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LABORATÓRIO DE FÍSICA E MATEMÁTICA 2 2 Faculdade de Minas 2 Sumário 1 Matemática ................................................................................................ 4 1.1 Referencial teórico .............................................................................. 4 1.2 Laboratório de Matemática - O lugar ................................................... 7 1.3 Laboratório de Matemática – O professor ......................................... 10 1.4 Laboratório de Matemática – Os Materiais ........................................ 13 1.5 Laboratório de Matemática – Uma atividade ..................................... 16 2 Física ....................................................................................................... 17 2.1 Introdução ......................................................................................... 17 2.2 O Laboratório de Física I ................................................................... 18 2.3 Dicas para a confecção dos relatórios .............................................. 19 Seção I: Conceitos Gerais ............................................................................. 20 Capítulo 1: Medidas de grandezas físicas ................................................. 20 1.1 Medidas diretas e indiretas ............................................................ 20 1.2 Precisão dos instrumentos ............................................................. 21 1.3 Erros de medida ............................................................................. 21 1.4 Incerteza em medidas diretas ........................................................ 23 1.5 Incerteza em medidas indiretas: propagação de erros ..................... 26 1.6 Algarismos significativos e arredondamento .................................... 28 1.7 Comparação de grandezas físicas com incertezas .......................... 29 Capítulo 2: Tabela de dados e gráficos ...................................................... 30 2.1 Tabelas ............................................................................................. 31 2.2 Gráficos ............................................................................................ 32 2.3 Linearização e escalas logarítmicas ................................................. 34 Seção II: Apostila de Práticas ........................................................................ 40 Instrumentos de medida ............................................................................. 40 Equipamentos experimentais por área ....................................................... 42 3 3 Faculdade de Minas 3 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 44 FACULESTE A história do Instituto Faculeste, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Faculeste, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Faculeste tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 4 Faculdade de Minas 4 1 Matemática 1.1 Referencial teórico Ao longo da história, com o advento da ciência Moderna e com o crescimento do chamado ―método científico‖ para a pesquisa, tornou-se uma tendência cada vez mais forte na educação a introdução de Laboratórios, como mecanismo de produção de conhecimento. Assim os educadores investiram na aprendizagem através deles. Esse método consiste em observações, levantamento de hipóteses, experiências para verificação dessas hipóteses e comprovação ou refutação da lei. ―Acreditava-se que todos esses passos tornavam mais significativa a aprendizagem, possibilitando ao aluno uma maior capacidade de compreensão a fim de que ele próprio começasse a questionar e investigar o mundo‖. (AGUIAR, 1999, p. 17). Partindo da necessidade de relacionar o cotidiano do aluno com a sua vida escolar, com ênfase na aprendizagem científica, foram criados nas escolas uns espaços para a realização dessas experiências. Esse espaço chamou-se Laboratório e tornou-se réplica dos laboratórios científicos. No decorrer dos anos, as escolas foram equipadas com laboratórios de Física, Química, Biologia e, por último, foram equipadas com laboratórios de Informática, enquanto que para o restante das disciplinas como Português, Matemática, Geografia, etc. foram mantidas as salas ―normais‖ equipadas apenas com carteiras, quadro, giz, mesa do professor e, dificilmente, um retroprojetor, o que é inconcebível nos dias de hoje. Essas disciplinas dispõem de poucos materiais didáticos, 5 5 Faculdade de Minas 5 geralmente guardados em armários e gavetas, longe da sala de aula. A matemática ensinada nos dias de hoje é, exatamente, como se ensinou para nossos pais ou avós, na base do ―guspe e giz‖, com raras exceções. Abreu (1997, p. 48) nos relata que ―o problema de ensinar da mesma forma como lhe foi ensinado não é motivo de preocupação. Permanecer nesta prática é que é alarmante‖. Só nos últimos anos é que se tem ouvido falar que algumas escolas, por iniciativa própria ou por pioneirismo de alguns professores, possuem laboratórios de matemática ou salas de matemática. A apresentação da teoria matemática já estruturada, seguida da apresentação de algumas aplicações, não é flexível e não se adapta ao modo de aprender de muitos alunos. O ensino da Matemática deste modo privilegia a memorização, o que a tornará incompreensível e sem interesse para muitos. Os seus conteúdos serão rapidamente esquecidos após cada teste de avaliação, após o final do ano letivo. Assim, continuaremos a alimentar a ideia já formada pelos alunos de que a Matemática é muito difícil e não serve para nada. Ou melhor, que serve para lhes dificultar a vida! Para Mendes (2002, p. 5) ―A Matemática deverá contemplar a observação, a experimentação, a investigação e a descoberta, que ajudarão os alunos a fazerem reflexões mais abstractas. O Laboratório é o meio ideal para explorar conceitos matemáticos e para os descobrir‖. Afirma-se que conquanto a idéia de um laboratório de matemática não seja nova, ele não tem sido usado em larga escala, tampouco se tem prestado suficiente atenção à invenção de dispositivos hábeis e úteis. Esse esplendido auxiliar pedagógico tem sido negligenciado. Kline (apud: AGUIAR, 1999, p. 195). 6 6 Faculdade de Minas 6 O que professores e educadores dessa disciplina precisam ter bem claro é que o Laboratório não pode se constituir numa simples montagem de uma sala para que possa guardar alguns materiais didáticos, mas sim que seja uma proposta metodológica com princípios e objetivos educacionais em relação ao ensino de matemática. Segundo Abreu (1997, p. 50) o Laboratório de Matemática é o espaço onde o aluno vai criar novas soluções para os problemas apresentados, trabalhar com atividades lúdicas e refletir sobre idéias matemáticas.Esse é o ponto de partida para um ou mais espaços específicos para o ensino de Matemática. Chama-se laboratório, apenas porque se tornou usual essa designação. Deve-se levar em conta que o componente experimental da matemática é diferente do de outras ciências, e esse espaço não deve ser reduzido apenas às atividades de laboratórios. Para Aguiar (1999, p. 20) esse local, dentro da escola, tem como função estabelecer a relação existente entre a teoria e a prática. Tal afirmação vem de encontro com as palavras da professora participante Liliane Regina Pereira onde diz que ―os laboratórios precisam ser manipulados para que os alunos e os professores tenham meios, ainda mais ricos para demonstrarem, na prática, suas teorias‖. Com a existência do Laboratório de Matemática pretende-se dar à escola um espaço com recursos adequados ao ensino-aprendizagem da mesma: Realizando aulas de acordo com as novas tendências educacionais; Possibilitando atividades individuais e em grupos; Promovendo a realização de atividades de investigação e trabalhos com projetos; Facilitando o intercâmbio entre os vários níveis de ensino; Promovendo a realização de atividades lúdicas; 7 7 Faculdade de Minas 7 Renovando a formação pedagógica dos professores; Implantando reuniões informais entre professores; Criando e confeccionando novos equipamentos e materiais didáticos; Possibilitando ao aluno a construção do conhecimento. O Laboratório de Matemática deve ser dinâmico, não necessitando de materiais sofisticados. Ser construído pelos alunos e gradativamente, levando em conta a realidade de cada escola e os seus projetos para o ensino de Matemática. 1.2 Laboratório de Matemática - O lugar Há uma definição afirmativa de que o laboratório é um lugar adequado para que ocorram determinadas experiências, importantes para a formação do aluno, que não acontecem facilmente no cotidiano de um indivíduo. (AGUIAR, 1999, p. 39). Numa pesquisa etimológica da palavra encontra-se laboratório como: a) Dependência do prédio escolar que, por suas instalações e equipamentos, destina-se a estudos de natureza experimental ou à aplicação de conhecimentos científicos. b) Sala ambiente, com instalações e equipamentos especializados, onde se faz experiências científicas e estudos experimentais, quer no campo das ciências físicas e naturais, quer no campo das letras. c) Local onde se faz a aplicação de conhecimentos científicos ou lingüísticos, com finalidade prática. (DUARTE, 1986, p.109). Do mesmo modo, no Dictionary of Education de V.Carter Good verifica-se que: Laboratório é uma sala ou salas convenientemente equipadas e usadas pelos alunos para estudo de alguns ramos da Ciência ou aplicações de princípios científicos. (GOOD apud AGUIAR. 1999, p. 18). 8 8 Faculdade de Minas 8 Essa última definição vem ao encontro daquilo que se poderia pensar em relação ao lugar determinado para o laboratório, ou seja, uma sala, onde o professor possa encontrar ali todos os materiais e recursos necessários de modo a criar um ambiente favorável à construção do conhecimento. Ele tem como principal objetivo ser um elo entre a teoria e a prática. É nesse momento que o aluno pode ver onde e como são aplicados os conceitos que ele adquiriu em sala de aula; é ensinar de uma maneira que o aluno seja levado a usar as mãos, ou melhor ainda, a sujar as mãos. Pois segundo Oliveira (1983, p. 6), a Matemática se aprende fazendo. Alguns educadores defendem a idéia de que esse ambiente deva ser a própria sala de aula, o pátio, a biblioteca ou até mesmo fora da escola, como o campo de futebol, um monumento, etc. Imagina-se que esses lugares não são uma extensão do laboratório, mas sim uma fonte para coleta de dados para a posterior realização de experiências, planejadas e estruturadas para acontecerem na sala do laboratório. Mas para a realização das experiências são necessários alguns materiais e esses não estarão ao alcance dos alunos nesses determinados lugares. Para Romero (2002, p. 03) existem alguns tipos de laboratórios no ensino de matemática: O Laboratório com material concreto: consiste na elaboração dos conteúdos da classe por meio de manipulações de materiais tais como: metros, esquadro, sólidos geométricos e outros. O Laboratório livre: consiste na apresentação de conteúdos anteriores de maneira livre por parte dos alunos e para cada caso busca-se relacionar as idéias com conhecimentos novos. O Laboratório experimental: consiste em que cada aluno, a partir de seus conhecimentos prévios e com ajuda de novos materiais, busca obter resultados de qualquer tipo sem seguir um relatório. 9 9 Faculdade de Minas 9 O Laboratório com Computador: consiste em utilizar algum tipo de software especial para que os alunos experimentem, descubram e explorem alguns conteúdos matemáticos. Outra idéia de laboratório, que nos últimos anos tem se propagado, é a transformação das salas de aula em salas-ambientes. Nesse espaço o que muda de sala são os alunos e não mais os professores. Elas, agora, são divididas em disciplinas e cada professor ganha a ―sua‖ sala, podendo nela guardar os seus materiais que serão utilizados pelos alunos. Por um modo de ver, se antes ter-se-ia apenas um laboratório de Matemática, com a utilização dessa nova metodologia, dependendo da quantidade de alunos da escola, pode-se ter três ou quatro laboratórios de Matemática e também três ou quatro laboratórios de Física e assim por diante. Esse lugar pode ser descrito como um laboratório, pois tudo o que acontece na sala do laboratório pode acontecer na sala-ambiente. Essa proposta torna-se, ao que parece, inviável perante os custos que pode acarretar a montagem de várias salas- ambientes. Outro fator que é desfavorável é que alguns professores teriam uma sala mais bem equipada e outros professores, menos comprometidos com a aprendizagem, teriam salas menos equipadas, empobrecendo dessa maneira o ―seu‖ laboratório. Já com uma sala exclusiva para o laboratório isso não ocorre, pois todos os materiais estão ali reunidos e podem ser utilizados por todos os professores da disciplina. Outro fator que contribui negativamente para as salas-ambientes é o momento da troca de uma aula para outra. Imagine-se em uma escola média, com 1200 alunos e a cada cinqüenta minutos esses 1200 alunos estão no corredor à procura da sua sala. Em visita a uma escola que adota esse critério foi possível notar esse transtorno: o aluno demora a chegar na sala, perdendo com isso vários minutos da aula. 10 10 Faculdade de Minas 10 Não se trata aqui de ser contra as salas-ambientes. Parece ser um ótimo artifício para levar o aluno à aprendizagem. Apenas, deve ser mais bem estruturada e equacionada com relação à sistemática e aos custos. A mesma mereceria um estudo mais aprofundado por parte dos educadores, o que no momento não faz parte do presente trabalho. Portanto, o laboratório deve ser um lugar próprio, uma sala com todos os materiais necessários que podem ser utilizados por todos os alunos e por todos os professores da disciplina. Cabe ao professor saber escolher qual o ambiente é mais adequado àquilo que pretende realizar. Não se quer com isso estabelecer um padrão único para todas as escolas. Cada uma pode adotar um esquema, segundo as suas condições, mantendo a idéia básica de transformar o laboratório na continuação da sala de aula. Deve ficar claro que: O importante no uso do laboratório não é criar grandes obras, nem apelar para as salas-ambientes como um recurso para resolver todos o problemas, mas é, de acordo com as possibilidades de cada escola, favorecer as condições de trabalho para o professor, para que o mesmo possa ter uma estruturaque facilite a construção do conhecimento. (AGUIAR, 1999, p.146). 1.3 Laboratório de Matemática – O professor No tópico anterior defendeu-se um espaço próprio para o Laboratório de Matemática. Agora se discutirá quem é que deverá ministrar essas aulas nesse espaço. No começo de cada ano letivo é uma verdadeira ―briga‖ na hora da distribuição das aulas. Quase sempre são muitos professores e poucas aulas. Aqueles que já fazem parte do Quadro Próprio do Magistério (QPM) estão mais tranquilos pois têm, por direito, seus lugares garantidos Mas os outros professores que serão contratados 11 11 Faculdade de Minas 11 temporariamente passam as férias inteiras preocupados se irá ou não sobrar aula. Isso, muita gente pode dizer com conhecimento de causa. Passada esta parte, a maioria dos alunos quer saber: Quem pegou a aula de Matemática? Quem pegou a aula de Laboratório de Matemática? Algumas escolas do Estado do Paraná adotam essa sistemática. Existem na grade curricular aulas de Matemática (teoria) e aulas de Laboratório de Matemática (prática), isso para atender a Lei de Diretrizes e Bases que obriga as escolas a contemplarem sua grade curricular com setenta e cinco por cento (75%) das aulas com disciplinas que atendam ao chamado núcleo comum (Biologia, Química, Português, etc) e os outros vinte e cinco por cento (25%) são reservados para as disciplinas que compõem a parte diversificada (Filosofia, Matemática Financeira, Informática, Inglês, Laboratório de Matemática, etc.). Essa nova disciplina deve ter tudo o que as outras têm, ou seja, avaliação, notas, livro de registro de aulas, etc. Na sua totalidade, essas aulas teóricas têm três vezes mais aulas que a parte prática, ou seja, por força de lei a grade curricular privilegia a aula na sala e sobra pouco espaço para a realização de ―experiências‖. Em cinqüenta minutos de aula, por mais que o professor se esforce ele não consegue realizar uma ―experiência‖ nesse curto espaço de tempo, ficando assim a continuação desse trabalho para a próxima aula, ou seja, uma semana depois. Há com isso uma ruptura na aprendizagem. Quando os alunos voltam novamente para o laboratório já terão esquecido quase tudo o que foi feito na aula anterior. Perde-se com isso um dos objetivos primeiros do laboratório de Matemática que é a integração entre a teoria e a prática. Não se pode negar que o laboratório surgiu para complementar a teoria ou dar sentido à mesma e que a teoria não pode estar distante da prática, precisa haver uma união entre as duas. (AGUIAR, 1999, p. 55) 12 12 Faculdade de Minas 12 Com isso pressupõe-se que haja uma união maior também entre os professores que ministram estas aulas, o que dificilmente acontece. Se estamos em uma escola com quinhentos alunos, existirão vários professores da teoria e apenas um, ou no máximo, dois professores para a parte prática, criando com isso a figura do professor laboratorista. Sendo assim, dá-se a entender que são matérias completamente diferentes, ao passo que uma deve ser o complemento da outra. Há uma total falta de comunicação entre as partes, pois segundo Aguiar, (1999, p. 77) a falta de comunicação entre os professores, também pelo fato das duas disciplinas serem ministradas por professores diferentes, faz com que o professor de Matemática não tenha condições de saber todas as discussões que acontecem no Laboratório. Se o professor da teoria não tem conhecimento do que acontece no laboratório, como é possível perceber se está havendo crescimento dos seus alunos? Como é possível ele tentar sanar falhas de aprendizagem que certamente acontecem nas aulas do laboratório? Por isso é preciso defender a idéia de que o professor da teoria seja o mesmo da prática, gerando com isso uma identidade maior do aluno com a aula, e desse com o professor, tirando a figura do professor laboratorista que, na maioria das vezes, torna-se apenas um guardador de materiais. Mesmo indo ao laboratório algumas vezes, não significa que ele está tendo uma disciplina diferente: é apenas um complemento da aula que ele estava tendo na sala. Outra idéia que se defende é que não há necessidade de um horário específico na grade curricular para as aulas de Laboratório de Matemática. Não cabe ao horário determinar quando o professor deva levar seus alunos para o laboratório, mas sim ao professor. Ele é quem sabe o momento certo para tal. A aula de Laboratório de Matemática pode ser suprimida da grade curricular e incorporada às aulas de 13 13 Faculdade de Minas 13 Matemática (teoria) deixando o professor livre para decidir quando e como levar os alunos para o laboratório. Se não houver mesmo essa possibilidade e deva existir realmente a disciplina de Laboratório de Matemática, que o professor deixe bem claro para a direção da escola e para a coordenação pedagógica que é ele quem irá decidir o momento para se levar os alunos ao laboratório. Isso também deve ser passado para os alunos já nos primeiros dias de aulas, mostrando a eles que embora tenham no horário de aula duas disciplinas diferentes, elas serão dadas e avaliadas como uma só. Por isso, mais uma vez, há a necessidade do professor da teoria ser o mesmo professor da prática. 1.4 Laboratório de Matemática – Os Materiais Muitos pensam que as atividades práticas de Matemática, exigem investimentos caríssimos, inacessíveis à grande maioria das nossas escolas. Seria verdade, se pensarmos em Laboratórios de Matemática montados com materiais e equipamentos requintados. No entanto, é possível realizar experimentos de grande utilidade didática sem empregar equipamentos de alto custo. Com materiais simples é possível aprendizagem significativa. É até conveniente trabalhar com materiais pertencentes ao cotidiano do aluno. Em uma pesquisa feita por Gonçalves (2003, p. 131) com professores que não usam o laboratório, o custo na aquisição dos materiais ficou em quinto lugar numa escala de seis e a falta de materiais foi enumerada em sexto lugar como as principais dificuldades na utilização do laboratório de Matemática. Isso deixa claro que não é por causa dos materiais que alguns professores não usam o laboratório. O Laboratório de Matemática deve ser dinâmico, não necessitando de materiais sofisticados, deve ser construído pelos alunos e gradativamente, levando em conta 14 14 Faculdade de Minas 14 a realidade de cada escola e os seus projetos para o ensino de Matemática. A cada nova atividade proposta pelo professor, os materiais confeccionados pelos alunos vão se somando aos que já existem e com isso vai se formando o acervo laboratorial. Este fato foi relatado pela professora.... onde nos retorna com as seguintes palavras: ‗É necessário um espaço amplo, com mesas, armários suficientes para os equipamentos e materiais, deve ser construído gradativamente e ser revisto periodicamente por toda a comunidade escolar, aos professores de matemática, cabe a iniciativa do desenvolvimento do projeto‖. Como relata Ciscato & Beltram (1991, p. 46), um bom laboratório não se monta da noite para o dia e sim, gradativamente, até que se torne devidamente bem equipado onde aluno e professor possam trabalhar e desenvolver seus projetos. Não é objetivo desta disciplina fornecer um modelo, mas sim sugestões, por isso colocamos a seguir uma lista de materiais que se julga necessário para um começo de laboratório de Matemática. Equipamentos recomendados para a instalação de um Laboratório de Matemática Equipamento tecnológico: - Calculadora de preferência científica para toda a turma - Equipamento multimídia - Retroprojetor; - Televisão; - Aparelho de DVD Material didático para geometria - Sólidos de diversos materiais incluindo os quepossibilitam a introdução de líquidos para estudo de cortes; - Referenciais tridimensionais; - Cone com cortes para o estudo das cônicas; 15 15 Faculdade de Minas 15 - Formas geométricas de encaixar que permitem a construção de sólidos; - Esferas de encaixe e barras de plástico de diversos tamanhos para construções que permitem investigações no plano e no espaço; - Circulo trigonométrico para se trabalhar a trigonometria; - Compassos, réguas, transferidores, réguas de frações; - Material para efetuar medições (metros, trenas, etc.); - Dominós com jogos de frações, operações, etc. Outros materiais didáticos: - Materiais para o estudo das probabilidades nomeadamente dados de diversos tipos (cubos, tetraedros, hexaedros, etc..); - Bússola; - Paquímetro; - Jogos didáticos diversos; - Livros, revistas, vídeos e slides. Mobiliário: - Quadro branco ou verde; - Mesa (8) com 6 cadeiras cada para um turno (suficiente para 50 alunos); de preferência na forma circular ou hexagonal; - Armários grandes com partes fechadas e outras abertas; - Mesa para colocação do retroprojetor; - Balanças; - Tela branca para visualização do retroprojetor. Algumas notas e justificações As calculadoras científicas justificam-se pelo fato de nem todos os alunos terem calculadora, ser vantajoso trabalhar, por vezes, com toda a turma com calculadoras iguais e disponibilizar calculadoras para os professores poderem requisitar durante um período de tempo. Pode-se pensar em ter um computador no Laboratório, mas não se julga imprescindível, uma vez que este equipamento tecnológico está 16 16 Faculdade de Minas 16 disponível no laboratório de Informática. Essa listagem de materiais deve ser periodicamente (todos os anos) atualizada. Livros, revistas, vídeos e slides. O Laboratório de Matemática deve ter a seu dispor na biblioteca da escola de um conjunto significativo de livros, revistas e textos que possam ser consultados e/ou utilizados pelos alunos e professores. Caberá às escolas e aos professores indicar quais são as necessidades. 1.5 Laboratório de Matemática – Uma atividade Todo o desenvolvimento de um conteúdo de matemática pelo método do laboratório, depende do planejamento de trabalho do professor. Romero (2002, p. 3) nos dá algumas dicas a serem seguidas: - É preciso ter claro o assunto a desenvolver; - Estabelecer claramente os objetivos que se quer alcançar; - Estabelecer o tipo de laboratório que melhor se adapta a suas metas; - Buscar uma idéia piloto para o desenvolvimento da atividade, isto é, conhecer muito bem que tipo de atividade o levará a obter seus objetivos com maior eficiência; - Ter uma idéia do tempo, dos materiais e do custo que a atividade exigirá e ajustar esta atividade a seus pressupostos; - Elaborar um projeto completo, com o cuidado de que a mesma leve os alunos a metas claras; - Todos os alunos levem um ritmo parecido em cada passo, a fim de evitar a indisciplina; - Pedir ao aluno um relatório da atividade; - Estabelecer uma ordem que obrigue a participação de todos os estudantes na atividade, seja individual ou em grupo. 17 17 Faculdade de Minas 17 Logo depois da realização das atividades, o professor deve responder a algumas perguntas: os alunos se interessaram na atividade? Compreenderam a finalidade e os procedimentos a seguir? Reuniram dados e obtiveram conclusões? Estimulou-se o pensamento criativo? etc. O professor deve estar preparado para os resultados de um laboratório, nem sempre são os esperados, alguns alunos não alcançam os objetivos esperados. Mas às vezes, tais resultados, ultrapassam as expectativas. 2 Física 2.1 Introdução Estudos, realizados pelos Conselhos de Engenharia, mostram que o Brasil perde US$ 15 bilhões por ano com falhas de projetos, somente contabilizando o setor público, atribuídas à má formação básica dos profissionais. As oportunidades de crescimento futuro do país dependem criticamente da disponibilidade de engenheiros qualificados para inovar e resolver problemas de interesse estratégico. Da próxima geração de engenheiros não se espera que sejam apenas usuários treinados para aplicar soluções prontas, mas criadores de soluções nos novos cenários econômicos e tecnológicos. Cabe à USP, a maior universidade do país, a responsabilidade de formá-los com as mais altas qualificações, os quais, no futuro, assumirão a liderança nos setores produtivos de base tecnológica no Brasil. As Ciências Exatas, abrangendo Física, Matemática e Química, constituem o fundamento dos processos, técnicas e linguagem da Engenharia. Assuntos, como, por exemplo, materiais inteligentes, modelos computacionais ou sensoriamento, fazem com que a fronteira entre Ciências e Engenharias seja cada vez mais difusa. O profissional que não possui uma base de conhecimento sólida nessas disciplinas, diminui drasticamente suas chances de compreender os problemas de sua área de atuação e de se comunicar com outros especialistas. Consequentemente, sua 18 18 Faculdade de Minas 18 capacidade de resolver desafios tecnológicos e inovar fica limitada. Nesse aspecto, o IFSC busca fazer uma contribuição decisiva logo no início desse processo de formação. 2.2 O Laboratório de Física I Os Laboratórios de Física têm uma missão diferente das disciplinas teóricas. Em primeiro lugar, oferecem a oportunidade de revisar e consolidar conceitos fundamentais de Física, fazendo a transposição a situações práticas concretas. Em segundo lugar, procuram desenvolver a capacidade de planejar e executar medições, processar os dados quantitativamente e apresentar os resultados de acordo com os padrões da comunidade técnica e científica. No entanto, sua missão mais importante consiste em desenvolver a capacidade de análise crítica desses resultados, para discutir o seu significado, sua validade e extrair conclusões logicamente fundamentadas. Esse quesito requer a maior atenção do estudante, pois terá o maior peso na avaliação. A apostila tem a finalidade de apresentar os objetivos e métodos dos experimentos propostos, que deverão ser compreendidos antes de realizar a aula prática. A Seção I, de Conceitos Gerais, apresenta conceitos de medidas, incertezas e processamento de dados que serão aplicados nas práticas das disciplinas de Laboratório de Física Geral I e II. Fique atento: as apostilas de práticas deste semestre indicam quais capítulos serão necessários estudar antes de fazer a prática. As apostilas das práticas estão localizadas na Seção II. A introdução teórica é apenas um guia para revisar sumariamente os conceitos físicos, imprescindíveis para entender a prática. Para uma discussão mais aprofundada, na seção de Bibliografia são indicados livros de referência. As seções de descrição da montagem experimental e dos procedimentos auxiliam na compreensão do experimento antes e durante a aula prática. As questões propostas têm a finalidade de chamar a atenção sobre aspectos fundamentais da prática, tanto da teoria como da análise dos resultados e, por isso, o estudante sempre deve tentar responde-las. As caixas 19 19 Faculdade de Minas 19 de texto tituladas A Física e a Engenharia apresentam exemplos de diferentes aplicações práticas e sua conexão com os conceitos físicos discutidos nos experimentos realizados no laboratório, com aplicações em diferentes áreas da Engenharia. Finalmente, o fator mais importante, para garantir o aproveitamento da aula prática, é a interação com o professor, os técnicos e os colegas. 2.3 Dicas para a confecção dos relatórios Apresentaremos, a seguir, algumas sugestões de como o relatório, de um dado experimento, deverá ser elaborado. Lembre-se de que sua elaboraçãodeverá ser pensada para que qualquer pessoa, com conhecimentos básicos de Física, possa entender seu conteúdo sem ter de recorrer a outras fontes de informação. a) O relatório deve ser escrito em folha de papel almaço ou de acordo com as instruções do docente; b) Indique, inicialmente, o(s) nome(s) do(s) aluno(s) que estão elaborando o relatório, a data de sua realização e o título do experimento de acordo com a apostila; c) OBJETIVO(S): Descreva, de maneira clara e sucinta, o(s) objetivo(s) que deverão ser alcançados durante a realização do referido experimento; d) MATERIAIS E MÉTODOS: Descreva quais materiais e aparelhos foram utilizados durante a realização do experimento e como os dados experimentais foram obtidos. Essas informações devem permitir a qualquer outra pessoa repetir suas medidas sem que seja necessária sua participação ou a consulta à apostila. e) RESULTADOS E DISCUSSÃO: Apresente seus resultados de forma ordenada por meio de tabelas, gráficos etc. Descreva os itens apresentados na apostila e, em seguida, os resultados. Quando necessário, coloque equações no relatório e os dados utilizados nelas. DISCUTA seus resultados em função de 20 20 Faculdade de Minas 20 outros, obtidos no mesmo experimento, ou de valores disponíveis em tabela ou de valores esperados. f) CONCLUSÕES: Aqui deve ser apresentada uma conclusão geral do relatório: se os resultados obtidos estão de uma maneira geral, próximos ao esperado ou, se não, quais foram as causas desse desacordo. Faça uma análise do conhecimento adquirido pelo grupo durante a realização do experimento. A forma de organizar o relatório não é rígida. Pode-se dividi-lo em tantas partes quantas forem necessárias. Se o mesmo incluir várias experiências diferentes, é preferível apresentá-las separadamente para facilitar a leitura. Seção I: Conceitos Gerais Capítulo 1: Medidas de grandezas físicas Em Ciências Exatas, o resultado da medida de uma grandeza física consiste do valor numérico associado à sua incerteza, expressos no sistema de unidades apropriado. Esses valores devem refletir com a maior fidelidade possível o processo de medida completo, incluindo os instrumentos, a montagem experimental e o método experimental. Neste capítulo, são apresentados os conceitos fundamentais do processo de medida aplicados em todo tipo de experimento ou ensaios de laboratório e os critérios utilizados para a obtenção dos resultados. 1.1 Medidas diretas e indiretas Nas medidas diretas, o valor numérico atribuído à grandeza física é lido diretamente da escala do instrumento. Podemos citar, como exemplos, o comprimento medido com uma régua, o tempo medido com um cronômetro ou a corrente elétrica medida com um amperímetro. 21 21 Faculdade de Minas 21 Nas medidas indiretas, a grandeza resulta de um cálculo realizado com valores de grandezas medidas diretamente. Por exemplo, o volume de um objeto pode ser determinado indiretamente, a partir das medidas diretas de suas dimensões com régua ou paquímetro. A maioria das grandezas físicas é medida indiretamente. Em alguns casos, a grandeza pode ser medida de ambas as formas. Por exemplo, a velocidade de um objeto é medida indiretamente através da medida direta da distância percorrida e o tempo empregado. No entanto, é possível também construir e calibrar um velocímetro, de forma que se obtenha diretamente o valor da velocidade em uma determinada escala. 1.2 Precisão dos instrumentos Ao utilizar instrumentos de medida direta, temos que saber identificar a precisão D dos valores fornecidos. Em instrumentos com escalas de comparação ou ponteiros de agulha, a máxima precisão D pode ser identificada como a mínima divisão da escala que o observador é capaz de apreciar. Como exemplo, podemos utilizar uma trena, em que D = 1 mm. Alguns operadores, entretanto, têm apreciação maior e são capazes de fazer leituras no meio de duas divisões resultando em D = 0,5 mm. Quando for utilizado um instrumento com mostrador numérico, mecânico ou eletrônico, D é a última casa decimal mostrada. Contudo, note que a precisão D da escala não é garantida para toda medida; depende das condições de uso do instrumento. Assim, se usada uma trena para medir comprimentos e ela não estiver esticada e alinhada com o objeto, seria incorreto assumir que o valor medido tem uma precisão de 0,5 mm. 1.3 Erros de medida Uma grandeza física, a ser determinada pelo processo de medida, possui um valor que poderíamos chamar de valor verdadeiro. Em alguns casos, 22 22 Faculdade de Minas 22 esse valor já é conhecido antes de fazer o experimento como, por exemplo, quando se mede um padrão para aferir o funcionamento de um equipamento. Porém, na maioria dos casos práticos o valor verdadeiro da grandeza é desconhecido. O resultado do experimento fornece o valor medido. Quanto mais próximo o valor medido está do valor verdadeiro, maior é a exatidão da medida. Como todo experimento possui uma incerteza intrínseca, chamada comumente de “erro”, nunca saberemos dizer se o valor que foi medido é exatamente o verdadeiro. Para saber avaliar de que ordem é o erro, devemos notar que existem três fontes fundamentais de erro. 1.3.1 Erros grosseiros São cometidos por imperícia do operador, tais como erros de leitura ou de cálculos, desconhecimento do método experimental ou do uso dos instrumentos. Essa fonte de erros não será discutida, pois é um assunto evidentemente constrangedor. Fica como responsabilidade do operador do experimento conhecer o método de medida e saber como operar os instrumentos corretamente. 1.3.2 Erros sistemáticos São cometidos de forma idêntica durante o experimento, tipicamente por uma limitação do método de medida ou uma falha do instrumento. Um exemplo típico é a medida de valores de comprimentos sem perceber que a régua utilizada não começa a partir do zero. Esses erros atuam sempre no mesmo sentido sobre o valor numérico, causando resultados por excesso ou defeito, com relação ao valor verdadeiro. A repetição do experimento nas mesmas condições não elimina esses erros. Portanto, o operador deve revisar cuidadosamente o método de medida e conferir a calibração dos instrumentos, para determinar se há possibilidade de estar cometendo erros sistemáticos. 23 23 Faculdade de Minas 23 1.3.3 Erros aleatórios ou estatísticos Esses são os erros mais importantes de analisar. São causados pelas mudanças aleatórias, não controladas, nas condições do processo de medida, incluindo o operador, os instrumentos, o ambiente do experimento e o próprio sistema físico. Por exemplo, a dificuldade visual do usuário para apreciar a escala ou a coincidência de um ponteiro do instrumento, causa flutuações na leitura, tanto para cima, como para baixo do valor verdadeiro. Esses erros são inevitáveis, mas pela sua natureza aleatória é possível definir estratégias experimentais para minimizá-los e para estimar o quanto influenciam na confiabilidade do resultado numérico. 1.4 Incerteza em medidas diretas A existência de erros aleatórios pode fazer com que o resultado numérico xi, obtido da medida de uma grandeza física X, não seja reprodutível em ocasião da repetição do experimento. Dessa maneira, uma série de N medidas pode mostrar uma dispersão de valores. Quando a dispersão é aleatória, aparecem valores acima e abaixo do valor verdadeiro com a mesma probabilidade. Assim, ao calcular a média aritmética dos xi, dada pela equação (1), os erros aleatórios tendem a se cancelar mutuamente. ( 1 ) Para um número 𝑁, suficientemente grande de medidas, podemos esperar que 𝑥 se aproxime do valor verdadeiro e o resultado do experimento seja cada vez mais exato. Qual será, então, a incerteza provável associadaà dispersão dos resultados do experimento? Existem duas formas mais comuns de avaliar o grau de dispersão: o desvio médio e o desvio padrão. O desvio médio ∆ é simplesmente a média 24 24 Faculdade de Minas 24 aritmética dos desvios de cada dado experimental com relação ao valor médio, em módulo, conforme mostrado a seguir: ( 2 ) O desvio padrão 𝜎 tem um significado semelhante, utilizando a função quadrado, que também é sempre positiva, em lugar do módulo dos desvios. ( 3 ) A raiz quadrada garante que 𝜎 tenha as mesmas unidades da grandeza 𝑋. Tanto ∆ como 𝜎 indicam a ordem de grandeza da dispersão dos dados ao redor do valor de 𝑥 . Assim, o resultado do processo de medida pode ser informado fornecendo o intervalo (𝑥 — 𝜎, 𝑥 + 𝜎). Um tratamento estatístico rigoroso mostra que se o experimento for repetido, existe uma probabilidade de 68% de que o valor medido se encontre dentro desse intervalo. Assim, o resultado do experimento com sua incerteza, deve ser representado da seguinte forma: ( 4 ) ou, de forma menos rigorosa: ( 5 ) É importante, portanto, entender que o resultado do experimento não é, simplesmente, um número 𝑥 , o valor mais provável, mas um intervalo de confiança 25 25 Faculdade de Minas 25 que dá uma ideia da magnitude dos erros aleatórios afetando o experimento. Os experimentos de maior precisão são aqueles cujo desvio padrão é menor. Observe que um experimento preciso (𝜎 pequeno, erros aleatórios pequenos) não, necessariamente, é um experimento exato (𝑥 próximo do valor verdadeiro); a presença de erros sistemáticos pode afastar todos os valores 𝑥i do valor verdadeiro. Note que nas equações (2) e (3), os desvios dependem inversamente do número de medidas 𝑁 e, portanto, tendem a se reduzir quando 𝑁 aumenta. Esse comportamento parece indicar que podemos aumentar a precisão do experimento sem limites, simplesmente repetindo as medidas, o que é falso. Temos de lembrar que a precisão da medida está limitada pela precisão dos próprios instrumentos. Então, quando o valor calculado para 𝜎, ou para ∆, é menor que a precisão D do instrumento, a incerteza será dada pelo próprio valor D: ( 6 ) 1.4.1 Dados sem dispersão Em algumas medidas diretas, pode ocorrer que todos os valores 𝑥i medidos sejam idênticos, ou difiram, no máximo, no valor da mínima divisão da escala do instrumento D. Nesse caso, a dispersão é nula e não há necessidade de calcular uma média; o resultado do experimento é único (𝑥i). O exemplo típico é a medida de comprimentos de objetos rígidos, de faces bem definidas, com uma trena (D = 1 mm) ou um paquímetro (D = 0,05 mm); a repetição da medida fornece valores equivalentes. Isso significa que os erros aleatórios são pequenos, menores que a precisão D do instrumento. Nesse caso, a incerteza do experimento pode ser atribuída à D e o resultado da medida é: ( 7 ) 26 26 Faculdade de Minas 26 1.5 Incerteza em medidas indiretas: propagação de erros Quando uma grandeza 𝑧, determinada indiretamente, é uma função de várias grandezas medidas, com suas respectivas incertezas, de maneira direta (𝑥 ± ∆𝑥, 𝑦± ∆𝑦, ...), sua incerteza ∆𝑧 será determinada a partir das incertezas das grandezas medidas. Por exemplo, o volume 𝑉 de um cubo de aresta 𝑎, cuja medida direta forneceu 𝑎 = (10 ± 1)𝑐𝑚, terá como valor mais provável 𝑣 = (10 𝑐𝑚)3 = 1000 𝑐𝑚3. Entretanto, como 𝑎 tem dispersão, teremos variações prováveis no valor de 𝑉 entre 𝑉– = (9 𝑐𝑚) 3 = 729 𝑐𝑚3 e 𝑉+ = (11 𝑐𝑚) 3 = 1331 𝑐𝑚3. Arredondando para uma faixa simétrica, resulta em 𝑉 = (1000 ± 300)𝑐𝑚3, ou seja, a incerteza de 𝑎 ―se propagou‖ para 𝑉. Existe uma forma sistemática de calcular a propagação das incertezas para qualquer operação matemática elementar ou função. Supondo que a grandeza física, medida indiretamente, está determinada por uma função 𝑧 = 𝑓(𝑥, 𝑦, … ), das várias grandezas medidas diretamente com suas respectivas incertezas (𝑥 ± ∆𝑥, 𝑦± ∆𝑦, ...), a incerteza ∆𝑧 propagada pode ser calculada utilizando ferramentas do cálculo diferencial, conforme mostrado a seguir: ( 8 ) 27 27 Faculdade de Minas 27 Aplicando a equação (8) para funções simples, obtêm-se os resultados de 𝑧 ± ∆𝑧 para várias funções elementares que aparecerão neste curso, mostrados na tabela abaixo as Funções mais complexas podem ser decompostas com ajuda dessas fórmulas básicas e da equação (8). Voltando para o exemplo do volume do cubo, se consideramos a fórmula de propagação para a potência cúbica, com 𝑥 = 10 𝑐𝑚 e ∆𝑥 = 1 𝑐𝑚, conferimos que ∆𝑉 = 3 (10 𝑐𝑚)2(1 𝑐𝑚) = 300 𝑐𝑚3 é exatamente a estimativa realizada para a incerteza de 𝑉. Nos cálculos de propagação de erros, constantes físicas bem conhecidas, como 𝑔, por exemplo, ou números irracionais, como 𝜋 ou 𝑒, são considerados sem erro. Nesse caso, o número de algarismos significativos utilizados deve ser suficiente para que o efeito do truncamento seja desprezível diante das incertezas experimentais. 28 28 Faculdade de Minas 28 1.6 Algarismos significativos e arredondamento Quando, por meio de um cálculo, obtemos valores de 𝑥 , 𝜎 ou ∆, são originados números com vários dígitos. Tendo em conta que são resultados experimentais, medidos com instrumentos de precisão D e afetados por erros aleatórios, é lógico pensar que muitas das casas decimais obtidas são irrelevantes. Qual é, portanto, o critério para decidir quais são os dígitos significativos? O parâmetro chave é a própria incerteza, seja , 𝜎, ∆ ou D. Vimos que a incerteza é o tamanho de um intervalo probabilístico. Portanto, a extensão desse intervalo fica essencialmente definida quando especificamos a primeira casa significativa. Consequentemente, como o resultado 𝑥 do experimento já está afetado pelo erro nessa casa, seu valor pode ser truncado e arredondado nessa mesma ordem de grandeza. Consideremos o resultado de uma medida de comprimento como 𝑥 = 5,34481349 𝑚 com desvio padrão 𝜎 = 0,03253496 𝑚, tal como fornecido pela calculadora. A faixa de dispersão indicada por esse valor de 𝜎 pode ser aproximada truncando o resultado considerando o primeiro algarismo significativo: 𝜎 = 0,03 𝑚. A inclusão da próxima casa representaria um aumento de 2 𝑚𝑚 no tamanho do intervalo (que é de 30 𝑚𝑚, ou seja, uma ordem de grandeza maior). Esses 2 𝑚𝑚 adicionais não melhoram nossa compreensão de quanto estavam dispersos os dados (dezenas de centímetros). Considerando agora o valor de 𝑥 , vemos que a segunda casa decimal, das dezenas de cm, já está afetada pelo erro. As casas restantes são, portanto, irrelevantes; são, no máximo, da ordem de alguns cm sendo, que a dispersão dos valores medidos é da ordem de 30 𝑚𝑚. Portanto, é razoável especificar o resultado como 29 29 Faculdade de Minas 29 É importante notar que quando a casa a ser truncada for maior ou igual a 5, na incerteza ou no valor médio, é conveniente adotar o critério de arredondamento para cima. Consideremos, agora, o resultado de uma medida de comprimento como 𝑥 = 5,34481349 𝑚 com desvio padrão dado por 𝜎 = 0,00363496 𝑚, tal como fornecido pela calculadora. Assim como feito anteriormente, truncamos o desvio na primeira casa diferente de zero. No entanto, como a casa decimal seguinte é maior que 5, é conveniente adotar o critério de arredondamento para cima, resultando em 𝜎 = 0,004 𝑚. Nesse caso, a medida pode ser representada apropriadamente da seguinte forma: Note que o mesmo critério foi utilizado no truncamento do valor médio. 1.7 Comparação de grandezas físicas com incertezas Suponhamos que se deseje comparar dois resultados com incerteza, 𝑥1 ± 𝜎1 e 𝑥2 ± 𝜎2,relativos a diferentes medidas da mesma grandeza física. Em quais condições podemos afirmar que ambos são equivalentes ou diferentes entre si? A simples comparação dos valores mais prováveis 𝑥1 e 𝑥2 não é suficiente para decidir, pois cada um desses resultados experimentais tem uma faixa de incerteza. A forma correta de proceder é comparar a diferença entre os valores mais prováveis com relação aos erros. Assim, consideramos que os resultados 𝑥1 e 𝑥2 são equivalentes entre si quando ( 9 ) Essa relação indica que a separação entre os valores é, no máximo, duas vezes a combinação das incertezas. Por outro lado, os resultados serão considerados como não-equivalentes quando 30 30 Faculdade de Minas 30 ( 10 ) A figura abaixo ilustra as condições de equivalência e não-equivalência, representando, graficamente sobre um eixo, os valores das grandezas com seu intervalo de incerteza. Quando o valor da diferença |𝑥1 — 𝑥2| fica entre as condições expressas em (9) e (10), o resultado desses experimentos não é suficientemente conclusivo para afirmar se há equivalência ou não entre as medidas. Nessa situação, o procedimento correto é repetir cuidadosamente os experimentos tentando excluir a presença de erros sistemáticos ou grosseiros. Capítulo 2: Tabela de dados e gráficos 31 31 Faculdade de Minas 31 Em Ciências Exatas os resultados de testes, análises ou experimentos fornecem conjuntos de resultados numéricos que precisam ser organizados para facilitar sua interpretação, processamento e divulgação. Existem critérios gerais para organizar essa informação. Neste capítulo são apresentados os conceitos fundamentais de apresentação e processamento de dados experimentais na forma de tabelas e gráficos. 2.1 Tabelas Muitos experimentos fornecem resultados numéricos vinculando duas grandezas físicas ou dois parâmetros de relevância para a operação de um dispositivo. O conjunto de pares de dados numéricos (x, y), representando essas grandezas medidas, pode ser apresentado diretamente numa tabela de duas colunas. Cada grandeza tabelada deve ser identificada no cabeçalho de sua respectiva coluna junto com suas unidades. Se a incerteza dos valores for a mesma para todos os elementos, seu valor pode aparecer também no cabeçalho. Caso contrário, cada entrada da tabela deve ter sua incerteza indicada. A tabela abaixo é um exemplo de como organizar essa informação. Ela deve ter um número de identificação, que deve ser utilizado no texto para referenciá-la. Também deve ter uma legenda acima, explicando brevemente o conteúdo. Quando for necessário, usa-se notação exponencial científica para simplificar os números. Por exemplo, na segunda coluna da tabela abaixo, o fator exponencial 10-4 , comum a todas as entradas, é colocado no cabeçalho junto às unidades para simplificar a leitura. 32 32 Faculdade de Minas 32 Dicas para criar boas tabelas Identifique a tabela com um número (ex.: Tabela 1), que será usado para citá-la no texto, e coloque no topo uma breve legenda explicativa do conteúdo. Indique, no topo de cada coluna, a grandeza física e suas unidades. Use notação científica para reduzir a quantidade de dígitos. Se a potência de 10 é a mesma para todos os valores, coloque-a no topo da tabela junto às unidades. Indique a incerteza dos dados. Se for a mesma para todos, indique no topo da coluna 2.2 Gráficos A representação dos dados através de gráficos tem a vantagem de permitir visualizar a relação entre as grandezas analisadas. Como exemplo, a figura abaixo mostra o gráfico dos dados listados na tabela acima do tópico 2.1. A simples inspeção do gráfico permite identificar rapidamente que a relação entre as grandezas representadas é linear. 33 33 Faculdade de Minas 33 Existem regras gerais para a elaboração dos gráficos, que são aceitas pela comunidade técnica e científica: a) O gráfico sempre deve estar numerado e ter uma legenda explicativa, de maneira que o leitor compreenda essencialmente o que se representa sem ter de ler o texto do relatório. b) Os eixos do gráfico devem conter legendas que indiquem claramente a grandeza, as unidades e, se houver, o fator exponencial dos dados representados. c) As escalas de cada eixo devem ser escolhidas para visualizar claramente o comportamento extremo dos dados. Dependendo da situação, não é obrigatório que a escala abranja a origem (0; 0) das coordenadas dos eixos (veja figura acima). d) A numeração das escalas deve ser equilibrada, correspondendo a números redondos. Nunca se colocam os valores dos dados experimentais sobre os eixos; para isso existe a tabela. e) O tamanho dos símbolos deve ser suficientemente claro para identificar o dado experimental. Quando a incerteza 𝜎 (ou ∆) do dado é maior que f) o tamanho do símbolo sobre o gráfico, é conveniente traçar as barras de incerteza de comprimento ±𝜎 (ou ±∆). Na figura acima, são mostradas as barras de incerteza na variação dos comprimentos. A incerteza na temperatura é menor que o tamanho do círculo e, portanto, não se encontra representada no gráfico. g) A grandeza representada no eixo horizontal usualmente é escolhida como aquela que é melhor controlada durante o experimento; o aparelho experimental permite variá-la independentemente e tem menor incerteza relativa que a outra grandeza. 34 34 Faculdade de Minas 34 h) Se o gráfico evidencia uma relação linear entre as grandezas físicas representadas, é possível traçar a reta que mais perfeitamente represente essa relação. Ela deve ser a melhor aproximação aos dados experimentais em média e pode ser traçada graficamente de acordo com o critério do observador. Alternativamente, existem métodos quantitativos para determinar univocamente os coeficientes angular e linear. Dicas para criar bons gráficos A variável independente deve ser representada, sempre que possível, no eixo horizontal. Linearize os dados quando for possível, operando sobre as colunas ou usando escalas logarítmicas. Escolha as escalas de forma a aproveitar a maior área possível do gráfico com os dados. Porém, você deve encontrar um compromisso para que isso não resulte em escalas esdrúxulas (por exemplo com divisões fracionárias). Identifique as grandezas sobre os eixos e suas unidades. Numere as escalas com poucos números redondos. Use notação científica para reduzir os dígitos. Desenhe claramente os dados experimentais e, caso haja mais de um conjunto, use símbolos (círculos, quadrados, cruzes etc.) ou cores diferentes. Quando a incerteza dos dados for maior que o tamanho do símbolo, coloque bandas de erro. Identifique o gráfico com um número (ex.: Figura 1), que será usado para citá-lo no texto. Coloque uma breve legenda no gráfico. 2.3 Linearização e escalas logarítmicas O exemplo mostrado na figura acima, no tópico 2.2, corresponde a um gráfico com ambos os eixos em escalas lineares. Em cada eixo, as divisões mantêm sempre a mesma relação de escala. Existem outras escalas possíveis, cuja relação não se mantém fixa, que podem ser convenientes para evidenciar certos comportamentos dos dados representados. Como a reta é o único traço que pode ser facilmente visualizado sem ambiguidades sobre um gráfico, as transformações de escala mais úteis são aquelas que tendem a linearizar o gráfico dos dados experimentais. A seguir, são discutidos dois exemplos de linearização. 2.3.1 Linearização dos dados Quando existe uma presunção sobre a relação matemática entre as duas 35 35 Faculdade de Minas 35 grandezas y e x, representadas em um gráfico, é possível transformar os próprios dados para revelar se essa relação proposta é correta. Consideremos o caso dos dados de y e x listados na tabela abaixo. Esses dados estão representadosna figura abaixo parte a, em um gráfico com escala linear. A relação entre y e x é claramente não linear, mas é impossível determinar se é quadrática, cúbica etc., julgando apenas pela forma do gráfico. Supondo que se deseje testar se a relação é de tipo cúbica, ou seja, 𝑦 = 𝑎𝑥3, pode-se criar uma nova coluna na tabela acima, conforme feito, com os valores de uma variável auxiliar 𝑋 = 𝑥3 e representar graficamente a relação entre y e 𝑋. 36 36 Faculdade de Minas 36 A figura acima parte b mostra esse gráfico, no qual é possível verificar claramente que a relação entre essas quantidades é linear, com uma reta passando pela origem, ou seja, 𝑦 = 𝑎𝑋. Desta forma, fica demonstrado que 𝑦 = 𝑎𝑥3 e o valor do coeficiente angular 𝑎 pode ser calculado diretamente da inclinação da reta na figura acima parte b. 2.3.2 Escalas logarítmicas Um método alternativo de linearização consiste em manter os dados y e x originais da tabela e transformar as escalas do gráfico de maneira logarítmica. Esse gráfico, com eixos ―distorcidos‖ logaritmicamente, pode ser feito de duas formas: usando papéis especiais, cujas escalas já estão transformadas em logaritmo, ou no computador, usando programas que aplicam essa transformação. A figura abaixo mostra novamente um gráfico do conjunto de dados da tabela acima, no tópico 2.3.1, na escala linear convencional (figura abaixo parte a) e em escala logarítmica ou “log- log” (figura abaixo parte b), ou seja, os dois eixos em escala logarítmica. Os números e divisões mostrados sobre os eixos logarítmicos correspondem às mesmas unidades que na figura abaixo parte a. Essa convenção facilita a identificação dos dados na hora de construir ou ler o gráfico. No entanto, quando forem extraídos valores numéricos do gráfico, deve-se lembrar que as coordenadas representam os valores logarítmicos das grandezas. Por exemplo, o valor identificado como ―10‖ nos eixos logarítmicos da figura abaixo parte b corresponde ao valor numérico log (10). Observe que no eixo vertical da figura abaixo parte b, a distância medida no papel entre os valores log (1) e log (10) é a mesma que entre log (10) e log (100), ou entre log (100) e log (1000). Esse comportamento resulta diretamente das propriedades dos logaritmos. A distância, por exemplo, entre log (100) e log (1000) é: (1) 37 37 Faculdade de Minas 37 que é o mesmo valor que resulta para as outras diferenças. Essa distância é chamada de ciclo ou década e corresponde a um incremento em um fator 10 na grandeza representada. O gráfico da figura abaixo parte b expande 3 ciclos no eixo vertical e um ciclo no horizontal. Observe, ainda, que, diferentemente do que ocorre na escala linear, a escala logarítmica é progressivamente comprimida para valores mais altos dentro de uma mesma década. 2.3.2.1 Linearização da função potência 38 38 Faculdade de Minas 38 Uma aplicação muito importante das escalas logarítmicas é na linearização de dados. Suponhamos o caso de uma relação de potência entre duas grandezas: 𝑦 = 𝑎𝑥n (2) sendo a e n constantes. Aplicando logaritmo a ambos os lados da igualdade, temos: log(𝑦) = log(𝑎) + 𝑛 log(𝑥) (3) Portanto, um gráfico das grandezas (x, y), em escalas logarítmicas, resultará em uma reta de inclinação n. O valor de n é obtido tomando as coordenadas, de dois pontos (𝑥1; 𝑦1) e (𝑥2; 𝑦2) quaisquer, pertencentes à reta traçada. A partir dessas coordenadas, calcula-se a inclinação da forma usual, lembrando que as coordenadas extraídas correspondem aos logaritmos dos valores lidos: (4) Dessa forma, é possível calcular o expoente n sem a necessidade de operar sobre os dados. Essa é a principal vantagem com relação à linearização descrita na seção 2.3.1. Além disso, se n não é conhecido, essa é a única forma de determina-lo sem ter que ―chutar‖ valores prováveis. 2.3.2.2 Linearização da função exponencial Outro exemplo de linearização importante é o caso de uma relação exponencial: 𝑦 = 𝑎𝑏cx (5) sendo a, b e c constantes. Aplicando logaritmo em ambos os lados dessa equação, encontramos: log(𝑦) = log(𝑎) + 𝑐 log(𝑏) 𝑥 (6) A equação (6) mostra que existe uma relação linear entre log(𝑦) e 𝑥. Portanto, um gráfico mono-log, com o eixo vertical em escala logarítmica e o eixo horizontal em 39 39 Faculdade de Minas 39 escala linear, mostrará uma reta. A inclinação da reta é o coeficiente 𝐵 = 𝑐 log(𝑏), que pode ser calculado como: (7) Para o caso especial de uma função exponencial com 𝑏 = 10, a inclinação 𝐵 resulta simplesmente no parâmetro 𝑐 do expoente. A tabela abaixo mostra os valores de amplitude de oscilação de um sistema amortecido em função do tempo. Sabe-se que a resposta do sistema é dada pela função exponencial decrescente no tempo: (𝑡) = 𝑎𝑒–ct (8) Nesse problema, os valores de amplitude (y) variam numa faixa maior que um fator 10 e menor que 100 (de 0,036 a 1,000). Então, a escolha mais conveniente para o eixo logarítmico é de duas décadas. A figura abaixo mostra o gráfico resultante. Observe que a escala logarítmica não permite liberdade na escolha das divisões; cada década deve expandir exatamente um fator de 10 na grandeza física. Por isso, o eixo começa em 0,01 e as próximas décadas são 0,1 e 1. O comportamento linear, observado para os dados experimentais, confirma que a dependência de y com t é exponencial e decrescente. Traçando uma reta sobre os dados experimentais, pode-se calcular os valores dos parâmetros. 40 40 Faculdade de Minas 40 Seção II: Apostila de Práticas A Física é uma ciência experimental, portanto, o ensino dessa matéria também deve utilizar experimentos. Assim, montar um laboratório de Física pode ser uma boa pedida para as aulas irem além do que é ensinado nos livros e abordarem também o aspecto experimental dessa ciência. No entanto, nem sempre essa é uma tarefa fácil, pois as atividades experimentais dependem de um bom planejamento do professor. Sendo assim, trazemos algumas sugestões de materiais para a montagem de um laboratório de Física que podem ajudar o professor a escolher os instrumentos mais adequados para abordar experimentalmente os diversos conceitos físicos. Instrumentos de medida As medidas são importantíssimas nas experiências de Física, por isso são necessários instrumentos precisos para realizá-las com qualidade, caso contrário, o experimento pode não ser válido. Veja a lista a seguir com os principais instrumentos de medida que são necessários em um laboratório de Física e quais as suas finalidades: 41 41 Faculdade de Minas 41 Balanças: de preferência as digitais e com boa precisão para realizar medidas de massa das amostras ou dos corpos envolvidos no experimento. Várias grandezas da Física dependem da massa dos corpos, como a força, quantidade de movimento, densidade, entre outras. Por isso, a balança é tão importante. Cronômetros: para fazer medidas de tempo. São necessários no ensino de Cinemática, por exemplo, para calcular a velocidade e a aceleração dos corpos, pois é preciso conhecer o tempo em que ocorre o movimento. Réguas e trenas: para medir distâncias ou comprimentos; Paquímetros: para obter medidas precisas de espessura; Provetas: com diferentes capacidades para fazer medidas de volume. São necessárias no estudo da densidade, empuxo, teorema de Arquimedes, entre vários outros conteúdos. Dinamômetros: para medir a força. São importantíssimos em atividades experimentais de Dinâmica. Barômetros: para medir a pressão atmosférica; Termômetros: de álcool, mercúrio ou digitais. Utilizados para medir a temperatura, esses materiais são utilizados principalmente no estudo da Termologia, nos conteúdos de dilatação,conversão entre escalas, transformações gasosas etc. Multímetro: Realiza todas as medidas elétricas, como capacitância, resistência elétrica, corrente elétrica, diferença de potencial etc. É essencial no terceiro ano do Ensino Médio quando se estuda a Eletrodinâmica e todas essas grandezas citadas. 42 42 Faculdade de Minas 42 A quantidade de aparelhos a serem adquiridos dependerá da quantidade de alunos presentes por sala. Não é recomendado que um aparelho seja usado por grupos de mais de três alunos, porém, dependendo da quantidade de materiais disponíveis, o ideal é que os alunos troquem os materiais entre si para que todos possam usar. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Equipamentos experimentais por área Além dos instrumentos de medida citados, também são necessários outros materiais básicos, que podem ser divididos por área do conhecimento. Veja algumas sugestões: Mecânica Roldanas, bases, hastes e suportes: utilizados para montagem dos experimentos; Molas: utilizadas no estudo das oscilações; Trilhos de ar: Materiais que tornam o atrito desprezível que podem ser utilizados em experimentos de Cinemática e Dinâmica para o estudo do movimento dos corpos. Termologia Mergulhões e béqueres, utilizados para aquecer água; Tubos de diferentes tipos de materiais para o estudo da dilatação; Calorímetros para o estudo de calor específico e capacidade térmica; Modelos de máquinas térmicas. Óptica Laser e lâmpadas, utilizados como fontes de luz; Espelhos planos e esféricos para o estudo da reflexão da luz; Lentes; Prisma de acrílico para estudar a decomposição da luz; Fendas simples, fendas duplas e polarímetros. 43 43 Faculdade de Minas 43 Electromagnetismo Gerador de Van der Graff para trabalhar os principais conceitos da Eletrostática; Fontes de tensão; Condutores para fazer conexões elétricas; Resistores, capacitores, diodos; Bússolas e imãs magnetizados de formas diferentes, que podem ser utilizados para estudar o comportamento das linhas de campo magnético; Motores e geradores para o ensino da indução eletromagnética; Bobinas para demonstrar o comportamento magnético dos condutores ao serem percorridos por uma corrente elétrica. Ondulatória Gerador de frequências; Osciloscópio; Molas flexíveis para o estudo de ondas longitudinais e transversais; Física Moderna Espectrômetro completo e diferentes fontes de luz; Contador Geiger e fontes radioativas para estudar a emissão de partículas por uma fonte radioativa; Os materiais aqui citados podem ser encontrados principalmente em lojas virtuais especializadas, uma vez que não existem muitas empresas que investem na área. Mesmo implementando um laboratório de Física na escola, o professor não pode deixar de lado as atividades experimentais de baixo custo, já que essas também têm o seu valor pedagógico e muitas vezes podem suprir a falta de recursos financeiros da escola 44 44 Faculdade de Minas 44 REFERÊNCIAS ABREU, Maristela Dalla Porta de (1997). Laboratório de Matemática: um espaço para a formação continuada do professor – Dissertação de Mestrado. Santa Maria: UFSM AGUIAR, M. (1999). Uma idéia para o laboratório de Matemática. Dissertação de Mestrado. 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