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ATIVIDADE DIREITO DO TRABALHO PESO 4 2BIM


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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FRANCISCANO � IESF
Recredenciado pela Portaria do MEC Nº 725, de 20 de julho de 2016
publicado no D.O.U de 21 de julho de 2016
Disciplina: DIREITO DO TRABALHO
Data: 14/06/2022
Docente: GLAYDSON CAMPELO
Aluno (a): MAYKON DA SILVA 
1° Bimestre		2° Bimestre	x	2ª Chamada 	Prova Final
ATIVADADE AVALIATIVA PESO 4 
 
FGTS – FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO
O FGTS foi criado em 1966, durante o regime militar, com o objetivo de fornecer uma garantia ao trabalhador demitido sem justa causa. A necessidade de criar esse fundo, como explica Leila Santiago da Silva, veio de uma regra da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): a estabilidade decenal. Essa regra assegurava estabilidade a todos os trabalhadores que ficassem por 10 anos no mesmo emprego. Quem atingisse esse tempo de trabalho só poderia ser demitido por justa causa (ou seja, por motivo grave). A estabilidade decenal era criticada por empregadores e, na prática, muitos empregados acabavam sendo demitidos antes de completar os 10 anos de serviço.
Mas existia ainda outro direito na CLT que incomodava os empregadores: a indenização por tempo de serviço. Se o empregador decidisse demitir o empregado durante os 10 primeiros anos de trabalho, ele era obrigado por lei a pagar uma indenização pelo tempo de serviço que ele dedicou à empresa. Para cada ano que o empregado demitido trabalhou, ele era indenizado no valor do salário de um mês (ou seja, 1/12, cerca de 8% de tudo que havia recebido como empregado). Evidentemente, essa regra também não agradava muito aos empregados, porque a indenização, feita de uma vez só, pesava bastante.
Foi pensando nisso que o governo militar criou o FGTS, como uma alternativa para a estabilidade decenal (que continuou a existir até 1988). As contribuições do fundo (8% do salário do trabalhador) podem ser vistas como um parcelamento da indenização por tempo de serviço prevista no regime da estabilidade decenal.
A partir de 1967, quando entrou em vigor o FGTS, o trabalhador CLT podia escolher entre dois regimes: o da estabilidade decenal ou o FGTS. Mesmo para empregados não optantes, o depósito do empregador no fundo era obrigatório. Além disso, em caso de demissão sem justa causa, o empregado passou a ser obrigado a pagar multa de 40% do saldo do FGTS ao trabalhador e outros 10% desse saldo para o governo.
Esse sistema foi bem aceito pelos empregadores, porque dessa forma a indenização pela demissão sem justa causa passou a ser feita a conta-gotas. Melhor do que antes, quando era feita toda de uma vez, no momento em que o empregado era demitido.
Outro objetivo para a criação do fundo era o financiamento de obras na área da habitação. Esse continua a ser um dos principais usos do FGTS até hoje, como vamos ver mais adiante.
Com a Constituição de 1988, veio o fim da estabilidade decenal. Desde então, todos os trabalhadores CLT passaram a ter apenas direito à conta do FGTS.
Ainda hoje, o FGTS procura cumprir seu propósito inicial de indenizar o trabalhador pelo tempo de serviço. Isso significa, por outro lado, que na maior parte do tempo, o trabalhador não tem acesso aos recursos guardados no fundo. O saque é permitido apenas em algumas situações específicas. A principal delas é, como já mencionamos, a demissão sem justa causa (quando o empregado é demitido sem um motivo grave). Segundo dados levantados pela EBC, 70% dos saques do FGTS são feitos por esse motivo. O contribuinte também tem direito a resgatar valores do fundo no fim de um contrato por prazo determinado.
Também é permitido sacar o FGTS quando o trabalhador se aposenta, possui 70 anos ou mais e no caso de sua morte. O saque ainda é permitido quando o titular da conta tiver doenças como câncer, AIDS ou estiver em estágio terminal. Os atingidos por calamidade (desastres naturais) também são agraciados com esses recursos.
Finalmente, o FGTS pode ser usado para financiar a compra da casa própria. Para isso, o trabalhador precisa ter trabalhado por pelo menos três anos sob o regime do FGTS.
Uma vez que a maior parte do fundo não pode ser mexida, já que os trabalhadores só podem acessá-lo em situações específicas, o FGTS é aproveitado pelo governo para outros fins. O baixo retorno do FGTS motiva propostas de mudanças no fundo – e até mesmo de sua extinção. No Congresso Nacional, o principal projeto relacionado ao fundo propõe aumentar seu rendimento para um nível semelhante ao da caderneta de poupança (que é de 6% ao ano mais a taxa referencial). A proposta tramita desde 2015 no Congresso e era rejeitada pelo governo Dilma. O principal argumento era que o aumento do reajuste do fundo implicaria mais gastos para o governo, em um momento de ajuste fiscal. A Caixa Econômica também se coloca contra o ajuste, afirmando que um ganho maior para o FGTS significa aumento de juros no financiamento imobiliário.
Além disso, muitas pessoas propõem que o FGTS seja extinto. Segundo os defensores dessa ideia, principalmente grupos liberais na economia, o FGTS não tem nenhum benefício real para o trabalhador. O fundo seria usado como fonte de dinheiro barato para bancos e para o governo federal, que o empresta a juros muito maiores (para financiamento da casa própria, por exemplo). Os contrários ao FGTS ainda criticam o fato de o fundo ser composto de poupanças compulsórias. Esse dinheiro poderia ser incorporado ao salário do trabalhador, que teria autonomia para decidir seu destino.
Por outro lado, governo, gestores do FGTS e outros defensores veem nele uma segurança para o trabalhador, que pode contar com esse dinheiro nas horas ruins. Quanto à questão da obrigatoriedade dos depósitos, o argumento é que muitas pessoas não poupam recursos por conta própria, o que pode gerar problemas em momentos de crise. Assim, o FGTS, apesar do baixo rendimento, ainda cumpriria uma proteção para o trabalhador.