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Inteligência competitiva e análise de inteligência Autor José Alceu de Oliveira Filho Videoaula - Introdução Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485844965] . Apresentação Olá! O advento da globalização e o surgimento da internet tornaram a comunicação sem limites ou fronteiras no que se refere à distância ou ao tempo, tornando o contato quase imediato entre locais diversos no mundo atual. Dessa forma, o conhecimento de diversos aspectos de outras culturas ou economias passaram a ser muito mais fáceis de se obter. No campo mercadológico, vemos quão importante se torna o domínio da informação frente ao crescente aumento da competitividade empresarial. Por isso, o uso de recursos e ferramentas tecnológicas contribui sobremaneira para a busca de informações que permitam o aumento da lucratividade e a manutenção da vantagem competitiva em um mercado cada vez mais agressivo. Na visão de Porter (1985, p. 3), “a vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa”. Já Barney (1991, p. 102) diz que “uma empresa possui vantagem competitiva quando ela implementa uma estratégia de criação de valor que não pode ser simultaneamente implementada por qualquer outro competidor corrente ou potencial”. Observando os conceitos desses autores, torna-se notória a necessidade de uma postura diferenciada das empresas, em especial quanto à formulação de estratégias, buscando o máximo de informações sobre seus ambientes interno e externo, visando se adequarem às incertezas que possam advir de seu ramo de negócio, como também no que se refere à acirrada competitividade nele existente. É imperioso ressaltar, nesse contexto estratégico, que a tomada de decisões tornar-se-á tão mais consistente quanto o volume de informações processadas que possam subsidiar os decisores. É um processo de escolha dentre alternativas que possam vir a ser apresentadas na busca de um resultado eficaz, ou seja, as informações precisam ser obtidas por meio de fontes confiáveis, seguras e organizadas sistematicamente, visando propiciar decisões de qualidade. Assim, o gerenciamento da informação se torna um importante instrumento de suporte ao planejamento estratégico, visto que a agregação de valor à informação a transforma em conhecimento, sendo este extremamente útil para a permanência no mercado de forma sustentável. É nesse processo que se insere a inteligência competitiva, como uma estratégia competitiva que monitora as informações, sejam internas ou externas, observa movimentos, elabora análises das empresas e procura observar quais as tendências do segmento, de modo a sugerir estratégias e recursos a serem aplicados para que a empresa adquira vantagem competitiva sobre seus concorrentes (PASSOS, 2013). Nessa trajetória descrita, busca-se desenvolver a compreensão de conceitos, ferramentas e metodologias de Inteligência Competitiva aplicadas nas organizações, como também criar condições para se buscar, identificar e qualificar bases de dados como forma de auxiliar na rápida tomada de decisões e na busca por uma posição competitiva no mercado. Assim sendo, convido você a dedicar atenção à trilha do conhecimento que ora se apresenta e que poderá ser de significativa importância em sua vida acadêmica e/ou profissional. Bons estudos! Professor José Alceu de Oliveira Filho. A informação no ambiente organizacional Videoaula - A informação no ambiente organizacional Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485847109] . UNIDADE 1 Objetivos: - Conhecer a importância da informação no ambiente organizacional. - Entender como se processa a informação no ambiente organizacional. - Tomar conhecimento sobre a diferença entre informação e conhecimento. - Verificar como se processam os fluxos informacionais. A informação no ambiente organizacional1 Atualmente, a capacidade de gerir informações, ou seja, como as tratar, organizar, disseminar e compartilhar, é um dos grandes desafios das organizações em um mercado cada vez mais competitivo. A informação, quando bem gerida, transforma-se em um aspecto organizacional bastante forte, que pode ser caracterizado como uma vantagem estratégica e competitiva, como veremos a seguir. Conceituando informação1.1 Figura 1 – Análise de informações. Fonte: rawpixel.com/Freepik Antes de mais nada, precisamos entender o que é a informação e sua importância na conjuntura organizacional atual. O autor Le Coadic (1996, p. 5) nos apresenta uma diversidade de ensinamentos sobre o que vem a ser a informação: O mesmo autor complementa seus conceitos dizendo que “usar a informação é trabalhar com a matéria informação para obter um efeito que satisfaça a uma necessidade de informação” (LE COADIC, 1996, p. 39). A informação é um conhecimento inscrito (gravado) sob a forma escrita (impressa ou numérica), oral ou audiovisual. A informação comporta um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc. Essa inscrição é feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação. Agrupando todos esses conceitos, vemos que qualquer organização necessita solucionar problemas ou atingir objetivos estratégicos e, para tal, se vale das informações geradas, usadas e compartilhadas nos âmbitos interno e externo para tomada de decisões que permitam a solução do problema ou o alcance do objetivo. É um processo sistematizado que precisa disponibilizar, com celeridade e rápido acesso, as informações que atendam às necessidades das organizações. Em continuidade ao entendimento sobre o assunto, Valentim (2014, p. 60) diz que “a informação e o conhecimento têm papel fundamental nos ambientes organizacionais, porque todas as atividades desenvolvidas [...], assim como o processo decisório, são apoiadas por informação e conhecimento”. Já Buckland (1991, p. 1) nos brinda com o seguinte entendimento: No que se refere ao valor da informação, McGee e Prusak (1994) afirmam que é determinado pelo usuário, o que implica dizer que a mesma informação pode ser reutilizável. Pode-se dizer, então, que a informação para ser útil depende da análise realizada pelo usuário conforme sua necessidade e circunstâncias de aplicabilidade. Considerando que as organizações possuem realidades e características distintas, torna-se fundamental o entendimento, por parte dos gestores, de que o alcance do resultado organizacional desejado dependerá do estabelecimento de fluxos organizacionais que respeitem e atendam às realidades e suas características específicas. Encarando a variedade de sentidos que o termo ‘informação’ carrega, podemos, no mínimo, ganhar um aprendizado prático. Podemos visualizar um panorama e procurar identificar grupos de usos do termo ‘informação’. As definições podem não ser completamente satisfatórias, os limites entre esses usos podem ser confusos e até uma abordagem pode não satisfazer qualquer dos significados determinados como o correto sentido do termo ‘informação’. Mas os principais usos podem ser identificados, classificados e caracterizados, aí sim algum progresso poderá ser alcançado. Usando essa abordagem podemos identificar três principais usos da palavra ‘informação’: como ‘processo’, como ‘conhecimento’ e como ‘coisa’. Você sabe qual a diferença entre dado, informação e conhecimento? Confira, a seguir, o que cada um significa. a) Dados Dados são códigos. A matéria-prima da informação. De uma maneira simplista, podemos dizer que eles não transmitem uma mensagem e não representam conhecimento. b) Informações Informações sãodados tratados. Quando eles são processados e agrupados, tornam-se informações. Nesse ponto há um significado, e é possível afirmar ou decidir algo com base nesse agrupamento. c) Conhecimento Se a informação é dado trabalhado, conhecimento é a informação trabalhada. Esse é o ponto onde toda informação relevante deve chegar. Por sua definição, conhecimento é o ato de abstrair ideia ou noção de alguma coisa. Portanto, é correto dizer que não existe conhecimento sem informação. Fonte: isocrm.com.br [http://www.isocrm.com.br/dados-informacoes-conhecimento/] Valentim et al. (2003) entendem que qualquer organização precisa inteirar-se de tudo que a circunscreve, ou seja, seu ambiente externo e seus acontecimentos, no intuito de coletar oportunidades e ameaças que possam ser trabalhadas, em termos de estratégias competitivas e respectivas metas. É como um desafio à manutenção da competitividade e à sobrevivência no mercado, por meio de procedimentos e diretrizes, definidos em seus processos decisórios, que devem ser priorizados e perseguidos. Diante dessas colocações, Valentim et al. (2003) procuram nos clarear o entendimento de como a informação pode ser considerada um grande fator estratégico para as organizações e, também, influenciar seu processo de decisão. A gestão da informação nos ambientes organizacionais se desenvolve em etapas, tais como seleção, organização, armazenagem e disseminação, conforme será visto mais adiante. Historicamente, o ser humano faz uso da informação, sendo a escrita uma das formas mais representativas de registro de saberes, discursos e ideias que contribuíram sobremaneira para diversas atividades e problemas delas decorrentes. Todavia, o saber tácito, ou seja, aquele que não está explícito ou escrito, sempre foi o grande desafio das civilizações antigas e ainda se configura como tal em diversas organizações dos dias atuais, visando sua utilização futura quando ocorrerem situações semelhantes. Tornar conhecida ou explícita uma informação é torná-la passível de transmissão por relações tanto diretas, como documentos para que possam ser recuperadas a posteriori, seja por indivíduos como grupos. Entretanto, o grande volume de informações, em especial após o advento da internet, vem requerendo técnicas de gestão cada vez mais complexas e que permitam sua recuperação com celeridade. A aplicação das informações produz o conhecimento, que também exige técnicas de gestão apuradas que permitam a geração de novos conhecimentos. Já a velocidade de processamento dessas informações e conhecimentos decorrentes pode ser considerada, atualmente, como um diferencial competitivo extremamente relevante no contexto das organizações, conforme pode ser observado nos dizeres de Mattelart (2002, p. 173): Figura 2 – Armazenagem de documentos. Fonte: nirat/iStock A chamada revolução da informação contemporânea faz de todos os habitantes do planeta candidatos a mais uma versão da modernização. O mundo é distribuído entre lentos e rápidos. A rapidez se torna argumento de autoridade que funda um mundo sem lei [...]. Diferença entre informação e conhecimento Existe uma enorme diferença entre SABER o caminho e CONHECER esse mesmo caminho. Parece óbvio, mas não é! É fácil perceber as pessoas errando e confusas sobre as diferenças entre informação e conhecimento. Elas costumam usar os termos de forma intercambiável, sem saber o fato de que existem diferenças. Informação significa dados processados sobre alguém ou alguma coisa, enquanto conhecimento refere-se a informações úteis obtidas através da aprendizagem e da experiência. Definição de informação O termo ‘informação’ é descrito como os dados estruturados, organizados e processados, apresentados dentro do contexto, o que o torna relevante e útil para a pessoa que o deseja. Dados significa fatos e números brutos relativos a pessoas, lugares ou qualquer outra coisa que é expressa na forma de números, letras ou símbolos. Definição de conhecimento Conhecimento significa a familiaridade e a consciência de uma pessoa, lugar, eventos, ideias, questões, maneiras de fazer ou qualquer outra coisa que é reunida por meio da aprendizagem, percepção ou descoberta. É o estado de conhecer algo através da compreensão de conceitos, estudo e experiência. Portanto, o CONHECIMENTO acontece quando a INFORMAÇÃO é aplicada. A soma da informação, do conhecimento e das experiências aplicadas na prática (boas e ruins); é quando você adquire o verdadeiro know-how. Fonte: medium.com [https://medium.com/@joaokepler/diferen%C3%A7a-entre- informa%C3%A7%C3%A3o-e-conhecimento-b64ba3d46bcd] Videoaula - Os ambientes organizacionais e informacionais Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485851460] . O ambiente organizacional é o espaço onde todas as interações de pessoas, tecnologias, dados, informações e conhecimentos se processam, desenvolvem e subsidiam ações, decisões e desempenho organizacional. Logicamente, cada ambiente e suas interações dependerão do tipo e da estrutura da organização, bem como de sua constituição, seja em termos de pessoas, e seus posicionamentos. Em ambientes organizacionais, segundo Valentim (2007, p.9), informação e conhecimento são fundamentais para os processos de tomada de decisão e de inteligência competitiva, tendo em vista que “todas as atividades desenvolvidas, desde o planejamento até a execução das ações planejadas, assim como o processo decisório, são apoiadas por dado, informação e conhecimento”. Ambientes organizacionais e informacionais1.2 No que tange ao ambiente informacional, pode-se dizer que decorre do ambiente organizacional, só que voltado ao gerenciamento das informações. Para facilitar a visualização do que foi abordado acima, Davenport e Prusak (2001) segmentaram os ambientes externos, organizacionais e informacionais conforme mostrado na Figura 3. Figura 3 – Segmentação dos ambientes. Fonte: adaptado de Davenport e Prusak (2001, p. 51). Na visão de Davenport e Prusak (2001, p. 56), o ambiente externo se segmenta em três tipos de mercados e se caracteriza pela diversidade de informações que se tornam relevantes para a dinâmica dos processos organizacionais e de tomada de decisões: Mercados de negócios: criam condições gerais de negócios, o que afeta a capacidade de as empresas adquirirem e gerenciarem informação, bem como optarem pelo tipo de informação de que precisam. Mercados da informação: local pela qual as informações são vendidas, agregando valor, de modo a torna-se um bem valioso às organizações. Mercados tecnológicos: onde são compradas e vendidas as tecnologias disponíveis que podem afetar nosso mundo informacional. No que se refere ao ambiente organizacional, Davenport e Prusak (2001, p. 55) o subdividem da seguinte forma: Situação dos negócios: os ecologistas precisam prestar atenção à estratégia de negócios, aos processos de negócios, à estrutura/cultura organizacional e à orientação dos recursos humanos. Esses aspectos refletem os componentes do ambiente informacional. Assim, a estratégia de negócios, por exemplo, irá influenciar a estratégia da informação – e vice-versa. Distribuição física: algumas empresas vêm tentando administrar a informação ao criar espaços que facilitem a interação. No nível mais preciso, os documentos são meios que estruturam e apresentam a informação. Investimentos em tecnologia: um investimento global em TI, certamente, afetará o ambiente informacional, mas o fator mais crítico aqui é o simples acesso à informação. Figura 4 – Ambiente organizacional. Fonte: freepik No que tange ao ambiente informacional, Davenport e Prusak (2001, p. 51) o segmentam da seguinte forma: Como se pode observar na Figura 3, o ambiente externo pode afetar substancialmente os ambientes organizacional e informacional, portanto, torna-se muito importante a observação atenta de quaisquer mudanças no ambiente externo que possam impactaras atividades diversas e o posicionamento estratégico da organização. É conveniente ressaltar, também, que todos os dados, informações e conhecimento que circulam no ambiente informacional podem ser impactados pelos ambientes externo e interno. Por fim, Valentim (2010, p. 17) nos apresenta o entendimento de que essas interações descritas são conhecidas como fluxos informacionais, que “trafegam com dados e informação, de modo a subsidiar a construção de conhecimento nos indivíduos organizacionais objetivando uma ação”. Equipe da informação: equipe informacional de uma empresa que lida com as mais valiosas modalidades de informação, como o conhecimento organizacional e os melhores métodos de trabalho. Estratégia da informação: refere-se aos objetivos que a organização quer atingir por meio da informação. Processos de administração informacional: este componente mostra como o trabalho é feito. Uma empresa deve ter uma visão mais ampla, definindo os processos informacionais como todas as atividades exercidas por quem trabalha com a informação. Arquitetura da informação: é um guia para estruturar e localizar a informação dentro de uma organização. A arquitetura pode ser descritiva, envolvendo um mapa do ambiente informacional no presente, ou determinista, oferecendo um modelo do ambiente em alguma época futura. Política da informação: este componente crítico envolve o poder proporcionado pela informação e as responsabilidades da direção em seu gerenciamento e uso. Cultura e comportamento em relação à informação: estes dois fatores são relacionados e muitos importantes na criação de um ambiente informacional bem-sucedido. O comportamento em relação à informação, positivo ou negativo, forma a cultura informacional de uma empresa. Essa cultura determina se os envolvidos valorizam a informação, se a compartilham através das barreiras organizacionais, trocam-na interna e externamente, capitalizam-na nos negócios. Videoaula - Os fluxos informacionais Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485857270] . O caminho para uma tomada de decisão, bem como para a execução de atividades organizacionais requer o uso de fluxos informacionais pelos gestores dessas atividades, fluxos estes que se constituem de dados, informações e conhecimento. Segundo Moreira Delgado (2006, p. 8): Fluxos informacionais1.3 [...] os fluxos informacionais têm por finalidade subsidiar os sujeitos organizacionais no que tange aos processos ali existentes, uma vez que dados, informações e conhecimentos trafegam de tal maneira que, a partir do acesso, apropriação e uso, por parte desses sujeitos, é possível gerar conhecimento individual e compartilhá-lo no ambiente organizacional. Essa dinâmica propicia a transformação das condições informacionais da organização, porquanto acaba satisfazendo as necessidades e particularidades do sistema ao qual pertencem. Figura 5 – Fluxo de informações. Fonte: PeopleImages/iStock Dessa forma, pode-se dizer que a interação e as necessidades de informação entre pessoas e setores de uma organização são decorrência desses dados, informações e conhecimentos que transitam por intermédio dos fluxos informacionais. Informação e ambientes organizacionais: ensaio sobre a dinâmica dos ambientes informacionais nas organizações O termo informação ganhou relevância preponderante, principalmente, nos negócios nas décadas finais do século passado quando a explosão informacional potencializada pelas tecnologias emergentes fez com que o seu tratamento ganhasse nova dimensão devido ao seu ritmo cada vez mais crescente. [...] A informação pode ser considerada como um importante instrumento para promover conhecimento e, em decorrência disto, favorecer o desenvolvimento de novos hábitos. Harmonizar o processamento de difusão da informação deve, portanto, se constituir em meta para aqueles que trabalham com prestação de serviços, onde a informação é um pilar importante no estabelecimento das relações que visam adequar serviços oferecidos à demanda dos usuários e o retorno parece ser seguro, não só na conquista de novos clientes, como na melhoria dos serviços e, consequentemente, na sua satisfação e, ainda, na oportunidade de uma gestão, em parte, alicerçada pela informação. O ambiente informacional e seu fluxo da informação ganha importância, considerado este contexto. Com as tecnologias da informação incorporadas, os fluxos da informação na empresa tendem a se tornar mais efetivos em virtude da elevação da capacidade de coletar, estocar, processar e transferir informações, o que torna possível a obtenção de uma maior velocidade na comunicação, redução no prazo de respostas às variações dos ambientes, tanto interno quanto externo, e melhoria da tomada de decisão; enfim, permite um aumento da eficiência organizacional em vários aspectos. Explore mais esse tema lendo o interessante ensaio disponível no link: revista.ibict.br [http://revista.ibict.br/fiinf/article/download/1771/1974] . Qualquer organização que queira sobreviver ou se manter competitiva no mercado, atualmente, precisa tratar a informação e o conhecimento como elementos estratégicos, que subsidiam os processos de tomadas de decisões nos três níveis organizacionais (estratégico, tático e operacional), como também se constituem em fatores fundamentais para o desenvolvimento da inteligência competitiva. Nesse diapasão, o resultado individualizado do processo de gestão da informação e do conhecimento, quando compartilhado, torna-se conhecimento coletivo que, dentro de uma dinâmica organizacional, gera inteligência e vantagem competitiva para que a organização se mantenha no mercado globalizado, conforme pode ser verificado na Figura 6. Segundo Valentim (2007, p. 14), os fluxos informacionais podem ser classificados em dois tipos: Figura 6 – Dinâmica organizacional da informação e do conhecimento. Fonte: elaborado pelo autor (2020). [...] o primeiro está ligado ao próprio organograma (estrutura formal), ao qual se denomina fluxos formais, isto é, são as inter-relações entre as diferentes unidades de trabalho/centros de custos como diretorias, gerências, divisões, departamentos, setores, seções; o segundo está relacionado às pessoas que atuam no ambiente corporativo (estrutura informal), ao qual se denomina fluxos informais, isto é, são as relações entre as pessoas das diferentes unidades de trabalho/centros de custo. Esses dois ambientes organizacionais alimentam a estrutura informacional da organização através da geração, gestão e uso de dados, informação e conhecimento. Esse mesmo autor ilustrou, sob a forma de um diagrama, a dinâmica existente nos fluxos informacionais em relação aos ambientes existentes nas organizações (VALENTIM, 2007, p. 14), conforme pode ser verificado na Figura 7. Figura 7 – Fluxos formais e informais. Fonte: adaptado de Valentim (2007, p. 14). Vamos então observar a Figura 7 e refletir sobre esses fluxos informacionais. Se pensarmos em uma organização com seus três níveis de atuação (estratégico, tático e operacional), em cada um deles há colaboradores que farão uso dos dados, informações e conhecimento disponíveis para tomada de decisões, em especial no nível estratégico, ou, até mesmo, tarefas rotineiras. Esses fluxos informacionais requerem uma adequada gestão organizacional para compatibilizar e dar qualidade às informações recebidas tanto do ambiente interno como externo. Em cada nível organizacional existem fluxos diferenciados de informações, visando atender objetivos específicos de cada um deles. Entretanto, o mais importante para uma organização é a manutenção de sua vantagem competitiva dentro do mercado que atua, portanto, o papel dos fluxos informacionais é fundamental para gerar conhecimentos que contribuam para esse intento. O mapeamento dos fluxos, sejam formais ou informais, necessários à dinâmica organizacional tem como ponto de partida o diagnósticodos dados, informações e conhecimento gerados pelos ambientes interno e externo. Segundo Hibberd e Evatt (2004, p. 58): [...] considera-se o mapeamento da informação como um método simples e eficiente para conhecer o contexto no qual a organização está inserida (ambiente externo), visando produzir um maior entendimento da organização (ambiente interno), e uma relação mais direta com os stakeholders. A gestão da informação é uma necessidade das organizações contemporâneas e esta necessidade é estendida à gestão dos fluxos informacionais. Analisar esses fluxos requer estudar a organização, sua estrutura, suas atividades e processos administrativos, pois o fluxo informacional é inerente às tarefas rotineiras. O mapeamento de um fluxo é a representação do caminho percorrido pela informação através de seus canais, bem como os agentes responsáveis pela criação, movimentação, armazenamento e distribuição dessas informações, independentemente se o suporte é físico ou digital, pois em qualquer formato o fluxo informacional irá subsidiar um ou vários processos da organização. Essas considerações sobre mapeamento de fluxos informacionais foram descritas no XIX Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – ENANCIB 2018. Acesse o documento Validação do mapeamento de fluxos de informação em processos organizacionais: uma abordagem com foco arquivístico, disponível em: brapci.inf.br [http://www.brapci.inf.br/index.php/res/v/102977] . Recapitulando No transcurso desta Unidade 1, foram agregados conhecimentos inerentes à importância da informação, dos ambientes organizacionais e dos fluxos informacionais, como também sobre o mapeamento desses fluxos. Por fim, o processo de inteligência competitiva nas organizações tem seu ponto de partida no entendimento sobre os fatores pertinentes aos diferentes ambientes organizacionais e o mapeamento dos fluxos informacionais, como também no compartilhamento do conhecimento para tomada de decisões e estabelecimento de ações organizacionais. Exercícios de fixação Marque verdadeiro ou falso para a afirmação: Qualquer organização precisa inteirar-se de tudo que a circunscreve, ou seja, seu ambiente interno e seus conflitos, no intuito de coletar oportunidades e ameaças que possam ser trabalhadas, em termos de mapeamentos de fluxos e respectivos delineamentos. Verdadeiro Falso Assinale a alternativa pertinente ao ambiente informacional que corresponde ao componente crítico que envolve o poder proporcionado pela informação e as responsabilidades da direção em seu gerenciamento e uso. Estratégia da informação. Política da informação. Arquitetura da informação. Equipe da informação. Gestão da informação e do conhecimento Videoaula - A ciência da informação Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485863023] . UNIDADE 2 Objetivos: - Conhecer a importância da ciência da informação. - Entender como a gestão da informação contribui para geração de conhecimento. - Tomar conhecimento sobre as etapas/ciclo da gestão da informação. - Verificar as diversas interpretações da gestão do conhecimento. Gestão da informação e do conhecimento2 Pode-se afirmar que a ciência da informação é de natureza interdisciplinar, podendo ser utilizada em contextos organizacionais e de comunicação da informação na sociedade, como também em contextos individuais. Em sua essência, contribui com estudos acerca da gênese e dos efeitos da informação, bem como sobre as necessidades informacionais e sobre o uso e o fluxo da informação. Para Marijuan (1996, p. 91): Ciência da informação2.1 A ciência da informação também é vista como uma ciência multidisciplinar, criando um conjunto de subdisciplinas que se fundem com disciplinas já existentes: informação física, informação química (computação molecular), informação biomédica, bioinformação (vida artificial), informação neurociência (inteligência artificial) e socioinformação. Figura 8 – Ciência da informação. Fonte: geralt / pixabay São dignas de ressalvas as relações interdisciplinares da ciência da informação com a biblioteconomia e com a ciência da computação, em que a computação analisa e processa os algoritmos relacionados à informação e a biblioteconomia foca na natureza da informação e seu uso. Ciência da Informação: o que é isso? Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento informacional, as forças que governam os fluxos de informação, e os significados do processamento da informação, visando à acessibilidade e a usabilidade ótima. A Ciência da Informação está preocupada com o corpo de conhecimentos relacionados à origem, coleção, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação, e utilização da informação. Isto inclui a pesquisa sobre a representação da informação em ambos os sistemas, tanto naturais quanto artificiais, o uso de códigos para a transmissão eficiente da mensagem, bem como o estudo do processamento e de técnicas aplicadas aos computadores e seus sistemas de programação. É uma ciência interdisciplinar derivada de campos relacionados, tais como a Matemática, Lógica, Linguística, Psicologia, Ciência da Computação, Engenharia da Produção, Artes Gráficas, Comunicação, Biblioteconomia, Administração, e outros campos científicos semelhantes. Têm ambos componentes, de ciência pura visto que investiga seu objeto sem considerar sua aplicação, e um componente de ciência aplicada, visto que desenvolve serviços e produtos. Para saber mais sobre a Ciência da Informação como ciência pura ou aplicada, acesse o link: edisciplinas.usp.br [https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2532327/mod_resource/content/1/Oque%C3%A9CI.pd f] . É importante ressaltar a diferença entre ciência da computação e da informação. Cabe à primeira a programação de computadores e o uso de algoritmos para resolução de problemas, contribuindo com uma base científica no que se refere ao processamento das informações. Já a segunda foca a identificação de informações que possam ser transformadas em conhecimento a partir de documentos, sejam físicos ou digitais. Nesse diapasão, pode-se dizer que a interação dessa ciência com as demais é constante e contínua, ou seja, há o que chamamos de interdisciplinaridade. Os resultados, frutos dessa interação, tem na tecnologia da informação o suporte necessário para seu armazenamento e processamento. Para Le Coadic (1996, p. 22), existem outras áreas com as quais a ciência da informação se relaciona; são elas: Complementando todo esse entendimento, é importante ressaltar que a ciência da informação reúne o conhecimento das diversas ciências, como um todo coeso, e tem como áreas de interesse a gestão da informação, a inteligência competitiva e a gestão do conhecimento. Após todas essas considerações é possível depreender que a ciência da informação trabalha a partir do conhecimento já registrado, normalmente, sob a forma de documentos e mídias, como também o estudo e a transferência/comunicação desse conteúdo no ambiente interno e para pessoas da organização. O estudo da informação contempla ações tais como: a análise da sua origem, a coleta, a organização, o armazenamento, a recuperação, a disseminação e seu uso. Na conjuntura atual, a velocidade de acesso à informação é fator preponderante para a vantagem competitiva, cabendo à ciência da computação o desenvolvimento de mecanismos que otimizem o acesso e o uso da informação. Psicologia – comportamentos de comunicação; Linguística – semiótica, paratexto; Sociologia – sociologia das ciências, comunidades científicas, produtividade científica; Informática – bases de dados, recuperação, sistemas especialistas, programa para hipertexto; Matemática, lógica, estatística – algoritmos, lógica booleana e difusa; Eletrônica e telecomunicações – redes, correio eletrônico, videotexto; Filosofia, epistemologia, história. Videoaula -A gestão da informação Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485869145] . Após o entendimento sobre o conceito de informação, ambiente e fluxos informacionais, há o desafio de tornar claro como se gerencia a informação de modo a se obter um modelo que permita o uso estratégico dela para atuação e sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo. Alvarenga Neto, Barbosa e Pereira (2007, p. 9) complementam essa percepção descrevendo que esse desafio se constitui numa forma de Como já dito anteriormente, qualquer informação gerada ou prospectada nos ambientes interno ou externo da organização pode ser considerada como estratégica para os negócios. É, portanto, relevante desenvolver um modelo de gestão que possibilite a geração de informações importantes, fidedignas, consistentes e precisas para o desempenho de atividades com eficiência e eficácia, bem como para tomada de decisões frente às mudanças nos ambientes que demandem ações. Lógico é o entendimento de que essas ações devem levar em consideração valores, crenças, ritos, mitos e normas existentes, de modo a evitar resistências e contribuir para um melhor desempenho organizacional. Gestão da informação2.2 [...] aprender a nadar em um oceano de informações prospectando e coletando informações relevantes para a sobrevivência e para a compreensão de um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico e mutável. Além desses aspectos, não pode ser deixado de lado o ambiente externo, a organização e a riqueza de informações que podem ser obtidas junto a clientes e fornecedores, gerando um conhecimento estratégico vital para reconhecer o seu enquadramento no ambiente mercadológico que atua e, consequentemente, tomar decisões que visem à obtenção de vantagens competitivas junto à concorrência. A gestão da informação está diretamente ligada à construção do conhecimento que, advindo de algum documento, arquivo ou mídia, é capaz de subsidiar as atividades executadas no ambiente organizacional, como também contribuir para o desempenho do pessoal (sujeitos organizacionais) que atua no ambiente interno. Pode-se dizer, também, que gestão da informação atua de forma estratégica para conseguir informações relevantes para o melhor desempenho da organização. Dessa forma, pode-se entender que gerir informações no ambiente organizacional diz respeito ao incremento do uso dessas pelos sujeitos organizacionais, que se apropriam delas e constroem um conhecimento adequado ao melhor desempenho da função que executam. Vejamos, agora, como alguns autores renomados abordam a gestão da informação. Valentim et al. (2008, p.187) trazem os seguintes entendimentos: Para Wilson (1997), “a gestão da informação preocupa-se com o valor, qualidade, posse, uso e segurança da informação no contexto do desempenho organizacional” (apud TARAPANOFF, 2006, p. 23). Já Tarapanoff (2001, p. 44) descreve que: Gerenciar informações requer, primeiramente uma cultura voltada à informação, uma administração participativa e, também, o comprometimento de cada indivíduo no processo. Além disso, o compartilhamento de ações e responsabilidades fará com que esse gerenciamento aconteça de forma eficiente e eficaz. Um conjunto de ações que visa desde a identificação das necessidades informacionais, o mapeamento dos fluxos formais (conhecimento explícito) de informações nos diferentes ambientes da organização, até a coleta, filtragem, análise, organização, armazenagem e disseminação, objetivando apoiar o desenvolvimento das atividades cotidianas e a tomada de decisão. Cabe ressaltar que o gerenciamento do ambiente informacional de uma organização tem início a partir da determinação das necessidades de informação dos sujeitos organizacionais, que serão as necessidades norteadoras da etapa de prospecção de informações. Após identificada uma fonte de informação, esta deverá ser monitorada enquanto for útil e relevante para as necessidades organizacionais. Nesse contexto, Valentim (2002, p. 5) argumenta sobre “a importância de a organização definir em seu organograma uma unidade de trabalho especificamente voltada a desenvolver ações e atividades à gestão da informação”. Um dos aspectos mais importantes no contexto da gestão da informação é a agregação de valor, de modo a se ajustar às demandas informacionais. Essas informações, com efetivo valor agregado, necessitam ser armazenadas, cabendo aos sistemas de tecnologia da informação e da comunicação esta tarefa, como também gerenciar o acesso, a busca e a recuperação das mesmas pelos sujeitos organizacionais, em diferentes níveis e perfis de acesso, com a maior celeridade possível. O principal objetivo da gestão da informação é identificar e potencializar os recursos informacionais de uma organização e sua capacidade de informação, ensiná-la a aprender e adaptar-se às mudanças ambientais. A criação de informação, aquisição, armazenamento, análise e uso provêm a estrutura para o suporte ao crescimento e ao desenvolvimento de uma organização inteligente, adaptada às exigências e às novidades da ambiência em que se encontra. Figura 9 – Segurança da informação. Fonte: anyaberkut/iStock Toda essa dinâmica, que deve ser contínua por intermédio dos fluxos organizacionais, visa controlar e monitorar o ativo informacional e intelectual produzido nos ambientes interno e externo. Segundo Valentim (2002, p. 6-7), a gestão da informação tem como foco o “negócio da organização, [...] trabalhando essencialmente com os fluxos formais da informação”. Para essa autora, o conceito de gestão da informação pode ser descrito da seguinte forma: Complementando esse entendimento sobre a forma de atuação da gestão da informação, é interessante ressaltar que essa transformação de dados e informações em conhecimento tem início na captação do que já existe em veículos de comunicação, sejam eles físicos ou digitais como, por exemplo, livros, artigos, revistas científicas, documentos acadêmicos, além de outros. Prospecção, seleção e obtenção da informação; Mapeamento e reconhecimento dos fluxos formais de informação; Tratamento, análise e armazenamento da informação utilizando tecnologias de informação; Disseminação e mediação da informação ao público interessado; e Criação e disponibilização de produtos e serviços de informação. (VALENTIM, 2002, p. 6-7) Como já verificamos, o objetivo primário da gestão da informação é identificar e potencializar recursos informacionais, propiciando condições de adaptação a mudanças, sejam externas ou internas. Já que a informação se processa sob a forma de ciclo, faz-se necessário conhecer o ciclo da gestão da informação, como também o ciclo informacional, conforme pode ser verificado nas Figuras 10 e 11. O ciclo informacional2.2.1 Figura 10 – Ciclo da gestão da informação. Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de Choo (1998, p. 22). A simples observação da Figura 10 nos permite verificar que é, em grande parte, semelhante ao ciclo informacional usado na Biblioteconomia e na Ciência da Informação. Figura 11 – Ciclo Informacional. Fonte: adaptado de Pojuan Dante (1998 apud TARAPANOFF, 2006, p. 22). Agora, observando a Figura 11, é possível verificar que seu início advém de uma demanda de informação, seja por necessidade de solução de um problema, análise de algum aspecto ou até mesmo o desenvolvimento de um setor organizacional, ou seja, desenvolver novos conhecimentos que gerem condições para uma melhor tomada de decisão. Ciclo da Informação – A relação entre a temática e a estrutura social Quando se fala em ciclo, o pensamento remete a ideia a algo que é realizado em etapas ou sequências de tarefas. Com o ciclo da informação também é assim, pois o mesmo pressupõe uma sequência lógica de acontecimentos envolvendo a informação, realizada por agentes que compõem esse ciclo. [...] A estrutura social Por estrutura social entende-se a forma dada pelos homens à sociedade que eleshabitam, a qual necessita de informação para se organizar. Implica na relação entre indivíduos, grupos e instituições e as diferentes funções que cada um exerce dentro dessa sociedade. Em outras palavras, a estrutura social é uma disposição ordenada das partes dentro de um todo e tal ordenação só é possível devido à informação produzida por seus elementos. [...] Relação entre o ciclo da informação e a estrutura social [...] Portanto, a informação só existe porque os elementos que fazem parte do ciclo da informação são os mesmos que constituem a sociedade, os quais dão condições para que a informação seja criada e usada como base da relação entre indivíduos, grupos e organizações. Além de ser utilizada como instrumento de transferência de conhecimento, com o intuito de estabelecer normas ou regras, as quais vão determinar a estruturação social. Fonte: biblioo.cartacapital.com.br [https://biblioo.cartacapital.com.br/ciclo-da-informacao/] Tarapanoff (2006, p. 23) complementa esse entendimento dizendo que: Para finalizar, vejamos o que os autores Barbosa, Sepúlveda e Costa (2009, p. 16) descrevem: O objeto da área é a informação e o trabalho com a informação, transformando-a em produtos e serviços de utilidade (com valor agregado) para o cliente/usuário. A informação, na conjuntura da gestão da informação, diz respeito a todos os tipos de informação com valor agregado, oriundas dos ambientes interno e externo à organização. Inclui todos os recursos que tem sua origem na produção de dados, (registros e arquivos), que vêm da gestão de pessoas, pesquisa de mercado, da observação e análise utilizando os princípios da inteligência competitiva. Criar conhecimento exige não apenas uma cultura organizacional propícia, mas também a existência de uma gestão de informação eficiente e eficaz, a qual deverá apoiar as atividades de aprendizagem organizacional. Por sua vez, o gerenciamento da informação deve ser apoiado por políticas e ferramentas que direcionem e apoiem o compartilhamento da informação e do conhecimento tanto dentro da empresa quanto entre a empresa e outras organizações. Entenda a importância da gestão da informação Qualquer ativo empresarial traz consigo, além de seus benefícios, algumas necessidades. No caso da informação, o próprio armazenamento passa por uma intensa transformação, na qual os espaços físicos dão lugar ao mundo digital. Hoje, a absoluta maioria dos dados empresariais — e domésticos — é transmitida pela rede (online ou offline), processada por softwares e armazenada por hardwares. Consequentemente, um segundo conceito que foi rapidamente absorvido pelos processos de gestão é a segurança da informação. Garantir a proteção, a estabilidade e a disponibilidade dos dados, é tão fundamental quanto captá-los. Afinal, a sua utilização deve ser garantida, ao mesmo tempo em que eles precisam estar protegidos contra roubos, vazamentos e danos em geral. [...] A capacidade de organização dos dados dá ao gestor a possibilidade de melhorar a performance geral da organização. Se uma plataforma de e-commerce é a responsável pelas vendas — e pelo lucro — de uma empresa, por exemplo, gerenciar o armazenamento, a disponibilidade e o acesso a esses dados reflete diretamente no desempenho financeiro. Para complementar, a própria qualidade da informação depende desse processo de gestão. Não basta coletar dados e gerar relatórios com base no feeling do gestor — é preciso sistematizar essa estratégia. Os dados levantados devem ter a sua relevância estudada previamente, para que o tempo de processamento e os insights gerados para os gestores tenham um aproveitamento significativo. Resumidamente, é a gestão da informação que planeja — e, em parte, executa — os mecanismos de segurança dos dados, assim como dá a eles um uso estratégico. Com a transformação digital e um mercado cada dia mais competitivo, é essencial otimizar a aplicação desse recurso tão valioso. Para mais informações, acesse o link: meupositivo.com.br [https://www.meupositivo.com.br/panoramapositivo/gestao-da-informacao/] . Videoaula - A gestão do conhecimento Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485874873] . Um dos mais relevantes desafios teóricos e práticos das organizações, na atualidade, consiste em aprender a converter o conhecimento dos seus colaboradores em conhecimento organizacional, tendo em vista as dificuldades que se apresentam para gerenciar os ativos intangíveis nas mesmas. Segundo Lev (2004), são considerados ativos intangíveis o valor da marca, peso das patentes geradas, capacidade de inovação, talento dos funcionários em especial dos executivos e suas relações com os clientes, software, processos únicos, desenhos organizacionais e outros. Gestão do conhecimento2.3 Figura 12 – Ativo intangível: relação com clientes. Fonte: Antonio Guillem/iStock A percepção sobre a relevância do uso da informação para fins estratégicos, em especial as decorrentes de ideias novas, processos de descoberta e novos insights, fez com que as organizações passassem a se preocupar com a gestão do conhecimento, com o propósito de aumentar sua capacidade de resposta ao ambiente em que atua. Dessa forma, as organizações passaram a fazer uso de um trabalho sistemático de processamento da informação e do conhecimento, visando desenvolver a eficácia e o conhecimento corporativo, por meio da inovação e competência que propicia novas e melhores práticas e soluções organizacionais. Exemplos de gestão do conhecimento – 5 cases de sucesso 1 – Banco do Brasil Em um evento de capacitação de colaboradores, a gestão do Banco do Brasil descobriu que os funcionários consideravam a “hora do café” a mais importante para disseminação de conhecimento nas agências. De posse dessa informação, foi criado um evento de treinamento. Nele, reproduziu-se esse ambiente para troca de experiências e conhecimentos gerados pelos funcionários da empresa. [...] 2 – Serviço Federal de Processamento de Dados Outro exemplo de gestão do conhecimento implantada com sucesso é o mapeamento dos conhecimentos organizacionais do Serpro. Para evitar que informações centralizem apenas em um funcionário, atribuindo a ele tarefas que apenas um é capaz de exercer, a empresa criou a Árvore Serpro de Conhecimentos. [...] 3 – Embrapa A Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) saiu do ambiente físico e investiu no meio online. Agora, pode compartilhar problemas e temas em discussão no cotidiano organizacional. As Comunidades de Prática abarcam todas as ferramentas da internet como e-mails e download. Assim, são usadas para reunir, guardar, disponibilizar e incentivar o compartilhamento de conhecimento pelos colaboradores. [...] 4 – Petrobras [...] Outra prática desenvolvida pela gestão de conhecimento da empresa é conhecida como “mentoring” que, assim como o Banco do Brasil, evita a concentração de demandas em um único profissional. No entanto, neste caso, um mentor é escolhido para investir tempo e esforço para transferir conhecimento a outro colaborador com menos experiência por meio de ações que envolvem compromisso, integridade e perseverança. [...] 5 – Caixa Econômica Federal O último dos exemplos de gestão do conhecimento vem da empresa pública do ramo financeiro, que criou a Universidade Caixa. O objetivo é desenvolver capacidades e habilidades dos colaboradores estruturadas em educação continuada e atualização técnica. Esse tipo de iniciativa promove a valorização do trabalhador por meio de investimento na sua própria capacitação, que se reflete em mais rendimento na organização. [...] Para conhecer mais informações sobre essas cinco experiências de sucesso acesse o link: siteware.com.br [https://www.siteware.com.br/comunicacao/exemplo-gestao-conhecimento/] . É interessante ressaltar a diferença entre o gerenciamento do conhecimento explícito e do tácito. O primeiro advém dagestão da informação, enquanto o segundo resulta da gestão do conhecimento, em que o foco é o de fazer com as pessoas da organização consigam explicitar e compartilhar seus conhecimentos, que passam a se transformar em informação. É um processo de compreensão das habilidades, intuição e know-how que o ser humano adquire no contato diário com as suas atividades. É, portanto, um conhecimento personalizado e difícil de ser formalizado ou articulado, conforme descrito por Polanyi (1973, 1966). Segundo Nonaka e Takeuchi (2008), as organizações, por ocasião da conversão do conhecimento, buscam converter o conhecimento tácito de indivíduos criativos em conhecimento explícito da seguinte forma: Avaliação, teste e elaboração por meio de arquétipos e protótipos, segundo sua adequação aos propósitos da organização. Transferência para outros níveis da empresa, visando dar início a novos ciclos de criação de conhecimento. Gestão da informação e gestão do conhecimento: qual a diferença? [...]. A gestão da informação é responsável por receber, categorizar, armazenar, manter acessíveis e buscar informações fixadas nos mais variados suportes (papel, CD, arquivo “em nuvem”, DVD etc.). Essa atividade requer a capacidade de observar criticamente um item, de modo a agrupá-lo com seus semelhantes ao mesmo tempo em que lhe atribui referências que o destaquem numa pesquisa futura. Você pode, por exemplo, guardar juntos todos os relatórios emitidos por um departamento, mas tem de saber como encontrar o relatório certo na hora certa, por ordem cronológica, e/ou pelo sobrenome da pessoa que assina esse documento, dentre outras variáveis. A gestão do conhecimento, por sua vez, exige um esforço ainda maior em termos de raciocínio e engenhosidade. Pressupõe um uso perspicaz das informações e da própria gestão da informação, realizando buscas em acervos internos e externos para prospectar soluções, novos mercados, inovações (tanto em termos tecnológicos quanto administrativos). É também uma prática que leva uma empresa a gerar mais do que produtos e serviços, ao elaborar ideias, entendimentos, os famosos know-how e savoir-faire. Ou seja, algo intangível e que não pode — ao menos não de uma hora para outra — ser roubado ou copiado pela concorrência. Tanto a gestão da informação quanto a gestão do conhecimento são grandes diferenciais em termos de competitividade, mas apenas a segunda impulsiona diretamente a capacidade de um negócio se reinventar e encontrar saídas inteligentes antes dos demais. Fonte: redata.com.br [http://redata.com.br/gestao-da-informacao-e-gestao-do-conhecimento- qual-diferenca/] Vejamos, agora, como alguns autores definem o conhecimento e sua gestão. Nonaka e Takeuchi (2008, p. 8) descrevem que: O conhecimento é, portanto, um ativo intangível, que tem um valor inestimável para as organizações, além de sua gestão se constituir em uma valiosíssima ferramenta para criar, compartilhar e aplicar conhecimento para melhorar a produtividade, a lucratividade e o crescimento organizacional. Na atual conjuntura, o conhecimento tácito, mesmo sendo um ativo intangível, torna-se fator gerador de riqueza ou de redução de custos, muitas vezes mais valioso que o capital e o trabalho. Dessa forma, a identificação, a criação, o armazenamento, o compartilhamento e a aplicação do conhecimento desse ativo intangível tornam-se cada vez mais importantes (STEWART, 1998). [...] O conhecimento tácito, que é pessoal, não pode ser tratado e organizado, está implícito e tem o foco voltado para a experiência e o conhecimento explícito, se caracteriza por ser organizado e tratado sistematicamente. [...] A Gestão do Conhecimento pode ser entendida como a disseminação dos conhecimentos criados pela organização e sua incorporação a novas tecnologias e produtos, envolvendo as pessoas, a organização e o ambiente, e que se daria, a princípio, a partir de uma espiral de conhecimento baseada no comprometimento pessoal e em vários processos de conversão entre o conhecimento tácito e explícito. Já na visão de Fukunaga (2015), o conhecimento estratégico ou crítico, como qualquer conhecimento relevante para execução da estratégia de uma empresa, propicia vantagem competitiva, é difícil de ser recuperado e reduz riscos significativos para o negócio. Figura 13 – Conhecimento estratégico ou crítico. Fonte: elaborado pelo autor, adaptado de SBGC (2020). Por fim, cabe mencionar que existem algumas práticas para retenção do conhecimento nas organizações, seja explícito ou tácito/implícito, conforme explica a Figura 14. Figura 14 – Práticas de retenção do conhecimento. Fonte: adaptado de Goulart e Angeloni (2020). Precisamos, então, entender que o conhecimento explícito se enriquece quando consegue que seja extraído do ser humano o que existe dentro de si, ou seja, o conhecimento tácito. Após esse processo de transformação, nos dias atuais, é fundamental o suporte da tecnologia da informação para disseminar esse conhecimento que foi trazido do ser humano para um ambiente que possa compartilhá-lo. Conhecimento tácito e conhecimento explícito O conhecimento tácito é aquele que o indivíduo adquire ao longo da vida e o conhecimento explícito é aquele formal, claro, regrado, fácil de ser comunicado. O conhecimento tácito é altamente pessoal, difícil de formalizar e, de certa forma, possui uma dificuldade maior para ser compartilhado. São as famosas conclusões, “insights” e palpites subjetivos. Eles se formam através de tudo o que você já tem dentro de si e une ao que está adquirindo de conhecimento, nas experiências que você tem ao longo da vida, seus valores e até mesmo suas emoções. É um conhecimento difícil de mensurar e que forma o seu know-how pessoal. Você não tem como passar isso para um Pen Drive e emprestar para seu amigo copiar. Já o conhecimento explícito é facilmente disseminado, fornecendo informações rápidas e confiáveis e conectando pessoas para sua utilização através de diversos formatos. Livros, artigos, posts na internet, imagens, infográficos, vídeos, áudios… enfim! Há uma infinidade de conteúdo explícito sendo gerado constantemente para que você compreenda cada pequena coisa que existe no mundo. Obviamente, o conhecimento explícito sempre teve uma maior relevância, pois ele é mensurável e você pode olhar para ele. Esse tipo de conhecimento pode ser armazenado em pastas ou comprimido em drives virtuais na nuvem para compartilhar com o mundo. Podem virar artigos que preenchem blogs e mais blogs na internet e, até mesmo, virar um canal no YouTube. Por isso, o grande desafio para as empresas é saber transformar conhecimento tácito em conhecimento explícito. Fonte: sitecampus.com.br [https://sitecampus.com.br/conhecimento-tacito-e-conhecimento- explicito/] Recapitulando No transcurso da Unidade 2, foram agregados conhecimentos inerentes à ciência da informação, da gestão da informação e da gestão do conhecimento, como elementos indispensáveis para o entendimento dos conceitos de inteligência competitiva. Por fim, foi esclarecida a diferença entre os conhecimentos tácito e explícito. Exercícios de fixação Marque verdadeiro ou falso para a afirmação: Um dos aspectos mais importantes no contexto da gestão da informação é a agregação de valor, de modo a se ajustar às demandas informacionais. Essas informações, com efetivo valor agregado, necessitam ser armazenadas, cabendo aos sistemas de tecnologia da informação e da comunicação esta tarefa, como também gerenciar o acesso, a busca e a recuperação das mesmas pelos sujeitos organizacionais, em diferentes níveis e perfis de acesso, com a maior celeridade possível. Verdadeiro Falso Complete o texto: Um dos mais relevantes desafios das organizações, na atualidade, consiste em aprender a o conhecimento dos seus colaboradores em , tendo em vista as dificuldades que se apresentam para gerenciar os ativos nas mesmas. Selecione... Selecione... Selecione... Selecione... Inteligênciacompetitiva Videoaula - Inteligência competitiva Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485879400] . UNIDADE 3 Objetivos: - Conhecer as origens da inteligência. - Entender como se processa a inteligência competitiva. Inteligência competitiva3 Alguns autores defendem que o mercado, em função de sua constante competitividade, assemelha-se a um campo de batalhas, exigindo que os dirigentes de organizações pensem e atuem como estrategistas, tal qual no meio militar. Cabe ressaltar que a inteligência competitiva advém da antiguidade, ou seja, sua origem não pertence ao mundo contemporâneo. Já havia relatos de seu uso em campanhas militares, em que o processo de coleta de informações possibilitava a supremacia, e até mesmo a vitória, a um dos contendores. Todavia, os procedimentos de coleta de informações, nessas épocas, eram compatíveis com a evolução da humanidade e seus interesses bélicos. Assim entendido, pode-se dizer que hoje a inteligência competitiva é uma evolução do que se fazia no passado, considerando-se também os meios e as formas de uso da mesma. Para melhor ilustrar esse pensamento, vejamos a descrição de algumas situações que ocorreram na antiguidade, segundo o relato de alguns autores: A primeira delas advém de um período muito antigo, cujos ensinamentos são até hoje utilizados em diversas formas de obtenção de vantagens competitivas, como foi o caso do Sun Tzu, militar chinês que viveu no século IV a.C. Vejamos agora um de seus pensamentos: Outra situação, agora na Idade Média, foi observada no final do século XV, onde o uso de um local de trocas e estocagem de materiais permitia que as informações obtidas fossem tratadas como Origens3.1 Figura 15 – Estratégias do gestor. Fonte: ilkercelik/iStock Conhece teu inimigo e conhece-te a ti próprio; se tiveres cem combates a travar, cem vezes será vitorioso. Se ignoras teu inimigo, e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas. Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas. (SUN TZU, 2007) informações estratégicas para negócios. Essa situação ficou conhecida como a República de Veneza, conforme relato de Chiavenato (2001): Posteriormente, com o advento da Revolução Industrial, as empresas começaram a se preocupar em acompanhar como se comportavam seus concorrentes, cabendo à inteligência competitiva o papel de fazer esse acompanhamento de forma bem estruturada e melhor. Uma terceira situação ocorreu na Europa, já na idade moderna, onde o procedimento de troca de embaixadores entre Estados demonstrando uma nítida ação de coleta de informações estratégicas, em uma clara busca de conhecimento explícito que pudesse contribuir para inteligência competitiva, seja no campo militar como comercial. Como último exemplo de situação relativa à busca de conhecimento explícito, para fins de inteligência competitiva, podemos citar o caso russo ocorrido na Segunda Guerra Mundial, conforme relato constante do trabalho de Cardoso Junior (2003, p. 76): Terminadas as duas grandes guerras, outros tipos de conflitos, tais como a Guerra Fria (de 1945 até 1989 – Queda do Muro de Berlim), Guerra Psicológica, Guerra Revolucionária e movimentos insurrecionais, começaram a exigir certo refinamento nas ações de inteligência, fato que consolidou o entendimento da importância da inteligência para segurança e crescimento das nações e organizações. O termo “inteligência”, em sua concepção original de busca e trato de informações para tomada de decisões estratégicas, contribuiu substancialmente para o desenvolvimento da inteligência [...] na República de Veneza (1492) foi estruturado o “Arsenal de Veneza”, local onde eram realizadas trocas e estocagens de materiais, produtos e homens, de grande parte do Mediterrâneo. Pelo fluxo de pessoas de várias nacionalidades, eram famosos os relatórios que diplomatas e enviados a outros países apresentavam quando do término de suas missões, e tais informações eram tratadas pelos dirigentes para a plena utilização do Arsenal como unidade estratégica de negócios. (apud Cardoso Junior, 2003, p. 75) Nessa quadra histórica devem ser assinaladas as atividades de espionagem russa no Extremo Oriente, boa parte dela a cargo de Richard Sorge, que informou aos soviéticos, com absoluta precisão e com seis semanas de antecedência, a invasão do país pelos alemães. Mais tarde, Sorge transmitiu que a entrada do Japão na guerra não implicaria em um ataque direto à Rússia, o que permitiu ao ditador Stalin transferir cerca de dois milhões de homens da Sibéria para a frente Leste e empregá- los na bem-sucedida contra-ofensiva europeia. competitiva, com o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) aplicáveis à evolução do contexto socioeconômico mundial. Perspectiva histórica da inteligência competitiva As diferentes nações no decorrer da história desenvolveram as atividades de inteligência apropriadas a suas práticas e necessidades, crescendo junto com a evolução do homem. A Inteligência Competitiva vem sendo praticada e aperfeiçoada desde os primeiros registros históricos e milenares, deixando a certeza de que o homem já possuía a preocupação com a informação sobre quem estivesse ao seu redor e no seu ambiente. É possível identificar momentos da história da civilização em que foi utilizado a prática da inteligência competitiva de forma intrínseca. [...] Na Idade Média, Gêng-Khan, conquistador do antigo continente eurasiano, utilizava agentes de inteligência para conhecer o ambiente que iria conquistar. Servindo-se de Informações de mercadores, viajantes e das comunidades locais, procurava saber que espécies de defesas possuíam as cidades que pretendia atacar. A história registra que sempre que esteve em combate, dominava completamente os seus adversários. Para obter mais informações sobre a perspectiva histórica da inteligência competitiva e sua importância, acesse o link: anpad.org.br [http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ESO-A2660.pdf] . Videoaula - Definindo inteligência competitiva Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485883229] . Na visão de Kahaner (1997), inteligência e informação possuem conceitos distintos. Para esse autor, a informação se constitui de números e estatísticas, por exemplo. Mesmo sendo dados dispersos sobre organizações e seus feitos, é algo concreto, objetivo. Já a inteligência, que tem como sinônimo o conhecimento, constitui-se de uma coletânea de peças de informação que passou por uma filtragem, destilação e análise, com o fito de subsidiar com o que é necessário para uma ação por parte dos gestores ou da organização. Já que inteligência e conhecimento podem ser considerados sinônimos, Prescott e Miller (2002, p. 13) tratam o crescimento da Inteligência Competitiva na esteira da evolução da Gestão do Conhecimento da seguinte forma: Conceituando inteligência competitiva3.2 Até bem recentemente, a Gestão do Conhecimento era objeto de grande atenção, ao passo que a Inteligência Competitiva não recebia tanto destaque. Na verdade, esta vem se beneficiando dos avanços na infraestrutura de tecnologia de informação e de elevação da Gestão do Conhecimento a uma função empresarial importante. Mais ainda, a integração da Gestão do Conhecimento em todas as estruturas empresariais está contribuindo para um maior reconhecimento do trabalho de Inteligência Competitiva. O conhecimento precisa, afinal, ser gerado e analisado antes de poder ser comunicado e “administrado”. Isto se aplica tanto aos dados gerados internamente, quanto à inteligência obtida de fontes situadas fora do âmbito da empresa, o que pode ir de encontro ao isolamento que tantas vezes tolhe os tomadores de decisão. Seja como for, a Inteligência Competitiva está se desenvolvendo rápida e eficientemente no âmbito dasgrandes corporações, apoiada pela maciça utilização das tecnologias da informação, boa disponibilidade de recursos financeiros e o emprego de mão-de-obra de alta qualificação. Na Figura 16, podemos ver claramente como se desenvolve o processo de inteligência, desde a coleta de dados, seu processamento para transformação em informação e o uso na inteligência para se alcançar a vantagem competitiva. Figura 16 – Cadeia do processo de inteligência. Fonte: elaborado pelo autor (2020). Vejamos agora como diversos autores tratam o conceito de Inteligência Competitiva. Vaitsman (2000, p. 66) emite o seguinte conceito: No entendimento de Periotto (2010, p. 52), Já Kahaner (1996, p. 225) diz que “a Inteligência Competitiva é uma ferramenta estratégica que permite à alta gerência melhorar sua competitividade, identificando as principais forças propulsoras e prevendo os futuros rumos do mercado”. Moreno (2007, p. 15) defende o seguinte entendimento: “A inteligência competitiva oferece apoio à tomada de decisão, prevê oportunidades e riscos, avalia e acompanha os concorrentes e orienta a implementação eficaz”. [...] a Inteligência Competitiva é um assunto de amplo domínio das grandes organizações, por ser uma atividade inserida empresarialmente nos seus departamentos de mercado, que se defrontam com uma acirrada concorrência, exigindo vasta literatura, ao contrário das medidas de proteção, compreensivelmente resguardadas por quem se protege. [...] para ter inteligência é preciso contar com uma infraestrutura de telecomunicações como base, utilizar computadores e softwares e gerar conteúdos informacionais, em forma de bases de dados, produtos e serviços. Inteligência Competitiva x Inteligência de Mercado [...] A Inteligência Competitiva é conhecida por ter o foco na concorrência, ou seja, o olhar da empresa, ao aplicar técnicas de análise de dados, está voltado para as ações das empresas que pertencem ao mesmo nicho de mercado. Dessa forma, ela é considerada como sendo mais estratégica por pensar no que acontece com os principais competidores do seu segmento. Já a Inteligência de Mercado é conhecida por focar na demanda da empresa, ou seja, nos clientes. Então, ao mesmo tempo em que busca informações sobre o contexto em que a organização está inserida, também procura conhecer o perfil dos consumidores. Assim, as empresas que têm foco em competição de mercado a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, patentes e estratégias sólidas acabam voltando seus esforços para a Inteligência Competitiva. Já as empresas que se preocupam com o mercado mais objetivamente, incluindo a análise das ações da concorrência e a construção de um relacionamento com o público, passam a adotar a Inteligência de Mercado como estratégia. Fonte: plugar.com.br [https://www.plugar.com.br/inteligencia-competitiva-inteligencia-mercado/] Prescott e Miller (2002, p. 226) complementam o conceito anterior dizendo que inteligência competitiva “é um pensamento proativo, oportuno e voltado para o futuro”. Visando conjugar os diversos entendimentos sobre o conceito de inteligência competitiva, o Quadro 1, elaborado por Valentim (2014), traz uma coletânea desses conceitos e definições. Quadro 1 – Conceitos de inteligência competitiva. Autor Conceito Autor Conceito Gomes e Braga (2001) “[...] é o resultado da análise de dados e informações coletados do ambiente competitivo da empresa que irão embasar a tomada de decisão, pois gera recomendações que consideram eventos futuros e não somente relatórios para justificar decisões passadas” (GOMES; BRAGA, 2001, p. 28). Tarapanoff (2001) “[...] é uma nova síntese teórica no tratamento da informação para a tomada de decisão, uma metodologia que permite o monitoramento informacional da ambiência e, quando sistematizado e analisado, a tomada de decisão [...] é um processo sistemático que transforma pedações esparsos de dados em conhecimento estratégico” (TARAPANOFF, 2001, p. 45). Miller (2002) “[...] incorpora a monitoração de uma ampla gama de fatos novos ao longo do ambiente ou mercado externos de uma organização e seus negócios [...] concentra-se nas perspectivas atuais e potenciais quanto a pontos fortes, fracos e nas atividades de organizações que tenham produtos ou serviços similares dentro de um setor da economia” (MILLER, 2002, p. 35). Valentim (2002) “[...] está ligada ao conceito de processo contínuo, sua maior complexidade está no fato de estabelecer relações e conexões de forma a gerar inteligência para a organização, na medida em que cria estratégias para cenários futuros e possibilita tomada de decisão de maneira mais segura e assertiva” (VALENTIM, 2002, p. 6). Valentim (2003) “[...] processo que investiga o ambiente onde a empresa está inserida, com o propósito de descobrir oportunidades e reduzir os riscos, bem como diagnosticar o ambiente interno organizacional, visando o estabelecimento de estratégias de ação a curto, médio e longo prazo” (VALENTIM et al., 2003, p. 2). Cardoso Júnior (2005) “[...] representa uma ferramenta estratégica que permite à alta gerência melhorar sua competitividade, identificando as principais forças propulsoras e prevendo os futuros rumos do mercado. É um processo pelo qual as informações de múltiplas fontes são coletadas, interpretadas e comunicadas a quem precisa delas para decidir” (CARDOSO JÚNIOR, 2005, p. 67). Tarapanoff (2006) “[...] um processo de aprendizado motivado pela competição, fundado sobre a informação, permitindo esta última a otimização da estratégia corporativa em curto e em longo prazo” (TARAPANOFF, 2006, p. 26). Autor Conceito Fuld (2007) “Inteligência é usar informação de forma eficiente e tomar decisões com uma imagem menos do que perfeita. É ver claramente sua concorrência, compreender a estratégia e agir antecipadamente com esse conhecimento” (FULD, 2007, p. 16). Hoffmann (2011) “[...] processo de aprendizado, motivado pela competição, e baseada na informação que fortalece as estratégias da organização a curto, médio e longo prazo” (HOFFMANN, 2011, p. 137). Fonte: adaptado de Valentim (2014, p. 49-51). Analisando os conceitos dos autores apresentados no Quadro 1, podemos inferir que a inteligência competitiva é um processo por meio do qual as organizações prospectam, analisam e transformam as informações inerentes aos mercados e seus concorrentes, de uma forma sistemática e organizada, em inteligência ou conhecimento, visando subsidiar os processos de tomada de decisão para o alcance dos objetivos táticos ou estratégicos. Diz-se que o processo é sistemático porque precisa ser efetuado continuamente e não eventualmente para o alcance dos resultados desejados. É um processo organizado porque tem um planejamento sobre os objetivos a alcançar e as ações a serem colocadas em curso. Corroborando com essa visão de sistemático e organizado, a Strategic and Competitive Intelligence Professionals (SCIP) – em português, Profissionais de Estratégia e Inteligência Competitiva –, uma associação de profissionais que atuam no campo da estratégia e da inteligência competitiva, defende que a Inteligência Competitiva é um processo contínuo que envolve a prospecção de dados brutos, combinando-os para obtenção de informações e a análise das mesmas, visando a geração de inteligência acionável para processos de tomada de decisão. 10 maneiras de usar a Inteligência Competitiva na sua empresa A inteligência das empresas consiste, principalmente, na acumulação e interpretação de conhecimentos variados. Dentro desse cenário, a Inteligência Competitiva é uma das principais abordagens aplicadas dentro de uma organização, adotada por aquelas que desejam melhorar a capacidade de saber o que acontece no seu entorno (e, assim, detectar os sinais do mercado). Confira abaixo 10 maneiras de usar a Inteligência na sua empresa: 1- Identificar questões relevantes para a empresa. 2- Interpretar informações e o contexto competitivo com o objetivode competir nas melhores condições. 3- Fazer o detalhamento dos dados e informações. 4- Inserir os conhecimentos adquiridos nas estratégias. 5- Elaborar decisões eficientes. 6- Identificar em tempo hábil oportunidades e ameaças. 7- Gerar valor compartilhado: benefícios além do valor material ou monetário. 8- Gerar ações de acordo com o perfil da empresa. 9- Conhecer os pontos fracos e fortes das empresas e da sua própria organização. 10- Ter uma estrutura de negócio que permita a construção de estratégias eficazes. Para compreender melhor essas 10 maneiras, acesse o link: plugar.com.br [https://www.plugar.com.br/10-maneiras-usar-inteligencia-competitiva-na-empresa/] . Na visão de Prescott (1999), as organizações precisam ficar atentas às dinâmicas do mercado e seus concorrentes, por meio dos seguintes movimentos que a inteligência competitiva propicia: compartilhamento de ideias, acesso a dinâmicas competitivas, identificação de novas oportunidades e emissão de alertas antecipados. Seguindo esse mesmo pensamento de alerta quanto às dinâmicas de mercado, Leavitt et al. (2004) destacam que as organizações precisam prospectar informações e transformá-las em inteligência acionável que permitirá a tomada de decisões táticas e estratégicas que permitirão a manutenção das mesmas como organizações competitivas. Segundo esses autores, a inteligência competitiva deriva desses processos de coleta, análise, transformação de dados e informações em inteligência, difusão e uso do conhecimento decorrente. Wright e Calof (2006) seguem a mesma linha de pensamento, descrevendo que a finalidade da inteligência competitiva é a de prevenir movimentos competitivos dos concorrentes, como também mudanças de comportamento de clientes, por intermédio da emissão de alertas antecipados. Além disso, entendem que esses avisos devem focar em ocorrências no mercado, na política e no macroambiente que circunda as organizações, que possam causar interferências no desempenho e continuidade do negócio organizacional. Segundo Tarapanoff (2006, p. 27): A inteligência competitiva consiste na materialização das informações internas e externas para a geração de conhecimento que subsidie as ações e decisões organizacionais. Isso significa que, para o processo de inteligência competitiva ser efetivo, é necessário o uso contínuo de dados e informação, aplicar o processo de análise e agregação de valor aos dados e informações, de modo a utilizar o know-how e o conhecimento individual e organizacional. Como pode ser observado na definição anterior, a força propulsora da Inteligência Competitiva é o valor da informação e não a quantidade prospectada. Figura 17 – Etapas essenciais ao processo de inteligência competitiva. Fonte: elaborada pelo autor com base em Valentim e Teixeira (2016, p. 8-9). A Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (Abraic), em sua página na internet, na aba Biblioteca/Perguntas Frequentes, apresenta o seguinte questionamento: Business Intelligence (BI) é o mesmo que Inteligência Competitiva (IC)? Não. Apesar de encontrarmos algumas citações que utilizam os termos como sinônimos, na maioria das vezes o primeiro está sendo empregado pelas empresas de tecnologia da informação como conjunto de ferramentas utilizadas para auxiliar nos negócios, tais como: data warehouse, data mining, CRM, ferramentas OLAP e outras. Quando falamos de Inteligência Competitiva, estamos nos referindo a um processo muito maior que engloba a obtenção e tratamento de informações informais advindas das redes mantidas pelos sistemas de IC, nas quais as informações de BI estão inseridas. Inteligência competitiva e ibusiness intelligencei3.2.1 Business Intelligence é visto como um conjunto de ferramentas de armazenagem de dados, sendo seus principais componentes os Data Marts e Data Warehouse – em português, Dados Singulares e Armazém de Dados –, dentro do OLAP(análise de informações) e Data Mining(mineração de dados). Figura 18 – Business Intelligence. Fonte: metamorworks / istock.com Quadro 2 – Ferramentas de Business Intelligence. Data Warehouse (DW) Data Mart (DM) OLAP Data Mining Conjunto de dados organizados por assunto e integrados por data; Ferramenta capaz de gerenciar grandes quantidades de dados, modelando-os para suprir as necessidades dos executivos por informações mais rápidas sobre o desempenho da empresa. Subconjunto lógico e físico do DW suscetível às consultas inesperadas dos usuários; Estruturas moldadas com dados encontrados no DW, pertencentes a áreas específicas na empresa, como finanças, contabilidade, vendas etc. Facilita o acesso do usuário à base DW em que são realizadas consultas, possibilitando melhor análise das informações; Capacidade atribuída aos sistemas que permite aos gestores examinarem e manipularem interativamente grandes quantidades de dados detalhados e consolidados a partir de diversas perspectivas. Utiliza dados sofisticados para gerar modelos de previsões; Exploração e análise, por meios automáticos e semiautomáticos, de grandes quantidades de dados para descobrir padrões e regras significativos; Atende a fluxo de trabalho imprevisível e propicia a análise em dados atuais e históricos para determinar futuras ações. Fonte: Silva e Terra (2015, p. 7). Segundo Silva e Terra (2015, p. 6): Os sistemas de BI (Business Intelligence) podem ser compreendidos como meios de transformação e teve (sic) sua origem nos antigos sistemas de decisões gerenciais e transformação executivas. Os dados coletados são extraídos, transformados e carregados em estruturas informacionais adequadamente desenhadas oferecendo assim desempenho e facilidade ao manipular os dados. Recapitulando No transcurso da Unidade 3 foram agregados conhecimentos inerentes às origens da Inteligência Competitiva, sua conceituação por diversos autores da comunidade científica, bem como suas etapas essenciais ao processo. Por fim, foi esclarecida a diferença entre Business Intelligence e Inteligência Competitiva. Exercícios de fixação Marque verdadeiro ou falso para a afirmação: A Inteligência Competitiva é um assunto de restrito domínio nas grandes organizações, por ser uma atividade inserida empresarialmente nos seus insumos de mercado, que se defrontam com uma baixa concorrência, exigindo vasta literatura, ao contrário das medidas de proteção, compreensivelmente resguardadas por quem se protege. Verdadeiro Falso Assinale a alternativa correspondente à seguinte etapa essencial do processo de Inteligência Competitiva: investigar como ocorre a busca e o compartilhamento das informações e quais são as fontes, os métodos e as técnicas utilizadas. Disseminação da inteligência. Estudo dos sujeitos organizacionais. Análise da informação. Processo de coleta de dados. Inteligência e vantagem competitiva Videoaula - O que é inteligência Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou clique aqui [https://player.vimeo.com/video/485887998] . UNIDADE 4 Objetivos: - Conhecer a atividade de inteligência em suas diversas vertentes. - Entender como a inteligência pode contribuir para a vantagem competitiva. - Tomar conhecimento sobre o conceito de vantagem competitiva. - Entender como a atividade de inteligência e a busca da vantagem competitiva se conectam com a inteligência competitiva. Inteligência e vantagem competitiva4 Com o advento da globalização, diversas mudanças ocorreram no ambiente organizacional e no cotidiano das pessoas, como também houve o crescimento exponencial das informações, fato que pode impactar os processos de tomada de decisões, dependendo da celeridade de acesso e da qualidade do conhecimento disponível. Podemos dizer que os processos de tomadas de decisões se tornam tão mais consistentes quanto a qualidade das informações que são coletadas e o conhecimento que é gerado. A inteligência é, portanto, o meio de se obter esses dados e
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