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1 - Aspectos culturais e sócio regionais

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FACULDADE DOM ALBERTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS CULTURAIS E SOCIAIS 
REGIONAIS 
 
 
 
 
 
SANTA CRUZ DO SUL – RS 
 
 
2 
 
1 SOCIEDADE 
De modo geral, a sociedade é uma condição universal da vida humana. Esta 
universalidade admite uma interpretação biológica ou instintual, e outra simbólico-moral, ou 
institucional. Assim, a sociedade pode ser vista como um atributo básico, mas não 
exclusivo, da natureza humana: somos geneticamente predispostos à vida social; a 
ontogênese somática e comportamental dos humanos depende da interação com seus 
conspecíficos; a filogênese de nossa espécie é paralela ao desenvolvimento da linguagem 
e do trabalho (da técnica), capacidades sociais indispensáveis à satisfação das 
necessidades do organismo. 
O indivíduo tem, para si, claras as características que o diferencia dos demais, como 
seus fatores biológicos, seu corpo físico, seus traços, sua psiquê que envolve emoções, 
sentimentos, volições, temperamento. Todavia, o indivíduo, como objeto de estudo da 
psicologia social e da sociologia, é considerado, segundo Ramos (2003, p. 238), da 
seguinte maneira: 
 indivíduo dentro dos seus padrões sociais, vive em sociedade, como membro do 
grupo, como “pessoa”, como “socius”. A própria consciência da sua individualidade, 
ele a adquire como membro do grupo social, visto que é determinada pelas relações 
entre o “eu” e os “outros”, entre o grupo interno e o grupo externo. 
É verdade que nem sempre o homem formou sociedades ou, ao menos, elas não eram 
estruturadas da forma como são estruturadas as sociedades atuais. Nossos ancestrais mais 
distantes comportavam-se como animais coletores, ou seja: eram nômades, não fixando 
território para viver e se alimentavam de vegetais e animais que encontravam por onde 
passavam. 
O conceito de sociedade em sociologia tem sido construído historicamente tomando 
como unidade empírica o Estado-nação e seus contornos territoriais, o campo sociológico 
se mostra seguro ao examinar diversas instituições nacionais que operam em fronteiras 
territoriais demarcadas. Contudo, essa postura analítica se traduz em uma atitude vacilante 
teoricamente diante da existência de fenômenos que transbordam as fronteiras nacionais, 
tais como corporações transnacionais, crescente fluxo de mobilidade de pessoas e ondas 
de migrações, deslocamento de capital financeiro que migra velozmente de um país para 
outro, desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação que conectam indivíduos 
AULAS 01 A 10 
 
3 
 
situados em diferentes localidades no planeta. Ao assumir que a sociedade preexiste às 
diferentes formas de relações sociais, a conduta analítica atrelada aos limites do Estado-
nação tem se mostrado incapaz de analisar as diferentes formas de relações sociais 
existentes na sociedade contemporânea. 
Ela [a sociedade] não é uma simples justaposição de indivíduos que trazem, ao 
entrar nela, uma moralidade intrínseca; mas o homem somente é um ser moral, 
porque vive em sociedade, pois a moralidade consiste em ser solidário de um grupo 
e varia como esta solidariedade (2007b, p.394). 
A sociedade é concebida, por exemplo, como uma entidade orgânica supraindividual 
que avança inelutavelmente para a morte, atravessando etapas de juventude, maturidade 
e velhice. A sociedade é entendida, quer como mera acumulação, coletânea somatória e 
desestruturada de muitas pessoas individuais, quer como objeto que existe para além dos 
indivíduos e não é passível de maior explicação. Neste último caso, as palavras de que 
dispomos, os conceitos que influenciam decisivamente o pensamento e os atos das 
pessoas que crescem na esfera delas, fazem com que o ser humano singular, rotulado de 
indivíduo, e a pluralidade das pessoas, concebida como sociedade, pareçam ser duas 
entidades ontologicamente diferentes. 
 
 
Fonte: liguesite.com.br 
https://www.liguesite.com.br/
 
4 
 
Em sentido particular, (uma) sociedade é uma designação aplicável a um grupo ou 
coletivo humano dotado de uma combinação mais ou menos densa de algumas das 
seguintes propriedades: territorialidade; recrutamento principalmente por reprodução 
sexual de seus membros; organização institucional relativamente autossuficiente e capaz 
de persistir para além do período de vida de um indivíduo; distintividade cultural. 
As sociedades são grandes redes por meio das quais as pessoas se relacionam e, 
assim, estruturam o próprio modo de vida. As regras, leis e normas surgem dessa vida 
estruturada em coletividade com o intuito de orientar a conduta humana em favor do bem-
estar de todos 
Com o passar do tempo a sociedade passou a ser identificada como um espaço no 
qual ocorrem relações de forças políticas e econômicas e múltiplas formas de dominação 
e exploração humana. Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso 
respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. 
A sociedade passa por um processo de transformações muito velozes. A 
globalização tomou conta do mundo econômico e financeiro, enquanto as ideologias, os 
partidos e os sindicatos são ainda nacionalistas e não se sustentam mais. Hoje o socialismo 
europeu passa por reforma precisando adaptar-se ao mercado e ao fenômeno da 
globalização. Há, na atualidade, uma ruptura nas relações de força entre aqueles que 
detém o poder econômico privado e os que representam os cidadãos. Junto a este 
fenômeno acontece a denominada terceira revolução industrial que é a informática, as 
biotecnologias e a inteligência artificial que transformaram completamente a forma de 
produzir, consumir, vender, trocar, aprender, de relacionar-se. Transformaram-se 
totalmente as condições de ação, isto tudo altera também a eficácia das intervenções dos 
partidos. A democracia não é só midiática, é também informática e o mercado é regulado 
pela competição. 
A vida em sociedade é uma das tarefas mais importantes que se apresenta em nossa 
condição humana. 
 
 
5 
 
2 INDIVIDUO E SOCIEDADE 
Cada indivíduo é uma unidade de ação, em primeiro lugar de si mesmo, depois da 
pequena sociedade familiar e à medida que for capaz de protagonismo, aumentará seu raio 
de ação, pois, vai encontrar sempre maior demanda para as ações que fizer. É uma força 
que, em quanto aumenta seu raio de ação, aumenta e reforça o próprio núcleo, ou seja, 
aumentando o território do seu próprio “eu”. 
Ao nascer cada indivíduo, segundo Strey (2002, p. 59), “encontra-se num sistema 
social criado através de gerações já existentes e que é assimilado por meio de inter-
relações sociais”. O homem, desde seus primórdios, é considerado um ser de relações 
sociais, que incorpora normas, valores vigentes na família, em seus pares, na sociedade. 
Assim, a formação da personalidade do ser humano é decorrente, segundo Savoia (1989, 
p. 54), “de um processo de socialização, no qual intervêm fatores inatos e adquiridos”. 
Entende-se, por fatores inatos, aquilo que herdamos geneticamente dos nossos familiares, 
e os fatores adquiridos provém da natureza social e cultural. 
O indivíduo, enquanto ser particular e social, desenvolve-se em um contexto 
multicultural, em que temos regras, padrões, crenças, valores, identidades muito 
diferenciadas. Assim, a cultura torna-se um processo de “intercâmbio” entre indivíduos, 
grupos e sociedades. 
 
 
Fonte: contabeis.com.br 
https://www.contabeis.com.br/
 
6 
 
O importante é destacar que os indivíduos possuem certos motivos que os levam a 
se unirem entre si. Uma comunidade pode ser formada devido a uma proximidade de 
interesses e gostos de seus participantes. 
O individuo nasce na sociedade e a sociedade é constituída de indivíduos. Entre 
individuo e sociedade ocorre uma relação de sinergia e de dialética. O social é o útero 
permanente onde o sujeito administra a própria possibilidade, isto é, a própria virtualidade 
para realizar aquilo do qual é dotado desde o nascimento. Em torno de cada indivíduoexiste 
a sociedade, os outros, a escola, o trabalho, a família, bons, maus, doença, perigos, quem 
nasce e quem morre, é necessário sempre aprender, e cada um olha para fora para tentar 
compreender para ir adiante e sobreviver com primado. (MENEGHETTI, 2013, p. 20). 
3 CULTURA 
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo a partir dos 
quais se produz conhecimento: neles o indivíduo é formado desde o momento de sua 
concepção nesses mesmos códigos e, durante a infância, aprende os valores do grupo. Por 
intermédio deles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da maneira como 
cada grupo social as concebe. 
“Na contemporaneidade, a cultura comparece como um campo social singular e, de 
modo simultâneo, perpassa transversalmente todas as outras esferas societárias, 
como figura quase onipresente” [Rubim (2007, p. 148)]. 
 
Uma cultura não é estática, ela está em constante mudança de acordo com os 
acontecimentos vividos por seus integrantes. Valores que possuíam força no passado se 
enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas 
necessidades que surgem, já que o mundo social também não é estático. Movimentos 
contraculturais, como o punk ou o rock, são exemplos claros do processo de mudança de 
valores culturais que algumas sociedades viveram de forma generalizada. 
 
 
7 
 
 
Fonte: observatorio3setor.org.br 
A partir do momento em que faz uso da linguagem, o indivíduo se encontra em um 
processo cultural, que, por meio de símbolos, reproduz o contexto cultural que vivencia. 
Strey (2002) aponta que o indivíduo tanto cria como mantém a sua cultura presente na 
sociedade. Cada sociedade humana tem a sua própria cultura, característica expressa e 
identificada pelo comportamento do indivíduo. Segundo Strey (2002, p. 58), “o homem é 
também um animal, mas um animal que difere dos outros por ser cultural”. Para ele, a 
cultura refere-se ao conjunto de hábitos, regras sociais, intuições, tipos de relacionamento 
interpessoal de um determinado grupo, aprendidos no contexto das atividades grupais. 
A cultura possui tanto aspectos tangíveis - objetos ou símbolos que fazem parte do 
seu contexto - quanto intangíveis - ideias, normas que regulam o comportamento, formas 
de religiosidade. Esses aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a 
integram, dando forma a relações e estabelecendo valores e normas. 
Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis 
no comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o 
princípio da honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa 
sociedade. 
As normas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, 
que servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte. O valor do 
https://observatorio3setor.org.br/
 
8 
 
princípio da honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites 
convencionados pelos integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir 
dentro do que é estipulado como “honesto”. As normas e os valores possuem grandes 
variações nas diferentes culturas que observamos. Em algumas culturas, como no Japão, 
o valor da educação é tão forte que falhar em exames escolares é visto como uma vergonha 
tremenda para a família do estudante. Existe, então, a norma de que estudar e ter bom 
desempenho acadêmico é uma das mais importantes tarefas de um jovem japonês e a 
pressão social que esse valor exerce sobre ele é tão forte que há um grande número de 
suicídios relacionados a falhas escolares. Para nós, no entanto, a ideia do suicídio motivado 
por uma falha escolar parece ser loucura. 
Mesmo dentro de uma mesma sociedade podem existir divergências culturais. 
Alguns grupos, ou pessoas, podem ter fortes valores baseados em crenças religiosas, 
enquanto outras prefiram a lógica do progresso científico para compreender o mundo. A 
diversidade cultural é um fato em nossa realidade globalizada, onde o contato entre o que 
consideramos familiar e o que consideramos estranho é comum. Ideias diferentes, 
comportamento, contato com línguas estrangeiras ou com a culinária de outras culturas 
tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para pensar no impacto que 
sofremos diariamente, seja na adoção de expressões de línguas estrangeiras ou na 
incorporação de alimentos exóticos em nossa rotina alimentar. 
A cultura, como código simbólico, apresenta-se como dinâmica viva. Todas as 
culturas estão em constante processo de reelaboração, introduzindo novos símbolos, 
atualizando valores, adaptando seu acervo tradicional às novas condições historicamente 
construídas pela sociedade. A cultura pode assumir sentido de sobrevivência, estímulo e 
resistência. Quando valorizada, reconhecida como parte indispensável das identidades 
individuais e sociais, apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida 
democrática. Por isso, fortalecer a cultura de cada grupo social, cultural e étnico que 
compõe a sociedade brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e conhecimento 
mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia. 
Como afirma Geertz (1989), “nós somos animais incompletos e inacabados que nos 
completamos e acabamos por meio da cultura”. Quando valorizada, reconhecida como 
parte indispensável das identidades individuais e sociais, apresenta-se como componente 
do pluralismo próprio da vida democrática. Por isso, fortalecer a cultura de cada grupo 
 
9 
 
social, cultural e étnico que compõe a sociedade brasileira, promover seu reconhecimento, 
valorização e conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo 
e, portanto, a democracia. 
Ao pressupormos o ser humano como agente social e produtor de cultura, evocamos 
a emergência de suas histórias, delineadas no movimento do tempo em interação com o 
movimento no espaço. Esse movimento, por sua vez, é mediado por diferentes linguagens, 
cujas expressões denotam traços de conhecimentos, valores e tradições de um povo, de 
uma etnia ou de um determinado grupo social. Nesse contexto, as imagens construídas 
pelos gestos, pelos sons, pela fala, pela plasticidade e pelo silêncio implicam conteúdos 
relevantes para a construção da identidade, pois é nesse universo plural de significados e 
sentidos que as pessoas se reconhecem na sua singularidade. 
As tradições culturais transmitidas oralmente num grupo social fundamentam-se na 
ancestralidade, uma vez que são transmitidas de uma geração para outra, a partir de 
vivências significativas para o grupo em atividades de sobrevivência e/ou no exercício do 
poder no âmbito de sua organização política, econômica e sociocultural. Os episódios são 
narrados por aqueles a quem o grupo delega autoridade para falar e reconhece a 
legitimidade da fala, respeitados pelas informações que receberam dos antepassados e 
pelo testemunho do grupo de suas experiências e sabedoria. 
Numa democracia participativa a cultura deve ser encarada como expressão de 
cidadania, um dos objetivos de governo deve ser, então, o da promoção das formas 
culturais de todos os grupos sociais, segundo as necessidades e desejos de cada um, 
procurando incentivar a participação popular no processo de criação cultural, promovendo 
modos de autogestão das iniciativas culturais (CALABRE, 2007, p. 102). O reconhecimento 
e a valorização das múltiplas práticas culturais é uma das disposições presentes em muitos 
organismos internacionais, entre eles, a Unesco, um dos organismos mais importantes do 
sistema das Organizações Unidas. Criada em 1945, a Unesco procura funcionar como 
espaço de cooperação entre os países no âmbito da educação, ciência e cultura. Para 
tanto, são estabelecidas normas de orientação na área cultural, por meio de instrumentos 
jurídicos,com o intuito de proteger a cultura em suas várias manifestações. 
Assim, não podemos considerar a cultura como algo isolado, mas como um conjunto, 
integrado de características comportamentais aprendidas. Essas características são 
manifestadas pelos sujeitos de uma sociedade e compartilhadas por todos. Com isso, a 
 
10 
 
cultura refere-se ao modo de vida total de um grupo humano, compreendendo seus 
elementos naturais, não naturais e ideológicos. Segundo Ramos (2003, p. 265), “as culturas 
penetram o indivíduo [...] da mesma forma que as instituições sociais determinam estruturas 
psicológicas [...] o homem pensa e age dentro do seu ciclo de cultura”. 
Durante a nossa infância aprendemos a vivenciar o calendário cultural das festas 
cíclicas, logo após, perdemos esse contexto onde passamos a ser guiados pelo calendário 
televisivo. Assim os fatores que interferem na importância da valorização da cultura popular 
para o desenvolvimento local são: 
• Interferência da mídia; 
• Tecnologia da informação (celular, internet, jogos eletrônicos); 
• Valorização dos produtos estrangeiros; 
• Papel da escola no ensino médio em relação à cultura popular, ou seja, falta de 
uma disciplina sobre cultura popular; 
• Falta de projetos de políticas culturais. 
3.1 Cultura e economia 
A relação entre cultura e economia não é, obviamente, recente. Resulta do 
desenvolvimento capitalista e deve ser percebida a partir de dois momentos específicos. 
Em um primeiro momento, quando, entre os séculos XVIII e XIX, o capitalismo avança sobre 
a esfera da circulação dos bens culturais transformando-os em mercadorias. Ou seja, liberta 
das imposições históricas do mecenato e dos ditames da igreja católica, a cultura 
estabelece, a partir de então, uma relação direta com um público consumidor de seus 
produtos, os bens culturais, por meio de uma nova instância intermediadora, o mercado. O 
segundo momento, a partir da metade dos “oitocentos”, quando o capitalismo ingressa em 
sua fase monopolista-oligopolista, corresponde à captura da cultura pela lógica mercantil-
capitalista no exato instante de sua produção, ou seja, quando os bens culturais passam a 
ser concebidos já como mercadorias no ato mesmo de sua criação, portanto, como 
produtos destinados à troca e ao consumo no mercado. E é exatamente sobre esse 
processo de subsunção da cultura pelo capital que se debruçam Theodor Adorno e Max 
Horkheimer para desenvolverem a noção de “indústria cultural” [Adorno e Horkheimer 
 
11 
 
(1997)], constructo teórico seminal que dá conta do fato de que a expansão das relações 
mercantis do tipo capitalista pelo conjunto da vida social alcançou, também, a cultura. 
A cultura popular como ferramenta de desenvolvimento é proposta de vários órgãos 
como o SEBRAE nas áreas de turismo, agronegócios e comercialização. Programas 
governamentais evidenciam interesses em desenvolver pesquisas e projetos relacionados 
a vertente cultural. 
Lourdes Arizpe de que “A cultura será sem dúvida uma das principais questões da 
sustentabilidade, do desenvolvimento e da governabilidade no século XXI” [Arizpe 
(2001, p. 13)]. 
A economia da cultura movimenta a região oferecendo oportunidades além de novas 
formas de trabalho. A crítica apontada, é que muitas vezes descaracterizam uma 
apresentação ou o artesanato, ou ainda mudam os ingredientes da culinária regional para 
lançar padrões, que visam facilitar o consumo, segundo os ‘especialistas’. Como reflexão 
temos cultura e desenvolvimento escrito por David Simões: 
 “Entendida em sua forma mais abrangente, a cultura é conhecimento e prática, 
forma de explicar e intervir na realidade, portanto instrumento de provimento e de 
resolução de problemas da humanidade. Ainda sob este conceito, não se pode 
separar cultura e desenvolvimento, cultura e subsistência humana. Não há ser 
humano sem cultura. Mesmo entretendo a fina distinção entre os modos de 
intervenção e de representação da realidade, ainda assim, não se pode 
desconsiderar a necessidade humana de materializar cultura”. (ARAÙJO, 2005. 
p.99). 
A economia pode de certa maneira redimensionar a cultura, a tendência é que a 
cultura se torne um atrativo para novos empreendimentos, e que com isso, novas 
oportunidades e profissões apareçam. 
[...] os processos de globalização, facilitados pela rápida evolução das tecnologias 
de comunicação e informação, apesar de proporcionarem condições inéditas para que se 
intensifique a interação entre culturas, constituem também um desafio para a diversidade 
cultural, especialmente no que diz respeito aos riscos de desequilíbrios entre países ricos 
e pobres. (UNESCO, 2005, p. 2). 
 
12 
 
3.2 Diversidade Cultural 
As discussões atuais sobre democratização cultural – ou democracia cultural, como 
defende Isaura Botelho (2001) – convergem para um ponto: a necessidade de um Estado 
democrático reconhecer a diversidade cultural que compõe as sociedades modernas. 
A diversidade cultural é compreendida pela Unesco como a “multiplicidade de formas 
pelas quais as culturas dos grupos e sociedades encontram sua expressão” (UNESCO, 
2005, p. 5), tendo os direitos culturais como marco. Os direitos culturais são reconhecidos 
como “parte integrante dos direitos humanos, que são universais, indissociáveis e 
interdependentes” (UNESCO, 2002, p. 3), abarcando o direito à: 
 1) criação e difusão cultural; 
 2) participação na vida cultural; 
3) respeito às identidades; 
 4) o livre exercício das práticas culturais. 
O Brasil é signatário de importantes atos normativos da Unesco, como a Declaração 
Universal sobre a Diversidade Cultural (2002) e a Convenção sobre a Proteção e Promoção 
da Diversidade das Expressões Culturais (2005), ratificada pelo Brasil em 2006. O país 
reconhece ainda os direitos culturais e os contempla no artigo 215 da Constituição de 1988: 
“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da 
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações 
culturais” (BRASIL, 1989, Constituição Federal, artigo 215). 
 
 
Fonte: portalmie.com 
 
13 
 
Os direitos culturais são cada vez mais reconhecidos como parte de uma nova 
geração de direitos humanos, e colocam em pauta um dos fundamentos da República 
Brasileira: a cidadania. Segundo Francisco Cunha Filho (2010), “ter a cidadania como 
‘Fundamento da República Brasileira’ corresponde à compreensão de que ela é inerente a 
toda e qualquer atividade estatal” (p. 183), abrangendo, portanto, a área cultural. 
3.3 Diversidade Cultural no Brasil 
O Brasil tem uma notável diversidade criativa. A diversidade cultural pode ter um papel 
central no desenvolvimento de projetos culturais no país, especialmente com ênfase nos 
indígenas e afrodescendentes. 
Ao tentar enfrentar seu problema mais urgente – a desigualdade social – o país vem 
descobrindo a forte influência da cultura para a configuração dessa realidade, bem como seu 
potencial de transformação social do cenário atual. 
Falta ainda uma abordagem cultural mais profunda com relação aos povos indígenas e 
aos afrodescendentes. Estes dois grupos de minoria apresentam os piores indicadores sociais 
do país, mas que apenas nos últimos anos passaram a ser alvo de políticas sociais específicas. 
 
-É preciso que mais seja feito para preservar: 
- Tradições indígenas, 
- Línguas indígenas ameaçadas de desaparecimento, 
- Conhecimento tradicional indígena sobre a natureza 
- Terras indígenas - há conflitos a respeito da expansão a fronteira agrícola e os 
investimentos em infraestrutura, 
- Afirmação dos direitos dos povos indígenas, 
-Influência da cultura africana na cultura e história do Brasil. 
 
O conceito de Diversidade Cultural é fator fundamental para a construção contemporânea 
das Políticas Públicas, especialmente nas áreas da Cultura e das Políticas Sociais. A Declaração 
Universal sobre a Diversidade Culturale os atuais esforços desenvolvidos pela Unesco, em torno 
de uma futura Convenção Internacional sobre a proteção e promoção da Diversidade Cultural, 
evidenciam a centralidade dessas discussões.

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