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Hidatidose: Doença Parasitária

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Hidatidose
Hidatidose é uma doença parasitária que acomete animais e acidentalmente o homem. É causada pela forma larval de alguns parasitos do grupo das tênias, dentre os quais o Echinococcus granulosus, que nos hospedeiros, se apresenta em forma de cistos.
O cisto hidático, estágio larval do gênero Echinococcus, agente da hidatidose cística nos humanos, já era conhecido na Antiguidade (a.C.). Porém, somente por volta de 1780, é que as "vesículas cheias de água" presentes em pacientes humanos e ovinos foram relacionadas com os pequenos parasitos do intestino delgado de cães. Na América do Sul, os primeiros relatos de hidatidose datam de 1860 e 1870, na Argentina e dez anos após, no Uruguai. No Brasil, os primeiros registros de hidatidose ocorreram no início do século XX. 
O gênero Echinococcus pertence ao filo Plathyhelminthes, classe Cestoda, família Taeniidae, sendo conhecidas quatro espécies, cujo estágio larval pode parasitar humanos.
A doença 
O homem pode ser parasitado por 4 espécies do gênero Echinococcus:
Echinococcus granulosus: 
Responsável pela hidatidose cística, tem como hospedeiros definitivos cães domésticos e canídeos silvestres e como hospedeiros intermediários ovinos, suínos e acidentalmente o homem.
Echinococcus multiloculares:
Responsável pela hidatidose alveolar. Tem como hospedeiro definitivo raposas e como hospedeiro intermediário pequenos roedores. Em humanos é potencialmente grave e geralmente fatal.
Echinococcus vogeli: 
A forma larval é responsável pela hidatidose policística, caracterizada por cistos múltiplos que podem atingir vários tecidos. Hospedeiros definitivos carnívoros silvestres e os intermediários são espécies de roedores silvestres. Os humanos adquirem acidentalmente, causando infecção generalizada.
Echinococcus oligarthus:
Responsável também pela hidatidose policística, tendo como hospedeiros definitivos felídeos silvestres e como hospedeiros intermediários roedores silvestres. Apenas com três casos registrados em humanos.
Agentes etiológicos
Echinococcus granulosus
Durante seu desenvolvimento apresenta - se em três diferentes formas: parasito adulto, presente no intestino delgado de cães; ovos eliminados com as fezes dos cães e a forma larval, conhecida como cisto hidático ou hidátide, presente nas vísceras dos hospedeiros intermediários, principalmente ovinos e bovinos. 
Parasita adulto:
Mede de 4 a 6 mm de comprimento; 
Possui 4 ventosas e um rostro armado com 30 a 40 ganchos dispostos em duas fileiras;
O colo é seguido pelo estróbilo constituídos por 3 a 4 proglotes:
A primeira proglote é imatura, com órgãos genitais ainda não desenvolvidos;
A segunda é madura, com órgãos genitais masculinos e femininos;
Na terceira proglote, que corresponde a 1/3 ou metade do estróbilo, encontra-se o útero, ocupando todo o espaço da proglote, contendo em seu interior 500 a 800 ovos.
Ovos:
Ligeiramente esféricos;
Medem 32 mc de diâmetro;
Constituídos de uma membrana externa denominada embrióforo;
Em seu interior localiza-se a oncosfera ou embrião hexacanto, onde estão presentes 6 ganchos ou acúleos.
Forma larval ou cisto hidático:
Forma arredondada, com dimensões variadas, dependendo da idade do cisto e do tecido aonde está localizada;
É formado por 3 membranas e outras estruturas (membrana adventícia, membrana anista e membrana germinativa);
Vesículas prolígeras, protoscólex ou escoléx invaginado, cistos hidáticos anômalos.
Qual a localização de cada fase de vida do parasito?
 O adulto vive no intestino dos cães. O ovo pode estar espalhado no meio ambiente (aguadas, pastagens e hortaliças) ou aderido aos pelos dos cães. A larva vive nas vísceras ou nos órgãos de animais que se alimentam de pasto e também nos humanos. Nesse caso, a hidatidose é considerada uma zoonose, termo conceituado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “infecção ou doença infecciosa transmissível, em condições naturais, dos animais vertebrados ao homem”.
Ciclo Biológico
Os ovos eliminados com as fezes dos cães, isoladamente ou dentro das proglotes grávidas, chegam ao meio ambiente, contaminando as pastagens peridomicílio e o domicilio. Esses ovos, quando eliminados, já são infectantes, permanecendo viáveis por vários meses em locais úmidos e sombrios, mas são rapidamente destruídos em locais secos e cm grande incidência de luz solar. Os ovos são ingeridos junto ao alimento e, no estômago, o embrióforo é sem digerido pela ação do suco gástrico. No duodeno, em contato com a bile, liberam a oncosfera ou embrião hexacanto, que através de seus ganchos penetra na mucosa intestinal, alcançando a circulação sanguínea venosa, chegando ao fígado e aos pulmões e, mais raramente, a outros órgãos. Após seis meses da ingestão do ovo, o cisto hidático estará maduro, permanecendo viável por vários anos no hospedeiro intermediário. Nos hospedeiros definitivos, a infecção ocorre através da ingestão de vísceras, principalmente de ovinos e bovinos com cisto hidático fértil, ou seja, cistos contendo protoscólex. Estes ao chegarem no intestino, sob ação principalmente da bile, invaginam e fixam-se a mucosa, atingindo a maturidade em dois meses, quando proglotes grávidas e ovos começam a aparecer nas fezes. Os parasitos adultos vivem aproximadamente quatro meses e, portanto, se não houver reinfecção, o cão ficará curado desta parasitose.
Patogênia 
A hidatidose é uma patologia de desenvolvimento crónico, uma vez que os quistos podem levar meses a anos para se desenvolverem. Os quistos variam de tamanho (podem atingir 20 cm de diâmetro) e podem até estar presentes em grande número em um único órgão. No Homem e restantes hospedeiros intermediários, o desenvolvimento dos quistos hidáticos acontece sobretudo no fígado e nos pulmões, podendo ser assintomático durante anos, surgindo os sinais clínicos tardiamente como resultado da disfunção dos órgãos afetados, ou mesmo nunca surgindo. 
Nas pessoas 
As pessoas podem não apresentar sintomas, pois a larva pode não ter crescido o suficiente e/ou não estar comprimindo alguma estrutura do corpo que provoque alterações. Normalmente os sintomas aparecem na vida adulta, e vão depender dos mecanismos de defesa da pessoa, da localização, da quantidade e do tamanho do(s) cisto(s) hidático(s). Localização no fígado: pode causar aumento de volume abdominal, desconforto epigástrico, náusea, obstrução do ducto biliar; Localização nos pulmões: pode causar tosse com ou sem expectoração, dificuldade respiratória; Localização no cérebro: pode causar dores de cabeça, comprometimento de atividades motoras; Localização no osso: pode ocasionar fratura.
 Os cistos hidáticos podem romper dentro do organismo, quando isso acontece, as pessoas normalmente apresentam uma reação alérgica, que pode variar de urticária (coceira) a choque anafilático, levando à morte. Nessa ruptura, os componentes internos do cisto extravasam e podem contaminar outros órgãos, provocando um processo que se chama de hidatidose secundária, dessa forma, mais larvas vão se desenvolver em outros locais.
Nos animais 
Dificilmente os cães manifestam sintomas, mesmo contaminados por grandes quantidades de Echinococcus granulosus adultos. Os herbívoros também dificilmente demonstram sintomas. A constatação da larva (cisto hidático) nas vísceras normalmente é feita quando esses animais são abatidos – na propriedade ou em matadouros-frigoríficos.
Epidemiologia
Frequente no sul e oeste dos Estados Unidos, Canadá, Alasca, Europa, Ásia, Austrália, Nova Zelândia e América do Sul.
Altas taxas no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Peru
Prevalência da parasitose em regiões de criação de ovinos pastorados por cães 
Diagnostico em humanos 
O quadro clínico de hidatidose não é específico, muitas vezes assintomático. Portanto, para um diagnóstico mais preciso, devem ser consideradas informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas. 
Clínico: as manifestações clínicas, quando presentes, são geralmente causadas pelo crescimento expressivo do cisto, que leva a compressão e aderência do órgão parasitado e das estruturas adjacentes.Nos exames físicos, dependendo do tamanho e da localização do cisto, podem ser detectadas massas palpáveis, semelhantes a tumores. Em áreas endêmicas, estes achados associados a manifestações hepáticas e pulmonares crônicas são sugestivos de hidatidose.
 Laboratorial: as avaliações laboratoriais são utilizadas tanto no diagnóstico primário da hidatidose, como no acompanhamento após o tratamento cirúrgico e/ou medicamentoso. 
Métodos de Imagem: a radiografia foi, e continua sendo, amplamente utilizada como auxiliar no diagnóstico da hidatidose. Atualmente, outras técnicas possibilitam a visualização mais detalhada dos cistos, como: ecografia, ultrassonografia, cintilografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Embora todos esses métodos produzam imagens, muitos deles com riqueza de detalhes, nem sempre são conclusivos, pela semelhança com outras patologias, como tumores. 
Laparoscopia: esta técnica cirúrgica é utilizada quando não se tem uma confirmação exata da abrangência e das condições em que se encontra o cisto hidático.
Diagnostico em animais 
O diagnóstico da equinococose canina através do exame de fezes não fornece um resultado específico, já que os cães podem estar parasitados por outras espécies de cestódeos (Muticeps multiceps, Taenia hidatigera, T. taeniformis, T. pisiformes e T. ovis), que apresentam a morfologia do ovo semelhante. Em estudos epidemiológicos, o diagnóstico é realizado através do exame morfológico do parasito adulto, obtido através da expulsão do cestódeo íntegro, após a administração de bromidrato de arecolina, ou por necropsia de cães e exame do raspado da mucosa intestinal. A técnica de ELISA de captura, para busca de antígenos nas fezes dos cães, tem sido utilizada com excelentes resultados em estudos da prevalência da equinococose. Esses coproantígenos são detectados em suspensões de fezes entre 10-20 dias após infecção e desaparecem três a quatro dias após a eliminação do parasito. Nos hospedeiros intermediários (bovinos, ovinos, suínos) o diagnóstico da hidatidose é obtido pela presença de cistos ao exame 
post-mortem, no momento do abate destes animais. Estes dados, juntamente com os de equinococose canina, são utilizados em áreas endêmicas para acompanhar a situação de risco da população humana a hidatidose.
Tratamento em humanos
O tratamento da hidatidose é realizado através de medicamentos, cirurgia e PAIR (Punção, Aspiração, Injeção e Reaspiração do cisto). Até o início dos anos 80, a cirurgia era o único tratamento da hidatidose e muitos pacientes, principalmente com cistos múltiplos, localização difícil elou cistos muito grandes, apresentavam complicações pós-cirúrgicas e recorrência de cistos. Somente com o desenvolvimento dos benzimidazóis, nos anos 70, é que o tratamento medicamentoso tornou-se possível. O primeiro fármaco utilizado no tratamento da hidatidose foi o mebendazol, que embora efetivo, tinha desvantagens pela necessidade de altas doses e tratamentos prolongados, devido à baixa absorção e aos metabólitos resultantes não apresentarem ação antihelmíntica. Posteriormente, iniciaram-se estudos com o albendazol, que mostrou-se mais eficiente e seus metabólitos (sulfoxido de albendazol) mantinham a atividade antihelmíntica.
 Tratamento Medicamentoso: a administração de fármacos é utilizada como primeira conduta no tratamento da hidatidose e como auxiliar nos tratamentos cirúrgicos e da PAIR. No tratamento da hidatidose o albendazol pode ser administrado de forma contínua (400mg em duas doses diárias durante três a seis meses), ou intermitente (400mg em duas doses diárias, em três a seis ciclos de 28 dias, com intervalos de 14 dias sem medicação). Como auxiliar nos casos cirúrgicos e da PAIR é recomendado 400mg em duas doses diárias, iniciando quatro dias antes e durante um mês após estes procedimentos. O tratamento da hidatidose utilizando a combinação do praziquantel e albendazol tem mostrado bons resultados, devido ao aumento da concentração plasmática e maior tempo de ação destes medicamentos sobre o parasito.
 Tratamento pela PAIR: este tratamento consiste na punção do liquido hidático através de aspiração e inoculação de uma substância protoescolicida (salina hitertônica, etanol, citrinidina ou sulfoxido de albendazol) e reaspiração após 10 minutos. Este tratamento é recomendado nos casos de cistos simples e múltiplos com tamanho entre 5 a 15 cm de diâmetro. A utilização da PAIR no tratamento da hidatidose requer maiores estudos, sendo contra indicada em cistos pulmonares e cerebrais.
Tratamento Cirúrgico: é método mais utilizados no tratamento da hidatidose no Brasil. É recomendado em casos de localizações acessíveis e cistos volumosos, sendo necessário a dessensibilização prévia do paciente para evitar processos alérgicos ou anafiláticos.
Tratamento nos animais 
O praziquantel é utilizado com bons resultados sobre a forma adulta de E. granulosus em cães, tanto no tratamento como na profilaxia desta parasitose. Após a administração do medicamento é recomendado prender os animais por 24 horas e todas as fezes eliminadas devem ser incineradas, para evitar a contaminação do ambiente com ovos deste parasito.
Profilaxia 
As ações propostas na profilaxia da hidatidose e equinococose têm como objetivo romper a transmissão desta zoonose e prevenir a infecção humana. Isto pode ser conseguido através de: conscientizar a população rural sobre esta parasitose, vias de transmissão e as medidas de controle, salientando que esta orientação deve iniciar já com as crianças em idade escolar;
 não alimentar cães com vísceras cruas de ovinos, bovinos e suínos (no caso de utilizá-las na alimentação dos cães, estas devem ser bem cozidas);
 incinerar as vísceras parasitadas dos animais abatidos; tratar periodicamente, com anti-helmínticos, todos os cães da propriedade; 
ter cuidados com higiene pessoal, lavando as mãos antes de ingerir alimentos e depois de contato com cães; impedir o acesso de cães em hortas e reservatórios de água;
 lavar frutas e verduras com água corrente; evitar contato direto com cães não-tratados;
 realizar o controle de insetos, principalmente moscas e baratas, que podem carrear ovos; 
inspecionar os animais abatidos nos abatedouros; 
construir abatedouros domiciliares para ovinos e suínos, visto estes serem mais comumente abatidos nas propriedades rurais, impedindo o acesso dos cães ao local de abate; 
 manter somente o número necessário de cães as atividades da propriedade. 
Vacinas 
A profilaxia da hidatidose através de vacinas nos hospedeiros intermediários tem mostrado resultados animadores. Um estudo conduzido na Nova Zelândia, Austrália, China e Argentina, com ovinos vacinados com a proteína recombinante EG95, mostrou proteção de 95%, com imunidade transferida aos cordeiros através do colostro das mães vacinadas.

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