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ESPAÇOS TERRITORIAS E AS POLITICAS CRIMINAIS UMA NOVA ABORDAGEM APARTIR DE ANTIGAS TEORIAS ATE ENTAO IGNORADAS

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ESPAÇOS, TERRITÓRIOS E AS POLÍTICAS CRIMINAIS: UMA NOVA 
ABORDAGEM A PARTIR DE ANTIGAS TEORIAS ATÉ ENTÃO IGNORADAS. 
 
Everaldo Marques de Oliveira Neto1 
Clarice Beatriz da Costa Sohngen2 
 
RESUMO: Este artigo tem por objetivo explicar e demonstrar a importância do uso da 
transdisciplinaridade na edificação de políticas públicas criminais, em especial, as do tipo não 
penais, por meio de termos antigos, porém ignorados ou mau compreendidos do Direito 
brasileiro, da Geografia, das Ciências Políticas e da Sociologia. Para isso, serão utilizadas as 
noções de espaço, paisagem, território, aglomerados subnormais, territorialização precária, 
integração perversa, territorialização perversa, teorias de poder, ciclo das políticas públicas e 
Sistema Integrado de Segurança Pública. A metodologia utilizada será a revisão bibliográfica 
dos resultados da dissertação de mestrado do primeiro autor, visando alcançar o objetivo acima 
disposto. 
PALAVRAS-CHAVE: Transdisciplinaridade, Políticas públicas criminais, Direito brasileiro, 
Geografia, Sociologia. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
No mundo daqueles que se dedicam a estudar e enfrentar os fenômenos da 
criminalidade, não muito raro se faz o encontro com termos empregados de forma minimamente 
imprecisa. Estes equívocos ocorrem não apenas pelos leigos na área, mas também, pelos meios 
de comunicação aparentemente especializados no assunto. 
A mesma conduta se mostra ainda mais relevante quando ocorre pelas mãos das 
autoridades públicas, isto porque muitas destas são as responsáveis por elaborar as normas e 
planos de atuações estatais voltadas à busca da solução ao crime. 
Outra realidade presente na área é a dificuldade dos ditos “operadores do direito” em 
articular com conhecimentos que extrapolem os limites jurídicos. Com isto, não poucas são as 
 
1 Doutorando em Ciências Criminais, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Mestre em 
Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano pela Universidade da Amazônia, concluinte da especialização em 
Direito Penal e Criminologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Especialista em Direito 
Tributário pela Faculdade Damásio, Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade da 
Amazônia, Bacharel em Direito pelo Centro Universitário do Pará. 
2 Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Mestre em Ciências Criminais 
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Mestre em Linguística e Letras pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul. 
ferramentas que deixam de ser utilizadas, mesmo que estas sejam dotadas de elevada carga de 
efetividade no campo da segurança pública. 
Como resultado destes dois aspectos, vê-se, constantemente, políticas públicas pouco 
inovadoras e mau estruturadas, com uma única frente prioritária de ação, e repleta de 
entendimentos errôneos. Ao mesmo tempo, vê-se crescer na sociedade os mais variados índices 
de violência, o que torna límpido a necessidade de uma metodologia mais esclarecida e 
transdisciplinar, principalmente se for considerado que o fenômeno criminal se mostra 
complexo e clamante de diversos tipos de raciocínios concomitantes. 
Por fim, faz-se duas ressalvas importantes. Primeiramente, as narrativas conceituais não 
se aproximarão das análises morfológicas, semânticas, ou ainda, semióticas das palavras. Bem 
ao certo, alinhando-se às orientações do Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, 
ocorrido em 1994 no Convento da Arrábida, Portugal (SANTOS, 20--?), este humilde estudo 
utilizará os ensinamentos de outras áreas (além das voltadas ao Direito brasileiro) com grande 
destaque à Geografia, às Ciências Políticas e à Sociologia. 
 Segundamente, algumas das teorias ora utilizadas podem, diferente do que sugere o 
título, não ser, de fato, tão antigas. Uma parte destas até data meados do século XX, contudo, 
outras se apresentam como mais recentes, próprias dos primeiros anos do século XXI. O fato é, 
que entre as primeiras e as segundas existe uma verdade quase que uníssona, qual seja, a de ser 
ignoradas e mau compreendidas quando da elaboração das políticas criminais, pelo que se passa 
a esclarecê-las. 
 
1 OS CONCEITO DE ESPAÇO E TERRITÓRIO 
 
 Pensar no conceito de espaço impõe percebê-lo através dos olhares da Geografia, o que, 
ao seu lume, impõe explicá-lo segundo a visão de um dos geógrafos brasileiros mais 
importantes, qual seja, Milton Santos. Para Santos (1997), o espaço é tido como um fator de 
evolução social, da mesma forma que mais uma instância da sociedade, em paridade às 
instâncias econômicas, culturais e ideológicas. 
 Em aprofundamento de análise, o espaço seria constituído de duas realidades: a) a 
realidade das coisas, isto é, dos objetos geográficos, em sendo tanto dos naturais (não 
transformados pelo homem) como dos artificiais (elaborados pela relação desenvolvida entre o 
homem e o espaço), os quais se entende como elementos fixos; b) e da sociedade, tidos como 
os elementos fluxos do espaço. 
Os elementos fixos seriam o conjunto de objetos geográficos distribuídos sobre uma 
área. Já os fluxos corresponderiam às maneiras pelas quais os componentes fixos seriam vistos 
pelos olhos da sociedade, a partir de sua continuidade visível, isto é, daquilo que Santos entende 
como paisagem. 
Este último conceito se enquadraria como o conteúdo das dimensões econômicas, 
sociais, políticas etc., onde são estabelecidos diversos tipos de relações. Não por acaso, Santos 
compreende que o espaço é a soma de diversas paisagens (idem., ibidem). 
 Santos (1997) também elencou cinco elementos, enumerações, funções próprias do 
espaço, quais sejam: 1. Homens, fornecedores de trabalho, ou candidatos a ele. O aglomerado 
destes produziria demandas específicas que são supridas ora pelas Firmas, ora pelos Institutos; 
2. Firmas, tidas como a produção de bens, serviços e ideias; 3. Instituições, que são as partes 
burocráticas do Estado, responsáveis pela produção de normas, ordens e legitimações; 4. Meio 
ecológico, enquanto conjunto de territórios complexos que compõem as bases físicas do 
trabalho humano; 5. Infraestrutura, que seria o trabalho humano materializado, edificado, a 
exemplo das casas, plantações e demais estruturas. 
Neste momento, chama-se a atenção para um termo presente no quarto elemento (meio 
ecológico), qual seja, “territórios”. Para dispor sobre este segundo conceito, será utilizado as 
apreciações de Haesbaert (2004), que, em sua obra “o mito da desterritorialização, do fim dos 
territórios à multiterritorialidade”, consagrou uma importante diferenciação entre território e 
espaço. 
 Nos termos aproximados de Haesbaert (2004), territórios são as áreas em que se 
estabelece apenas as relações de poder, enquanto o espaço é formado por diversas paisagens, 
onde, como visto acima, se estabelecem variados tipos de relações (incluso as de poder). Assim, 
territorializar significa dispor das ferramentas necessárias para possibilitar o exercício de 
dominação/poder de alguns sobre determinada área que, então, restará apropriada, dominada, 
territorializada. 
 
2 OS CONCEITO DE DESTERRITORIALIZAÇÃO PRECÁRIA E PERVERSA 
 
 Ante ao cenário discutido acima, Haesbaert (2004) concluiu que a desterritorialização 
é, em tempos contemporâneos, uma territorialização extremamente precária, por parte do 
Estado, na qual estariam sujeitas determinadas áreas populacionais. 
 Logo, o fenômeno da territorialização precária pode ser entendido como aquele em que 
áreas de aglomerados humanos específicos padecem pela ausência de serviços públicos, 
restando carentes as condições dignas de vida. 
 No âmbito das cidades, esse tipo de territorialização costuma ser observada nas áreas 
dos aglomerados subnormais, que, nos termos do IBGE (2010), são áreas de pelo menos51 
unidades, desprovidas das condições de vida digna, cercadas de problemáticas relacionadas à 
legitimidade dos títulos de posse ou de propriedade. 
 Somando à ideia de territorialização precária, Colares (2008), que estudou o fenômeno 
do tráfico de drogas no bairro da Terra Firme, situado no município de Belém do Pará, narrou 
o conceito de territorialização perversa. Sob a ótica do autor, quando o Estado permite que se 
instaure o fenômeno da territorialização precária, acima descrito, ele acaba por viabilizar a 
produção de uma integração perversa daqueles que foram esquecidos pelo Estado, sendo 
posteriormente lembrados pelas organizações criminosas, que articulam naqueles espaços a 
territorialização tida como perversa. 
 Nessa perspectiva, grupos “criminosos” passariam a estabelecer as suas regras, 
determinando os horários de funcionamento dos comércios, das escolas, das festas, da utilização 
de praças públicas e até da inserção ou não dos jovens na criminalidade. Quando o Estado não 
instrumentaliza o exercício de seu poder, perante uma fração da sociedade, a criminalidade 
ocupa esta titularidade do controle, agregando e integrando os cidadãos que por ele foram 
deixados de lado, exercendo todo o seu poder sobre o modo de vida daquele espaço 
(COLARES, 2014). 
 Com o fim de solucionar esse problema, o Estado deveria se tornar um organismo vivo, 
capaz de acompanhar, auxiliar, vigiar e exercer a sua vontade perante as condutas diárias de 
seus cidadãos, o que implicaria na extrapolação da simples ocupação física e espacial, feita 
ordinalmente através seus institutos oficiais. Mesmo porque, ao analisar os fenômenos das 
territorialidades, reflexivamente também se está analisando as relações de dominação e de 
poder (que a seguir serão detalhadamente examinadas). 
 Acerca destas últimas relações, estudiosos como Maquiavel, Weber, Bobbio, Foucault, 
Bourdieu e Gramsci, já dissertaram quanto a existência de outros elementos nas mais variadas 
formas de controle, além daqueles relacionados à força física. 
 Assim, pensar em relações de poder impõem pensar em conteúdos culturais, 
carismáticos, de submissão espontânea e voluntária, elementos estes que só podem ser 
superados apenas através de meios ideológicos, de forma árdua e demorada, principalmente se 
for considerado que os mesmos são diuturnamente exploradas por ambos os lados, isto é, tanto 
pelo Estado, como pelos espaços midiáticos, e também, pelos ditos “criminosos”, a partir de 
redes complexas e multifacetadas, o que ratifica o fato de que a vitória da violência necessita 
mais do que o mero uso da força. 
 
3 AS TEORIAS DE PODER E SUAS IMPLICAÇÕES 
 
As constantes guerras entre facções, milícias e outras organizações criminosas 
evidenciam a luta física pelo poder, em busca da conquista de territórios, estes últimos 
entendidos de acordo com os termos acima explicitados. 
Ocorre que, muito embora a dominação possa se iniciar através da força física, esta 
dificilmente se perpetua por esse único meio, pelo que se faz necessário pensar em outras 
formas de manutenção e conquista de mais poderes, raciocínios que podem ser reconhecidos 
nas teorias de Maquiavel, de Weber, de Bobbio, de Foucault, de Bourdieu e de Gramsci. 
Não é à toa que a busca pela compreensão da origem e dominação desse elemento 
sempre se fizera presente nos arranjos sociais, desde os tempos dos reinos absolutistas, até as 
mais recentes teorias envolvendo questões de ordem global, interligadas aos processos de 
produção capitalista. 
Explica-se que as teorias de Maquiavel, Weber e Bobbio se dedicam, majoritariamente, 
a analisar o poder dos Estados e das organizações soberanas, enquanto as teorias de Foucault, 
Bourdieu e Gramsci são mais voltadas a um poder de caráter eminentemente difuso, isto é, não 
concentrado nas instituições. 
No que tange aos preceitos de Maquiavel (2008), um dos pontos mais importantes de 
seus ensinamentos circunscreve a indagação: “os fins justificam os meios?”. Com esta pergunta, 
Maquiavel, diferentemente de muito do que é dito acerca de sua obra, não afirma que o rei não 
teria limites, tão pouco que os fins justificariam os meios. Em verdade, ele assevera que um rei 
goza, sim, de limites, mas que tais limites se situam bem acima, quando dispõe de uma premissa 
aos governantes. 
Trata também de uma condição, da qual deve gozar todo aquele que objetiva possuir um 
poder, em sendo a característica de ser igualmente amado e temido. Contudo, caso assim não 
seja possível, isto é, caso fosse necessário optar por apenas umas dessas duas qualidades, um 
rei deveria ser temido, posto que, para Maquiavel (2008), o amor tenderia a relativizar as 
relações, enfraquecendo as possibilidades de impor suas vontades. 
Desse modo, se aquele que possui o poder tivesse que agir de forma violenta, quando 
objetivasse exercer sua soberania, assim deveria fazer. Porém, é neste momento que o 
relativizado limite dos poderes de um rei tenderiam a aparecer. Maquiavel ensina que um rei 
deve buscar ser temido (o que seria um limite acima dos demais), mas nunca ser odiado, pois 
aí se encontraria uma fraqueza capaz de resultar na perda do poder. 
Maquiavel também explica que um rei necessita possuir duas qualidades, quais sejam: 
a virtude (como boa oratória e boas relações) e a fortuna (entendida ora no sentido de 
oportunidades, ora no sentido de sorte), devendo se apresentar como um leão e uma raposa, no 
âmbito das relações políticas. A metáfora do leão diz respeito à força do agir e do exigir, e a 
identificação com a raposa estaria relacionada à qualidade de conseguir ser astuto, esquivando-
se dos importunos, quando necessário. 
Outrossim, haveriam dois tipos de poder: a) aquele que é mais fácil de ser mantido, em 
geral derivado de uma condição de hereditariedade, pois este poder já se encontraria mais 
consolidado; b) e o poder que vem a ser mais difícil de ser conquistado, relativo ao novo poder, 
isto é, próprio de espaços que antes não se apresentava enquanto governados. Nesses últimos 
casos, o poder teria que, primeiramente, ser tomado à força. Porém, apenas o uso da força não 
iria garantir sua manutenção. Instrumentos de ordem cultural deveriam ser utilizados, com 
vistas a promover nas pessoas dominadas o sentimento de pertencimento àquele cenário. 
Sob este último aspecto, muito se assemelha aos métodos de territorialização perversa, 
principalmente no âmbito da criminalidade. Uma organização criminosa tende a tomar o poder 
sobre determinada área mediante o uso da força, com armas de fogo e afins. Contudo, 
objetivando se manter no poder, essas organizações, concebidas como um estado paralelo, 
instrumentalizam regras de boa convivência naquele território, incluindo festas e segurança aos 
moradores da região (COLARES, 2014). 
Essa comparação permite elucidar o quanto tal teoria ainda é atual e como pode ser 
utilizada para explicar os fenômenos contemporâneos, no caso, os fenômenos ligados à 
criminalidade. 
Séculos mais tarde, o intelectual alemão Max Weber trouxe uma nova visão ao poder, 
não mais relacionada às identidades dos principados, mas ainda muito interligada ao poder das 
instituições oficiais. Para Weber, o poder é uma característica de cunho social, isto é, não é algo 
estático, um objeto, sendo um elemento que surge do exercício de interações entre pessoas. 
Aquele que possuísse o poder conseguiria controlar os demais, a fim de fazê-los incorrer de 
acordo com as vontades do ser dominante. 
Acerca do conceito de dominação, Weber (2010) elenca três formas para que esta venha 
a ser efetivada: a) dominação tradicional, em que a legitimidade advém das tradições; b) 
dominação carismática, quando os dominados passam a obedecer ao dominante motivados por 
uma identificação para com este; c) e a dominação racional-legal, ligadas ao exercício de um 
poder legitimado pelas leis oficiais. 
No que tange à prerrogativade controle, esta poderia ser construída a partir de dois 
métodos: a coerção física ou a forma persuasiva. A primeira incluiria tanto a aplicação ou 
ameaça de sanções físicas (tidas como sanções negativas), como a manipulação, através de 
sanções de ordem positiva, por meio de recursos específicos, a exemplo do econômico, na 
relação patrão e empregado (WEBER, 2010). 
A segunda incluiria os métodos da significação e legitimação, em que os signos culturais 
incorporariam o entendimento de que se deveria obedecer àquelas pessoas que, por algum 
aspecto, receberam a legitimação para comandar. 
Próximo a esse entendimento da manipulação, Bobbio (1997) também dispõe o conceito 
de poder enquanto uma influência exercida sobre outros, a fim de fazê-los seguir a vontade do 
dominante. O filósofo traz o conceito de poder ideológico, advindo de significações, ideias e 
relações de organizações soberanas, enquanto um exercício social. 
Passando agora às teorias de poder voltadas a uma característica mais difusa, não tanto 
própria das organizações estatais, Foucault, Bourdieu e Gramsci parecem concordar, entre si, 
que o referido poder não nasce, necessariamente, de cima para baixo, isto é, da imposição 
hierárquica, podendo, também, brotar das relações de baixo para cima, mediante outros meios 
que façam nascer na parcela dominada o desejo da obediência, mesmo que este desejo seja, por 
vezes, algo inobservado. 
Para Gramsci (2005), o poder tende a operar mediante os meios ideológicos, divergindo 
das perspectivas marxistas, que entendem o poder calcado, majoritariamente, nas estruturas. 
Nos termos do primeiro, o poder está nas superestruturas (ideologias), enquanto uma ferramenta 
muito mais forte e potencialmente eficaz. 
Estas ideologias garantiriam a obediência até mesmo daqueles que não viriam a notar 
sua qualidade de obedientes. Isto porque estas superestruturas estariam relacionadas aos 
preceitos sociais mais caros, como aqueles pregados em igrejas, escolas, sindicatos e meios de 
comunicação (ratificando as possíveis contribuições midiáticas para os termos do fenômeno 
criminalidade). 
Não por acaso, o momento histórico conhecido como guerra fria foi expressivamente 
marcado pela produção de filmes e propagandas, que implantavam, na sociedade, o pavor e o 
ódio aos rivais. De mesma monta, o nazismo alemão também se apropriou deste artifício para 
fazer surgir o sentimento de que muito daquela realidade de caos do país devia-se aos imigrantes 
judeus. 
Dessa forma, esses valores estariam sendo silenciosamente implantados na sociedade, 
que viria a agir conforme os interesses daqueles que, em verdade, possuiriam o poder visando 
alcançar interesses econômicos ou militares (GRAMSCI, 2005). 
Novamente, faz-se um outro adendo aos termos das teorias já descritas, especificamente 
no que diz respeito aos ditames do Direito Penal do inimigo e ao populismo penal, que muito 
se mostram coerentes a este tipo de exercício do poder, no que se refere ao encrostamento da 
identidade de um inimigo em comum, que deveria ser aniquilado com poucos cuidados. 
Foucault, reconhecidamente um dos grandes sociólogos da modernidade, discutiu o 
tema poder, em maior escala, em suas obras “O Poder Psiquiátrico”, “Histórias da Sexualidade” 
e “Vigiar e Punir”, as quais serão consideradas para elucidar a compreensão do estudioso a 
respeito do tema. 
Primeiramente, resta dispor que a obra “Vigiar e Punir”, muito embora também se 
dedique largamente à abordagem de temas relativos à aplicação de sanções/penas por parte do 
Estado, desde a identificação desta enquanto um suplício a ser sentido através de castigos 
corporais, visa, em verdade, explicar as várias formas de manifestação de poder. 
Foucault (2006), inicialmente, afirma que o ser humano tende a ser individualizado por 
meio de suas práticas. Tais práticas, ao seu lume, são construídas a partir da ponderação de 
discursos maiores, de cunho generalizante. Assim, uma das primeiras conclusões de Foucault é 
a de que os discursos possuem um grande poder; pelo que estes necessitam, aqui, serem melhor 
analisados. 
Quando da apreciação dos discursos, observou-se que estes não tendem a dar-se de 
forma direta, mas sim de forma bastante sutil, enquanto um poder construtivo, edificado 
mediante alguns valores constantemente repetidos pelos agentes dominantes. 
Um destes discursos refere-se à identificação do poder produtivo, que melhor pode ser 
visualizado no livro “Vigiar e Punir”. Nessa obra, Foucault se utiliza das compreensões 
relativas à metodologia do pan-óptico, um tipo de estabelecimento penitenciário em que o 
custodiado teria sempre o sentimento de ser constantemente vigiado. Da mesma forma, o 
custodiado também passaria a receber constantes estímulos, por meios de alarmes, 
religiosamente periódicos, que norteariam as condutas diárias desses indivíduos. 
Como resultado, uma autodisciplina seria construída por parte dos detentos, nos termos 
de um poder disciplinar (típico de uma sociedade industrial, dotada de seus meios de produção 
limitadores e enrijecidos), o que, posteriormente, faria com que os próprios custodiados viessem 
a, inconscientemente, obedecer às regras impostas. 
O método de pan-óptico também pode ser observado nos espaços de fábricas, escolas, 
assim como no próprio exército, onde o medo da constante vigilância e aplicação regular de 
provas avaliativas tenderiam a moldar condutas desejadas. 
Compondo mais um adendo, a compreensão de Foucault (2000), no tocante a esse 
último aspecto, não parece se distanciar de forma acentuada dos preceitos da teoria behaviorista, 
no que concerne à visão de ser possível se moldar os comportamentos desejados de outrem, a 
partir de estímulos específicos, anteriormente estudados e cautelosamente aplicados. 
Outra condição imposta aos custodiados seria a obrigação do constante trabalho, a partir 
do raciocínio no qual aquele que produz frequentemente não teria tempo para pensar em 
delinquir, e ainda se apresentaria enquanto um ser útil à sociedade. Desses processos, construir-
se-ia o que Foucault identifica como corpos dóceis e úteis, caracterizados por pessoas 
disciplinadas e controladas pelo poder (idem., ibidem.). 
Também existira, na visão do sociólogo, um poder negativo, próximo dos exercidos 
pelos reis da antiguidade, relativos à aplicação de torturas aos desobedientes, enquanto uma 
sanção, e ainda, enquanto um meio de inibição aos demais membros da sociedade. Todo esse 
cenário atua como uma forma de repressão ao proibido, que, portanto, não deixa de ser, também, 
uma forma de manifestação de poder, coerente a uma visão utilitarista (FOUCAULT, 1999). 
A proibição do que é naturalmente desejado, a exemplo da sexualidade, acaba por criar 
o imaginário do puro e do impuro, do bem e do mal, dos comportamentos socialmente aceitos, 
e daqueles fervorosamente renegados. Aqueles que obedecem às normas da boa sociedade, 
obedeceriam, também, a uma forma de poder daqueles que controlam esse espaço, uma vez que 
qualquer eclosão de verdades tende a ser rotineiramente condicionada politicamente (idem., 
ibidem.). 
Por fim, Bourdieu (2001) traz a composição de um poder simbólico, ainda mais sutil do 
que os termos de Foucault. Para o primeiro estudioso, este poder seria estruturado diretamente 
aos pensamentos humanos, isto é, às formas pelas quais o homem enxerga o mundo ao seu 
redor, através de pequenos estímulos diários variados. 
Uma vez consagrados na identidade do pensamento humano, essas estruturas jamais 
tenderiam a ser discutidas, e todas as ações e comportamentos seguintes seriam construídos a 
partir de tais raciocínios inquestionáveis. Essas estruturas seriam fruto dos processos de 
socialização, nos quais haveriam constantes disputas, com vistas a dispor aquele que teria 
acesso aos meios de controle desse poder. 
Nesse cenário, a sociedade seria definida em raciocínios sempre dicotômicos,de bem 
ou mal, feio ou bonito, certo ou errado, naturalizando significativas diferenças sociais, como 
aquelas existentes entre homens e mulheres, patrões e empregados, senhores e escravos. 
Assim, por exemplo, não se questionaria, com muito vigor, as diferenças salariais entre 
pessoas do sexo masculino e feminino (BOURDIEU, 2001). A estrutura social que fora sempre 
narrada tenderia a colocar a população masculina nos melhores postos de trabalho, nos mais 
importantes e rentáveis cargos e nas inéditas conquistas. 
Fora um homem que pisara pela primeira vez na lua, foram homens que abriram as 
primeiras discussões filosóficas, foram eles que, primeiramente, e em sua maioria, chegaram 
aos cursos superiores de graduação. Logo, não se apresentaria tão questionável as regras de uma 
sociedade que perpetuam essas prevalências. Com isso, as pessoas, em geral, obedeceriam às 
regras de um poder que, neste exemplo, é dominado pelos homens. 
No âmbito da criminalidade, não se apresenta como uma condição sagaz ir contra os 
processos de territorialização precária e perversa. Acostuma-se, então, a do Estado pouco 
esperar, e a dos ditos “criminosos” muito temer e respeitar. Nesse sentido, esses dois fenômenos 
também acabam se perpetuando. 
Como é possível observar, as teorias do poder fazem considerável sentido na análise dos 
fenômenos da criminalidade, bem como todos os demais termos transdisciplinares, pelo que 
não poderiam ser ignoradas ou ser compreendidas equivocadamente pelas políticas de 
segurança pública. Contudo, os próprios termos relacionados às políticas ainda são estranhos à 
maioria, pelo que passam a ser melhor esclarecidos. 
 
4 POLÍTICAS PÚBLICAS E SEUS TERMOS 
 
Precipuamente, resta dispor que políticas criminais é apenas uma das espécies do gênero 
“Políticas Públicas” este, por seu turno, é próprio do campo da Ciência Política, que costuma 
partir de três tipos de abordagens, quais sejam: I. A investigação acerca do que seria um bom 
governo, e qual tipo de Estado seria melhor para garanti-lo. Sobre estes questionamentos, 
debruçaram-se, cautelosamente; II. A verificação acerca do processo decisório, isto é, 
acompanha quais forças políticas acabam prevalecendo no momento das escolhas do governo; 
III. A análise dos resultados e implicações de todas estas opções políticas (FREY, 2000). 
O termo “política criminal” indica, assim, a postura que o Estado assume no 
desempenho do combate à criminalidade, sendo, também, o ponto intermediador entre os 
estudos da Criminologia e a aplicação do Direito Penal (NUCCI, 2011). 
Estas espécies de políticas públicas podem ser do tipo penal ou não penal. As políticas 
criminais penais são maciçamente voltadas à tipificação de condutas e a aplicação severa de 
penas. Já as políticas criminais não penais se preocupam no reforço dos direitos sociais, a 
exemplo do investimento em equipamentos urbanos e comunitários (SOHSTEN, 2013). 
Por fim, é preciso dispor que toda política pública, até mesmo as criminais, devem ser 
elaboradas segundo um rito cuidadosamente pensado, caso queira potencializar suas chances 
de efetividade. Segundo Souza (2006), existem seis passos que deveriam ser seguidos com 
vistas a permitir a construção de políticas públicas satisfatórias. Esses passos formam o “ciclo 
das políticas públicas”, sendo composto pelas seguintes dimensões: a) definição de agenda; b) 
identificação das alternativas; c) avaliação das opções; d) seleção das opções; e) implementação 
das opções; f) avaliação das medidas tomadas, a fim de verificar seus níveis de eficiência e 
eficácia. 
Explica-se que esse ciclo dever-se-ia ser edificado e concluído dentro de um período 
específico. Ocorre que as constantes substituições políticas, com suas variadas ideologias e 
interesses privados, acabam por interromper trabalhos anteriormente iniciados, inviabilizando 
a conclusão de políticas públicas e seus ciclos. 
Como resultado, as ações estatais de repressão e prevenção ao crime e a violência 
continuam sendo estruturadas de forma ineficientes, importando não só em gastos 
desnecessários, mas também, na perpetuação da violência que assola a sociedade e vitimiza, 
principalmente, determinados grupos vulneráveis. 
 
5 A DEMONSTRAÇÃO PRÁTICA DOS TERMOS 
 
 A ponderação destes termos, em vias da dissertação de mestrado, permitiu conhecer3 as 
áreas que mais possuem a predominâncias de indivíduos acusados de praticar crimes 
patrimoniais. Em seguida, e a partir do conceito de “áreas de vulnerabilidade4”, analisou-se as 
condições socioeconômicas em que esses residiam, se tornando assim possível identificar a 
localização dos ditos territórios perversos, entendendo quais as questões estruturais que 
precisavam ser ajustadas, mediante a atuação de planejamento urbano focado no enfrentamento 
da insegurança pública, termos que podem a ser vistos a seguir: 
 
3 Após a leitura de 1.300 inquéritos policiais dos anos de 2003, 2008, 2013 e 2017. 
4 O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada definiu, em 2015, cinco áreas de vulnerabilidades sociais, com base 
na ponderação das dimensões: infraestrutura urbana (composta por três indicadores); capital humano (composta 
por cinco indicadores); renda e trabalho (composta por oito indicadores). Por meio destes, faz-se possível conhecer 
mais profundamente as condições socioeconômica das áreas de uma cidade (IPEA, 2015). 
 
Figura 1 - Classes de vulnerabilidade social e domicílios dos Cidadãos em Conflito com a Lei 
em Belém do Pará 
 
Fonte: Elaboração de Luiz Henrique A. Gusmão; Organização dos dados Everaldo M. de Oliveira Neto 
 
 Explica-se que cada ponto se refere a um cidadão investigado pela prática de crimes 
patrimoniais, distribuídos dentre o município de Belém do Pará (incluso seus três distritos – 
Icoaraci, Mosqueiro e Outeiro), a partir das cinco áreas de vulnerabilidades descritas. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Média das três dimensões do Índice de Vulnerabilidade Social, por áreas de 
vulnerabilidade, de acordo com IPEA (2015) 
 
Fonte: Elaboração de Luiz Henrique A. Gusmão; Organização dos dados Everaldo M. de Oliveira Neto 
 
Considerando a figura anterior, que apontou a maior prevalência de cidadãos 
investigados pela prática de crimes patrimoniais nas áreas de média vulnerabilidade (logo, há 
muitos territórios perversos nesta área), e somando aos termos desta figura 2, que aponta maior 
deficiência de capital humano nesta região, faz-se possível identificar que ações devem ser 
priorizadas no planejamento urbano, visando combater a formação de cidadãos praticantes de 
crimes contra o patrimônio, principalmente se for considerado os indicadores específicos a 
seguir. 
 
Quadro 1 - As três dimensões do Índice de Vulnerabilidade Social e seus dezesseis indicadores 
Infraestrutura urbana 
Percentual de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário 
inadequados 
Percentual de população que vive em domicílios urbanos sem serviço de coleta de lixo 
Percentual de pessoas que vivem em domicílios com renda per capita inferior a meio salário 
mínimo e que gastam mais de uma hora até o trabalho no total de pessoas ocupadas, 
vulneráveis e que retornam diariamente do trabalho. 
Capital humano 
Mortalidade até um ano de idade 
Percentual de crianças de 0 a 5 anos que não frequentam a escola 
Percentual de pessoas de 6 a 14 anos que não frequentam a escola 
Percentual de mulheres de 10 a 17 anos de idade que tiveram filhos 
Percentual de mães chefes de família, sem fundamental completo e com pelo menos um filho 
menor de 15 anos de idade, no total de mães chefes de família 
Renda e trabalho 
Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade 
Percentual de crianças que vivem em domicílios em que nenhum dos moradores tem o Ensino 
Fundamental completo 
Pessoas de 15 a 24 anos que não estudam, não trabalham e possuem renda domiciliar per 
capita igual ou inferior a meio salário mínimona população total dessa faixa etária 
Pessoas com renda domiciliar per capita igual ou inferior a meio salário mínimo (2010) 
Taxa de desocupação da população de 18 anos ou mais de idade 
Pessoas de 18 anos ou mais sem fundamental completo e em ocupação informal 
Pessoas em domicílios com renda per capita inferior a meio salário mínimo (de 2010) e 
dependentes de idoso 
Taxa de atividade das pessoas de 10 a 14 anos de idade 
Fonte: Elaborado por Everaldo M. de Oliveira Neto, com base no Atlas da Vulnerabilidade Social nos municípios 
brasileiros (IPEA, 2015) 
 
CONCLUSÃO 
 
 Ante a todo exposto, tem-se por demostrado como o conhecimento de todos estes 
termos, que extrapolam os meramente jurídicos, podem muito contribuir para percepção mais 
aprofundada de um planejamento urbano capaz de combater os fenômenos as criminalidades. 
Explica-se que cada tipo de crime possui seu raciocínio, devendo ser composta investigações 
individualizadas. 
 Quando os estudos criminológicos visam articular políticas de intervenção policial sobre 
determinada área, importante se faz primeiramente conhecer os contextos sociais da mesma, a 
exemplo: que dimensão do espaço se faz mais necessitada? Seria então mais urgente a 
intervenção policial, ou a prestação de saneamento básico, quando, por exemplo, o elemento 
mais dificultoso do espaço versa, em verdade, sobre seus elementos fixos, e não sobre os fluxos. 
Ademais, dentro deste mesmo espaço, há quantos e que tipos de territórios? Se neste houver a 
territorialização perversa, qual crime mais articulado no mesmo? 
 E ainda, se há o fenômeno da territorialização perversa, que superestruturas, por 
exemplo, estão mantendo este poder? Isto porque, como fora visto, de pouco adiantará a 
presença física de policiais nas áreas, se a população que lá vive continua, por exemplo, 
necessitando de capital humano (como ocorre em Belém do Pará), que quando não alcançado 
irá ensejar a crença de que sua lealdade para com os ditos “criminosos” lhes é mais favorável, 
agindo em conluio com estes, mesmo diante da presença de forças policiais. 
 De forma em geral, as políticas públicas criminais brasileiras até então adotadas são 
diuturnamente alvo de indagações. Por um lado, existem os membros do Executivo, de 
ideologia repressiva e conservadora, para não dizer reacionária, que reiteram constantemente a 
necessidade de se investir em projetos de leis mais severas, com medidas punitivas mais 
intensas, progressivamente mais desumanas, e ainda, com grande potencialidade de se 
caracterizar como inconstitucionais. 
De outra monta, índices oficiais demonstram mais do que o aumento da população 
carcerária. A sociedade resta imersa no sentimento de medo, ao que Bauman (2001) reconhece 
como um sentimento de grande capacidade exploratória, inclusive, em termos financeiros. Um 
medo de que parte de ambos os lados, tanto daqueles que descumprem as leis, tidos como 
“criminosos”, como também daqueles que deveriam preservar os ditames legais. 
A letalidade policial, e a elaboração de políticas criminais pouco inovadoras, arrastam 
o cenário que deixou de ser característico latino-americano, e passou a condizer com o famoso 
“jeitinho brasileiro” de lidar com suas realidades, e mesmo assim, todas estas preposições 
narradas seguem sendo ignoradas ou aplicadas em equívoco. 
 
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