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1 Fluxograma de abate de aves Lethícia Albuquerque Fluxograma de abate de aves LEGISLAÇÃO Assim como o suíno (portaria 711) tem uma legislação (portaria 210) associada com o RIISPOA e a IN 3 que diretriz o fluxograma de abate de aves através de abate humanitário. Portaria 210 (10/11/1998) RTIQ das aves. MANEJO PRÉ-ABATE Se preocupar principalmente com jejum e transporte o Jejum evita a contaminação cruzada e o estresse. o Transporte é importante se atentar a densidade, duração do transporte e horário do dia que é transportado o transporte normalmente tem muitos andares, com alta densidade. JEJUM Deve ser de no máximo 8 horas sendo metade na granja. o Aves não tem descanso no abatedouro, pode ser feito descanso no caminhão não há tantos benefícios relacionados com reposição de glicogênio (as aves não conseguem repor o glicogênio) o *Portaria 62 já fala de até 12 horas* As aves ficam em jejum alimentar e hídrico se demorar muito a ave pode desidratar. Os ganhos com jejum estão relacionados com a possibilidade de contaminação cruzada por excreta das aves dos andares de cima (aves são transportadas em caixas e em caminhões com mais de um andar) e papo cheio (há risco de congestão, animal pode vomitar, ficar estressado e vir a óbito por infarto). As aves tem mais fibras do tipo II b (fibra branca) gasta muito facilmente o glicogênio por fazer respiração anaeróbica não há ganho no descanso das aves, importante preocupar em não estressar a ave e em realizar o jejum adequado. Importante remover os promotores de crescimento (anticoccidianos e antimicrobianos) 5 a 7 dias pré-abate o mercado externo não aceita carne com resíduo de antibiótico. JEJUM PROLONGADO Se o jejum for prolongado a carne pode ficar DFD ou PSE. TGI pode colabar TGI pode romper antes ou após o abate porque fica muito ressecado e há contaminação da carne. Microbiota fica depletada devido às más condições do TGI, favorecendo o surgindo de bactérias oportunistas (Campylobacter spp.) que podem causar contaminação da carne e doença aos humanos. TRANSPORTE Manejo começa na granja começa com a apanha (normalmente é feita no começo do dia), retirada de comedouro e bebedouros (evitar que os animais se machuquem durante a apanha). Equipe deve ser bem treinada, com rapidez e não pode ser agressiva para colocar os animais na caixa 18 mil aves/hora. o Equipe tem de 12 a 14 pessoas. Gaiolas a abertura é sempre superior para facilitar colocar a ave. o Importante monitorar com o tempo tem que estar limpa, sem ponta e a tela deve estar na medida certa. o Tamanho médio da caixa é de 0,8m (comprimento) X 0,6m (largura) X 0,3m (altura). o Densidade 19 a 26kg/caixa (8 a 12 aves). o A densidade máxima pode ser feita em distâncias curtas e a densidade mínima quando os transportes são longos (não tem onde a ave se machucar na caixa, ave não sente os impactos dentro da caixa). APANHA A apanha deve ser feita 2 aves por vez e pelo corpo menor índice de lesão. A apanha pelo pé também é possível, é mais rápida, mas os animais se debatem e tem maior chance de lesão 3 aves/mão (equipe pode ser menor). 2 Fluxograma de abate de aves Lethícia Albuquerque Algumas granjas já realizam a apanha com maquinário maior custo benefício. O embarque é por deslizamento EMBARQUE Deve ser feito por deslizamento estressa menos a ave as caixas são apenas empurradas e posicionadas. Normalmente é utilizado seis andares de caixas 380 a 480 caixas/caminhão. Após colocados no caminhão faz a aspersão dos animais tem o objetivo de proporcionar limpeza, conforto térmico e acalmar os animais. Transporte deve ser no começo do dia por causa do jejum e para evitar estresse térmico das aves. o Transporte no final do dia irá prolongar o jejum. Altas temperaturas (estresse térmico) no pré abate estão relacionadas com redução do pH, redução da capacidade de retenção de água e prejuízo na qualidade da carne carne PSE (carne menos macia). Importante se atentar ao espaço entre as caixas para que tenha passagem de ar. DESEMBARQUE Ter atenção ao tempo total de jejum. Pode ser realizada uma aspersão na chegada do abatedouro acalma o animal (evita carne PSE), facilita a eletronarcose e o manuseio (assenta as penas e vai estar mais calmo), promove limpeza (evita contaminação). PENDURA Só abre a caixa nesse momento. A pendura não deve ser feita tranquilamente atenção a equipe. Após a pendura deve-se esperar 40 a 60 seg para mandar o animal para a insensibilização espera o animal acalmar evita carne PSE e lesões (ave ainda está agitada). Aves não gostam de alta iluminação deve ser usado baixa luminosidade (luz azul) e o local deve ser coberto busca acalmar a ave. A inspeção anti morten é direcionada ao lote porque são muitos animais o veterinário só avalia se há algo estranho nos lotes. o Em casos de erro o veterinário condena o lote. INSENSIBILIZAÇÃO Eletronarcose despolarização neuronal reversível imersão em salmoura (água com eletrólitos possui maior condutividade elétrica), por 7 a 8 seg, 50 a 80V, <1A. o As pontas do tanque são isolantes térmicos para evitar que os funcionários levem choque ou que outras partes se eletrizem. o Voltagem e amperagem devem ser baixa animal é pequeno e a condutividade é alta. Deve ser bem ajustada a altura das aves não pode encostar só o bico e nem encostar no fundo. o Se encostar só o bico a ave assusta carne PSE ou lesão na carne. o Se encostar no fundo pode haver comprometimento da condutividade e o animal pode levar um choque intenso (fritar). A eficiência da insensibilização é confirmada após a fase tônica (animal fica com o pescoço arqueado, perna estendida, assas fechadas, sem respiração rítmica) e clonica (movimento de asa e perda leve) sangria deve ser feita após estas fases. Em aves não compensa o investimento da câmara de CO². 3 Fluxograma de abate de aves Lethícia Albuquerque Quando há uma insensibilização inadequada, começa-se a observar mais lesões nas aves maior condenação dos membros 1% é aceito SANGRIA Ocorre 12 segundos após a insensibilização. Animal é sangrado em um túnel ou área de sangria. Sangria deve durar 3 min interessante dimensionar o tamanho do túnel com o tempo de sangria. Não deve mexer com o animal durante a sangria metade do sangue irá sair e a outra metade fica retida nos tecidos. Sangria pode ser manual ou automática (mais usada). o Na sangria automática uma lâmina afiada passa pelo pescoço do animal seccionando a artéria carótida e veia jugular deve ter um funcionário para garantir que teve a sangria completa. Se a sangria for incompleta (< 3min) a carcaça fica vermelha avalia se a lâmina está boa e/ou o tempo de noria (onde os frangos ficam pendurados). ESCALDAGEM Serve para abrir os folículos da pena para a etapa seguinte remover os agentes que podem causar contaminação cruzada. o Se feita da forma incorreta, a escaldagem, pode potencializar a contaminação cruzada. Carcaça entra em uma câmara que vai aspergir vapor quente processo mais higiênico, mas com maior gasto de água e problemas de pele cozida. o Menos comum de ser usado. Escalda por imersão carcaça entra por completo (apenas os pés ficam de fora d’água) em um tanque contínuo de água quente (53 a 55ºC) por 2 a 3 min. o Processo mais utilizado. o > 60ºC a carcaça cozinha não é o ideal porque gera encurtamento por calor o < 50ºC proliferação dos coliformes fecais (Escheria coli) porque a temperatura está ideal para sua multiplicação. o A cada turno deve ser trocada essa água (a cada 8 horas).DEPENAGEM Feita por dedos de borracha giratórios. Pode ser feita em um ou dois estágios com a ave na noria. Problemas microbiológicos se os dedos não forem devidamente limpos pode ter contaminação microbiológica da carne (formação de biofilme). Problemas físicos borrachas novas ou muito agressiva podem aranhar a pele do animal e causar condenação. Problemas químicos borracha velha começa a esfarelar na carcaça (resíduo de borracha na carcaça) e limpeza mal feita dos equipamentos pode causar resíduo de sanitizantes. As penas devem ter um local de destino não pode haver acumulo de penas no chão. TRANSPASSE Mudança da área suja para a área mais limpa. Processo pode ser automatizado ou manual. o Há uma mudança automática de pendura pelo pé para pescoço processo automatizado (maior chance de cair). o Melhor deixar o animal como ele entrou na noria pé para cima e o pescoço embaixo. Quanto menos o funcionário mexer no animal, melhor menos chance de contaminação. 4 Fluxograma de abate de aves Lethícia Albuquerque ESCALDAGEM DOS PÉS Mesmos cuidados da escaldagem anterior, porém com uma temperatura maior (82 a 90ºC) por 10 a 15 seg. Após a escaldagem é feita a remoção das cutículas. LAVAGEM Interessante faz uma lavagem antes da evisceração retira sujidades e evita contaminação cruzada. Água deve ser hiperclorada limpa ainda mais a carcaça. Aspersão deve ser suficiente para que todos os frangos sejam lavados. EVISCERAÇÃO Manual 4.000 animais/hora. o Normalmente os pés e a cabeça são colocados no gancho (pendura em 3 pontos) facilita a inspeção das aves. Seguido a evisceração vem a inspeção dois funcionários diferentes. o Normalmente a víscera é inspecionada logo após ser retirada. Importante ter uma calha/bandeja para recolhimento das vísceras seguido de inspeção das vísceras suspensas. o Vísceras não podem encostar na calha risco de contaminação cruzada. o Importante ter altura e luz adequada. A evisceração automática é usada quando o volume de abate é alto (9000 aves/hora): o Vantagem alta densidade de aves/hora, menor mão de obra. o Desvantagem alto custo com maquinário, se tiver uma contaminação toda a linha do maquinário tem que parar e necessita de mão de obra especifica caso o maquinário estrague. o Se tiver algum problema com o maquinário a degradação do musculo ocorre de forma rápida condenação da carcaça vísceras estão em contato com a carne e tem grandes chances de contaminação cruzada. ETAPAS DA EVISCERAÇÃO Corte da pele do pescoço e traqueia facilita a remoção do papo e esôfago cabeça pode se tornar um contaminante, importante tirar. Pendura em 3 pontos (cabeça e pés). Deslocamento da cloaca e oclusão de reto com pistola. Eventração exposição das vísceras inspeção com as vísceras suspensas e separação das vísceras comestíveis (coração, fígado e moela), lavagem e refrigeração (Chiller). o Deve-se ter cuidado para não ter extravasamento de conteúdo comprometimento das vísceras. o Cuidado com a moela e vesícula biliar. o Saco pericárdio (camada que recobre o coração) deve ser removido. Aspiração do pulmão pulmão é bem aderido a carcaça e não sai facilmente com as vísceras. Corte do pescoço (depende do fluxograma). Toalete lavagem final e segunda inspeção da carcaça. Extração do pé grande parte são exportados para a China. PRÉ-RESFRIAMENTO A carcaça deve chegar a 4ºC em 4 horas transformação do musculo em carne é muito rápida porque o animal é pequeno e a fibra muscular é anaeróbica (fibra tipo IIb). o Se demorar a realizar a refrigeração tem uma degradação descontrolada da carne. CIRCULAÇÃO DE AR REFRIGERADO Câmara fria gigante onde o ar fica circulando. Processo usado quando há grande volume de aves. Deve ser bem dimensionado para que a ave não fique muito tempo na câmara. Vantagens Alto volume de aves e menor contaminação. Desvantagens Processo de resfriamento é lento e promove maior ressecamento da carcaça (perda da qualidade sensorial). 5 Fluxograma de abate de aves Lethícia Albuquerque TÚNEL DE ÁGUA GELADA ASPERGIDA Os animais passam pelo túnel, onde está sendo aspergida água gelada que abaixa a temperatura da carcaça. Vantagens processo mais rápido que a circulação de ar, não resseca a carcaça e tem menor chance de contaminação. Desvantagens alto custo benefício devido ao alto consumo de água. IMERSSÃO (PRÉ CHILLING) Mais usado no Brasil associado ao Chilling os animais passam por tanques de inox com gelo e água hiperclorada. Vantagens Não há ressecamento, gasta menos água (1,5L água/ave) e a carcaça resfria rapidamente. A água deve ser hiperclorada (5ppm cloro livre) para evitar a contaminação (desvantagem) água deve ser contrafluxo. Gelo deve ser jogado de forma uniforme pelo tanque e não jogar próximo dos termômetros (ficam nas pontas) porque se não vai dar uma falsa impressão de resfriamento. A carcaça deve estar abaixo de 16ºC em 10min. CHILLING POR IMERSÃO A água deve ser hiperclorada (5 ou < ppm) e contracorrente, com uma densidade de aves maior (1L água/aves). Melhor custo beneficio menor gasto com água e a carne refrigera mais rápido. Deve ser feito renovação da água a cada turno de trabalho 8/8h. Em até meia hora a carcaça deve sair com 4ºC (1 a 5ºC). GOTEJAMENTO Segundo transpasse indica que o processo está acabando e a carcaça está praticamente pronta. A carcaça absorve água por estar imersa em água importante fazer a pendura para gotejamento retira o excesso de água da carcaça. Carcaça tem que ficar pendurada por pelo menos 4min pendura pode ser pela asa ou pescoço. Para controle a cada 4 horas seleciona 10 animais e pesa antes e depois do chilling não pode variar mais que 8% o peso. o Se passar de 8% significa que o gotejamento está sendo curto considerado fralde. EMBALAGEM Comum embalar em pacote escuro para evitar a passagem da luz e consequentemente a oxidação da pele (sabor indesejável), desidratação da carcaça e contaminação Classifica por peso. Classifica como adequada para carcaça ou corte. Miúdos são embalados separadamente são muito perecíveis e pode provocar deterioração da carcaça ou sabor indesejável.
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