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1 ENGENHARIA DE CUSTO A Engenharia é progressivamente desmembrada para atender a novas demandas criadas pelo mercado, permitindo que profissionais foquem em especializações que sejam capazes de suprir essas novas tendências. É o caso, por exemplo, engenharia de custos.. Este é um segmento que está ganhando forma e volume no Brasil, mas que já está enraizando a sua polivalência dentro da Engenharia Civil, principalmente para tratar das responsabilidades de orçamentistas e planejadores de ofício. Mas a profissão de um Engenheiro de Custos é um pouco mais ampla do que a realização de cálculos na ponta da caneta. Afinal, o próprio setor orçamentista concentra uma série de outras responsabilidades. É uma ferramenta usada para definir qual melhor caminho à ser tomado, para que não haja, estouro no orçamento, atraso na entrega, pois esses problemas aumentam os custos iniciais apresentados. É a área da engenharia onde princípios, normas, critérios e experiência são utilizados para resolução de problemas de estimativa de custos, avaliação econômica, de planejamento e de gerência e controle de empreendimentos. E de que forma isso é feito? Através de um profissional, com conhecimentos técnicos nessa disciplina e vivência em campo (em se tratando de obras civis). Ele atua desde o planejamento até a entrega, é um gerente global, que está envolvido em todas as fases da obra, analisando resultados e desempenho dos projetos. Não é somente uma ferramenta para calcular orçamentos é muito mais que isso. A engenharia de custos está diretamente ligada ao desenvolvimento sócio econômico de uma região. Toda obra pública depende de verbas públicas para acontecer e essas verbas são nada menos que os impostos pagos pela população que espera o retorno deles, em forma de serviços de boa qualidade, como: saúde, educação, segurança, etc. Quando esse empreendimento é mal planejado, o desperdício do dinheiro público é fato notório como vemos todos os dias nos noticiários. Obras inacabadas ou com má qualidade, liberdade para instalação de esquemas licitatórios, superfaturamentos, gerando desemprego, atraso no desenvolvimento econômico e insatisfação por parte da população com os serviços básicos de má qualidade, oferecidos pelo governo. E é aí que a engenharia de custos entra, para planejar de forma correta e evitar o desperdício de dinheiro público, minimizando atrasos e prejuízos, utilizando esses recursos, que são limitados, de forma assertiva. Por determinação da Constituição Federal a contratação de obra pública deve ser realizada mediante processo de licitação pública. A legislação que regulamenta a matéria é a Lei 8.666/1993, onde estão prescritos os passos que devem ser trilhados para a contratação, sendo o orçamento detalhado do custo global da obra, peça indispensável para a abertura do processo. 2 Tamanha é a importância da matéria que existe essa especialidade profissional voltada para o seu desenvolvimento: a Engenharia de Custos. A engenharia de custos é uma ferramenta indispensável na gestão pública. Na ausência do conhecimento, por parte do gestor, das técnicas dessa ferramenta, o mesmo tem por obrigação contratar um profissional ou empresa especializada. 3 ENGENHARIA DE CUSTO NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS “Os gestores públicos são responsáveis pelo bom uso do dinheiro público, conforme estabelecido pela Lei Federal 8666/93 (licitações e contratos da administração pública)”. “Utilizando adequadamente os princípios da engenharia de custo os gestores podem aproximar o orçamento das obras a realidade regional e assim ter uma boa gestão econômica”. A lei 8666/93 é implacável em relação ao gestor público. Ele é responsável pelo erário público civil, administrativamente e criminalmente. É responsável pela verba que vai disponibilizar para qualquer tipo de empreendimento ou material que vai ser comprado. Ele não pode fugir da Lei 8666/93. Se o gestor vai aplicar o erário público em alguma obra, é prudente que ele conheça o custo efetivo desta obra, para que não cometa deslizes. Se usar adequadamente os princípios da Engenharia de Custos, consegue trazer o planejamento da obra mais próximo do seu custo real. É óbvio que não se acerta o custo real da obra, mas se for aproximado os riscos diminuem. É normal que os custos variem, mas deve haver planejamento. O gestor não pode ser leviano. Ele deve saber onde estão os riscos, qual o custo variável destes riscos, e combater. A engenharia de Custos esta totalmente ligada ao gestor público e se ele não é competente para gerir, deve contratar um engenheiro. Esse custo da obra não é apenas material, e sim toda a produção em si. 4 FALHA NO PROCESSO As falhas fazem parte do processo, mas se soubermos identificá-las será possível evitá-las, tornando os processos mais eficientes e prevendo possíveis erros maiores que podem prejudicar a empresa como um todo. Geram desorganização e registros insuficientes para fiscalizações, a falta de registros dessas falhas, facilita a manipulação de aditivos nos processos, com o intuito de arrecadar um incremento no valor da obra, usando a falha encontrada como justificativa para esse aditivo, podendo assim usar argumentos para um método para a reparação ou qualquer outro tipo de correção, que talvez não aconteça. Com o registro das falhas, anteriormente acometidas em diversas obras, a cada obra que for sendo realizada as falhas vão se extinguindo, por serem um estudo de caso anterior a qual não serão repetidos na nova obra, assim impedindo que pessoas mal intencionadas se beneficiem com valores de aditivos, não terão nenhum argumento para implanta-las. Figura 1 – Diagrama Espinha de Peixe 5 O MECANISMO Figura 2 – Ciclo vicioso de propina utilizada na série “O Mecanismo” Pode ser redundante “bater” na mesma tecla em relação ao respeito que os agentes públicos deveriam ter para com a Lei 8666\93. Mas parece que quanto mais se toca nesse assunto, mais escândalos são descobertos. O mecanismo da corrupção funciona de maneira simples: há a grande empresa estatal, que possui uma diretoria de abastecimento. Essa diretoria é composta de um diretor indicado por um partido político (tráfico de influência), e que burlando a lei 8666\93, deixa de fazer o que é certo, ou seja, licitando, e aí contrata empreiteiras, que em sua maioria fazem parte de cartéis para que todas ganhem. Como as indicações dos diretores de abastecimento partiam dos partidos políticos e que na maioria das vezes fazem parte da Câmara Legislativa Federal, as obras que interessam as empreiteiras eram aprovadas em tempo recorde. Na mão do diretor de abastecimento, está a liberação de todo erário público. Para que a lei 8666\93 fosse burlada sem chamar atenção dos tribunais de conta, aplicava-se através do operador maneiras de burlar o sistema e uma delas era a contratação de empresas terceirizadas, contratos fraudulentos para lavar o dinheiro que iria para essas empresas como propina. Assim todos “ganhavam”. Por exemplo: uma obra que custa x, passava a custar xyz. Essas propinas eram distribuídas ao operador, que tirava a parte dele e redistribui-a aos políticos, ao diretor e as empreiteiras, e a obra que teria que ser feita nunca acontecia. O cerne da lei 8666\93 é simples, e se compacta em uma palavra única palavra: LIMPE. São as iniciais dos princípios constitucionais da Administração Pública direta ou indireta, quais sejam: LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA. 6 Norteados pelo artigo 37, caput da Constituição da República Federativa do Brasil, elenca: ‘’Art. 37. A administração pública diretae indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte...” A Legalidade é norteada pela lei que segue! A administração pública importa o respeito a lei, pois devemos lembrar que o agente público precisa usar o erário público com parcimônia, de modo a não haver desvio e mal uso do dinheiro, culminando com a falta de serviços para a população. A Impessoalidade significa a proibição de tratamento diferenciado ou favorecimento pessoal por causa de posição ou cargo público. A lei trata, pelo menos tenta, com igualdade, segundo rege o Artigo 5, caput da Constituição da República: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...” A moralidade vem seguida do que é legal. O que vemos hoje é o velho “jeitinho brasileiro” sendo aplicado para poucos, em detrimento de muitos. O que ocorre hoje no nosso país é amoral, passou de todos os limites. A impressão que temos às vezes é que o “crime compensa”, pois além de tudo, a impunidade impera. A Publicidade é o princípio que rege a tal "transparência”, ou seja, o contribuinte deveria saber pra onde vai o dinheiro que é pago, pois vive num país onde se paga uma das maiores cargas tributárias do planeta. O problema é que, na maioria das vezes, os tribunais de conta, sejam da União ou dos Estados (município não cria mais tribunal, a cidade do RJ ainda tem o dele) tem em seus conselheiros, pessoas que são indicadas pelos chefes do Poder Executivo, o que acaba facilitando aprovação de contas falsas. Temos como exemplo os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio que foram indiciados por corrupção e lavagem de dinheiro. Mais um princípio sendo desrespeitado por agentes públicos. A eficiência cabe para a engenharia inclusive. Se esse princípio não for respeitado, todos os outros deixarão de funcionar. Desse princípio se implementou o modelo de administração pública gerencial voltada para um controle de resultados na atuação estatal. Nesse sentido, economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional são valores encarecidos por esse princípio. 7 Figura 3 – Diagrama de propinas lava jato Ministério Público Federal (MPF) Fonte: Ministério Público Federal (MPF), 2015. 8 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe ou Diagrama de Causa-Efeito, é um instrumento utilizado para identificar e organizar a relação entre um determinado efeito e as possíveis causas para que o mesmo ocorra. A maior vantagem da utilização do Diagrama de Ishikawa é sua compreensão gráfica simples. Seu visual, no formato de uma espinha de peixe, permite facilmente destacar um efeito e listar os possíveis fatores que contribuem para esse fenômeno ocorrer. Com ele é possível ampliar a visão das possíveis causas de um problema, analisando-o de forma mais detalhada e identificando possíveis soluções, além de analisar processos de maneira a buscar melhorias em seu funcionamento. Figura 4 – Diagrama de Ishikawa Materiais: fornecedores caros, matéria prima com defeitos. Máquinas e equipamentos: equipamentos obsoletos e necessidade excessiva de manutenção. Métodos: uso excessivo de equipamentos e máquinas, não existência de processos para contratação de fornecedores. Meio ambiente: fábrica distante do centro metropolitano, layout inadequado do chão de fábrica. Mao de obra: salários altos, excesso de funcionários. Medidas: ausência de indicadores de custos, falta de controle de qualidade de produtos. 9 Utilizamos a engenharia de custos para identificar os efeitos e as possíveis causas. Quando se falha na gestão de custos, acontece a interferência no controle e gestão da obra. A pessoa que faz o planejamento não é a mesma que faz a gestão, sendo assim o gestor ético não tendo o conhecimento da gestão da obra e dos custos, fica com dificuldades de gerir o empreendimento, isso acaba acarretando num elevando custo da obra. A solução para o elevado custo de uma obra, além de um bom gestor com conhecimento no planejamento, o profissional precisa fazer um acompanhamento minucioso de todos os processos, não havendo falhas em nenhuma etapa. 10 CONCLUSÃO Podemos com facilidade perceber e entender que a ENGENHARIA DE CUSTOS engloba recursos necessários para se executar um projeto com o mínimo de desperdícios, gastos extremos ou desnecessário. Porém quando falamos de combate a corrupção isso não é o suficiente, precisamos de muito mais que apenas ter a ferramenta, precisamos ser ferramenta anticorrupção. Antes que um departamento, instituição ou órgão público possa implementar um sistema anticorrupção é necessário que o gestor blinde suas boas práticas, com conhecimento profundo do projeto global. Estamos falando de Ética profissional e moral (aquela que não se aprende cursando uma faculdade). Diante do cenário de corrupção em que o Brasil está enquadrado, com facilidade encontramos pessoas com opiniões prontas para condenar os corruptos, entretanto, se fizermos uma análise dos nossos atos vamos descobrir que somos tão corruptos quantos todos os envolvidos na lava jato e tantos outros escândalos. Como? Quando furamos fila pra pegar o elevador mais rápido, quando ao invés de comprar um dvd original do jogo ou filme que eu gosto, compro o pirata mesmo que é mais barato, quando uso um cartão de gratuidade sem me enquadrar nos pré-requisitos necessários para possui-lo, quando faço impressões no trabalho com as folhas e tinta que não são minhas e tantos outros atos que se fossemos cita-los aqui escreveríamos um livro, fato é que quando nos apropriamos de algo que não nos pertence somos corruptos também. Precisamos lutar com afinco contra grandes corrupções, mas jamais podemos esquecer que as próximas gerações precisam saber que furar fila é tão corrupção quanto roubar cofres os públicos, e, isso depende de nós como cidadãos, como pais, tios, e principalmente como profissionais éticos, comprometidos em fazer o certo mesmo que todos estejam fazendo o errado. 11 BIBLIOGRAFIAS NETTO, Vladimir. Lava Jato : 1. ed - Rio de Janeiro: Primeira Pessoa, 2016. https://pmkb.com.br/artigos/diagrama-de-ishikawa-e-aplicacoes-na- engenharia-de-planejamento/ http://engenheirodecustos.com.br/ http://monografias.poli.ufrj.br/monografias http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Monografia%20Or%E7amento%2 0e%20controle%20de%20custos%20na%20constru%E7ao%20civil.pdf https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic-files/ethicsineng.html http://domtotal.com/noticia/1090320/2016/10/etica-na-engenharia/ http://www.creaba.org.br/Artigo/179/O-tempo-a-engenharia-e-a-etica.aspx https://www.engenhariacivil.com/legislacao-etica-engenharia-brasil https://pmkb.com.br/artigos/diagrama-de-ishikawa-e-aplicacoes-na-engenharia-de-planejamento/ https://pmkb.com.br/artigos/diagrama-de-ishikawa-e-aplicacoes-na-engenharia-de-planejamento/ http://engenheirodecustos.com.br/ http://monografias.poli.ufrj.br/monografias http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Monografia%20Or%E7amento%20e%20controle%20de%20custos%20na%20constru%E7ao%20civil.pdf http://www.cecc.eng.ufmg.br/trabalhos/pg1/Monografia%20Or%E7amento%20e%20controle%20de%20custos%20na%20constru%E7ao%20civil.pdf https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic-files/ethicsineng.html http://domtotal.com/noticia/1090320/2016/10/etica-na-engenharia/http://www.creaba.org.br/Artigo/179/O-tempo-a-engenharia-e-a-etica.aspx https://www.engenhariacivil.com/legislacao-etica-engenharia-brasil
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