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DOENÇAS INFECCIOSAS 15/06/2022 Raiva Animal Importância: uma das doenças mais antigas, relatos de 500 a.C. Trata-se de uma doença fatal (se desenvolver sinais clínicos, morreu). Alguns anos atrás salvou-se um menino da raiva, e no Brasil também, são exceções. Existem sobreviventes humanos, animais não. Acomete animais homeotérmicos → aves e mamí- feros É uma importante zoonose. Prejuízos do ponto de vista econômico. Cabe ao proprietário notificar imediatamente ao ser- viço veterinário oficial a suspeita de casos de raiva em herbívoros, bem como a presença de animais apresentando mordedura por morcegos hematófa- gos, ou informar a existência de abrigos desses morcegos. Sinônimos: hidrofobia (inflamação de nervos perifé- ricos e SNC, animal está com muita sede, porém quando tenta tomar água sente muita dor) Definição: doença de etiologia viral, caráter agudo (não existe caráter crônico), caracterizada por le- sões muito sérias em SNC. Doença fatal e impor- tante zoonose. Ocorrência: Erradicada ou absolutamente controlada: Nova Ze- lândia, Nova Guiné, Japão, Havaí, Taiwan, Oceania, Finlândia, Islândia, parte continental da Noruega, Suécia, Portugal, Grécia. → Países ricos, desenvol- vidos, controle de animais e animais de rua. Brasil: 1993: + de 2.000 casos de raiva bovina, equina e ca- nina 1995: + de 1.000 casos de raiva canina Ponta Grossa, Cornélio Procópio e Guarapuava. → cavernas (morcegos) Falta de investimento em saúde pública. Espécies suscetíveis: homeotérmicos ++ Lobos, raposas, coiotes, chacal, roedores. + Furão, morcego, coelho, bovinos, felidae. + - Cães, ovelhas, cabras, cavalos, primatas. - Aves, gambás. Gatos: vacina inativada ETIOLOGIA Família: Rhabdoviridae Gênero: Lyssavirus Característica: vírus em formato de projetil, relativa- mente grande (90-180nm), RNA fita simples, envelo- pado, superfície composta por glicoproteínas G (são responsáveis por indução de anticorpos neu- tralizantes), vírus neuro trópico (tropismo pelo sis- tema nervoso), formadores de corpúsculos de inclu- são citoplasmáticos (diagnóstico). Diferenças sutis na glicoproteína entre os vírus: ge- nótipos: • Rabies vírus (RA BV): clássico, infecta mamíferos terrestres, morcegos hematófagos e morcegos não hematófagos das américas. Genotipo 1. • Lagos bat vírus (LBV): morcegos frugívoros na Ni- géria. • Mokola vírus: genótipo 3 • Duvenhage vírus: genótipo 4 ....... Resistência: muito medíocre Ambiente: 24h 50ºC: 30 minutos 80ºC: segundos Agressão do animal: lavar com água e sabão (reduz as chances de contaminação em 70-80%). Tipos de vírus: • Vírus de rua/selvagem: vírus que está na natureza, que causa a doença, infecta aves e mamíferos causando raiva nesses indivíduos. Velocidade de 25-50mm/dia → quer chegar no SNC, precisa an- dar até ele. • Vírus fixo ou vírus de laboratório: está nas vacinas, vírus atenuado, com velocidade maior de dissemi- nação. Vacina funciona mesmo após infecção pelo vírus, pois o vírus fixo possui uma velocidade muito maior. Epidemiologia: Existem 3 tipos de raiva: urbana, rural e dos silves- tres. Urbana: ocorre na cidade • Fonte de infecção: cachorro, gato, macaco. • Vias de eliminação: saliva (relatos pelo leite, sê- men e fezes), liberação do vírus 5 dias antes de apresentar sinais clínicos • Porta de entrada: solução de descontinuidade na pele, ferida, lesão (não existe infecção de raiva em pele íntegra) • Via de transmissão: via salivar, relatos em caverna por aerossol Rural: • Fonte de infecção: morcego hematófago • Vias de eliminação: saliva, sêmen, fezes • Via de transmissão: mordida silenciosa (saliva com anestésico e anticoagulante) Morcego infectado apresenta mudança de compor- tamento, hematófago agride insetívoro e frugívoro. Ave → pouco sangue, morre. Patogenia: Após o vírus ser inoculado permanece no local de inoculação por um período de 24h (medidas de con- trole devem ser feitas aqui). Se replica nas células musculares até atingir as nervosas. Pode atingir di- retamente terminações nervosas. Após o período de 24h é como se o vírus tivesse desaparecido, ele é desmontado para que surjam novas partículas vi- rais. Vírus atinge nervos periféricos, através das jun- ções, faz-se uma infecção ascendente, atinge gân- glios dorsais, coluna até o SNC. Vírus sai do SNC e vai para tecidos extra neurais, glândula salivar. Ao penetrar os neurônios o vírus da raiva torna-se protegido da ação dos anticorpos das células do sistema imune e da ação dos interferi- mos responsáveis pela resposta imune específica. Sinais clínicos: Período de incubação: período de infecção até de- monstração dos sinais clínicos. Depende do local da agressão, virulência, dose infectante, carga viral, imunidade do indivíduo. Passa a desenvolver sinais clínicos quando o vírus chega no SNC. Depende do animal qual fase ele apresentará. • Período podrômico: mudança de comportamento Não atende ao chamado, irritação, esconde-se, delí- rio, delírio ambulatório (anda em linha reta sem pa- rar). Final: apetite depravada, dificuldade de ingestão, al- terações urogenitais, apetite sexual, pulos, saliva- ção (não consegue deglutir). • Fase furiosa: louco, alucinado. Síndrome do ca- chorro louco Angústia, excitação, dificuldades de deglutição, in- coordenação motora, crises convulsivas, coma e morte. Latido bitonal, uivo, paralisia das cordas vocais. • Fase paralítica: paralisa Paralisia da cabeça, pescoço, queda de mandíbula, protusão da língua, sialorreia, paralisia dos mem- bros posteriores, coma, morte. Até 10 dias. Não segue sequência. DIAGNÓSTICO: Diferencial: cinomose, encefalites não especifica- das, infestação por helmintos, intoxicação, eclampsia, ingestão de corpo estranho. Laboratorial: Vivo: biopsia de focinho, sacrifício (material para di- agnóstico) Morto: material, cuidados com a coleta Material de silvestres devem ser encaminhados in- teiros para identificação; cães e gatos devem ser encaminhados com a cabeça inteira ou SNC; bovi- nos, equinos e outros deve ser encaminhado com o SNC coletado. LACEN, CDME. Detecção de corpúsculos de inclusão: da positivo em 67% dos casos. Corpúsculos de Negri Teste de imunofluorescência direta: sensibilidade de 99% Prova biológica: macerado do material a 10%, ino- culado em camundongos de até 7 dias, 20-30 dias. Profilaxia: Saúde pública, aspectos econômicos Imunoprofilaxia: • Vacinas flury (atenuado) • Vacinas fuenzalida palacius (inativada) • Vacinas ERA (atenuada) • Vacinas Formidogel (inativado) Protocolo: Risco de reversão vacinal. Cães e gatos: a partir de 6 meses, reforço anual. Avaliam incidência da doença Animais pecuários: áreas endêmicas, ERA, 4-6 me- ses e reforço anual. Raiva urbana: controle de cães, conscientização dos tutores Raiva rural: vacinação de cães, controle de morce- gos TRATAMENTO Exclusivamente imunoterápico, antes que se desen- volva os sinais clínicos. Vacinação do paciente agredido Não recomendado: perigo para o homem Proprietário consciente e responsável Conduta frente a um caso suspeito de raiva: interna- mento, documentos (declaração de compro- misso/ciência, carta posto de saúde). Veterinário guarda cópia
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