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CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I

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CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I 
POR NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
OBSERVAÇÕES DO FICHAMENTO 
 
- PRIMEIRA UNIDADE: 
. Princípios, interpretação e aplicação do Direito Processual Penal (fontes, lei processual 
no tempo e espaço), sistemas processuais. 
. Data da entrega: data da primeira avaliação. 
 
- SEGUNDA UNIDADE: 
. Questões e processos incidentais, teoria geral das provas e provas em espécie. 
. Data de entrega: data da segunda avaliação. 
 
- E-MAIL PARA ENVIO: rabgomes@faculdadebaianadedireito.com.br 
. Formatação: Arial, tamanho 12. 
. Título do e-mail: NOME DO ALUNO. TURMA. PROCESSO PENAL 1. 
 
- AVALIAÇÕES: 
. 1ª avaliação: 13/04/2022. 
. 2ª avaliação: 08/06/2022. 
 
- BIBLIOGRAFIA: 
. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. São Paulo. 
RT; 
. TAVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, Salvador. JusPODVM; 
. LOPES Jr, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo. Saraiva; 
. OLIEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. São Paulo. Atlas; 
. POLASTRI LIMA, Marcellus. Curso de Processo Penal. Brasília. Gazeta Jurídica; 
. BRASILEIRO. Renato. MANUAL DE PROCESSO PENAL – VOLUME ÚNICO. Salvador, 
JusPODIVM. 
. ROQUE, Fábio; COSTA, Klaus Negri. Processo Penal Didático. Salvador, Juspodvm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:rabgomes@faculdadebaianadedireito.com.br
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
OBSERVAÇÕES GERAIS INTRODUTÓRIAS 
 
1) Introdução: 
. Direito penal é um mecanismo de uso de força, e por isso é um instrumento de poder 
e limite do Estado (UTILIZAR A SANÇÃO PREVISTA PARA EVITAR O ARBÍTRIO = APLICAR 
AQUILO QUE ESTÁ AUTORIZADO POR ELE MESMO). 
 . O Estado precisa de Lei em sentido estrito (lei federal e excepcionalmente lei 
estadual). 
. Direito processual penal atua na busca de elementos que regulem o direito penal. – É 
também aquele que tem o papel constitucional de defender as garantias daquele que é 
o perseguido. 
. A fonte primordial do Processo Penal é a Lei (em sentido estrito). 
 . Reserva à legalidade. – Inclusive existe vedação de Medida Provisória para 
regular o Processo Penal (a medida provisória não é o instrumento adequado para a 
criação de normas penais, uma vez que não se adequa ao princípio da legalidade, não 
podendo, portanto, instituir crimes ou cominar penas). 
 
 
 
. Fonte primária, mas de modo excepcional: são tratados e convenções internacionais. 
– O próprio Código diz isso no art. 1° do CPP (ele mesmo identifica fonte normativa nos 
tratados e convenções internacionais). 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, 
ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
 
. Fontes secundárias: jurisprudência. 
 . Decisões reiteradas de mesmo sentido que foi consolidada de um Tribunal. 
2) Conceito do Processo Penal: 
. O processo penal é um conjunto normativo que disciplina a persecução da pena. - Cuida 
ainda de estruturar um manancial de garantias para o indivíduo e ainda cria 
instrumentos que habilitam o indivíduo a se contrapor a persecução penal, além de 
eleger o órgão jurisdicional como efetivador das garantias fiel atestador do devido 
processo legal com uma função de aplicação do direito penal ao caso em concreto. 
. Tem por sua fonte primária do processo penal a lei (em sentido estrito) e a lei federal. 
Tem por sua fonte secundária a jurisprudência, que pode ser a partir da ideia de súmulas 
vinculantes e outras decisões de conteúdos gerais. 
. A persecução é um instrumento de perseguição de meios para aplicação do direito 
penal material ao caso concreto, a partir da coleta de elementos indiciários e 
probatórios que demonstrem a existência de um fato delituoso, identifiquem a autoria, 
e tragam elementos de responsabilização diante de uma prática delituosa. 
. A persecução é realizada, em regra, pelo Estado e excepcionalmente pelo 
Particular, no caso de ação penal privada. 
 
. Exemplo e discussão atual: implementação do juízo das garantias – figura prevista no 
art. 3-B a 3-F do CPP /figura com eficácia suspensa pelo STF/ criada para assegurar que 
na fase investigativa haverá um órgão jurisdicional com a competência legal de controlar 
os atos investigativos, efetivando o comando constitucional de impedir que a 
persecução seja arbitrária. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
. Enquanto não há tal juízo, as instituições que exercem as funções processuais 
deverão atuar com zelo em todas as etapas para efetivar as garantias processuais. 
3) Finalidade do Processo Penal: 
. O Judiciário é um fator de efetivação das garantias (É UM EFETIVADOR DE GARANTIAS). 
– O legislador atribuiu ao órgão judicante atestar, ao final da prestação jurisdicional, que 
o processo ocorreu da forma devida e respeitando todos os ditames legislativos 
processuais. 
. Tem também o Judiciário a função de aplicar o Código Penal ao caso concreto (o 
contraditório existente). - Cabe ao julgador, diante do contraditório de teses e provas 
estabelecidos diante dele, aplicar o direito penal ao caso concreto apresentado. 
 . Dessa forma, deve o processo penal ser eficiente. 
. É uma equação complexa e frágil. – Assim como temos garantias individuais, temos 
também direitos ligados à segurança pública (direito de todos). – Qualquer desequilibro 
pode desestruturar totalmente o sistema. 
 . Direito a segurança pública é constitucional, mas deve COEXISTIR com as 
garantias individuais. 
 
 
. Finalidade imediata do direito penal: INSTRUMENTALIZAR A APLICAÇÃO DO DIREITO 
PENAL AO CASO CONCRETO. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 
 
 . Individualiza as penas, diz se o evento de fato existiu, diz quem é o autor etc. 
. Finalidade mediata que as provas trazem do direito penal: pacificação social. – O 
PROFESSOR NÃO ACREDITA NISSO, não enxerga ser possível se pensar em pacificação 
neste sentido. 
4) Limites do Processo Penal: 
. O processo penal tem como seu papel impor limites ao papel do Estado no exercício 
do poder-dever da persecução penal, que não poderá ser desmedido nem arbitrário. 
5) Interpretação do Processo Penal: 
. Fonte primordial do Processo Penal, como visto anteriormente, é a Lei em sentido 
estrito. 
. Fonte primária, mas de modo excepcional: são tratados e convenções internacionais. 
. Fonte secundária: jurisprudência (algo consolidado em um determinado Tribunal, não 
simplesmente um precedente isolado). 
. Lei do Pacote de Crime (13.964/2019): se estabeleceu expressamente o uso das 
jurisprudências como fonte do Direito, sob pena de nulidade diante do não respeito a 
jurisprudência apontada. – Art. 315, parágrafo 2°, inciso VI: 
“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre 
motivada e fundamentada. - VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento. ” 
 
. Doutrina é também uma fonte secundária do Direito Processual Penal (muitos 
institutos que não são alterados por meio de lei, são modificados ao longo do tempo 
pelas análises/percepções contemporâneas da doutrina). 
. Art. 3°, CPP: 
“A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o 
suplemento dos princípios gerais de direito. ” 
. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: Ocorre quando o intérprete percebe que a letra escrita 
da lei ficou aquém de sua vontade, ou seja, a lei disse menos do que queria e 
a interpretação vai ampliar seu significado.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art315...
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 
 
. APLICAÇÃO ANALÓGICA: A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista 
em lei a disposição relativa a um caso semelhante. 
 . De acordo com Guilherme de Souza Nucci, “No processo penal, a analogia pode 
ser usada contra ou a favor do réu, pois não se trata de norma penal incriminadora, 
protegida pelo princípio da reserva legal, que exige nítida definição do tipo em prévia 
lei” (Código de Processo Penal Comentado, 2014, p. 38). 
 . Na analogia, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada 
ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada a 
outra situação similar. Representada em latim pelos brocardos “ubi eadem ratio ibi idem 
jus” (onde houver o mesmo fundamento haverá o mesmo direito), ou “ubi eadem legis 
ratio ibi eadem dispositio” (onde impera a mesma razão deve prevalecer a mesma 
decisão), a analogia consiste no complexo de meios dos quais se vale o intérprete para 
suprir a lacuna (o vazio) do direito positivo e integrá-lo com elementos buscados no 
próprio direito. Nesta ótica, seu fundamento é sempre a inexistência de uma disposição 
precisa de lei que alcance o caso concreto. 
. SUPLEMENTO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: São regras que se encontram na 
consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo que não escritas. 
 
6) Aplicação da Lei Processual no tempo: 
. A Lei Penal é a do tempo do FATO (não pode regular fato anterior, salvo se for mais 
benéfica). – PORÉM, A LEI PROCESSUAL PENAL NÃO SEGUE ESSA LÓGICA, tal qual aponta 
o art. 2° do CPP: 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
. Teoria do tempus regit actum (a lei é a do tempo do ato processual). 
 . A lei atinge o processo no estado que ele se encontra. – Os atos já praticados 
são reputados válidos, e os novos atos serão sob a égide da nova lei. 
 . Pouco interessa quando o fato ocorreu. – ESSA É A IDEIA DOMINANTE, 
EMBORA TENHA DISCORDÂNCIAS. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 
 
. Adotamos também a Teoria do ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS PENAIS. 
. Corrente defendida por Rômulo Moreira: a Lei nova que venha a incidir nos atos 
processuais subsequentes, não poderá violar garantias do incriminado. (NÃO É POSIÇÃO 
ADOTADA): 
 . Caso de Isabella Nardoni. – Em 2008 com a reforma acabou o recurso de 
protesto por novo júri (O que era isso? Nos crimes dolosos contra a vida, cabia recurso 
da sentença condenatória a partir de decisão condenatória proferida pelo júri. – Esse 
recurso requeria um novo julgamento = recurso de clemência). – Começou-se a 
entender que esse recurso não tinha fundamento em relação ao tempo exigido de pena 
(20 anos em um crime) = então esse recurso deixou de existir. – Quando Isabella Nardoni 
morreu, os autores alegaram que quando o processo começou, eles tinham perspectiva 
nesse recurso de protesto por novo júri = ISSO NÃO ERA POSSÍVEL (TEMPUS REGIT 
ACTUM). 
 . Só é possível que a lei antiga continue se o prazo para recurso ainda estiver 
aberto. 
. Corrente defendida por Antônio Vieira inicialmente, e posteriormente Paulo Queiroz 
(NÃO É POSIÇÃO ADOTADA): 
 . INICIALMENTE PENSARAM QUE: não pode uma lei nova alcançar o processo 
p/ trazer algum tipo de prejuízo para o indivíduo (DA MESMA LÓGICA DO DIREITO PENAL 
A LEI NOVA SÓ PODERÁ RETROAGIR EM CASO DE BENEFÍCIO P/ O INDIVÍDUO). - HOJE, 
ESSES AUTORES PENSAM DA SEGUINTE FORMA: A LEI PROCESSUAL PENAL QUE DEVE 
REGULAR O FATO É A LEI DO TEMPO DO FATO, E NÃO DO ATO PROCESSUAL (Exemplo: 
Erico praticou o fato em 08/03/2021, a lei que incide no processo penal é a que estava 
em vigência nessa data). 
 . Antes eles começaram a pensar que o marco seria o início do processo. Mas, 
evoluíram ao pensar a questão DA OCORRÊNCIA DO FATO EM SI como sendo o marco 
temporal. 
 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 
 
PRINCÍPIOS 
1) Noções gerais: 
. Princípio é um elemento fundante de um microssistema jurídico, é um instrumento de 
interpretação. 
. OBS: Jurisdição x persecução: 
. A jurisdição é o poder de dizer o direito, cabe a função da jurisdição aplicar o 
direito devido ao caso concreto. Ela é inerte, precisa ser provocada, com o intuito 
inclusive de assegurar a imparcialidade. Já a persecução, é movimento, é promover, 
coletar, é inclusive fazer a jurisdição se movimentar e atua sem provocação. A 
persecução não é só penal, mas também civil. 
 
2) Oficialidade: 
. O PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE assegura que a persecução penal será realizada, em 
regra, por órgãos oficiais, ou seja, a fase da persecução pré-processual é feita pelo MP, 
polícia civil, federal, militar, todos os órgãos legislativos oficiais, e é tudo entregue ao 
estado para que ele use dos seus mecanismos que são extremamente ofensivos a 
intimidade. Na fase judicial, a persecução, por regra, também é oficial porque quem é 
responsável por 95% das persecuções penais é o MP (ação penal pública), diz o art.129, 
I. Os outros 5% são ações penais condicionadas a representação. 
. Um número significativo de fatos típicos é perseguido por meio de ação penal privada 
e o titular dessa ação é ofendido, desse modo o titular que atua tanto na exclusiva, 
quanto na personalíssima, quanto na subsidiária da pública. 
. Desse modo, o princípio da oficialidade é excepcionado na fase de persecução penal 
em juízo, pois ela é exercida pelo particular nos fatos que se processam diante de ação 
penal privada. 
 
3) Oficiosidade: 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 
 
. O PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE determina que a persecução penal acontecerá 
independente de provocação de quem quer que seja, via de regra, a atuação dos órgãos 
persecutórios (quer ser na fase pré-processual ou processual) não dependem de 
provocação, tomando conhecimento de uma forma lícita, de um acontecimento 
hipoteticamente delituoso, os órgãos de persecução em juízo deverão atuar sem que 
haja a provocação de quem quer que seja. Vale lembrar que essa regra só se aplica para 
as ações públicas incondicionada. 
. O princípio da oficiosidade assegura inclusive que o estado pode perseguir contra a 
vontade da vítima. 
. Todavia, esse princípio comporta exceção, ela acontece nos casos de ação penal 
privada (na fase pré-processual) e ação penal pública condicionada a representação do 
ofendido, porque no CPP: 
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser 
iniciado. 
. Se a vítima não representar no prazo, não há inquérito policial. De igual sorte, se o fato 
for de ação penal privada, sem requerimento do ofendido não pode ter instauração de 
inquérito policial, somente quem pode oferecer a queixa é quem pode requerer a 
instauração de inquérito policial. 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
. Perceba que essa que essa mesma ideia se aplica aos crimes de ação penal pública 
condicionada a requisição do Ministro da Justiça. Desse modo, é necessária uma 
condição de procedimento, sem ela temos que atuar mediante provocação? 
4) Obrigatoriedade x Discricionariedade da ação penal pública: 
. Obrigatoriedade da ação penal pública: Assevera que o Ministério Público, uma vez 
presentes os requisitos, as condições para o exercício da ação penal pública, está 
obrigado a oferecer a inicial acusatória, ou seja, a denúncia-crime. Desse modo, a 
atuação do MP no exercíciodo dever constitucional acusatório, é vinculada a existência 
das condições para o exercício da ação penal, ou seja, a justa causa. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 
 
. De acordo com o princípio em questão, não há espaço para juízos discricionários por 
parte do Ministério Público, mas imposição de atuação vinculada a presença de 
elementos justificadores do exercício da ação penal e a inexistência de fatos impeditivos 
da mesma. 
. O princípio em questão comporta exceções, tais como os negócios jurídicos penais, a 
saber transação penal, acordo de colaboração premiada (chamado por alguns de 
delação premiada) e ainda acordo de não persecução penal (ANPP). 
. OBS: Uma das condições gerais para a ação penal pública é a justa causa. – Art. 395, III, 
CPP. 
. Obrigação de sustentação fática probatória da versão apresentada. 
. Presentes os elementos que indicam que o fato existiu, o MP só precisa analisar se 
existe algum elemento que impeça a apresentação (decadência, prescrição, excludente 
de ilicitude etc.). 
 . Diante da presença de algo que impeça a apresentação da denúncia-crime, o 
MP tem que fazer um parecer apresentando suas razões para o arquivamento. 
. OBS: TRANSAÇÃO PENAL. 
. Um acordo penal (medida imediata - pena restritiva de direitos ou multa), um negócio 
jurídico penal, a ser estabelecido entre o MP (titular da ação penal pública) e o suposto 
autor do fato. – O MP só fará uma proposta de não denunciação para o autor, SE HÁ 
ELEMENTO DE JUSTA CAUSA (não há como se colocar medida penal se não há justa 
causa). – Se o indivíduo aceita cumprir, extingue-se a punibilidade (continuará primário, 
não constará nos antecedentes etc.). 
 . Quando o MP faz isso é porque necessariamente ele tem elementos para 
denunciar, mas por uma DISCRICIONARIEDADE REGRADA (obrigatoriedade mitigada), 
segundo o que a lei diz, ele propõe o acordo. 
. OBS: DELAÇÃO PREMIADA/ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA. 
 . Lei 12.850/2013 (lei de combate às organizações criminosas). – Não foi aqui que 
surgiu a delação premiada, mas é onde hoje ela está devidamente 
disciplinada/organizada. 
 . É um acordo que pode acontecer nas várias etapas do processo penal. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
 . Na etapa de fase investigativa: o indivíduo tem que se entregar, cumprir uma 
série de obrigações E OFERTAR ELEMENTOS PROBATÓRIOS SIGNIFICATIVOS QUE LEVEM 
A ALCANÇAR O NÚCLEO DO GRUPO (“OS CABEÇAS” DO GRUPO). 
 . Esse acordo pode ser de várias ordens, inclusive de não acusar o indivíduo. 
 . O MP só faz esse acordo diante da prerrogativa de que o sujeito tem elementos 
de justa causa também. – E faz porque encontra amparo legal. - TAMBÉM UMA 
OBRIGATORIEDADE MITIGADA/ UMA DISCRICIONARIEDADE REGRADA. 
. OBS: ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL. 
 . Não nasce em 2019 (Lei 13.964/19 -Mas, foi aqui que se resolveram alguns 
embates, tendo vigência em 2020), mas sim com a Resolução do 181/17 do CNMP, 
alterado pela Resolução 183/18 do CNMP. 
 . O MP faz um acordo de não perseguir. – A DIFERENÇA É QUE: na transação 
penal eu não preciso dizer nada; na delação premiada eu preciso indicar outro; já aqui 
no ANPP você confessa, entrega valores, se obriga a algumas coisas como por exemplo 
cumprir atividade comunitária, MAS NÃO PRECISA ENTREGAR NADA DE NINGUÉM. 
 . O MP também só propõe esse acordo se existirem elementos para incriminar o 
indivíduo. – TAMBÉM UMA OBRIGATORIEDADE MITIGADA/ UMA DISCRICIONARIEDADE 
REGRADA (submetido a regras legais, e não escolhas). 
. Posição doutrinária dominante defende que predomina a obrigação da apresentação 
da denúncia-crime pelo MP, comportando as exceções citadas anteriormente. 
. Já a posição doutrinária minoritária defende que é obrigatório o MP atuar, mas não 
denunciar. 
5) Princípio da Intranscendência da Ação Penal: 
. Assegura/determina que a ação penal não poderá ultrapassar/alcançar pessoas que 
não sejam responsáveis por aquele fato, e ainda só poderá alcançar as pessoas 
respeitando seu grau de participação na conduta. 
. O princípio da intranscendência é um rebatimento processual de 2 princípios penais: 
princípio da pessoalidade e princípio da individualização da pena. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
. NÃO POSSO ALCANÇAR PESSOAS DIFERENTES NO DIREITO PENAL, SENÃO AS 
RESPONSÁVEIS PELO FATO. 
6) Indisponibilidade da ação penal pública: 
. Assegura/determina que o MP não poderá desistir da ação penal proposta, conforme 
disciplina o art. 42 do CPP. Também não poderá o MP desistir do recurso que haja 
interposto na forma estabelecida no art. 576 do mesmo diploma legislativo. 
. A vedação à desistência não impede o pedido absolutório pelo MP conforme disciplina 
o artigo 385 do diploma adjetivo penal. 
. O princípio em questão tem exceções, à exemplo da suspensão condicional do processo 
na forma estabelecida no artigo 89 da Lei 9.099/95, bem como a “renúncia” prevista na 
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assim como o acordo de colaboração premiada. 
 . Suspensão condicional do processo não se confunde com o instituto da sursis 
condicional da pena, e tampouco com a suspensão do processo. 
. OBS: Depois que a denúncia foi ofertada não há mais como “voltar atrás”, em face do 
princípio da indisponibilidade da ação penal pública. 
 . A posição dominante defende que é possível fazer a retratação da retração 
para fazer representação, desde que dentro do prazo de 6 meses. 
A) Lei Maria da Penha: 
. Na Lei Maria da Penha o legislador inovou por conta de todo o histórico brasileiro 
(cultura de arbitrariedade e machismo). 
 . Sabendo que as mulheres podem voltar atrás em face da pressão que pode 
sofrer. 
7) Princípio do juiz natural: 
. Aquele juízo escolhido por lei, pela CF. – Não uma escolha feita de “encomenda”. 
. JUIZ COM COMPETÊNCIA DEFINIDADE PREVIAMENTE, um juiz legal. 
. Não basta ser competente, mas também DESINTERESSADO. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
. OBS: JURISDIÇÃO É UM INSTRUMENTO DE CONSTRANGIMENTO. 
 . O Estado se impõe e tem então o direito de aplicar a pena. 
. O juiz natural é um instrumento que retira de você o seu patrimônio no direito civil, e 
a aplica a sanção no direito penal. 
8) Contraditório: 
. Permitir a bilateralidade de audiência = diálogo das partes. 
. No papel acusatório é limitado. 
9) Ampla defesa: 
. Como se falar em estado de inocência se não falo no indivíduo se proteger com base 
na ampla defesa? 
10) Devido processo legal: 
. Respeito a todas as garantias. 
. Acusação foi feita na forma da lei. 
. Juiz que atuou de forma devida. 
. Foi permitida ampla defesa e contraditório. 
. TODOS OS PRINCÍPIOS SE RELACIONAM COM O DEVIDO PROCESSO LEGAL. – TODAS AS 
ETAPAS DESENVOLVERAM-SE COM BASE NO QUE MANDA O LEGISLADOR. 
11) Estado de inocência: 
. É o estado de nascimento. 
. Para que o indivíduo mude para o estado de culpado, é preciso que: haja julgamento 
por um juiz natural; que todo exercício do contraditório tenha acontecido com base na 
ampla defesa; que todo processo se desenvolva com base em um devido processo legal; 
que se tenha o trânsito em julgado da sentença penal condenatória = fazendo operar a 
mudança de um status para outro. 
. Mudança de status jurídico = sair do estado de inocência para estado de culpado. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
. Princípio que se relaciona com diversos outros. 
. Como é possível se tirar o estado de inocência com base em prova ilícita? Jamais. 
 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS 
1) Introdução: 
. Estamos falando em estruturas processuais que sistematizam a forma de aplicação do 
Direito Penal ao caso concreto. 
.Tem muito a ver com a estrutura política, econômica e cultura jurídica-social de um 
Estado. – MUITO TEM A VER COM A FORMAÇÃO DE UM POVO. 
2) Modelos estruturados pela doutrina: 
. Esses modelos muitas vezes coexistem, em outros momentos há preponderância de 
um sobre o outro (pelo contexto do momento histórico). – NÃO POSSUEM DATA DE 
NASCIMENTO, SÃO CONSTRUÇÕES AO LONGO DO TEMPO. 
A) Modelo inquisitivo (ou inquisitório): 
. Extremamente formal (ritualística muito forte), sem contraditório e ampla defesa. 
 . Tinha-se, inclusive, uma tarifação de provas – Exemplo: a palavra de 10 servos 
valia a de 1 único senhor. 
. Todas as funções (acusação, defesa e julgamento) eram realizados pelo mesmo órgão. 
– ÓRGÃO INQUISIDOR. 
 . Naquela época esse órgão inquisidor era o representante do poder divino, que 
era o rei. 
. Procedimento sigiloso. – No processo penal temos o princípio da publicidade como 
regra, com possibilidade externa (terceiros) e interna (interessados). 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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 . Adota o sigilo, o que, em certa medida, protege a imagem daquele que se 
submete a persecução. Entretanto, torna mais difícil a fiscalização. 
 . O sigilo aqui era puro, isto é, tanto interno quanto externo. 
. Impulso social. 
. Desigualdade processual entre autor e réu. 
. Segundo a doutrina dominante, o grande marco distintivo do modelo inquisitivo para 
o acusatório, é que no modelo inquisitório, dentre outras coisas, todas as funções têm 
um mesmo ator (acúmulo de funções/concentração de funções). 
 . Para Aury Lopes, a posição do magistrado na gestão da prova é também um 
marco importante. – Porém, essa não é a ideia dominante na doutrina. 
. Suficiência da confissão para condenação. 
. IDADE MÉDIA: período em que realmente se estruturou esse sistema (ISSO NÃO QUER 
DIZER QUE SURGIU AQUI). – E foi utilizado para causas que a igreja tinha interesse. 
 . Nasce anteriormente a inquisição. 
B) Modelo acusatório: 
. Presença do contraditório e ampla defesa. 
. Papéis distintos para as partes. 
 . Funções distintas, cada órgão exerce seu papel de forma independente dentro 
da pauta legal. 
. Igualdade processual entre autor e réu. 
. Processo é público. 
 . Publicidade era a regra (ao menos internamente, que permite que todos 
possam tomar conhecimento). – PUBLICIDADE INTERNA INDISPENSÁVEL, UMA VEZ QUE 
COMO A PARTE PODERÁ EXERCER CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA SE NÃO TEM 
CONHECIMENTO DAS PROVAS PRODUZIDAS? 
 . Qualquer pessoa pode assistir uma audiência, salvo alguma restrição 
fundamentada pelo juiz. 
. Obediência a garantias constitucionais. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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 . Quando o juiz apresenta um controle aqui nesse modelo é para controlar 
meramente a legalidade, mas não a atuação dos outros órgãos. 
C) Modelo misto: 
. É aquele em que parte do processo é acusatório, e parte em inquisitório. 
 . Fase de conhecimento: uma parte dela tem um juiz instrutor, responsável por 
fazer o levantamento probatório. – FASE INQUISITÓRIA. – Esse juiz não é o mesmo da 
fase de julgamento. 
 . Fase acusatória: juiz responsável pelo julgamento da demanda. 
. Modelo forte na Europa. 
D) Modelo brasileiro: 
. LINK INTERESSANTE: 
https://oialexsandro.jusbrasil.com.br/artigos/320272120/sistema-processual-penal-
brasileiro 
 
 
 
 
 
https://oialexsandro.jusbrasil.com.br/artigos/320272120/sistema-processual-penal-brasileiro
https://oialexsandro.jusbrasil.com.br/artigos/320272120/sistema-processual-penal-brasileiro
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. Em suma, qual o sistema adotado no Brasil? Segundo o SFT, o sistema acusatório. 
Todavia, temos a CF convivendo naturalmente com a legislação infraconstitucional, que 
tem nascimento de inspiração inquisitorial (exemplo: juiz que requisita diligências na 
fase inquisitiva; busca e apreensão, interceptação telefônica, oitivas de testemunhas e 
do ofendido, prova documental, requisitar instauração de inquérito policial, decretar 
prisão preventiva, etc.). 
 . Maior parcela da doutrina processualista penal defende que o sistema 
processual penal adotado no Brasil, é o acusatório, a exemplo de Aury Lopes Jr. E 
Eugênio Pacelli. Também se posiciona por esse sistema, o STF e o STJ. Outros 
doutrinadores são referenciados como adeptos dessa corrente: Ada, Scarance e 
Magalhães. 
. Essa corrente parte do pressuposto básico de que a CF/88 fez sua escolha, mas 
de forma implícita, quando separa as funções de julgar e acusar, além de estabelecer 
expressamente as garantias processuais típicas de um sistema acusatório. 
 
. CORRENTE MINORITÁRIA DEFENDE QUE: Muito embora a CF/88 tenha incorporado 
regras pertinentes ao sistema acusatório, o direito brasileiro, segundo AVENA (2015, 
1.2.5), agasalhou resquícios do sistema inquisitivo na legislação infraconstitucional, 
como a produção de provas ex officio pelo juiz, por exemplo (art. 156, CPP). 
. HÁ QUE ENTENDA SER MISTO: 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666954/artigo-156-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
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. OBS RELATIVA A POSIÇÃO MAJORITÁRIA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. CONCLUSÃO: 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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. SEGUNDO O PROFESSOR ROBERTO: A melhor solução é um novo CPP, em que os 
instrumentos dos anos 40 morram, e que se façam instrumentos processuais adequados 
a Constituição Federal. 
 . Dando limites ao acusador; responsabilizando atos ilegais etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SISTEMA PRELIMINAR DE INVESTIGAÇÃO 
. Sistema preliminar de investigação: é um complexo de procedimentos investigatórios 
e instituições destinados a elucidação de um hipotético caso-fato supostamente 
delituoso. – Identificando elementos que indiquem a autoria e existência desse fato. 
. Para que eu tenha um processo penal condenatório, ele deve surgir de algo plausível 
sustentável (não uma mera intuição), HÁ QUE HAVER UMA SUSTENÇÃO FÁTICA PARA 
QUE SE INAUGURE UM PROCESSO PENAL INVESTIGATÓRIO e as consequências 
posteriores. 
. Uma condição prevista em lei é a justa causa para ação penal (indícios de autoria e 
materialidade da infração penal – ELEMENTOS QUE SUSTENTEM A MINHA NARRATIVA). 
– Expressa o art. 395, inciso III: 
A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III – faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
. A ação penal condenatória é em si um constrangimento. – É punitivo porque tem 
repercussões sérias na vida das pessoas. 
. Como eu encontro e atribuo uma conduta a alguém fazendo a demonstração disso? 
Para além de narrar que o fato existiu, demonstrar que ele existiu? Como 
antecipadamente da instrução em juízo se fará isso? Pois, minha peça precisa 
demonstrar tais elementos. 
. Diante disso, criou-se um sistema. – Conjunto de instrumentos investigativos 
disponibilizados para órgãos de Estado destinados a permitir a elucidação de supostos 
fatos hipoteticamente delituosos, de modo a identificar os elementos de autoria e de 
existência do crime constituidores das condições para o exercício da ação penal. 
. Dizer somente que o fato existiu ou não existiu, não se resolve nada. 
 
SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA 
. Polícia ostensiva: função de atuar com visibilidade, para que a presença desse órgão 
seja um fator inibidor de condutas. – Polícia rodoviária da união, polícia militar dos 
estados e DF, polícia ferroviária daUnião. 
. Polícia investigativa: se destina a elucidar o fato delituoso (ou supostamente delituoso) 
após o seu acontecimento. – Repressão do crime que já ocorreu. – Polícia civil dos 
estados e DF; polícia federal. 
. Polícia judiciária e polícia investigativa no Brasil costumam ser tratadas de forma 
sinônima aqui. – Realizada pela polícia federal + polícia civil dos estados e DF. - Mas, na 
prática a polícia militar se presta mais a amparo do judiciário do que a polícia civil (que 
nem tem aparato para tal). 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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. Polícia judiciária: num conceito técnico, seria aquela que se destina ao 
cumprimento das ordens judiciais. 
1) Polícia militar: 
 
. A polícia militar é uma instituição dos estados, isto é, cada estado e o DF tem a sua. 
 
 . A polícia militar do DF é uma carreira bancada pela União 
 
. Tem função ostensiva. – Função de prevenção de incidentes criminais com a sua 
própria presença (policial fardado, presença física). 
 
. Visa preservação da ordem pública. 
 
. Segurança tem a ver com SENSAÇÃO. Logo, a PM tem esse papel de trazer essa 
sensação de segurança para a sociedade. 
 
. A PM está submetida à Secretaria de Segurança Pública dos estados. 
 
. NÃO TEM FUNÇÃO DE INVESTIGAR CRIMES. – Somente atuará com função 
investigativa, DE MODO EXCEPCIONAL, quando tratar de crimes militares estaduais 
(crime tipificado no Código Penal Militar em que o autor do fato típico é um policial ou 
bombeiro militar) = inquérito policial militar. 
 
. POLÍCIA OSTENSIVA E A PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA. 
 
. Quem comanda a PM é o comandante geral da PM. – Que está sujeito ao secretário de 
segurança pública. 
 
. Antes, o corpo de bombeiros pertencia a PM. Hoje, na grande maioria dos estados já é 
considerado autônomo. 
2) Polícia da União: 
. Polícia rodoviária federal e ferroviária federal. 
 . Polícia rodoviária federal: é responsável pelo patrulhamento ostensivo das 
rodovias e estradas federais, além de operações relacionadas com a segurança pública 
para a preservação da ordem, a incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o 
de terceiros, desmantelando o roubo de cargas e o tráfico de drogas e animais nas vias 
federais. 
 . Polícia ferroviária federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União 
e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das 
ferrovias federais. 
. Função ostensiva. 
. A polícia da União é submetida ao Ministério da Justiça. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 22 
 
. A União tem sua polícia ostensiva, mas é especializada, ou seja, funciona em espaços 
controlados pela União – rodovia ou ferrovia. 
. A polícia da União está ali para evitar crimes na rodovia ou na ferrovia. 
. São policiais fardados, MAS NÃO MILITARES. 
. A UNIÃO NÃO TEM POLÍCIA MILITAR. – E POR NÃO TER SEMPRE USOU INDEVIDAMENTE 
AS FORÇAS ARMADAS (tem filosofia diversa das forças de segurança pública – a filosofia 
dela é de guerra = ferir ou matar. – Logo, não se pode pensar em sua atuação em face 
dos civis, pois ela é uma modalidade em último recurso) OU DISTORCEU POR VEZES A 
FUNÇAO DA POLÍCIA FEDERAL (exemplo: em eventos PF fazendo policiamento ostensivo 
indevidamente). 
3) Polícia Judiciária: 
. Polícia Civil - submetida a Secretaria de Segurança Pública – função investigativa – 
inquérito policial. 
 . As Polícias Civis desempenham o papel de polícia judiciária dos estados e 
distrito federal, relatando Inquéritos Policiais e investigando crimes e contravenções 
definidos por exclusão das infrações penais de competência da Polícia Federal e 
militares. 
 . Quem comanda a polícia civil é o delegado chefe da polícia civil. – Submetido 
ao secretário de segurança pública. 
. Polícia Federal – submetida ao Ministério da Justiça – função investigativa – termo 
circunstanciado (infrações de menor potencial ofensivo) ou investigação policial. 
 . Exerce o papel de polícia judiciária da União, apurando as infrações penais 
contra a ordem política e social que impliquem prejuízo aos bens, serviços e interesses 
da União, tanto na administração direta quanto na indireta. 
. A polícia judiciária levanta elementos que servirão para futura causa judicial. – Tem 
função investigativa = APURAR O CRIME TANTO QUE TEM FUNÇÃO REPRESSIVA, POIS 
ATUA EM RAZÃO DO AUTOR DO FATO; e também FUNCIONA DE FORMA PREVENTIVA, 
POIS ELUCIDA OS FATOS. 
. A polícia investigativa age por meio de inquérito policial ou termo circunstanciado 
(quando se tratar de crimes de menor potencial ofensivo) – MEIOS UTILIZADOS PARA 
ELUCIDAR OS FATOS DELITUOSOS. 
. Em suma, são duas polícias judiciárias: a dos Estados, sendo a polícia civil; e a da 
União, que é a polícia federal. 
. A União na função investigativa tem a polícia federal. Por outro lado, na função 
ostensiva: tem a polícia da União, mas uma vez que esta é especializada em rodovia e 
ferrovia, em caso da situação não se enquadrar nessas 2 hipóteses, ela ficaria sem apoio 
ostensivo. Assim, ela acaba utilizando-se da Força Nacional de Segurança ou das Forças 
Armadas (Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira). 
 
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/policia-civil-do-brasil-significado/
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/policia-administrativa-policia-judiciaria-definicao/#Pol%C3%ADciaJudici%C3%A1ria1
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/policia-administrativa-policia-judiciaria-definicao/#Pol%C3%ADciaJudici%C3%A1ria1
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4) Força Nacional de Segurança: 
. Função Ostensiva. 
 
 
5) Forças Armadas: 
 
. Marinha, Exército e Aeronáutica. 
. Não são órgãos de segurança pública, e não foi pensada para ser utilizada contra o 
cidadão civil. – Mas, são utilizados para o cumprimento do GLO, isto é, decreto de 
garantia da lei e da ordem. 
. Estão todos submetidos ao Ministério da Defesa. 
 
6) Guarda Municipal: 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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. Atuam como polícia na prática, quando na verdade não foram criados para isso. – 
Deveriam ser submetidos então aos mesmos mecanismos de controle impostos à 
polícia. 
SISTEMA DE PRELIMINAR DE INVESTIGAÇÃO 
1) Introdução: 
. O pressuposto para ação penal, isto é, condição de existência é a justa causa. 
. O legislador brasileiro criou um certo obstáculo para início da ação penal, uma vez que 
o processo penal condenatório por si só é aflitivo/constrangedor, e pode levar a efeitos 
práticos. 
. Sistema preliminar de investigações: conjunto estruturado de órgãos e procedimentos 
investigativos destinados ao legislador para elucidação de fatos supostamente 
delituosos com objetivação de identificação de justa causa. 
2) Órgãos administrativos: 
. Nem todo mundo que atua é de segurança pública. – Temos diversos órgãos que 
procedem às investigações e não são polícias. Não foram criados para investigar crimes, 
mas os seus processos investigativos podem contribuir para elucidação de fatos que, 
após concluído o procedimento investigativo, podem ensejar a ação penal. 
. PROCON: sanção de advertência, multa, dentre outros. – É possível que além da 
elucidação dos fatos e aplicação das advertências administrativas, o PROCON entenda 
que aquilo causou um dano ao consumidor que enseja início de ação penal. 
. ANP: faz uma atuação em relação aos postos de combustíveis. 
. SEFAZ. 
. Receita Federal. 
. IBAMA. – Atuações administrativas, como por exemplo, o garimpo legal, em que o 
processo investigativo feito administrativamente poderá ensejar início da ação penal 
pelo MP. 
. A-CADE. 
. Muitas vezes o MP não tem expertise para realizar tal investigação, o que é muito 
melhor ser feito por tais órgãos e repassados para oMP. 
. NÃO ATUAM NO PROCESSO INVESTIGATIVO CRIMINAL, MAS SIM NAS FUNÇÕES 
ADMINISTRATIVOS QUE PODEM ENCONTRAR FATOS PENAIS. 
. Esses órgãos encaminham a investigação feita administrativamente para o MP, que 
prosseguirá com apresentação ou não da denúncia, a depender da existência de justa 
causa para aplicação da tutela penal. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 
 
3) Comissões parlamentares de inquérito: 
. As comissões parlamentares de inquérito (CPI) são temporárias, podendo atuar 
também durante o recesso parlamentar. Têm o prazo de cento e vinte dias, prorrogável 
por até metade, mediante deliberação do Plenário, para conclusão de seus trabalhos. 
. São criadas a requerimento de pelo menos um terço do total de membros da 
Casa. No caso de comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), é necessária também 
a subscrição de um terço do total de membros do Senado e será composta por igual 
número de membros das duas Casas legislativas. 
. As CPIs e CPMIs destinam-se a investigar fato de relevante interesse para a vida 
pública e para a ordem constitucional, legal, econômica ou social do País. Têm poderes 
de investigação equiparados aos das autoridades judiciais, tais como determinar 
diligências, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, requisitar de órgãos e entidades da 
administração pública informações e documentos, requerer a audiência de Deputados 
e Ministros de Estado, tomar depoimentos de autoridades federais, estaduais e 
municipais, bem como requisitar os serviços de quaisquer autoridades, inclusive 
policiais. Além disso, essas comissões podem deslocar-se a qualquer ponto do território 
nacional para a realização de investigações e audiências públicas e estipular prazo para 
o atendimento de qualquer providência ou realização de diligência sob as penas da lei, 
exceto quando da alçada de autoridade judiciária. 
. É possível que após o inquérito parlamentar se leve alguma conduta para o 
Conselho de Ética, mas isso não é regra. 
. Deve respeitar o que o regramento das Casas diz. 
. CPI: Apura fatos relacionados com as funções da Casa Legislativa. – Não só fato 
criminal, até porque o objetivo não é só instaurar procedimentos para apurar fatos 
típicos. – Eles dizem que SE FOR O CASO, encaminha para o Conselho de Ética. Mas, não 
foram criados para investigar crime. 
Art.58 § 3º – As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento 
de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo 
suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
. Adotamos um sistema em que judiciário não investiga (não é função deste). 
Logo, quando o legislador diz que as casas parlamentares terão poderão investigativos 
próprios da autoridade judicial, tem-se uma redação confusa. – Esses poderes próprios 
então seria: “aquilo que os demais órgãos precisam ir ao judiciário pedir, as casas 
parlamentares não precisam porque estão investidos de função judicial”. 
. MAS, em verdade as casas parlamentares quando produzem suas investigações 
têm poderes mais amplos para investigações do que os demais órgãos (enquanto os 
demais órgãos precisam de ordem judicial para algumas condutas/atos, as casas 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
parlamentares podem fazer de forma autoexecutável, isto é, sem autorização judicial 
prévia). – 
. Demais órgãos: parte da atuação é autoexecutória; e parte precisa de prévia 
autorização. – Exemplo: permissão judicial para afastamento de sigilo bancário/de sigilo 
telefônico/sigilo telemático/ sigilo fiscal etc. 
. STF, ENTRETANTO, DIZ QUE A REDAÇÃO DESSE ARTIGO NÃO É TÃO ELÁSTICA 
QUANTO SE INTERPRETOU. ENTÃO JUSTIFICA, COM BASE NA CLÁUSULA DE RESERVA DE 
JURISDIÇÃO, SEGUNDO A QUAL OS ATOS SERÃO RESERVADOS EXCLUSIVAMENTE AO 
PODER JUDICIÁRIO (SEM ORDEM JUDICIAL, O ATO NÃO PODERÁ PROSSEGUIR), E NEM 
AS CPI’S PODERÃO PROSSEGUIR. – Exemplo: busca e apreensão no asilo inviolável; 
afastamento do sigilo do CONTEÚDO das conversas telefônicas; afastamento do 
conteúdo do sigilo telemático (exemplo: e-mails); decreto de prisão preventiva etc. 
 . Todas as CPI’s têm os mesmos poderes? A CF diz que as prerrogativas são as 
mesmas, logo possuem os mesmos poderes a CPI estadual e federal. 
. Inquérito civil pode ser um procedimento investigativo criminal? 
 
4) Inquérito policial: 
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (NR dada ao caput pela 
Lei nº 9.043, de 09.05.1995) 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a 
quem por lei seja cometida a mesma função. – Por isso que não exclui a sindicância (processo 
administrativo) e MP de investigarem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 . INQUÉRITO NÃO É PROCESSO. É PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. 
. Medidas endoprocedimentais: servir para justificar as medidas tomadas no meio do 
inquérito, como sequestros, arresto, quebra de sigilo fiscal/bancário etc. 
. Inquérito policial é um procedimento administrativo preparatório destinado a elucidar 
suposto fato hipoteticamente delituoso buscando a identificação de elementos de 
autoria e de prova da existência do mesmo. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 27 
 
. É um procedimento próprio da polícia investigativa, qual seja, a polícia civil dos 
estados e do DF; e polícia federal, tendo na presidência um delegado de polícia civil ou 
um delegado de polícia federal, este sendo um agente do estado que deverá ser, na 
forma do artigo 144 e 37 da CF, um bacharel em direito aprovado em concurso público 
e provas e títulos. 
. O procedimento em questão tem como característica ser escrito, sigiloso por regra, 
submetido a oficialidade e oficiosidade por regra, dispensabilidade, é indisponível, 
inquisitivo, submetido a discricionariedade, a obrigatoriedade? De valor probatório 
relativo, e ainda os vícios ocorridos no mesmo não maculam (sujam), via de regra, a fase 
de ação penal. 
. Inquérito policial é só da polícia. MAS, o processo investigativo não se esgota aqui, 
pois existem outros órgãos também responsáveis por tal. 
. Natureza do inquérito: procedimento administrativo pré-processual. 
. Órgão encarregado: típico modelo policial. 
. OBS: Quando se precisa na investigação de medidas restritivas de direitos 
fundamentais (como quebra de sigilo bancário, prisão cautelar etc.), se pede a um juiz 
das garantias, que é um juiz que serve especificamente para isso. – Juiz abre espaço para 
contraditório para defesa se for o caso, e irá decidir. Se a defesa não concordar, retorna 
para o juiz das garantias ou até para o tribunal. – Estrutura dialética. 
 . OBS: FIGURA DO JUIZ DAS GARANTIAS ESTÁ SUSPENSA. - 
https://www.camara.leg.br/noticias/848939-proposta-da-prazo-de-cinco-anos-para-
judiciario-implantar-juiz-das-garantias/ 
. Qual o lugar do juiz nessa estrutura de investigação? Nesse ponto é que entra a figura 
do juiz das garantias (guardião da legalidade dos direitos fundamentais). 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário (ISSO AQUI É A DEFENIÇÃO DO QUE SEJA RESERVA DE JURISDIÇÃO: ALGUMAS 
QUESTÕES/MATÉRIAS, A LEI ENTENDE QUE, POR TRATAR DE DIREITOS 
FUNDAMENTAIS, NECESSITA-SEDE DECISÃO DE JUIZ COMPETENTE), competindo-lhe 
especialmente. 
 . É imprescindível se ter um juiz das garantias, que é aquele que não vai 
investigar, não é um juiz inquisidor, não vai atrás da prova, como garantidor da 
legalidade e dos direitos fundamentais do investigado/sujeito/imputado. – Porém, para 
o professor Aury Lopes Jr. o professor acha que os poderes concedidos ao juiz das 
garantias foram longe demais, pois ele poderia somente receber a denúncia. Mas, ao 
contrário ele cita, recebe resposta da acusação e ainda analisa se é caso de absolvição 
sumária ou não. E aí o juiz do processo faz audiência, instrução e julga. 
. Juiz de investigação deve ser diferente do juiz do processo. – POIS, SE FOR O 
MESMO FERE DE MORTE A IMPARCIALIDADE. 
https://www.camara.leg.br/noticias/848939-proposta-da-prazo-de-cinco-anos-para-judiciario-implantar-juiz-das-garantias/
https://www.camara.leg.br/noticias/848939-proposta-da-prazo-de-cinco-anos-para-judiciario-implantar-juiz-das-garantias/
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 28 
 
. OBS: o juiz de garantia está com eficácia suspensa em razão de decisão liminar dada 
pelo Min. Luiz Fux. – Na prática é como se não existisse o juiz de garantias, é como se 
não existisse essa figura. – O que acontece hoje então é que na investigação, quando se 
precisar praticar algum ato que precisa de autorização judicial, como por exemplo a 
busca e apreensão, vai se pedir ao juiz tal ato. Assim, o juiz dessa decisão em face de 
investigação irá se tornar prevento para, depois, inclusive, julgar o processo penal em 
si. – ENTÃO É COMO SE ESSES ARTIGOS NÃO EXISTISSEM. – Aplica a norma como era 
antes. 
 . Antes, com o juiz das garantias, esse juiz que autorizasse o ato que envolvesse 
direito fundamental não poderia julgar a causa, isto é, não se tornava prevento. 
. OBS: prova irreptível (que não se repete) – exemplo de prova de busca e apreensão; 
exame de corpo de delito. 
 
. OBS: O delegado não pode indiciar e nem acusar autoridade com foro de prerrogativa 
de função. Se durante um inquérito contra outra pessoa se identifica a presença dessas 
autoridades (membros do poder legislativo, judiciário, membros do MP etc.) o delegado 
deve remeter os autos ao juízo competente que realizará a investigação - como um juiz 
de garantias. Membros do MP ou judiciário em tese será pela PG ou TJ. 
. Inquérito visa atingir o campo do provável, um nível muito mais robusto do que o 
possível (onde ele nasce). – O processo nasce no campo do provável, e almeja atingir o 
campo de alto grau de convicção. 
. A polícia tem um prazo, como regra geral, de 10 dias se o sujeito estiver preso ou 30 
dias se estiver solto para elaborar tal inquérito policial. – TODAS AS TESES SERÃO 
DISCUTIDAS NO PROCESSO DE FORMA APROFUNDADA. 
 . Exemplo: algumas pessoas ficam criticando, como exemplo, o fato de que se 30 
pessoas foram ouvidas no inquérito, que não deveriam, portanto serem ouvidas 
novamente no processo. TODAVIA, como já pontuado, a não ser que seja de forma 
excepcional (em caso de extrema urgência visto algum fato motivador) essas pessoas 
não poderiam nem mesmo terem sido ouvidas. 
. É um rito sumário = muito mais limitado no tempo. – Se busca apena a probabilidade 
do fato. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou 
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao 
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
. Estando o sujeito preso, pode-se prorrogar o tempo por mais 15 dias para finalização 
da produção do inquérito policial. 
. Inquérito objetiva apurar a prática de um fato aparentemente criminoso. 
. O início do inquérito se dará, consoante art. 5° do CPP: depende conforme a natureza 
da ação penal. 
 . Se o crime for de iniciativa privada, que se procede mediante queixa, pode ter 
inquérito. – Como regra nunca vai ter, porque a imensamente maioria desses crimes são 
de menor potencial ofensivo (se faz mero termo circunstanciado no Juizado Especial 
Criminal), submetido a lei 9.099. – EXCEÇÃO: se pela soma das penas de vários crimes 
de ação penal privada você exceder o limite do juizado, pode se ter crime de ação penal 
privada com inquérito. – ESSE INQUÉRITO SOMENTE SE INICIARÁ MEDIANTE 
REQUERIMENTO EXPRESSO DA VÍTIMA, NÃO PODE INICIAR DE OFÍCIO. 
 . Se o crime for de iniciativa pública condicionada à representação, somente 
pode iniciar quando houver a representação (o simples fato da vítima ir à polícia e fazer 
uma notícia crime já é entendido como representação). 
 . Todos os crimes de ação penal pública incondicionada podem ter o inquérito 
iniciado de qualquer forma: de ofício pela polícia, mediante requisito do MP, 
requerimento do ofendido, por comunicação ou oral de qualquer pessoa (notícia-crime). 
. A formalização se dará através de uma portaria feita pelo delegado. 
. Iniciou o inquérito, a polícia segue os artigos 6° e 7° do CPP. – ATOS DE 
DESENVOLVIMENTO. 
. OBS: tirando plantonista e juiz de custódia, o juiz que atua na causa investigativa estará 
prevento (obrigado) a julgar a causa final do processo penal. 
A) Características: 
. Escrito – art. 9°, CPP; 
 . Segundo Nestor Távora, se for realizado de forma diversa a escrita, for 
digitalizado, por exemplo, isso não ensejará nulidade, configura mera irregularidade. 
 . Delegado precisa rubricar todas as páginas. Tudo deve ser escrito 
detalhadamente. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 30 
 
. Sigiloso – art. 20 CPP; 
 . Regra geral: sigilo externo da investigação (a critério da autoridade/delegado, 
que avalia o sigilo necessário). – Não há sigilo interno. 
. Durante muito tempo, pensou-se também em um sigilo interno. Mas, embora 
o inquérito seja inquisitivo (não tem ampla defesa e nem contraditório), ele tem que 
oferecer o mínimo de defesa, deve ter acesso para que se vislumbre se há ou não algum 
vício de nulidade. 
. Estatuto da OAB assegura ao advogado o direito de acesso aos autos do 
inquérito. 
. OBS: não raramente a polícia dá informações demais para a mídia, o que acaba 
configurando um processo investigativo não sigiloso (perigoso para vítima; propício até 
para que o suposto agente do fato delituoso fuja etc.). 
. OBS: Se ao advogado é negado o acesso aos autos do Inquérito Policial, ele 
poderá impetrar Mandado de Segurança em nome próprio (NO NOME DO ADVOGADO), 
pois a prerrogativa é dele. Outrossim, poderia ainda se ajuizar reclamação constitucional 
perante o STF para preservar a autoridade da súmula 14, com pedido liminar próprio 
(meio ineficaz, demora demais). Impetrar HC em favor DO INVESTIGADO, por cercear de 
forma indireta/arriscar a liberdade do investigado (melhor opção). 
 . OBS: advogados têm o direito de acessar os autos do inquérito já documentado. 
MAS, para o caso das diligências em andamento, em que o conhecimento prévio pode 
pôr em risco a veracidade da diligência (torna-la ineficaz), poderá ser imposto o sigilo. 
Todavia, quando for colecionada e juntada aos autos, a defesa terá acesso. Exemplo: 
interceptação telefônica e mandado de busca e apreensão. 
 . O MP tem total acesso, podendo, inclusive, requisitar diligências.. O Código não tratou da vítima a respeito do sigilo ou não. – A vítima muitas 
vezes atrapalha o andamento do inquérito, não porque quer, mas porque está 
totalmente desesperada frente a prática do suposto ato delituoso. 
 . O delegado, juiz e promotor têm acesso a todo o inquérito a qualquer 
momento. 
. Oficialidade (característica sem artigo relacionado); 
 . Quem realiza o inquérito policial é exclusivamente a polícia (Polícia Civil nos 
estados e DF; polícia Federal na União). 
 . “O inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não 
podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída 
ao ofendido” (CAPEZ, 2013, p. 121). 
 . O presidente do inquérito policial, autoridade policial (delegado de polícia) é 
autoridade pública (delegado de carreira = concursado). 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 31 
 
. Oficiosidade: 
 . Diante da notícia de uma infração penal, a instauração de inquérito policial 
deverá ser realizada de ofício pela Autoridade Policial (art. 5º, inciso I, do CPP), salvo 
quando se tratar de crimes em que a ação seja pública condicionada ou privada 
(art. 5º, §§ 4º e 5º, do CPP). 
 . Essa característica só se aplica nos casos de crime de ação penal pública 
incondicionada. – Diante de uma possível prática de infração penal, o delegado atua 
então de ofício (sem provocação de ninguém). 
. Dispensabilidade – art. 12 do CPP. 
 . Autoriza ao autor da ação penal ajuizá-la sem inquérito policial, desde que haja 
justa causa (pressuposto da ação penal). 
 . Inquérito penal é facultativo/dispensável na ação penal. A lei em alguns 
momentos trata dessa indispensabilidade. 
 . Exemplo: se a vítima tem todos os elementos de informações nas mãos (provas, 
documentos etc.), ela pode ir direto ao MP. 
 . OBS: é possível o delegado não instaurar o inquérito quando percebe que é o 
caso de legítima atipicidade, legítima decadência, legítima prescrição. 
. Indisponibilidade – art. 17 do CPP. 
 . Impede que a autoridade policial arquive o inquérito policial. – Se resolveu 
iniciar, não pode arquivar. 
 . OBS: Pode ter ação sem inquérito, mas uma vez iniciado ele não pode ser 
dispensado pelo delegado. Isto é, inquérito policial pode não ser instaurado, mas uma 
vez instaurado não pode ser arquivado (OBS: ele pode não instaurar por algumas 
razões). 
 . Ainda que o delgado perceba que cometeu equívoco ao iniciar o inquérito = 
NÃO PODE DESISTIR DESTE UMA VEZ QUE COMEÇOU. 
. Inquisitivo – 
. Não comporta nele a ideia de contraditório e ampla defesa. 
. Delegado vai conduzir a investigação. – OBS: depois o processo penal será 
acusatório. 
. Discricionariedade – art. 14 e 107, CPP. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678934/artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678891/inciso-i-do-artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033703/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678934/artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678559/par%C3%A1grafo-4-artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10678519/par%C3%A1grafo-5-artigo-5-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033703/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 32 
 
 . Autoriza o delegado a conduzir o inquérito policial segundo critérios 
discricionários relativos aos atos investigativos. 
 . O delegado pode escolher os caminhos da investigação, é discricionária a 
atuação do deste. 
. Existem duas exceções sobre a discricionariedade do inquérito policial: 
 . O MP ou autoridade judiciária requisita alguma diligência em específico. 
 . Realização obrigatória de exame de corpo de delito nas infrações que deixam 
vestígios. – Exemplo: lesão corporal, homicídio, estupro etc. 
. Obrigatoriedade: 
 . Impõe a autoridade policial a instaurar o inquérito policial ao tomar 
conhecimento do fato e quando presente os requisitos. 
 . Não é uma condição. – Mas, presentes os elementos para instaurar, ele tem 
que instaurar. – Para não instaurar, deve ter um motivo para indeferir. 
 . O delegado é que não pode deixar de instaurar por um juízo de valor dele. – 
NÃO PODE AVALIAR SE INSTAURA OU NÃO. 
. Valor probatório relativo – art. 155 do CPP: 
 
 
 
. Vícios não maculam a ação penal (em regra). 
 
. OBS: Se o delegado decide não instaurar o inquérito, a vítima pode recorrer ao 
delegado geral dá polícia civil, ao secretário de segurança pública, às superintendências 
da polícia (figuras superiores de maneira administrativa) para fazer recurso 
administrativo. 
. Mas, também pode a vítima também ir ao MP ou a Juízo requisitar que se 
analise a situação e requisite, assim, a instauração. Todavia, a doutrina brasileira é 
contrária a ideia de que o magistrado poderia requisitar a instauração (segundo o art 3-
A, mas esse artigo está com a eficácia suspensa). 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 33 
 
. OBS: Vem se criando a ideia de inquéritos audiovisuais, pois o vídeo com voz é o mais 
seguro. Mas, o que ainda está no código é a ideia de tudo escrito, pois era o mais viável 
e seguro também em 1940. 
. OBS: No inquérito policial não há produção probatória nos termos técnicos (em regra), 
o que há é angariar elementos informativos. Até porque, a prova precisa de produção 
perante o juiz, isto é, com direito ao contraditório; enquanto que o inquérito é somente 
perante o delegado e sem participação da defesa. 
 . QUANDO O INQUÉRITO PRODUZ PROVA? Em provas antecipadas e provas 
irreptíveis. 
. OBS: prova testemunhal é meio possível de prova, mas só será substitutiva nos crimes 
materiais quando os vestígios não mais existirem. 
. OBS: a lei autoriza o indeferimento do requerimento de instauração do inquérito 
policial se ausente os elementos mínimos que o justifiquem. 
. OBS: se o sujeito está sendo investigado por inquérito policial, o delgado não pode 
inserir tal informação na folha de antecedentes deste. 
. OBS: não haverá inquérito nos crimes de menor potencial ofensivo, se terá então 
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO) nos juizados especiais. 
. OBS: o art. 156, I, do CPP, autoriza o magistrado determinar diligências investigativas 
na fase pré-processual, inclusive ex officio. A redação atual do artigo foi produzida em 
2008 e a mesma sofre duras críticas da doutrina, inclusive com argumentos de 
inconstitucionalidade do mesmo por ofensa ao sistema acusatório, o qual teria sido 
eleito pelo legislador constituinte. O referido argumento é pautado pela postura 
acusatória do magistrado que adquire uma postura ativa probatória (pautado no 
princípio da verdade real), como estabelece o artigo 156, atuando como parte, o que 
pode ensejar abalo da imparcialidade. – Assim, é mais correto que o MP solicite 
diligências necessárias da autoridade policial. 
. Hipoteticamente, é possível a utilização de conversas produzidas em sede investigativa 
desde que revestidas da formalidade necessária na apuração, para a utilização de 
conversas, quer sejam telefônicas ou por meio de aplicativo de mensagens, se faz 
necessária a devida autorização judicial que permite a quebra do sigilo que se reveste 
as conversas telefônicas e as mensagens telemáticas. A CF no art. S°, XII estabelece a 
proteção em questão e existe disciplina infraconstitucional da quebra de sigilo prevista, 
a Lei 9.296/96, o que no caso em tela não foi respeitado, impedindo, desse modo, a 
utilização das referidas conversas na ação penal. (ITEM O1). Paixão cometeu o delito 
Art.157,$ 3°, IL, CP (ITEM 02). 
. OBS DE QUESTÃO: No caso não houve o pedido de quebra de sigilo necessário, pois a 
apreensão do celular não decorreu de ordem judicial, mas de apreensão em situação de 
flagrante. Os tribunais superiores aceitam a desnecessidade de pedido específico de 
quebra do sigilo quando a apreensão decorre de ordem judicial, pois se entende que a 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 34 
 
mesma pressupõe o acesso as informações contidas no telefone. Todavia, quando a 
apreensão ocorre em situação de flagrante, é necessária ordem judicial autorizativa de 
acesso às informações constantes do aparelho. Desse modo, não é possível utilizar nas 
conversas obtidas no caso em questão por se tratar de prova ilícita, uma vez que obtidas 
sem as formalidades legais. Ademais, cabe ressaltar que as demais diligências 
produzidas em decorrência das mensagens obtidas ilicitamente do celular também 
serão consideradas ilícitas, diante da teoria dos frutos da árvore envenenada. 
. Diante de entendimento jurisprudencial adotado pelo STJ, a prova obtida nos moldes 
enunciados em questão deve ser tida como ilícita e não poderá ser usada em juízo. 
Informam os julgados que na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que 
seja dispensável ordem judicial para a apreensão de telefone celular, as mensagens 
armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que compreende 
igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, 
imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel 
ou, ainda, por meio de sistemas de informática e telemática. Ademais, sem prévia 
autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de 
dados e de conversas registradas no WhatsApp presentes no celular do suposto autor 
de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão 
em flagrante. 
B) Conceito: 
. É um procedimento administrativo preparatório destinado a elucidar um suposto fato 
delituoso identificando elementos de autoria e de existência do fato (justa causa da ação 
penal). 
 
C) Investigação criminal contra autoridades com foro de prerrogativa: 
. Remeter autos ao juízo competente. 
. BADARÓ sustenta que “nos casos de investigados que gozam de foro especial por 
prerrogativa de função, o início da persecução penal ficará vinculado à autorização do 
tribunal competente”, sendo que, ainda segundo ele, “na hipótese de competência 
originária dos tribunais, em virtude da existência de regra de foro por prerrogativa de 
função, a investigação não poderá ser iniciada sem que haja prévia autorização do 
tribunal competente para processar originariamente a ação penal”. 
. Assim, parte da doutrina sustenta que, na hipótese de competência originária dos 
tribunais, em razão da existência de regra de foro por prerrogativa de função, a 
investigação não pode ser iniciada sem que haja prévia autorização do tribunal 
competente para processar originariamente a ação penal. 
. A autoridade policial não poderá indiciar e nem instaurar inquérito policial em face de 
autoridades que possuam prerrogativa de foro. Nesse caso, deverá ser instaurada a 
investigação pelo próprio foro competente. 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 35 
 
. Se o delegado perceber que há participação de agente com foro por prerrogativa, 
deverá imediatamente remeter os autos ao foro competente. 
. O foro competente poderá requisitar investigações por parte da autoridade policial, 
mas fiscalizadas por ele e acompanhadas pelo chefe do MP. 
. Exemplo: deputado federal cometeu um crime = investigação criminal será presidida 
por um ministro do STF, que poderá requisitar diligências a um delegado da PF. 
D) Atos de instauração/peças inaugurais do inquérito policial (art. 5º do CPP): 
. Portaria (ex officio): 
. Fato de ação penal pública incondicionada. 
. Qual instrumento normativo que permite o inquérito policial começar ex officio? A 
portaria. – A portaria do delegado inaugura o inquérito policial quando ele começa ex 
officio. 
 . Só falo em ex officio, em regra, pela ação penal pública incondicionada. 
. Auto de prisão em flagrante: 
. É um ato que inaugura também o inquérito policial. 
. Art. 301 do CPP: 
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer 
que seja encontrado em flagrante delito. 
. As autoridades devem prender em flagrante, e as pessoas do povo PODEM prender em 
flagrante. 
 . Flagrante obrigatório: autoridade deve. – Inclusive, se assim não prosseguirem 
com a prisão em flagrante poderão responder administrativamente, civilmente, 
penalmente etc. – Essas autoridades são os agentes de segurança pública. 
 . Flagrante facultativo: entender se existem ou não para o cidadão comum atuar 
naquele momento com a prisão em flagrante. 
. Quando se tem uma situação em flagrante: quando está configurada alguma das 
hipóteses do art. 302 do CPP. 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; - CONHECIDO COMO FLAGRANTE PRÓPRIO. 
II - acaba de cometê-la; - CONHECIDO COMO FLAGRANTE PRÓPRIO POR EQUIPARAÇÃO. 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que 
faça presumir ser autor da infração; - FLAGRANTE CHAMADO DE IMPRÓPRIO. 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele 
autor da infração. – CONHECIDO COMO FLAGRANTE PRESUMIDO. 
 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 36 
 
. Qualquer dessas 4 hipóteses enseja situação de flagrante, o que permite a atuação do 
flagrante obrigatório (autoridade) ou facultativo (povo). 
. Um flagrante se constitui de 4 etapas para doutrina minoritária. Para a doutrina 
majoritária, 3 etapas. 
 . Captura; 
 . Lavratura; 
 . Encarceramento; 
 . OBS: para doutrina minoritária que acredita que se tem 4 etapas, essa quarta 
seria a CONDUÇÃO (a qual se diferenciaria da captura). 
 . Quando se fala que a autoridade deve/ ou o povo pode prosseguir com prisão 
em flagrante, está se falando que se pode CAPTURAR ou no máximo em relação ao povo 
CONDUZIR (consoante a quarta etapa da doutrina minoritária). Pois, a etapa de lavratura 
é um ato que só pode ser feito por autoridade. 
 . Essa lavratura é feita, e PODERÁ se ter o encarceramento. Uma vez que nem 
toda lavratura leva a prisão (você pode ser preso em flagrante e não ser preso, em um 
crime que, por exemplo, se tem fiança). 
 . Depois de lavrado o flagrante, este é imediatamente comunicado ao JUIZ DE 
CUSTÓDIA (ou aquele que atua como tal), que avaliará a legalidade (se é um flagrante 
relaxado; se será convertido em prisão provisória; prisão preventiva etc.). É também 
comunicado ao MP, mas para isso DEPENDE: se o indivíduo diz que tem advogado 
falando o nome especificamente, os autos ficam lá e se o advogado comparecer terá 
acesso; mas, se o indivíduo não indicar o nome do advogado, será encaminhada uma 
cópia do flagrante para a defensoria pública e uma outra via fica na própria polícia 
(ensejando o início do inquérito policial). 
. O flagrante é então um ato que ostenta 2 objetivos: (i) sustar/interromper a prática 
delituosa (esse objetivo quando estamos defronte a uma prática delituosa que ainda 
está acontecendo, a qual será interrompida); (ii) reunir os elementos indiciários iniciais, 
os que estão mais próximos do crime. 
 . Esse segundo objetivo valendo-se para qualquer tipo de crime: ação penal 
privada e ação penal pública condicionada e incondicionada. 
. OBS: Até 2009, o crime de estupro tinha duas figuras: crimes sexuais do estupro 
(constranger mulher – aqui em 2009 só se falava na possibilidade em faceda mulher - a 
conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça a pessoa) e atentado violento ao 
pudor (constranger alguém a ato libidinoso diverso de conjunção carnal mediante 
violência ou grave ameaça a pessoa. - Exemplo: coito anal, coito oral etc., cabendo tanto 
para homens quanto mulheres). 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 37 
 
 . Essa distinção até 2009 existia, e até 2009 a ação penal por regra aos crimes 
sexuais era de ação penal privada. Excepcionalmente, poderia se ter ação penal púbica 
incondicionada (exemplo de situação compatível com a súmula 608 do STF, quando 
houvesse violência real, isto é, que extrapolasse a violência do crime sexual) ou pública 
condicionada (exemplo de situação em que o crime fosse praticado em relação a uma 
pessoa que não tivesse condição de arcar com os custos de um processo). 
 . Em 2009 vimos essa distinção dita acima entre crimes sexuais do estupro e 
atentado violento ao pudor, tornando-se uma coisa só: tendo um crime de estupro quer 
seja na ideia de pênis e vagina; quer seja, nos demais atos sexuais. – Houve abolitio 
criminis? Não. A conduta continuou sendo criminosa, só houve alteração normativa. – 
Estupro passou a atingir tanto homens quanto mulheres. - A REGRA PASSOU SER DE 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO 
(excepcionalmente seria pública incondicionada quando estivéssemos de frente, a por 
exemplo, estupro de vulnerável). 
 . Em setembro de 2017/2018, tivemos uma nova mudança, o crime passou a ser 
de ação penal pública incondicionada ao longo do tempo. 
 . Exemplo: mulher no ano de 2008 estivesse em um determinado local, quando 
um determinado sujeito atacasse ela, levasse para algum local e começasse a manter o 
coito com ela forçadamente. Diante disso, 3 polícias militares passando e vendo a 
situação, considerando que em 2008 se trava de ação penal privada, os policiais 
deveriam intervir, sustar a prática delituosa, mas a LAVRATURA dependeria de 
autorização da vítima. 
 . Em 2010, supondo que aconteceu um fato idêntico, já se teria aqui a 
necessidade de representação para lavratura. 
 . Mas, supondo que o fato aconteceu em 2020, a ação penal pública 
incondicionada independe da autorização da vítima. – Se teria a lavratura 
independentemente do requerimento ou autorização da vítima. 
. Requerimento do ofendido (ou representante): 
. Quando o fato for de ação penal privada, preciso de REQUERIMENTO do ofendido para 
tal. 
. Quando falamos que o inquérito policial quando começa ex officio precisa de portaria 
(exigida quando o fato for de ação penal pública incondicionada e começar ex officio + 
não for flagrante). Mas, nos outros casos não se exige portaria. Todavia, embora não 
haja exigência de portaria para situação de inquérito policial iniciado por requerimento 
ou representação do ofendido, Bob fica com a ideia de Nestor Távora da necessidade de 
instaurar a portaria. 
. O requerimento do ofendido (a) é exigido quando o fato for de ação penal privada (fato 
de ação penal pública privada = só posso ter inquérito policial se tiver requerimento do 
ofendido). Mas, pode dar início em caso de ação penal pública incondicionada (quando 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 38 
 
se trata de ação penal pública incondicionada, posso começar tanto ex officio quanto 
por requerimento). 
. Requisição do MP ou autoridade judiciária: 
. Determinação fundamentada a qual incube ao promotor do MP no momento de 
requisição do início do inquérito policial. 
. A doutrina de forma muito consolidada tece uma forte crítica ao poder inquisitório do 
juiz de poder requisitar o inquérito policial, justificando que isso estaria violando o 
modelo acusatório recepcionado na CF (uma vez que se você requisita, você deve 
fundamentar, logo está se antecipando um juiz de valor). 
 . Quando o art. 3-A do CPP tinha vigência, isso do poder judiciário requisitar não 
era possível. Todavia, como já pontuado, esse artigo está suspenso, em face da medida 
cautelar proferida pelo ministro Luiz Fux. 
. Pública condicionada (quanto há representação) e incondicionada. 
. Representação do ofendido (ou representante) ou requisição do Ministro da Justiça: 
. Ação púbica condicionada. 
. Por mais triste que seja, se a vítima não representar, não instaura inquérito policial. 
. O professor acha que o termo “requisição” do Ministro da Justiça é algo errado, pois 
aqui se está falando de autorização e não requisição. 
E) Atos de investigação (diligências): 
. A movimentação do inquérito são os atos de diligência que permitem elucidar o ato 
delituoso. O ato delituoso é elucidado com as diligências investigativas – o delegado de 
polícia pode investigar tudo, desde que de forma legal, ou seja, não se pode violar a lei 
durante as investigações. 
. No Código de Processo Penal e em leis extravagantes existem indicações de atos 
investigativos, mas essas indicações não são um limite, de modo que podem existir 
diligências investigativas outras, desde que não haja violação legal. Uma ordem de busca 
e apreensão, por exemplo, deve observar o objeto autorizado – não é possível 
apreender algo diverso, salvo se no momento da diligência se verificar o flagrante de 
outro crime. Se há o cometimento de excessos, o Estado responde pelo excesso 
cometido e o servidor também poderá responder pelos excessos. 
. Art. 6º e 7º do CPP (rol exemplificativo). 
Art. 6° Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I – PROF. ROBERTO GOMES 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 39 
 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título 
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham 
ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras 
perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar 
aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, 
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, 
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma 
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado 
pela pessoa presa. 
 
Art. 7° Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, 
a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não 
contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
. Art. 13-A (requisição de dados). 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, 
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público 
ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de 
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,

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