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1 Valvopatias Aspectos gerais • Agressões crônicas às cúspides/aparato valvar • Sobrecargas de pressão e/ou volume às câmaras cardíacas Estenose: dificuldade de abertura (estreitamento) Insuficiência: dificuldade de fechamento Cursa com regurgitação • Possível dupla disfunção (causa reumática) • Terapia medicamentosa pode aliviar sintomas e morbidades • Intervenção na história natural → reduzir mortalidade • Abordagem cirúrgica (lesão grave + sintomas) ✓ Plastia → correção da valva ✓ Prótese • Importância da ausculta cardíaca para levanta suspeita (presença de sopro) e do ecocardiograma Inicialmente são assintomáticos, uma vez que o corpo fornece mecanismos compensatórios até certo ponto 2 Avaliação • Sintomas de IC • Exame físico ✓ Presença de sopros • Confirmação do diagnóstico: Ecocardiograma ✓ Avalia gravidade ✓ Sugere etiologia ✓ Prognóstico Febre reumática • Responsável por 50% dos casos de valvopatias no Brasil • Valvopatia mitral reumática mais comum é a dupla disfunção (2ª e 5ª décadas de vida) • Valvopatia aórtica → bimodal ✓ Reumática e congênita (em jovens) ✓ Doença aórtica calcifica em idosos Mitral deve estar aberta: diástole Estenose mitral (dificuldade de abertura) – sopro diastólico AE vai precisar de mais força para vencer a resistência da valva estenosada, podendo sobrecarregar o pulmão a longo prazo • Hipertensão pulmonar • Edema agudo de pulmão • Dispneia, ortopneia • Congestão pulmonar Sístole: mitral deve estar fechada Insuficiência mitral – sopro sistólico Estenose mitral • Área valvar: 4-6 cm2 • Redução da área valvar (< 2,5 cm2) • Dificuldade de abertura da valva • Limitação do fluxo AE → VE • Sobrecarrega o AE, que consequentemente, a longo prazo, sobrecarrega também os pulmões • Sintomas de congestão pulmonar • E numa fase avançada, sobrecarrega também VD 3 • Principal causa: febre reumática • Complicadores: hipertensão pulmonar, Fibrilação Atrial Manifestações clínicas • Dispneia aos esforços e posteriormente dispneia em repouso • Gradiente pressórico AE-VE é função do fluxo transmitral fazendo com que aumentos da FC elevem o gradiente • Fases mais tardias: síndrome de baixo débito • Complicações: fibrilação atrial; embolia Exame físico • Estalido de abertura (quando a valva abre) • Hiperfonese de B1 • Sopro de ruflar diastólico, melhor auscultado no foco mitral no ápice em decúbito lateral esquerdo com acentuação pré-sistólica em ritmo sinusal • A duração do sopro correlaciona-se com a gravidade da obstrução • Irradiação para axila Diagnóstico Ecocardiograma • Principal exame complementar para a avaliação anatômica da valva mitral • Definição da gravidade da valvopatia, das repercussões hemodinâmicas e dos parâmetros que estão relacionados à chance de sucesso das intervenções • Grau de estenose • Estenose mitral é relevante quando área mitral < 1,5 cm2 (grave + sintomas – intervenção cirúrgica) Outros exames ECG • Sobrecarga de átrio esquerdo • Sobrecarga de câmaras direitas • Fibrilação atrial Radiografia de tórax • Sinais de aumento atrial ✓ Duplo contorno ✓ Sinal da bailarina – elevação do brônquio fonte esquerdo aumento do AE para cima ✓ 4º arco na silhueta cardíaca • Evidencia hipertensão pulmonar Tratamento Intervencionista • Indicação: estenose moderada a grave NYHA II a IV • Hipertensão pulmonar (> 50 em repouso) • Valvoplastia mitral por cateter balão se ausência de contraindicações e morfologia favorável (Escore de Wilkins < ou = a 8) ✓ Contraindicações: risco de insuficiência; dupla lesão; trombo no átrio • Cirúrgico: troca valvar (Block > 12), insuficiência valvar, DAC, valva calcificada Obs: Valva biológica x Valva metálica Biológica: tem tempo de sobrevida; degenera com o passar dos anos A cada troca valvar, aumenta-se o risco do indivíduo A valva biológica deve ser trocada a cada 10 anos Deve ser preferida em idade > 65 anos e risco de uso de anticoagulantes Valva metálica Risco de trombolismo (uso de anticoagulantes) • Comissurotomia 4 Medicamentoso • Betabloqueadores • Bloqueadores dos Canais de Cálcio • Diuréticos (se sintomas de congestão) Insuficiência mitral • Gradiente de pressão AE-VE com possível sobrecarga ao AE de volume • Aumento do AE para acomodar o aumento de volume • Pode ocorrer de forma aguda ou crônica (mais comum) • Causa mais comum: reumática (dupla lesão mitral) • IM crônica • IM aguda (sem fase assintomática) ✓ Endocardite infecciosa ✓ IAM pós-isquemia do músculo papilar Manifestações clínicas IM aguda • Comumente se apresenta com sinais e sintomas de edema pulmonar agudo IM crônica • Doença leve a moderada • Costuma ser assintomática IM crônica grave • Fadiga • Dispneia aos esforços • Ortopneia • Palpitações Exame físico • Ictus cordis desviado para esquerda e para baixo • Hipofonese de B1 • Sopro sistólico intenso no ápice • Típica irradiação para a axila Diagnóstico Ecocardiograma 5 • Costuma identificar o mecanismo da IM • Mede o tamanho do AE e as dimensões e a função contrátil do VE, o que é importante para acompanhar seriadamente ao longo do tempo. • As técnicas com Doppler quantificam a intensidade da IM e fornecem uma estimativa da pressão sistólica da artéria pulmonar. Eletrocardiograma: • Sinais de sobrecarga AE, e posteriormente VE Tratamento IM primária crônica grave (volume de sangue que está retornando) + sintomas Tratamento cirúrgico (por reparo ou substituição valvar) • Sintomas ou disfunção progressiva do VE (p. ex., fração de ejeção do VE [FEVE] < 60% ou diâmetro sistólico final do VE ≥ 40 mm). • O reparo valvar também deve ser considerado em pacientes assintomáticos com IM crônica grave e FA de início recente, hipertensão pulmonar ou com progressiva redução na FEVE (presença de complicadores + assintomáticos) • Se coronariopatia associada, pode ser necessária angioplastia Estenose Aórtica • Processo degenerativo crônico • Causa depende da idade do paciente • Pico bimodal – em jovens e idosos • Acomete de 2 a 9% dos idosos (5% com mais de 70 anos) – calcificação valvar Em jovens: • Sequela reumática (em geral com acometimento mitral concomitante – fusão da comissura) • Congênita • Aorta bicúspide • Variante anatômica presente em 2% da população • Sobrecarga de VE – bombeia contra uma resistência • Calcificação das semilunares • Redução na mobilidade dos folhetos e na área valvar efetiva • Obstrução ao fluxo na via de saída do VE • Hipertrofia ventricular esquerda 6 Manifestações clínicas Podem levar anos até surgirem os primeiros sintomas • Dispneia aos esforços – por aumento da pressão diastólica de VE e elevação da pressão capilar pulmonar • Angina pectoris – desequilíbrio entre demanda miocárdica e baixa oferta de O2 • Síncope aos esforços ✓ Queda de PA pela vasodilatação de músculos em atividade e vasoconstrição de músculos inativos ✓ Por queda súbita no DC por arritmia • Fases mais avançadas e graves: sintomas de baixo débito; insuficiência de VE e de hipertensão pulmonar (com possível insuficiência de VD) Exame físico • Pulso parvus tardus ✓ Amplitude diminuída e tempo de duração de cada pulsação é maior ✓ Possui uma fase de platô • Ausculta de B4 • Sopro sistólico – aumenta a intensidade até atingir seu ápice no meio da fase de ejeção e termina pouco antes do fechamento da valva aórtica ✓ Pode ser também no aórtico acessório ✓ Irradiação para carótidas e fúrcula esternal • Deslocamento lateral do ictus Diagnóstico Ecocardiograma • Espessamento • Calcificação e redução na abertura sistólica dos folhetosda valva • Hipertrofia de VE • Graduação: ✓ Grave: área da valva < 1 cm2 ✓ Moderada: 1 a 1,5 ✓ Leve: 1,5 a 2 Eletrocardiograma • Pode relevar sobrecarga de VE TC de tórax • Avaliação adicional Angiografia de coronárias • Casos com suspeita de DAC associada, doença multivalvar Tratamento 7 • Não há medicamento com evidência de redução de mortalidade • Vasodilatação, principalmente IECA se HAS e/ou ICC • Estatinas como abordagem lipídica Cirúrgico • Sintomáticos + com disfunção ventricular estenose grave AV < 1,0 • Troca valvar (sobrevida de 80%) Insuficiência Aórtica Prejuízo no fechamento da valva (problema próprio da valva ou dilatação da aorta) Doença valvar • Reumática ✓ Espessamento ✓ Deformação e encurtamento das cúspides ✓ Abertura inadequada durante a sístole e fechamento durante a diástole ✓ Associação com acometimento mitral • Endocardite infecciosa ✓ A partir de valva previamente fechada • Doença de raiz da aorta ✓ Dilatação do anel aórtico e ausência de coaptação de cúspides Regurgitação na diástole de sangue da aorta para VE durante a sístole ventricular Quando maior a gravidade da lesão, maior o grau de regurgitação A única valvopatia que cursa com sobrecarga de volume e de pressão no VE Variados graus de isquemia miocárdica Manifestações clínicas • A insuficiência aórtica grave pode ter longa latência com pacientes assintomáticos por até 10 a 15 anos • Percepção desconfortável dos batimentos cardíacos em especial quando deitado pode ser uma queixa precoce • Dispneia aos esforços – primeiro sintoma de diminuição de reserva cardíaca • Ortopneia • Dispneia paroxística noturna • Sudorese excessiva • Angina que pode ocorrer em repouso ou durante esforço • Insuficiência aórtica grave: o VE não se dilata o suficiente para manter o volume de ejeção sistólico e assim a pressão diastólica do VE aumenta rapidamente com elevações acentuadas associadas nas pressões do AE e de oclusão da artéria pulmonar • Possíveis edema pulmonar e/ou choque cardiogênico Exame físico • Pulsações anormais • Pulso arterial em martelo d´água ✓ Rápida ascensão e colapso bruto • Sopro de IAo ✓ Diastólico, de alta frequência, aspirativo e decrescente, mais bem auscultado no 3º EIC ao longo da borda esternal esquerda ✓ Irradiação para carótidas e fúrcula esternal ✓ Pode também haver sopro mesossistólico de ejeção – a IAo comprime a mitral 8 • Alterações de ausculta são mais exuberantes com manobra Hand Grip (aperto de mão vigoroso, aumentando RVS) • Sinais clínicos de aumento da pressão de pulso • Sinal de Musset – Head bobbing (movimento de balançar a cabeça a cada sístole) • Sinal de Muller • Sinal de Traube Diagnóstico Ecocardiograma • Causa da IAo por meio da detecção de dilatação do anel e da raiz aórticos e dissecção aórtica ou de doença primária das cúspides Na IAo grave: • Largura do jato central excede em 65% a do fluxo de saída do VE • Volume regurgitante é 60 mL/batimento • Fração regurgitante é 50% • Fluxo diastólico reverso no segmento proximal da aorta torácica descendente Eletrocardiograma IAo grave: • Sobrecarga de VE • Desvio do eixo elétrico para a esquerda Rx de tórax • Aumento da silhueta cardíaca as custas de VE Cateterismo cardíaco/Angiografia • Capaz de confirmar a magnitude da insuficiência e o estado da função do VE • Rotina para casos com indicação cirúrgica Tratamento Sintomas iniciais: • Diuréticos • Vasodilatadores (IECA, BCC, Hidralazina) • Meta PAS < 140 mmHg Cirúrgico • Timing adequado após o estabelecimento da disfunção miocárdica, mas antes do aparecimento de sintomas graves • Substituição da valva aórtica (SVA) está indicada no tratamento de IAo grave nos pacientes sintomáticos independentemente da função de VE • Assintomáticos com IAo grave que tenham disfunção progressiva do VE (FEVE < 50%, diâmetro sistólico final do VE > 50 mm ou volume diastólico final do VE > 65 mm) Estenose tricúspide • Rara • Etiologia reumática, associada a outras valvopatias Sintomas • Fadiga • Sinais de congestão sistêmica Exame físico • Sopro tricúspide é mais audível ao longo da borda inferior esquerda do esterno e sobre o apêndice xifoide • Sopro diastólico 9 Evidente durante a pré-sístole Intensificado durante a inspiração Ecocardiograma • Mostra valva tricúspide espessada e arqueada na diástole • ET grave é caracterizada por área valvar < ou = 1 cm2 ou meio tempo de pressão 190 ms • AD e veia cava inferior estão aumentados Eletrocardiograma • Achados de aumento do AD Tratamento • Valvoplastia tricúspide por balão • Preferencialmente junto com valvotomia mitral cirúrgica ou substituição da valva mitral em caso de doença valvar mitral nos pacientes com ET moderada ou grave Insuficiência tricúspide Dilatação e sobrecarga de volume de VD Disfunção sistólica Fadiga e dispneia são sintomas precoces Coexiste com frequência com lesões valvares esquerdas, disfunção do VE e/ou hipertensão da AP Sintomas associados a essas lesões podem dominar o quadro Diagnóstico Ecocardiograma Dilatação de AD e sobrecarga de volume no VD além de folhetos valvares com prolapso, cúspides frouxas, fibróticas ou deslocadas/presas e dilatação do anel Tratamento Cirurgia: reparo ou substituição da valva, em geral associadas à abordagem de outra valva acometida (ex: mitral)
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