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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS SOCIAIS E APLICADAS – CCJSA COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO Flávia Eduarda Frota Pereira Estudo de casos hipotéticos Rio Branco- Acre 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS SOCIAIS E APLICADAS – CCJSA COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO Flávia Eduarda Frota Pereira Estudo de casos hipotéticos Trabalho apresentado à Universidade Federal do Acre como requisito para obtenção de nota parcial da N2 da disciplina de Direito Internacional Docente: Allan Nunes Callado. Rio Branco- Acre 2022 Estudo de casos hipotéticos. Responda aos questionamentos abaixo, justificando a resposta e indicando o dispositivo aplicável: 1. João Augusto, brasileiro e domiciliado no Brasil, e Rosalía, mexicana e domiciliada no México, contraíram matrimônio em Miami (Flórida)/Estados Unidos da América, onde ficaram domiciliados após a união. Após algumas desavenças, o casal decidiu se separar, iniciando o processo de divórcio litigioso no Brasil. Considerando as informações do caso e levando em consideração que se trata de informação relevante para a solução do processo de divórcio, qual será a lei aplicável a respeito do regime de bens do casamento? RESPOSTA: De acordo com o art. 7º, §4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que dispõe sobre as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família, em caso de relações internacionais, o regime de bens obedecerá à lei do país em que tiveram os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. No caso em tela, João está domiciliado no Brasil e Rosalía, no México, portanto em domicílios diversos. Logo, aplicar-se-á neste caso a lei do primeiro domicílio conjugal, qual seja a lei de Miami-FL, a lei americana. Vejamos, ainda, o que entende a jurisprudência pátria sobre o tema: AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.179.037 – SP (2017/0244558-6) RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO AGRAVANTE : A H M J ADVOGADOS : PRISCILA MARIA PEREIRA CORREA DA FONSECA - SP032440 PAULO CARVALHO CAIUBY - SP097541 MATEUS DE OLIVEIRA ROSSETTI - SP272340 LUIZA TORGGLER SILVA E OUTRO (S) - SP375505 AGRAVADO : F R H ADVOGADO : LUIS HELENO MONTEIRO MARTINS E OUTRO (S) - SP234721 DECISÃO (...) CASAMENTO - Dissolução - Partilha de bens Casamento realizado no Líbano, sob o regime legal da separação total de bens (...) A espécie é regulada pelo art. 7º § 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, segundo a qual, tendo os nubentes domicílio diverso, o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem o primeiro domicílio conjugai.". (...) Assim, tendo em vista as peculiaridades do presente caso, de rigor a partilha igualitária dos bens (cinqüenta por cento para cada um), certo que a solução fixada no decisum se revelou acertada, embora por fundamento diverso. O entendimento do acórdão recorrido harmoniza-se com precedentes desta Corte a respeito do tema. Ação declaratória. Casamento no exterior. Ausência de pacto antenupcial. Regime de bens. Primeiro domicílio no Brasil. (STJ - AREsp: 1179037 SP 2017/0244558-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Publicação: DJ 06/12/2017). (Grifei) 2. Maguila, jamaicano, domiciliado nos Estados Unidos, lutador de boxe, faleceu em 10/09/2021, deixando três filhos brasileiros em Rio Branco/AC, e alguns bens móveis e imóveis a inventariar. Iniciada a ação sucessória na 2ª Vara de Órfãos e Sucessões de Rio Branco, verificou-se que a lei americana prevê a divisão por igual da herança para todos parentes até o 3º grau da linha sucessória, enquanto a lei brasileira prevê a divisão por igual entre cônjuge e filhos. Dessa forma, qual será a lei aplicável a respeito da sucessão? RESPOSTA: Segundo o art. 10 da LINDB, a sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. No presente caso, devemos levar em consideração o que dispõe o §1º do mesmo dispositivo, em que a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus, assim, tendo em vista que a lei mais benéfica é a lei nacional, com previsão legal também consagrada no art. 5º, XXXI, da Constituição Federal. Portanto, uma vez que só deixou filhos conhecidos, a divisão da herança deverá ser por igual entre eles. Aduzindo, ainda, que a capacidade para suceder, prevista no § 2º, da referida lei, não se confunde com qualidade de herdeiro. Assim, vejamos a jurisprudência: RECURSO ESPECIAL Nº 1830634 - CE (2019/0231965-3) DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INVENTÁRIO. RENÚNCIA DE HERANÇA JUNTO À JUSTIÇA DA SUÍÇA. EXTENSÃO DOS EFEITOS AO BRASIL. IMPOSSIBILIDADE NA ESPÉCIE. RECURSO IMPROVIDO. 1. A pretensão do recorrente de estender os efeitos da renúncia ocorrida na Suíça ao Brasil não merece guarida, tendo em vista que tal anseio olvida a legislação infraconstitucional e a Constituição Federal, uma vez que 'a sucessão de bens de estrangeiro situado no País será regulada pela brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus" (art. 5º, XXXI, CF/88). (...) (Grifei).
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