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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Planejamento Estratégico Situacional em Saúde Projeto Pós-graduação Curso Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família Disciplina Planejamento e Gestão em Saúde Tema Planejamento Estratégico Situacional em saúde Professora Ivana Maria Saes Busato Introdução O Planejamento Estratégico Situacional - PES - será o assunto deste tema. A metodologia do PES foi proposta na década de 1980 por Carlos Matus, economista chileno, e seu enfoque estratégico desencadeou outras metodologias. Ele vem como uma proposta teórico-metodológica para planejar e governar, e é utilizado e adaptado em áreas como a saúde e a educação. Sua aplicabilidade no planejamento em saúde possibilita situar os problemas em um contexto amplo, mantendo a riqueza da análise de viabilidades e de possibilidades de intervenção na realidade, em vários territórios. Finalizamos com a explicação sobre os outros métodos de planejamento que utilizam o enfoque estratégico: Altadir de Planificação Popular e o planejamento de projetos orientado por objetivos (Zoop). (Vídeo disponível no material on-line) Problematização A Unidade Básica de Saúde Campo Bello atende a uma população de cinco mil habitantes. Parte da comunidade é constituída por ocupações irregulares, que estão em fase de regularização, sendo que as residências e famílias já foram cadastradas e estão aguardando a documentação. A cidade é dividida em dez bairros, seis regiões administrativas e as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso Saúde Pública com ênfase em Saúde Da Família Disciplina Políticas Públicas de Saúde Tema Os primórdios do cuidado e sua relevância Professor Tânia Maria Santos Pires Introdução Olá aluno! Seja bem-vindo ao primeiro tema da disciplina Políticas Públicas de Saúde! Para começar, é de fundamental importância que estudemos a origem do cuidado. Quais as motivações para que ele acontecesse? Como se estabeleceu de forma oficial, tornando-se uma tarefa do Estado, até que se expressasse na forma como conhecemos e denominamos hoje políticas públicas de saúde? Essa reflexão nos levará a uma melhor compreensão das prioridades estabelecidas pelos governos e também o entendimento de como podemos contribuir para um cuidado melhor executado e mais justo. No material on-line, a professora Tânia apresenta os assuntos abordados neste tema! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização Salvador, Bahia, ano de 1750. Antônia dos Santos era uma jovem de 18 anos, solteira, pobre e órfã de mãe, que morreu no parto de um dos irmãos. Aos 5 anos, na ocasião da morte por doença do pai, foi doada por parentes para uma família de posses, para que trabalhasse como serviçal em troca de alimentação e abrigo. Ela se lembra de que tinha irmãos, mas eles foram igualmente designados a outras famílias e não deram mais notícias, exceto por um dos mais velhos que, de vez em quando, ia visitá-la na casa da senhora. Apesar das dificuldades, Antônia está feliz e apaixonada pelo seu namorado secreto, João Sousa, de 22 anos. Ambos trabalham como serviçais numa das casas de família nobre de Salvador, ela como cozinheira e ele como cavalariço. O namoro era secreto pelo fato de trabalharem no mesmo local, mas queriam se casar, embora que até o momento não tivessem dinheiro para isso. João ouviu falar que os marinheiros estavam ganhando muito dinheiro nas viagens entre Brasil e Portugal. Por isso, era sua intenção ganhar dinheiro como um deles e voltar para casar-se com sua namorada. Assim pensando, embarcou num dos galeões que singravam os mares transportando riquezas da colônia para o reino, sem saber que deixaria Antônia grávida e desamparada à própria sorte e que nunca mais a veria. Depois de um mês da partida de João, Antônia começou a ter sintomas suspeitos de gravidez, angústia que piorou quando notou que a menstruação não veio nos outros dois meses. Procurou uma mulher de fama e experiente em partos e teve a confirmação de que estava grávida. A sensação de pânico e desespero se apoderou dela. Como faria agora, sozinha, para lidar com essa situação? As viagens ao reino costumavam demorar muito. Provavelmente, quando João retornasse, seu ventre já estaria crescido e todos saberiam de sua desdita de ser mãe solteira. Entendeu que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 estava sozinha e desonrada. Resolveu inventar uma viagem ao interior, dizendo que precisava atender um de seus irmãos ainda vivos que estava doente, e abrigou-se numa casa pobre de uma das vilas próximas, onde viveu miseravelmente até o nascimento de seu filho. Antônia sabia que não poderia ficar ali, teria que voltar a trabalhar, mas não seria aceita em nenhuma casa de Salvador levando um pequeno bastardo. Porém o que fazer? Jamais abandonaria seu pequenino à morte. Foi quando se lembrou da Santa Casa e da roda dos enjeitados. Assim que seu bebê completou 40 dias de vida, Antônia saiu de madrugada, ainda no escuro, com o seu pacotinho aconchegado ao peito e se dirigiu ao convento, onde silenciosamente depositou seu bebê no cilindro conhecido como “a roda dos enjeitados”. Em seguida tocou o sino e escondeu-se atrás de uma das colunas de uma igreja próxima, de onde, entre lágrimas silenciosas, veria a roda girar e se despediria de seu filho para nunca mais encontrá-lo. Nunca mais encontrou-se com João também. O sonho de um casamento feliz acabou no fundo do mar, onde o corpo de João foi jogado depois que contraiu uma febre mortal, causa frequente de óbito entre os marinheiros. Restava agora a Antônia tentar retomar seu antigo trabalho, onde pelo menos teria pão e abrigo, ou quem sabe, alugar-se como ama de leite para uma família de posse. Considerando que na Europa já havia uma estrutura incipiente de cuidados aos desamparados, o que faltava à colônia e à coroa portuguesa naquele momento para dar suporte a pessoas como Antônia e ao seu anônimo filhinho em momento tão difícil, trazendo a todos um desfecho humanitário e correto? Reflita sobre o caso, mas não responda agora! Voltaremos a conversar ao final deste tema! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Os primórdios do cuidado e sua relevância Para que o mais rudimentar grupamento social possa subsistir, há necessidade de organização de ações positivas no interesse comum, em forma de projetos, amparadas pela legislação e que venham ao encontro das necessidades da comunidade, promovendo o seu cuidado e desenvolvimento. A esse conjunto de planos e ações voltadas ao interesse público chamamos políticas públicas. Os temas e o conteúdo das políticas públicas costumam variar de acordo com as características de um povo e sua cultura, porém há temas inquestionáveis, por serem necessidades básicas de todos os povos. Saúde e amparo social são exemplos claros de temas irrefutáveis nas agendas de gestão pública atualmente. No entanto, a compreensão de que essas necessidades são direitos humanos acima de outros interesses e que a preservação da vida é de interesse público tanto quanto o é no nível individual demorou um pouco para se consolidar ao longo das sociedades. No contexto do cuidado, diversos setores apresentam-se ligados por interfaces e ações comuns. Essa confluência de interesses observa-se facilmente nas interfaces dos setores de saúde, educação, infraestrutura, ação social, moradia, emprego e renda. As ações em conjunto desses diversos setores se potencializam mutuamente, gerando qualidade de vida e desenvolvimento econômico e social. Porém nem sempre foi assim e ainda há muito a caminhar até que seja alcançada a meta da justiça social, cujo maior objetivo é diminuir as desigualdades, gerando equilíbrio de oportunidadespara todos, focando sobretudo nos mais frágeis e vulneráveis. No decorrer da história da sociedade, a instituição do cuidado com as parcelas mais frágeis da população surge por três razões básicas: religiosas e humanitárias, sociais e econômicas. Na sequência, estudaremos cada um desses focos no desenvolvimento das ações de saúde. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 O foco do cuidado humanitário religioso As razões religiosas se manifestaram prioritariamente, sobretudo na cultura judaico-cristã ocidental. Há várias referências bíblicas do dever de se cuidar dos órfãos e das viúvas, desde o pentateuco ao Novo Testamento, com uma nota interessante em Deuteronômio cap. 27: 19: “maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva”. O cristianismo trouxe como dever dos cristãos o amparo aos necessitados, registrado nos primórdios da igreja, havendo pessoas especialmente designadas para cuidar da assistência aos frágeis. A instituição dos diáconos demostra a importância do problema para estes primeiros cristãos (Atos 6: 1 a 5). A motivação da caridade cristã levou muitas pessoas a se dedicarem exclusivamente a essa tarefa, criando, desde a Idade Média, ordens religiosas dedicadas ao cuidado de mulheres e crianças desamparadas, que se abrigavam em conventos e monastérios. Os países europeus, da Idade Média ao Iluminismo, não tinham um programa de amparo estruturado aos pobres que pudesse promover a vida, mas foi ao longo deste período que ações importantes foram se estruturando e modificaram aos poucos a visão da assistência à saúde e cuidado com os pobres. Segundo Nascimento (2008), a mortalidade infantil era imensa e o infanticídio não era considerado um crime propriamente dito, mas um pecado. Essa concepção de pecado com relação às crianças levou a Europa, sobretudo os países de tradição católica, como Portugal, Itália e Espanha, a desenvolverem ações caritativas de amparo às crianças que perduraram até o século XIX. Entre essas ações está a oficialização da “roda dos enjeitados” nos conventos. Inicialmente, a roda servia para receber doações. As pessoas depositavam seus donativos às freiras enclausuradas e tocavam o sino. A irmã encarregada de girar a roda recebia as dádivas. Posteriormente, o sino passou CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 a ser tocado para receber bebês enjeitados por diversos motivos, como extrema pobreza dos pais, orfandade, proteção da honra, crianças fruto de relacionamentos ilícitos, os bastardos de homens casados e crianças malformadas congenitamente, por serem consideradas vergonhosas e representativas de castigo divino. A roda era uma opção generosa em comparação à outra, que seria abandonar a criança em monturos, nas florestas, onde eram devoradas por animais, ou então vendidas aos traficantes piratas para as mais diversas finalidades de exploração humilhante. O Brasil assume o modelo português de assistência aos enjeitados ainda na condição de colônia. A historiadora pernambucana Alcileide Nascimento relata que a principal motivação do acolhimento às crianças enjeitadas era a aplicação do sacramento do batismo aos pequeninos que, quando abandonados para morrer ao léu, à beira de rios, monturos e florestas, não recebiam o sacramento e não teriam suas almas salvas. A primeira casa dos enjeitados no Brasil foi registrada em Salvador/BA em 1726. O Brasil ainda teria mais 14 casas com o mesmo intento, encerradas gradativamente devido às mudanças de paradigmas sociais e de assistência aos desamparados. A última a encerrar suas atividades foi a de São Paulo, em 1950. Na figura a seguir, vemos como era a roda dos enjeitados, também conhecida como roda dos expostos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Apesar do estigma representado pelo abandono, a roda foi a primeira forma de proteção à criança abandonada, de motivação religiosa com posterior apoio oficial institucional, vinculada e sustentada como uma obra de caridade. O abrigamento, apesar de benéfico, não impedia a morte maciça dessas crianças até um ano de idade, fosse por dificuldades nos cuidados, que proporcionavam maior fragilidade e maior número de doenças, a dificuldade em achar-se amas de leite para os recém-nascidos, que eram alimentados com leite de outros animais, mas sem a devida higiene, visto que se desconhecia as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 necessidades de esterilização do leite, além do problema das doenças prevalentes, como a sífilis congênita ou adquirida de amas cuidadoras. Havia necessidade de maior envolvimento social e planejamento no cuidado dessas crianças. Nesse momento histórico, o Iluminismo forneceria o conteúdo racional necessário à mudança de paradigmas quanto ao cuidado e suas consequências sociais e econômicas. Na foto, vemos diversas crianças que foram abandonadas na roda dos expostos (enjeitados), no “Asylo dos Expostos”. Fonte: Revista A Cigarra, Ano VI, nº 121, de 1º de outubro de 1919 www.museudeimagens.com.br/roda-dos-enjeitados A professora explica sobre o cuidado por razões religiosas no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 O foco do cuidado social e comunitário Ao iniciar seu livro “Uma história da Saúde Pública”, George Rosen, médico americano nascido em 1910, analisa os principais componentes que originaram as políticas públicas de saúde da contemporaneidade. “Ao longo da história humana, os maiores problemas de saúde que os homens enfrentaram sempre estiveram relacionados com a natureza da vida em comunidade. Por exemplo, o controle das doenças transmissíveis, o controle e a melhoria do ambiente físico (saneamento), a provisão de água e comida puras, em volume suficiente, a assistência médica, e o alívio da incapacidade e do desamparo. A ênfase sobre cada um desses problemas variou no tempo, e de sua inter-relação se originou a Saúde Pública como a conhecemos hoje” (ROSEN, 2006, página 31) O foco do cuidado a partir do interesse comum também tem suas raízes na ancestralidade. O estabelecimento de regras de isolamento dos doentes de lepra é um exemplo claro da visão da proteção comunitária. Mesmo na Idade Média há registros de ações de saúde pública incipiente, com a organização de uma estrutura administrativa para a prevenção de enfermidades e supervisão sanitária para a proteção da saúde comunitária. A atuação acontecia através de conselhos formados por cidadãos considerados ilustres, chamados na Inglaterra de vereadores. Esse conselho administrava a cidade, cuidando de suas finanças, abastecimento, supervisão de obras públicas e também de saúde e bem-estar, através de subcomitês, que organizavam ações como limpeza das ruas e supervisão dos mercados de alimentos. O cuidado de pessoas, no entanto, ainda estava fora da jurisdição oficial, e a assistência médica ocidental era permeada de religiosidade e misticismo, sendo o hospital considerado por muito tempo na Europa um lugar para mendigos e pobres morrerem com dignidade, recebendo os sacramentos religiosos. A partir do século XIII os hospitais começam a mudar de administração e objetivos, sendo a sua gestão transferida para o município, ainda que as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 ordens religiosas se mantivessem no cuidado dos doentes. O número de hospitais aumentou significativamente, assim como os chamados leprosários, cuidados e atendidos pelas ordens religiosas, dando assistência aos pobres, que desde então foram chamados de indigentes. O foco do cuidado comunitário destacou a assistência à saúde dos mais pobres, para que não contaminassem todo o grupo comunitário. Considerando o contexto isento de base científica, sem os instrumentos e conhecimentoda moderna ciência social e de saúde, o legado medieval europeu pode ser considerado muito bem-sucedido no foco social, no entanto, o interesse comunitário no cuidado não foi tão motivador quanto o interesse econômico. A professora discorre sobre as razões sociais para o cuidado no material on-line! O foco do cuidado por interesses econômicos Os custos com as ações de saúde sempre são entendidos como despesas, porque não são vistos os retornos imediatos dos investimentos feitos. Para que aconteça uma mudança na visão de gasto para a visão de investimento, faz-se necessária uma mudança de paradigma, como aconteceu na Inglaterra, na Alemanha e na França a partir do século XVII. Na base dessa mudança estava um conjunto de doutrinas políticas que aumentavam o poder do Estado e de seus dirigentes, coincidente não por acaso com o desenvolvimento da indústria nesses países, o chamado sistema mercantilista. Naquele momento uma pergunta estava sendo feita pelos monarcas e soberanos das nações que mais se desenvolviam no mundo: que rumo deve o governo seguir para aumentar o poder e a riqueza da nação? Ter uma população grande era a resposta imediata, o que proporcionaria uma mão-de- obra de qualidade. Nesse caso, há que se cuidar da saúde da população e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 controlá-la para que seja usada para os interesses do Estado. Metodologias estatísticas se desenvolveram e foram aplicadas nas análises dos problemas de saúde, o que estimulou o desenvolvimento de estudos de saúde pública. A ideia de uma política nacional de saúde desenvolveu-se na Inglaterra, mobilizando diversos setores, médicos, legisladores, homens de negócios, matemáticos e estatísticos, com o objetivo comum de cuidar da população para que ela, usufruindo de boa saúde, pudesse ser cada vez mais produtiva, desde o chão da fábrica até os grandes pensadores. Logo, muda-se o foco do cuidado caritativo para o desenvolvimento econômico e social. Na prática, entende-se que é muito mais lucrativo cuidar da criança para que se desenvolva de forma saudável e sirva à pátria em vários aspectos. Promover formação e ofício profissional significava lucro no futuro e desenvolvimento para a nação. Na mesma linha, dar condições para que a mulher pobre possa cuidar do seu filho pequeno, não tendo que abandoná-lo por falta de recursos, mas amamentando-o pelo tempo certo até que fique forte o suficiente para resistir às doenças, mostrava-se muito mais vantajoso e lucrativo para a nação. Criava-se assim os rudimentos das leis de amparo à maternidade e à criança. Nessa época, desenvolve-se a base da pediatria e um novo entendimento do que é a criança e a infância. A criança começa a ser compreendida como diferente do adulto, suas necessidades emocionais e fragilidade biológica são levadas em conta e um novo sistema de proteção social começa a ser construído dentro das famílias, com direcionamento médico. Outro aspecto de fundamental importância para a melhoria social e dos hospitais nos séculos XVII e XVIII seria a tecnologia de guerra que, a partir do desenvolvimento dos equipamentos bélicos à base de pólvora, exigiu cuidado maior com as crianças e posteriormente com os soldados. Isso era relevante CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 para que uma nação ou reino tivesse reconhecido poder com a formação de um numeroso e poderoso exército. Cuidar dos órfãos para que crescessem e servissem à pátria, sua “mãe cuidadora”, compondo mais tarde os pelotões da infantaria, era garantia de um exército numeroso e poderoso, e para isso era essencial evitar que as crianças morressem precocemente e também equipar os hospitais, para que o soldado ferido pudesse sobreviver, afinal, sua morte significava perda de patrimônio bélico. Dentro dessa lógica, iniciativas e empreendimentos se destacaram na Inglaterra. Em 1741, foi criado o Hospital dos Enjeitados de Londres. Em 1748, foi publicado o “ensaio sobre amamentação e manejo de crianças” e cidadãos filantropos influentes como Jonas Hanway trabalharam em defesa da causa das crianças pobres. Na França, em 1793, foi sancionado um decreto relacionado à saúde das crianças e das mulheres grávidas. Como se vê, os interesses econômicos e de poder se sobrepujam aos interesses humanitários, porém o conjunto das visões de cuidado – humanitária/religiosa, social e econômica – tornou-se a base da estrutura moderna da atenção à saúde e uma visão prática das políticas públicas de saúde trouxe, de fato, mais benefícios à sociedade. A professora comenta mais sobre o cuidado por interesses econômicos no material on-line! Revendo a problematização Lembra-se da história trágica de Antônia, jovem sozinha e desamparada no Brasil Colônia, em Salvador/BA, no ano de 1750? É hora de relembrar a questão proposta quanto à situação dela: O que falta à colônia e à coroa portuguesa para dar suporte à Antônia e ao seu anônimo filhinho em momento tão difícil, trazendo a todos um desfecho humanitário e correto? Considere as alternativas a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 a. Falta a visão de desenvolvimento social como base para o desenvolvimento econômico, que foi o elemento propulsor dos benefícios sociais e de saúde na Inglaterra e Alemanha. b. Falta a ação do Estado, naquela época representado pela coroa portuguesa, na construção de orfanatos e locais oficiais de cuidado aos bebês desamparados. c. Falta a sensibilização da sociedade no sentido de atender os pobres e desamparados, exercendo a caridade religiosa de fato. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line! Síntese Nesse passeio histórico entendemos como as visões de cuidado se desenvolveram, mesmo no mundo ainda desprovido do conhecimento científico. O foco do cuidado humanitário expresso no dever religioso do amparo aos pobres e frágeis da sociedade levou muitos abnegados cuidadores a abrir mão de seu conforto pessoal e tomar conta de crianças desamparadas e rejeitadas. Ao mesmo tempo, a evolução do conceito de saúde comunitária e proteção da saúde do grupo se desenvolvia desde a Idade Média com medidas sanitárias e sociais. Os interesses econômicos e de poder, no entanto, foram os fatores que mais impulsionaram o cuidado das pessoas, porque motivou o Estado a intervir, assumindo o papel de cuidador da população para que ela tivesse saúde e condições físicas de trabalho. Não se chega à idade adulta produtiva sem cuidados na infância, portanto “há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto” (Coração de estudante – Milton Nascimento). Para finalizar, acompanhe o vídeo de síntese da professora no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Referências MARCILIO, M.L. A roda dos expostos e a criança abandonada no Brasil colonial: 1726-1950. In FREITAS, M. C. (Org.). História Social da Infância no Brasil. São Paulo: Cortez, 1997. NASCIMENTO A. A sorte dos enjeitados: O combate ao infanticídio e a institucionalização da assistência às crianças abandonadas do Recife (1789- 1832). São Paulo: Annablume: FINEP , 2008. ROSEN G. Uma História da Saúde Pública. 3ª ed. São Paulo: Hucitec – Unesp, 2006. Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-03-09 14:15:13]. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$roda-dos-enjeitados. Acesso em 09 de março de 2016. VAN-DALL O. A. Estado, cidade e direito de ser exceção: sobre políticas antidemocracia e o estado de inclusão na cidade residual – artigo 2012. Disponível em: www.ppgau.ufba/urbicentros/2012/st243.pdf. Acesso em 10 de março de 2016. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Atividades A assistênciaà saúde e cuidados com as parcelas mais frágeis da sociedade tinham motivações diferentes pelos empreendedores do cuidado. Assinale a alternativa correta a respeito do assunto. a. As ordens religiosas cuidavam focando na salvação da alma e por razões humanitárias. b. Os vereadores eram encarregados dos cuidados médicos da população. c. Os reis e líderes cuidavam da população para cumprir o seu papel designado por Deus. d. O desenvolvimento industrial trouxe mais doenças e exploração aos pobres. A roda dos enjeitados iniciou-se no Brasil em 1726 na Bahia, apesar de ser uma solução muito conhecida na Europa desde a Idade Média. Os conventos recebiam crianças que haviam sido rejeitadas pelos seus pais por motivos específicos, dentre os quais: a. Eram recebidas apenas crianças de origem pobre e doentes, cujos pais não tinham a menor possiblidade de cuidar. b. Eram recebidas as crianças que precisavam ser escondidas por motivos morais, como os bastardos de homens casados e filhos de mulheres solteiras das altas camadas sociais. c. Eram recebidas prioritariamente as crianças negras e mestiças. d. Crianças com poucas possibilidades de vida não eram recebidas. Na visão de cuidado social e comunitário, as razões do cuidado se CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 baseavam: a. Em um sentimento de solidariedade e valorização da vida como bem precioso. b. A consciência da eternidade pós morte e prestação de contas a Deus. c. A responsabilidade com os menos favorecidos que compõem a sociedade. d. Defesa da sociedade através do controle de epidemias e outras doenças. O desenvolvimento industrial associado às teorias políticas tiveram repercussão positiva nos cuidados de saúde da população. Sobre isso, assinale a afirmativa correta: a. Os monarcas queriam mais poder, riquezas e controle sobre a população e a forma que acharam mais viável para isso foi cuidar da saúde das pessoas. b. A valorização da mão-de-obra do adulto piorou a situação da criança, já que essa não se enquadrava na cadeia de produção. c. O desenvolvimento dos hospitais aconteceu pelo esforço dos médicos e ordens religiosas interessados na melhoria da qualidade prestada aos pacientes. d. Apesar dos avanços motivados pelo interesse econômico, não havia até então um país com uma visão de política pública de saúde estruturante. Quando se fala em política pública de saúde, após a análise histórica estudada, assinale a alternativa que melhor expressa esse conceito. a. Ações sociais fundamentadas em interesses humanitários no sentido de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 melhorar a qualidade de vida das pessoas. b. Ações governamentais de interesse público destinadas a cuidar da saúde e bem-estar da população. c. Ações governamentais com orientação político-doutrinárias com o objetivo de controlar a saúde das pessoas. d. Ações de cunho social e democrata, aplicadas nos países livres, com o intuito de promover a saúde da população. Para conferir o feedback das atividades, acesse o material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 áreas administrativas da saúde são chamadas de Distritos Sanitários. Cada Distrito Sanitário possui uma equipe administrativa e técnica, gerida pelo gerente regional, esse distrito é subdividido em territórios de unidades de saúde. A Unidade Básica de Saúde Campo Bello pertence ao Distrito Sanitário que fica ao norte do município e agrega dois bairros: o bairro Água Clara é o mais antigo e mantém aspecto rural, com casas distantes uma das outras e com terreno ao fundo para pequenas plantações e/ou criações; o bairro Areias é mais recente formado por uma ocupação desordenada e em fase de regularização. Essa unidade ainda trabalha com a estratégia da saúde da Família, possuindo duas equipes, uma amarela e outra azul: A equipe amarela tem uma médica, uma enfermeira, quatro auxiliares de enfermagem, quatro agentes comunitários de saúde e uma equipe de saúde bucal com um dentista e um auxiliar. Essa equipe atende ao bairro Água Clara, cuja população total é de 2990 habitantes, sendo 1505 de idosos (acima 65 anos), o que representa mais de 50%. Entre as principais morbidades estão a diabetes e a hipertensão. Já a equipe azul é formada por um médico, uma enfermeira, quatro auxiliares de enfermagem e uma equipe de saúde bucal com um dentista e um auxiliar. Atende ao bairro Areias, que tem população total de 2010 habitantes, a maior parte formada por crianças e adolescentes (1206). A principal morbidade dessa comunidade é doença respiratória e devemos destacar um caso de tuberculose pulmonar em uma adolescente de 14 anos. Em reunião para o planejamento estratégico cada equipe destacou seus problemas prioritários: a equipe amarela priorizou a hipertensão em idosos e a equipe azul a asma em crianças e adolescentes. Ambas apresentaram para você, gerente da unidade, suas ações e responsabilidades. Entre as responsabilidades destacadas para você como gerente da unidade estão: garantir todos os medicamentos para hipertensão para realizar o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 acompanhamento dos pacientes da equipe amarela; a equipe azul apontou que a chefia tem que conseguir uma fisioterapeuta para realizar as fisioterapias funcionais nas crianças e adolescentes com asma. Como você encaminharia essas demandas? Você não precisa responder agora! Realize seus estudos sobre este tema e escolha a melhor alternativa para a situação mais adiante. (Vídeo disponível no material on-line) Para que planejar em saúde? O planejamento torna-se necessário quando um processo de mudança é indispensável e quando há determinadas situações que não deveriam ocorrer, exigindo respostas efetivas. Ele é uma ferramenta de trabalho utilizada para tomar decisões e organizar as ações de forma lógica e racional, de modo a garantir os melhores resultados e a realização de objetivos com menores custos e no menor prazo possível. No setor da saúde, o planejamento tem papel vital para o direcionamento de ações visando atingir ou alcançar um resultado previamente escolhido. Portanto, esse processo não se resume a um conjunto de intenções ou à tomada de decisões em si (VIEIRA, 2009). Planejamento em saúde é um processo que objetiva realizar uma intervenção sobre determinado recorte de realidade, com propostas de ação, realizada por atores sociais, em um processo que inclui desenhar, executar, acompanhar e avaliar, com propósito de manter ou modificar uma determinada situação de saúde (TANCREDI, 2002). O planejamento é uma ferramenta da gestão compartilhada, cuja finalidade é organizar a ação de grupos na realização de tarefas e contribuir para a coprodução de sujeitos capazes de intervir na formulação de políticas e na organização dos serviços. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Planejamento Estratégico Situacional A metodologia do Planejamento Estratégico Situacional - PES -, proposta por Carlos Matus, “propõe identificar e intervir sobre problemas de saúde da população, cuja delimitação resulta de negociação e consenso entre distintos modos de entender a saúde” (TEIXEIRA, 1995, apud KLEBA, 2011). O PES, “focaliza problemas de uma realidade, sobre a qual se pretende agir, cuja delimitação considera a perspectiva dos atores que os vivenciam e reconhece que há modos diversos de perceber e explicar a realidade”... “A resolução dos problemas depende da disponibilidade e do acesso a recursos, mas também da viabilidade política, ou seja, de quanto os atores reconhecem a necessidade de mudanças e de quanto eles estão abertos e se comprometem em sua efetivação” (KLEBA, et al., 2011). Figura 1: Carlos Matus Fonte: http://cigob.org.ar/new/matus/biografia/A reflexão e a proposta de ação de Matus centram-se na necessidade de aumentar a capacidade de governar e seu método de planejamento é centrado em problemas e em operações que deverão ser desencadeadas para enfrentá-los. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 O ato de governar implica em equacionar simultaneamente três grandes variáveis: o Programa de Governo, a Capacidade de Governo e a Governabilidade, formando o “Triângulo de Governo”. Figura 2: Triângulo de Governo Fonte: http://www.planejamento.gov.br/conteudo.asp?p=noticia&ler=10697 A concepção do processo de planejamento do PES é constituída de “momentos” que não seguem uma lógica sequencial rígida. A noção de momentos, ao mesmo tempo em que respeita a experiência acumulada por cada instituição, permite a elaboração de um pensamento “comum” em uma: “estrutura “modular”, que permite a definição de objetivos e o desenvolvimento de atividades e tarefas que podem estar situadas em tempos distintos do processo de intervenção sobre os problemas”. “Permite que se incluam propostas voltadas para o aperfeiçoamento do conhecimento disponível, ou para o aperfeiçoamento das normas técnicas e administrativas que regulam as ações a serem realizadas, ou para a operacionalização de ações propriamente ditas, sem “engessar” o processo em etapas rígidas, sequenciais” (TEIXEIRA, 2010, p. 46-47). Uribe Rivera (et al., 1992) apresenta os quatro momentos do PES: Momento Explicativo, Momento Normativo, Momento Estratégico e Momento Tático-Operacional. O momento explicativo propõe estratégias para identificar, escrever e explicar os problemas, considerando informações objetivas como dados quantitativos, normas e rotinas, mas também informações subjetivas como a percepção dos diversos atores sobre os problemas analisados. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Para Matus: “há três tipos de problema, tendo como referência tempo, significado e natureza do resultado para um ator: ameaças, ou seja, o risco “potencial de perder uma conquista ou agravar uma situação”; oportunidades, como possibilidades que podem ser aproveitadas ou desperdiçadas; e problemas, identificados como deficiências que provocam desconforto, inquietação e exigem enfrentamento. A explicação dos problemas se dá através da identificação das causas a eles atribuídas e suas interações, conhecendo de que forma essas interferem na produção de um ou mais problemas, e quais podem ser consideradas nós críticos. Os nós críticos concentram a intervenção que gera mudanças, tendo alto impacto sobre os descritores do problema (KLEBA, et al., 2011). Uribe Rivera (et al., 1992) resume como momento de conhecer a situação atual, procurando identificar, priorizar e analisar seus problemas, com a visão de cada ator. No momento explicativo busca-se realizar a análise situacional da saúde. Uma concepção de “situação”: “um conjunto de problemas, identificados, descritos e analisados na perspectiva de um determinado ator social”... “Admitindo a pluralidade de “planejamentos”, isto é, o reconhecimento de que todos os atores sociais planejam (mesmo que não escrevam planos), isto é, tomam decisões e estabelecem cursos de ação voltados à consecução de seus objetivos (TEIXEIRA & PAIM, 2000, p. 69). O momento normativo: “propõe a definição de objetivos e resultados a alcançar, bem como a previsão de estratégias e ações necessárias para seu alcance. Essa etapa requer análise das tendências de natureza política, econômica e social que poderão influenciar o contexto assistencial, definindo cenários favoráveis ou desfavoráveis à implementação do modelo gerencial. Essa análise deve considerar sempre as finalidades a serem alcançadas, preservando tanto à coerência interna, que diz respeito aos princípios da instituição, quanto à coerência externa, que se refere ao SUS. O planejamento requer aqui que se observem obstáculos e oportunidades internas e externas, bem como o tempo que a resolução dos problemas requer e o tempo próprio do período de gestão” (KLEBA, et al., 2011). Resumidamente podemos afirmar que esse momento é a formulação de soluções para o enfrentamento do problema e elaboração de propostas de solução (RIVERA, et al., 1992). Sobre o momento estratégico, Kleba comenta: “O momento estratégico enfatiza a importância de analisar recursos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 econômicos, administrativos e políticos, necessários e/ou disponíveis. A partir dos objetivos traçados, devem ser previstos projetos de intervenção, estabelecendo sua sequência temporal, bem como os efeitos esperados. Nesse momento, são revisados os nós críticos selecionados e sua interação com os demais problemas identificados na matriz explicativa. A análise dos recursos políticos avalia a motivação dos atores para se engajar e comprometer no processo. Reconhece a existência de conflitos de interesse e disputa por posições de poder que emergem nos processos de decisão, especialmente quando esses requerem mudanças de concepções e práticas” (KLEBA, et al., 2011, p. 188). O gestor deve “planejar junto, com e não para outros atores, o que requer uma postura dialógica, superando-se a concepção normativa do deve ser, e incorporando como possibilidades o pode ser e a vontade de fazer” (KLEBA, et al., 2011). Esse momento estratégico deve-se construir viabilidade para as propostas de soluções e a formulação de estratégias (RIVERA, et al., 1992). De Toni (2009) aponta que a viabilidade política é mais complexa porque envolve as relações com os outros atores, com recursos dominados e com as motivações e interesses pelos problemas. A escolha de estratégias para sua superação varia de acordo com diversos fatores: direcionalidade, ideológicos, culturais, emocionais, entre outros. Ele aponta três grandes opções estratégicas (DE TONI, 2009): a. De cooperação – que supõe negociação e acordo, aonde cada parte cede em troca de benefícios mútuos; b. De cooptação – implica que uma parte ganhe a adesão da outra parte (ator ou atores) aplicando seu peso, domínio de recursos e/ou força no projeto ideológico; c. De conflito – utilizando o conflito entre os atores. O próximo momento, o tático-operacional, segundo Teixeira (apud KLEBA, et al., 2011): “prevê a programação da implementação das propostas, incluindo cronograma, recursos, atores responsáveis e participantes na execução. É essencial ainda rever os objetivos, definindo estratégias e parâmetros de acompanhamento e avaliação, seja dos resultados, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 seja do processo, reconhecendo-se a necessidade de flexibilizar o planejamento, mas garantindo sua efetividade e eficácia. Nesse sentido, é necessário prever momentos de análise das informações e de revisão das ações e dos recursos programados, assegurando não apenas a visibilidade do processo aos atores envolvidos, mas também a capacidade gerencial e assistencial de adaptar-se e adequar-se frente a situações imprevistas”. (Vídeo disponível no material on-line) Teixeira e Paim (2000) apontam que o enfoque situacional foi inicialmente adotado buscando certas adaptações e considerando, posteriormente, a possibilidade de se conjugar elementos teóricos e metodológicos da chamada “trilogia matusiana”: método de planejamento estratégico-situacional (PES); método Altadir de planificação popular (Mapp) e o método planejamento de projetos orientado por objetivos (Zoop). O método Altadir de Planificação Popular (MAPP): “se fundamenta nos mesmos princípios do PES” (...) “Pelas suas características operativas, constitui-se no método de eleição para planejamento no nível local, particularmente naqueles altamente descentralizados. É simples e criativo, elaborado com o objetivo de viabilizar a planificação a partir de uma basepopular”. Isso ajuda a manter a comunidade comprometida, particularmente suas lideranças, pela análise e enfrentamento dos problemas. Tancredi avisa, porém, que esse “deve ser encarado como um método limitado à natureza e complexidade dos problemas” (TANCREDI, 1998, apud AGUIAR et al., 2006). O método planejamento de projetos orientado por objetivos (Zoop), também tem suas bases ancoradas no PES. A sigla Zoop vem de uma sigla alemã, Ziel Orientierte Projekt Planung, que em português significa Planejamento de Projeto Orientado por Objetivo. Esse método trabalha com a análise da participação dos grupos envolvidos, análise dos problemas, análise dos objetivos e a elaboração da matriz de planejamento por projeto (objetivos específicos, produtos, resultados, atividades, tarefas, responsáveis, prazos, indicadores de acompanhamento e avaliação). Utiliza tarjetas para construção coletiva da árvore de problemas e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 análise situacional. Agora venha conhecer o Método Altadir de Planificação Popular (MAPP) e o Método de planejamento de projetos orientado por objetivos (Zoop), no vídeo a seguir. (Vídeo disponível no material on-line) Problematização Agora que você conhece melhor o planejamento estratégico em saúde, veja a seguir as possíveis ações em relação à situação que lhe foi apresentada no começo deste tema. Escolha aquela que você acredita ser a mais adequada: a. Encaminharia um documento formal à gerencia do Distrito Sanitário apontando a metodologia utilizada no Planejamento Estratégico Situacional para análise dos problemas da comunidade e sua priorização. Relatando as perspectivas dos atores sociais nas propostas de solução dos problemas priorizados e solicitando avaliação de viabilidade econômica e política para sua implantação. b. Colocaria aviso no mural da Unidade de que essas responsabilidades destacadas para gerencia são impossíveis de solução exigindo a retratação da equipe e mudança de prioridades. c. Utilizaria as ferramentas do Planejamento Estratégico Situacional em especial o momento estratégico para analisar a construção de viabilidade para as propostas de soluções e formulação de estratégias com a equipe. Todos devem colocar suas visões sobre essas propostas e a viabilidade de execução para correção das propostas caso seja necessário. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Feedbacks: a. Essa decisão mostraria para todos os atores sociais envolvidos a sua corresponsabilização pelas propostas de solução colocadas no planejamento de cada equipe. Conforme aponta o momento estratégico do PES, essa é uma avaliação de viabilidade e, qualquer que seja o resultado, o planejamento será constantemente atualizado e novas propostas serão elaboradas. b. Essa sua decisão compromete completamente o planejamento da equipe porque a expectativa de todos os atores sociais é uma nova a análise de viabilidade que deve ser realizada por todos, para encontrar novos caminhos na melhoria dos problemas priorizados. c. O Planejamento Estratégico Situacional tem ferramentas para trabalhar com problemas que podem ter viabilidade ou não. O importante é a corresponsabilização entre todos os atores sociais para em qualquer momento rever e alterar as propostas para solução dos problemas. Síntese O Planejamento Estratégico Situacional proposto por Carlos Matus foi detalhado neste tema. Aprendemos os conceitos de momentos colocados por Matus e sua utilização na trilogia matusiana, apresentada pelas três metodologias de aplicação do PES: o método PES que abrange com toda intensidade o enfoque estratégico de Carlos Matus e suas derivações, o Método Altadir de Planificação Popular e o Método de Planejamento de Projeto Orientado por Objetivo. A situação-problema que foi desenvolvida neste tema apresentou uma situação vivenciada por gerentes de unidades de saúde, com o estudo do Planejamento Estratégico Situacional. Isso pode instrumentalizá-lo para o desempenho como profissional de saúde trabalhando em equipes multiprofissionais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 (Vídeo disponível no material on-line) Referências AGUIAR, G. N. de et al. Planejamento Participativo Realizado em Área de Abrangência do Programa Saúde da Família. APS, v.9, n.1, p. 45-49, jan./jun. 2006. RIVERA, F. J. U.; ARTMANN, E. Planejamento e gestão em saúde: flexibilidade metodológica e agir comunicativo. Ciênc. saúde coletiva [on-line], vol. 4, n. 2, p. 355-365, 1999, CAMPOS, R. O. Planejamento e razão instrumental: uma análise da produção teórica sobre planejamento estratégico em saúde, nos anos noventa, no Brasil. Cad. Saúde Pública [on-line], vol.16, n. 3, p. 723-731, 2000. GONZALEZ, M. M. L. Planejamento estratégico em saúde com base em determinantes: o caso do município de Campo Bom (RS). Uma proposta metodológica para a gestão descentralizada. Ciênc. saúde coletiva [on-line], vol.14, suppl.1, p. 1587-1597, 2009. KLEBA, M. E.; KRAUSER, I. M.; VENDRUSCOLO, C. O planejamento estratégico situacional no ensino da gestão em saúde da família. Texto contexto - enferm. [on-line], vol.20, n. 1, p. 184-193, 2011. DE TONI, J. Metodologia e técnicas de Planejamento governamentais revisitados. In: REPETTO, F. et al., Reflexões para Ibero-América: Planejamento estratégico. Brasília: ENAP, 2009. 105p. TANCREDI, F. B.; BARRIOS S. R. L.; FERREIR, J. H. G. Planejamento em saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 2002. TEIXEIRA, C. F. Planejamento em saúde: conceitos, métodos e experiências / Carmen Fontes Teixeira (organizadora). - Salvador: EDUFBA, 2010. TEIXEIRA, C. F. Planejamento e programação situacional em distritos sanitários: metodologia e organização. In: MENDES, E. V., CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 organizador. Distrito sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec/Abrasco, 1995, p. 237-265. TEIXEIRA, C. F.; PAIM J. S. Planejamento e programação de ações intersetoriais para a promoção da saúde e da qualidade de vida. RAP Rio de Janeiro, 34(6):63-80, Nov./Dez., 2000. URIBE, F. J. R.; ARTMANN, E. Planejamento e gestão em saúde: histórico e tendências com base numa visão comunicativa. Ciênc. saúde coletiva [on- line], vol.15, n. 5., p. 2265-2274, 2010. URIBE, F. J. R.; TESTA, M.; MATUS, C. Planejamento e programação em saúde um enfoque estratégico. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1992, p. 222. (Pensamento social e saúde, v.2). VIEIRA, F. S. Avanços e desafios do planejamento no Sistema Único de Saúde. Ciênc. saúde coletiva [on-line], vol. 14, suppl. 1, p. 1565-1577, 2009. Atividades Carlos Matus trabalhou com o enfoque estratégico propondo o 1. Planejamento Estratégico Situacional, com o conceito de aumentar a capacidade de governar. Analise as proposições abaixo e assinale alternativa correta: a. Essa proposta era representada pelo Triângulo de Governo. b. Essa proposta era representada pelo Método ZOOP. c. Essa proposta era representada pelo Método Altadir de Planificação Popular. d. Essa proposta era representada pela Estimativa Rápida Participativa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Analise as proposições a seguir e assinale alternativa correta sobre o 2. momento tático-operacional do PES: I. realiza a priorização dos problemas; II. prevê a programação da implementação das propostas; III. a análise situacional é produzida. a. As proposições I e II estão corretas. b. Somente a proposição II está correta. c. As proposições I II e III estão corretas. d. Somente a proposição III está correta. O Momento Explicativo é uma das etapas do PES, analise as 3. alternativas a seguir e assinalealternativa correta: a. Momento de executar o plano. b. Elaboração de propostas de solução. c. Momento da definição de objetivos e resultados a alcançar. d. Conhecer a situação atual, análise situacional. A formulação de soluções para enfrentamento do problema é realizada 4. no momento________, no momento________ há formulação de estratégias e construção de viabilidade das propostas de soluções elaboradas no momento__________. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto: a. Explicativo, Estratégico e Normativo b. Normativo, Estratégico e Normativo c. Tático-operacional, normativo e estratégico d. Estratégico, tático-operacional e explicativo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 O enfoque estratégico para o planejamento em saúde de Carlos Matus 5. deu origem às propostas metodológicas: MOPP e ZOOP. Coloque verdadeiro ou falso e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: ( ) o MOPP tem objetivo de viabilizar a planificação a partir de uma base popular; ( ) o ZOOP nunca utiliza o momento explicativo do PES; ( ) o MOPP nunca é utilizado como método de eleição para planejamento no nível local; ( ) o método do PES sempre utiliza a análise de viabilidade. a. F F V V b. F V V F c. V F F V d. V V F F CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Disciplina Políticas Públicas de Saúde Tema As primeiras políticas públicas de saúde brasileiras Professor Tânia Maria Santos Pires Introdução A primeira iniciativa reconhecida como política pública de saúde no Brasil só aconteceu no início do século XX. Neste tema, vamos conhecer quais foram os primeiros projetos e qual a evolução deles até os dias de hoje. No vídeo com acesso pelo material on-line a Professora Tânia vai apresentar os tópicos que estudaremos aqui. Não deixe de assistir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Problematização São Paulo, capital, 11 de agosto de 1930, 9h da manhã de uma segunda feira. João dos Santos está ainda deitado em sua pequena casa na periferia. Ele tem 30 anos de idade, é casado com Gema, tem 3 filhos, sendo que a mais nova nasceu há 3 meses. Ele é ferroviário da empresa São Paulo Railway, que faz o transporte de café de Jundiaí até o porto de Santos. Neste momento se recupera de uma pneumonia. Ele esteve internado por 15 dias na Santa Casa, onde recebeu cuidados médicos. Naquele período ele pôde observar a angústia nos olhos de sua esposa, enquanto a observava rezando para que ele melhorasse logo. Agora estava quase bom, já na expectativa de voltar a trabalhar. Enquanto via seus filhos brincando e sua esposa correndo com as tarefas da casa, ele relembrava da sua vida, das histórias que ouviu e do sofrimento que viu e viveu. Não atualmente, porque graças a Deus e ao sindicato, ele adoeceu e foi tratado, mas tudo o que passou até que chegasse aqui ainda está muito vivo na sua memória e na sua emoção. Lembra-se da caminhada imensa, no calor escaldante da seca, da sede insuportável, quando em 1915, ele, seus pais e seus nove irmãos fizeram o percurso do sertão da Bahia até São Paulo. João é baiano, nascido em 1900 no sertão da Bahia. Sempre conviveu com a seca, mas em 1915, tudo parecia que ia se acabar quando seu pai, sertanejo corajoso e trabalhador, resolveu se mudar levando toda a família para tentar fazer alguma coisa e ter alguma esperança em outro lugar, porque ali, sendo peão nas fazendas, só restavam a fome e a morte como certezas. Na sua família havia uma história que era contada há várias gerações sobre uma moça chamada Antônia que deixou seu bebê na roda dos enjeitados. Depois de 7 anos, um homem foi até o convento e disse às irmãs que aquele menino era seu sobrinho. Sua irmã havia falecido naquele ano de tísica e no seu leito de morte contou-lhe sobre o filho e o dia em que havia deixado ali o seu menino. As irmãs tinham um registro detalhado de todas as crianças recebidas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 e conseguiram identificar o filhinho de Antônia. Desde então, sempre há uma Antônia na família, como uma homenagem, uma espécie de solidariedade aquela Antônia ancestral que tanto sofreu. João relembra da sua chegada em São Paulo, junto com o seu pai e dois irmãos. João encontrou-se com um rapaz de sua idade e tornaram-se amigos. Era Giovani, que contou que sua família também estava chegando em São Paulo, mas eles vieram de muito longe, do estrangeiro, e iam para uma cidade chamada São Carlos trabalhar nas lavouras de café. João falou para o seu pai e eles se juntaram aos italianos e foram para os cafezais. As condições de vida não eram muito boas, mas comparadas ao lugar de onde vieram, eram bem melhores. Com o passar dos anos, João aprendeu a ler, a mexer com algumas máquinas e queria melhorar de vida. Ouviu falar das ferrovias que estavam chegando em São Paulo e desejou sair da fazenda, ousar algo mais. Já estava apaixonado por Gema, uma linda moça italiana, irmã de seu amigo Giovani. Casaram-se, e a mistura de um baiano e uma italiana trouxe Severino (nome do pai de João), Genaro (nome do avô de Gema) e mais uma Antônia para a família. João quer um futuro melhor para os seus filhos. Quer que eles estudem e não vivam as dificuldades que ele viveu. Os sindicatos falam de lutar por melhorias e é isso que ele deseja. Todos falam de reformas nas leis para melhorar as condições de vida e saúde dos trabalhadores, mas de que forma isso poderia acontecer? Não precisa responder agora, nós ainda vamos voltar a falar da história do João no final deste tema. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 O início: vazio assistencial No vídeo a seguir, a Professora Tânia vai falar sobre o vazio assistencial. Acesse pelo material on-line. O cidadão brasileiro viveu por muitos anos sem assistência à saúde. Desde a sua descoberta até o início da república, a não ser alguns poucos cuidados de vigilância sanitária em áreas portuárias, nada havia que pudesse trazer um pouco de segurança à população. Esta situação torna-se mais grave quando se considera a população pobre, sobretudo depois da abolição da escravatura. Os antigos escravos saíram das fazendas sem qualquer tipo de amparo social, sem trabalho, sem teto, sem qualificação. Mesmo para o trabalho que sabiam fazer, não eram requisitados. Muitos fazendeiros preferiam contratar os imigrantes estrangeiros do que os negros ex-escravos. Esta enorme população em busca de trabalho e moradia, abrigou-se nas imediações das grandes cidades que se urbanizavam, nas conhecidas favelas, sem infraestrutura, o que aumentou o problema sanitário. A economia agrária ainda era predominante e a mentalidade da herança escravagista, de supressão de direitos sociais e desconsideração de direitos humanos ainda era dominante na sociedade, portanto, os avanços dos países europeus desde a época do mercantilismo e iluminismo não haviam ainda chegado aqui, de modo a repercutir em mudanças sociais. Muito ainda teria que se caminhar para chegar-se à discussão e implementação legal de um plano nacional de saúde que pudesse prover a assistência e cuidados de saúde à população brasileira. Isto acontece finalmente, na segunda metade da década de 80. Um dos grandes entendimentos sobre o que é saúde foi elaborado pela VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986. Há que se notar que quase 100 anos após a formação da república, ainda não havia um entendimento do que significava cuidar da saúde das pessoas. As discussões e conclusões da VIII Conferência demonstraram-se inovadoras e, infelizmente, parecem novidade até CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 hoje para alguns gestores, políticose líderes. Veja a seguir o texto do relatório final da conferência: Em primeiro lugar ficou evidente que as modificações necessárias ao setor saúde transcendem os limites de uma reforma administrativa e financeira, exigindo-se uma reformulação mais profunda, ampliando-se o próprio conceito de saúde e sua correspondente ação institucional, revendo-se a legislação que diz respeito à promoção, proteção e recuperação constituindo-se no que se convencionou chamar de reforma sanitária” (BRASIL, 1986). Apesar do atraso e do alto preço pago pela população pela falta de ações institucionais de saúde, vale a pena entendermos o processo lento de construção das várias etapas da evolução da saúde pública brasileira. Período do Sanitarismo Campanhista – 1900 a 1930 Elaborar um plano nacional de saúde não é uma tarefa fácil. Há que se considerar todo o contexto social e cultural e ter um objetivo claro das razões de se estabelecer o cuidado. Lembrando da história do nosso país, saímos de uma colonização predatória com a chegada da família real portuguesa em 1808. Até aquele momento, nada havia que pudesse ser identificado com sequer um resquício de saúde pública no país. A partir de 1808 até a independência, o Brasil foi a sede do governo português e a corte sentiu a necessidade de formar médicos para atendimento dos nobres. Instalaram-se então as primeiras escolas de medicina no país, na Bahia e no Rio de Janeiro. Os pobres continuavam sendo atendidos pelos curandeiros e entendidos nas artes de curar como os boticários. A república trouxe o primeiro ato de saúde pública com a implantação da vacinação contra varíola. Infelizmente, a metodologia militarizada aplicada para implementação desta ação, gerou um movimento de revolta popular que ficou conhecida como “a revolta da vacina”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz" (Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904). Acredito que ao ler o texto transcrito, se você não tivesse visto a data, você pensaria tratar-se de uma notícia de um dos jornais de hoje em alguma capital do país, não é mesmo? Porém, esta manifestação tem algo mais do que apenas os boatos gerados sobre a vacina. Com a abolição oficial da escravatura, os barões do café precisavam de mão de obra em suas lavouras, o que levou o governo a abrir as portas para a imigração estrangeira em massa, sobretudo de italianos para as regiões cultivadoras do café. Estas pessoas, embora pobres em seus países de origem, vinham de uma sociedade europeia em que as discussões sobre direitos humanos e sociais estavam mais avançadas do que no Brasil. Chegaram aqui para substituir os negros escravos que não tinham qualquer respeito ou direito. Quando se depararam com as péssimas condições de trabalho, exploração, abuso e violência a que eram submetidos dentro do antigo modelo escravagista, revoltaram-se e manifestaram sua indignação. Movimentos políticos como os anarquistas e comunistas foram as bases de movimentos reivindicatórios sindicais, que estouraram em greves e aproveitavam-se de qualquer motivo para manifestações anti-governo, como foi o caso da revolta da vacina. É importante lembrar que a vacinação obrigatória, sob a direção do médico sanitarista Osvaldo Cruz, fazia parte de um grupo de medidas destinadas a sanear a cidade que sediava o porto mais importante do país, ou seja, a motivação era de origem econômica. Mesmo assim, há que entender-se a importância da ação de saúde pública que ficou conhecida como Sanitarismo Campanhista, metodologia que perdurou no país até a década de 60, porque por muito tempo foi a única ação exclusivamente pública de saúde que o país teve. Após as modificações metodológicas realizadas pelo médico Evandro CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Chagas, como explicações do que era a vacina, sua importância individual e coletiva, saindo do modelo militar executado por Osvaldo Cruz, houve melhor aceitação da população e, como consequência, a erradicação da febre amarela e o controle de outras doenças graves no Rio de Janeiro e depois estendidas a outras cidades. Um órgão do governo, a SUCAM - Superintêndencia de Campanhas de Saúde Pública -, teve uma atuação muito importante e representativa de saúde pública no que diz respeito às doenças infectocontagiosas, antigamente chamadas de “doenças tropicais”. Ligada a Fundação Nacional de Saúde, a SUCAM levou seus agentes às áreas rurais do país, inclusive na Amazônia. Doenças como a malária, esquistossomose, filariose, febre tifoide e outras doenças endêmicas, foram tratadas e monitoradas. Se você quiser saber mais da história da SUCAM, acesse o link a seguir pelo material on-line, você vai ver o museu virtual da SUCAM, com mostra de roupas e instrumentos usados desde a década de 1910 pelos guardas sanitários. http://www.funasa.gov.br/site/museu/galeria-virtual/ Os guardas (agentes) da SUCAM entravam nas casas para as vistorias sanitárias, com a permissão dos moradores, para virar garrafas e outros recipientes, pisar em cascas de ovos para esmaga-las, tudo com o intuito de evitar a proliferação de mosquitos. Na região Norte, uma ação muito conhecida dos moradores desses estados até a década de 60 e 70 era a coleta de sangue no início da noite para o rastreio da filariose ou elefantíase, doença parasitária grave de lenta evolução. Em decorrência dessas ações, várias doenças foram controladas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 O livro “Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada”, de Benchimol (coord), Editora Fiocruz, discute o tema e analisa a sua influência histórica no caminho da erradicação das endemias no Brasil. Período Médico Assistencial Privatista – 1930 a 1960 Os movimentos sociais ligados aos trabalhadores estavam em efervescência, porque estes enfrentavam péssimas condições de trabalho. O médico carioca Raul Sá Pinto, ao defender sua tese de doutoramento, afirma sobre as condições de saúde a que era submetido o trabalhador brasileiro em 1907: “O operário, nas suas atuais condições de vida, dizemos e havemos de repetir, não morre naturalmente, é assassinado aos poucos”. Ele ainda discorre sobre as jornadas inclementes nas fábricas, onde os trabalhadores eram explorados, mão de obra infantil e outras tantas injustiças sociais que depredavam a saúde das pessoas em nome do lucro. Os sindicatos faziam pressão por melhores condições de trabalho e a sua capacidade de organização já havia sido demonstrada quando resolveram se organizar por categorias para terem assistência à saúde e aposentadoria. Ferroviários, estivadores, metalúrgicos e diversas outras categorias resolveram investir partes de seus salários para terem alguma garantia. De certo modo isso tornou-se também um interesse de governo, que viu nessas iniciativas uma aglomeração de capital utilizável. A lei Eloi Chaves, de 1923, traz uma diretiva oficial e a contribuição do Estado a essa iniciativa. A lei é considerada a mãe da previdência social brasileira. Ela trouxe as regras oficiais de assistência e limite de idade para aposentadoria. Seria um investimento conjunto de patrões e empregados. Mais tarde, a união assume um controle das caixas, formatando-as em institutos de aposentadorias e pensões. Além da assistência previdenciária, as caixas ainda eram provedoras de assistência médica, diminuição do custo de medicamentos, auxílio funeral e pensão para herdeiros em caso de morte. CCDD – Centro deCriação e Desenvolvimento Dialógico 9 Para entender melhor o sistema previdenciário que influenciou o setor saúde, assista ao vídeo a seguir elaborado pela FUNCEF (Fundação dos Economiários Federais). https://www.youtube.com/watch?v=VkeGEwGpcYQ É importante lembrar que a assistência médica estava ligada ao setor previdenciário e assim permaneceu mesmo depois da instituição do Ministério da Saúde em 1954. As ações do Ministério da Saúde estavam ligadas às vigilâncias epidemiológica e sanitária exclusivamente. Esta separação entre as ações de assistência e de prevenção criava dificuldades no planejamento e influenciava negativamente na formação dos profissionais de saúde, situação que se reflete até hoje na formação médica e dos outros profissionais de saúde. Um marco dessa etapa foi a Consolidação das leis do trabalho, regida pela Lei n° 5.452, de 01 de maio de 1943. A legislação trabalhista estabeleceu limites para o horário de trabalho, descanso remunerado, férias e aposentadoria. Considerando que a saúde estava ligada à previdência social, a organização das leis trabalhistas melhorou a saúde dos trabalhadores de diversas categorias e de suas famílias, assim como incorporou recursos à previdência social. A captação de recursos, associada à pouca gente que chegava a idade de aposentadoria, devido elevada mortalidade, trouxe muitos recursos a previdência, o que facilitou a utilização desse dinheiro para outros investimentos julgados de interesse nacional. Essa situação permanece até a chegada do regime militar e a criação do INAMPS. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A Professora Tânia vai falar mais sobre o Período Médico Assistencial Privatista entre 1930 e 1960. Acesse o vídeo pelo material on-line. O Instituto Nacional de Assistência médica da Previdência Social (INAMPS) Para iniciar esta parte do nosso estudo, acesse o material on-line e assista ao vídeo da Professora Tânia explicando tudo sobre o INAMPS. Após instauração do regime militar, as discussões estavam na ampliação dos benefícios previdenciários e de assistência médica a todos os trabalhadores ligados ao sistema da CLT e não apenas àqueles ligados aos institutos de aposentadorias e pensões. A ideia era boa, na medida em que mais pessoas teriam os benefícios trabalhistas e assistência médica mesmo quem não estivesse entre os trabalhadores com maior poder de organização. No entanto, a escolha pela metodologia assistencial, segundo o modelo americano privatista, centrado na assistência curativa, mostrou-se uma má escolha, deixando à margem a maioria dos brasileiros que passavam longe do amparo da lei, não por sua escolha, mas devido as iniquidades do país. Nesta categorização estavam todos os trabalhadores autônomos, os indígenas, os trabalhadores da área rural, grande parte dos trabalhadores da construção civil e outros trabalhadores pobres, com pouca qualificação e amparo social. Mesmo para os trabalhadores beneficiados por se incluírem no emprego formal, a assistência prestada ainda era insuficiente. O INAMPS se baseava na lógica dos eventos agudos, mantendo a metodologia de pronto atendimento aos segurados. Para garantir a assistência, investiu-se na rede privada, financiando a construção de hospitais em todo o país, com empréstimos a juros baixos, os quais seriam pagos com o próprio atendimento da rede, ou seja, o financiamento era feito pelo INAMPS e pago com o convênio do hospital com o próprio INAMPS. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Não havia a visão de prevenção, a assistência era restrita, além de que todas as ações eram centralizadas no governo federal, assim como a prestação de contas, que favorecia um sistema de fraudes por falta de fiscalização adequada das ações. Além da iniquidade na assistência, porque justamente os mais vulneráveis na sociedade ficavam sem assistência, havia uma grande insatisfação dos estados e municípios devido à falta de recursos para investimento em ações de saúde. A rede de postos de saúde era muito pequena e sua atuação restrita. Essa situação provocou a indignação de diversos setores da sociedade civil. Além da percepção da injustiça, o contexto da falta de democracia impedia as discussões sobre o problema, porque as manifestações a respeito eram consideradas manobras comunistas. Na metade da década de oitenta, houve a sinalização da abertura política no país, que começa com a lei da anistia e aprovação do pluripartidarismo. Inicia- se assim um movimento aberto de discussão sobre as condições de saúde no país, chamado de Movimento pela Reforma Sanitária. Este movimento foi liderado por sanitaristas, médicos e demais profissionais da saúde; políticos de oposição, como o deputado Sérgio Arouca; sociólogos e educadores de peso nacional como Paulo Freire e Betinho; além do forte apoio da sociedade, igrejas e sindicatos. As comunidades eclesiais de base exerceram importante papel nessa mobilização. Naquele momento, a pastoral da criança liderada pela Dra. Zilda Arns mostrava a efetividade das ações de prevenção e cuidado. O pensamento do educador Paulo Freire com a sua proposta de educação libertadora, tornou-se a base para as ações de promoção de saúde que se consolidariam como uma das principais ações do SUS. Saiba mais sobre Paulo Freire e encante-se com a sua história e obra no link a seguir. Acesse pelo material on-line: https://www.youtube.com/watch?v=jzUgb75GgpE&ebc=ANyPxKpqkSl9bzVrNP T6mXS1y- CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Y8CatgOw9mTuEjIyk91g9apwIhnFrcr0oqU6RSygRHnlO7ZmJ3LFwLbvPHh9gh ro7QCulI_w A ação de cidadania contra a fome e a miséria no país, sob a liderança de Betinho, o famoso irmão do Henfil, sensibilizou os segmentos sociais para o problema da miséria no país e lançou a frase “quem tem fome tem pressa”. Inspire-se com as palavras de Betinho assistindo a dois vídeos muito interessantes. https://www.youtube.com/watch?v=XG4-ePnT-Xs https://www.youtube.com/watch?v=Qo_9GhqPY20 VII Conferencia Nacional de Saúde Foi instaurada uma mobilização de pessoas para discutir a saúde no país e formatar uma proposta para levar à VIII Conferência Nacional de saúde em 1986, além de servir como base para a reforma constitucional que remodelou o sistema de saúde criando o SUS em 1988. A proposta estava pautada em ter políticas de saúde democráticas, de acesso universal, com gestão descentralizada e mais próxima dos cidadãos e que se baseassem na justiça social. Você pode acessar a biblioteca virtual da Fio Cruz http://bvsfiocruz.fiocruz.br/php/index.php e saber mais sobre os movimentos sociais históricos pela saúde em vários países da américa latina e aprofundar o movimento histórico pela saúde brasileiro. No material on-line a Professora Tânia vai explicar mais sobre os movimentos sociais que ajudaram a transformar a saúde no Brasil. Não deixe de assistir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Revendo a Problematização Agora que você já viu todo o conteúdo teórico deste tema, vamos voltar a falar sobre o problema exposto lá no início do nosso estudo. E então, os sindicatos falam de lutar por melhorias e é isso que ele deseja. Todos falam de reformas nas leis para melhorar as condições de vida e saúde dos trabalhadores, mas de que forma isso poderia acontecer? a. Para que uma reforma tão ampla como essa possa acontecer, tem que ser através do investimento na educação. O cidadão instruído tem condições de votar e assim implementar as mudanças necessárias. b. Com a organização e participação dos trabalhadores, trazendo propostas para as negociações através de seus representantes, pressionando os líderes políticos. Conhecimento dos interesses do país naquele momento e das perspectivas de investimentotrazem argumentos fortes aos movimentos populares. c. Convocação da população para manifestações e convocação da imprensa para noticiar as injustiças contra os trabalhadores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Síntese Chegamos ao fim de mais uma parte do nosso estudo. Vimos aqui o início e o desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil. Começamos no princípio da velha república, com a primeira iniciativa de saneamento dos portos e vacinação da população, porém, com uma metodologia militarizada, que provocou nas pessoas uma forte reação contrária, conhecida como a Revolta da Vacina. Apesar de tudo isso, há de se valorizar esse período porque, graças a essas iniciativas, houve um desenvolvimento tecnológico nesse campo de vacinas e estudos epidemiológicos, deixando seus reflexos positivos na saúde pública brasileira até hoje. Estudamos a organização dos trabalhadores para conseguir assistência médica e benefícios sociais, além das mudanças trazidas pelo regime militar com a criação do INAPMS. Vimos também que esses benefícios só atingiam a classe trabalhadora formal, com carteira assinada, deixando a maioria dos brasileiros sem direito aos serviços de saúde. Em razão dessa situação, houve um movimento de protesto e discussão que ficou conhecido como Movimento da Reforma Sanitária. Para relembrar tudo o que vimos aqui, acesse o material on-line e assista ao vídeo da Professora Tânia recapitulando nosso estudo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Referências BRASIL (a). Ministério da Saúde. Fundação Osvaldo Cruz. Biblioteca Virtual Sérgio Arouca. Oitava Conferência. Disponível em: <http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm>. Acesso em 05 de abril de 2015. BRASIL (b). Ministério da Saúde. Fundação Osvaldo Cruz. Biblioteca Virtual Sérgio Arouca. Reforma Sanitária. Disponível em: <http://bvsarouca.cict.fiocruz.br/sanitarista06p.htm>. Acesso em 05 de abril de 2015. BRENNER, J. História da Medicina suplementar no Brasil: a evolução dos Hospitais. Disponível em: < http://www.clubemundo.com.br.revistapangea> Acesso em 04 de maio de 2016. BUDÓ, M. L. A prática de cuidados em comunidades rurais e o preparo da enfermeira. Florianópolis, 2000. Tese de doutorado (Filosofia da Enfermagem) – Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina. PIRES T. A Reforma Sanitária e a criação do SUS. in A Residencia médica em medicina de família e comunidade: um compromisso com a consolidação do SUS . Itajaí, 2006. Dissertação de Mestrado (Saúde e Gestão do trabalho) – Setor de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí. VARGAS D. J. História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil: revisão da literatura. – Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares) - Rio de Janeiro, 2008. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Atividades Na primeira década do século XX, o cidadão brasileiro não tinha assistência à saúde. Assinale a alternativa correta relacionada a essa afirmação. a. A população brasileira em sua maioria era da área rural, pobre e analfabeta, ou aglomerada nas favelas das capitais, era formada pelos ex-escravos e seus descendentes, sem poder de mobilização ou reinvindicação. b. Havia uma camada social com elevado poder aquisitivo, formada pelos fazendeiros, que providenciavam assistência aos seus trabalhadores. c. O governo mobilizou-se para assistir aos trabalhadores rurais por serem estes a base da economia naquela época. d. Havia um número adequado de médicos que davam assistência às áreas rurais do país, cobrando particularmente pelos serviços prestados. A Lei Eloi Chaves, considerada a mãe da previdência social brasileira, trouxe impacto nas condições de saúde de muitos brasileiros. Assinale a alternativa correta a respeito do assunto. a. Todos os trabalhadores foram beneficiados por esta lei, que trouxe amparo e assistência a todos e as suas famílias. b. A contribuição para os fundos previdenciários vinha tanto dos trabalhadores quanto dos patrões, além do governo federal. c. Os trabalhadores organizados em sindicatos, com inspiração de esquerda, motivados pelas experiências em países desenvolvidos, pressionaram os patrões para assegurar benefícios sociais e de saúde. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 d. A organização dos trabalhadores em sindicatos e sua iniciativa para provimento de aposentadorias e pensões não era do interesse do governo, por isso foi desestimulada. A Revolta da Vacina foi um marco na etapa do sanitarismo campanhista, etapa importante na construção das políticas públicas brasileiras. Assinale a alternativa correta. a. O povo se revoltou porque não havia vacina para todos. b. O povo se revoltou porque suas casas eram invadidas pela polícia e eram obrigados e tomar a vacina. c. O povo se revoltou devido os efeitos colaterais da vacina. d. O povo se revoltou porque apenas as camadas mais ricas da sociedade tinham o privilégio da vacinação. O movimento pela Reforma Sanitária mobilizou o país para discutir as questões de saúde em pleno regime militar. A respeito desse tema, pode- se afirmar que: a. Graças a este movimento, a VIII Conferência Nacional de Saúde formulou propostas que foram na íntegra, a base da organização do SUS. b. Os líderes do movimento foram impedidos pelo regime militar por tratar- se de um movimento com propostas comunistas. c. A principal proposta da Reforma Sanitária baseava-se na implantação de medidas sanitárias com foco epidemiológico e assistencial que desse conta das grandes epidemias e endemias do país. d. A reforma sanitária foi um projeto de filósofos e sociólogos com pouca participação popular. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 O INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) foi criado no intuito de ampliar a assistência médica a todos os trabalhadores brasileiros, porém, devido as suas características, criou diversas situações de injustiça. Assinale a alternativa correta sobre o tema. a. O INAMPS era fiscalizado pelo gestor municipal que, posteriormente, se reportava ao governo federal. b. O INAMPS trabalhava na lógica da prevenção por estimular exames prévios nos trabalhadores. c. O INAMPS atendia aos trabalhadores e suas famílias, desde que fossem contribuintes da previdência social, de forma independente ou através do sistema formal de emprego. d. O INAMPS participava de todas as ações de saúde do país, na sua condição de sistema público de saúde. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Análise da Situação de Saúde em Territórios Projeto Pós-graduação Curso Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família Disciplina Planejamento e Gestão em Saúde Tema Análise da Situação de Saúde em Territórios Professor(a) Ivana Maria Saes Busato Coordenador(a) Vera Lucia Pereira dos Santos Introdução A análise da situação de saúde em territórios é um tema essencial para Gestão e Planejamento em Saúde. Inicialmente, abordaremos o conceito de território, passando para as ferramentas de levantamento de informações para realizar a análise situacional. Estudaremos e vigilância em saúde como instrumento de vigilância da situação de saúde de territórios, analisando cada um dos seus componentes. Aprenderemos sobre a ferramenta da Estimativa Rápida Popular para a análise da situação de saúde em territórios de equipes de saúde da família. Estudaremos, também, sobre o Sistema de Informação em saúde do Sistema Único de Saúde, conhecendo seus principais
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