomear juízes arbitrais para solucionar litígios nas causas cíveis e penais civilmente intentadas se as partes, assim, convencionassem. A Resolução de 26 de julho de 1831 regulava a arbitragem relativa a seguro, e a Lei 108, de 11 de outubro de 1837, dos dissídios referentes à locação de serviços, sendo as primeiras normas que abordavam a arbitragem compulsória no Brasil. No código comercial de 1850, temos o instituto da arbitragem necessária ou forçada que era utilizada para questões sociais entre os sócios durante a existência da sociedade. Em 1866 foi editada a Lei n. º 1.350 que revogou a obrigatoriedade arbitragem constituída pelo código comercial de 1850, mantendo a possibilidade de utilização voluntária do juízo arbitral. No ano seguinte foi promulgado o decreto n. º 3.900/1867, que ressaltava a voluntariedade da arbitragem, pois estabelecia que cláusulas as arbitrais sobre litígios futuros que teriam valor de promessa. A constituição de 1891 faz menção a arbitragem, referindo-se ao instituto como meio de resolução de conflitos para evitar guerras entre fronteiras, sendo assim, suprimindo a arbitragem entre particulares. A arbitragem entre particulares reaparece depois de alguns anos com a promulgação do primeiro código civil brasileiro, Lei nº 3.071, de 1916, nos artigos 1.037 a 1.048, as pessoas eram capazes de contratar em qualquer tempo, mediante compromisso escrito árbitros para a resolução de conflitos judiciais e extrajudiciais. O Brasil assinou no ano de 1923 o protocolo de Genebra que durante muitos anos foi o único ato internacional aderido pelo Brasil, na matéria comercial, com previsão da utilização da arbitragem por particulares. A constituição de 1934 resgatou a previsão da arbitragem mercantil, ao estabelecer competência de a União legislar sobre normas fundamentais da arbitragem, porem tal regulamentação não foi realizada. Em abito processual, o código de processo civil estabeleceu normas sobre arbitragem. A Constituição de 1946 foi a primeira a inserir no texto constitucional o 11 Princípio do Monopólio da Jurisdição, nestes termos: “A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual. As Constituições de 1967 e de 1969 não alteram as normas referentes a arbitragem, contidas na Constituição de 1946, sendo assim, a arbitragem somente era permitida para questões internacionais na possibilidade de guerras. no ano de 1995 foi editada a Lei nº 9.099, lei que instituiu os juizados especiais cíveis e criminais, que também tratou de disciplinar a arbitragem, no mesmo ano foram expedidos dois decretos ratificando convenções internacionais sobre arbitragem, que sancionou a Convenção Interamericana sobre Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros. A arbitragem passou a ter visibilidade no Brasil a partir do ano 1996 com a promulgação da LEI Nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, publicada no DOU de 29/09/96 e entrou em vigor 60 dias depois, a lei dispõe sobre a arbitragem como meio alternativo para a resolução de conflitos, o Estado é responsável por manter a ordem social, dando aos indivíduos a possibilidade de acionar o poder judiciário para a solução de conflitos, porém, atualmente o poder judiciário tem uma demanda muito grande de processos, e a arbitragem é o meio de solução mais utilizado para resolver litígios, pois se encontra neste instituto fatores que possibilitam a celeridade, baixo custo e sigilo. A lei de arbitragem é de simples interpretação, vamos abordar alguns pontos importantes: A priori, o art. 1º da lei de arbitragem dispõe que as partes são capazes de escolher livremente o arbitro, aqui é estabelecido o que se chama de arbitrariedade subjetiva, isto é, quem são as pessoas que poderão tomar parte, sendo assim, pessoas físicas maiores e capazes, e pessoas jurídicas devidamente representadas. A arbitragem pode ser de equidade ou de direito, a critério das partes, que poderão escolher as regras de direito que serão aplicadas, os árbitros podem julgar de acordo com o que consideram justo, as partes podem escolher entre a melhor lei aplicável no caso, em sentido amplo, sem violar os bons costumes e a ordem pública, leis estrangeiras podem ser aplicadas, desde que as normas do direito brasileiro não sejam contrariadas, buscando sempre proteger direitos fundamentais como o contraditório e a ampla defesa. https://jus.com.br/tudo/juizados-especiais-civeis 12 Nem todos os litígios poderão ser resolvidos por meio da arbitragem, o art.1º da lei estabelece que: ”As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis”; Outro ponto importante é a confidencialidade, que é regra geral na arbitragem, é estabelecido pelas câmaras arbitrais que o procedimento deverá ser confidencial e sigiloso, o artigo 13, parágrafo 6º da lei 9.307/1996, dispõe que o árbitro, no desempenho de sua função, deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição. A lei 13.129/2015 acrescentou que a arbitragem é instituída quando a nomeação é aceita pelo árbitro, assim como determina o artigo. 19, esta instituição interrompe a prescrição retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência de jurisdição. Devemos ressaltar que em relação as medidas cautelares e de urgência, a lei dispõe que elas serão requeridas diretamente aos árbitros, se houver necessidade as partes podem recorrer ao judiciário antes de ser instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida por ele. O juízo arbitral é independente do Poder Judiciário, a sentença arbitral produz os mesmos efeitos que a sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo”, ou seja, a sentença arbitral forma título executivo judicial, mesmo sem a necessidade de homologação judicial. 1.1. CONCEITO DE ARBITRAGEM, NOÇÕES GERAIS. De Acordo com o professor Carlos Alberto Carmona, arbitragem é “mecanismo privado de solução de litígios; a arbitragem é 'meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou de mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada' - decorrente do princípio da autonomia da vontade das partes - para exercer sua função, decidindo com base em tal convenção, sem intervenção estatal, tendo a decisão idêntica eficácia de sentença proferida pelo Poder Judiciário. Tem como objeto do litígio direito patrimonial disponível. Ainda, é um meio de heterocomposição dos litígios, posto a decisão do conflito ser proferida por um terceiro necessariamente, trata-se de técnica para 'solução de 13 ¹ CARMONA, Carlos Alberto. A Arbitragem e Processo ² BRASILIO, Ana Tereza Palhares e FONTES, André R.C. Notas introdutórias sobre natureza jurídica da arbitragem, 2007Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2007-jul- 31/notas_introdutorias_natureza_juridica_arbitragem#:~:text=A%20base%20das%20 Teorias%20Privatistas,tomar%20todo%20o%20seu%20conte%C3%BAdo.&text=Em%20resumo%3A%20seria%20a%20arbitragem,o%20enquadramento%20privado%2 0da%20arbitragem >. Acesso em: Acesso em 09 de outubro de 2020. Controvérsias alternativa à via Judiciária caracterizada por dois aspectos essenciais: são as partes da controvérsia que escolhem livremente quem vai decidi-la, os árbitros, e são também as partes que conferem a eles o poder e a autoridade para proferir tal decisão’. ¹ 1.2. NATUREZA JURÍDICA A doutrina se divide basicamente em três teorias, a privatista/contratual, a jurisdicional e a mista. A corrente privatista ou contratual, acredita que a arbitragem é de natureza contratual privada, pois existe a necessidade de um contrato estabelecido entre as partes para a sua instituição e o árbitro não é membro do poder judiciário, sendo assim, sua função não poderia ser pública. Com base nos ensinamentos de Ana Tereza Palhares Basílio e André R. C. Fontes: “A base das Teorias Privatistas é a de que os atos volitivos impregnam a arbitragem ao ponto de tomar todo o seu conteúdo. A vontade de duas partes na prática de um ato traduz-se em uma declaração única de vontade, de soberania dos litigantes e de poder de disposição, que dão a marca e as feições contratuais à arbitragem. Pois bem, o cumprimento das disposições negociadas pelas partes na arbitragem é a vontade desses sujeitos e equipara-se ao que se entende no direito contratual por cumprimento das manifestações de vontade dos co-contratantes. Se o cumprimento de um e outro tem o mesmo perfil e características pode-se deduzir que a base da vontade sujeita à execução é a mesma. Cumprimento de cunho contratual e vontade de natureza também contratual”.² Já a outra corrente, publicista ou jurisdicional, acredita que o arbitro assim como o juiz tem a função judicante, ambos possuem direito de aplicar o direito ao caso concreto; afirma-se que a jurisdição não se daria apenas no âmbito do Estado, o arbitro também tem a prerrogativa de exercer a jurisdição, mesmo que não seja na condição de agente público. Os adeptos a essa teoria, entre eles Francisco José 14 Cahali e Carlos Alberto Carmona, sustentam que a atividade do árbitro à atividade estatal] no exercício de função jurisdicional tem força de título executivo judicial. A teoria mista por sua vez mistura os conceitos das duas teorias abordadas anteriormente, parte do pressuposto que a arbitragem possui característica contratual no exercício da autonomia da vontade privada das partes, mas não descartava o papel judicante do arbitro. Leonardo de Faria Beraldo e Francisco José Cahali tratam ainda de uma quarta teoria, denominada autônoma, está teoria aborda a arbitragem como um sistema de solução de conflitos desvinculada a qualquer sistema jurídico existente. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS O art. 3º da Lei nº 9.307/96 preceitua: “As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral” A convenção de arbitragem trata-se de gênero, cuja espécies são clausula compromissória e o compromisso arbitral, ambas têm o objetivo de instaurar o procedimento arbitral, a clausula compromissória é definida previamente antes do surgimento do conflito, por meio do contrato, já o compromisso arbitral é definido após o conflito de interesses, assim a convenção abole a necessidade de Juízo Estatal, competindo a decisão ao arbitro. Via de regra a convenção de arbitragem diz respeito a litígios futuros, isto é, não existem no momento da celebração do contrato, a clausula compromissória não é facultativa, a partir do momento que surge o conflito as partes são obrigadas a submeter-se ao compromisso arbitral. A Lei nº 9.307/96 não define a Convenção Arbitral, cabendo então, aos doutrinadores, defini-la, José de Albuquerque Rocha (2008, p. 28) a define como: “Acordo escrito através do qual as partes se obrigam a submeter seus litígios civis, atuais ou futuros, ao juízo arbitral” ³ O Código de Processo Civil alemão, no § 1029 determina que: “A Convenção de Nova Iorque, que foi ratificada pelo Brasil e promulgada pelo Decreto 4311/ 02, revela no art. II, 1 que: Cada Estado Contratante reconhece a Convenção escrita pela qual as Partes se comprometem a submeter a uma arbitragem todos os litígios ou alguns deles que surjam ou possam surgir entre elas relativamente a uma determinada relação de direito, contratual ou não contratual, respeitante a uma questão susceptível de ser resolvida por via arbitral”. 4 15 1.3. CLÁUSULA COMPROMISSORIA É importante notar que antes da promulgação da Lei de Arbitragem, a Cláusula compromissória por versar sobre fato futuro, era vista pelo nosso ordenamento jurídico como tratado preliminar, em que a parte se comprometia (obrigação de fazer) a levar a controvérsia a juízo arbitral, os contratos que obtinham cláusula havia mero comprometimento de uma parte para com a outra, a presença da cláusula não impedia que o litigio fosse levado ao poder judiciário, sendo assim, era apenas fator gerador de indenização. Com a promulgação da lei nº 9.307/96, não existe mais dúvidas quanto a força exercida por meio desse ato, a clausula compromissória é apta a instituir o juízo arbitral, neste contexto é valido mencionar a súmula 485 do STJ: “A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que celebrados antes da sua edição”. 5 1.4. ASPECTOS FORMAIS A Cláusula Compromissória em via de regra deve ser estipulada por escrito como dispõe o art. 4º da lei de arbitragem, podendo ser inserida no próprio contrato ou apartada, é importante ressaltar que se o contrato for de adesão é necessário que a iniciativa da arbitragem surja da parte aderente. Nos contratos de adesão a arbitragem é observada com maior rigor, pois, em regra a parte aderente é tida como hipossuficiente. As alterações propostas pela lei de arbitragem, prevê a necessidade da parte vontade de instituir a uma cláusula compromissória fique restrita as relações de consumo, sendo assim, os contratos de adesão não consumeristas deverão se atentar se a cláusula consta documento em negrito e apartado. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA CHEIA Institui todas as condições necessárias para o início da arbitragem, estipula como será escolhido o arbitro, as normas que serão aplicadas, local em que ocorrerá arbitragem, entre outras previsões, quanto mais disposições a cláusula dispuser, maior será a eficácia da arbitragem. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA VAZIA É aquela que não possui em seu conteúdo as formas de instituir arbitragem, apenas determina que a arbitragem é o método de solução de possíveis conflitos 16 oriundo daquele contrato, sem elencar detalhadamente os requisitos, como por exemplo, qual câmara arbitral realizará o julgamento e a decisão do árbitro. 1.5. COMPROMISSO ARBITRAL Compromisso arbitral é a convenção da qual as partes se submetem ao litígio existente a arbitragem, O compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial. Se judicial ele deve ser assinado por termos no contrato, perante o juiz ou tribunal que tramita, se for extrajudicial, deverá ser firmado por escrito, através de documento particular e assinado por duas testemunhas ou instrumento público. São elementos obrigatórios do compromisso arbitral, juntamente com o nome e qualificação das partes: nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros, a matéria objeto da arbitragem, o local onde a sentença arbitral será proferida. E facultativos os seguintes elementos: o local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem, se assim for convencionado pelas partes, a autorização para que o árbitro, ou os árbitros julguem por equidade; o prazo paraapresentação da sentença arbitral; a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim convencionarem as partes; a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; e a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros, que se não previstos, poderão ser fixados por sentença judicial, mediante requerimento do(s) árbitro(s). 1.6. ARBITRAGEM NO DIREITO SOCIETÁRIO A cláusula arbitral pode ser inserida em contrato social que regulamenta regras para o funcionamento das sociedades. A cláusula inserida no contrato social desde o momento da constituição da sociedade não pode ser questionada em relação aos sócios participantes. Não é necessário a manifestação de concordância por meio de documento ou de destaque da cláusula no corpo do contrato pois o contrato social não é um contrato de adesão sendo assim as cláusulas são estipuladas de acordo com o interesse dos sócios. Com relação aos novos sócios não podem existir dúvida quanto à aplicabilidade da cláusula arbitral o novo sócio será inserido por meio de alteração contratual que deverá constar assinatura do novo integrante no quadro social após 17 ler e concordar com todos os termos do contrato estipulado pelos sócios fundadores. O problema que mais ocorre no campo das sociedades limitadas é a oponibilidade da cláusula arbitral a sócio que tenha restado vencido em deliberação social em que se decidiu pela inclusão na cláusula de alteração contratual posteriormente a constituição da sociedade De acordo com o artigo 1072 parágrafo 5º do código civil de 2002 a cláusula será oponível a todos os sócios, ainda que discordantes da deliberação "as deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes", havendo a deliberação no contrato social, as cláusulas impõem a todos os integrantes da sociedade de forma plena. Podemos concluir que o consentimento para vincular uma parte a cláusula compromissória ocorre de forma expressa ou tácita, porém no caso da inserção da cláusula de arbitragem nos contratos societários, a vinculação vai além da aceitação tácita, pois nas regras societárias a regra de que, na ausência de previsão de quórum especial estabelecido em lei ou em contrato social, as decisões societárias tomadas com base na maioria absoluta dos votos. A corrente doutrinária que defende a aplicação do princípio da maioria e a vinculação dos acionistas ausentes ou dissidente a cláusula compromissória estatutária tem a defesa de Pedro Batista Martins coautor do anteprojeto que deu origem à lei de arbitragem. A corrente minoritária defendida por modestos Carvalhosa e Nelson Eizirik e "propõe que somente os acionistas que votaram a favor a inclusão da cláusula arbitral em assembleia geral extraordinária estão a ela vinculados" 6 estes autores entendem que a cláusula compromissória inserida no estatuto tem natureza de pacto social, sendo assim não pertencem as normas organizativas da sociedade. 6 Modesto Carvalhosa diz: “A cláusula compromissória constitui matéria facultativa e, portanto, potestativa do estatuto social. Não se confunde com as matérias que obrigatoriamente deverão constar do estatuto, que são especificas da sociedade anônima, ditadas pela lei. Distingue-se, dessa forma, a cláusula estatuária potestativa, que consubstancia o pacto compromissório, daquelas cláusulas mandatórias. Na primeira, o conteúdo é livre, desde que não seja vedado por lei ou que não altere os dispositivos obrigatórios da lei e do próprio estatuto. De qualquer forma, o estatuto não pode privar os acionistas do direito que lhes é 18 constitucionalmente assegurado com cláusula pétrea (art. 5º, XXXV, §4º, da CF), cujo §2º dispõe que os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembleia geral”. 7 Certamente ainda existe que entenda que a permanência do acionista, que não exerceu o referido direito de retirada, não vincula aos efeitos da cláusula de arbitragem. 2. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA No direito brasileiro não somente as pessoas naturais são sujeitos de direitos e deveres, as pessoas jurídicas também tem inúmeros direitos e obrigações, quando se forma uma empresa ou sociedade é necessário a criação de uma personalidade própria, uma pessoa jurídica, cujo patrimônio é distinto dos sócios em decorrência do princípio da autonomia patrimonial, desta forma, se a empresa tiver uma dívida a mesma será cobrada do patrimônio da pessoa jurídica e não de seus sócios, essa autonomia patrimonial que existe entre pessoa jurídica e pessoa física dos sócios é de grande importância para estimular a atividade empresarial e comercial , entretanto, não pode servir como meio para cometimento de fraudes. O primeiro texto legislativo que tratou deste assunto expressamente foi o código de defesa do consumidor, lei n° 8078/90, todavia, o CDC é fortemente criticado pela doutrina pátria, uma vez que não diferenciou as hipóteses de desconsideração da personalidade jurídica dos casos de imputação direta de responsabilidade, derivada da prática de atos ilícitos. O Código Civil de 2002 dispõe em seu Artigo 50 que: [...] em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 8 O disposto no art. 50 do Código Civil faz referência ao abuso da personalidade jurídica, ao desvio de finalidade e à confusão patrimonial, não abordando de maneira explícita a prática do ato fraudulento. A desconsideração da personalidade jurídica é um meio de garantir os direitos ou ressarcimentos dos credores, para que os mesmos 19 não arquem com os prejuízos de uma empresa onde os sócios tem a finalidade de lesar a sociedade. A personalidade jurídica é um instituto que surgiu para incentivar o desenvolvimento das atividades econômicas, possibilitando que pessoas naturais atuassem diretamente em negócios, assumindo responsabilidades, a criação deste instituto possibilitou o desenvolvimento da economia por meio do exercício da atividade empresarial. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando um dos sócios contrai uma série de dividas em nome da pessoa jurídica, sendo assim surge a questão, quem vai cobrar a dívida? Sendo que a empresa não tem mais bens, neste momento que entra a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, onde será afastada a autonomia patrimonial da empresa e as dividas serão cobradas diretamente dos sócios. 2.1. HIPÓTESES DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA As hipóteses de desconsideração estão previstas em diversos diplomas legais de nosso ordenamento jurídico, o código de defesa do consumidor, lei de crimes ambientais, e no código civil; como são leis distintas cada uma prevê requisitos específicos para que seja aplicada a desconsideração da personalidade jurídica. A autonomia patrimonial da pessoa jurídica possibilita a limitação da responsabilidade dos sócios, assim como determina o art. 1.024 do Código Civil, o qual dispõe que “os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. De acordo com os ensinamentos do professor Fábio Ulhôa Coelho: “ À teoria da desconsideração da personalidade jurídica não é contrária à personalização das sociedades empresárias e à sua autonomia em relação aos sócios. Ao contrário, seu objetivo é preservar o instituto, coibindo práticasfraudulentas e abusivas que dele se utilizam”. 9 Sendo assim, a análise do caso concreto que permitirá o juiz decretar a desconsideração da personalidade jurídica, tendo em vista a ilicitude dos atos praticados, provando-se que houve fraude, abuso de direito ou confusão patrimonial. Os requisitos necessários para a desconsideração da personalidade jurídica, sendo dividida em teoria maior e menor variam, a falta de patrimônio ou a inexistência 20 de bens penhoráveis é um requisito simples para desconsideração da personalidade jurídica. Gilberto Gomes Bruschi (2016, p. 143) elenca a possibilidade de desconsiderar a pessoa jurídica caso for caracterizado: l) insuficiência patrimonial; II) abuso de direito; III) excesso de poder; IV) infração da lei; V) fato ou ato ilícito; VI) violação do estatuto ou contrato social; VII) falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração; VIII) desvio de finalidade ou IX) confusão patrimonial. A) ABUSO DE DIREITO O abuso de direito é caracterizado no momento que o titular de um direito manuseia o que lhe foi atribuído não atendendo os limites impostos. De acordo com José Carlos Barbosa: a tese do abuso de direito no ordenamento brasileiro, não obstante, é expressa no título dos atos ilícitos sendo este ato uma conduta voluntária, comissiva ou omissiva, negligente ou imprudente, que viola direitos e causa prejuízos a terceiros. B) EXCESSO DE PODER Um exemplo de decesso de poder está previsto nos termos do artigo 966 do código civil brasileiro que trata a caracterização do abuso de poder na prática do ato que extrapola a sua competência. C) INFRACAO DA LEI A infração da lei é caracterizada como fraude e ato contra o princípio da legalidade. D) FATO OU ATO ILÍCITO Para que seja configurado o ato ilícito é necessário entender a ação ou omissão, o resultado, o nexo causal e a culpa E) VIOLAÇÃO DO ESTATUTO OU CONTRATO SOCIAL Considera-se requisito para desconsideração uma vez que o estatuto é essencial para o bom andamento da sociedade empresarial e personalização da pessoa jurídica F) FALÊNCIA, ESTADO DE INSOLVÊNCIA ENCERRAMENTO OU INATIVIDADE DA PESSOA JURÍDICA PROVOCADOS POR MÁ ADMINISTRAÇÃO 21 A má administração da pessoa jurídica é a forma mais notável de se considerar quando aplicável a desconsideração pois é de extrema importância que a administração tenha um cuidado necessário para que não ocorra estado de insolvência, inatividade ou falência. G) DESVIO DE FINALIDADE A finalidade de uma pessoa jurídica é focada no que ela é especializada, caso a finalidade seja desviada é caracterizado fraude. H) CONFUSÃO PATRIMONIAL Ocorre de diversas maneiras no âmbito societário, não há um respaldo legal no que tange a confusão, sendo entendimento do magistrado na análise do pedido de desconsideração da personalidade jurídica. 2.2. TEORIAS ACERCA DA APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Existem teorias que norteiam a desconsideração da personalidade jurídica, que se diferencia de acordo com a sua aplicação e o momento da aplicação. I) Teoria Maior da desconsideração da personalidade jurídica, existe a autorização da autonomia patrimonial da pessoa jurídica ser ignorada, com o objetivo de coibir possíveis fraudes e abusos praticados através delas. Alguns requisitos legais deverão ser atendidos nesta teoria, sendo assim, oferece maior segurança aos sócios, está teoria foi adotada em nosso ordenamento jurídico pelo código civil de 2002, no artigo 50, sendo assim, obrigatório que se caracterize o abuso da personalidade, desvio de finalidade ou ainda a confusão patrimonial. II) Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, existem legislações com situações específicas, em que não há necessidade de atender nenhum dos requisitos descritos na Teoria Maior. A falta de bens ou direitos na sociedade que sirvam aos credores é o suficiente para atribuir ao sócio a obrigação da sociedade. A Doutrina considera-a como menos elaborada, pois a desconsideração poderá ocorrer em quaisquer hipóteses em que for necessária a execução do patrimônio do sócio, uma vez a sociedade não consegue arcar com o débito executado. O artigo 50 do código civil, caput do artigo 28 do código de defesa do consumidor, artigo 34 da lei de defesa da ordem econômica e o artigo 14 da lei 22 anticorrupção são exemplos no ordenamento jurídico brasileiro de aplicação da teoria maior. Como já estudamos no presente trabalho a desconsideração da personalidade jurídica entende-se como a ignorância momentânea da existência da personalidade jurídica de um ente, com a finalidade de atingir o patrimônio das pessoas que participam de uma sociedade. A sua aplicação é excepcional, o juiz apenas aplicar a desconsideração nas hipóteses previstas no artigo 50 do código civil. Essa aplicação é denominada pela doutrina como teoria maior e sua premissa é que seja aprovado os aspectos de desvio de finalidade, fraude ou abuso confusão patrimonial. O simples inadimplemento não é motivo/causa para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica como ocorre na teoria menor. Podemos observar em trecho de julgado do STJ sobre a aplicação da teoria maior seja ela subjetiva ou objetiva: "(...) A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração)". 10 Ainda sobre essa teoria, quanto o que diz respeito a responsabilidade do administrador, o autor Fábio Ulhôa se posiciona da seguinte forma: “A responsabilização, por exemplo, do administrador de instituição financeira sob intervenção por atos de má administração faz-se independentemente da suspensão da eficácia do ato constitutivo da sociedade. Ela independe, por assim dizer, da autonomia patrimonial da pessoa jurídica da instituição financeira. Tanto faz se a companhia bancária é considerada ou desconsiderada, a má administração é ato imputável ao administrador. É ele o direto responsável, porque administrou mal a sociedade; a obrigação é imputada a ele diretamente, sem o menor entrave, derivado da personalidade jurídica desta”. 11 Em uma ampla definição geral sobre a desconsideração podemos ver que não deve ser aplicada somente para sanar práticas prejudiciais a atividade da sociedade, com a afetação de bens dos sócios controladores, também poderá ser usada para que a sociedade responda com seus bens se beneficiada de alguma forma por ato ilícito. A esse tipo dá-se o nome de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Nesse sentido a, temos o pensamento do autor Fábio Konder comparato: "aliás, essa desconsideração da personalidade jurídica não atua apenas no sentido da responsabilidade do controlador por dívidas da sociedade controlada, mas também em sentido inverso, ou seja, no da responsabilidade dessa última por atos do seu controlador. A jurisprudência americana, por exemplo, já firmou o princípio de que os contratos celebrados pelos sócios único, ou pelo acionista largamente majoritário em benefício da companhia, mesmo quando não foi a sociedade formalmente parte do negócio, obrigam o patrimônio social uma vez demonstrada a confusão patrimonial de fato. 12 Um exemplo da teoria menor está tipificado no parágrafo 5º do artigo 28 do código de defesa do consumidor e no artigo 4º da lei de defesa do meio ambiente: 23 Artigo 4°: "poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade domeio ambiente".13 A teoria maior é a regra geral e vigente em nosso ordenamento jurídico, exigindo a comprovação do desvio de finalidade, prova de insolvência ou da confusão patrimonial para que, só neste momento, seja desconsiderada a personalidade jurídica para o caso específico. Após definir a teoria maior, doutrinadores subdividiram em paralelo objetivo e paralelo subjetivo. No paralelo objetivo pouco importa o elemento da fraude, a confusão patrimonial é considerada suficiente para desconsideração. O paralelo subjetivo conclui que deve haver uma demonstração de abuso da personalidade jurídica, seja por meio da fraude ou pelo desvio da finalidade atribuído a personalidade jurídica. Para os adeptos da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica é reconhecido como aplicação objetiva do desvendamento, existindo completo desprezo a forma jurídica, sendo suficiente apenas a demonstração da insolvência da empresa e não a satisfação do crédito. Por não possuir respaldo legal na consolidação de leis trabalhista é aplicado subsidiariamente o artigo 50 do código civil. Essas teorias não possuem respaldo legal na consolidação de leis trabalhistas sendo assim é aplicado subsidiariamente o artigo 50 do código civil. Marcelo Terra Reis (2022, p. 125) diz que alguns magistrados fundamentam que a sociedade, no momento de sua constituição, assume os riscos da atividade econômica para adotar a teoria menor, porém toda atividade econômica possui risco. Como já foi estudado, a regra geral adotada em nosso ordenamento jurídico é a prevista no artigo 50 do código civil, ou seja, a teoria maior, salvo e situações excepcionais previstas em leis especiais. III) outro tipo de aplicação da disregard doctrine no direito brasileiro é a teoria expansiva da desconsideração, essa nomenclatura é em virtude de afetar quando afastada a autonomia patrimonial os bens dos sócios ocultos, aqueles que não participam do controle societário e que não consta no contrato social, porém participam sem ser notados das atividades empresariais. Um exemplo prático da aplicação ocorre quando se põe a frente da empresa, com intuito de fraude, são chamados "laranjas", para representar aquela pessoa que não quer aparecer como sócio controlador. O professor Rafael Mônaco que atribuiu a atual definição desta teoria. A jurisprudência já admite o uso da teoria expansiva para atingir outras empresas, como ilustra o seguinte caso: “Em ação de execução movida em face da empresa A, por empresa B, a exequente verifica a dissolução irregular da executada, e tem ciência de que 24 a sociedade C, constituída por alguns sócios da sociedade A, exerce suas atividades no mesmo domicilio da executada, dissolvida irregularmente. Neste caso, admite-se a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade C, de forma expansiva, para atingir os sócios ocultos, verdadeiros ‘testas de ferro’ da sociedade executada, a fim de coibir eventual fraude. 14 2.3. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA O novo código de processo civil tem um artigo específico, que prevê a possibilidade de seguir um incidente de desconsideração da personalidade jurídica, diferentemente do antigo código que não prévia este instituto. O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei e será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. Há duas modalidades de desconsideração da personalidade jurídica, a primeira é em sentido estrito, que consiste /em tratar-se como sendo da sociedade o patrimônio do sócio, com o objetivo de atingi-lo, fazendo com que o mesmo responda pelo deveres e obrigações da sociedade. Por ouro lado temos a desconsideração inversa, que atinge o patrimônio da sociedade, utilizando o patrimônio para responder pelas dividas dos sócios. O incidente da desconsideração inversa apresenta a possibilidade de utilizar a desconsideração da personalidade jurídica com a finalidade de alcançar o patrimônio da sociedade, em decorrência dos atos praticados pelos sócios, que atuaram de forma que ocultasse seus bens nas sociedades, afastando o princípio da autonomia patrimonial, responsabilizando de forma inversa à sociedade. Assim como ensina Fábio Ulhôa Coelho: Em síntese, a desconsideração é utilizada como instrumento para responsabilizar sócio por dívida formalmente imputada à sociedade. [...] A fraude que a desconsideração invertida coíbe é, basicamente, o desvio de bens. O devedor transfere seus bens para a pessoa jurídica sobre a qual detém absoluto controle. Desse modo, continua a usufruí-los, apesar de não serem de sua propriedade, mas da pessoa jurídica controlada”. 15 A desconsideração inversa da personalidade jurídica ocorre na hipótese que o sócio controlador concentro seus bens, recursos, direitos e obrigações a sociedade em que ele faz parte, a teoria da desconsideração inversa será aplicada para tornar sem efeito a transferência indevida do patrimônio do sócio para a sociedade. 25 Mesmo a desconsideração sendo inversa é necessário que haja abuso da personalidade jurídica, nesse sentido inverso, conclui Marlon Tomazette que: "com efeito, é possível com sócio usa uma pessoa jurídica para esconder o seu patrimônio pessoal dos credores, transferindo-o por inteiro a uma pessoa jurídica e evitando com isso o acesso dos credores a seus bens”. 16 Em muitos destes casos, será possível visualizar fraude ou a confusão patrimonial e em razão disso, vem sendo administrada a desconsideração inversa para responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio. A ministra Nancy andrighi conceituou o tema, como se vê na ementa a trecho do recurso especial n ° 948.117- MS ( 2007/0045262-5) : “ PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. POSSIBILIDADE. I – A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento do recurso especial. Súmula 211/STJ. II – Os embargos declaratórios têm como objetivo sanear eventual obscuridade, contradição ou omissão existentes na decisão recorrida. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal se pronuncia de forma clara e precisa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão, como ocorrido na espécie. III – A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador. IV – Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma. V – A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, 26 poderá o juiz, no próprio processo de execução, “levantar o véu” da personalidade jurídica para que o ato de expropriação atinja os bens da empresa. VI – À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição,entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular. VII – Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição, afigurou-se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios fundamentos. Recurso especial não provido. 17 A desconsideração da personalidade jurídica tem o objetivo de coibir fraudes e abuso da pessoa jurídica, a desconsideração inversa busca proteger a sociedade como se fosse pessoa natural. 2.4. PRESSUPOSTOS ENCONTRADOS NO DIREITO MATERIAL De acordo com o que determina o artigo 133, § 1º, deve ser observado os pressupostos relacionados a desconsideração da personalidade previstos em lei, os pressupostos mais importantes são: Artigo 50 do código civil: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”. 18 Artigo 28 do código de defesa do consumidor: “O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”. 19 Artigo 34 da lei 12. 529/2011 “A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social”. 20 Artigo 116, parágrafo único do código tributário nacional: “A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação 27 tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. 21 Os requisitos legais para desconsideração da personalidade jurídica estão previstos no artigo 50 do código civil, são basicamente dois requisitos, quando ocorrer confusão patrimonial ou quando ocorrer desvio de finalidade. A confusão patrimonial ocorre quando os sócios usam os bens da empresa para fins particulares, o desvio de finalidade ocorre quando a empresa é usada com a finalidade social diversa. O novo código de processo civil trouxe em seu artigo 133 e seguintes, alguns procedimentos que devem ser respeitados, para que a desconsideração da personalidade jurídica ocorra, o caput do artigo 133 dispõe que o incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do ministério público, quando lhe couber intervir no processo, Portanto, a desconsideração não é mais feita no próprio processo principal, será instaurado apenso se tornando o incidente de desconsideração da personalidade jurídica sendo processado os fatos que podem ensejar a desconsideração de determinada empresa O artigo 134 determina que o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. Sendo assim uma novidade legislativa, pois o incidente de desconsideração pode ser instaurado em qualquer momento do processo, normalmente ocorre na fase de execução. O credor pode agora em qualquer momento requerer a instauração deste incidente processual trazendo os fatos para que o juiz análise se é o caso ou não de desconsideração de personalidade jurídica. O parágrafo 2º do artigo 134 dispensa a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. Por força do parágrafo segundo a desconsideração pode ser requerida na própria petição inicial, neste caso não haverá o incidente processual e o juiz citar a o sócio e a própria pessoa jurídica. O parágrafo terceiro dispõe que se instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, enquanto não for resolvido o incidente o processo será suspenso, salvo se o pedido for feito na inicial. Instaurado o incidente de desconsideração o artigo 135 determine que o sócio ou a pessoa jurídica deve ser intimada no prazo de 15 dias para que possa responder 28 e também requerer as provas que ele entender cabível. Após concluída a instrução o incidente será resolvido por decisão interlocutória, da qual, cabe recurso de agravo de instrumento. 3. POSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO PROCESSO ARBITRAL Autonomia da vontade é o pilar fundamental da arbitragem, a jurisdição arbitral nasce de um acordo de vontade, que partir do consentimento inequívoco das partes plenamente capazes se submetem a resolução de conflito de direito patrimonial disponível a terceiros imparciais na justiça privada, que são os árbitros. Assim como destaca Carmona: "A convenção arbitral, que produz efeitos contundentes, tem como contrapartida que demonstrar de forma clara e inequívoca vontade dos contratantes de entregar a solução de litígio (atual ou futuro, não importa) à solução de árbitro. O efeito severo de afastar a jurisdição do Estado não pode ser deduzido, imaginado, intuído ou estendido. O consentimento dos interessados é essencial. Assim, mesmo que o árbitro perceba a confusão patrimonial entre sociedades do mesmo grupo, não creio possível a inclusão na arbitragem de sociedade que não tenha celebrado o compromisso arbitral (ou que não seja signatário do contrato onde está inserida a cláusula compromissória)". 22 A desconsideração da personalidade jurídica na arbitragem é um fundamento para se estender a eficácia da cláusula compromissória e da convenção de arbitragem a terceiros que não ratificou expressamente a convenção de arbitragem, ou seja, se a pessoa não assinou o contrato que contém a cláusula compromissória, mas de alguma forma participou da elaboração ou execução do contrato, ele pode no futuro, dependendo do caso concreto, ser incluído na arbitragem. Quando for caso de desconsiderar a pessoa jurídica, pode o tribunal arbitral aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de terceiros que não assinaram a cláusula compromissória? O raciocínio formalista responde de forma negativa, pois a cláusula arbitral só valeria para quem assinar o contrato onde ela está inserida. Já o raciocínio funcional responderá no sentido oposto pois a teoria da desconsideração da personalidade jurídica ignora formalidades para imputar obrigação a pessoa que está fora da relação jurídica. A doutrina nacional está dividida no que diz respeito a este tema, Carlos Alberto Carmona defende que não pode ser aplicada a desconsideração no 29 procedimento arbitral, pois atinge terceiro que não concordou em afastar a prestação jurisdicional, Arnold Wald acredita que existe a possibilidade de desconsideração nos casos em que se verifica o abuso na utilização da pessoa jurídica paralisar direitos pleiteados no processo arbitral. O artigo 50 do código civil trata a desconsideração da personalidade jurídica. Como uma sanção por ato ilícito para responsabilizar sócios de uma pessoa jurídica, como fundamento a extensão da cláusula compromissória. Algumas teorias reconhecidas nacional e internacionalmenterevelam o suposto consentimento Tácito de determinado sujeito com a cláusula compromissória, ainda que não seja manifestado expressamente a escolha da arbitragem, esta hipótese de ampliação nos limites subjetivos da arbitragem é uma exceção à regra pois costuma ser referida pela doutrina como extensão subjetiva dos efeitos da cláusula arbitral a terceiros não signatários. 23 Nas cortes brasileiras teve um caso de grande relevância o caso CONTINENTAL Vs. SERPAL, o debate foi sobre a ampliação subjetiva do polo passivo da arbitragem tendo como objetivo a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. A empresa continental do Brasil produtos automotivos Ltda. e SERPAL Engenharia e construtora Ltda. firmaram um contrato de construção civil, cujo objetivo seria realizar obras de expansão na fábrica de pneus da continental localizada na Bahia. O contrato que continha a cláusula compromissória, teria sido descumprido pela SERPAL, que ensejou a instauração de um processo arbitral. Antes mesmo da instauração da arbitragem, a continental propôs uma medida cautelar de arresto contra a SERPAL no poder judiciário, pleiteando uma liminar para desconsiderar a personalidade jurídica da SERPAL, com a finalidade de atingir bens de seu sócio controlador, dos filhos e das empresas interpostas, que teriam recebido bens fraudulentos do controlador. Esta medida segundo a CONTINENTAL teve o intuito de resguardar a eficácia da futura sentença arbitral. O pedido de arresto foi concedido liminarmente em primeiro grau, o tribunal arbitral declinou da competência para analisar e decidir sobre os bens de terceiros atingidos pela desconsideração da personalidade jurídica da SERPAL, entre outros trechos desta decisão, destaca-se o seguinte: "A questão do abuso da personalidade jurídica da requerida por terceiros não há da jurisdição dos árbitros, mas, sim, do juiz togado, pois se refere ao momento da execução da sentença arbitral". 30 O juiz estatal proferiu a sentença julgando procedente o pedido cautelar de arresto, julgando procedente a liminar em favor da CONTINENTAL, a disputa chegou ao Superior Tribunal de Justiça, por meio do recurso especial interposto pela SERPAL, que foi distribuído ao ministro Marco Aurélio Bellizze, na Terceira Turma (REsp n.º 1.698.730-SP). O Relator identificou dois pontos a serem enfrentados no julgamento do recurso especial no que diz respeito ao mérito. O primeiro relativo a necessidade de ajuizamento, no prazo legal de 30 dias, de ação principal perante o juízo arbitral contra todos os demandados sob pena de perda de eficácia da tutela a ela concedida. O segundo, Acerca da necessidade de apreciação pelo juízo arbitral do pedido de desconsideração da personalidade jurídica da SERPAL. O voto do ministro reconhece que as instâncias ordinárias não deveriam ter prosseguido com julgamento da medida cautelar dado que a atuação do poder judiciário em ações arbitrárias tem a natureza precária e provisória, segundo o relator cabe ao juiz estatal remeter os autos ao juízo arbitral. O relator também enfatiza que o bloqueio de bens não teria apenas a finalidade de antecipar os efeitos de futura decisão arbitral, pois não tem natureza satisfativa e definitiva. O principal fundamento da decisão do relator foi: "por recair sobre bem de terceiros, o que só se viabilizaria pela pretendida desconsideração da personalidade jurídica da empresa SERPAL, a correlata matéria deveria, necessariamente, ser produzida na ação principal, em tramitação perante o juízo arbitral, pois, do contrário, os efeitos subjetivos da vindoura sentença arbitral não os alcançaria". A CONTINENTAL não se insurgiu contra a decisão do tribunal arbitral que declinou da competência para analisar decisão judicial liminar, que poderia ter sido feita via ação anulatória, diante da não propositura da ação, houve decadência. O relator iniciou a fundamentação do seu voto pontuando que a cautelar de arresto seria indissociável independente de uma pretensão principal, sendo assim a desconsideração da personalidade jurídica deveria ser submetida ao juízo arbitral. O relator ainda observou que: “a qualidade de contratante e de signatário do compromisso arbitral resulta, não dá simples denominação que as partes a ele atribuído o documento mas também da substância das relações que o emergem do contrato, reconhecendo o consentimento Tácito arbitragem em situações que, um terceiro, utilizando-se do seu poder de controle para a realização do 31 contrato, no qual a estipulação de compromisso arbitral, e, em abuso de personalidade da pessoa jurídica, é determinado que este ajuste, figura e formalmente, com manifesto propósito de prejudicar outro contratante evidenciado por exemplo, por atos de dissipação patrimonial em favor daquele”. Tal entendimento seria de rigor pois, prevaleceria a ideia que as partes que formalmente a subscrevem. "O processo arbitral servirá de escudo para evitar a responsabilização de terceiro que laborou em fraude verdadeiro responsável pelas obrigações ajustadas inadimplidas, notando-se o instituto da desconsideração da personalidade jurídica-remédio jurídico idôneo para contornar esse tipo de proceder fraudulento- não puder ser submetido ao juízo arbitral". O voto do ministro Bellizze foi no sentido de ser possível ao juízo arbitral decidir pela existência do consentimento implícito a cláusula compromissória por terceiro quando a parte formalmente contratante agir em abuso da personalidade jurídica, quando houver fraude ou má-fé, quando ocorrer alguma dessas hipóteses seria factível ao terceiro sofrer os efeitos da sentença arbitral. O recurso especial da SERPAL foi provido para diante do exaurimento da jurisdição estatal e da decadência da medida cautelar extinguir, sem resolução do mérito. A ministra Nancy apresentou um voto divergente, defendendo que não caberia ao tribunal arbitral apreciar a decisão do juiz estatal sobre a desconsideração da personalidade jurídica, alegando pena de violação à lei de arbitragem brasileira." Pois tal incidente tem a finalidade precípua de preservar íntegro o patrimônio da empresa, ou seja, trata-se de uma medida conservativa-para posterior cumprimento de eventual sentença arbitral condenatória" Tal divergência foi ratificada pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, mas prevaleceu o voto do relator. A desconsideração da personalidade jurídica na arbitragem teve grande repercussão na fase de cumprimento da sentença, inaugurada pela continental, vencedora da arbitragem contra SERPAL. A CONTINENTAL não incluiu a ser pau no polo passivo de cumprimento de sentença, apenas o sócio controlador, os filhos e as sociedades a ele relacionada direta ou indiretamente. Os executados impugnaram o cumprimento de sentença alegando que contra eles inexistia título executivo e que a sentença arbitral seria nula por falta de intimação do administrador judicial. O juiz de primeiro grau acolheu as impugnações, extinguiu cumprimento da sentença sem resolução de mérito, reconheceu a ilegitimidade passiva dos 32 executados, ausência de título executivo contra eles e a nulidade do título, por ser inexigível. Ademais, a CONTINENTAL deveria habilitar o seu crédito nos autos da falência da SERPAL e lá postular a desconsideração da personalidade jurídica da massa falida a fim de arrecadar o patrimônio particular dos sócios. O tribunal de justiça do Estado de São Paulo teve a sentença confirmada por votação unânime. 3.1. A DESCONSIDERAÇAO DA PESSOA JURIDICA E A POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DOS FEITOS DA EXECUÇAO DA SENTENÇA ARBITRAL A TERCEIROS. Como já visto anteriormente a desconsideração da personalidade jurídica ocorrer a requerida pelos interessados, se comprovados os requisitos basilares, se for comprovada a ocorrência de uma dessas condições, será afastadaa autonomia patrimonial para que os bens particulares dos sócios sejam afetados pelos efeitos da execução. Na legislação processual vigente a desconsideração ocorre geralmente em fase executória, decretada por meio de uma decisão judicial, exemplo disto é a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica desta forma pelo STJ em REsp 1266666, permitindo que os bens fossem alienados, sem previa participação no processo: PROCESSO CIVIL. FALÊNCIA. EXTENSAO DE EFEITOS. POSSIBILIDADE. PESSOAS FÍSICAS. ADMINISTRADORES NAO- SÓCIOS. GRUPO ECONÔMICO. DEMONSTRAÇAO. DESCONSIDERAÇAO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CITAÇAO PRÉVIA. DESNECESSIDADE. AÇAO REVOCATÓRIA. DESNECESSIDADE. 1. Em situação na qual dois grupos econômicos, unidos em torno de um propósito comum, promovem uma cadeia de negócios formalmente lícitos, mas com intuito substancial de desviar patrimônio de empresa em situação pré-falimentar, é necessário que o Poder Judiciário também inove sua atuação, no intuito de encontrar meios eficazes de reverter as manobras lesivas, punindo e responsabilizando os envolvidos. 2. É possível ao juízo antecipar a decisão de estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas na hipótese em que, verificando claro conluio para prejudicar credores, há transferência de bens para desvio patrimonial. Inexiste nulidade no exercício diferido do direito de defesa nessas hipóteses. 3. A extensão da falência a sociedades coligadas pode ser feita independentemente da instauração de processo autônomo. A verificação da existência de coligação entre sociedades pode ser feita com base em elementos fáticos que demonstrem a efetiva influência de um grupo societário nas decisões do outro, independentemente de se constatar a existência de participação no capital social. 4. O contador que presta serviços de administração à sociedade falida, assumindo a condição pessoal de administrador, pode ser submetido ao decreto de extensão da quebra, independentemente de ostentar a qualidade de sócio, notadamente nas hipóteses em que, estabelecido profissionalmente, presta tais serviços a diversas empresas, desenvolvendo atividade intelectual com elemento da empresa. 5. Recurso especial reconhecido, mas não provido.24 33 O principal requisito da cláusula compromissória está previsto no artigo 4º da lei de arbitragem e diz que a clausula deve estar prevista de forma expressa no contrato. Sendo assim sem a estipulação de cláusula por escrito ou sem aderência dos demais sócios a execução da sentença arbitral não terá efeito e não atingirá os demais sócios que não aceitaram a arbitragem como meio para dirimir possíveis conflitos. Alguns sócios podem alegar que pelo fato de não terem pactuado com este modo de solução de conflitos, não poderá sofrer os efeitos oriundos de uma eventual execução do título judicial (sentença arbitral), porém nosso ordenamento jurídico entende que a execução poderá alcançar os casos citados acima, estendendo os efeitos da execução. Em um julgado a segunda Câmara cível, do tribunal de justiça do Estado do Rio de janeiro entendeu estarem presentes, motivos que levaram a agravante pedir a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica da sociedade em questão, para que os sócios que não faziam mais parte do quadro social da empresa tivessem seus bens afetados pelos efeitos da execução. “DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL INSTAURADA HÁ APROXIMADAMENTE DEZ ANOS, NÃO SE CONSEGUINDO CITAR A EXECUTADA. PESSOA JURÍDICA DEMANDADA QUE PROMOVEU DIVERSAS ALTERAÇÕES DE DENOMINAÇÃO, DE COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA E DE ENDEREÇO, NÃO SENDO ENCONTRADA, ASSIM COMO NÃO SÃO ENCONTRADOS SEUS SÓCIOS, NEM SE CONSEGUINDO LOCALIZAR BENS QUE POSSAM SER APREENDIDOS. DESVIO DE FINALIDADE DA PESSOA JURÍDICA, A CONFIGURAR ABUSO DESSA PERSONALIDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS PARA A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, A QUAL É DEFERIDA. PROVIMENTO DO RECURSO. (...) Além disso, o exame dos autos mostra que não foram encontrados, até hoje, os sócios da executada, sendo certo que a composição societária já foi por diversas vezes alterada, havendo entre os sócios e ex-sócios até mesmo pessoas jurídicas sediadas em país estrangeiro. O art. 50 do Código Civil é expresso em afirmar que a desconsideração da personalidade jurídica deverá ocorrer sempre que houver abuso de tal personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Pois como leciona o eminente Desembargador e Professor Nagib Slaibi Filho (A desconsideração da pessoa jurídica no novo Código Civil, artigo publicado em http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/Nagib%20Slaibi%20Filh o%20- formatado.pdftt://...//ti/iliiilft.f, acesso em 15 de abril de 2014), pode-se “considerar o desvio de finalidade como a utilização de meios ou a busca de fins que não vão a favor da pessoa jurídica, mas a favor de outrem, sócio ou qualquer beneficiário. (...) Diante de tais considerações, DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO para, deferida a desconsideração da personalidade jurídica da executada, determinar- se a inclusão no processo, devendo ser citados, todos os sócios atuais, assim como os sócios anteriores, desde a data da constituição do título executivo, prosseguindo o processo como de direito. ” Diante da decisão acima transcrita, é possível constatar que o poder judiciário já vem se posicionando a este tema, no sentido de ser viável a aplicação da desconsideração ainda que a execução seja oriunda de um julgamento proferido pelo tribunal arbitral. 34 3.2. CLÁUSULA DE ARBITRAGEM POR ESCRITO E ASSINADA: REQUISITOS FORMAIS O artigo 4º parágrafo 1º da lei de arbitragem estabelece que "a cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo ser inserida no próprio contrato ou em documento apartado. Em âmbito internacional o artigo segundo, da convenção de Nova Iorque (1958), determina que os estados signatários deverão reconhecer para efeito de convenção, “acordo escrito", consistente em cláusula compromissória. A doutrina e a jurisprudência discutem se a exigência de documento escrito seria da natureza do ato- ad substantiam -, ou requisito meramente probatório. J.E. Carreira Alvim entende que a cláusula compromissória não precisa ser revista de determinada forma, deve apenas demonstrar situação inequívoca da arbitragem para ambas as partes. Em contrapartida Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery (NERY,2007, p. 1395) sustentam que: "A cláusula compromissória deve ser pactuada dentro de outro contrato, sendo da essência do ato a forma escrita". Nos autos da sentença estrangeira contestada n° 6753-7, o supremo tribunal federal julgou procedente a validade da cláusula de arbitragem inserida em um contrato de compra e venda não assinado pela parte compradora. Após o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, transferindo a competência para homologar as sentenças estrangeiras para o Superior Tribunal de Justiça, este Tribunal, no julgamento da Sentença Estrangeira Contestada nº 856-GB, manifestou-se no sentido de que a apresentação da cláusula compromissória devidamente assinada não seria requisito para a validade da arbitragem. 3.3. APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA NA ARBITRAGEM EM AMBITO INTERNACIONAL A doutrina e a jurisprudência internacional vêm admitindo a utilização da teoria da desconsideração da personalidade jurídica no âmbito da arbitragem, estendendo o efeito da cláusula compromissória para as partes que não são signatários em casos excepcionais. A doutrina majoritária entende que os ordenamentos jurídicos mais desenvolvidos, requer os efeitos da cláusula de arbitragem para uma parte não 35 signatária com fundamento na teoria da desconsideração da personalidade jurídica, promovendo evidências de que uma empresa exerça ações rotineiras de outra ou exercia esse poder para fraudar terceiro. Paratítulo de exemplo temos o caso Dallah Real Estate Co. v. The Ministry of Religious Affairs, Gov. of Pakistan, uma empresa Saudita negociou com o ministério dos assuntos religiosos do governo paquistanês um contrato de aquisição de residência para abrigar peregrinos, após assinar o memorando de entendimento entre as partes o presidente do Paquistão insistiu para dar seguimento ao negócio que deixou de existir pois não houve promulgação do decreto presidencial pelo parlamento. Antes da extinção havia sido celebrado com a Dallah um contrato para cumprimento ao memorando de entendimento, e nesse contrato continha uma cláusula de arbitragem o tribunal arbitral decidiu que, apesar de não ser parte do contrato, o governo paquistanês se encontrava vinculado pela cláusula de arbitragem. A Dallah promoveu a execução da decisão arbitral na Inglaterra e na França, chegando a resultados distintos quanto à questão do reconhecimento da sentença. De um lado, a UK Supreme Court, Concluiu que a convenção de arbitragem não vincular o governo paquistanês, sendo que o mesmo não era parte no contrato, de outro lado, a Cour d' Apppel , que considerou que o governo paquistanês, através do ministério dos assuntos religiosos "se comportou como se o contrato fosse seu [...] e como a verdadeira parte paquistanesa". De acordo com o tribunal francês, o governo paquistanês deveria ser atingido pelos efeitos da cláusula compromissória, a corte francesa entendeu, portanto, a possibilidade de extensão dos efeitos da cláusula de arbitragem a terceiro não signatário do contrato. Também temos o caso Dow Chemical v. Isolver Saint-Gobain, em que a controladora americana - Dow USA - de uma subsidiária francesa - Dow France – que procurou beneficiar-se de uma cláusula de arbitragem inserida em contrato celebrado pelas suas afiliadas - Dow AG e Dow Europe - com terceiros. Tendo em vista a rejeição da contraparte em aceitar o ingresso da controladora no procedimento arbitral, o tribunal foi chamado a responder à questão da vinculação da controladora não signatária ao contrato. Ao decidir pela possibilidade de ingresso da controladora ao procedimento, o tribunal arbitral citou vários indícios de que havia uma intenção comum entre todas as partes na conclusão do contrato, de modo que 36 seria possível a extensão dos efeitos da cláusula de arbitragem no caso específico. Os árbitros, no referido caso, preocuparam-se mais com a realidade econômica dos contratos do que com meros formalismos jurídicos. Ainda há várias decisões que invocam a teoria da desconsideração da pessoa jurídica no âmbito da arbitragem, principalmente para reagir a ocorrência de abusos e fraudes em casos em que a parte não tem patrimônio suficiente para honrar seus compromissos e a operação foi realizada em virtude da credibilidade da sua controladora. A jurisprudência internacional admite a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito da arbitragem, desde que, esteja presente todos os pressupostos, A teoria da desconsideração visa coibir o mau uso da pessoa jurídica caracterizada pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, de modo que a parte, tendo abusado da pessoa jurídica, ainda venha a dela poder se aproveitar para esquivar-se do cumprimento da obrigação de resolver seu conflito pela via arbitral. 37 CONCLUSÃO A arbitragem é um método utilizado para a resolução de controvérsias existentes, tendo como fundamento a autonomia da vontade das partes, que optam por se submeter ao processo arbitral. O crescimento da arbitragem se dá em razão das características e vantagens do instituto. A Lei de Arbitragem confere ao instituto natureza jurídica jurisdicional, assim, a sentença proferida pelo juízo arbitral forma título executivo judicial. Este mesmo diploma legal também estabelece limites à solução dos conflitos por meio do processo arbitral. Assim, somente pessoas capazes de contratar poderão submeter conflitos patrimoniais e disponíveis ao juízo arbitral. Com a criação da pessoa jurídica, surgiram fraudes se utilizando da autonomia patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica é a forma por meio da qual se supera os limites do patrimônio da pessoa jurídica a fim de atingir o patrimônio dos sócios, Por fim, podemos observar que a questão da desconsideração da personalidade jurídica em procedimentos arbitrais no Brasil envolve temas que são abordados sob respectivas distintas, a teoria da desconsideração é discutida desde a década de 60, sendo utilizada como mecanismo funcional sobre o instituto da pessoa jurídica para afastar o formalismo e as hipóteses em que houver abuso de direito ou fraude, na arbitragem a questão é mais recente no Brasil, pois o problema da extensão da cláusula arbitral a terceiro suscita grandes dúvidas e controvérsias. A teoria da desconsideração da pessoa jurídica em relações civis e empresariais já é positivada em nosso sistema jurídico e a jurisprudência aplica sempre que for necessário. REFERÊNCIAS ¹ CARMONA, Carlos Alberto. A Arbitragem e Processo² BRASILIO, Ana Tereza Palhares e FONTES, André R.C. Notas introdutórias sobre natureza jurídica da arbitragem, 2007Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2007-jul- 38 31/notas_introdutorias_natureza_juridica_arbitragem#:~:text=A%20base%20das%20 Teorias%20Privatistas,tomar%20todo%20o%20seu%20conte%C3%BAdo.&text=Em %20resumo%3A%20seria%20a%20arbitragem,o%20enquadramento%20privado%2 0da%20arbitragem >. Acesso em: Acesso em 09 de outubro de 2020. ³ ROCHA, José de Albuquerque. Lei de Arbitragem: uma avaliação crítica. 1ª Ed.. São Paulo: Atlas, 2008. 4 Legislação Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4311.htm>. Acesso em: 09 de outubro de 2020. 5 Súmula 485/STJ - 01/08/2012. Disponível em: < https://www.legjur.com/sumula/busca?tri=stj&num=485>. Acesso em: 09 de outubro de 2020. 6 TELLECHEA, Rodrigo. Arbitragem nas Sociedades Anônimas: Direitos Fundamentais e Princípio Majoritário. São Paulo: Quartier Latin, 2016, p. 377. 7 CARVALHOSA, Modesto de Souza Barros. Comentários à lei das Sociedades Anônimas. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 357 8 Legislação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 09 de outubro de 2020. 9 BUSHATSKY, Daniel. Desconsideração da personalidade jurídica. Enciclopédia jurídica da PUC. 2018 disponível em: < https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/229/edicao-1/desconsideracao-da- personalidade-juridica> Acesso em: 09 de outubro de 2020. 10 ARAUJO, Paula Tadeu de Faria Assis. Dos requisitos para o deferimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica conforme do entendimento do STJ: da adoção da teoria maior. Migalhas.2019. Disponível em: <https://migalhas.uol.com.br/depeso/302492/dos-requisitos-para-o-deferimento-do- incidente-de-desconsideracao-da-personalidade-juridica-conforme-do-entendimento- do-stj--da-adocao-da-teoria-maior> Acesso em: 11 de outubro de 2020. 11 MORAIS, Mítia Cândido. A norma antielisiva e os limites da desconsideração da personalidade jurídica no direito tributário brasileiro. Jus. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/51359/a-norma-antielisiva-e-os-limites-da-desconsideracao- da-personalidade-juridica-no-direito-tributario- https://www.legjur.com/sumula/busca?tri=stj&num=485 file:///C:/Users/Usuário/Desktop/direito%2010-10/tcc/BUSHATSKY,%20Daniel.%20Desconsideração%20da%20personalidade%20jurídica.%20Enciclopédia%20jurídica%20da%20PUC.%202018%20disponível%20em:%20%3c%20https:/enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/229/edicao-1/desconsideracao-da-personalidade-juridica%3e%20Acesso%20em:%2009%20de%20outubro%20de%202020.%0d file:///C:/Users/Usuário/Desktop/direito%2010-10/tcc/BUSHATSKY,%20Daniel.%20Desconsideração%20da%20personalidade%20jurídica.%20Enciclopédia%20jurídica%20da%20PUC.%202018%20disponível%20em:%20%3c%20https:/enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/229/edicao-1/desconsideracao-da-personalidade-juridica%3e%20Acesso%20em:%2009%20de%20outubro%20de%202020.%0d
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