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REVISÃO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE: UNIP DOCENTE: Maria Iranildes Cruz POR QUE CONSIDERAMOS IMPORTANTE O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO? • História, portanto, refere-se, sobretudo, a uma forma de reflexão e análise que nos permite pensar os acontecimentos do passado, não como simples narrativa enfadonha e monótona, mas com o objetivo de entender o desenvolvimento humano atual, de compreender de que forma os acontecimentos contribuíram na formação de nossas atuais condições de vida. Portanto, a disciplina História da Educação tem como preocupação central a reflexão crítica em torno do processo educativo ao longo do tempo e do espaço. A partir da era primitiva até a idade contemporânea, do Egito ao Brasil. O QUE É EDUCAÇÃO? • A educação constitui o ser humano, ou seja, está presente em sua vida desde o nascimento até a morte. Não nascemos seres humanos prontos e acabados, ao contrário, precisamos construir nossa natureza, e o fazemos, sempre e necessariamente, por meio da aprendizagem, em contato com o sentido de educação presente em determinada ordem cultural e social. Portanto, não podemos deixar de perceber que o significado de educação está intimamente ligado à visão de mundo, de sociedade e de homem que são adotados e que permeiam determinada sociedade em determinado tempo. Portanto, a prática educativa não é uma prática neutra, ou seja, possui uma inegável natureza política. Não é uma prática desinteressada, desligada das relações de poder e de dominação. Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. A educação pode ser pensada a partir dos seguintes aspectos: • A prática educativa não é uma prática neutra, desinteressada, desligada das relações de poder e de dominação. • Uma educação comprometida com as relações de poder pode colaborar para a preservação de uma sociedade injusta, que promove e aprofunda as desigualdades. • A educação pode, também, ser um instrumento de transformação e libertação de uma sociedade, colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e democrática. • • Há uma relação de reciprocidade entre educação e sociedade, ou seja, uma pode influenciar a outra, mas educação não é uma solução mágica para todos os problemas sociais. Sobre o estudo da disciplina • É fundamental estudar a história da educação, atentando-se para alguns pontos fundamentais no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: a relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo educacional desenvolvido para os trabalhadores, e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal de homem cidadão. • O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais, para alavancar mudanças que possibilitem a superação das condições sociais. Resumo sobre a importância do nosso estudo • O estudo da história da educação se revela extremamente importante à medida que possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica. • Sem os estudos de história da educação não conseguimos entender os processos educacionais atuais. • Sem os estudos de história da educação não é possível contribuir com a melhoria da educação atual. • O estudo da história deve possibilitar a compreensão das relações de poder e os mecanismos de exclusão que se produzem e reproduzem em determinados contextos sociais. • O estudo de história da educação possibilita aos estudiosos a ampliação do raciocínio, a clareza de ideias e a reflexão crítica. O que é a cultura? • Nesta colocação, o termo “cultura” deve ser entendido no sentido mais amplo, como nos ensina Taylor: • Tomado em seu amplo sentido etnográfico cultura é este complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade (TAYLOR, In: LARAIA, 2001, p. 28). A CULTURA • A capacidade de fazer cultura é exclusiva dos seres humanos e é esta característica que nos diferencia dos demais animais. Aprendemos com o antropólogo Edward Taylor que cultura é este todo intrincado que comporta arte, religião, moral, valores, costumes, crenças, linguagem, ciência, instituições (Estado, escola, família) etc. É a cultura que nos fornece a rede de significados com a qual damos sentido ao mundo que nos cerca. EDUCAÇÃO RESTRITA • Podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, por sua vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de classes, a transmissão do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada para todos, ao contrario, era restrita a poucos. Com a diversificação da economia, podemos perceber que começa a existir certa hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia pede um trabalhador mais especializado e qualificado e uma educação condizente com esse proposito. A arte da obediência • O conteúdo especifico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria prática. A característica principal destes ensinamentos e que estes estão voltados para a formação do homem politico. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” e um dos objetivos máximos deste ensino. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para falar” e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere-se ao exercício da oratória, fundamental na arte politica do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que comandar pressupõe a arte da obediência e, para que isso funcione, e necessário haver disciplina, castigo e rigor. Características da Educação Egípcia • Assim, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito tinha as seguintes características: • Mnemônica. • Baseada na escrita (hieróglifos). • Transmitida autoritariamente. • Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de aprendizagem. • Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria pratica). • Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos). • Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, mas a ideia de escola já bem consolidada. • Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote). • Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados a classe dominante (formação do homem politico, de escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e formação de guerreiros). O ofício do Escriba • O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos jovens e a sociedade em geral como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente uma forma de ascensão social. A Ilíada e a Odisséia • Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto, o processo educativo se realizava a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a guerra de Troia) e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses a Grécia). Estes dois grandes poemas épicos serão redigidos sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, de forma marcante, toda a educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo eram obrigatórios na educação básica da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas influenciaram os autores clássicos do mundo todo e podem ser considerados como fundadores da literatura ocidental.Quem eram os Sofistas? • Os sofistas foram os primeiros “educadores pagos” da Grécia e cobravam altas taxas pelos ensinamentos que ministravam. Mas o que ensinavam os sofistas? Como neste período a maior necessidade pedagógica da Grécia era a habilidade na politica, os sofistas se esmeravam no ensino da retorica, da arte de falar em público, da arte da persuasão e das técnicas que ajudavam os homens a defenderem suas opiniões. • Mas não apenas isso. Os sofistas não eram filósofos, mas ensinavam tudo aquilo que fosse necessário: retórica, política, gramática, história, física e matemática. Crítica os sofistas • Os sofistas foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, basicamente por dois motivos: por cobrarem por seus ensinamentos e por se considerarem sábios, pois, para Sócrates, os ensinamentos não deveriam ser cobrados e o verdadeiro sábio e aquele que reconhece sua própria ignorância. Existe uma celebre frase atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Esta frase exemplifica sua posição em relação a sabedoria. Como era a Educação na Idade Média? • Com o fim do Império Romano e o estabelecimento do feudalismo, a Europa aos poucos foi se convertendo ao cristianismo, o que favoreceu a influência da Igreja na educação do mundo europeu. A cultura greco- romana perdeu seu vigor e importância e praticamente desapareceu, ficando guardada nos mosteiros pelos monges. O clero foi o grande guardião da cultura e do conhecimento e se dedicava ao estudo de temas religiosos, à defesa da fé cristã e ao trabalho de conversão dos não cristãos. A estrutura da educação Jesuítica • Os colégios dos jesuítas possuíam a seguinte estrutura: inicialmente a criança aprendia a ler, escrever e contar. Apos este ensino elementar, os colégios forneciam formação em Humanidades, Filosofia, Ciência e Teologia. O curso de Humanidades era de grau médio e se ensinava latim e gramatica, especialmente para meninos brancos e mamelucos (mestiços de branco e índio). Os outros dois cursos eram de grau superior e alguns colégios ofereciam ate as quatro possibilidades. Apos o curso de Artes e Filosofia, o jovem podia escolher entre duas opções: ou estudar teologia, tornando-se padre, ou preparar-se para as carreiras liberais como Direito e Medicina. Ainda sobre a educação montada pelos Jesuítas • Por três séculos (XVI, XVII e XVIII), a educação dos jesuítas no Brasil praticamente não se alterou. Foi uma educação com prioridades no nível secundário visando a formação humanista, com privilegio dos estudos de latim, dos clássicos e da religião. Não faziam parte do currículo dos colégios as ciências físicas ou naturais. Na verdade, a educação não era de interesse geral. Ela, durante muito tempo, destinava-se apenas a poucos elementos da sociedade (aqueles que pertenciam a classe dirigente) e, mesmo assim, possuía um caráter muito mais de erudição e ornamento por ser literária, abstrata e alheia aos interesses materiais e utilitários. O liberalismo e a proposta da Escola Nova no Brasil • Educação passou a ser o centro das preocupações dos intelectuais que pretendiam contribuir para o processo de estabilização social, levando-os a refletirem sobre os resultados da pedagogia tradicional e não demorarem a declarar a insuficiência desta pedagogia perante as exigências do mundo moderno, capitalista, concluindo que as instituições escolares deveriam ser atualizadas de acordo com a nova realidade social. O movimento de renovação educacional que surge neste momento, especialmente nos Estados Unidos, como oposição a educação tradicional, denominou-se “Escola Nova”. As características da escola Nova • Segundo Aranha (2006), as principais características da Escola Nova são: • • Educação integral (intelectual, moral, física). • Prioridade outorgada ao Estado para a manutenção do ensino. • Ensino leigo. • Educação ativa; educação prática com obrigatoriedade de trabalhos manuais. • Exercícios de autonomia. • Vida no campo. • Internato. • Coeducação dos sexos. • Ensino individualizado. Fernando de Azevedo • Mas, de todos os deveres que incumbem ao Estado, o que exige maior capacidade de dedicação e justifica maior soma de sacrifícios; aquele com que não é possível transigir sem a perda irreparável de algumas gerações; aquele em cujo comprimento os erros praticados se projetam mais longe nas suas consequências, agravando-se a medida que recuam no tempo; o dever mais alto, mais penoso e mais grave e, de certo, o da educação que, dando ao povo a consciência de si mesmo e de seus destinos e a forca para afirmar-se e realiza-los, entretém, cultiva e perpetua a identidade da consciência nacional, na sua comunhão intima com a consciência humana (AZEVEDO, 1932).
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