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DESCRIÇÃO Fundamentação e desenvolvimento laboral-prático de técnicas, conceitos e critérios de avaliação nutricional em crianças e adolescentes por meio de princípios individuais e epidemiológicos para compreensão das diretrizes específicas por faixa etária. PROPÓSITO Compreender as bases da avaliação nutricional de crianças e adolescentes é importante para o desenvolvimento de diagnóstico nutricional como referência à intervenção dietética. PREPARAÇÃO Antes de iniciarmos o estudo deste tema, pesquise as tabelas e referências de avaliação nutricional, especialmente antropométricas, nos seguintes materiais: Tabela de peso e estatura (Percentil 50) utilizando como referencial o NCHS 77/8 – gênero masculino – disponibilizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN – disponibilizada pelo Ministério da Saúde. Avaliação nutricional da criança e do adolescente – manual de orientação – disponibilizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Pirâmide alimentar – disponibilizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a avaliação antropométrica em crianças e adolescentes MÓDULO 2 Reconhecer manifestações físicas e semiologia clínica em crianças e adolescentes MÓDULO 3 Identificar biomarcadores de estado nutricional e dados de inquéritos dietéticos em crianças e adolescentes INTRODUÇÃO Crianças, caracteristicamente, são indivíduos com requerimentos fundamentais para cognição e crescimento. O período da infância constitui-se em uma fase de grande vulnerabilidade do ponto de vista nutricional, justamente em função de sua significativa rapidez de desenvolvimento geral. A visão da fragilidade nutricional infantil é intensificada quando se considera que a desnutrição hospitalar consiste em condição frequentemente subdiagnosticada na realidade brasileira e mundial. O comprometimento do crescimento geral e o aumento das taxas de mortalidade infantil são as principais consequências do processo de desnutrição em pediatria (CAO et al ., 2014). A utilização de variáveis antropométricas, clínicas, bioquímicas, energéticas e dietéticas é relevante para a identificação mais sensível da evolução da saúde infantil e púbere. Embora importante, a utilização de ferramentas de avaliação bioquímica e semiologia clínica costuma constatar condições já estabelecidas e, eventualmente, avançadas de mau estado nutricional. Em contrapartida, os indicadores antropométricos e dietéticos costumam ser mais sensíveis às alterações de curto prazo e, assim, são significativamente preventivos para ajustes nutricionais (ONIS, 2000). MÓDULO 1 Descrever a avaliação antropométrica em crianças e adolescentes CRESCIMENTO INFANTIL E PUBERAL A análise do controle de crescimento infantil leva em consideração a comparação de medidas individuais com perfis populacionais padronizados em diversos países, com características regionais que devem ser levadas em conta para determinação local da saúde da criança. Embora o processo de crescimento infantil tenha grande grau de complexidade, inespecificidade e multifatoriedade a partir de fatores genéticos, hormonais, nutricionais e psicossociais, sua evolução ocorre de forma bastante previsível e identificável (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009). As principais referências para análise do controle de crescimento infantil estabelecem, de maneira padronizada, que o período da infância compreende idade entre 0 e 10 anos. ATENÇÃO A massa de dados para interpretação e classificação das medidas tem origem a partir dos estudos multicêntricos da Organização Mundial da Saúde (OMS) em combinação com a coleta de informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Centro Nacional para Estatísticas em Saúde (NCHS) norte-americanos (MONTEIRO, 1984; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006). DADOS Particularmente no Brasil, o Ministério da Saúde procurou organizar material de orientação para coleta e análises de dados antropométricos em serviço de saúde como Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), com o intuito de padronizar o serviço de profissionais de saúde na detecção e interpretação de medidas e de dados (BRASIL, 2011). A interpretação dos dados para gerar diagnóstico depende da observação dos pontos de corte ou valores críticos. Essas medidas observáveis determinam faixas limítrofes que segmentam indivíduos saudáveis de possíveis quadros de risco. Para tal, empregam-se medidas de estatística descritiva, tais como: PERCENTIS Dividem a população amostral em 100 partes. ESCORE-Z Escore padrão sobre os estudos multicêntricos disponíveis, ou seja, números de desvios padrão acima ou abaixo da média. Frequentemente, embora desafiadora, a coleta de dados alimentares também é necessária para aprimorar bases de dados e pesquisas epidemiológicas e clínicas sobre as associações entre dieta e saúde infantojuvenil. A identificação de preditores e resultados da ingestão alimentar de crianças é capaz de gerar apontamentos mais específicos para intervenção nutricional de curto e longo prazo, compreensão de comportamento dietético e até mesmo políticas de ingerências alimentares sociais (PÉREZ- RODRIGO et al . 2015). Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) estabeleça faixa etária de 12 a 18 anos para compreensão de indivíduos no período de adolescência, do ponto de vista de avaliação nutricional, preconiza-se normalização da OMS, que define adolescentes como indivíduos de 10 anos totalmente completos a 20 anos parcialmente completos (GOMES; ANJOS; VASCONCELLOS, 2010). Especificamente, a adolescência compreende período de maturação sexual e intensas mudanças de distintas etiologias, tais como evoluções: FISIOLÓGICAS ESTRUTURAIS PSICOSSOCIAIS EMOCIONAIS javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) CULTURAIS O crescimento vertical puberal ágil é resultado da intensa produção e secreção hormonal corporal, que afeta todos os órgãos do corpo. Assim, nota-se demanda energética significativa, o que pode gerar potencial perigoso para escassez ou déficit em alguns casos. A finalização completa da adolescência ocorre quando o indivíduo completa sua formação de personalidade individual, integração social peculiar e independência de escolhas, inclusive econômicas (HEALD, 1985). ATENÇÃO Em função da miscigenação entre requerimentos fisiológicos e percepções pessoais e psicológicas, a avaliação nutricional puberal demanda cuidado amplo do nutricionista. Nesta fase, os hábitos alimentares mudam intensamente e a desestruturação dietética é comum. Há tendências de se realizar corriqueiramente lanches pobres e rápidos e pular refeições. Outras vezes, são identificados altos níveis de restrição alimentar, que costumam se relacionar com as preocupações de autoimagem corporal, desencadeando alterações de comportamentos de dieta. RESUMINDO Os dados antropométricos e dietéticos de adolescentes são, portanto, valiosos para melhor avaliação do estado e diagnóstico nutricional (individual ou populacional), a fim de identificar aqueles em risco de deficiências/carências/excessos de nutrientes ou doenças crônicas do estilo de vida. De modo geral, a adoção de variáveis antropométricas, bioquímicas, clínicas e dietéticas específicas, deve ser organizadamente realizada e analisada pelo nutricionista, com intuito de desenvolver diagnósticos mais eficientes da saúde nutricional desses grupos, bem como de criar parâmetros e critérios para melhores intervenções nutricionais. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE CRIANÇAS Na abordagem prática, o nutricionista deve segmentar a avaliação nutricional de crianças e adolescentes de maneira simples e evolutiva. Para crianças, indica-se, inicialmente, calcular a idade corrigida do avaliado. Para tal, deve-se: Conhecer a data de nascimento. Estipular númeropreciso de idade em anos, meses e dias. ATENÇÃO O número de dias é determinante para padronização da idade na soma de anos e meses. Como regra estabelecida pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), quando o número de dias completos do último mês vigente datado for superior a 15, deve-se somar um mês à quantidade de meses já completos. Caso o número de dias seja inferior a 15, mantém-se o número de meses já completos. EXEMPLO 1 Criança com idade de 7 anos, 8 meses e 21 dias de vida. Como o número de dias de vida completos no último mês vigente (8º) é superior a 15, corrige-se a idade da criança para 7 anos e 9 meses de vida ou 93 meses. EXEMPLO 2 Criança com idade de 5 anos, 11 meses e 8 dias de vida. Como o número de dias de vida completos no último mês vigente (11º) é inferior a 15, a idade corrigida da criança é de 5 anos e 11 meses de vida ou 71 meses. Após o cálculo da idade da criança, indica-se início da avaliação antropométrica com as medidas e os indicadores compatíveis com a faixa etária corrigida. Crianças com idade superior a 5 anos ou 60 meses de vida apresentam indicações de parâmetros antropométricos levemente distintos quando comparadas com crianças abaixo desta faixa etária. De modo geral, os principais indicadores de identificação de estado nutricional antropométrico levam em consideração peso, estatura/comprimento, sexo e idade. Vejamos quais são esses indicadores: 1 Estatura ou comprimento por Idade. 2 Peso para estatura ou comprimento – indicado para crianças abaixo de 60 meses de vida. 3 Peso por Idade. 4 Índice de Massa Corporal (IMC) por Idade – indicado para crianças acima de 60 meses de vida. A antropometria pode reunir dados de composição corporal, tais como: ANTROPOMETRIA É a interface entre a anatomia humana e o movimento por meio da quantificação de tamanho, forma, proporção e composição corporal, para descrever ou explicar função, crescimento, maturação, nutrição e desempenho. Esse termo também pode ser definido como a detecção de medidas por via de pontos mensuráveis padronizados isoladamente no corpo de um indivíduo e a combinação dos valores na forma de índices para gerar diagnósticos. PESO Massa corporal total. MASSA LIVRE DE GORDURA OU MASSA MAGRA Soma do conteúdo não gordo corporal, como água, massa muscular, massa óssea e massa proteica. MASSA GORDA Soma de toda constituição adiposa do corpo, geralmente, visceral e subcutânea. Sequencialmente à definição da faixa etária, o nutricionista deve pesar corretamente a criança, utilizando balança calibrada compatível com a idade do avaliado. O peso de crianças de até 24 meses de vida deve ser medido por meio de balanças pediátricas, popularmente conhecidas como baby scales (ou “tipo bebê”), com peso máximo de 16kg e gradação de 10g. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Balança pediátrica digital. A criança deve estar totalmente desprovida de roupas, acessórios e fraldas, além de não segurar brinquedos ou penduricalhos (por exemplo, chupetas) e não ter nenhuma parte do corpo molhada ou umedecida. É fundamental e obrigatória a presença do responsável no local da avaliação durante a conduta antropométrica. O cumprimento do protocolo é imprescindível, uma vez que quaisquer itens não considerados podem afetar o resultado fidedigno da massa corporal total infantil e estabelecer erros no diagnóstico nutricional. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O manuseio correto de uma balança pediátrica deve cumprir as seguintes etapas, nesta ordem: Posicionar a criança deitada ou sentada. A indicação da posição depende da capacidade física e cognitiva da criança de manter postura com o mínimo de auxílio possível. Crianças mais jovens, geralmente, são medidas deitadas, com a atenção do profissional, para que não tenham perda de contato total ou sustentação na balança. Destravar o equipamento, mover os cursores de medição de quilos e gramas até que o fiel (ponteiro do meio) da balança esteja totalmente alinhado com a agulha do braço do equipamento. Travar o equipamento, realizar leitura em frente à balança e anotar cuidadosamente a medida em quilos e em gramas no material de atendimento do paciente. RECOMENDAÇÃO No caso da avaliação antropométrica de crianças de 24 até 120 meses de vida, é indicada a utilização de balança de plataforma mecânica ou digital clínica calibrada e regular – a mesma utilizada para adultos, ou seja, com capacidade de até 150kg e gradação de 100g. O manuseio correto de uma balança de plataforma deve cumprir as seguintes etapas, nesta ordem: 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª Inicialmente, verificar se a balança não está apoiada ou afixada na parede, mantendo-a afastada. 2ª Na presença do responsável, posicionar a criança em pé, com os pés unidos e totalmente descalços. A criança deve portar o mínimo de roupas possível e manter postura ereta. 3ª A partir desse momento, a balança deve ser destravada. Deve-se mover, inicialmente, o cursor de regulagem de quilos e, posteriormente, o cursor de gramas, até encontrar equilíbrio do fiel do equipamento. 4ª Finalize travando novamente a balança com cuidado para realizar a leitura em frente ao equipamento. Anote a medida na planilha de atendimento. Antes mesmo da aplicação da medida isolada do peso em indicadores antropométricos infantis, indica-se observação do peso encontrado na medição da balança com fórmula de estimativa de Peso Aproximado universalmente utilizada na prática profissional. A fórmula consiste na multiplicação da idade da criança, em anos, por dois (2) e na soma desse resultado com nove (9). A equação é descrita da seguinte maneira: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Peso Aproximado para uma criança de 8 anos, 3 meses e 17 dias Idade corrigida: 8 anos e 4 meses. Peso Aproximado = (8 x 2) + 9 = 16 + 9 = 25kg. O peso esperado para uma criança de 8 anos gira em torno de 25kg. Agora é com você! Calcule a idade corrigida, o peso aproximado e o peso esperado para uma criança de 2 anos, 11 meses e 23 dias. RESOLUÇÃO Idade corrigida: 2 anos e 12 meses ou 3 anos ou 36 meses. Peso Aproximado = (3 x 2) + 9 = 6 + 9 = 15kg. O peso esperado para uma criança de 3 anos gira em torno de 15kg. Compara-se, assim, inicialmente, o peso real da criança medido no equipamento com Peso Aproximado calculado. Depois da aferição do peso, o nutricionista avaliador deve medir, precisamente, a estatura ou o comprimento da criança, utilizando instrumentos indicados. Para crianças de até 24 meses de vida, indica-se medição do comprimento em centímetros por meio de estadiômetro (também conhecido como antropômetro) horizontal. Já esse equipamento vertical é usado para aferir a estatura em centímetros de crianças de 24 a 120 meses. Peso Aproximado = (Idade x 2) + 9 Tecnicamente, a medição de comprimento de crianças inferiores a 24 meses de vida deve cumprir o seguinte protocolo: Imagem: Shutterstock.com Medir a criança na frente do responsável. Imagem: Shutterstock.com A criança deve estar completamente despida e desprovida de quaisquer adereços. Imagem: Shutterstock.com A criança deve permanecer deitada no centro do equipamento. Imagem: Shutterstock.com Com auxílio do responsável, o nutricionista deve manter a cabeça da criança apoiada firmemente contra a parte fixa da régua antropométrica, com o pescoço reto e o queixo afastado do peito. Imagem: Shutterstock.com Os ombros devem estar totalmente em contato com a superfície de apoio; e os braços, estendidos ao longo do corpo. Imagem: Shutterstock.com As nádegas e os calcanhares da criança devem estar em pleno contato com a superfície que apoia o equipamento. Imagem: Shutterstock.com Deve-se pressionar, com cuidado, os joelhos da criança para baixo, com uma das mãos, de modo que fiquem plenamente estendidos. Imagem:Shutterstock.com Os pés devem ser unidos coincidindo em ângulo reto com as pernas. Imagem: Shutterstock.com Levar a parte móvel da régua antropométrica até as plantas dos pés. Imagem: Shutterstock.com Realizar leitura do comprimento da criança junto ao equipamento. Imagem: Shutterstock.com Anotar cuidadosamente os dados na planilha de atendimento do paciente. Em caso de avaliação da estatura para crianças de 24 a 120 meses, indica-se o seguinte protocolo de aferição: 1 A criança deve ser medida descalça e com a cabeça livre de adereços, na presença da mãe ou do responsável. 2 Ajuste da postura em pé (ereta) com os braços estendidos ao longo do corpo e com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. 3 Nuca, ombros, nádegas e calcanhares devem permanecer encostados no equipamento, e os joelhos devem permanecer unidos. 4 Os ossos internos dos calcanhares devem se tocar. 5 Unir os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas. 6 O nutricionista deve abaixar a parte móvel do antropômetro, fixando-o contra a cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo. 7 Retirar a criança e realizar a leitura da estatura sem soltar a parte móvel do equipamento. 8 Anotar o valor obtido no prontuário ou na ficha de avaliação da criança. Assim como indicado para o peso, é possível realizar aplicação de fórmula para estimativa da altura de crianças de 3 a 10 anos de idade. A equação é descrita da seguinte forma: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Criança de 7 anos, 4 meses e 3 dias Idade corrigida: 7 anos e 4 meses. Altura estimada = [(7 – 3) x 6] + 95 = [4 x 6] + 95 = [24] + 95 = 119cm. Calcule a idade corrigida e a altura estimada de uma criança de 5 anos, 2 meses e 28 dias. RESOLUÇÃO Idade corrigida: 5 anos e 3 meses. Altura estimada = [(5 – 3) x 6] + 95 = [2 x 6] + 95 = [12] + 95 = 107cm. Além disso, para crianças de 24 a 120 meses de vida, indica-se, em sequência, determinação da relação de distribuição harmoniosa do peso junto à estatura pelo método de cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A equação é a seguinte: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO Criança de 2 anos, 4 meses e 5 dias / Estatura de 78cm e peso de 10kg. Idade corrigida: 2 anos e 4 meses. Estatura = [(Idade em anos – 3) x 6] + 95 IMC = Peso / Estatura2 (em metros) IMC = 10 / 0,782 = 10 / 0,608 = 16,5kg/m2. Calcule o IMC de uma criança de 9 anos, 1 mês e 22 dias / Estatura de 1,27m e peso de 26,5kg. RESOLUÇÃO IMC = 26,5 / 1,272 = 26,5 / 1,61 = 16,5kg/m2 Embora a medição de perimetrias/circunferências não constitua método considerado padrão-ouro de determinação do estado nutricional de crianças, sua utilização adiciona dados antropométricos à comparação evolutiva, bem como estabelece comparação de faixas mais indicadas de status nutricional frente às bases de referências internacionais. ESTADO NUTRICIONAL INFANTIL: AVALIAÇÃO DE PERÍMETROS Entre os principais perímetros avaliados para identificação do estado nutricional de crianças, destacam-se: PERÍMETRO BRAQUIAL PERÍMETRO CEFÁLICO E PERÍMETRO TORÁCICO PERÍMETRO DA CINTURA PERÍMETRO BRAQUIAL A medição do perímetro braquial (ou circunferência do braço) é usualmente empregada em crianças menores de 60 meses de vida, quando não é possível medição adequada do peso ou de altura/comprimento. Essa perimetria constitui uma soma de todas as massas corporais presentes na região avaliada, ou seja, uma soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e adiposo. O nutricionista deve cumprir o seguinte padrão de aferição (FRISANCHO, 1993): Sempre medir o braço direito. Flexionar o braço do paciente, formando ângulo de 90°. Localizar e assinalar ponto médio entre as inserções ósseas da base do acrômio e o olecrano. Estender e relaxar o braço do paciente, mantendo a mão espalmada para a coxa. javascript:void(0) javascript:void(0) Contornar o braço (relaxado) com fita métrica flexível e legível no ponto previamente marcado. Deve-se evitar compressão da pele do paciente ou folga entre o braço e a medida. Anotar a medida em centímetros no prontuário de atendimento do paciente. Comparar o resultado com as medidas de referência. ACRÔMIO Extremidade lateral da crista da escápula que se articula com a clavícula e dá fixação a uma parte dos músculos deltoide e trapézio. OLECRANO Parte da ulna que se articula com o úmero no cotovelo. Foto: Shutterstock.com Perimetria braquial. COMENTÁRIO Observe a localização e a marcação da circunferência do braço. Embora o ponto seja assinalado com o braço flexionado, a medida deve ser coletada com o braço estendido. Para finalidade diagnóstica, a faixa considerada eutrófica para perimetria braquial consiste na medida entre o Percentil 3 e o Percentil 97 (ou -2 e +2 escore-z). Medidas inferiores ao Percentil 3 (ou menores que -2 escore-z) são consideradas de magreza nutricional. Enquanto valores superiores ao Percentil 97 (ou maiores que +2 escore-z) são consideradas de excedente de massa corporal. A tabela 6 (p. 6) de avaliação nutricional antropométrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que consta no material indicado para pesquisa no item Preparação, apresenta as medidas de perimetria braquial de acordo com a idade e o gênero do paciente. EXEMPLO Criança do sexo feminino com idade de 7 anos, 4 meses e 7 dias apresentou circunferência do braço de 17,6cm. Idade corrigida: 7 anos e 4 meses. De acordo com a distribuição de pontos de corte de perimetria do braço para classificação nutricional de crianças, a criança em questão estaria entre os Percentis P5 e P50, ou seja, acima do P3 e abaixo de P97, constituindo diagnóstico de eutrofia. Para verificar essa distribuição, consulte a tabela 6 de avaliação nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria. PERÍMETRO CEFÁLICO E PERÍMETRO TORÁCICO O Perímetro Cefálico (PC) consiste em circunferência comparativa com progressão neurológica e de crescimento nutricional, especialmente em crianças de até 6 meses de vida. Além disso, a combinação entre o Perímetro Cefálico (PC) e o Perímetro Torácico (PT) pode indicar qualidade do estado nutricional da criança pela razão PT/PC. ATÉ 6 MESES Para crianças de até 6 meses de vida, indica-se razão PT/PC igual a 1 (um). 6 A 60 MESES Para crianças de 6 até 60 meses, indica-se resultante superior a 1. Medidas inferiores a 1 podem indicar risco significativo de desnutrição para crianças desta faixa etária. Tecnicamente, no procedimento da medição de PC, deve-se tomar como referência a glabela (Espaço entre sobrancelhas.) como limite anterior e o polo occipital como posterior, com o cuidado de não incluir parte do pavilhão auricular nessa medida. Utiliza-se fita métrica inelástica de fibra de vidro autorretrátil, que deverá ser mantida justa à superfície cutânea, sem pressão excessiva. Foto: Shutterstock.com Perimetria Cefálica. javascript:void(0) javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com Perimetria Torácica. Já para medição de PT, indica-se que a criança esteja deitada com respiração entre a inspiração e a expiração. A fita métrica deve ser circundada na altura exata dos mamilos, como mostra a figura. PERÍMETRO DA CINTURA No que tange a perimetrias, a circunferência da cintura também pode ser empregada como método antropométrico para caracterização de magreza, eutrofia ou sobrepeso corporal, uma vez que alguns estudos (FREEDMAN et al ., 1999; TAYLOR et al ., 2000) apontam boa correlação entre a medida e o IMC em crianças e adolescentes. A medida de perimetria da cintura deve ser realizada com a criança em pé, utilizando fita métrica inelástica. A fita deve, especificamente, circundar o corpo na região do tronco no ponto médio entre a distância da última costela e da crista ilíaca. A leitura deve ser colhida no momento da expiração do paciente. Atenção! Paravisualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A tabela a seguir apresenta o ponto de corte de Percentil 80 com medida indicada para perimetria da cintura de acordo com a idade e o gênero: Idade Meninas (cm) Meninos (cm) 3 50,3 53,1 4 53,3 55,6 5 56,3 58 6 59,2 60,4 7 62,0 62,9 8 64,7 65,3 9 67,3 67,7 10 69,6 70,1 Pontos de corte em Percentis (P) da Circunferência da Cintura (CC) em crianças. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal MEDIÇÃO DE DOBRAS CUTÂNEAS EM CRIANÇAS Ainda tratando de medidas adicionais para diagnóstico de estado nutricional infantil, as dobras (ou pregas) cutâneas podem apresentar valores classificáveis individual e coletivamente para crianças. ATENÇÃO Em geral, são detectadas as Dobras Cutâneas Tricipital e Subescapular, que devem seguir padrão de aferição do SISVAN ou do International System of Advanced Kinanthropometry (Sistema Internacional de Cineantropometria Avançada) (ISAK), bem como gerar interpretação isolada ou combinada. A Dobra Cutânea Tricipital (DCT) deve ser medida na metade da distância entre o acrômio e o olecrano ulnar na face posterior do braço direito. O avaliador deve estar atrás do avaliado, que, por sua vez, precisa manter-se em pé com os braços relaxados. A medida deve ser efetuada de maneira paralela ao eixo longitudinal. Já a Dobra Cutânea Subescapular (DCSE) deve ser medida 2cm abaixo do ângulo inferior da escápula do lado direito do corpo. A marcação deve seguir orientação dos arcos costais. O nutricionista deve se posicionar atrás do avaliado, enquanto este se encontra de pé com os braços relaxados e alongados. O adipômetro deve ser posicionado de modo oblíquo ao eixo longitudinal. ADIPÔMETRO Instrumento utilizado para medição da espessura do tecido adiposo. javascript:void(0) COMENTÁRIO Segundo a OMS, valores considerados adequados estão compreendidos na faixa entre os Percentis 3 e 97, respectivamente entre o escore-z -2 e +2. A tabela 5 (p. 5) de avaliação nutricional antropométrica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que consta no material indicado para pesquisa no item Preparação, apresenta os Percentis DCT de acordo com o gênero do paciente. EXEMPLO Criança de 1 ano, 5 meses e 17 dias do sexo masculino apresentou medida de DCT de 10,2mm. Apresente o diagnóstico nutricional. Idade corrigida: 1 ano e 6 meses ou 18 meses. De acordo com a distribuição de pontos de corte para classificação nutricional de crianças a partir da DCT, a criança de 18 meses do sexo masculino com DCT de 10,2 encontra-se entre o P85 e P97. Portanto, está em condições de eutrofia, uma vez que não excede P97. Para verificar essa distribuição, consulte a tabela 5 (p. 5) de avaliação nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria, que consta no material do tópico 1 do item Preparação. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS EM CRIANÇAS De modo a sustentar a verificação do estado nutricional antropometricamente, indica-se adoção da aplicação dos índices: Peso por Idade Estatura/Comprimento por Idade Peso por Estatura/Comprimento IMC/Idade Cada medida isolada deve ser combinada nas tabelas de referência do National Center for Health Statistics (NCHS) – Centro Nacional de Estatísticas de Saúde – (BRASIL, 2011) para constatação do quadro nutricional da criança. A tabela abaixo apresenta a classificação do estado nutricional de crianças de menores de 5 anos para cada um dos quatro índices antropométricos, segundo as recomendações do SISVAN: Valores críticos Peso-Idade Peso- Estatura IMC-Idade Estatura-Idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para idade Magreza acentuada Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade > ou = Percentil 0,1 e < Percentil 3 > ou = Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixo peso para idade Magreza Magreza Baixa estatura para idade > ou = Percentil 3 e < Percentil 15 > ou = Escore-z -2 e < Escore-z -1 Peso adequado para idade Eutrofia Eutrofia Estatura adequada para idade > ou = Percentil 15 e < ou = Percentil 85 > ou = Escore-z -1 e < ou = Escore-z + 1 Risco de sobrepeso Risco de sobrepeso > ou = Percentil 85 e < ou = Percentil 97 > ou = Escore-z +1 e < ou = Escore-z + 2 > ou = Percentil 97 e < ou = Percentil 99,9 > ou = Escore-z +2 e < ou = Escore-z +3 Peso elevado para idade Sobrepeso Sobrepeso > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade Classificação do estado nutricional de crianças menores de 5 anos de idade. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Já a tabela a seguir direciona parâmetros para crianças de 5 a 10 anos de idade: Valores críticos Peso-Idade IMC-Idade Estatura-Idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para idade Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade > ou = Percentil 0,1 e < Percentil 3 > ou = Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixo peso para idade Magreza Baixa estatura para idade > ou = Percentil 3 e < Percentil 15 > ou = Escore-z -2 e < Escore-z -1 Peso adequado para idade Eutrofia Estatura adequada para idade > ou = Percentil 15 e < ou = Percentil 85 > ou = Escore-z -1 e < ou = Escore-z + 1 Risco de sobrepeso > ou = Percentil 85 e < ou = Percentil 97 > ou = Escore-z +1 e < ou = Escore-z + 2 > ou = Percentil 97 e < ou = Percentil 99,9 > ou = Escore-z +2 e < ou = Escore-z +3 Peso elevado para idade Sobrepeso > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Classificação do estado nutricional de crianças de 5 a 10 anos de idade. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal COMENTÁRIO Note que os pontos de corte de cada medida geram diagnósticos distintos. Todavia, de maneira geral e com raras exceções, medidas de risco nutricional encontram-se em Percentis menores do que 3 (ou escore-z menor que -2) ou maiores que P97 (ou escore-z acima de +2). Criança do sexo feminino, de 5 anos, 10 meses e 20 dias apresenta estatura de 120cm e peso de 22kg. Determine diagnóstico nutricional com base na antropometria disponível, verificando o indicador do Peso por Idade e o IMC também por Idade. RESOLUÇÃO Idade corrigida: 5 anos e 11 meses ou 71 meses. a) Verificação do indicador Peso por Idade para crianças do sexo feminino – conferir no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação, a tabela 20 do ANEXO A (BRASIL, 2011, p. 71). Resultado entre o P50 e P85 (entre o escore-z 0 e +1) = Diagnóstico de Peso Adequado para Idade de acordo com os parâmetros do SISVAN – conforme tabela 5 do ANEXO A do mesmo material (BRASIL, 2011, p. 46-47). b) Verificação do indicador IMC por Idade para crianças do sexo feminino – conferir no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação, a tabela 16 do ANEXO A (BRASIL, 2011, p. 61-63). IMC = Peso/Estatura2 IMC = 22/1,202 = 15,3kg/m2 Resultado de 15,3kg/M2 para 71 meses encontra-se precisamente sobre o P50 (ou escore-z O) = Diagnóstico de eutrofia de acordo com parâmetros do SISVAN – conforme tabela 5 do ANEXO A do mesmo material (BRASIL, 2011, p. 46-47). c) Verificação de indicador Estatura por Idade para crianças do sexo feminino – conferir no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação, a tabela 18 do ANEXO A (BRASIL, 2011, p. 67-69). Resultado entre o P85 e P97 (ou entre escore-z + 1 e +2) = Diagnóstico de Estatura adequada para Idade de acordo com parâmetros do SISVAN – conforme tabela 5 do ANEXO A do mesmo material (BRASIL, 2011, p. 46-47). Para fins de organização, a tabela a seguir apresenta a descrição de cada tabela e as páginas dos indicadores antropométricos infantis localizados no material de orientações nutricionais do SISVAN (BRASIL, 2011): Número da tabela Descrição Páginas 1 Peso por idade (menores de 5 anos) para sexo masculino 40 2 Peso por idade (menores de 5 anos) para sexo feminino 41 3 Peso por comprimento (menores de 5 anos) para sexo masculino 42 e 43 4 Peso por comprimento (menores de 5 anos) para sexo feminino44 e 45 5 Peso por estatura (menores de 5 anos) para sexo masculino 46 e 47 6 Peso por estatura (menores de 5 anos) para sexo feminino 48 e 49 7 Comprimento por idade (menores de 5 anos) para sexo masculino 50 8 Comprimento por idade (menores de 5 anos) para sexo feminino 51 9 Estatura por Idade (menores de 5 anos) para sexo masculino 52 10 Estatura por idade (menores de 5 anos) para sexo feminino 53 11 IMC por idade (menores de 2 anos) para sexo masculino 54 12 IMC por idade (menores de 2 anos) para sexo feminino 55 13 IMC por idade (entre 2 e 5 anos) para sexo masculino 56 14 IMC por idade (entre 2 e 5 anos) para sexo feminino 57 15 IMC por idade (a partir de 5 anos) para sexo masculino 58, 59 e 60 16 IMC por idade (a partir de 5 anos) para sexo feminino 61, 62 e 63 17 Altura por idade (a partir de 5 anos) para sexo masculino 64, 65 e 66 18 Altura por idade (a partir de 5 anos) para sexo feminino 67, 68 e 69 19 Peso por idade (a partir de 5 anos) para sexo masculino 70 20 Peso por idade (a partir de 5 anos) para sexo feminino 71 Organização de medidas antropométricas anexadas no SISVAN. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE ADOLESCENTES É durante a adolescência que algumas características de composição corporal apresentam distinção mais observável na comparação de gêneros. Em virtude de características hormonais mais androgênicas... Indivíduos do sexo masculino costumam apresentar maior concentração de distribuição adiposa androide e maior conteúdo de massa livre de gordura, especialmente, densidade mineral óssea, massa muscular esquelética e massa proteica geral. Em contrapartida, mulheres com maior distribuição hormonal estrogênica reservam conteúdo adiposo de maneira ginoide e detêm, geralmente, menor massa magra total. GINOIDE Quando a gordura corporal se localiza particularmente na região inferior do corpo (quadril, nádegas e coxas), dando um formato de pera.] A análise do estado nutricional de adolescente leva em consideração, principalmente, marcadores antropométricos, clínicos (de maturação sexual) e dietéticos. Acompanhe a seguir a abordagem direta do SISVAN para medição e diagnóstico nutricional de adolescentes por meio de passo a passo preestabelecido: Passo a passo 1º PASSO: Avaliar o adolescente, considerando sua idade em anos e seu sexo. 2º PASSO: Pesar e medir o adolescente, utilizando as técnicas e os instrumentos adequados. 3º PASSO: Anotar os dados no formulário da Vigilância Alimentar e NutricionaL – SISVAN. 4º PASSO: Calcular o IMC e fazer o diagnóstico nutricional do adolescente. 5º PASSO: Compartilhar com o adolescente e a mãe/responsável o diagnóstico nutricional do adolescente. 6º PASSO: Fazer a intervenção adequada para cada situação. 7º PASSO: Realizar ações de promoção da saúde. Valorizar o diagnóstico nutricional é ter atitude de vigilância! Passo a passo de triagem e avaliação nutricional de adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal De maneira abreviada, para melhor análise individual do estado nutricional de adolescentes, utilizam-se dois índices antropométricos, expressos em Percentis, curvas ou tabelas: javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com ESTATURA POR IDADE Foto: Shutterstock.com IMC POR IDADE Os critérios antropométricos e pontos de corte para classificação do estado nutricional de adolescentes são apresentados na tabela a seguir, com os dados recomendados pela OMS e adotados pelo Ministério da Saúde do Brasil: Valores críticos IMC-Idade Estatura-Idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada Muito baixa estatura para idade > ou = Percentil 0,1 e < Percentil 3 > ou = Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza Baixa estatura para idade javascript:void(0) javascript:void(0) > ou = Percentil 3 e < Percentil 15 > ou = Escore-z -2 e < Escore-z -1 Eutrofia Estatura adequada para idade > ou = Percentil 15 e < ou = Percentil 85 > ou = Escore-z -1 e < ou = Escore-z + 1 > ou = Percentil 85 e < ou = Percentil 97 > ou = Escore-z +1 e < ou = Escore- z + 2 Sobrepeso > ou = Percentil 97 e < ou = Percentil 99,9 > ou = Escore-z +2 e < ou = Escore- z +3 Obesidade > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Grave Classificação do estado nutricional de adolescentes de acordo com índices antropométricos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Adolescente de 16 anos e 2 meses de idade e do sexo masculino apresenta estatura de 174cm e 62kg. Determine o estado nutricional do paciente, verificando o IMC por Idade e o indicador de Estatura por Idade. RESOLUÇÃO Idade corrigida: 194 meses. a) Verificação do indicador IMC por Idade para indivíduos do sexo masculino – conferir no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação, a tabela 15 do ANEXO A (BRASIL, 2011, p. 58-60). IMC = 62/1,742 = 62/3,03 = 20,5kg/m2 Para indivíduo de 194 meses e 20,5kg/m2, notamos medida entre P15 e P50 (ou entre escore-z -1 e 0), resultando em diagnóstico de eutrofia. b) Verificação do indicador Estatura por Idade para indivíduos do sexo masculino – conferir no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação, a tabela 17 do ANEXO A (BRASIL, 2011, p. 64-66). Para indivíduo de 174cm e idade de 194 meses, notamos medida entre P50 e P85 (ou entre os escore-z 0 e +1), o que gera, portanto, diagnóstico de estatura adequada para idade. OUTRAS MEDIDAS PARA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES Além de indicadores antropométricos diretos do estado nutricional, outras medidas podem ser adicionadas à avaliação nutricional para acompanhamento evolutivo do adolescente, tais como: Dobras cutâneas (DCT e DCSE) Perimetria braquial Perimetrial muscular braquial Para obtenção dos valores de percentual de gordura em adolescentes, especificamente, para homens, é necessária a classificação de estágio de maturação sexual e étnica, que compreende: CÁLCULO DE PERCENTUAL DE GORDURA PARA HOMENS (BRANCOS) Pré-púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 x (DCT + DCSE)2 – 1,7 Púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 x (DCT + DCSE)2 – 3,4 Pós-púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 x (DCT + DCSE)2 – 5,5 CÁLCULO DE PERCENTUAL DE GORDURA PARA HOMENS (AFRODESCENDENTES) Pré-púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 x (DCT + DCSE)2 – 3,2 Púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 (DCT + DCSE)2 – 5,2 Pós-púberes: 1,21 x (DCT + DCSE) – 0,008 x (DCT + DCSE)2 – 6,8 MULHERES (INDEPENDENTEMENTE DE ETNIA E MATURAÇÃO SEXUAL) 1,33 x (DCT + DCSE) – 0,013 x (DCT + DCSE)2 – 2,5 Caso o somatório de DCT e DCSE ultrapasse 35mm, aplicamos, então, as seguintes fórmulas: Homens Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Mulheres Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como referência, a tabela abaixo apresenta a classificação nutricional do percentual de gordura para adolescentes de acordo com o gênero: Classificação Sexo masculino (%) Sexo feminino (%) Excessivamente baixo 0-6 0-12 Baixo > 6-10 > 12-15 Adequado > 10-20 > 15-25 Moderadamente elevado > 20-25 > 25-30 Elevado > 25-31 > 30-36 0, 783 x (DCT + DCSE) + 1, 6 0, 546 x (DCT + DCSE) + 9, 7 Excessivamente elevado > 31 > 36 Pontos de corte de percentual de gordura para adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O NUTRICIONISTA ESPECIALISTA EM NUTRIÇÃO MATERNO- INFANTIL E A SUA PRÁTICA CLÍNICA: UMA VISÃO ANTROPOMÉTRICA. A especialista Mariana Souto fala sobre a atuação em avaliação nutricional de crianças e adolescentes. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PACIENTE S.A.O., PARDA, DO SEXO FEMININO, COM IDADE DE 3 ANOS, 5 MESES E 17 DIAS, CHEGOU AO SERVIÇO AMBULATORIAL DE NUTRIÇÃO JUNTO À MÃE PARA ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL REGULAR. AS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS COLETADAS DA CRIANÇA APONTAM OS SEGUINTES VALORES: PESO = 16,3KG ESTATURA = 96CM DE ACORDO COM OS INDICADORES ANTROPOMÉTRICOSINFANTIS UTILIZADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE, QUAL É O DIAGNÓSTICO DA PACIENTE? A) Eutrofia geral e estatura adequada para idade. B) Magreza e estatura baixa para idade. C) Eutrofia acompanhada de risco de sobrepeso e estatura adequada para idade. D) Sobrepeso geral e estatura adequada para idade. E) Obesidade e estatura adequada para idade. 2. PACIENTE TEM DIFICULDADE PARA ACORDAR, APRESENTA PERDA DE PESO NOS ÚLTIMOS MESES E INICIOU ATIVIDADE SEXUAL HÁ CERCA DE 2 ANOS. ALÉM DA ATIVIDADE DE AUXILIAR DO, D.S.J. JOGA FUTEBOL DIARIAMENTE. GERALMENTE, REALIZA REFEIÇÕES EM CASA OU NA CASA DA NAMORADA E TEM PREFERÊNCIA POR LANCHES, SEMPRE QUE POSSÍVEL. PACIENTE NASCEU A TERMO (ENTRE A 37ª E A 42ª SEMANA DE GESTAÇÃO), MAS NÃO SABE INFORMAR POR QUANTO TEMPO FOI AMAMENTADO DEVIDO À MORTE DE SUA MÃE POUCOS MESES DEPOIS DO PARTO. APÓS AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, CONSTATOU-SE QUE D.S.J. APRESENTA PESO DE 52,4KG, ESTATURA DE 1,79M, PERIMETRIA BRAQUIAL DE 17,4CM E PERIMETRIA DA CINTURA DE 62CM. A INVESTIGAÇÃO DIETÉTICA APONTA POR DEFICIÊNCIA DO CONSUMO DE ALIMENTOS DOS NÍVEIS 2 E 3 DA PIRÂMIDE ALIMENTAR (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018). A FREQUÊNCIA ALIMENTAR GIRA EM TORNO DE 1 A 2 REFEIÇÕES POR DIA. ASSINALE ALTERNATIVA COMPATÍVEL COM O DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DE D.S.J.: A) Obesidade B) Sobrepeso C) Eutrofia D) Magreza E) Magreza grave GABARITO 1. Paciente S.A.O., parda, do sexo feminino, com idade de 3 anos, 5 meses e 17 dias, chegou ao serviço ambulatorial de nutrição junto à mãe para acompanhamento nutricional regular. As medidas antropométricas coletadas da criança apontam os seguintes valores: Peso = 16,3kg Estatura = 96cm De acordo com os indicadores antropométricos infantis utilizados pelo Ministério da Saúde, qual é o diagnóstico da paciente? A alternativa "C " está correta. Com a idade corrigida de 43 meses, 16,3kg, 96cm e IMC de 17,7kg/m2 (calculado), é possível observar: Peso por Idade: entre P50 e P85 = eutrofia Estatura por Idade: entre P15 e P50 = estatura adequada para idade Peso por Estatura: entre P85 e P97 = risco de sobrepeso IMC por Idade: entre P85 e P97 = risco de sobrepeso 2. Paciente tem dificuldade para acordar, apresenta perda de peso nos últimos meses e iniciou atividade sexual há cerca de 2 anos. Além da atividade de auxiliar do, D.S.J. joga futebol diariamente. Geralmente, realiza refeições em casa ou na casa da namorada e tem preferência por lanches, sempre que possível. Paciente nasceu a termo (entre a 37ª e a 42ª semana de gestação), mas não sabe informar por quanto tempo foi amamentado devido à morte de sua mãe poucos meses depois do parto. Após avaliação antropométrica, constatou-se que D.S.J. apresenta peso de 52,4kg, estatura de 1,79m, perimetria braquial de 17,4cm e perimetria da cintura de 62cm. A investigação dietética aponta por deficiência do consumo de alimentos dos níveis 2 e 3 da Pirâmide Alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018). A frequência alimentar gira em torno de 1 a 2 refeições por dia. Assinale alternativa compatível com o diagnóstico nutricional de D.S.J.: A alternativa "C " está correta. O IMC do paciente resulta em 52,4/1,792 = 16,4kg/m2. Confrontando esse resultado com sua idade corrigida de 182 meses, é possível constatar na tabela 15 de IMC por Idade do SISVAN (BRASIL, 2011, p. 58-60) – disponível no material do tópico 2 indicado para pesquisa no item Preparação – que as medidas apresentam resultado entre os Percentis P3 e P5 ou escore-z -2 e -1, indicando eutrofia. MÓDULO 2 Reconhecer manifestações físicas e semiologia clínica em crianças e adolescentes SEMIOLOGIA CLÍNICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES A semiologia clínica/nutricional infantil e púbere inclui apreciação geral de quaisquer sinais ou sintomas relevantes relacionados a comorbidades ou doenças. ATENÇÃO A inspeção de estado de hidratação, volume muscular e gordura subcutânea pode ser informativa de desequilíbrio nutricional avançado e significativa, levando em consideração que o aparecimento visual ou verificável de instabilidades já denota vasto período de deficiência. Assim, as buscas por evidências de deficiências nutricionais específicas podem ser identificadas examinando as mãos, o rosto, a pele e o cabelo, por exemplo. O exame físico meticuloso deve considerar riscos nutricionais relacionados tanto à obesidade quanto à desnutrição, intimamente conectados com excesso ou deficiências energéticas, hipovitaminoses ou outras carências de micronutrientes. Os quadros a seguir ilustram a relação de sinais/sintomas com deficiências ou excessos nutricionais comuns em crianças e adolescentes: Semiologia clínica Distúrbios nutricionais Predomínio de gordura geral, especialmente, abdominal. Edemas, problemas posturais e dores articulares. Sinais de resistência insulínica como estrias, acanthosis nigricans e hirsutismo. Obesidade Membros atrofiados, longilíneos e com baixo conteúdo aparente de massa muscular e adiposa. Pele frouxa, costelas destacadas e proeminentes, abdômen globoso e nádegas atróficas. Sinal generalizado de apatia cursando com irritabilidade. Mais comum em crianças de até 1 ano. Marasmo Lesões na pele, acometimento capilar, ascite, hepatomegalia, edema facial (“face de lua”), apatia e anasarca. Apatia e magreza observáveis. Mais comum em crianças acima de 2 anos. Kwashiorkor Características clínicas de deficiências ou excessos proteico-energéticos em crianças e adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ACANTHOSIS NIGRICANS Manchas escuras em dobras corporais. HIRSUTISMO Distribuição anormal e excessiva de pelos. ASCITE Acúmulo anormal de líquido no abdômen. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) HEPATOMEGALIA Aumento anormal do tamanho do fígado. ANASARCA Termo médico que se refere a um inchaço, também chamado de edema. Semiologia clínica Distúrbios nutricionais Anemia: apatia geral, fraqueza, indisposição, baixa concentração e alteração da linguagem e capacidade de raciocínio. Comprometimento do crescimento ponderal (de peso) e estatural. Ferro, cobre, folato ou vitamina B12 Xeroftalmia. Piscar excessivo. Manchas de Bitot ou ulceração da córnea. Vitamina A Estomatite angular. Língua pálida e lisa. Vitaminas do Complexo B ou Ferro Alopecia – perda de cabelo. Ferro ou Biotina Dor nas articulações. Inchaço gengival, dentes frágeis/soltos/moles. Hemorragia espontânea. Vitamina C Fadiga, irritabilidade, falta de concentração, fraqueza e parestesia de membros inferiores. a) Síndrome de Beribéri Perda de massa muscular esquelética, anorexia, insuficiência cardíaca e edema. Deficiência de Tiamina (Vitamina B1) javascript:void(0) javascript:void(0) Comum em crianças desnutridas de 2 a 3 meses ou amamentadas por mães carentes em Vitamina B1. b) Síndrome de Wernick-Korsakoff Acometimento de problemas mentais. Sinais evoluídos de encefalopatia, como distúrbios oftalmológicos, confusão mental, perda de memória e diminuição do nível de consciência. Anemia megaloblástica. Irritabilidade. Glossite, diarreia, parestesias. Transtornos psiquiátricos. Neuropatia desmielinizante central e periférica. Vitamina B12 Raquitismo. Fraqueza muscular. Hipotonia generalizada. Vitamina D Lesões de pele (dermatites), anorexia, diarreia e reincidência de infecções. Comprometimento imune do crescimento e neuropsicomotor. Zinco Características clínicas de deficiências de micronutrientes em crianças. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal XEROFTALMIA Também chamada de cegueira noturna, é uma doença em que o paciente tem dificuldade de enxergar em ambientes com pouca iluminação. MANCHAS DE BITOT Manchas esbranquiçadas nos olhos. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Doença sanguínea em que os glóbulos vermelhos são grandes, imaturose disfuncionais. NEUROPATIA DESMIELINIZANTE Retardo difuso da condução do nervo, alongamento das ondas-F, bloqueios de condução, dispersão do potencial de amplitude motora e alteração multifocal não dependente de comprimento. RAQUITISMO Anormalidades na formação na placa epifisária de crescimento, com áreas não mineralizadas, desorganização da arquitetura celular e retardo na maturação óssea. Trata-se de deformidades e distúrbios ósseos notáveis, especialmente, cranianos, e extremidades e junções condrocostais. HIPOTONIA Diminuição do tônus muscular. FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL INFANTIL Para atendimento de crianças hospitalizadas, especificamente, indica-se instrumento de triagem nutricional específica para essa faixa etária e nessa condição de vulnerabilidade. Dentre as principais ferramentas de avaliação nutricional dinâmica infantil, destaca-se o método StrongKids por sua fácil aplicabilidade e reprodução. SAIBA MAIS A utilização deste instrumento foi aclamada por revisão sistemática da literatura, que procurou avaliar a precisão de diferentes ferramentas de triagem nutricional em pediatria. Assim, o StrongKids passou a ser considerado o método de melhor desempenho clínico (TEIXEIRA; VIANA, 2016). Em outro estudo comparativo sobre os aspectos metodológicos das propostas existentes, concluiu-se que o StrongKids parece ser o método mais fácil, confiável e prático para avaliar o risco nutricional nesse grupo. Diversos ensaios vêm sugerindo sua superioridade entre as ferramentas concorrentes (LING; HEDGES; SULLIVAN, 2011; JOOSTEN; HULST, 2014). A publicação de Carvalho et al . (2013) traduziu meticulosamente material para aplicação fácil e rápida no âmbito laboral hospitalar. Observe no quadro a seguir: StrongKids (Preencher na admissão e uma vez por semana) Quando a resposta for positiva, pontue. Doenças de alto risco Existe alguma doença de base que pode causar desnutrição ou cirurgia de grande porte prevista (ver Quadro A para doenças de alto risco)? Avaliação clínica subjetiva O paciente apresenta estado nutricional prejudicado de acordo com a avaliação clínica subjetiva (massa muscular e/ou gordura subcutânea reduzidas e/ou face encovada)? Ingestão alimentar e perdas (apresenta alguns dos itens abaixo?): Diarreia (> 5 vezes por dia) e/ou vômito (> 3 vezes por dia) excessivos nos últimos dias? Diminuição da ingestão alimentar durante os últimos dias antes da internação (não incluindo jejum para procedimento ou cirurgia eletivos)? Recomendação de intervenção nutricional preexistente? Incapacidade de ingestão alimentar adequada por causa de dor? Perda de peso ou pouco ganho de peso Houve perda de peso ou nenhum ganho de peso (em crianças < 1 ano) durante as últimas semanas/os últimos meses? Quadro A: Doenças de alto risco Anorexia nervosa; queimaduras; displasia broncopulmonar (idade máxima de dois anos); doença celíaca; fibrose cística; dismaturidade/prematuridade (usar idade corrigida até o sexto mês); doença cardíaca crônica; doença infecciosa (Aids); doença inflamatória intestinal; câncer; doença hepática crônica; doença renal crônica; pancreatite; síndrome do intestino curto; doença muscular; doença metabólica; trauma; deficiência/retardo mental; cirurgia de grande porte prevista; não especificada (classificada por um médico). Diagnóstico StrongKids : risco de desnutrição e necessidade de intervenção 4-5 pontos = Alto risco Consulte um médico e um nutricionista para fazer um diagnóstico completo, orientação nutricional individual e acompanhamento. Comece prescrevendo pequenas porções de alimento até o diagnóstico definitivo. javascript:void(0) javascript:void(0) 1-3 pontos = Médio risco Consulte um médico para um diagnóstico completo, considere uma intervenção nutricional com um nutricionista. Verifique o peso duas vezes por semana e avalie o risco nutricional após uma semana. 0 pontos = Baixo risco Não é necessária a intervenção nutricional. Verifique o peso regularmente e avalie o risco nutricional toda semana (ou de acordo com o protocolo do hospital). Versão original traduzida do StrongKids – critérios para pontuação do paciente infantil. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal DISPLASIA BRONCOPULMONAR Distúrbio pulmonar crônico em recém-nascidos, causado pelo uso prolongado de um ventilador (aparelho que ajuda a soprar e a retirar o ar dos pulmões) ou pela necessidade prolongada de receber oxigênio suplementar. DISMATURIDADE Recém-nascido com reconhecidas características clínicas que indicam uma gestação patologicamente prolongada, tais como: pele enrugada com descamação segmentar, corpo longo e magro, sugerindo emaciação (perda de massa muscular e de gordura), unhas longas, aspecto alerta, mais velho e preocupado. ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO SEXUAL DE ADOLESCENTES Embora não haja indicação absoluta e consenso na literatura, a utilização de referências clínicas manifestadas (ou relatadas) pode servir como indicativos do estágio de maturação sexual de adolescentes. O quadro abaixo classifica os estágios de maturação sexual por fases da puberdade dos meninos: Sexo masculino Pelos pubianos (P) Genitália (G) Estágio 1 Nenhum. Características infantis sem alteração. Estágio 2 Pelos finos e claros. Aumento do pênis, pequeno ou ausente Aumento inicial do volume testicular. Estágio 3 Púbis coberto. Crescimento peniano em comprimento maior. Estágio 4 Tipo adulto: sem extensão para coxas. Crescimento peniano em comprimento e diâmetro. Estágio 5 Tipo adulto: com extensão para coxas. Desenvolvimento completo. Características clínicas entre meninos e estágio de maturação sexual de Tanner. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Os quadros a seguir classificam os estágios de maturação sexual para meninos e meninas: Sexo feminino Pelos pubianos (P) Genitália (G) Estágio 1 Nenhum. Características infantis sem alteração. Estágio 2 Pequena quantidade: longos, finos e lisos. Brotos mamários: início de aumento (formação) da mama. Estágio 3 Aumento de quantidade e espessura, mais escuros e encaracolados. Maior aumento de mama e aréola, sem definição de contornos entre o mamilo e a aréola. Estágio 4 Tipo adulto: mais densamente na região púbica, sem alcançar as coxas. Maior aumento de mama e aréola, com definição de contornos entre o mamilo e a aréola. Estágio 5 Igual ao adulto, invadindo parte medial da coxa. Mamas com aspecto adulto. Características clínicas entre meninas e estágio de maturação sexual de Tanner. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Masculino Feminino Pré-púbere 1 a 2 1 Púbere 3 2 a 3 Pós-púbere 4 a 5 4 a 5 Classificação dos estágios de maturação sexual de Tanner. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE AS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E BIOQUÍMICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL. A especialista Mariana Souto fala sobre a semiologia e modificações físicas na infância e adolescência sob a ótica de uma visão da prática clínica. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. POR DIFICULDADES DE ACESSO AOS APARELHOS ESTATAIS OU PARTICULARES DE ACOMPANHAMENTO DE SAÚDE, OU POR DIFICULDADES SOCIAIS EM FUNÇÃO DE CUIDADOS COM CASA, TRABALHO OU DEMAIS OBRIGAÇÕES, MUITOS PAIS CHEGAM AOS SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AMBULATORIAL COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES, APRESENTANDO SINAIS E SINTOMAS DE COMORBIDADES OU DOENÇAS ESTABELECIDAS POR LONGO PERÍODO DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS. TENDO EM VISTA OS REQUERIMENTOS DOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA, QUAIS NUTRIENTES COSTUMAM REFLETIR MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS QUE RESULTAM EM REDUÇÃO DO POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO ESTRUTURAL, COGNITIVO E PSICOLÓGICO DE CRIANÇAS? A) Vitamina C B) Ferro e folato C) Vitaminas do Complexo B D) Vitamina A E) Vitamina E 2. PACIENTE W.B. DE 5 ANOS E 9 MESES DEU ENTRADA HÁ DIAS EM SERVIÇO HOSPITALAR PARA TRATAMENTO DE FRATURA ÓSSEARADIAL DO MEMBRO SUPERIOR DIREITO. NENHUM SINAL SUBJETIVO OU MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DE TRONCO, MEMBROS OU CRÂNIO APARENTA APONTAR PARA DISTÚRBIOS DE COMPOSIÇÃO CORPORAL. A CRIANÇA CONSOME SOMENTE OS ALIMENTOS TRAZIDOS PELOS FAMILIARES E SE RECUSA A INGERIR ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO HOSPITAL. FOI OBSERVADA REDUÇÃO DE PESO DE 0,5KG DESDE SUA CHEGADA AO ESTABELECIMENTO HOSPITALAR. EM QUAL O DIAGNÓSTICO DE RISCO NUTRICIONAL EFETIVO W.B. SE ENCONTRA? A) Baixo risco de desnutrição B) Médio risco de desnutrição C) Alto risco de desnutrição D) Risco de sobrepeso E) Risco de obesidade GABARITO 1. Por dificuldades de acesso aos aparelhos estatais ou particulares de acompanhamento de saúde, ou por dificuldades sociais em função de cuidados com casa, trabalho ou demais obrigações, muitos pais chegam aos serviços de atendimento ambulatorial com crianças e adolescentes, apresentando sinais e sintomas de comorbidades ou doenças estabelecidas por longo período de deficiências nutricionais. Tendo em vista os requerimentos dos primeiros anos de vida, quais nutrientes costumam refletir manifestações clínicas que resultam em redução do potencial de desenvolvimento estrutural, cognitivo e psicológico de crianças? A alternativa "C " está correta. As vitaminas do Complexo B são imprescindíveis para o funcionamento adequado do metabolismo energético aeróbio, uma vez que auxiliam diversas reações bioquímicas mitocondriais. Assim, é natural que percepções significativas de fraqueza, inapetência (ausência de apetite), fadiga e redução cognitiva sejam observadas. 2. Paciente W.B. de 5 anos e 9 meses deu entrada há dias em serviço hospitalar para tratamento de fratura óssea radial do membro superior direito. Nenhum sinal subjetivo ou manifestação clínica de tronco, membros ou crânio aparenta apontar para distúrbios de composição corporal. A criança consome somente os alimentos trazidos pelos familiares e se recusa a ingerir alimentação fornecida pelo hospital. Foi observada redução de peso de 0,5kg desde sua chegada ao estabelecimento hospitalar. Em qual o diagnóstico de risco nutricional efetivo W.B. se encontra? A alternativa "A " está correta. A aplicação da ferramenta clínica StrongKids é a mais indicada para triagem nutricional em crianças hospitalizadas. De acordo com levantamento clínico e nutricional, a soma da pontuação é de 0 pontos, resultando em baixo risco de desnutrição. MÓDULO 3 Identificar biomarcadores de estado nutricional e dados de inquéritos dietéticos em crianças e adolescentes AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Antes da deliberada solicitação de exames laboratoriais, é pré-requisito reforçar que a realização de acompanhamento bioquímico é indicada para crianças e adolescentes em quadros de maior preocupação do estado nutricional. As oscilações bioquímicas, principalmente, séricas (no sangue), refletem informações importantes para nortear a recuperação de indivíduos debilitados nutricionalmente. Portanto, embora a investigação bioquímica consista em um alicerce da avaliação nutricional, seu principal critério de aplicação deve se basear no pré-diagnóstico de que a criança ou o adolescente apresenta déficits antropométricos e dietéticos notáveis. Outra ressalva está fundamentada no fato de que a análise bioquímica pode ser mal interpretada. Naturalmente, os exames laboratoriais podem identificar deficiência ou insuficiência de nutrientes específicos. Todavia, a interpretação da concentração de nutrientes exige conhecimento de critérios relacionados a seu armazenamento corporal e a alterações de concentração em função de distúrbios inflamatórios induzidos por excessos ou carências nutricionais. Afinal, alguns nutrientes podem aumentar ou reduzir suas concentrações séricas durante a inflamação, e esse cenário pode induzir erros diagnósticos importantes se não considerados. A albumina, o zinco, o folato, a Vitamina A, o ferro, o selênio e a vitamina C reduzem suas concentrações séricas durante períodos inflamatórios. Por isso, são considerados nutrientes de fase aguda negativa. Paralelamente e em contraposição, notamos aumento de cobre, proteína C reativa, fibrinogênio, ceruloplasmina e ferritina, contextualmente denominados nutrientes de fase aguda positiva (TOMKINS, 2003). Outro detalhe associa a quantidade de tempo necessária para redução significativa (metade das concentrações regulares) de determinado nutriente frente à sua restrição, comumente chamada de meia-vida. EXEMPLO São necessários cerca de 20 dias de restrição proteico-energética para que as concentrações de albumina sejam reduzidas para metade de sua normalidade. Logo, a albumina não é considerada isoladamente proteína biomarcadora sensível de estado nutricional geral. Em contrapartida, as manifestações clínicas associadas aos distúrbios nutricionais costumam ser inspecionáveis a partir da diminuição de nutrientes de longo prazo, ou seja, a análise bioquímica é capaz de predizer sinais e sintomas antes de seu aparecimento. Uma vez levados em consideração os critérios de requisição de exames laboratoriais e a possível influência de um eventual estado inflamatório, a avaliação nutricional bioquímica de crianças e adolescentes utiliza a medição sérica de nutrientes para identificar diversos tipos de distúrbios nutricionais. Foto: Shutterstock.com Os quadros abaixo apresentam biomarcadores nutricionais com suas respectivas referências e interpretações: Biomarcador Meia- vida Uso clínico Referências Considerações/Interpretação Albumina 18-20 dias Prognóstico para desnutrição Pré-termo: 2,5-4,5g/dL Termo: 2,5- 5,0g/dL 1-3 meses: 3,0-4,2g/dL 3-12 meses: 2,7-5,0g/dL > 1 ano: 3,2- 5,0g/dL Indivíduos desidratados podem apresentar valores altos. Reduzida em estado inflamatório e distúrbios renais ou hepáticos. Para interpretação de desnutrição, é necessário observar valores baixos combinados com redução de outras proteínas séricas. Transferrina 8-9 dias Alterações no metabolismo do ferro 180- 260mg/dL Reduzida em estado inflamatório e distúrbios hepáticos. Elevada na desidratação e na deficiência de ferro. Transtirretina (Pré-Albumina) 2-3 dias Evolução nutricional 20-50mg/dL Reduzida em distúrbios hepáticos, fibrose cística, hipertireoidismo, infecção e trauma. Proteína ligadora de Retinol (RBP) 12 horas Evolução nutricional 30-40µg/mL Reduzida em distúrbios hepáticos, deficiência de zinco, deficiência de vitamina A e quadro de infecção. Aumentada em doenças renais. Proteína C Reativa 8-12 horas Estado inflamatório agudo e infecções bacterianas < 3mg/dL Aumentada em estado inflamatório agudo. Importante contraprova para comparação com albumina na busca de desnutrição. Proteínas séricas utilizadas na evolução nutricional de crianças e adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Os quadros abaixo apresentam biomarcadores nutricionais com suas respectivas referências e interpretações: Biomarcador Referências Considerações/Interpretação Zinco > 70µg/dL Diminuído na deficiência de zinco e hipoalbuminemia. Retinol >1,05µmol/L Diminuído na deficiência de zinco e distúrbios hepáticos. Vitamina E Crianças: 7-35µmol/L Adolescentes: 14- 42µmol/L Relação direta com perfil lipídio, bioquímico e dietético. Vitamina D (25- Verão: 15-80µg/dL Reduzida em deficiências de concentração e metabolismo da Vitamina D OH) Inverno: 14-42µg/dL e no uso de medicamentos anticonvulsivantes. Vitamina C 22,7-85,2µmol/L Vitamina B12 147-616pmol/L Reduzida na deficiência de folato, B12 e medicamentos, como fenitoína, inibidores de bomba de prótons, neomicina. Vitamina B6 14,6-72,8nmol/L Reduzida na deficiência de B6 e medicamentos, como isoniazida. Folato Neonatos: 11-147nmol/L Lactentes: 34-125nmol/L 2-16 anos: 11-48nmol/L > 16 anos: 7-45nmol/L Metotrexato, fenitoína e sulfassalazina antagonizam a utilização do folato. Cálcio 8,0-10,5mg/dL Não reflete de formadireta os estoques corporais e está diminuindo (↓) na hipoalbuminemia. Principais micronutrientes no monitoramento do estado nutricional bioquímico de crianças e adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Já nas tabelas a seguir, são apresentadas referências bioquímicas para diagnóstico de distúrbios do metabolismo do ferro ou indicadores de anemia para crianças e adolescentes, respectivamente: Idade Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%) Menores de 2 anos < 11,0 < 32,9 2 a 5 anos < 11,1 < 33,0 5 a 8 anos < 11,5 < 34,5 Maiores de 8 anos < 11,9 < 35,4 Concentrações de hemoglobina e hematócrito para risco de anemia em crianças. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Sexo Idade Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%) Masculino Menores de 15 anos 15-18 anos < 12,5 < 13,3 < 37,3 < 39,7 Maiores de 18 anos < 13,5 < 39,9 Feminino Menores de 15 anos 15-18 anos Maiores de 18 anos < 11,8 < 12,0 < 12,0 < 35,7 < 35,9 < 35,7 Concentrações de hemoglobina e hematócrito para risco de anemia em adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal COMENTÁRIO Os perfis lipídico e glicídico de estado nutricional de crianças e adolescentes não apresentam referências específicas para esta faixa etária, exceção feita a medidas indicativas de Insulina e Glicemia para adolescentes de acordo com maturação sexual pela classificação de Tanner. CLASSIFICAÇÃO DE TANNER Avaliação da maturação sexual em crianças, adolescentes e adultos por meio do desenvolvimento de características físicas. Para identificar os Percentis por gênero, é necessário consultar o Anexo 34 do Manual de Orientação de Avaliação Nutricional de Crianças e Adolescentes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009, p. 105), que consta no tópico 3 indicado para pesquisa no item Preparação. Para referências de glicemia e lipidograma, consulte a tabela 6 e o quadro 1 do mesmo material (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2009, p. 56-57). Por fim, é imprescindível manter a análise bioquímica em crianças e adolescentes que realizam tratamento de desnutrição por conta do risco de Síndrome de Realimentação, que se caracteriza por distúrbios eletrolíticos, em particular, fosfato, potássio e magnésio. Basicamente, essa condição ocorre como uma resposta metabólica imediata à alimentação após período crônico de baixo consumo energético. ATENÇÃO O monitoramento de micronutrientes pode determinar diretamente os rumos da intervenção nutricional. AVALIAÇÃO DIETÉTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES A avaliação do consumo alimentar em crianças e adolescentes é fundamental para monitorar suas tendências e predisposições individuais, que podem culminar em excessos ou déficits dietéticos importantes. Trata-se de análise investigativa para o direcionamento das demais bases da avaliação nutricional (especialmente bioquímica) e de orientações nutricionais conectadas com hábitos alimentares possivelmente questionáveis. A coleta de informações confiáveis e precisas de crianças e adolescentes é uma tarefa de difícil execução, devido às barreiras impostas pela imaturidade, dos mais variados aspectos, que essas fases da vida podem oferecer ao nutricionista avaliador. Na busca por melhor recolhimento de dados confiáveis para perfilamento e caracterização nutricional infantojuvenil, recomenda-se a utilização de instrumentos mais preparados e específicos de detalhamento geral de informações alimentares, como os inquéritos dietéticos. Entretanto, o javascript:void(0) nutricionista deve ter em mente que alguns problemas e algumas dificuldades podem emergir e complicar a interpretação de dados recolhidos. Os seguintes fatores devem ser considerados na aplicação de ferramentas de avaliação alimentar de crianças e adolescentes: INABILIDADES COGNITIVAS Nível de alfabetização Período de atenção concedida, fácil distração e dificuldade com conceito de tempo Memória limitada Conhecimento limitado de opções, preparações e porções alimentares INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Respostas concedidas por pais e responsáveis nem sempre compatíveis com a realidade. ANSEIOS SOCIAIS Super ou subestimação do consumo alimentar. Estado de composição corporal desejado (pelo próprio indivíduo ou por seus responsáveis). HÁBITOS E VÍCIOS DIETÉTICOS Grande variação de hábitos alimentares – consumo alimentar habitualmente mais estruturado na infância do que na adolescência. Maior consumo fora de casa para adolescentes e maior consumo em casa para crianças. Influência parental direta na infância. Influência de amigos, colegas e outras pares na adolescência. DEMAIS FATORES Imagem corporal pessoal. Possível falta de cooperação ou motivação na adolescência. Necessidade consciente ou inconsciente de consumo alimentar atrelada à aprovação social. VOCÊ SABIA A dificuldade de mensuração alimentar de crianças e adolescentes foi mote de publicação de grupo de Comitê de pesquisa integrado da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), OMS e Universidade das Nações Unidas (UNU). Além de apontar para barreiras de medição da ingestão alimentar, o documento enaltece que (CAVALCANTE; PRIORE; FRANCESCHINI, 2004): O nutricionista deve buscar coletar dados possíveis (ou passíveis) de aplicação em estudos coletivos. Haja o mínimo de interferência possível nos hábitos alimentares relatados. Busque-se a maior fidelidade possível quanto à dieta mais usual e contemporânea do paciente. Dentre os inquéritos dietéticos, é possível a aplicação do recordatório de 24h, registro (ou diário) alimentar ou questionário de frequência alimentar. De todo modo, não há nenhuma recomendação de método padrão-ouro ou melhor instrumento para avaliação dietética. Cabe ao profissional levantar os pontos positivos e negativos de cada ferramenta. Veja a seguir, resumidamente, os principais prós e contras dos inquéritos alimentares para discernimento profissional: Inquérito dietético Vantagens Desvantagens Recordatório de 24 h Rápida aplicação. Ingestão alimentar não influenciada pelo preenchimento do indivíduo. Baixo custo. Por se tratar de entrevista, não requer nível completo de alfabetização. Depende da memória do entrevistado ou de seu responsável. Depende da confiança e da colaboração do entrevistado ou de seu responsável. O dia do relato pode ser atípico na rotina alimentar. Diário alimentar Independe da memória, uma vez que os dados são anotados no ato do consumo. Medição do consumo real e atual. Boa análise quanti- qualitativa. Requer alto nível de colaboração, dedicação e entendimento do preenchimento do material. Requer indivíduos alfabetizados. Alteração dos dados escritos por crianças, adolescentes ou responsáveis, uma vez que o material será entregue depois ao nutricionista (influência direta na alteração do consumo a ser analisado). Questionário de frequência alimentar Estima ingestão habitual. Baixo custo. Não altera padrão de consumo. Depende significativamente da memória. Material usualmente grande. Dificuldades de precisão quantitativa. Vantagens e desvantagens da aplicação de inquéritos dietéticos em crianças e adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Após o levantamento qualitativo ou quantitativo da dieta por meio do inquérito dietético da preferência do nutricionista avaliador, recomenda-se atividade de comparação dos alimentos, das porções, das quantidades e da frequência alimentar com a Pirâmide Alimentar, de acordo com a faixa etária do indivíduo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018). A tabela a seguir descreve os grupos alimentares e a localização dos níveis estratificados na Pirâmide Alimentar de acordo com a faixa etária do indivíduo: Nível na pirâmide Grupo alimentar Crianças de 6-11 meses Crianças de 1-3 anos Crianças de 3-10 anos Adolescentes 1 Cereais, pães, tubérculos e raízes 3 5 5 5 a 9 2Verduras e legumes 3 3 3 4 a 5 Frutas 3 4 3 4 a 5 3 Leites, queijos e iogurtes Leite materno (caso não seja possível, oferecer fórmula infantil) 3 3 3 Carnes e ovos 2 2 2 1 a 2 Feijões 1 1 1 1 4 Óleos e gorduras 2 2 1 1 a 2 Açúcares e doces 0 1 1 1 a 2 Indicação de porções alimentares da Pirâmide Alimentar para crianças e adolescentes. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O tópico 4 indicado para pesquisa no item Preparação, apresenta a Pirâmide Alimentar ilustrada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018), na qual você pode associar o número de porções consumidas versus o número de porções indicadas para crianças e adolescentes. A ingestão abaixo ou acima das porções indicadas pode resultar em alterações do estado de saúde infantojuvenil, levando a carências ou a excessos nutricionais. UMA VISÃO PRÁTICA SOBRE AS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E BIOQUÍMICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre a semiologia e modificações físicas na infância e adolescência sob a ótica de uma visão da prática clínica. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. C.A.N., DO SEXO FEMININO, 16 ANOS E 8 MESES DE IDADE, APRESENTOU-SE DELIBERADAMENTE ACOMPANHADA DE SUA MÃE AO SERVIÇO AMBULATORIAL DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO, NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. RECENTEMENTE, A ADOLESCENTE PASSOU POR PROCESSO DE PERDA SIGNIFICATIVA DE PESO. CLÍNICA E ANTROPOMETRICAMENTE, INDICADORES APONTAM PARA ESTADO NUTRICIONAL DE MAGREZA. EM SE TRATANDO DE RECURSOS BIOQUÍMICOS, DENTRE OS EXAMES ENTREGUES NO DIA DA CONSULTA NUTRICIONAL, FORAM OBSERVADOS OS SEGUINTES MARCADORES SÉRICOS: BIOMARCADOR VALOR REFERÊNCIA LABORATORIAL HEMOGLOBINA 10,4G/DL > 12G/DL HEMATÓCRITO 34,8% > 36% SATURAÇÃO DE TRANSFERRINA 271MG/DL 200-250MG/DL VITAMINA B12 244PMOL/L > 145PMOL/L ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL BASEADO NOS RESULTADOS BIOQUÍMICOS, QUAL SERIA O POSSÍVEL DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DA PACIENTE? A) Desnutrição grave B) Dislipidemia C) Anemia megaloblástica D) Anemia ferropriva E) Anemia falciforme 2. A INVESTIGAÇÃO DO PADRÃO ALIMENTAR DE L.C. DE 18 ANOS E 1 MÊS POR MEIO DE RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24H NO DIA DO ATENDIMENTO NUTRICIONAL APONTA PARA O SEGUINTE CONSUMO: HORÁRIO REFEIÇÃO LOCAL ALIMENTOS QUANTIDADE OBSERVAÇÕES 08:30 CAFÉ DA MANHÃ RESIDÊNCIA CAFÉ PRETO ÓLEO DE COCO 1 XÍCARA 1 COLHER DE CHÁ ADIÇÃO DE 3 GOTAS DE STEVIA 14:00 ALMOÇO RESTAURANTE A QUILO SALADA DE PEPINO, TOMATE E CEBOLA FILÉ DE PEITO DE FRANGO GRELHADO BRÓCOLIS REFOGADO NÃO SABE INFORMAR 3 PEDAÇOS GRANDES DE PEITO DE FRANGO 1 ESCUMADEIRA DE CHÁ DE BRÓCOLIS ADIÇÃO DE SAL MARINHO NA SALADA BRÓCOLIS REFOGADO COM ALHO E PIMENTA CALABRESA BEBIDA GASEIFICADA H2O 500ML DE BEBIDA 22:00 LANCHE DA NOITE CASA OMELETE DE OVOS COM QUEIJO 3 UNIDADES DE OVOS JUMBO 3 FATIAS DE QUEIJO PRATO ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A ROLAGEM HORIZONTAL A PARTIR DA ANÁLISE DO RECORDATÓRIO ALIMENTAR DA PACIENTE, É POSSÍVEL AFIRMAR, COM BASE COMPARATIVA DA PIRÂMIDE ALIMENTAR (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018), QUE: A) Embora a dieta seja desestruturada em macro e micronutrientes, é indicada para emagrecimento saudável. B) A frequência alimentar e o número de porções desejadas para atender às demandas nutricionais de adolescentes é incompatível com a pirâmide, inclusive, caso a paciente deseje emagrecer. C) As porções dos níveis 1, 3 e 4 encontram-se compatíveis com as demandas na puberdade. D) As porções dos níveis 2 e 4 encontram-se compatíveis com as demandas na puberdade. E) A restrição de porções de grupos alimentares parece estar associada ao desejo de emagrecimento da paciente. Por isso, recomenda-se que a paciente realize a reintrodução das indicações dos níveis 2 ao 4 da Pirâmide Alimentar. GABARITO 1. C.A.N., do sexo feminino, 16 anos e 8 meses de idade, apresentou-se deliberadamente acompanhada de sua mãe ao serviço ambulatorial de atendimento nutricional do Hospital Universitário Pedro Ernesto, na cidade do Rio de Janeiro. Recentemente, a adolescente passou por processo de perda significativa de peso. Clínica e antropometricamente, indicadores apontam para estado nutricional de magreza. Em se tratando de recursos bioquímicos, dentre os exames entregues no dia da consulta nutricional, foram observados os seguintes marcadores séricos: Biomarcador Valor Referência Laboratorial Hemoglobina 10,4g/dL > 12g/dL Hematócrito 34,8% > 36% Saturação de Transferrina 271mg/dL 200-250mg/dL Vitamina B12 244pmol/L > 145pmol/L Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Baseado nos resultados bioquímicos, qual seria o possível diagnóstico nutricional da paciente? A alternativa "D " está correta. As variáveis bioquímicas séricas apontam para quadro de distúrbio de oxigenação das hemácias, especialmente, pela redução de sua concentração no conteúdo total da amostra (hematócrito) e da proteína transportadora de oxigênio (hemoglobina) combinado com valores significativos nas taxas de saturação de Transferrina. 2. A investigação do padrão alimentar de L.C. de 18 anos e 1 mês por meio de recordatório alimentar de 24h no dia do atendimento nutricional aponta para o seguinte consumo: Horário Refeição Local Alimentos Quantidade Observações 08:30 Café da manhã Residência Café preto Óleo de coco 1 xícara 1 colher de chá Adição de 3 gotas de Stevia 14:00 Almoço Restaurante a quilo Salada de pepino, tomate e cebola Filé de peito de frango grelhado Brócolis refogado Bebida gaseificada H2O Não sabe informar 3 pedaços grandes de peito de frango 1 escumadeira de chá de brócolis 500mL de bebida Adição de sal marinho na salada Brócolis refogado com alho e pimenta calabresa 22:00 Lanche da noite Casa Omelete de ovos com queijo 3 unidades de ovos jumbo 3 fatias de queijo prato Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A partir da análise do recordatório alimentar da paciente, é possível afirmar, com base comparativa da Pirâmide Alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2018), que: A alternativa "B " está correta. Independentemente do propósito dietético pessoal da paciente, a restrição deliberada e descontrolada de porções indicadas na Pirâmide Alimentar pode desencadear deficiências nutricionais e manifestações clínicas que colocam em risco a saúde da adolescente. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS As peculiaridades centrais na avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes estão intimamente associadas ao crescimento, ao desenvolvimento e à formação estrutural, hormonal, neurológica, sexual e psicológica que estes grupos demandam. O requerimento energético é significativo e, quando é combinado com as características iniciais de independência alimentar de alguns momentos deste ciclo da vida, há risco de não atendimento ajustado da demanda nutricional. Na avaliação das necessidades nutricionais de crianças e adolescentes, é obrigatório considerar o estado atual de saúde por meio da medição, da plotagem e da interpretação antropométrica, paralelamente aos questionamentos simples sobre ingestão alimentar e apetite. A avaliação nutricional detalhada deve incluir inquérito dietético preferido, medição antropométrica, história clínica e exames complementares, caso sejam necessários. Para que toda a agenda de avaliação do estado nutricional consiga ser organizada, discutida e interpretada, recomenda-se o desenvolvimento de planos de gestão envolvendo equipe de médicos, psicólogos e, quando há pacientes hospitalizados, enfermeiros e fonoaudiólogos para intervenção multidisciplinar dedicada a eles. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.